Revista Encontro DF 75

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Edição Especial | Ano VIII | Nº 75

www.encontrobrasilia.com.br

JAIR BOLSONARO

PAULA BELMONTE

GILBERTO AVELAR

CYRO JUNIOR

JORGE ARRUDA

PAULO HENRIQUE COSTA

ANA CAROLINA STEINKOPF

CARLOS MELLES

BRASILIENSES DO ANO 13 NOMES QUE BRILHARAM EM 2019 E PROMETEM ACONTECER EM 2020 GUSTAVO FERNANDES

EDA COUTINHO

JOE VALLE

RAFAEL PRUDENTE

BERNARDO FELINTO

ISSN 2316-4751

9 77231 6 4 7 500 1 0 0 0 75




SUMMER 2020 Brasília Shopping | Pátio Brasil Shopping | shopping plaza | taguatinga shopping | park shopping | shopping terraço CALçaDOS, ROuPAS e ACESsóRIOS ARUBA

BUENOS AIRES

CANCÚN

CANNES

MIAMI

MONTERREY

PUNTA DEL ESTE

RIO DE JANEIRO

SANTIAGO

SÃO PAULO



12 18

E NTREVISTA Psicóloga fala sobre como os pais devem lidar com filhos adolescentes

T URISMO Hotéis fazenda e pousadas para passar férias ou fins de semana perto de Brasília

22 26

28

E DUCAÇÃO Fazer graduação, pós ou especializações no exterior está cada vez mais fácil

32

C ULTURA Centenário do maestro Claudio Santoro: um gênio brasileiro da música

36

86

40 42 44 48 74 76

B EM-ESTAR O verão chegou e com ele a hora de expor o corpo malhado à luz do sol

P LÁSTICA Blefaroplastia, a cirurgia que corrige problemas e vista e rejuvenesce

P ET Os cuidados com os animais de casa na estação mais quente do ano

V EÍCULOS Novidades da Nissan na 12ª edição da pick-up Frontier

M ERCADO Estratégia sustentável: carros elétricos da Volvo já estão no Brasil

S AÚDE Geriatras começam a ser procurados cada vez mais cedo

C APA Os brasilienses que se destacaram em 2019

D EZ PERGUNTAS Antropóloga fala sobre livro em que explica a felicidade

D ECORAÇÃO Ideias para deixar a casa renovada e bonita em 2020

Wallacemartins/Esp.CB/Revista Encontro

Fotos CAPA: Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press, Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press e Divulgação

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NESTA EDIÇÃO

82 88 92

D ESIGN Papéis de parede são aliados na hora de decorar ambientes

C ERVEJAS A tendência das latas chega a cervejarias da capital

E VENTOS Reinauguração em alto estilo

COLU NAS 38 86

P APO DE GARAGEM Nissan lança Leaf com inspiração natalina

N A MESA Ronny Peterson abre o seu Aroma

ARTIGOS 16 98

JOSÉ BERNARDO DE ASSIS JUNIOR/MAURÍCIO CAMPOS JUNIOR Inconstitucionalidade anunciada

P AULAPIMENTA Presente virtual X Passado real

Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press

18


cArtA DA EDItorA CARTA DA EDITORA encontrobrasilia.com.br encontrobrasilia.com.br

NEIDE / EDITORA NEIDEMAGALHÃES MAGALHÃES / EDItorA redacao@revistaencontro.com.br redacao@revistaencontro.com.br

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CONFORME RELATÓRIO EM NOSSO PODER.

CONFORME RELATÓRiO EM NOSSO PODER. ENCONTRO BRASÍLIA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ENCONTRO IMPORTANTE LTDA. QUE PERTENCE AO EnCOntRO GRUPO BRAsíliA É UMAASSOCIADOS. PUbLiCAçÃO MENSAL DIÁRIOS DA ENCONTRO iMPORTANTE SIG Qd. 2.LTDA. no 340qUE PERTENCE AO GRUPO DiÁRiOSBRASÍLIA ASSOCiADOS. 70610-901, - DF FONE: (61) SiG qd. 2.3214-1392 no 340 EMPRESA FILIADA-ÀDF 70610-901, bRASíLiA FONE: (61) 3214-1392 EMPRESA FiLiADA à

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Histórias de vem Brasília O aniversário aí!

Terceira capital mais populosa do Brasil, com cerca de 3 milhões de habitantes Um – atrás deano Sãocomeça, Paulo (mais de 12década milhões) (mais de é6tempo milhões) outro uma nova dá oearRio de de suaJaneiro graça, mas ainda –, Brasília ultrapassa os 4,3 milhões com a população do Entorno, segundo dados de fazer um balanço de 2019, que está muito presente na memória de todos. Foi um recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com números ano de muitas mudanças na vida dos brasileiros e dos brasilienses. Governos federaltão superlativos, é evidente a capital do país crises nanovas segurança, na saúe distrital novos, um novoque Congresso, uma novaenfrenta Câmara Distrital, leis, muitas de, no trânsito, como acontecer em grandes municípios do país.nosso futuro. votações em curso que sói determinaram o nosso presente e vão direcionar É esse o cenário que novoideias governador DF vaicom encontrar dentro pouA economia nacional viuonovas e forma dedo governar o ministro Paulode Gueco quando assumir o cargo, no Palácio O advogado Ibaneis destempo, e o presidente Bolsonaro – este a Personalidade do Buriti. Ano, tema de capa desta edição:Rocha os tem pela frente muitos e já arregaçou astodos mangas paraentrou enfrentar o trabalho Brasilienses de 2019. Entredesafios altos e baixos, salvaram-se e o país em um sisteduro querígido o aguarda. Sua luta o credencia administração ma mais também nahistória política. Ade expectativa popularaé fazer de queuma tudoboa se encaixe bem e caminhos levemeadesejam uma economia estável, e com mais –oscomo esperam esses mais milhões de justa pessoas que vaiempregos. governar. E, se dos as esperanças se renovamde com a entrada uma outra etapa, é preciso lem-traUm nossos Brasilienses 2018, Ibaneisde junta-se, nesta edição, a outras brar que de mangas arregaçadas desde quanto já só ajudam a tornar palatáveis jetórias vida tão inspiradoras a sua. Coubemais a Teresa Mellomudanças e a Paloma que afetam desde casa mais à mais Trabalho a palavra de 2020. de Oliveto contar osafeitos dos simples 10 nomes queabastada. estampam nossaécapa. Brasilienses Sem cuidar de cada detalhe – e aqui estamos falando da infraestrutura, dos buracos nascimento ou de coração, mas todos exemplos de vida muito bem vivida. Como nas ruas que precisam ser tapados às Sampaio/Esp. Encontro/DA a professora Gina Albuquerque, que luta pela dignidadeRaimundo das mulheres e vemPress rececontas públicas que precisam bendo importantes prêmiosfechar por seu projeto de inspiração humanitária. no O azul – não é possível trabalho social dechegar Mariaa um da Glória Nascimento, que do alto de seus 73 anos patamar desejável. Isso significa abre o coração e os braços paraum crianças desfavorecidas desde muito jovem, virou olhar esobre todos, uma para premiação o coletivo, – e não poderia deixar de estar entre os Brasilivro lhe rendeu para a humanidade de nosso povo. lienses do ano. O Brasil merece isso. Brasília tamO novo presidente do STJ, João Otávio de Noronha, é outro nome. Empossado bém merece. A capital federal se preem agosto, o foco de sua gestão é modernizar o tribunal para que a agilidade dos para para completar seis décadas de processos não fique apenas nas promessas. São histórias como essas e de gente da história, como a terceira maior cidacultura, daem medicina, da justiça e da ciência que contamos aqui. Cada uma com seu de do país população, crescendo papel, sua missão.z econômica e socialmente. Brasília não é só a capital administrativa e a sede do governo brasileiro. É a capital do Distrito Federal que também cresce e anseia por melhorias. Multicultural, movimentada o ano inteiro, ela se debruça sobre uma nova década pronta para crescer mais e ser a metrópole bonita e bom lugar de se viver em que se torna a cada dia. Seus 60 anos devem ser comemorados em grande estilo, desde já. Os brasilienses merecem muito! Parabéns, Brasília! z

Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

Torre de TV iluminada no fim de 2019: à espera do aniversário de 60 anos de Brasília

A jornalista Teresa Mello entrevista o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, no gabinete dele: assim como ela, o magistrado é mineiro, mas um brasiliense de coração


A gente vem para trazer o frescor de cada dia nas frutas, nos legumes e nas verduras que chegam todas as manhĂŁs. E mais ainda: carnes nobres, peixes, adega com vinhos selecionados, cervejas especiais, alĂŠm de uma mercearia completa com os melhores produtos nacionais e importados.

Tudo fresquinho! Tudo delicioso! Tudo irresistĂ­vel!

O melhor hortifrĂşti chegou em

Vicente Pires

obahortifruti.com.br

obahortifruti


FALE COM A ENCONTRO QUERO SER YOUTUBER I

Os pais devem tomar cuidado em relação ao limite entre ser youtuber e ser criança. Às vezes, as crianças entram no personagem, o que pode ser prejudicial para a saúde mental delas. Carlos Lima

QUERO SER YOUTUBER II

Conheço uma menina de 5 anos que não pensa em outra coisa! A mãe tem receio de que ela fique muito exposta e que isso seja um risco para a filha. Roberta Souza

JÁ É NATAL NOS SHOPPINGS

s decorações estão cada vez A melhores. Os shoppings estão cada vez mais engajados em trazer algo que encante mesmo. Daniela Borges

JÁ É NATAL NOS SHOPPINGS II

empre levo as crianças para S aproveitar as decorações e fazer fotos. Adoro! Vivian Lemos

A PREVENÇÃO É O CAMINHO

Os homens precisam acabar com esse medo e também cuidar da saúde. Não dá mais para criar essa resistência em relação aos exames que são feitos Mirela Costa

O CERRADO ESTÁ NA MESA I

O CERRADO ESTÁ NA MESA II Parabéns pela reportagem!

Lui Veronese

NA MESA I

O Coco Bambu não para de crescer, né? Érica Pereira

NA MESA II

Que legal! Ficou ótima!

Silvia Duarte

Como é bom ver a nossa cidade se desenvolvendo e tendo uma gastronomia mais consolidada. Brasília merece! Rodrigo Carvalho

QUAL LINHA É A SUA?

É sempre bom pensar no que as escolas oferecem para as crianças. Tomar esse cuidado é pensar no desenvolvimento e educação para os filhos, para que se tornem bons cidadãos. Flávia Mendes

O PULO DO GATO

São tantos motivos para amar gatos, que eu fico sem entender quem não os amam. Os animais devem ser respeitados e amados Tainá Santos

Que tal ter a sua foto publicada no nosso Instagram e na edição impressa? A cada mês, escolhemos um tema, e as fotos mais bacanas serão repostadas no nosso perfil. A melhor será publicada na revista Encontro Brasília. Participe! Próximo tema: Brasília: 60 anos. Poste sua foto e não esqueça de marcá-la com as hastags #encontrobrasilia e #teencontronoinstagram

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I N F O R M E P U B L I C I TÁ R I O

Nos 20 anos da Aepit, a gente só quer agradecer aos clientes, aos médicos e aos colaboradores que contribuem dia a dia para o sucesso da nossa clínica. Aepit quer dizer “pele” em Tupi Guarani, e este foi o nome escolhido para batizar a pequena clínica que nasceu dentro do Hospital Brasília no ano 2000 e em 2007 mudou-se para as instalações atuais, na Asa Sul. Nossos valores são sagrados: respeito profundo ao cliente, ética médica, tecnologia de ponta e corpo clínico criteriosamente selecionado para oferecer os melhores serviços.

“Competência e ética são condições para um profissional ser aceito na Aepit. Só oferecemos tratamentos que apresentem comprovação científica da sua eficácia”. Gilvan Alves

Gilvan Alves, Responsável Técnico da Clínica Aepit

Dilma Ramos, Diretora Geral da Aepit

Aepit 2020 A Aepit hoje conta com 34 médicos ativos e ocupa uma área de 1.100 m2, sendo 600 deles no quarto andar do Edifício Vital Brasília, onde funcionam 18 consultórios e oito salas de pequenos procedimentos. Os outros 500 m2 compõem o Centro Cirúrgico, no Setor Hospitalar Sul, que conta com duas salas cirúrgicas, semi UTI completa, cinco apartamentos, dois consultórios médicos e uma sala para pequenos procedimentos. Numa visão de complementaridade e saúde integral, hoje nossa clínica oferece em seu menu de especialidades, além da dermato: Ginecologia, Endocrinologia, Angiologia, Cirurgia Plástica e Nutrição. Para comemorar nossos 20 anos a palavra de ordem é GRATIDÃO. O nosso muito obrigado a você, cliente; a todos os médicos que já passaram por aqui ou estão hoje entre nós; e aos nossos colaboradores, que entregam experiências únicas, de respeito e empatia, a todos que procuram a Aepit.

SERVIÇO A Aepit aceita vários convênios e funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 19h30, e aos sábados de 8h30 às 12h30. Fone: 61 3364-4104 Aepit Prime


ENTREVISTA | PATRÍCIA RAGONE

“Pais deixam que o mundo

cuide dos adolescentes em vez de continuarem a cuidar” Psicóloga fala sobre a relação entre pais e jovens no mundo atual e ressalta a importância de os adultos investirem em conhecimento para educar e em conexão verdadeira com os filhos MARINA DIAS

Pais que estavam acostumados com crianças obedientes, animadas com programas familiares, admiradoras das opiniões dos progenitores, costumam sofrer um baque quando os pequenos chegam à adolescência. A fase não é comumente apelidada pelos adultos de “aborrecência” à toa. É quando os filhos passam a questionar os padrões dos pais com mais frequência, a clamar por mais liberdade, a ter variações de humor que não eram tão comuns anteriormente, a ouvir mais o grupo de amigos do que os próprios pais, entre outras mudanças que podem ser desconcertantes para os adultos. Há quem tenha mais ou menos dificuldades nessa fase, mas a preocupação parental não é infundada. Números mostram aumento nos casos de depressão entre jovens e até nas tentativas de suicídio nessa faixa etária. Para além dos históricos desafios dessa época da vida, as redes sociais entraram como novo ingrediente nessa mistura, sem que exista receita para lidar com nada disso. Para Patrícia Ragone, psicóloga, e educadora parental, o primeiro passo para os pais é deixar a “aborrecência” de lado e entender de outra maneira essa fase e suas características. Segun12 |Encontro

QUEM É Patrícia Quaresma Ragone, 56 anos ORIGEM Cataguases (MG) FORMAÇÃO Graduada em psicologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), em pedagogia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pós-graduada em metodologia do ensino superior pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Especialista em Terapia Clínica e Terapia Cognitiva (TC) pelo Instituto de Terapia Cognitiva (ITC). CARREIRA Fundadora da PQR Clínica de Psicologia, tem mais de 23 anos de experiência clínica no modelo cognitivo com crianças, adolescentes, adultos, casais, famílias e orientação de pais. É autora do livro Laços – Contribuições da Terapia Cognitiva para as Relações Familiares. Ministra cursos, palestras e workshops.

do ela, certo grau de rebeldia não é só esperado como é importante para o desenvolvimento do futuro adulto. “Pais precisam estar com autoestima boa, deixar algumas questões pessoais de lado, para não tomar aquilo que é um questionamento dos filhos em relação a si mesmos, à vida, como algo pessoal”, explica. E estar preparado significa ler, estudar e, sobretudo, criar um bom elo de comunicação com os filhos desde a infância. Assim, quando chegar a hora de assuntos delicados, a conversa pode fluir melhor e o adulto pode ajudar o adolescente a estar, ele mesmo, mais bem preparado. O alerta é importante: as experiências – positivas e negativas – vão acontecer. O que conta é como a família vai lidar com elas. ENCONTRO – O que caracteriza a passagem da infância para a adolescência em termos de comportamento? PATRÍCIA RAGONE – Ao longo dos anos, os adolescentes têm sido vistos de forma muito pejorativa: são enxergados como crianças crescidas ou como adultos incompetentes. E ficam sem espaço para serem eles mesmos. É preciso que tenhamos mais respeito, porque existem vulnerabilidades dessa fase que são mal compreendidas. A adolescência se caracteriza por um


Fotos: Violeta Andrada

Encontro | 13


ENTREVISTA | PATRÍCIA RAGONE adulto em construção, em processo de individuação, de luta por ser no mundo. Muitas vezes, os pais tomam a individuação – que tem indiscutivelmente um componente de rebeldia – como se já fosse o estado definitivo do filho ou da filha, quando na verdade a rebeldia, por mais trabalhosa que possa ser, é um andaime para o que ele ou ela virá a ser. E como lidar de maneira mais leve com esse processo de individuação? É importante que criemos parâmetros, limites, para a rebeldia não devastar o próprio jovem e a rede intrafamiliar, mas um quanto de rebeldia é normal e os pais têm de entendê-la de outra forma. Não é fácil a questão da labilidade de humor, da oposição, da voz que cresce, o desejo de liberdade e a forma questionadora dos padrões dos pais (que saem da posição de super-heróis, os mais amados, para serem os mais contestados). Por isso, os pais precisam estar com a autoestima boa, deixar algumas questões pessoais de lado, para não tomar aquilo que é um questionamento dos adolescentes em relação a si mesmos, à vida, como algo pessoal. Se tomo no sentido pessoal, vou acirrar o conflito. E a rebeldia, assim, dura muito mais. Sabendo disso tudo, sabendo que é algo inevitável de acontecer, o nível de receptividade é maior, o impacto é menor. E a rebeldia pode ser, se bem conduzida, uma alavanca para o desenvolvimento psicológico. Há dicas concretas do que pode ser feito para minimizar choques? Primeiro, não tomar no sentido pessoal. Segundo, não podemos ter pressa de corrigir o adolescente naquele momento da briga, irritação. O cérebro do adolescente está em desenvolvimento e, nessas horas, é como se o cérebro estivesse desativado na ordem interna. Nada melhor do que dizer: não é o momento de discutirmos isso. Que tal colocarmos na pauta de uma reunião de família? E não vamos entrar num embate que pode trazer uma onda de ressentimento maior. Também é importante que tudo o que os adolescentes tragam seja levado a sério, pois, como todos os seres humanos, eles têm o direito a desejos e sentimentos, o que não significa 14 |Encontro

E isso confunde. O elemento que mais me preocupa, hoje, é que é muito mais difícil praticar a espera. Os adolescentes, lamentavelmente, não têm o tempo necessário para que os atributos internos estejam mais amadurecidos para darem conta de mergulhar nesse mundo. É como se você desse feijoada para um bebê. Os adolescentes estão precocemente entrando em um cardápio sofisticado sem estar com as condições internas maturadas. E nós, pais, muitas vezes não temos o controle sobre isso. O que podemos fazer é criar mecanismos que possam amenizar, equilibrar essa pressa.

Da mesma forma que acompanhamos nossos filhos para levar e buscar numa festa, também podemos entrar em ambientes públicos virtuais deles. O que peço aos pais é acompanhamento” que todos tenham de ser atendidos. Use a empatia como uma escada para se conectar com seu filho. E se dê um tempo para decidir se é hora de permitir aquilo que ele está pedindo. Caso a resposta seja não, isso precisa ser bem trabalhado. Ninguém gosta de receber não, mesmo adultos. “Vou gostar de permitir na hora certa, mas agora é não”. “Entendo que você queira, mas a resposta é não”. . Quais são os principais problemas das redes sociais para os adolescentes? Antigamente, a distância do real para o ideal era muito maior. Hoje, os jovens têm o ideal dentro do próprio quarto.

Que tipo de mecanismos podem ajudar? Primeiro, é preciso saber que nós podemos cuidar, mas não controlar. Na medida do possível, é interessante segurar ao máximo presentear o filho com o celular. Quando isso acontecer, construo em casa regras de funcionamento, estabeleço tempo de tela, áreas livres de telefone dentro de casa, momentos familiares. E é importante que os filhos saibam que essas não são decisões arbitrárias, são as mentes mais avançadas do mundo apresentando resultados dos estudos. Pode-se dizer que não está em discussão que é preciso ter limite de tempo de tela, por exemplo, mas que é possível conversar sobre como esse tempo vai ser dividido ao longo do dia. É mais trabalhoso educar dessa forma, mas assim como temos zelo com o recém-nascido na seleção daquilo que é melhor para ele, em termos de nutrição, higiene, estimulação, temos de fazer isso na adolescência. O grande problema é que vamos deixando que o mundo cuide em vez de continuarmos a cuidar. Qual é o limite entre dar privacidade ao filho e acompanhar sua presença nas redes? A rede virtual é pública, então todos nós temos acesso. Da mesma forma que acompanhamos nossos filhos para levar e buscar numa festa, ou ficamos em ambientes públicos por um tempo depois que os deixamos lá, também podemos entrar em ambientes públicos virtuais deles. O que peço aos pais é acompanhamento, e existe o acompa-


nhamento intrusivo-abusivo e o acompanhamento combinado, respeitoso e contínuo. Podemos escolher. E em vez de fazer afirmações imperativas, fazer exigências, posso perguntar: qual o significado, disso que você postou, para você? Essa postagem te representa ou não? Então é um acompanhamento aberto, combinado com o filho. A não ser que você veja que ele está mal dormido, com um humor péssimo, acabado, com sintomas preocupantes. Aí, como pai, você tem obrigação de fazer uma pesquisa maior. Como lidar com nudes, sexting, práticas que não existiam há poucos anos (e muito menos quando os pais eram adolescentes)? É preciso preparar filhos para a realidade. Deve-se começar a conversar com eles sobre questões como autoimagem, sem censura, mas com perguntas poderosas para começar uma reflexão. “Quanto vale sua pessoa?” “Seu corpo é algo para o mundo todo ver?” “Que segurança você tem de que essa foto que você mandou vai ficar restrita à pessoa para quem você mandou?” Isso porque, muitas vezes, eles não conseguem pensar nos desdobramentos, nas consequências dos atos. Devemos perguntar o que pensam sobre isso, se já aconteceu com ele ou alguém próximo, etc. O diálogo é o que faz com que eles adquiram bagagem, sejam fortes para dizer “não”. Devemos nos apresentar como pessoas no maior interesse de preservá-los, mas sem os diminuir, sem achar que temos que dar as fórmulas prontas. Diante dos amigos, adolescentes têm enorme dificuldade de contrariar a corrente... Isso passa pelo terreno da autoestima. Não é fácil ser adolescente, mesmo meninos bem preparados, bem encorajados, com boa autoestima, ainda assim estão sujeitos a experiências negativas, mas menos sujeitos. E esse processo começa lá na infância. Como você construiu o laço com o seu filho? O processo de comunicação? Uma ferramenta interessante é o ensaio comportamental: falar sobre a situação pela qual o filho vai passar. Por exemplo, no caso de uma

desde mais cedo vem cuidando, que tem reservas afetivas mais contundentes, estará mais apto para falar esse não, para trabalhar a espera, frustrar, dar o limite. Muitas vezes não são os meninos que estão com dificuldade de receber o não, mas, sim, os pais com dificuldade de dar o não. Eu gosto da palavra “ainda”. “Sei que não é fácil, mas saiba esperar, ainda não está na hora, há outras formas de se divertir”. “Você precisa disso? O que seus amigos pensariam se não fizesse? Acha que está apto para fazer?”

Muitas vezes não são os meninos que estão com dificuldade de receber o não, mas, sim, os pais com dificuldade de dar o não” festa, podemos perguntar: “Que impacto quer causar nesse evento? Que ideia quer deixar nas pessoas que terão te visto nessa festa? Como espera poder se posicionar quando te oferecerem bebida?” É dar uma miragem naquela situação. Assim o filho não entra tão despreparado e poderá ter um posicionamento mais criterioso. Há pais que optam por oferecer bebida em casa, por exemplo, pois acham que o filho vai experimentar de todo jeito. Esse é o melhor caminho? Antes de os meninos terem dificuldades com isso, nós, adultos, estamos tendo. Para bancar uma restrição a eles, precisamos ver como estamos diante desses usos e abusos. Fora isso, vejo que a grande maioria dos pais que acha essa opção mais cabível precisa ceder porque ficou com vazios anteriores. Porque o pai, que

E quando os pais ficam sabendo de algo que o filho fez e consideram que ainda é cedo, que não deveria ter acontecido, qual a melhor forma de lidar? É importante saber que todos eles terão experiências. O que vai fazer com que o adolescente perdure na experiência negativa ou não é a forma como ele será abordado sobre isso. Recebo pacientes aqui e pergunto se os pais conversaram sobre esses temas em casa, como sexting, nudes, e a grande maioria responde que não. O erro acontece, então, pelo despreparo. E se os pais souberem conversar, dificilmente os filhos vão se recusar a ouvir. Outro ponto importante é como os pais se relacionam com esse erro – se eles detonam o filho ou se ensinam, numa próxima experiência, a não fazer daquela forma. Qual é a idade para começar a falar sobre esses temas? Não há uma idade específica, mas os pais precisam refletir sobre o fato de que têm muita dificuldade de reconhecer que os filhos estão crescidos. Quando reconheço que meu filho está em outra fase, ele não precisa gritar para ser reconhecido assim. E muitos dos excessos são formas de gritar para ser reconhecido como alguém que cresceu. Não temos apenas que tentar acabar com o comportamento negativo, seja a quebra de respeito, beber demais, matar aula. Antes da estratégia corretiva do mau comportamento, tenho de pensar o que esse mau comportamento tem a me dizer. Afinal, não se trata só fazer cumprir algo naquele momento. Trata-se de desenvolvimento de habilidades de vida, de preparação para a vida. z Encontro | 15


ARTIGO | J OSÉ BERNARDO DE ASSIS JUNIOR

MAURÍCIO DE OLIVEIRA CAMPOS JÚNIOR

Inconstitucionalidade anunciada O recente julgamento pelo STF das ADCs nº 43, 44 e 54 reacendeu a polêmica que há tempos permeia a maioria dos debates no país: a partir de quando uma pessoa condenada à prisão deve iniciar o cumprimento da pena que lhe foi imposta? A precisão terminológica da nossa Constituição não deixa margem à dúvida: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Tal princípio motivou a redação do art. 283 do Código de Processo Penal dada pela Lei nº 12.403/11, segundo a qual “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado [...]”. A inspiração desse princípio adveio dos ideais iluministas do século XVIII, através dos quais foi concebida a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e anos mais tarde a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948). Nestes casos, porém, não havia previsão específica de até quando o status de inocência vigoraria. A história brasileira, por sua vez, levou a Constituição de 1988 a conjugar tal concepção jurídica de inocência a um certo momento processual, qual seja, o trânsito em julgado, que é quando não existem mais recursos pendentes contra a condenação. Todavia, a forte pressão popular e midiática por um discurso punitivista relativizou a certeza da previsão legal, cedendo lugar ao casuísmo da antecipação da pena, sempre sob a justificativa da realização da “justiça”, do combate à impunidade ou à alegada demora do encerramento dos processos criminais. A decisão do STF, longe de constituir pronunciamento definitivo, acabou se tornando o pretexto para que diversas alterações legislativas fossem propostas ou passassem a tramitar com notável celeridade no Congresso Nacional. Uma delas ganhou especial projeção após ser aprovada nos dias 10 e 11 de dezembro de 2019, pela CCJ do Senado: o Projeto de Lei nº 166/18, de autoria do Senador Lasier Martins (PSD/RS), que altera a redação do art. 283 do Código de Processo Penal para dispor que “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de condenação criminal exarada por órgão colegiado [...]”. Convém registrar que nem a Constituição de 1988 e tampouco a legislação vigente vedam a prisão antes do trânsito em julgado, atrelando-a, no entanto, à presença de razões de cautela que a justifiquem. Ou seja, a prisão nesta hipótese está condicionada à existência de circunstância reveladora da necessidade da precipitação da prisão. Vale dizer, a prisão provisória não pode resultar de culpa que não esteja definitivamente declarada pelo trânsito em julgado de sentença penal condenatória, ressalvado o interesse público expresso por uma razão de cautela. Assim, a proposta de alteração legislativa dispõe sobre nova modalidade de prisão ao prever a suficiência da “condenação criminal exarada por órgão colegiado”, popularmente denominada “condenação em se-

“ Convém registrar que nem a Constituição de 1988 e tampouco a legislação vigente vedam a prisão antes do trânsito em julgado, atrelando-a, no entanto, à presença de razões de cautela que a justifiquem”

gunda instância”, dispensando razão de cautela, o que atenta contra o texto constitucional. Tal como posto, a proposta de alteração legislativa traz hipótese de prisão antes do trânsito em julgado e sem razão de cautela, situação que há muito havia sido abolida do Código de Processo Penal, que em sua redação original, datada de 1941, dispunha acerca da obrigatoriedade da prisão preventiva “nos crimes a que for cominada pena de reclusão por tempo, no máximo, igual ou superior a dez anos”, o que perdurou até 1967 com o advento da Lei nº 5.349. A se confirmar tamanho retrocesso legislativo, a garantia constitucional de inocência será comprometida por meio de lei ordinária animada pelo “clamor popular” - verdadeira histeria coletiva pela prisão de pessoas cuja culpa não foi definitivamente declarada. Posta em prática a aberração jurídica, o STF afirmará, em futuro breve, mais uma inconstitucionalidade de lei que sacrifica pessoas juridicamente inocentes. z

Sócios do escritório Maurício Campos Júnior Sociedade de Advogados

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TURISMO | ENTORNO

Lazer bem perto Hotéis-fazenda próximos à capital são boas opções para quem quer aproveitar as férias ou fins de semana, além de serem ideais para um bom descanso

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JULYERME DARVERSON

As férias chegaram e com elas aquela vontade de descansar e relaxar. Muitas pessoas viajam para longe para aproveitar o período, mas o que muita gente não sabe é que Brasília está rodeada de boas opções para um momento mais tranquilo ou de lazer. E não estamos falando de destinos já conhecidos pelos brasilienses, como Caldas Novas, Pirenópolis ou Chapada dos Veadeiros. A capital federal tem em seus arredores, seja no Distrito Federal ou mesmo


Vista panorâmica Mescla de hotel, pousada e fazenda, tem quartos charmosos e luxuosos, entre bangalôs e suítes. Tem também um lago, que pode ser explorado por meio de mergulhos e passeios de pedalinho, restaurante com deck com vista panorâmica e bar. Entre as outras atrações, piscinas aquecidas, trilha do macaco-prego, playground para crianças, quadra de areia para a prática de futebol, vôlei e futevôlei, além de shows ao vivo às sextas e sábados. Para comer, receitas das culinárias goiana e mineira, com influência da tradição sulista e italiana. Onde: Vila Triacca Eco Pousada Onde fica: BR-251, km 06, PAD-DF, Brasília, DF (sentido Brasília/Unaí, MG) Distância: cerca de 45 km do Plano Piloto Diárias: Quarto simples (de R$ 247 a R$ 650); quarto duplo, triplo ou quádruplo (de R$ 380 a R$ 1.290) Pacotes: Suíte (de R$ 720 a R$ 1.495); bangalô (de R$ 990 a R$ 1.190) Fotos: Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press

de Brasília em Goiás, muitos hotéis-fazenda ou pousadas que têm como proposta o ecoturismo e o turismo rural para curtir as férias ou o fim de semana. Com uma programação variada, típica de fazenda, os hotéis dispõem de quartos simples e luxuosos, ideias para todos os perfis e gostos. “Somos uma pousada ideal para ter contato com a natureza e aproveitar todas as atividades que temos aqui, com ares de campo”, explica Ronaldo Triacca, proprietário da Villa Triacca, a cerca de 45 quilômetros do centro de Brasília. “Nossa ideia é oferecer o ver-

dadeiro turismo rural, voltado para um clima de fazenda mesmo, com hortas, árvores frutíferas e contato com animais”, afirma Ivo José Souza, dono do Hotel Araras, a 120 quilômetros do Plano Piloto. “As pessoas têm a oportunidade de relaxar, curtir com a família, ter essa experiência do ecoturismo e aproveitar o cerrado, sem precisar ir muito longe. São lugares que as pessoas, muitas vezes, nem sabem que existem”, diz Paulo Gontijo, à frente da Vila Velluti, distante 50 quilômetros. Veja, a seguir, seis lugares para você conhecer e se divertir. Encontro | 19


TURISMO | ENTORNO Fotos: 8duBem/divulgação

Com direito a muita diversão Une o rústico ao sofisticado com diversas acomodações especiais divididas em setores, como apartamentos, chalés e suítes. No lugar, é possível aproveitar piscinas, trilhas, spa, sauna e atividades rurais, como passeios a cavalo, de charrete, pesca esportiva e tirolesa. O espaço conta ainda com bares e restaurante, que serve pratos típicos da culinária goiana e mineira, além de centro de convenções e eventos, ideais para treinamentos e confraternizações. Onde: Vila Velluti Hotel SPA & Convenções Onde fica: km 24 da BR-060 (sentido Brasília/Goiânia) Distância: cerca de 51 km do Plano Piloto Diárias: de R$ 425 a R$ 1 mil

Trilhas ecológicas Aqui, o público pode curtir o cenário paradisíaco e o parque aquático com diversas piscinas para adultos e crianças. Na programação, trilhas ecológicas, passeios a cavalo, saunas, áreas para prática de esportes, além da oportunidade de tirar leite diretamente da vaca ou curtir o lago. No restaurante, são servidos pratos com ingredientes orgânicos da horta mantida na fazenda e preparados no fogão a lenha. Onde: Brasília Resort Hotel Fazenda Onde fica: BR-060 (sentido Brasília/Goiânia) Distância: 50 km do Plano Piloto Diárias: Chalé rústico (R$ 199); suítes (R$ 389 no standard, R$ 489 no conforto e R$ 589 no master) Day Use: Adultos e crianças a partir de 12 anos (R$ 50); crianças de 7 a 11 anos (R$ 25); menores de 6 anos não pagam

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Fotos: Divulgação


Charme e descanso As charmosas acomodações do lugar convidam o público a uma experiência agradável e de muito descanso. Piscinas aquecidas são parte do lazer oferecido pelo estabelecimento, que traz ainda quadras de esportes, salas de jogos, karaokê e atividades características da fazenda, como passeio a cavalo e charrete. Onde: Hotel Fazenda Cabugi Onde fica: GO-139, km 10, Olhos d’Água, Alexânia (GO) Distância: cerca de 110km do Plano Piloto Diárias: para duas pessoas (a partir de R$ 807) Divulgação

Divulgação

Paisagem do cerrado Ecoturismo aliado ao lazer é uma das propostas do hotel-fazenda, que tem programação de passeios a cavalo, de charrete, além de infraestrutura de lazer com quadras de vôlei de praia, futebol em gramado, trilhas ecológicas, mesa de pingue-pongue, sinuca e pebolim, paredão para escalada, pesca. De lá, é possível apreciar a paisagem do cerrado e interagir com animais. O restaurante serve pratos típicos das culinárias goiana e mineira. Onde: Hotel Fazenda Araras Onde fica: BR-020, Km 36, Formosa (GO) Distância: 125 km do Plano Piloto Diárias: All inclusive, para 2 pessoas (a partir de R$ 350); crianças de 6 a 11 anos (a partir de R$ 75)

Renatto/divulgação

Perto dos animais O hotel possui chalés e apartamentos. O parque aquático é uma das atrações do lugar, além de passeios a cavalo e pônei. Há também o córrego Vereda Grande cruza as dependências do hotel-fazenda. O público pode interagir com cabras, porcos, galinhas, gansos e outros animais da fazenda. Saunas e salão de jogos completam as opções para lazer. Para comer, a casa serve um bufê variado com diversos pratos típicos de fazenda, além de petiscos e sanduíches. Onde: Águas Emendadas Onde fica: DF 205, Planaltina (DF) Distância: 62 km do Plano Piloto Diárias: de R$ 390 a R$ 1.200 Day use: Adulto (de R$ 90 a R$ 230); crianças de 5 a 10 anos (de R$ 45 a R$ 115); crianças de 10 a 16 anos e idosos acima de 65 anos (de R$ 65 a R$ 170) z

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EDUCAÇÃO | ENSINO SUPERIOR Raimundo Sampaio/esp. Encontro/DA Press

Com apenas 15 anos, o estudante Felipe Holguin, que cursa o 10º ano na Escola Americana, já sabe o que quer: “Escolhi estudar na Holanda, por suas fortes universidades em economia, minha área de interesse”, diz

Faculdade no exterior ou aqui? 22 |Encontro


Raimundo Sampaio/esp. Encontro/DA Press

Alguns estudantes optam por graduação em universidades fora do Brasil ou para fazer cursos de especialização, de olho no que elas oferecem às mais diversas áreas do conhecimento. Especialistas falam sobre vantagens e desvantagens da escolha

Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação do Iesb, Luiz Claudio Costa, é essencial procurar os indicadores de qualidade ao escolher uma boa universidade aqui ou fora. “Quando vai fazer um curso, o estudante busca algo que dê competências para exercer sua profissão”

ISABELLA DE ANDRADE

Estudantes de diferentes idades têm optado por estudar no exterior na hora de escolher uma faculdade e uma carreira. Enquanto isso, professores e alunos que escolhem estudar no Brasil lembram que as instituições nacionais também oferecem vantagens. Vale lembrar que o mais importante na hora de encontrar o lugar ideal para continuar os estudos é pesquisar o currículo ofertado, a metodologia e a qualidade dos professores e da instituição, que fazem toda a diferença durante o período de aprendizagem. A fundadora do Iesb, Eda Coutinho lembra que existem excelentes instituições públicas e privadas no Brasil. Para ela, a principal vantagem em estudar no exterior é o contato com um currículo que se baseia no processo de ensino e aprendizagem. Enquanto isso, no Brasil, os principais currículos são criados para pensar no conteúdo e o aluno estuda apenas para passar nas provas. “O modelo mental criado é diferente quando pensamos nesses dois currículos. No Brasil, ainda se exige muita memorização dos alunos e, atualmente, os estudantes não precisam mais decorar

FACULDADE LÁ FORA Dicas de especialistas para quem quer estudar no exterior Pesquisar instituições com os melhores professores. Entender se o currículo da faculdade combina com seus objetivos. Procurar instituições que têm parceria para estudantes brasileiros. Estudar em um país que fale o idioma que você quer aprender. Pesquisar se a instituição alinha teoria e prática. Pesquisar que tipos de apoios profissionais a universidade oferece. Fonte: professores entrevistados

tanta informação, está tudo disponível on-line”, destaca a professora. Além disso, ao estudar no exterior o aluno tem a oportunidade de mergulhar em uma cultura diferente e aprender uma nova língua. A oferta de conteúdos técnicos, que preparam melhor o aluno para o mercado, é outro ponto forte. “O mais importante, em qualquer universidade, é a qualidade dos professores e dos alunos. Além disso, ela deve

usar muita tecnologia. O nosso aluno, hoje, tem uma capacidade de mobilização e inteligência grande”, afirma Eda. Para ela, outro item importante é a relação entre teoria e prática, que devem estar associadas. Quando o aluno trabalha com projetos e experiências que o fazem colocar a mão na massa ele aprende com mais eficiência. Vice-reitor acadêmico e pró-reitor de pesquisa e pós-graduação do Iesb, Encontro | 23


EDUCAÇÃO | ENSINO SUPERIOR Fotos: Raimundo Sampaio/esp. Encontro/DA Press

o professor Luiz Claudio Costa lembra que é essencial procurar os indicadores de qualidade ao escolher uma boa universidade brasileira. “Quando vai fazer um curso, o estudante busca algo que dê competências para exercer sua profissão. E, para isso, é necessário qualidade ficar de olho na estrutura, no projeto pedagógico, nos professores”, destaca. Sandson Azevedo é professor e também coordenador dos cursos de administração e gestão para pessoas e RH 4.0 na UDF. Ele lembra que o aluno deve ter muito claro quais são os seus objetivos e analisar todos os custos-benefícios na hora de escolher estudar no exterior ou no próprio país: “Talvez, o mais ideal fosse um modelo híbrido, como a Universidade de Minerva [nos Estados Unidos], onde os alunos estudam em diferentes cidades ao redor do mundo”, afirma. Para ele, as vantagens de estudar fora são, principalmente, ter um contato com diferentes culturas, potencializar as relações de trabalho e viver novas experiências. Enquanto isso, ao estudar no Brasil é possível fortalecer ou consolidar uma rede de apoio para entrar no mercado de trabalho, já que as indicações costumam oferecer boas oportunidades. “Entre as desvantagens de estudar fora estão os custos mais altos e a falta de apoio familiar próximo”, afirma Sandson. Na hora de escolher a faculdade ideal é preciso também entender se as oportunidades que as instituições oferecem ao longo do curso estão alinhadas com os novos desafios do século, transformações sociais e tecnológicas. Sandson Júnior, de 19 anos, dançarino e aluno de psicologia na UDF, acredita que estudar fora pode trazer um grande aprendizado cultural. Ainda assim, ele enfatiza que temos boas faculdade e universidades no Brasil. Ele, que é filho de Sandson Azevedo, está se preparando para continuar seu curso de psicologia em Portugal, na Universidade de Porto. “É muito importante pesquisar a estrutura e o histórico da faculdade que você vai frequentar”, diz. Já Rodrigo Pennaforte, de 21 anos, estudante de relações internacionais do UniCeub, lembra que essa escolha entre estudar no Brasil ou no exterior depende da perspectiva que cada aluno tem sobre o assunto. Para ele, o caminho ideal não 24 |Encontro

O estudante de psicologia Sandson Júnior planeja fazer continuar seu curso em Portugal: “É muito importante pesquisar a estrutura e o histórico da faculdade que você vai frequentar”

Coordenador dos cursos de administração e gestão para pessoas e RH 4.0 na UDF, o professor Sandson Azevedo afirma que pesquisar boas instituições é fundamental: “Talvez, o mais ideal fosse um modelo híbrido, como a Universidade de Minerva”

é de concorrência entre as formações, e sim de interação entre elas: “Tenho o objetivo de concluir minha graduação no Brasil, porém pretendo complementá-la fora do país, seja com uma segunda graduação, uma pós, um mestrado ou até mesmo um doutorado”. Segundo ele, assim, poderá “trazer uma perspectiva ao meu país para o estrangeiro e, num futuro possível, trazer algo diferente de lá para o Brasil”. Rodrigo diz ainda que, ao optar por cursos no Brasil, um estudante compreenderá como o país se coloca no mundo e entenderá a nossa forma de ser. “Acredito que as desvantagens de um caso complementem as vantagens do outro. Estudar no Brasil tem menos reconhecimento internacional e, a depender do país, em certos casos, menos prestígio interno. Já em um país estrangeiro, a formação poderá ficar limitada no que diz respeito à sua aplicação no nosso país, por ser único de diversas formas”. Orientadora educacional do ensino médio na Escola Americana de Brasília


Kathleen Leishear, orientadora educacional do ensino médio na Escola Americana: “Existem muitas escolas de qualidade ao redor do mundo que oferecem experiências educacionais incríveis para estudantes brasileiros” Arquivo Pessoal

Estudante de relações internacionais no UniCeub, Rodrigo Pennaforte quer concluir sua graduação no Brasil: “Pretendo complementá-la fora do país, seja com uma segunda graduação, uma pós, um mestrado ou até mesmo um doutorado”

(EAB), Kathleen Leishear conta que, nos 58 anos de existência da instituição, surgiram diferentes exemplos de alunos que retornaram ao Brasil para aplicar o que aprenderam nessas universidades. Para ela, existem muitas escolas de qualidade ao redor do mundo que oferecem experiências educacionais incríveis para estudantes brasileiros. “Se um aluno tem a oportunidade de estudar em uma dessas instituições e trazer esse conhecimento e experiência de volta ao Brasil, os benefícios para o aluno e para o país são ilimitados”, diz. Vale lembrar que a EAB trabalha com um currículo internacional, que é aceito em centenas de universidades ao redor do mundo. Kathleen destaca a importância de abordar questões sociais e emocionais com os alunos, bem como seus objetivos e preparo para a faculdade e a carreira. Tudo está interligado. Para preparar os estudantes que querem estudar fora, a EAB trabalha com reuniões individuais, assembleias, comunicação com os pais e e-mails periódicos, além de visitas constantes de representantes de outras universidades. Para ela, a escolha da universidade vai depender da viabilidade do curso e o que é necessário para entrar. A vida comunitária também é um aspecto importante nessa escolha. “Todo o tempo de pesquisa, diálogo e reflexão também é importante para encontrar o melhor local para esse período tão importante na vida de qualquer estudante.” Felipe Holguin, de 15 anos, é aluno do 10° ano da EAB e acredita que escolher onde estudar pode ser uma questão complicada, pois a localização, o campo de estudos e os custos sempre precisam ser levados em consideração e devem equilibrados. A opção pela escola se relaciona com os interesses, objetivos e características pessoais que o aluno deseja e que tipo de vida a pessoa deseja construir. “Ao levar em consideração o local ideal para estudar é necessário não apenas selecionar com base na universidade ou no diploma, mas também como um local com estilo de vida compatível com o seu. Pessoalmente, escolhi estudar na Holanda, por suas fortes universidades em economia, minha área de interesse, e como um lugar próximo a outras cidades e marcos da Europa”, afirma Felipe. z Encontro | 25


CULTURA | MEMÓRIA

Um gênio apaixonado pela música

Divulgação

O maestro e compositor amazonense Claudio Santoro, que faria 100 anos em 2019, viveu grande parte de sua vida e morreu em Brasília. O legado que ele deixou para a cultura brasileira é muito maior do que as homenagens em nome de seu centenário ISABELLA DE ANDRADE

Um dos grandes nomes da música brasileira e uma das personalidades musicais mais importantes do século XX, Claudio Santoro completaria 100 anos em 2019. Seu centenário é celebrado por músicos, fãs, admiradores e artistas ao redor do país – e também no exterior –, e sua obra é relembrada não apenas pela qualidade, mas pela diversidade, riqueza e amor pelo Brasil. Com cerca de 300 obras, entre sinfonias, peças de orquestra, concertos para instrumentos solo, obras para câmara e canções, o maestro ocupa um lugar de destaque na produção nacional dos últimos 100 anos. Claudio Franco de Sá Santoro nasceu em Manaus, Amazonas, em 1919, e viveu em diferentes cidades, passando por Brasília, onde dedicou grande parte de sua vida e obra, até o fim de sua vida, em 1989. Além de regente, era violinista e professor, experimentando diferentes estilos e técnicas em suas composições. Santoro foi professor e fundador do Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB), um importante espaço criativo e formador para a capital. Ele fundou, em 1979, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, onde foi regente até sua morte, que depois passou a se chamar Teatro Nacional Claudio Santoro. Foi, aliás, durante um ensaio da orquestra, no teatro, que Santoro morreu, em março de 1989, meses antes de completar 70 anos. 26 |Encontro

O maestro Claudio Santoro, um músico completo: reger, compor e ensinar música eram sua vida

Em Brasília, além de ter criado a Orquestra Sinfônica, Santoro formou muitos músicos, como é o caso do guitarrista e violonista Paulo André Tavares, de 62 anos. Ex-aluno do maestro, Tavares lembra que a obra do compositor circula o mundo todo. “Quando a música dele é tocada, temos o nosso país bem representado artisticamente. Tavares ingressou no curso de composição da Universidade de Brasília no fim da década de 1970, quando Santoro era professor na UnB. “Para mim, um grande diferencial na minha experiência com ele é que Santoro era um músico que ensinava sua arte, diferentemente de um professor que ensinava música. A intimidade dele com o processo musical me deixava, às vezes, desanimado porque achava que jamais chegaria perto daquele nível”, destaca o violonista, que descreve o maestro como “uma pessoa generosa, que ficava sempre feliz ao perceber que seus alunos estavam progredindo”. Tavares destaca, ainda, uma das obras do compositor que mais o emocionam: “As Canções de Amor, em parceria com Vinícius de Moraes, têm uma importância especial para mim. Elas expressam seu nível de conhecimento mu-


CEM ANOS EM LIVRO E MÚSICA Uma das homenagens ao centenário do compositor amazonense, a Funarte lançou, em novembro, o livro Claudio Santoro: 100 Anos de Música. A publicação tem como tema a vida e a obra do artista em toda a sua riqueza e complexidade. A obra é de autoria do jornalista João Luiz Santoro, especializado em música de concerto e ópera e também editor da revista Concerto. A pesquisa ficou por conta da empresária artística Glória Guerra, especializada em música clássica. A ideia, segundo a editora, é retratar no livro diferentes momentos da trajetória do compositor e maestro, com imagens de acervo da família e um retrato detalhado de sua carreira artística. O maestro interagiu de maneira diversa com a produção musical brasileira e com diferentes correntes estéticas e filosóficas do período em que viveu. Para o autor, José Luiz Sampaio, Santoro foi uma das personalidades musicais mais importantes do século XX, demonstrando grande amor pela música e pelo Brasil. Para homenagear a trajetória do maestro e comemorar seu centenário, o pianista e compositor brasiliense Pablo Marquine está produzindo neste ano um disco inédito, que reúne o primeiro volume da obra completa para piano solo de Santoro. Marquine descobriu a música de Santoro ainda na infância, quando participou de um concerto em memória dos 10 anos de morte do maestro. Por isso mesmo, ele se dedicou ao piano e também a estudar a vida e obra de Santoro, que virou tema de mestrado. “Meu interesse na obra de Claudio Santoro surgiu ao mesmo tempo, num período de minha descoberta e amadurecimento como intérprete e também da consciência de meu lugar no mundo, como artista”. Ele conta que decidiu gravar a obra completa do maestro “por querer descobrir o meu lugar também como ser humano e compositor. Eu queria ser desafiado e vivenciar as diferentes qualidades estéticas contidas na obra de Santoro”, afirma o músico. A produção para a gravação dos volumes finais está iniciada e será realizada por uma campanha de financiamento coletivo (www.benfeitoria.com/pablomarquine).

sical associado à emoção e simplicidade, mostrando a capacidade de percorrer o universo infinito da música”, afirma. A bailarina, professora e coreógrafa Gisele Santoro, de 80 anos, foi casada com Claudio Santoro durante 26, com quem teve os filhos Alessandro e Claudio Raffaello. Gisele e Santoro se conheceram durante a apresentação de um espetáculo em Brasília, em 1962. A história dos dois artistas se mistura com a própria história cultural da capital. Para Gisele, Santoro foi fundamental para Brasília: “Ele é impor-

Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

A coreógrafa e bailarina Gisele Santoro, que viveu 26 anos com o músico: ele deve ser lembrado “por sua obra musical, seu caráter e maestria pedagógica, além da dedicação à arte, à cultura e aos jovens” Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

O guitarrista e violonista Paulo André Tavares foi aluno de Santoro na UnB: “Quando a música dele é tocada, temos o nosso país bem representado artisticamente”, diz

tante para a música brasileira. Por toda sua atuação como compositor, maestro, professor, articulista, organizador, fundador de grupos musicais e orquestras, bem como grande divulgador da música de concerto brasileira no país e no exterior”, destaca. Gisele diz que Santoro “deve ser lembrado por sua obra musical, seu caráter e maestria pedagógica, além da dedicação à arte, à cultura e aos jovens”. Segundo ela, assim como diferentes músicos e artistas, Claudio Santoro deixou como legado toda uma vida dedicada à música, sua divulgação e pedagogia. E lembrado e admirado como expoente musical e ser humano, exemplo para futuras gerações de artistas. z Encontro | 27


BELEZA | CORPO

Denoolho

verão

Exercícios físicos, bronzeamento, cuidados com a pele, dieta e até mudança na alimentação: o que fazer para renovar o visual em 2020. Ouvimos especialistas para saber se esses procedimentos são os mais indicados

MARIANA FROES

Um novo ano está batendo à porta e com ele a estação mais ensolarada. O verão está aí e você já se perguntou como ficou aquele projeto para estrear 2020 de cara nova? Pois é, opções não faltam no mercado para quem quer dar uma renovada no visual an28 |Encontro

tes de colocar aquele biquíni. Técnicas de bronzeamento, alimentação direcionada, métodos com foco na melhora do aspecto da pele. E a demanda é grande. Foi com esse foco que a servidora pública Fabiana Araújo, de 34 anos, reforçou, em agosto, a rotina diária baseada em exercícios, controle nutricional e estética. Ela é mãe de um

menino de 5 anos e diz que o corpo mudou depois da gravidez. “A preocupação veio a partir daí, pois o metabolismo não é mais o mesmo. Mas, desde o ano passado, comecei a investir mais em mim e agora tenho mais um motivo para apertar o passo”, afirma. Em janeiro, a servidora viaja para a praia e conta que tem treinado de


Fotos: Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

A dermatologista Daniela Rodrigues alerta para os excessos na hora do bronzeamento: aplicação de cremes e óleos que transferem o pigmento dourado à pele é forma saudável de tornar a pele bronzeada

A servidora pública Fabiana Araújo treina pesado de segunda a sábado, para ganhar peso e diminuir a gordura: “Desde o ano passado, comecei a investir mais em mim e agora tenho mais um motivo para apertar o passo”

segunda a sábado, com o auxílio de um personal trainer, para chegar ao “corpo do verão”. “Tenho me dedicado mais à região abdominal, dos glúteos e das pernas. Por isso, pratico muito agachamento e leg press. E, na alimentação, cortei glúten e lactose, até mesmo porque tenho uma pequena intolerância. Então, acredito que, até o

dia da viagem, vá alcançar o meu objetivo, que é um ganho de peso, com diminuição da gordura”, conta. Marcelo Machado, da academia 22Winbox, diz que de quatro a seis meses antes de dezembro – quando tem início da estação – o movimento da academia aumenta em 60%. “A maioria procura por treinos aeróbicos, cor-

rida e musculação, justamente para ganhar massa muscular e perder peso. As academias, inclusive, trabalham com pacotes específicos para essas metas”, explica. Ele ressalta a importância do papel do educador físico nesse processo. “Além de ter sempre um profissional para acompanhar a pessoa, é preciso seguir orientações que vão além Encontro | 29


BELEZA | CORPO

Para Lívia Nogueira, coordenadora de nutrição do Oba Hortifrúti, a alimentação é fator primordial na hora de curtir o verão: alimentos ricos em betacaroteno e vitamina A auxiliam na produção de melanina e na duração da cor

dos exercícios e envolvem também alimentação equilibrada, massoterapia, entre outros”, afirma. A empresária Caroline Neves Linhares, de 33 anos, também está de olho no verão. Além de seguir uma agenda de exercícios e de atividades aeróbicas diárias, ela investe em uma dieta balanceada e segue à risca as prescrições da nutricionista, preparando lancheiras com alimentos específicos para cada dia da semana. No primeiro mês do ano, ela vai pegar praia no exterior e o bronze já está garantido. Há dois anos, Caroline frequenta a clínica Corpoemum, no Lago Sul onde faz uma série de procedimentos estéticos, entre eles o jet bronze, um tipo de bronzeamento a jato. “Como sou muito branca, é o que me ajuda a pegar uma corzinha. Se eu não fizer isso, simplesmente não me bronzeio, fico só vermelha. Também não pego sol diretamente deitada na espreguiçadeira, prefiro ficar embai30 |Encontro

xo do guarda-sol, com protetor solar e um intensificador de cor para ajudar a ficar um dourado mais bonito”, diz. Segundo a empresária, a técnica é 100% natural e rápida, dura, em média, 30 minutos. “Faço alguns dias antes de ir à praia e invisto nesses métodos para ter qualidade de vida e melhor autoestima. Gosto de estar bem com o espelho e, se tem algo que não gosto, corro atrás para mudar.” E, quem quer aproveitar os efeitos do sol sem recorrer a métodos artificiais, tem a opção de apostar na alimentação direcionada, como explica a coordenadora de nutrição do Oba Hortifrúti, Lívia Nogueira: “Os alimentos que ajudam no bronzeamento são os ricos em betacaroteno e vitamina A. Eles auxiliam na produção de melanina e na duração da cor, como é o caso da cenoura, do mamão, da abóbora, da manga, da beterraba. A vitamina C também é uma aliada na manutenção do bronze e podemos encontrá-la em

na laranja e na acerola, por exemplo”, exemplifica. Lívia cita, ainda, as cápsulas de betacaroteno, mas alerta sobre a importância do uso delas não substituir o consumo desses alimentos – que são indispensáveis para saúde. Já quando o assunto são os cuidados na hora da exposição à radiação, seja ela natural ou artificial a dermatologista Daniela Rodrigues alerta: “Bronzeamento feito em máquinas, em que são usadas altas doses de luz, são proibidas no Brasil porque causam câncer de pele. Uma exposição de 20 minutos nesses equipamentos corresponde a oito horas de exposição solar”. Segundo ela, a aplicação de óleos e exposição solar em seguida também causam danos irreversíveis à saúde. Ela explica que uma forma saudável de tornar a pele bronzeada é a aplicação de cremes e óleos que transferem o pigmento dourado à pele. “Estes são aplicados à noite, provocando um efeito cumulativo de tonalizar a


Há dois anos, a empresária Caroline Linhares frequenta uma clínica e passa por um bronzeamento a jato, 100% natural, e toma muitos cuidados: “Se eu não fizer isso, simplesmente não me bronzeio, fico só vermelha”

Bruna Fantinel, biomédica do EliáSPA, durante um procedimento estético: criofrequência tem sido usada para combater a flacidez de rosto e corpo e a gordura localizada corporal

pele, sem aumentar os riscos de câncer de pele”, afirma. Fora o bronzeamento, a dermatologista menciona outros procedimentos para melhorar o aspecto da pele, principalmente antes do verão. É o caso do botox e do preenchimento. “Através da paralização muscular ou diminuição da força de contração com a toxina botulínica, podemos não só amenizar as rugas, mas arquear as sobrancelhas, aumentar a abertura dos olhos, afinar a face, elevar o cantinho dos lábios, entre outros.” Segundo ela, para as pacientes que sentem que perderam o contorno facial, como se o rosto estivesse derretendo, “o mais efetivo é o tratamento com a aplicação de um gel, que pode ser de ácido hialurônico, hidroxiapatita de cálcio ou caprolactona”. Se é a textura que incomoda, o paciente pode optar por hidratação injetável, peelings químicos, lasers não-ablativos e ablativos, microagulhamento robótico, entre outros. Daniela acrescenta que esses tratamentos têm recuperação rápida e resultados quase que imediatos, mas que deve-se avaliar os riscos de pigmentação da pele, uma vez que muitas pacientes vão para praia neste período do ano. As clínicas de estética também podem ser ótimas aliadas na corrida para o verão para aqueles que quererem perder medidas, como explica Pedro Vaz, proprietário do EliáSPA, no Setor de Clubes Sul. Segundo ele, os procedimentos mais procurados dentro desse nicho são o powershape, a lipocavitação, a criofrequência, a criolipólise e as massagens modeladoras. “Todos eles promovem o combate à gordura localizada e são procurados principalmente por mulheres, dos 25 anos até a faixa de 70 anos. Mas, o perfil do público tem mudado muito com o passar dos anos e o mercado masculino tem tido uma alta considerável, tanto é que hoje 30% do nosso público é de homens”, diz. Pedro revela ainda que, em 2019, os métodos “queridinhos” dos clientes foram os que usam o aparelho de criofrequência da Body Health e prometem resultados rápidos, como é o caso do criolifting, voltado para flacidez de rosto e corpo, e do criofocus, para gordura localizada corporal. z Encontro | 31


ESTÉTICA | PLÁSTICA Shutterstock

Um efeito a

mais Blefaroplastia, cirurgia que ajuda a corrigir os excessos de pele ou bolsas palpebrais superiores e inferiores, também contribui no tão sonhado efeito de rejuvenescimento do rosto

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MARIANA FROES

Desde a adolescência, a servidora pública Danielle Yuri Toratani, de 32 anos, incomodava-se com o aspecto de cansaço que aparentava no rosto, por conta de bolsinhas de gordura na região dos olhos. Segundo ela, por mais que descansasse, a aparência não mudava. Foi então que ela recorreu a um cirurgião plástico e foi indicada a fazer a bleflaroplastia, procedimento para retirada de excesso de pele, inchaço ou gordura nas pálpebras superiores e inferiores. “Diminuiu muito a aparência de ‘alguém que não tinha dormido’, que era exatamente o que eu apresentava. Já tem três anos que passei pela cirurgia e não me arrependo, mas se tivesse que fazer de novo, acho que tiraria um pouco mais”, conta a servidora, que fez o procedimento na Asa Sul. “Foi algo rápido e indolor.


Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press

A cabeleireira Izaura da Costa passou pelo processo há dois anos, por indicação de um oftalmologista: ela melhorou a visão e ainda rejuvenesceu

Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

O dermatologista Erasmo Tokarski lembra que é mais comum após os 40 anos de idade e não aconselha a realizar o procedimento de forma precoce: “Uma cirurgia mal feita pode trazer complicações ao paciente”

Além disso, o pós-operatório foi tranquilo. O único incômodo foi o aspecto arroxeado dos hematomas, mas em duas semanas ele sumiu”, diz Esse tipo de intervenção cirúrgica caiu no gosto dos brasilienses e está entre as mais procuradas por aqui. Segundo cirurgião plástico Rômulo Matheus, da clínica Aepit, a blefaroplastia só perde para as cirurgias de mama e de abdome. “Fazemos uma média de 10 a 15 dessas por mês. É bastante procurada por ser mais simples e ter um bom resultado”, explica o profissional. Segundo ele, a cirurgia é feita com anestesia local e depois de sete dias os pontos são retirados. “O resultado final pode ser visto em seis meses”, afirma o médico. Segundo especialistas, qualquer pessoa pode fazer o procedimento. Há quem tenha indicação médica, por questões de saúde, mas tem quem faça por motivos estéticos – que são a maioria. O dermatologista Erasmo Tokarski explica que a blefaroplastia é recomendada, nesse primeiro caso, para pessoas que precisam fazer mais força para abrir os olhos por conta do excesso de pele, o que é mais comum após os 40 anos de idade. “Não aconselho a realizar a cirurgia de forma precoce, pois pode ser que lá na frente seja necessário repetir a intervenção e uma cirurgia mal feita pode trazer complicações ao paciente”, alerta. “Como todo procedimento cirúrgico, esse também tem risco. Os perigos são de retirar muita ou pouca pálpebra, na cicatrização, além do risco de retração da pálpebra”, elenca. Por isso, Tokarski frisa a importância de buscar um profissional credenciado. O cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira ressalta a importância de se seguir protocolos antes de realizar a cirurgia. “Devem ser feitos exames de sangue e no coração. E o procedimento deve acontecer em ambiente hospitalar”, afirma. Segundo ele, há a possibilidade, ainda, da cirurgia ser feita associada a enxerto de gordura para harmonização facial. A cabeleireira Izaura Lopes da Costa, de 45 anos, passou pela blefaroplastia em 2017 para corrigir o excesso de pele nas pálpebras superiores. A indicação veio de um oftalmologista. Encontro | 33


ESTÉTICA | PLÁSTICA Divulgação

Para a oftalmologista Patrícia Motinho, especialista em plástica ocular e vias lacrimais do HOB, o excesso de pele na região dos olhos também tem efeito antiestético: deixa a expressão do rosto carregada e o semblante mais envelhecido e triste

André Lima/divulgação

Luiz Haroldo Pereira, que é cirurgião plástico, destaca a importância de seguir protocolos antes de realizar a cirurgia. “O procedimento deve acontecer em ambiente hospitalar”, afirma

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“Era claro que comprometia o meu campo de visão, que ficava reduzido nas laterais. Eu via mais os detalhes das coisas pelo centro dos olhos e isso me atrapalhava em vários aspectos. Depois que passei pela cirurgia tenho uma percepção muito melhor das coisas que estão a minha volta”, conta. Além de ter tido um ganho na saúde, Izaura diz que a cirurgia a deixou mais jovem: “Ela me rejuvenesceu. Valeu a pena demais e sou super a favor de fazer, porque fisicamente fica incomparável”, completa. A médica Patrícia Motinho, especialista em plástica ocular e vias lacrimais da Clínica de Estética do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), explica que a afirmação de Izaura faz sentido, uma vez que o excesso de pele na região dos olhos deixa a expressão do rosto carregada e o semblante mais envelhecido e triste. Segundo a oftalmologista, pacientes enquadrados em alguns grupos devem evitar esse tipo de cirurgia. “Pessoas com olho seco, com hipertensão, diabetes ou outra doença sistêmica descontrolada têm contraindicação. Assim como aqueles indivíduos que fazem uso de anticoagulantes. Fora esses, qualquer um pode fazer”, diz. “Agora, quando falamos de pessoas que já fizeram o procedimento, o maior cuidado é evitar exposição solar, pois a radiação ultravioleta pode interferir no processo natural de cicatrização, levando a cicatrizes pigmentadas ou engrossadas”, diz. A professora Thereza Christina Chehin P. Leon, de 63 anos, fez o procedimento há cinco anos e aprovou. Segundo ela, o motivo foi necessidade, pois os olhos estavam quase fechando devido à grande quantidade de pele ao redor. “Além da questão da vista e do conforto, que melhorou e muito, suavizou a minha expressão, deu uma leveza. Acho uma ótima opção e tenho vários conhecidos que fizeram e que também foram bem-sucedidos”, revela. “No meu caso, não tive receito em fazer, pois a médica que escolhi me deixou confiante. E a cirurgia foi rápida e tranquila. O chato, realmente, foram os hematomas que se espalharam. Mesmo assim, é algo que faria de novo se precisasse”, diz. z


O MERCADO QUE CRESCE

COM O PAÍS

COMO CRESCER NA CRISE?

A REDE

ACADEMIAS BRASILIENSE A rede de academias brasiliense Evolve nasceu com um conceito singular e inovador chamado GYMBOX (GYM de academia de musculação, integrada a um “BOX” de cross training e funcional), com o propósito de mudar vidas por meio do exercício físico.

Em meio a enorme crise vivida em nosso país o mercado fitness vem na contramão, mantendo seu constante crescimento comprovado em 2017 pela ACAD (Associação Brasileira de Academias), com faturamento na ordem de 87 bilhões de dólares em todo mundo. A Evolve está em um vigoroso processo de expansão e atualmente conta com mais de 25 mil alunos ativos. Só no último ano foram 05 novas unidades com objetivo de atingir a meta de 50 mil alunos ativos ainda no ano de 2020.

Sócios: Vinícius Santana - Adriano Romão - Henrique Pereira.

EM CRISE VISÃO DE MERCADO

É UM DIFERENCIAL? Oferecer um ambiente estimulante e descontraído onde todos são aceitos e respeitados é o nosso diferencial, além disso todos os espaços foram projetados para oferecer o máximo em conforto e comodidade. Todas as unidades possuem o padrão de estrutura premium com os melhores e mais modernos equipamentos, além disso contamos com um time bem treinado e motivado. Todos os serviços da Rede de Academias Evolve são ofertados de forma “low cost high value” (baixo custo com alto valor)”. Os nossos alunos pagam um valor fixo mensal de R$ 89,90 e tem acesso livre e total a toda a Rede de Academias Evolve, que conta com mais de 10 modalidades disponíveis, prescrição individualizada, estacionamento e avaliação nutricional. QUER INVESTIR NA EVOLVE? A rede disponibiliza em seu site um canal direto para investidores. www.evolvegymbox.com.br


PET | SAÚDE

Verão bom pra bicho A estação mais quente do ano já chegou e para garantir a saúde e bem-estar dos animais de estimação é preciso estar atento a vários cuidados.

A gestora comercial Géssica Mattos de Souza acorda cedo para levar as cadelinhas Chanel (lhasa apso), Linda (shint zu) e Lolla (lulu da Pomerânia) para passear. “Evito sempre os horários em que o sol está mais quente para não prejudicá-las”, diz

Violeta Andrada

DANIELA COSTA

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O dia mal clareou e às 5h30 da manhã a gestora comercial Géssica Mattos de Souza, de 30 anos, está de pé. Os tão desejados minutos a mais de sono ela deixa para quem não tem pets. Ou melhor, filhas peludas que acordam ansiosas para levar a mamãe para passear. A rotina de atividades começa logo cedo e tem justificativa de ser. Nesse horário, as cadelinhas não correm o risco de queimar as almofadinhas das patas no piso quente e nem sofrer com o calor. De raças peludas e braquicefálicas (de focinhos achatados), a lhasa apso,


Alexandre Rezende

SERVIÇO Proteja o seu pet neste verão Passeios devem ser feitos antes das 9h e depois das 18h Observe sempre o ritmo da respiração do seu animal. Se estiver muito ofegante é sinal de que precisa de descanso, além de água e sombra para se refrescar Evite passear em locais em que o piso é muito quente, como o asfalto. Queimaduras nos coxins das patinhas são dolorosas e difíceis de cicatrizar Jamais deixe seu animal em lugar pouco ventilado e com incidência de sol, especialmente veículos fechados Utilize filtro solar específico para os pets nas orelhas e focinho. Quanto mais claro o animal, mais alto é o risco de queimadura e câncer de pele Mantenha sempre a higiene do bicho, com banho e tosa periódicos. Evite a proliferação de pulgas e carrapatos Mantenha o animal sempre com o corpo seco, sem umidade, para evitar a proliferação de fungos e bactérias Disponibilize sempre água fresca em abundância

Chanel, de 3 anos, a shint zu, Linda, de 6 meses, e a lulu da Pomerânia, Lolla, também de 6 meses, fazem parte do grupo que mais sofre com a chegada do verão. Juntam-se a elas animais doentes, obesos e idosos. A estação mais quente do ano, que vai até 20 de março, exige cuidados redobrados com os animais de estimação. Sintomas como cansaço, excesso de salivação, constante língua de fora, respiração ofegante e aumento dos batimentos cardíacos indicam problemas. Se a temperatura corporal chegar aos 42 graus é indício de hipertermia, doença com alto índice de morte. “Quando isso ocorre, os animais podem sofrer coagulação intravascular, parada cardíaca e edema pulmonar. Patologias muito graves”, explica a veterinária Mayumi Mano, da clínica Patativas. Ao contrário dos humanos, que transpiram por todo o corpo quando estão com calor, a transpiração dos pets se concentra apenas na língua, focinho e coxins (almofadinhas das pa-

O empresário Gustavo Jabrazi (na foto, com Tatá e Paçoca) decidiu ele mesmo desenvolver os bebedouros para incentivar o consumo de água de seus cinco gatos: “A convivência com eles me fez perceber o quanto são diferenciados”

tas), o que potencializa os riscos, mesmo em animais saudáveis. Por isso, a dica é apostar na prevenção. Passeios, só em horários restritos, antes das 9h da manhã e após as 18h, e de preferência protegidos com protetor solar, especialmente os animais de pelo claro. O verão tem como efeito colateral o aumento dos problemas respiratórios, especialmente nas raças braquicefálicas. “Naturalmente, elas têm mais dificuldades para respirar. Por isso, todo cuidado é pouco”, diz Géssica. Em sua casa, as cadelinhas têm a vantagem de poder refrescar-se no piso de porcelanato. Quem não conta com piso frios, pode optar por comprar tapetes em gel para manter a temperatura equilibrada. Outra dica é congelar água em garrafas pets e colocar próximo ao animal, além de utilizar umidificadores para aumentar a umidade do ar. Para evitar

o choque térmico, banhos frios de chuveiro, mangueira ou piscina, só devem ser dados depois que os pets estiverem com a temperatura corporal reduzida. Já os felinos adoram água corrente e ter fontes espalhadas pela casa é uma boa pedida. Com grande tendência a doenças renais, precisam consumir maior quantidade de líquido. O empresário Gustavo Jabrazi, de 46 anos, foi além. Ele mesmo desenvolveu bebedouros para incentivar o consumo de água de seus cinco gatos. “A convivência com eles me fez perceber o quanto são diferenciados e possuem necessidades específicas”, diz. Buscando melhorar a qualidade de vida de seus animais, acabou criando a I Love Cats, marca mineira especializada em bichanos. Os vira-latas Pacoça, de 8 anos, Anita, 6, Pantera, 4, Tatá, 3, e Misty, 2, agradecem a dedicação do dono. z Encontro | 37


COLUNA DE DIREÇÃO | FÁBIO DOYLE fdoyle@editoraencontro.com.br

LEAF NATALINO Carro elétrico, energia regenerativa e Natal serviram de inspiração criativa para a Nissan mostrar como funciona o Leaf, seu carro eletrificado. A marca japonesa fez uma demonstração de Natal sustentável, em Paris, a cidade-luz, transformando o Leaf em uma árvore de Natal iluminada por sua própria energia alternativa. A demons-

tração serviu para mostrar como o carro elétrico regenera energia durante a frenagem e desaceleração, por meio do e-pedal e do modo B de frenagem. A energia recuperada durante a condução do Leaf por 18 mil quilômetros representa 20% de toda a eletricidade normalmente consumida por uma residência na Europa, em um ano. Fotos: Divulgação

IGUAIS, MAS DIFERENTES Os mais recentes testes de impacto lateral divulgados pelo Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe, o Latin NCAP, mostram que, apesar de aparentemente iguais, os modelos New Sandero, Logan e Stepway fabricados pela Renault no Brasil e na Argentina são mais frágeis, do que os produzidos na Colômbia. Apesar de todos receberem as mesmas estrelas, o relatório alerta sobre a maior fragilidade dos modelos produzidos no Mercosul. O Latin NCAP constatou que existem três fatores que explicam os diferentes níveis de proteção oferecidos: tamanho e forma dos airbags laterais de cabeça-tórax, intrusão estrutural na proteção contra impactos laterais e estrutura dos bancos dianteiros. Os veículos fabricados na Colômbia oferecem uma cópia dos sistemas de retenção de impacto lateral do modelo europeu (Dacia), enquanto os sistemas de retenção de impacto lateral dos veículos fabricados no Mercosul são uma versão modificada, com pior proteção.

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MAIS ESPAÇOSO A Mercedes-Benz acaba de lançar na Europa o novo GLA, que difere da versão atual por oferecer mais espaço interno para os passageiros e sistemas de direção avançados para ajudar o SUV na concorrência com o BMW X2 e o Audi Q2. A nova edição do GLA é 100 mm mais alta que o seu predecessor, mas 15 mm mais curta, oferecendo mais espaço para a cabeça e para as pernas no banco de trás. Voltado para a geração dos millenials, a venda no mercado europeu começa no segundo trimestre de 2020. Nos EUA e China, no meio do ano. Sobre a atualização da versão brasileira ainda não se tem notícia.

DESVALORIZAÇÃO MENOR A grande desvalorização dos carros premium importados no mercado brasileiro é uma certeza para quem se aventura nesse caminho. Na hora da revenda, com algumas pouquíssimas exceções, eles perdem muito o valor. É uma realidade característica da mentalidade de parte do consumidor brasileiro. Nesse campo, a Volvo comemorou o resultado do estudo divulgado pela Agência Autoinforme, que promove o prêmio Selo Maior Valor de Revenda. O XC60 (foto), modelo mais vendido da marca sueca, teve uma desvalorização de 10,4% entre os SUVs médios após um ano de uso, sendo o único carro premium da categoria. Na mesma categoria constam na análise da agência de pesquisa o Volkswagen Tiguan com 9,4% e o Chevrolet Equinox com 9,9%. A Volvo comentou que o resultado reflete a política de revisão com preços fixos da marca, que facilita ao cliente maior controle dos custos de manutenção.

COROLLA CINCO ESTRELAS Já a Toyota comemora as cinco estrelas para a proteção de adultos e crianças obtidas pelo recém-lançado Corolla, fabricado no Brasil. A última edição do modelo vem equipada em todas as versões com Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) e sete airbags. O modelo mostrou boa proteção para seus ocupantes nos três cenários de teste de batida realizados: impacto frontal, impacto lateral e impacto lateral de poste. O modelo também atendeu totalmente aos requisitos do teste ESC. Nos testes de proteção para crianças, alcançou nota máxima, recomendando o uso de cadeirinhas para as duas crianças por meio de Sistemas de Retenção Infantil (SRI) com ancoragens Isofix, viradas para trás. Além disso, o Novo Corolla recebeu dois Latin NCAP Advanced Awards para a frenagem autônoma de emergência (AEB), opcional; e para proteção de pedestres, de acordo com os padrões das Nações Unidas, oferecido de série na versão brasileira.

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VEÍCULOS | EXPEDIÇÃO Primeira etapa da Rota dos Patrimônios do Brasil percorreu mil quilômetros no Sul do país: estradas de todos os tipos, debaixo de sol e de chuva

Nissan encontra uma fórmula divertida, criativa e culturalmente rica para mostrar os atributos e capacidades da pick-up Frontier FÁBIO DOYLE (*)

Lição de

criatividade

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FOZ DO IGUAÇU (PR) – Com muita criatividade, a Nissan reservou a última semana de novembro para mostrar as qualidades e novas soluções tecnológicas da 12ª edição da pick-up Frontier, agora fabricada em Córdoba (Argentina), que substitui a anterior, importada do México. Foram cinco dias de viagem e três dias completos percorrendo estradas de todos os tipos, debaixo de sol e de chuva, enfrentando estradas e trilhas de asfalto, terra e lama, atravessando rios e escalando e descendo montanhas. A iniciativa, chamada Rota dos Patrimônios do Brasil, é a segunda edição da Expedição Nissan, projeto premiado no Brasil e na América Latina. A primeira foi em 2017 e 2018, com o tema de busca das pinturas rupestres em várias regiões do Brasil. A primeira etapa desta edição percorreu cerca de mil quilômetros no Sul do país, com direito a uma rápida volta em território argentino. “Não é um passeio para falar do produto, mas uma expedição temática para contribuir com a divulgação de patrimônios e aspectos históricos, culturais e naturais do Brasil”, explica Rogério Louro, diretor de comunicação da Nissan, idealizador e coordenador do projeto. O comboio de 14 pick-ups Frontier partiu de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Os 300 quilômetros rodados no primeiro dia da expedição reservaram uma imersão em duas importantes ruínas das missões jesuíticas do Rio Grande do Sul: São João Batista e São Miguel das Missões. Ambas são consideradas patrimônios históricos e são geridas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As missões eram povoados indígenas criados e administrados por


Pick-ups do comboio atravessaram rios e escalaram montanhas: segunda edição da aventura Fotos: Pedro Danthas/divulgação

O Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo: ruínas da igreja constituem a estrutura mais intacta e completa entre as propriedades patrimoniais do período das missões

padres jesuítas no Brasil Colônia, entre os séculos XVII e XVIII. O principal objetivo era catequizar os índios. As duas situam-se no coração dos pampas, no oeste do Rio Grande do Sul, e são remanescências das construções em território habitado pelos guaranis. Após sair de Passo Fundo, a caravana de Nissan Frontier seguiu rumo às ruínas de São João Batista. Atualmente, o local abriga restos da estrutura do cemitério, da igreja e do colégio, além de estruturas complementares como olarias, barragem e estradas. Em todo o trajeto o grupo foi acompanhado por Luiz Antônio Bolcato Custódio, arquiteto e professor universitário do Iphan, que fez explicações detalhadas sobre as ruínas dos pontos de vista histórico e de arquitetura. De lá, o grupo seguiu para o município de São Miguel das Missões debaixo de intensa chuva, que tornou os trechos

sem asfalto escorregadios e enlameados. Hora de testar os controles eletrônicos, motor e tração integral 4x4 da Frontier. Ao chegar em São Miguel, o destino foi para o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, cujas ruínas da igreja constituem a estrutura mais intacta e completa entre as propriedades patrimoniais do período das missões. O segundo dia foi dedicado ao deslocamento do Rio Grande do Sul a Santa Catarina. Foram percorridos 500 quilômetros de estradas asfaltadas e trechos pesados de fora de estrada. No trajeto, além de passar por diferentes paisagens típicas da região, o grupo teve uma experiência curiosa: um almoço dentro de uma mina de ametista, na cidade de Belvedere, com direito a visita e até protagonismo em explosão no interior da mina. No final do dia, o grupo assistiu a uma apresentação sobre a região do

Parque Nacional do Iguaçu (próximo destino) e a importância da onça-pintada por Ivan Carlos Bapstiston, chefe do parque, que está sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental federal que é responsável pelos parques nacionais. Em seu terceiro dia na estrada, os expedicionários saíram de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, em direção ao Parque Nacional do Iguaçu, na região da tríplice fronteira. Para chegar até lá, os expedicionários cruzaram a fronteira com a Argentina e seguiram para Foz de Iguaçu, em percurso de mais de 150 quilômetros. O comboio percorreu o interior do lado argentino do parque até retornar ao lado brasileiro e chegar ao destino final da expedição, no Hotel das Cataratas. O almoço foi enriquecido com palestra sobre o esforço que tem sido feito por órgãos ambientais para elevar o número de onças-pintadas naquele pedaço da mata atlântica, que a partir dessa expedição contou com o apoio financeiro da Nissan do Brasil. Como informou Yara Barros, técnica do projeto de preservação das onças-pintadas, nos últimos anos os animais foram quase exterminadas por caçadores. Em 1994 a população do felino no Parque Iguaçu era de 65 indivíduos, chegou a apenas 11, em 2009, e a partir de então vem paulatinamente crescendo, atingindo 28, em 2018. Yara ressaltou que a onça-pintada está no topo da pirâmide da preservação ambiental. O fato de estar presente é um sinal de que toda a cadeia da fauna da floresta tropical está preservada em harmonia com a natureza. Assim, depois de três dias de imersão em aulas práticas sobre a história das missões jesuíticas no Brasil, sobre o papel dos índios guaranis em nossa cultura, sobre as disputas entre nossos colonizadores pelo domínio da terra e sobre a importância da onça-pintada no equilíbrio da fauna e das florestas brasileiras, terminou a primeira etapa da Expedição Nissan Rota dos Patrimônios do Brasil. Não sem antes, cansados e enlameados, tomar um banho de cachoeira, entrando literalmente debaixo das quedas d’água de Iguaçu. Um banho que ensopou o corpo e lavou a alma. z (*) Viajou a convite da Nissan do Brasil. Encontro | 41


VEÍCULOS | MERCADO

Estratégia eletrificada

Com foco na redução de 40% da “pegada de carbono” por carro em 2025, quando comparado a 2018, estratégia dos carros elétricos da Volvo já está no Brasil, com planos de implantar 500 eletropostos no país FÁBIO DOYLE

Quem ainda gosta de carros e é bom observador, deve ter notado o crescimento de veículos da marca Volvo em circulação nas estradas e centros urbanos do Brasil. Da imagem de patinho feio e de carros difíceis de se livrar dos tempos iniciais da abertura da economia brasileira, a marca sueca vem, nos últimos anos, registrando crescimento de vendas. Esse é o resultado, segundo os porta-vozes da marca no país, da política de transparência que vem sen-

Vendas em alta: nos 10 primeiros meses de 2019, a fabricante comercializou 884 unidades de carros híbridos plug-in, contra 136 carros no mesmo período de 2018

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do adotada com relação aos custos de manutenção, que permite aos clientes saberem com antecedência quanto vão gastar com as revisões. É também consequência de uma política de preços dos veículos zero km que torna os Volvos competitivos em relação às demais marcas importadas do segmento premium (mesmo sem planos de produção no país, o que a exclui dos incentivos automotivos federais). Para 2020, a estratégia de continuar aumentando sua participação no mercado continua, agora apostando nos carros eletrificados. É uma política mundial da Volvo.

Em 2019, até o mês de outubro, 6.015 carros híbridos e elétricos foram vendidos no mercado nacional por 14 montadoras. A Volvo teve boa participação nesse resultado, sendo a única a contar com uma versão híbrida em quase todos os modelos de seu portfólio – a versão híbrida plug-in do XC40 chegará no primeiro trimestre de 2020. Em 2021, 100% da gama de produtos da marca será eletrificada. Isso se reflete em seus resultados. Nos 10 primeiros meses de 2019, a fabricante comercializou 884 unidades de carros híbridos plug-in, na qual é


líder no segmento premium (contra 136 carros no mesmo período de 2018, um crescimento de 650%). Em outubro, essa condição foi reforçada com a venda de 135 unidades, compostas pelos utilitários esportivos XC90 e XC60, além dos sedãs S90 e o recém-lançado S60, todos equipados com o motor T8, de 407 hp. A Volvo Car Brasil fecha 2019 com 22% de vendas de seu portfólio eletrificado. Essa porcentagem deve chegar a 40% no ano que vem, o que significam 4 mil veículos eletrificados da marca, ajudado pelo lançamento do SUV XC40 híbrido plug-in. Globalmente, a Volvo Cars espera vender, até 2025, 1 milhão de veículos eletrificados. Metade desse volume será de carros totalmente elétricos. Os outros 50% virão dos híbridos plug-in. Ela foi a primeira montadora de automóveis a se comprometer com a eletrificação total e a eliminação progressiva de veículos movidos apenas por um motor de combustão interna. A partir deste ano, todo novo Volvo lançado será eletrificado. A marca também se comprometeu a lançar um novo carro elétrico por ano nos próximos cinco anos. No Brasil, como protagonista na criação da necessária infraestrutura para a viabilização dos veículos eletrificados, a Volvo Cars vai instalar 500 postos de recarga (eletropostos) de modelos híbridos e elétricos plug-in em pontos estratégicos do país, informou Luís Rezende, presidente da Volvo Car Brasil e head de América Latina. O fabricante sueco firmou parceiras com o grupo GPA (Extra e Pão de Açúcar), rede de shoppings Iguatemi, redes de estacionamento Estapar, Autovagas e PareBem, além da incorporadora Idea! Zarvos e a sua própria rede de 36 concessionários, somando um investimento de 5 milhões de reais. O futuro da Volvo é elétrico. Essa frase se tornou o mantra do fabricante. Anunciada no mês passado, a estratégia prevê a redução de 40% da “pegada de carbono” por carro em 2025, quando comparado a 2018. Por aqui, a Volvo avança na oferta de veículos híbridos plug-in e lança a nova versão T8 Polestar Engineered para o sedã esportivo S60 e o utilitário esportivo XC60. No

Recarga: a Volvo Cars vai instalar 500 eletropostos para modelos híbridos e elétricos plug-in em pontos estratégicos do país

total, a fabricante sueca disponibiliza no mercado nacional oito versões equipadas com a motorização híbrida T8, de 407 hp de potência. Além das duas novas variantes Polestar Engineered, a oferta inclui o S60 T8 R-Design, o XC60iT8 R-Design, XC90 T8 Inscription, R-Desig e Excellence, e o S90 T8 Inscription. Os modelos Polestar Engineered trazem, externa e internamente, detalhes de design específicos que refletem a esportividade. O nome Polestar se refere ao chassi exclusivo. As molas são mais rígidas e podem abaixar ou elevar a carroceria de 10 mm a 15 mm. Isso garante ao motorista uma condução mais esportiva dos modelos, prin-

cipalmente em curvas, em função da melhor aderência, menor centro de gravidade e pouca rolagem do veículo. Os modelos combinam o motor Drive-E Turbo Supercharger de 2 litros e 4 cilindros, que produz 320 hp, com um motor elétrico de 87 hp, alimentado por uma bateria de íons de lítio de alta capacidade (11,6 Kwh). Juntos, geram 407 hp de potência máxima e torque de 640 Nm. Os veículos apresentam desempenho impressionante, que fazem o S60 e o XC60 irem de 0 a 100 km/h em apenas 4,4 segundos e 5,3 segundos, respectivamente. O S60 T8 Polestar Engineered tem preço sugerido de 309.950 reais e o XC60 T8 Polestar Engineered sai por 335.950 reais. z Encontro | 43


SAÚDE | VELHICE Alexandre Rezende

Perde tempo quem acredita que geriatria é assunto para só depois dos 70 ou 80 anos. Especialistas estão sendo procurados cada vez mais cedo por quem quer uma maturidade saudável MARINELLA CASTRO

Viver bem, com autonomia e memória em forma é uma conquista que não depende só de uma boa genética. O estilo de vida é decisivo para a maturidade ativa. Embora muitos não gostem de ouvir essa frase, envelhecer é inevitável e para todos. Chegar lá com disposição, alegria e leveza é uma experiência individual e envolve muitas descobertas. Nessa caminhada o médico geriatra é uma espécie de guia, que ajuda na busca pela saúde e lucidez, esclarecendo pontos importantes para um país que começa a deixar de ser jovem.

O segredo da

longevidade A terapeuta Raquel Negri reequilibrou sua energia com a ajuda do geriatra: “Além dos aspectos físicos, durante as consultas falo da minha relação com os meus filhos, do meu sono, das coisas que gosto de fazer...”

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Assim como o pediatra acompanha as crianças e o clínico deveria ser uma referência para os adultos, o geriatra cuida dos mais velhos e tem sido procurado por muitos pacientes antes mesmo dos 60 anos, idade considerada como marco da maturidade pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mais do que observar problemas específicos do corpo humano, o olhar desse médico vai além. Do seu radar minucioso e atento aos detalhes não costumam escapar questões sensíveis como os relacionamentos do paciente, a capacidade em pensar e executar ideias, além da habilidade para fazer amigos. Com visão multidisciplinar, esse médico pode ajudar a cuidar da saúde até mesmo em momentos delicados, como na transição para a aposentadoria. Se a meta é ter uma boa qualidade de vida depois dos chamados “entas”, quanto mais cedo as medidas preventivas começam, melhor. O médico Flávio Cançado, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria em Minas Gerais, explica que essa é uma prática que deve nascer na infância. É como preparar o terreno desde cedo para uma boa colheita. “A geriatria começa na estrutura da família, com a boa alimentação, vacinação adequada, com o bom exemplo de uma vida saudável dos pais para as crianças. Pelo acesso à educação.” Um dos pioneiros da especialidade em Minas, Flávio diz que o envelhecimento ainda é um tema complexo, já que a maturidade traz um rompimento do equilíbrio fisiológico. Para viver bem, a prevenção e o conhecimento das necessidades dessa fase da vida são consensos. “Com as novas descobertas da tecnologia, se essa geração que está nascendo agora cuidar bem da saúde física e emocional pode chegar aos 100 anos”, afirma o médico. Mas como caminhar bem até o topo da montanha? Muitos fatores pesam, mas três são bem importantes: a genética, os hábitos de vida e os projetos pessoais. Como um bom exemplo, o Flávio cita o caso de um paciente registrado em um livro científico de referência em geriatria. “Quando jovem, esse paciente cuidava de todas as coli-

Violeta Andrada

Flávio Cançado: “Ter interesses e gostar do que se faz é fundamental para o envelhecimento saudável”

nas do entorno da sua propriedade rural, até mesmo do espaço dos vizinhos”, diz o médico. Quando ficou mais velho, as dores na articulação o fizeram reduzir o ritmo. À medida que o tempo passou, ele começou a cuidar do pomar, depois das plantas no entorno da casa. A caminho dos 100 anos, seu interesse em fazer o que gostava não diminuiu e ele passou a cuidar da jardineira da

sua janela. “Precisamos olhar para algo que gostamos muito e ter interesse em todas as etapas da vida”, diz. “O prazer no trabalho é fundamental para envelhecer bem. Os mais velhos também devem ser incentivados a ter esse objetivo.” Depois de transferir os cuidados integrais a seu ginecologista, ao completar 50 anos a terapeuta corporal Encontro | 45


SAÚDE | VELHICE Violeta Andrada

A servidora pública aposentada Dayse Moreno: “O geriatra está me ajudando no meu propósito de ultrapassar os 90 anos com autonomia e disposição”

Raquel Negri estava em busca de um clínico. Queria um especialista que pudesse acompanhá-la de forma completa, em vez de consultar diversos especialistas. Encontrou o geriatra. “A consulta me surpreendeu de forma positiva. Apesar de ser um médico de convênio, eu não senti pressa. A consulta durou o tempo que era necessário”, diz. Segundo ela, a conversa é sempre longa. “Além dos aspectos físicos, durante as consultas falo da minha relação com os meus filhos, do meu sono, das coisas que gosto de fazer...” Com esse acompanhamento mais próximo, Raquel descobriu que precisava fazer a reposição de algumas vitaminas, como a B12 e a D. Em conjunto com o seu ginecologista, foi 46 |Encontro

orientada também sobre reposição hormonal. “Apesar de ser professora de ioga, depois que passei a frequentar o geriatra estou pegando mais pesado com a atividade física.” Como Raquel, a servidora pública aposentada Dayse Moreno procurou pelo especialista ao romper a barreira dos 50. No consultório do geriatra, ela, que tem 53 anos, descobriu pontos importantes para sua saúde. “Eu passei por um reequilíbrio orgânico que me ajudou muito”, diz. “Fazia atividade física e não conseguia emagrecer”, lembra. Dayse conta que passou a ter mais consciência corporal e a fazer reposição de algumas vitaminas e minerais. O geriatra a ajudou a compreender melhor a reposição hormonal.

“Esse era um tema sobre o qual eu tinha resistência, mas já vejo de uma forma bem mais tranquila”, afirma. “Minha meta é chegar aos 90 anos com disposição para todas as coisas que gosto de fazer.” Se a intenção é prolongar o envelhecimento produtivo, saudável e independente até bem longe, como deseja Dayse Moreno, o ideal é levar a sério recomendações como prática de atividade física, alimentação equilibrada e atividade intelectual. Essas orientações valem muito, mas é bom não esquecer: “A afetividade da família, a capacidade para ter amigos e ter prazer em atividades diárias estão relacionados com a longevidade ativa”, diz Flávio Cançado. z


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Equipe médica

Hospital Regional de Santa Maria

Mais de 60 mil cirurgias realizadas. O retorno das cirurgias de peito aberto, realizadas no Hospital de Base, foi uma das conquistas da Saúde neste 2019. Ao todo, o GDF realizou cerca de 62 mil cirurgias, algumas de alta complexidade, como a que separou as pequenas gêmeas Liz e Mel. A verdade é que, pouco a pouco, a Saúde no DF está começando a melhorar. E, em 2020, essa melhora vai se consolidar.

2019. Um ano de ação.


CAPA | BRASILIENSES DO ANO

ELES SE DESTACARAM

EM 2019 48 |Encontro


Fotos: Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/D.A Press, Marcos Corrêa/PR, Wallace Martins, Uira Godoi

No ano que encerra a década, o Brasil mudou. O mundo também. E aqui, na capital do país, não foi diferente. Novos governos federal e distrital, um Congresso renovado – em parte – e novos nomes surgindo no panorama político. Começando pelo presidente Jair Bolsonaro, em seu primeiro ano de mandato e em sua primeira experiência no Executivo, e passando pela deputada federal estreante e revelação do ano, Paula Belmonte, a Câmara Distrital renovou seus ares com a eleição de um jovem de 36 anos – Rafael Prudente – para a presidência. Na saúde, a capital viu surgirem novos e modernos centros médicos, um deles o Sírio-Libanês, dirigido por um oncologista apaixonado pela profissão, Gustavo Fernandes. Uma educadora que ama dar aulas, Eda Coutinho comanda o centro universitá-

rio Iesb, que cresceu ainda mais em 2019. No agronegócio, Joe Valle expandiu sua Malunga, enquanto os amigos Gilberto Avelar e Cyro Júnior, da Del Maipo, deram um salto com sua importadora de vinhos. O aeroporto JK tem muito de seu crescimento devido a Jorge Arruda, enquanto o novo presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, comemora as conquistas com apenas um ano de trabalho. Presidente do Sebrae Nacional, o mineiro Carlos Melles é o homem certo no lugar certo. Na ação social, as palmas vão para uma musicoterapeuta, Ana Carolina Steinkopf, que se dedica a ajudar crianças com autismo. E na cultura, que não pode faltar na lista de destaques em Brasília, para um jovem ator, Bernardo Felinto, que vem descobrindo no cinema uma nova paixão.

Encontro | 49


BRASILIENSES DE 2019 | JAIR BOLSONARO PERSONALIDADE DO ANO

Entre polêmicas e vitórias Com um discurso conservador, de defesa da família tradicional, do armamento como meio de proteção do cidadão e dos valores cristãos, ele conseguiu vencer as eleições presidenciais em 2018 e emplacar um clã na política ANA MARIA CAMPOS

Jair Bolsonaro é o rei da polêmica. Com repercussão internacional. A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, eleita personalidade do ano pela revista Time, foi chamada por ele de “pirralha”. Foi uma reação do presidente do Brasil às críticas da adolescente de 16 anos pela morte de índios na Amazônia. Por questões ambientais, ele reclamou também do ator norte-americano Leonardo DiCaprio, a quem acusou de financiar ONGs que provocam desmatamento. Bolsonaro sempre foi assim. Na última eleição, o capitão reformado do Exército virou a antítese do PT, símbolo de combate à corrupção e passou a ser chamado de “mito”. Apesar das polêmicas e do descrédito de parte do eleitorado, em 2018, Bolsonaro elegeu-se, no segundo turno, presidente da República. Conquistou 57,7 milhões de votos ou 55,13% dos votos válidos e ainda viu o primogênito, Flávio, virar senador, e o filho 03, Eduardo, chegar ao Congresso como o deputado federal mais votado da Câmara. No Palácio do Planalto, o militar inaugurou um estilo próprio de governar. Usa os canais das redes sociais para anunciar medidas, criticar adversários e demitir aliados. Com 14,6 milhões de seguidores no Instagram e 5,5 milhões no Twitter, aprendeu a divulgar suas versões em canais da internet. Carlos, o filho 02, vereador pelo Rio de Janeiro, é o mentor das estratégias do mundo virtual. O estilo de se manifestar pelo Twitter de Bolsonaro vem do exemplo de um personagem que ele admira muito: Donald Trump, o presidente dos EUA. Nas redes sociais, a primeira “vítima” no governo foi Gustavo Bebiano, ex-secretário-geral da Presidência da República, que soube pelo Twitter de sua exoneração e depois saiu atirando. Houve troca de chumbo também no PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu. Antes do PSL, Bolsonaro integrou vários partidos ao longo da trajetória política. Foram nove legendas, incluindo o PSL. Agora, o pre50 |Encontro

sidente trabalha para montar o Aliança pelo Brasil, com o discurso de defesa do armamento, religião e valores de família. O número escolhido para a nova legenda é o 38, coincidência ou não, o mesmo do calibre de arma de fogo mais usado no país. Bolsonaro ganhou projeção nacional em 1986 depois de uma entrevista em que reclamava dos salários de militares, o que o levou à prisão por 15 dias. Dois anos depois, foi absolvido. Antes de concorrer à Câmara dos Deputados, foi vereador pelo Rio de Janeiro por dois anos até se candidatar e levar o primeiro mandato de deputado federal, o mais votado pelo Rio de Janeiro. No estado, dois de seus cinco filhos exercem mandato. O primogênito, Flávio Bolsonaro, é senador. Carlos Bolsonaro, o segundo, é vereador. O terceiro filho, Eduardo Bolsonaro, reeleito como o parlamentar mais votado do país, é deputado por São Paulo. O quarto filho, Jair Renan, também deve entrar na política. Ele tem ainda a filha Laura, de 9 anos, do casamento com Michelle Bolsonaro. O primeiro ano do governo foi de muitas turbulências, mas o principal objetivo traçado por Bolsonaro foi atingido. O Congresso aprovou a Reforma da Previdência, a mais ampla das últimas três décadas. Com o ex-presidente Lula fora da prisão, Bolsonaro se prepara para fortalecer a polarização antipetista. Hoje, ele é o principal nome para a própria sucessão.

PERFIL JAIR MESSIAS BOLSONARO 64 anos Nasceu em Glicério (SP) Casado, cinco filhos

Formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1977 e serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército Brasileiro Deputado federal por sete mandatos consecutivos a partir de 1991 Em outubro de 2018, elegeu-se o 38° presidente da República


PR/divulgação

Jair Bolsonaro na foto oficial da Presidência da República: o 38º presidente do Brasil tem um estilo muito próprio de governar


BRASILIENSES DE 2019 | PAULA BELMONTE REVELAÇÃO DO ANO

com fé na vida

Ela decidiu entrar na política para lutar pela primeira infância. Eleita deputada federal, em menos de um ano de mandato a empresária se destacou com sua atuação no Congresso Nacional ISABELA DE OLIVEIRA

Em pouco mais 50 dias, durante a campanha eleitoral de 2018, Paula Belmonte percorreu 40 mil km no DF. Os dias começavam às 5h, sem hora para terminar. Mãe de cinco filhos, Paula muitas vezes foi flagrada chorando de cansaço e principalmente de saudade da família. No entanto, em outubro de 2018, a persistência a recompensou: praticamente desconhecida do meio político do DF, foi eleita deputada federal pelo PPS, com 46.069 votos. “Ouvi inúmeros relatos de políticos que só apareciam em ano eleitoral e outras coisas terríveis”, diz a deputada, hoje filiada ao Cidadania. Ela confere a vitória ao desgaste de políticos que, segundo ela, estão desconectados das necessidades da população “cada vez mais atenta aos gastos públicos”. “Os escândalos de corrupção recentes mostraram isso”, afirma. Paula é casada com o advogado Luis Felipe Belmonte, primeiro suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e segundo vice-presidente do Aliança pelo Brasil, partido lançado em novembro de 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro e dissidentes do PSL. Paula e Luis Felipe se conheceram em 1999 e se casaram em 2004. Em 2009, com uma filha adolescente e dois meninos pequenos, os Belmonte se mudaram para a Europa. “Queríamos vivenciar um momento diferente na nossa vida, aprender inglês e morar em um outro país. Escolhemos a Inglaterra e lá vivemos por quase nove anos”, conta. O período foi marcante para a família pela perda de um dos filhos. Artur, com apenas 2 anos, sofreu um acidente doméstico e não resistiu. Abatidos, os Belmonte – o casal e os filhos Júlia (24 anos), Felipe (11), Rafael (10), Luís Artur (4) e Heitor (2 anos) – voltaram ao Brasil decididos a ajudar crianças carentes. Inicialmente, os esforços seriam concentrados no Sol Nascente ou Estrutural. “Mas, ao me deparar com a pobreza desses lugares, percebi que de nada adiantaria ajudar uma quantidade limitada de crianças. Decidimos entrar na política para ter condições de promover uma mudança significativa”, diz Paula. Desde então, a defesa das crianças é sua principal bandeira. 52 |Encontro

Filha do técnico de edificações Luiz Antonio Paro e da dona de casa Aurora Moreno Paro, Paula Belmonte nasceu em São Paulo e mora em Brasília desde os 3 anos. Com um irmão mais velho e duas irmãs mais novas, cresceu na Asa Norte, mais especificamente na SQN 315. “Éramos uma típica família de classe média dos anos 1970. Frequentei escolas públicas, fui lobinha, escoteira, guia e pioneira. Tivemos uma infância bem interessante. Brincava embaixo do prédio e acampava. Eram coisas possíveis naquela época”, lembra. Vendendo brigadeiros na escola, Paula descobriu a veia empreendedora. “Antes dos 18 anos comecei a trabalhar em uma loja de moda surfe. Em poucos meses me tornei uma das melhores vendedoras da rede em todo o Brasil. Cheguei a vender pranchas em pleno Planalto Central”, conta. Em seu primeiro ano de mandato, ela apresentou 161 proposições, foi vice-presidente da CPI do BNDES, titular de 13 comissões e suplemente de oito. “Também criei e coordeno a Comissão Externa de Políticas para a Primeira Infância”, destaca a parlamentar. Segundo ela, poucos políticos levantam a bandeira da infância, porque “criança não tem título de eleitor e é mais fácil investir no ensino superior para colher reconhecimento”. Em 2019, comemorou a aprovação do projeto que estende a licença-maternidade para mães de prematuros. “Foi um momento fantástico. Assumi o mandato em fevereiro e essa boa notícia veio em abril, com menos de três meses de trabalho na Câmara. O projeto está tramitando no Senado e espero que possamos comemorar a sanção presidencial no ano que vem.”

PERFIL PAULA MORENO PARO BELMONTE 46 anos Casada, mãe de cinco filhos

Formada em administração de empresas pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) Eleita deputada federal em 2018


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

Eleita deputada federal em sua primeira disputa, Paula Belmonte se destaca no Congresso Nacional: “A vida pública exige muito, mas é gratificante lutar pelos meus ideais”


BRASILIENSES DE 2019 | GILBERTO AVELAR E CYRO JUNIOR EMPRESÁRIOS DO ANO

Eles não param de inovar Amigos de longa data, eles fizeram sua importadora de vinhos se transformar em um negócio internacional e hoje têm uma filial nos Estados Unidos, além de 3 mil pontos de venda no Brasil. Em 2020, vão lançar mais rótulos exclusivos com sua marca PALOMA OLIVETO

São 16 anos de história e uma empresa que não para de crescer. O embrião é ainda mais antigo: data de 1997, quando o jovem Cyro Torres Junior, então com 25 anos, comprou uma banca na Feira dos Importados. Depois de vender um lote de vinho, percebeu que aquele era seu negócio. Surgiu, assim, a Brilho, que logo ganhou uma filial no Centro Comercial Gilberto Salomão. Em 2003, nasceu a importadora Del Maipo, já no endereço atual, na Cidade do Automóvel. “Eu me apaixonei pelo vinho. Virou mais que um negócio, virou um estilo de vida”, conta o empresário e sommelier. Em 2015, mais um personagem entrou para a história da Del Maipo. Gilberto Dias de Avelar, amigo de longa data de Cyro. Ele não cursou faculdade e, muito menos, tem pós-graduação em marketing. Foi na prática, com os ensinamentos do pai, que Gilberto aprendeu, ainda muito criança, a arte dos negócios. O menino que, aos 5 anos, já ajudava a família na padaria e no açougue que tinham em Sete Lagoas (MG), tornou-se um habilidoso vendedor, que coleciona números impressionantes. Há quatro anos na importadora, comemora o fato de que, nesse período, as vendas vêm crescendo 80%, ano a ano. Gilberto conta que, na época, trabalhava com comércio de grãos quando Cyro o convidou para trabalharem juntos. “Ele fez um ultimato”, brinca Gilberto. Além da amizade e do fato de gostar de vinhos, o convite atraiu Gilberto porque ele sempre quis morar em Brasília. De segunda a sexta-feira, a capital é o lar do empresário, que volta a Sete Lagoas na sexta à noite para passar o fim de semana ao lado da mulher, Tânia. “No fim de se54 |Encontro

mana, aproveito para descansar. Se ficasse aqui, ia inventar trabalho para fazer”, diz. Nos últimos anos, os pontos de venda da Del Maipo aumentaram muito – são, hoje, mais de 3 mil, em quase todos os estados brasileiros. “Para 2020, a meta é chegar aos cinco que faltam: Ceará, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia e Acre”, conta Gilberto, explicando que a região Norte é bastante promissora. Outra inovação da Del Maipo foi a parceria com restaurantes, com a oferta de cartas exclusivas da importadora, algo raro de acontecer. Cyro, que é casado com Lara e tem quatro filhos, conta que a participação em eventos, como Funn Festival e Na Praia, ajuda a disseminar o nome da marca e a acabar de vez com o mito de que vinho é uma bebida acessível para poucos. Com uma filial em Miami (EUA), a importadora, que hoje tem entre 600 e 700 rótulos, também lançou, em 2019, seu primeiro espumante, produzido em Bento Gonçalves (RS). Além dele, há produtos próprios da Del Maipo fabricados na Argentina, na Espanha e na França. Para 2020, as novidades continuam, com o acréscimo de novos vinhos e de um champanhe exclusivo na carta de ofertas da empresa brasiliense.

PERFIS GILBERTO DIAS DE AVELAR 59 anos

CYRO TORRES JUNIOR 46 anos

Nasceu em Sete Lagoas (MG) e desde 2915 divide-se entre Brasília e sua terra natal

Natural de Brasília (DF)

Casado, pai de um filho Formado em contabilidade (antigo ensino médio profissionalizante)

Casado, pai de quatro filhos Formado em diversos cursos de vinicultura e de sommelier


Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press

Os sócios Gilberto Avelar e Cyro Junior, na sede da Del Maipo, importadora que criada em Brasília há 16 anos: “Eu me apaixonei pelo vinho. Virou mais que um negócio, virou um estilo de vida”, diz Cyro


BRASILIENSES DE 2019 | JORGE ARRUDA EXECUTIVO DO ANO

o céu não é limite Ele assumiu a presidência da Inframerica em julho de 2017. Como gestor e CEO, contribuiu para o Aeroporto Internacional de Brasília ser eleito por 11 vezes o melhor e três vezes o mais pontual do Brasil

ISABELADE OLIVEIRA

O relacionamento do paulistano Jorge Arruda com Brasília começou em 2013, ano em que saiu da liderança do banco japonês Nomura Securities para reforçar a diretoria do Grupo Corporación America Airports. A holding argentina é a maior operadora de concessões privadas de terminais aéreos do mundo. No Brasil, a Corporación administra, via Inframerica, dois aeroportos: o Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek, e o Internacional de Natal, no Rio Grande do Norte. Com a saída Daniel Ketchibatchian, ex-presidente da concessionária, Arruda assumiu o cargo de CEO da concessionária. A Inframerica administra o aeroporto de Brasília desde 2012, quando houve a primeira rodada de concessões aeroportuárias do governo federal. A administração anterior pavimentou o caminho para que Arruda fizesse do JK um aeroporto que coleciona boas referências. Em 2019, o terminal foi eleito o mais pontual do Brasil pela consultoria inglesa OAG e por três vezes – pelos passageiros, vale frisar – o melhor entre os que recebem mais de 15 milhões de pessoas anualmente. Dado o trajeto profissional expressivo, Arruda não se assustou, necessariamente, com a missão de administrar a Inframerica e o JK, que é, hoje, o maior hub do Brasil. Com perfil aguerrido e independente, o economista começou a trabalhar muito cedo. “Aos 20 anos, já tinha meu apartamento e pagava minhas contas”, conta. Seu primeiro emprego foi no Midland Bank, na época um grande banco inglês com presença importante no Brasil devido a uma sociedade com um banco nacional. Arruda começou como estagiário. “Esse exercício teve um papel importante e relevante na minha formação. Hoje, reviso contratos com muita rapidez e facilidade”, destaca o CEO, que considera fundamental transmitir os valores reunidos com a experiência. Arruda aponta que um dos grandes obstáculos do Aeroporto JK era a falta de estrutura para os passageiros. Por isso, ele considera a inauguração do Pier Sul, em abril de 2014, um dos momentos mais marcantes da administração da Inframerica. “Com a ampliação, 56 |Encontro

passamos a atender nossos clientes com um padrão internacional de conforto”, diz. Agora, Arruda trabalha para aprimorar outro item fundamental para a gestão eficiente: a comunicação, que se tornou instantânea, sobretudo nas redes sociais. “Com relação à nossa infraestrutura e serviços, fico honrado de o JK ter sido eleito por 11 vezes o melhor aeroporto do Brasil em sua categoria”. Das realizações de 2019, Arruda sublinha a oferta de mais voos internacionais, novos contratos comerciais – com destaque para a nova Sala Vip com canal de inspeção exclusivo – e a concepção da Praça de Pick up, que deve ficar pronta até o fim do primeiro trimestre de 2020. O economista está otimista com as realizações do próximo ano, que deve ser embalado com um cenário macroeconômico mais favorável. “Acredito que vamos colher muitos frutos em 2020, seja com crescimento de passageiros ou novas operações comerciais”, prevê. Ele antecipa que a administração do JK prepara novos projetos para expansão do terminal internacional e ampliação de pontos comerciais. “Torço para que as variáveis, como volume de passageiros e consumo, permitam que isso já se inicie no ano que vem”. Sobre sua relação com Brasília, o CEO da Inframerica não estranhou a configuração numérica dos endereços da cidade em forma de avião. Pelo contrário. “Adoro esta cidade, as pessoas daqui, o clima, a arquitetura e o lago Paranoá. É a melhor cidade do Brasil para morar”, resume. Apesar da trajetória profissional invejável, o gestor, que é casado e pai de duas meninas de 15 anos, revela qual é a sua verdadeira riqueza: “Minha esposa e filhas são, de longe, as coisas mais importantes da minha vida”.

PERFIL JORGE ARRUDA 51 anos Nasceu em São Paulo (SP), vive em Brasília desde 2013 Casado, duas filhas

Economista, foi diretor do banco japonês Nomura Securities Desde 2017 é CEO da Inframerica, que administra o aeroporto JK


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

O economista Jorge Arruda diz que os resultados são frutos de muito trabalho nos últimos anos: otimista, ele espera novo crescimento de passageiros e novas operações comerciais


BRASILIENSES DE 2019 | PAULO HENRIQUE COSTA GESTÃO PÚBLICA

escolha na medida Jovem e com grande bagagem profissional, ele imprime modernidade e tecnologia na administração do Banco Regional de Brasília (BRB), que neste ano teve o maior lucro líquido de sua história ISABELA DE OLIVEIRA

Era 18h de 15 de novembro, feriado da Proclamação da República. “Recebi a ligação de Ibaneis [Rocha] me convidando para a presidência do BRB”, conta Paulo Henrique Costa. O governador do DF foi direto no convite e disse a Paulo Henrique que ele fora bem recomendado e que sua carreira fora esmiuçada, sem nada que a desabonasse. O recado foi dado em minuto e meio. Paulo Henrique ficou, por alguns instantes, sem reação. “Consegui dizer que fiquei muito honrado e perguntei se poderíamos nos reunir para conversar melhor”, conta. A reunião foi marcada para o domingo seguinte, no primeiro horário da manhã. Com o acordo selado, Paulo Henrique tornou-se um dos presidentes mais jovens do Banco Regional de Brasília (BRB). O executivo encontrou um cenário de caos quando assumiu a presidência do banco, em 31 de janeiro deste ano, dois dias depois de operação Circus Maximus ter sido deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal. Reverter o cenário foi duro, mas possível, diz Paulo Henrique. Junto à diretoria, ele formulou um conjunto de ações de integridade e combate à corrupção. “Também buscamos nos aproximar da sociedade, mostrar os benefícios de ser cliente BRB e que ele, como um banco regional, pode impactar a vida das pessoas.” A avaliação de desempenho deixa claro que as medidas foram acertadas: o cenário projetado para o crescimento era de 3%, mas a gestão de Paulo Henrique elevou o índice para 12% na carteira de crédito, em apenas seis meses. “Precisamos rever esse dado de novo, pois o crescimento deve ser superior a 20%. Até agora, já alcançamos os 18%”, destaca o CEO. O BRB atingiu o maior resultado da história: até setembro, o lucro líquido foi de 265 milhões de reais. Até então, o recorde tinham sido 255 milhões. No terceiro trimestre de 2019, o banco apresentou resultado 129% superior ao mesmo período de 2018 e 55% superior nos nove meses acumulados até setembro. Satisfeito com os feitos de 2019, Paulo Henrique antecipa que em 2020 vai manter o ritmo, porém 58 |Encontro

com mais presença digital. O banco vai lançar, no primeiro semestre, uma plataforma digital que une operações de um banco tradicional mais serviços úteis ao cidadão. “Então, pelo aplicativo, o cliente BRB vai ter condição de verificar como anda o pagamento de suas contas e impostos. A ideia é que o BRB integre a vida dos cidadãos, que não vão utilizar o app só para checar um extrato ou realizar uma transação, mas para manter controle sobre toda a sua vida financeira”, diz o CEO que, antes de assumir o BRB, foi vice-presidente de Clientes, Negócios e Transformação Digital da Caixa Econômica Federal. Filho do médico Paulo Roberto Costa e da psicóloga Maria de Fátima, Paulo Henrique iniciou a carreira em 1999 como estagiário do Bamerindus. “Na iniciativa privada, senti necessidade de morar em São Paulo, onde está concentrado o mercado financeiro. Ciente das dificuldades que poderia enfrentar por ser nordestino, Paulo Henrique que obteve êxito nos estudos e em 2001 foi aprovado no único concurso de trainees da Caixa. Pai de duas brasilienses – Maria Eduarda, de 11 anos, e Manuela, de 6 –, Paulo Henrique diz que, devido à sua profissão, o caminho para Brasília foi inevitável. Casado com a administradora e também pernambucana Mariana Costa, de 39 anos, ele considera a capital federal o melhor lugar para criar os filhos. Recém-chegado de São Paulo, ficou surpreso com a padronização da cidade: “Mas, também, encantado com a arborização, a polidez das pessoas e o caráter cosmopolita que mistura todos sotaques e jeitos. Brasília é um lugar para se crescer e construir uma família”, diz.

PERFIL PAULO HENRIQUE COSTA 43 anos

Formado em administração de empresas pela Universidade Católica de Pernambuco

Nasceu em Recife (PE), mora em Brasília desde 2001

Mestre em administração de empresas pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra

Casado, duas filhas

Presidente do BRB


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

Há menos de um ano, Paulo Henrique Costa assumiu a presidência do BRB e já contabiliza conquistas: o crescimento do banco deve chegar aos 20% em 2019


BRASILIENSES DE 2019 | RAFAEL PRUDENTE POLÍTICA

um jovem no poder

Distrital mais novo na presidência da Câmara Legislativa do DF, ele já é considerado uma liderança de Brasília. Agora, quer revitalizar o MDB e ajudar a fazer da capital um grande canteiro de obras VILHENA SOARES

O ano de 2019 foi um dos mais movimentados na política. O início do novo governo trouxe uma série de novos nomes de destaque nesse setor. O brasiliense Rafael Cavalcanti Prudente faz parte desse grupo. Em 2014, foi eleito deputado distrital pela primeira vez, aos 29 anos, e aos poucos foi ganhando mais espaço. Em 2018, foi eleito deputado distrital pela segunda vez e ocupa a presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), desde janeiro de 2019, e a presidência do MDB-DF, desde junho, mesmo partido do governador Ibaneis Rocha. Rafael Prudente é filho de um goiano, Leonardo Prudente – ex-presidente da Câmara do DF em 2009, que renunciou no ano seguinte, depois de ter sido condenado por improbidade administrativa –, e de uma pernambucana. Nasceu na capital e cresceu em Goiás, e começou a trabalhar cedo. Aos 15 anos, foi contratado no almoxarifado da empresa de sua família. Com 22, assumiu o cargo de diretor comercial da empresa e com seu salário conseguiu pagar a faculdade. Após formar-se em administração de empresas, abriu seu próprio negócio, na área eletrônica, que deixou para assumir seu primeiro mandato. Eleito pela primeira vez deputado distrital, em 2014, não parou mais. Em 2018, foi eleito, com 26.373 votos, pela segunda vez. Hoje, ocupa a presidência da CLDF e a presidência do MDB-DF, desde junho. É o distrital mais jovem a assumir a presidência da Câmara Legislativa, desde a fundação em 1991. Na votação, recebeu apoio de 17 dos 24 deputados. Evangélico e dono de um perfil agregador, o deputado deixa claro que seu principal objetivo é lutar pela revitalização do partido e pela participação dos filiados. “Assumir a presidência do MDB foi uma honra e ao mesmo tempo um desafio. Vamos fazer uma grande campanha de filiação e eleger todas as zonais, renovar os diretórios nas cidades, entrar nas universidades e aumen60 |Encontro

tar a transparência”, diz. Na Câmara Legislativa, ele segue no grupo dos deputados mais atuantes, sendo o autor de 38 leis, 210 projetos, entre projetos de lei, de resolução, decretos legislativos, emendas à lei orgânica e também de lei complementar. “Mais produtividade, ritmo, transparência e ação: é assim que vamos responder a confiança dos eleitores”, afirma. Para o deputado, a participação da sociedade é essencial para que possam ocorrer as mudanças e renovações necessárias na política. Prudente também ressalta que a capital precisa retomar grandes obras e investimentos no setor produtivo, algo que pode ser alcançado. “Brasília tem um percentual de endividamento pequeno, o menor dos estados da federação. Devemos aproveitar a presença do poder público aqui para trazer as grandes obras que não vemos há muitos anos.” Ele também tem como objetivo resolver um dos maiores e mais urgentes problemas da cidade, o desemprego. “O DF precisa ser um celeiro de boas práticas. Vamos prosseguir com a iniciativa privada trabalhando com o poder Legislativo, em parceria com Executivo e Judiciário, pela nossa capital, para virar essa página do desemprego, com 330 mil pessoas sem vaga no mercado de trabalho.” Casado com Pollyanna Vaz Prudente, é pai de dois meninos, Rafael e Samuel. A cidade conquistou o seu amor. Para o deputado, a capital carrega muito encanto não só pela sua beleza arquitetônica, mas pelos brasilienses que trabalham e a mantêm em funcionamento.

PERFIL RAFAEL CAVALCANTI PRUDENTE 36 anos Nasceu em Brasília Casado, dois filhos

Formado em administração de empresas, Deputado distrital desde 2014, pelo MDB Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal


Laudembert/divulgação

Presidente da Câmara Legislativa do DF, Rafael Prudente quer fazer valer suas ideias: “Mais produtividade, ritmo, transparência e ação: é assim que vamos responder a confiança dos eleitores”


BRASILIENSES DO ANO 2019 | CARLOS DO CARMO MELLES EMPREENDEDORISMO

Homem dos pequenos grandes negócios Empresário assumiu a presidência do Sebrae Nacional com a missão de investir em novas práticas de gestão, incrementar o faturamento e incentivar a exportação das micro e pequenas empresas GEÓRGEA CHOUCAIR

As grandes paixões do empresário e presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional), Carlos do Carmo Melles, são a lavoura de café e a política – isso sem falar dos seis netos. Ao assumir a presidência da entidade, em abril de 2019, em eleição por aclamação, na qual recebeu o apoio de todos os 15 membros votantes, ele se transformou no típico homem certo no lugar certo. Ele tem plena convicção de que o desenvolvimento do país passa pelo sucesso das micro e pequenas empresas. “Elas ajudam a gerar emprego e distribuir renda”, afirma. Ex-ministro e deputado federal por seis legislaturas consecutivas, Carlos Melles é produtor de café desde a adolescência, na fazenda da família, Diamantina de Santo Antônio, em São Sebastião do Paraíso (MG), onde nasceu. Lá produz com quatro irmãos o café especial Diamantina, que já recebeu diversas certificações nacionais e internacionais. Ele dedicou grande parte da vida a pesquisas de café, com atuação profissional na Epamig, Embrapa e em outros organismos do Brasil e do exterior. Ele entrou para a política justamente com a ideia de defender o setor agropecuário e a produção cafeeira. “O Brasil modernizou-se por meio do café, que era chamado de ouro verde. É um produto de grande importância econômica e social”, diz. Como deputado, teve histórico de luta pelas causas do agronegócio, do cooperativismo e das micro e pequenas empresas. Na Câmara dos Deputados, presidiu a Comissão Especial da Microempresa, que aprovou a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (2006). Foi também relator do projeto Microempreendedor Individual (MEI) e da Empresa Simples de Crédito, em 2018. 62 |Encontro

À frente do Sebrae, Carlos Melles quer investir em novas práticas de gestão, buscar mecanismos de incremento de faturamento das empresas e incentivar a exportação. As 15,5 milhões de micro e pequenas empresas brasileiras representam hoje 98,5% dos negócios do país. Elas respondem por 54% dos empregos e 27% do PIB. A grande diferença entre as micro e pequenas empresas no Brasil e no resto do mundo é o faturamento. “Aqui, faturamos a metade do valor de outros países. Ou seja, temos espaço de crescimento formidável”, afirma. Aumentar as exportações é outro desafio de Melles. “É uma área que podemos expandir muito”, diz. Ele quer trabalhar fortemente três pilares: fortalecimento da educação e da cultura empreendedora; melhoria do ambiente legal e desburocratização dos processos; e incentivo à gestão inovadora e sustentável nos pequenos negócios, com apoio a novas metodologias financeiras e de qualidade. “O ser humano deve buscar o aprimoramento da gestão. Isso vale da dona casa de casa aos empresários e faz a pessoa feliz”, diz. “Quem sabe administrar bem, tem sucesso em todas as partes da vida.” O bom gestor – esteja ele onde estiver – racionaliza, qualifica e aumenta a produtividade em todas as áreas.

PERFIL

Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Lavras (Ufla)

CARLOS DO CARMO ANDRADE MELLES 72 anos

Presidente do Sebrae Nacional. Foi deputado federal por seis legislaturas consecutivas entre 1995 e 2018, pelo PFL e DEM. Foi ministro do Turismo entre 2000 e 2002, relator do Orçamento Geral da União e secretário de Transportes e Obras de Minas Gerais

Nasceu em São Sebastião do Paraíso (MG) Casado, três filhos e seis netos


Charles Damasceno

Carlos Melles, presidente do Sebrae Nacional: “O ser humano deve buscar o aprimoramento da gestão. Isso vale da dona casa de casa aos empresários e faz a pessoa feliz”


BRASILIENSES DE 2019 | GUSTAVO FERNANDES SAÚDE

Ele chegou para ficar Diretor do Sírio-Libanês, que veio para a capital para coordenar a primeira unidade do hospital fora de São Paulo, o médico diz que Brasília se tornou um polo em sua área e sente orgulho de fazer parte disso PALOMA OLIVETO

“As duas coisas que faço questão que apareçam na matéria: dizer que meus filhos são brasilienses e que, apesar de estar num cargo administrativo, eu continuo clínico, cuidando dos meus pacientes.” É assim que Gustavo Fernandes encerra a entrevista a Encontro. A instrução que ele passa é significativa. Simboliza o amor que tem à capital, de onde não pretende sair, e a dedicação imensa à prática da medicina. “A coisa que mais gosto na vida é ver meus pacientes”, diz. Considerado um dos melhores oncologistas do Brasil, o jovem médico tem um currículo extenso, iniciado em 1997, quando ingressou na Universidade Federal da Paraíba. Além de clinicar e coordenar uma equipe de 200 pessoas no Sírio, é autor de mais de 30 artigos científicos e 20 capítulos de livros, e entre 2015 e 2017 foi o mais jovem presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Durante sua gestão, a oncologia foi reconhecida como especialidade médica e o importante medicamento Trastuzumabe – imunoterapia que ataca uma mutação genética – foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). No Sírio-Libanês de São Paulo, Fernandes foi pupilo de Paulo Hoff, um dos grandes nomes da oncologia mundial, formado na Universidade de Brasília. Em 2011, com apenas 33 anos, o jovem mas já muito experiente oncologista foi designado para coordenar a unidade de Brasília do hospital paulistano, que investiu 6 milhões de reais no empreendimento da capital do país. Fernandes perdeu a mãe para um câncer, quando ela tinha 51 anos, e esse foi um dos motivos que o levaram a escolher uma especialidade que lida com

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uma doença contra a qual a medicina ainda luta bravamente. Afinal, o câncer não é um único tipo de enfermidade e, embora os tratamentos estejam avançados e, em muitos casos, é possível atingir a cura, a maioria dos tumores ainda não pode ser totalmente derrotada. Contudo, o tratamento oncológico é, hoje, muito mais promissor que há 10 anos. Em Brasília, Gustavo Fernandes atribui a chegada do Sírio-Libanês ao desenvolvimento da área, com outros importantes centros clínicos se instalando na cidade e investindo em profissionais competentes. “Brasília se tornou um polo de saúde, com muitos médicos bons, em todas as áreas, e não só no Sírio. Tenho muito orgulho de fazer parte disso”, diz o médico. Casado com a oftalmologista Juliana e pai de uma menina de 8 anos e de um menino de 6, nos momentos de lazer, ele gosta de passear com a família no lago Paranoá, onde está construindo sua primeira casa própria. O médico paraibano fincou, de fato, raízes na capital. “Até do clima gosto, por incrível que pareça. Não saio daqui de jeito nenhum e, quando amigos pedem opinião sobre em qual cidade morar, eu falo logo: Brasília.”

PERFIL GUSTAVO DOS SANTOS FERNANDES 41 anos Natural de João Pessoa (PB) Casado, pai de dois filhos

Graduado em medicina pela Universidade Federal da Paraíba Residência em clínica médica pela Universidade de São Paulo (USP) e oncologia no Hospital Sírio-Libanês Diretor do Centro de Oncologia e diretor clínico no Hospital Sírio-Libanês de Brasília


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

O oncologista Gustavo Fernandes no Sírio-Libanês: “A coisa que mais gosto na vida é ver meus pacientes”


BRASILIENSES DE 2019 | EDA COUTINHO EDUCAÇÃO

A mestra nota A A educadora ajudou a criar o Iesb no fim dos anos 1990, ao lado do marido, o professor Edson Machado, e sempre viveu às voltas com salas de aulas. Com a morte dele, em 2018, assumiu a instituição com 20 mil alunos PALOMA OLIVETO

Aos 10 anos, o sonho da pequena Eda Coutinho era bem diferente do das outras crianças. “Entendi que meu negócio era estudar.” Com seis irmãos, ela sabia que não seria fácil convencer a família a investir na sua educação. Para conseguir o que queria – ser matriculada no colégio interno de uma cidade vizinha à sua (Bueno Brandão, MG) –, fez uma promessa: seria a primeira da turma. “E fui. A vida inteira.” Fundadora e presidente do Centro Universitário Iesb, Eda tem passado a vida em meio a livros e salas de aula. O entusiasmo com que fala dos tempos de estudante e de professora não deixa dúvida de que a educar é a paixão e a vocação da mineira que há 53 anos escolheu Brasília como lar. “Cheguei aqui em 1966, aos 26 anos. Era de madrugada. Fiquei encantada com a W3 Sul, era linda. Todas as vitrines estavam acesas”, recorda. “Pensei: vou ficar o resto da vida nessa cidade.” De fato, da capital, ela só saiu para o mestrado e o doutorado nos Estados Unidos. Na Universidade de Brasília (UnB), Eda obteve o segundo diploma, de pedagoga. Antes, havia se formado em biblioteconomia, em Minas Gerais. Eram tempos duros, de ditadura militar. Chamada para trabalhar no Ciem, escola de ensino médio vinculada à UnB, ela sofreu a decepção de ser desligada, porque o reitor da época a considerava “subversiva”. Isso porque trabalhou com educação no campo de trabalhadores rurais, quando morava no Paraná. Foi graças a esse acontecimento, porém, que Eda acabou nos Estados Unidos. Em 1971, viúva do primeiro marido, que morreu em um acidente, e mãe de uma menina (Liliane), então com 10 anos, com uma bolsa de estudos, partiu, com a filha, para a Pensilvânia. A bolsa de mestrado previa a conclusão do curso em dois anos. Porém, ela obteve o título na metade do tempo e ainda com créditos de disciplinas sobrando. Convencida por um professor a dar continuidade à pós-graduação, Eda fez doutorado, passando mais 12 meses nos Estados Unidos. Não foi um período fácil. “Eu estudava o tempo todo. Parte da bolsa era paga pela Universidade de Campinas 66 |Encontro

(Unicamp) e, muitas vezes, atrasava. Já passei fome, porque o dinheiro era todo para os livros”, revela. Com o título de doutora, Eda ainda faria mais um curso na Flórida (EUA) antes de voltar a Brasília. Aqui, passou a trabalhar no Ministério da Educação, com a missão de elaborar programas para sete universidades federais para que melhorassem o ensino e apresentassem projetos de inovação. No MEC, conheceu o professor Edson Machado. Apaixonados, casaram-se e, aos 46 anos, Eda deu à luz Edson, hoje reitor do Iesb. O marido, que era paranaense, morreu em junho de 2018, aos 78 anos. Foi ao lado dele que a professora idealizou e construiu o Iesb, no fim da década de 1990. O centro universitário nasceu como faculdade e, com dois anos de funcionamento, cresceu tanto que já não cabia no antigo prédio alugado na Asa Sul. Depois de construir três prédios em um terreno da Asa Norte, que pertencia à Paróquia Verbo Divino, Eda conseguiu comprar dois terrenos na 613 Sul. “Ia pegando empréstimo e construindo os prédios”, recorda. A pequena faculdade foi ganhando mais estudantes e novos cursos. Hoje, são 20 mil alunos e mais de 40 cursos presenciais, mestrado, especialização, extensão e internacionalização (parcerias com instituições do exterior). Com nota máxima na avaliação do MEC, o agora centro cniversitário tem três campi – Asa Sul, Asa Norte e Ceilândia – e, em breve, será expandido para Águas Claras e Valparaíso (GO). Sempre ativa, Eda explica o que, ao criar o Iesb, o objetivo foi contribuir para um mundo melhor: “As universidades têm uma responsabilidade muito grande com o desenvolvimento do país, com a melhoria do futuro da humanidade”, diz.

PERFIL EDA COUTINHO BARBOSA MACHADO DE SOUZA 80 anos Natural de Bueno Brandão (MG), mora em Brasília desde 1966 Viúva, mãe de dois filhos

Graduada em pedagogia pela UnB e em biblioteconomia pela PUC de Campinas (SP) Mestre em educação secundária e doutora em currículo acadêmico e instrução pela Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA) Presidente do Centro Universitário Iesb


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

A professora Eda Coutinho escolheu sua profissão ainda criança: “Entendi que meu negócio era estudar”, diz


BRASILIENSES DE 2019 | JOE VALLE AGRONEGÓCIO

Do sonho ao sucesso O empresário transformou seu projeto de faculdade na maior produtora de hortaliças orgânicas do Brasil e em uma das maiores da América Latina. Desde 2005, o negócio cresce 30% ao ano ISABELA DE OLIVEIRA

Criado em uma típica casa nordestina, de muitos filhos e parentes, Joe Valle cresceu na 204 Sul, quadra onde fica a escola em que estudou na infância. Natural de Caicó, no Rio Grande do Norte, chegou a Brasília acompanhando o pai, José Valle, servidor do Banco do Brasil transferido para a capital federal, e a mãe, Maria Valle, que ajudou a criar os seis filhos – ele e suas cinco irmãs – tocando uma pensão na W3. Mais tarde, Valle foi aluno dos colégios Dom Bosco e Leonardo da Vinci e se formou em engenharia florestal na Universidade de Brasília (UnB). Foi durante o curso, em 1982, que ele, os colegas e professores desenvolveram um projeto de agricultura alternativa, que mais tarde se tornaria a Fazenda Malunga. O trabalho de faculdade vingou, tornando a Malunga a maior produtora de hortaliças orgânicas do Brasil e uma das maiores da América Latina. São mais de 120 hectares na área do Programa de Assentamento Dirigido do DF (PAD-DF), iniciado em 1977 pelo governo distrital como medida de estímulo ao desenvolvimento agrícola da região. O rápido crescimento do setor de produtos sustentáveis nos últimos anos – Valle diz que as vendas aumentam 30% ao ano, desde 2005 – impulsionou a criação de uma rede de mercados com o mesmo nome. São duas lojas em Águas Claras, além da Asa Norte e Asa Sul e do Sudoeste, inaugurada neste ano. Nas gôndolas, podem ser encontrados mais de 3 mil produtos orgânicos e saudáveis. Casado com a engenheira agrônoma Clevane Ribeiro Pereira, com quem tem duas filhas, Mariana, de 21 anos, e Maria Luiza, de 16, Valle conta que encontra sua maior satisfação nos negócios da Malunga. “É o propósito que me faz acordar animado todos os dias: alimento orgânico e felicidade para todos”, afirma o agricultor, que destaca trazer de berço a vontade de servir à comunidade e participar ativamente do de68 |Encontro

senvolvimento regional. Ele assegura a quem consome os produtos da Malunga que a produção não intoxica a terra e nem animais. “O consumidor tem a garantia de estar comendo um alimento sem contaminantes químicos, mais saboroso e com maior valor nutricional.” O padrão de qualidade, contudo, eleva o preço dos produtos. “É uma questão de oferta e demanda, mesmo. Com mais produtores, melhor será o preço. Para tanto, precisamos de pesquisa e apoio dos órgãos governamentais”, destaca o empresário, que atribui sua mentalidade empreendedora ao primeiro emprego, aos 15 anos, no restaurante de comida nordestina conduzido pela família. Sempre às voltas com a produção de alimentos e o desenvolvimento agrícola do DF, Valle conta que sentiu falta de uma representação do setor onde são tomadas as decisões. “Isso me incentivou a participar da política. Ajudei companheiros da área rural em campanhas até decidir lançar meu nome”, diz o ex-deputado distrital que, até ano passado, presidiu a Câmara Legislativa do DF. “Saber que era possível praticar a boa política e ajudar muita gente com leis construídas a partir da participação popular me animavam a cada dia”, resume. Apesar da trajetória bem-sucedida, ele não disputou as últimas eleições. Mas não exclui, contudo, a política no futuro. A decisão de fazer uma pausa foi “completamente pessoal”, garante. “Ficar sem mandato não significa ficar alheio à política.”

PERFIL

Formado em engenharia florestal pela Universidade de Brasília (UnB)

JOE CARLO VIANA VALLE 56 anos

Foi deputado distrital por dois mandatos e presidente da Câmara Legislativa do DF de 2015 a 2018

Nasceu em Caicó (RN) e mora em Brasília desde a infância Casado, duas filhas

Empresário do ramo de produção de hortaliças, leite, grãos e comércio de produtos orgânicos


Uira Godoi/divulgação

Joe Valle na Fazenda Malunga: com os negócios em alta, ele afirma que pode voltar à política em breve


BRASILIENSES DE 2019 | ANA CAROLINA STEINKOPF AÇÃO SOCIAL

Com música, tudo vai bem Musicoterapeuta criou projeto que ajuda crianças autistas a se socializarem, já levou seu instituto a cinco estados e foi premiada nacionalmente pela iniciativa

VILHENA SOARES

A música é a paixão de Ana Carolina desde a infância. Tanto que a jovem escolheu a musicoterapia como profissão. Hoje, ela utiliza sua formação para ajudar na socialização de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A criadora do projeto Uma Sintonia Diferente, que se iniciou em Brasília e já está presente em cinco estados, além do DF, prepara-se para levar seu trabalho ainda mais longe. Ela acredita que a música pode ajudar a compreender melhor um distúrbio que ainda é estigmatizado por grande parte da sociedade. “Comecei a me interessar por música por causa da igreja e meus pais. Eles sempre incentivaram a mim e meus dois irmãos”, conta. A curitibana veio para Brasília em 2001, ainda criança, quando seus pais passaram no concurso do Sarah. Ela escolheu o violino para debutar na área, atraída pela elegância e postura características de quem toca esse instrumento. Na hora de escolher o curso de faculdade que cursaria, optou pela musicoterapia, mas precisou se mudar para Goiânia (GO). “Temos poucas universidades que oferecem esse curso, então tive de ir para Universidade Federal de Goiás (UFG). Lá, eu me apaixonei por tudo que aprendi”, diz. Após terminar o curso, Ana Carolina resolveu dar início a atendimentos, pois seu objetivo era ajudar pessoas que sofreram danos cognitivos, mas seus planos mudaram graças a um de seus pacientes: “Atendi um garoto de 12 anos com autismo e a mãe dele tinha dito o quanto ele amava a música. Achei que seria ótimo, mas deu tudo errado. Ele passou uma hora fugindo de mim”, lembra. Com o fracasso inicial, a musicóloga se sentiu motivada a desenvolver um método que ajudasse crianças com autismo a se tornar mais socializadas. “Existe pouca coisa sobre o tema, principalmente relacionado à musicoterapia. Vi que teria de criar um método.” Com muito esforço e ajuda de psicólogos e outros especialistas, Ana Carolina obteve sucesso e seu traba70 |Encontro

lho se transformou no projeto Uma Sintonia Diferente. “Temos parceiros no Ceará (Fortaleza), Minas Gerais (Timóteo e BH), Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo), São Paulo e Maranhão (São Luís e Imperatriz). A partir do ano que vem teremos no Rio de Janeiro, no Pará (Belém) e Amazonas (Manaus)”. Segundo ela, “isso é resultado das melhoras que vimos acontecer, de como as crianças conseguiram obter melhoras consideráveis em relação à fala, principalmente. Também acredito que ajudamos as pessoas a conhecer melhor o autista, pois poucos sabem sobre esse distúrbio”, diz. A criadora do Instituto Steinkopf também ressalta que parcerias recentes têm contribuído para essa expansão. “Ganhamos o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Saúde e Bem-Estar, e isso foi um divisor de águas. Hoje, temos mais parceiros interessados. Também ganhamos um eletroencefalograma, para realizar nossas pesquisas.” Para ajudar a manter a instituição, os pais pagam uma mensalidade de 160 reais. Ana Carolina afirma que é difícil trabalhar na área social, ainda mais sendo jovem, mas acredita que outras pessoas com perfil semelhante ao seu podem ter resultados positivos. “É difícil citar exemplos que sejam meu referencial na área, mulheres e negras, e também pessoas mais jovens. As pessoas não tinham confiança em mim, mas aos poucos fui conquistando meu espaço. Hoje, isso me motiva. Assim como confiaram em mim, quero que aconteça com mais gente, independentemente da idade.”

PERFIS ANA CAROLINA STEINKOPF 29 anos Nasceu em Curitiba (PR) e vive em Brasília desde 2001 Solteira

Formada em musicoterapia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em 2013 Musicoterapeuta e coordenadora do Instituto Steinkopf, que fundou em 2015 Criou o projeto Uma Sintonia Diferente, que atende crianças com autismo


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

Hรก quatro anos, Ana Carolina Steinkopf criou o projeto Uma Sintonia Diferente: ela ajuda crianรงas com problemas cognitivos a desenvolverem melhor a fala


BRASILIENSES DE 2019 | BERNARDO FELINTO CULTURA

Para voar ainda mais alto

Ator de teatro e de TV, ele descobriu a paixão pelo cinema, diante e atrás das câmeras, o que lhe rendeu prêmios no exterior com seu primeira curta VILHENA SOARES

Brasília é conhecida pela rica produção cultural em nichos distintos, como a música, o teatro e o cinema. Isso faz com que muitas de suas “crias” de artistas ganhem destaque no cenário nacional. Bernardo Felinto faz parte desse grupo. O ator brasiliense deu início à carreira na capital, mas foi atrás de outras oportunidades profissionais no Rio de Janeiro. Além do teatro, onde ele começou, e da TV, que tem sido seu ganha-pão, ele também é cineasta, área em que se aventurou há pouco tempo, mas onde já conquistou alguns prêmios. Por isso mesmo, pretende dar continuidade à produção de filmes e alçar voos ainda mais altos. Bernardo sempre quis ser ator. Ele escolheu o teatro para iniciar sua carreira. “Eu tinha 15 anos e desde o primeiro curso que fiz, sabia que era o que queria. Depois, fiz artes cênicas na UnB e criei um grupo de comédia chamado De 4 é Melhor”, conta. A companhia de comédia ficou oito anos em cartaz, mas o ator resolveu que deveria sair da cidade para conseguir outros trabalhos. “Queria abrir o leque; esse era um grupo muito fechado e exigia muita exclusividade. Em 2012, resolvi fazer carreira solo e fui morar no Rio de Janeiro”, diz. Ao chegar lá, conseguiu papéis em novelas da Globo. Em 2013 participou de Joia Rara, no papel do garçom Juca. Bernardo tem no currículo participações em outras novelas, como Avenida Brasil, Em Família, Império e Malhação, além de programas como A Grande Família, Tapas e Beijos e Zorra Total. Seu último trabalho foi em Orfãos da Terra, em que viveu o vilão Kaara. A partir daí, Bernardo se apaixonou pelas mundo por trás das câmeras e pela TV. “Gostei muito de todo aquele processo de televisão e adorei me ver na tela. Comecei a pensar que o audiovisual para o ator é algo que engrandece, não só artisticamente, mas comercialmente também”, confessa. Então, decidiu transformar um sonho antigo em realidade. “Escrevi um curta e para ele sair do papel tive de arcar com os custos. As leis de incentivo demoram 72 |Encontro

anos para serem aprovadas e, se isso acontecesse, perderia até o sentido da mensagem que eu queria passar com o filme.” Daí surgiu o filme Me Deixe Não Ser que foi exibido em diversos festivais, incluindo o de Brasília de 2018 e ganhou dois prêmios nos Estados Unidos: o de Melhor Escritor de Curtas, no New Jersey Film Festival, e Melhor Roteiro, no Los Angeles Film Festival, em junho. “O trabalho foi feito com a produtora de um amigo meu. Nós nos arriscamos e não sabíamos que ele seria tão bem-sucedido. Fiquei muito feliz com os prêmios.” Agora, o cineasta produz seu segundo curta, chamado Enquanto Estamos Juntos que, assim como o primeiro, foi escrito por ele e filmado em Brasília. O lançamento será em janeiro de 2020. E o próximo projeto é um longa, em que deve assinar o roteiro e viver o papel central. Para o artista, a capital sempre será a sua cidade: “Tenho uma relação maravilhosa com Brasília. Aqui sempre vai ser a minha casa. Tem algo que faz com que eu não consiga ficar longe daqui por muito tempo. Minha família está aqui, meus amigos estão aqui”, diz ele, que também dá aulas de teatro na capital. Bernardo afirma que Brasília é um dos principais polos culturais do Brasil. “É um nicho de grande importância; o que falta é incentivo. É muito difícil ser ator aqui, por isso tive de sair. Mas, temos muitas pessoas talentosas fazendo cinema que são daqui, como o Iberê Carvalho e o [José Eduardo] Belmonte. Sem falar na qualidade dos atores brasilienses que é sempre altíssima”, diz.

PERFIL

Graduado em artes cênicas pela UnB

BERNARDO FELINTO 34 anos

Ator de teatro, de televisão, roteirista

Natural de Brasília, mora no Rio de Janeiro desde 2012

Professor de teatro

Solteiro

Seu primeiro curta, Me Deixe Não Ser, foi premiado nos Estados Unidos


Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

Bernardo Felinto vive no Rio, onde tem feito trabalhos na TV, mas não abandona Brasília: “Aqui sempre vai ser a minha casa. Minha família está aqui, meus amigos estão aqui”


DEZ PERGUNTAS PARA | MIRIAN GOLDENBERG

“ Liberdade e amizade são as melhores rimas para a felicidade” Entender os caminhos que levam à liberdade e à felicidade em diferentes fases da vida, além de permitir que essas descobertas possam alcançar cada vez mais pessoas. Esses são os principais objetivos que levaram Mirian Goldenberg a realizar uma pesquisa de 30 anos, com mais de 5 mil homens e mulheres, entre 18 e 103 anos, para escrever o livro Liberdade, Felicidade e Foda-se, publicado pela Editora Planeta. Reflexões, conversas e encontros permitiram que a autora encontrasse as provocações para preencher as páginas. Para a escritora paulista (de Santos), seu livro é oportuno, em tempos de tanto ódio, polaridade e ruptura. Mirian Goldenberg, de 62 anos, é doutora em antropologia social, colunista de jornal e autora de livros como A Outra e Toda Mulher é Meio Leila Diniz. Professora titular do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mirian esteve em Brasília, no começo de dezembro, para o lançamento do livro. 1 | ENCONTRO BRASÍLIA – Quando e como surgiu a ideia de falar sobre os caminhos da felicidade?

MIRIAN GOLDENBERG – Pesquiso felicidade há mais de 30 anos, direta e indiretamente. Já pesquisei sobre corpo, envelhecimento, casamento, fidelidade. Em todos os temas a questão da felicidade esteve presente. De uns tempos para cá, pesquisando idades mais avançadas, eu me interessei mais pelos caminhos para uma boa velhice, que seria uma velhice mais livre e muito mais feliz. Falar sobre os caminhos da felicidade, hoje, é uma forma de resistência. Vivemos um momento em que todo mundo está precisando descobrir como sair dessa onda de ódio, intolerância, violência, polarização. Como conseguir na nossa vida e na vida dos que nos cercam um pouco mais de alegria, liberdade, amor, carinho, gratidão, de escuta. 2 | Como sua busca por um significado tem se rela-

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Antropóloga conta como e por que escreveu um livro sobre os caminhos para ser feliz

Paulo Soares/divulgação

ISABELLA DE ANDRADE


cionado com sua vida e seu trabalho? E como ela surge no livro?

Li, ainda jovem, dois livros importantíssimos de Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo e A Velhice. Nesses dois, ela fala sobre a importância de ter um projeto de vida que dê significado às nossas existências. Depois, li outro livro fundamental, A Busca de Sentido, de Viktor Frankl, que também fala da importância do projeto de vida, não só para uma vida mais feliz, mas também para sobreviver em tempos de sofrimento. O que percebi nas minhas pesquisas é que todos eles têm projetos de vidas. Ou é tocar piano, ou dançar, encontrar com os amigos, ler muitos livros, mas todos têm algo que faz com que queiram levantar da cama todos os dias, sejam saudáveis, ativos e pessoas plenas e felizes. 3 | Qual a importância de falar sobre esse tema e como ele dialoga com a sociedade?

No ano passado, observei (e eu mesma experimentei) que as pessoas estão muito deprimidas, sem encontrar saídas. O Brasil conquistou a taça de campeão da depressão e da ansiedade. Não é um sofrimento individual. Ele é social. Os brasileiros estão doentes, ansiosos e deprimidos. O que tenho percebido é que meu livro é libertador. As mulheres compram o livro para elas e também para dar de presente às amigas. Esse livro faz parte do meu projeto de vida, que é escrever. Além de denunciar a velhofobia que existe no Brasil e procurar caminhos para as pessoas que me escutam, caminhos de maior satisfação com a vida. 4 | Como foi seu processo criativo?

Foi interessante, porque eu nunca tinha escrito um livro só sobre felicidade, apesar de tocar nessa questão em todos os meus livros. Mas, no ano passado, pensei: a hora é agora, estou precisando ficar um pouco mais feliz, sair desse sofrimento e dessa depressão. Então, foi nesse momento que decidi que iria focar e colocar toda a minha energia no livro. 5 | O que você encontrou de mais surpreende nas pesquisas que fez?

A ideia de que a expectativa irreal de felicidade só provoca infelicidade. Quando

pergunto o que falta para ser mais feliz, muita gente responde dinheiro, carro, ficar magra. Eles sempre se comparam a outras pessoas, olham o que falta e se sentem infelizes. Mas, quando pergunto em que momento do dia eles se sentem mais felizes, falam de coisas simples, como chegar em casa e abraçar os filhos. São coisas que não custam nada. E quando falam desses momentos, não se comparam a ninguém. Para ter felicidade em nossas vidas, em vez de perguntar o que falta, temos de descobrir o que nos faz feliz na nossa experiência concreta, única e insubstituível.

Sofremos porque vivemos em uma cultura que valoriza a juventude, a magreza, o consumo” 6 | O que você buscava encontrar nos homens e mulheres que entrevistou?

Queria encontrar caminhos para a minha própria vida. Para ser mais livre, mais feliz, ter uma vida mais simples, mais leve, mais prazerosa. Como as pessoas podem fazer para ter essas mesmas coisas na vida delas? São pesquisas concretas, com pessoas comuns, que ensinam a viver melhor. Muitas vezes são coisas muito simples que podemos fazer no cotidiano, mas que não conseguimos enxergar. Era isso que eu buscava e continuo buscando como viver melhor, envelhecer melhor, saborear a vida apesar de todas as dificuldades. 7 | Há diferença entre mulheres e homens nessa busca da felicidade?

Há uma diferença enorme entre homens e mulheres, os mais jovens e os mais velhos. Em alguns capítulos, mostro que os homens que trabalham a vida inteira, eles descobrem que gostam mesmo é de ficar em casa com as mulheres, filhos e netos. Eles descobrem o mundo do afeto o qual não puderam ter contato quando eram mais jovens e estavam totalmente preocupados em trabalhar, ganhar di-

nheiro. Já as mulheres, que costumam dedicar-se muito mais à casa, aos filhos, valorizam a liberdade de serem elas mesmas e também as amigas. Elas colocam muito a felicidade na parceria com as amigas, que cuidam, escutam. Também descobrem na velhice algo que não tiveram quando eram mais jovens. 8 | Quais as principais diferenças entre os mais jovens e mais velhos?

Percebo que os jovens têm uma expectativa muito irreal de felicidade, voltada ao consumo, aos bens, ao dinheiro. E os mais velhos têm uma experiência concreta de felicidade que é muito mais baseada no afeto, nas relações com os amigos e familiares do que com bens materiais. Aprofundo muito essa discussão. Mas, acho que uma das coisas mais libertadoras no envelhecimento é que a pessoa valoriza o que tem e não se preocupa mais no que falta, como os jovens. 9 | Que respostas você encontrou?

Agora precisamos falar tudo no plural, temos de falar em velhices, juventudes, famílias, amores, projetos de vida. Porque a beleza da vida e da velhice está justamente na sua singularidade, na capacidade de ser você mesmo, e não o que os outros esperam e demandam. O que une todo mundo é essa ideia de que liberdade e amizade são as melhores rimas para a felicidade. Mas, a forma de construir essa felicidade é individual. Por isso, é necessário que cada um tenha muita coragem e força. 10 | Que diálogos e pensamentos você pretende passar ao leitor?

A necessidade de lutarmos por mais liberdade e felicidade, não só por nós, mas por cada um que nos cerca. Mostrar que tudo aquilo que as pessoas pensam que é um sofrimento individual é fruto da nossa cultura. Sofremos porque vivemos em uma cultura que valoriza a juventude, a magreza, o consumo. Essa depressão e ansiedade generalizada não são particulares. Quando descobrimos que nosso sofrimento é o de todas as mulheres e homens brasileiros, que esse sofrimento é compartilhado, sofremos menos. Então, é isso que quero passar: estamos todos juntos. z Encontro | 75


DECORAÇÃO | ANO NOVO

Casa renovada

Conheça cinco ambientes muito inspirados e leves para deixar sua casa pronta para receber o ano que chega

MARIANA FROES

Dois mil e vinte está batendo à porta e nada melhor que renovar as energias para iniciar um novo ano. Mas, quem disse que isso não vale também para a casa? Há quem diga que mudar os móveis de lugar, fazer uma faxina e repaginar os

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ambientes movimente cargas energéticas. Acredite ou não, a mudança sempre atrai novas posturas e possibilidades, não é mesmo? Pensando nisso, Encontro Brasília selecionou cinco ambientes inspiradores para quem quer mudar o lar neste novo ano. Aconchegantes, inovadores, minimalistas, leves: opções não faltam para quem quer inovar.


Fotos: Marcelo Calil/Divulgação

Gilberto Cardoso/divulgação

CONVIDATIVO E LEVE O projeto da arquiteta Thais Caixeta é inspiração para grandes espaços, como fazendas e casas de campo. Para quem vai reunir familiares e amigos, nada melhor que apostar e investir em uma proposta que seja convidativa e aconchegante, sem deixar de lado a fluidez do ambiente. A profissional uniu salas de estar, de TV e área gourmet justamente com essa ideia. A madeira no teto foi uma escolha para além da estética, pois agrega funcionalidade acústica e térmica ao cômodo, já que o espaço é parcialmente aberto, com vista externa e com fechamento em vidro. Na bancada da área gourmet e nos banheiros, Thais optou por pedra natural, o travertino, que confere sofisticação ao ambiente. E outro ponto marcante da criação é a mesa autoral feita com tampo de madeira e pés de aço. Ao todo, a peça pesa uma tonelada.

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DECORAÇÃO | ANO NOVO Fotos: Edgard César/divulgação

TONS NEUTROS E MARCANTES Esse apartamento no Noroeste, assinado pelo arquiteto Roberto Carril, tem decoração atemporal e leve. A residência, com 155 metros quadrados, tem ambientes integrados. As amplas janelas levam a cor de Brasília para dentro do espaço, decorado em tons neutros e marcantes. Outro elemento tipicamente brasiliense é o cobogó. Aqui, eles foram repaginadas e estão presentes em armários, divisórias, mobiliário e revestimentos. Detalhes em acessórios e gravuras também são ponto de fuga para a base neutra da proposta. “A minha premissa foi a integração visual e física entre a cozinha e a sala. Optei, também, por painéis de madeira com lâmina natural de freijó, presente nas paredes da cozinha e nos tons mais escuros e sóbrios”, explica o arquiteto.

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Fotos: Joana França/divulgação

Haruo Mikami/divulgação

MAIS CENOGRÁFICO Este projeto foi idealizado para a especialista em moda e digital influencer Thiciane Souza. O escritório Bloco Arquitetos, dos sócios Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco, investiu na madeira maciça do piso, no couro das poltronas, no concreto e no metal do mobiliário, para criar uma proposta leve e cheia de personalidade. Segundo o trio, a inspiração de alguns detalhes partiu de residenciais modernos dos anos 1940 e 1960, típicos dos primeiros apartamentos de Brasília. “Esse projeto tem uma característica mais cenográfica, pois a cliente queria espaços, por exemplo, que dessem para fazer fotos. Então, direcionamos mais para o gosto dela e a atividade que desenvolve”, explica Henrique. Segundo ele, a base da proposta é sóbria e as cores foram usadas, pontualmente, em alguns mobiliários, como no sofá, e nos acessórios, como os quadros.

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DECORAÇÃO | ANO NOVO Fotos: Haruo Mikami/divulgação

RÚSTICO COM ESTILO Um hall inspirado na diversidade das paisagens do Chile e com uma mistura de texturas e elementos que acolhem e seduzem os visitantes. Essa é proposta de Andrea Zanoni, que investe na variedade para compor e acolher. As poltronas em couro são peças-coringa para receber com conforto e personalidade. O sofá em tecido traz o contraponto na medida certa e ambos remetem à leveza, que pede o espaço. Nas paredes, pedras naturais em um painel rosa campestre, ponto focal do projeto. O estilo rústico contrapõe com as demais escolhas da arquiteta, que investiu ainda em tons neutros nos tapetes e armários. As cores estão presentes nos decorativos, como vasos, almofadas e plantas.

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Fotos: Paula Arantes/divulgação

INSPIRADO EM ATHOS BULCÃO A arquiteta Juliana Visinheski buscou soluções planejadas e funcionais para ambientar este apartamento. Em projeto autoral, ela apostou em peças sob medida para aproveitar espaço, que é pequeno, e tornar o cotidiano dos clientes ainda mais agradável. A arquiteta destaca que na área da sala de jantar havia um espaço de varanda que foi integrado ao ambiente e no projeto final foram mantidas algumas referências de varanda ao projetar um painel inspirado na “divisória treliçada” do Itamaraty, de Athos Bulcão. O painel reveste parede e teto, acompanhado por suculentas. Contribui, também, na otimização do espaço e na decoração. Os nichos ainda servem para abrigar os decorativos. A homenagem a Athos Bulcão pode ser vista também em cadeiras, lustres e quadros. z Gilberto Cardoso/divulgação


DECORAÇÃO | REVESTIMENTO Alexandre Rezende

O arquiteto Marco Reis usou o papel para integrar o mezanino de uma cobertura: “Vale tudo. A criatividade não tem limites”

Elegância e bom gosto nas paredes


Uarlen Valerio

Estampa que imita tijolinho à vista: opção descolada de apartamento na Savassi

Com uma infinidade de estampas e texturas, os papéis personalizam a decoração e mudam a cara dos ambientes de forma prática e ágil GEÓRGEA CHOUCAIR

Os papéis de parede tornaram-se os queridinhos e aliados dos arquitetos e designers na hora de renovar a casa. Lisos, geométricos ou com estampas nada discretas, eles têm o poder de mudar em poucas horas a cara de qualquer ambiente. Alguns

têm efeitos tridimensionais e muitos levam a assinatura de estilistas, como Alexandre Herchcovitch e Marcelo Sommer, e de designers conhecidos, como Marcelo Rosembaum. Muito popular nos anos 1960 e 1970, o papel é usado, hoje, em diversos ambientes, desde lavabos a quartos, salas e mesmo em projetos comerciais. E não ficam restritos só às paredes. São aplicados até mesmo no teto e no piso. A inspiração é infinita: pode ser com tecidos nobres, como seda e linho, e desenhos inusitados. Os vinílicos são mais grossos, resistentes e têm camada de PVC. O arquiteto Marco Dias Reis sempre tenta usar o papel de parede em seus projetos. “Hoje, existe uma infinidade de padrões e não há limites para ousar”, diz. Ele ajuda a dar personalidade ao projeto e cria atmos-

fera única aos ambientes. Está cada vez mais tecnológico, com efeito 3D e com tecidos nobres. “E é atemporal”, diz Marco. Em um mesmo ambiente é possível mesclar diferentes tipos de papéis. “Podemos criar os famosos patchworks com estampas geometrizadas. Vale tudo. A criatividade não tem limites”, afirma. Para o arquiteto, além de o projeto expressar a personalidade do dono da casa, é importante que as cores escolhidas “conversem entre si”, para o ambiente não ficar caótico e cansativo. No apartamento de cobertura da agropecuarista Luci Vilela Junqueira, Marco optou por usar um papel de parede preto com arabescos em dourado, de forma a integrar o mezanino. “Eu quis destacar a parede, que é a primeira coisa que vemos ao abrir a porta do apartamento”, diz. Luci apro Encontro | 83


DECORAÇÃO | REVESTIMENTO Henrique Queiroga

Projeto de Ana Lívia Werdine: nos quartos, a arquiteta prefere usar papéis mais suaves, com leve brilho e menos informação

vou: “Ficou um contraste bonito com as paredes e os sofás coloridos, além de integrar o ambiente de cima com o debaixo”. O produto é prático, fácil de instalar e ainda tem bom custo-benefício. “É possível repaginar a casa inteira sem barulho, sujeira e em poucas horas”, afirma Carlos Eduardo Côrrea Maciel, proprietário do Personalize Seu Ambiente, empresa de papel de parede autoadesivo e plotagem. A durabilidade é elevada: cerca de oito anos nas áreas internas, e de quatro, nos ambientes externos, em função da maior 84 |Encontro

exposição ao sol e à luminosidade. A limpeza é tranquila e basta um pano úmido ou detergente em bucha macia. Em áreas abertas, como os jardins, ou em banheiros, é indicado com acabamento vinílico ou emborrachado. Na Personalize, há cerca de 1,5 mil opções de estampas, desde geométricas a imitações de pedras, madeira, tijolo e mármore. Para identificar que o material não é real, é preciso passar a mão, tamanha a semelhança. O papel de parede com imagem de tijolinhos à vista foi a opção adotada pela empresária Flávia Cota para a sua

sala de jantar, que tem 8,5 metros de largura e 3 metros de altura, em seu apartamento. O imóvel é antigo e ela queria lhe dar um ar mais rústico e ao mesmo tempo moderno. Para compor a sala, optou por uma sofisticada poltrona Charles Eames. “Adorei o resultado. Ficou despojado e aconchegante”, diz Flávia. A arquiteta e designer de interiores Ana Lívia Werdine prefere usar estampas mais marcantes em locais menores e de pouca permanência, como lavabos e hall de entrada. Em salas e quartos, faz a opção por papéis


Uarlen Valerio

O papel de parede roubou a cena na decoração da loja de roupas femininas Lola, em Lourdes: o projeto, de Ivana Seabra e Bruno Vianna, levou o item ao salão principal, ao lavabo e ao trocador

mais suaves, com leve brilho e menos informação. “Assim, o papel de parede agrega sofisticação e pode dar aconchego”, diz. E é possível brincar com as cores e imagens de várias formas. “Podemos usá-lo em uma parede e deixar a outra lisa. Ou conjugar dois tipos de papéis diferentes e da mesma coleção no ambiente”, diz. É possível, ainda, fazer uma harmonização de estampas do papel de parede com colchas, tapetes, almofadas e cortinas. Pode ser usado também em portas de armários, por exemplo. “Com a tinta conseguimos

diferenciação de cores, mas não de texturas”, afirma a arquiteta Ivana Seabra, do escritório Vise Arquitetura. Mas, para não errar na composição e escolha do lugar que será destacado, a orientação de um profissional é importante. “Quando tem muita estampa envolvida, é bom ter uma base mais neutra para neutralizar e equilibrar o ambiente”, diz. O papel de parede nas tonalidades rosa e bordô roubou a cena na decoração da loja de roupas femininas Lola, em Lourdes. O projeto, de Ivana Seabra e de seu sócio Bruno Vianna,

levou o item no salão principal, no lavabo e no trocador. No lavabo, entrou em sintonia com a bancada clássica e em contraste com a cadeira com estampa de onça. Tudo planejado com harmonia e equilíbrio. “Como são ambientes nos quais as pessoas não permanecem tanto tempo, ousamos ao colocar papel em todas as paredes”, afirma Ivana. Quando o papel é usado em ambientes que costumam molhar, ela aconselha o rodapé, para evitar o desgaste. Em áreas comerciais ou residenciais, opções não faltam para os papéis e o céu é o limite. z Encontro | 85


NA MESA | JULYERME DARVERSON jdarverson@editoraencontro.com.br Gui Teixeira/divulgação

COM PERSONALIDADE O chef Ronny Peterson acaba de inaugurar o Aroma na 407 Sul. Com passagem pelo Gero (Grupo Fasano) e comandando a cozinha do A’Mano (eleito Restaurante Revelação por Encontro Gastrô – O Melhor de Brasília 2019), Ronny aposta na mescla das culinárias brasileira, italiana e francesa em seu empreendimento. “Venho com a proposta de trazer simplicidade para agregar valores. Não quis limitar minha técnica e criatividade em uma cozinha só”, explica o pernambucano, que na cozinha autoral faz releituras e novas criações. Entre as opções de entrada, a Batata Rústica defumada com queijo de cabra, gema caramelizada e trufas negras (R$ 46). Nos pratos principais, o destaque vai para o Agnolotti: massa fresca recheada com polenta e brie, ragu de galinha-d’angola e crocante de quiabo (R$ 67). “Quero passear pela gastronomia contemporânea e entregar pratos com personalidade. Sair da minha zona de conforto”, afirma o chef. A carta de vinhos da casa conta atualmente com cerca de 130 rótulos do Velho Mundo (França, Itália, Portugal e Espanha) e do Novo Mundo (Argentina, Chile e Uruguai). Dividido em três ambientes, o espaço tem capacidade para 80 pessoas.

A CASA É SUA Com decoração inspirada em casas dos anos 1920 e 1930, o SouthSide chega para movimentar o efervescente mercado gastronômico da cidade. O restaurante, que também tem um bar ao estilo speakeasy (secreto), é muito além de um lugar para comer e beber. “É um lugar para socializar-se em um ambiente agradável. A proposta é não limitar-se, por isso o slogan é Apenas Entre”, explica um dos sócios da casa, o mixologista Gustavo Guedes. É ele quem assina a carta de drinques, com cerca de 30 opções, divididos em oito seções: Doses, Clássicos, Gin & Tônica, Releituras, Autorais, Bubbles, Bitter e Brasil. “A pessoa tem a sugestão de criar seu próprio gim, por exemplo, escolhendo o tipo da bebida e alguns insumos disponíveis para a combinação.” O cardápio, assinado pelo chef Thiago Paraiso, traz snacks, entradas, principais, executivos e sobremesas. Entre as sugestões, nhoque de beterraba com ragu de cordeiro braseado (R$ 62).

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Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press


VEGANOS EM ALTA O ano de 2020 promete muitas novidades e uma delas é a nova pâtisserie da cidade, que será inaugurada em janeiro, na 411 Sul: a Renata Dias Vegan Patisserie. Voltado totalmente para preparos veganos, o cardápio traz doces, salgados finos e produtos de panificação, com porções individuais para comer na loja ou para levar para casa. “Quero mostrar que dá para comer de uma forma vegana. Quero que o público seja surpreendido com o sabor e que nem lembre que está provando comida vegana”, adianta a chef Renata Dias. São mais de 20 tipos de sobremesas, 15 de salgados e mais 15 de panificação disponíveis diariamente. “Cada dia vamos trazer opções novas, apresentando tendências e mostrando receitas saborosas, orgânicas, que alimentam de verdade, mas com preço justo”, afirma Renata. Para beber, a casa vai oferecer chás e cafés especiais, sucos e refrigerante natural wewi, criado especialmente para os adeptos do veganismo. Fotos: Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press

PROPOSTA AUTORAL Após passagem pelo Evo Buffet, o chef Bruno Barboza resolveu arriscar. O cozinheiro acaba de criar o Zuri Buffet e pretende “trazer opções mais autorais, modernas e vanguardistas, além de transformar coisas simples em sofisticadas”. Com foco em eventos sociais e corporativos, o bufê tem cardápios personalizados. “Vamos apresentar propostas diferentes baseadas no perfil e gostos de cada um. Aqui, o sonho do cliente é levado a sério”, diz. O bufê tem desde a coxinha negra feita com tinta de lula e recheio de polvo, passando pelo camarão na moranga com creme de bobó e ostra com limão-siciliano, ao jarret de cordeiro com molho de vinho e batata baroa e farofa de cebola. “Gosto de brincar com sabores, por isso estamos saindo um pouco do serviço convencional”, afirma Bruno.

NO AEROPORTO Depois de causar burburinho na cidade, a maior rede de cafeterias do mundo, a Starbucks, acaba de anunciar a abertura de cinco lojas de uma só vez em Brasília, prevista para o primeiro semestre de 2020. As unidades ficam no Aeroporto JK – nas salas de embarque e em áreas de acesso público, com uma loja de dois andares. “Para nós, é uma felicidade anunciar a entrada da nossa marca no mercado e em uma cidade tão

importante para todo o país como Brasília”, diz Cláudia Malaguerra, diretora-geral da Starbucks Brasil. O vice-presidente da Inframerica, consórcio que administra o Aeroporto de Brasília, Juan Djedjeian, também falou sobre a chegada do empreendimento ao aeroporto: “É uma honra receber as primeiras lojas da rede no Centro-Oeste em nosso terminal. Ainda mais por ser uma marca reconhecida mundialmente”.

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BEBIDAS | CERVEJAS Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press

Ana Luisa Siqueira, da Metanoia, na Tap House da cervejaria: todo o projeto visual foi pensado para a comercialização em latas, produzido por artistas e grafiteiros locais

Uma tendência em alta Nem só de garrafa vivem as cervejas artesanais. Cervejarias do Distrito Federal começam a aderir à comercialização da bebida em lata, seguindo uma tendência mundial

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MAÍRA NUNES

Elas têm a sustentabilidade como bandeira e a resistência de parte dos consumidores como desafio. A Cerrado Beer, cerveja artesanal do cerrado, traz no nome mostras dos motivos que levam a empresa a comercializar 80% da produção dela em lata. “Nossos rótulos todos remetem à fauna e à flora e parte dos nossos lucros é doado ao cerrado. Nada mais lógico do que se preocupar com a sustentabilidade”, explica Denilson Postai, cofundador da microcervejaria. A questão-chave é mesmo a sustentabilidade. “Não dá mais para poluir. Precisamos pensar no rastro de poluição que deixamos e os produtos 0% poluição serão o mercado no futuro”, aposta Denilson. No Distrito Federal não há indústria de reciclagem de vidro. Por ser descartado como lixo comum, o material acaba em aterros sanitários. Nos últimos anos, empresas privadas começaram a recolher e a triturar o vidro descartado na capital, mas precisam enviar para outras cidades para serem reciclados. Quando


a Cerrado Beer abriu as portas, há três anos, toda a produção tinha como destino a garrafa de vidro ou o barril de inox. Segundo Denilson, houve uma transição gradual para as latas. Hoje, a cervejaria comercializa em lata 50% do total que antes seria engarrafado. Os barris também sofreram mudanças. Metade da produção que vai para o barril é vendida em barril inox e a outra metade em barril feito por um material pet reciclável. “A tendência é chegar a um patamar que seja possível abolir o vidro”, diz Denilson. Ele destaca dois países precursores quando o assunto é cerveja artesanal em lata: Estados Unidos e Holanda. O primeiro tem uma cultura bem difundida de cervejas artesanais enlatadas, enquanto o segundo é pioneiro na reciclagem de lixo e em ações ligadas à sustentabilidade. Atualmente, até a embalagem do pack da Cerrado Beer é feito com polietileno 100% reciclado, que emprega menos petróleo, energia e gases de efeito estufa em relação à produção de plástico virgem. Há quase duas décadas, o Brasil é líder mundial de reciclagem de alumínio, com índices acima dos 90% de latas recicladas. Uma lata descartada pode levar menos de um mês para voltar às prateleiras. Em 2017, foram reaproveitados 97,3% das latas 303.900 toneladas de latas de alumínio para bebidas comercializadas no Brasil. Os dados foram publicados pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), em dezembro de 2018. Segundo o gestor ambiental Bruno Souza, pós-graduado em geografia de análise ambiental pela Universidade Estadual de Goiás, a acessibilidade das latinhas para os catadores é fator determinante para o sucesso da reciclagem do alumínio no Brasil. “Por ser um material fácil de conduzir, leve e implicar em menos riscos de corte no manuseio do que o vidro.” Vale considerar que, no Brasil, a geração de renda com o catador é uma opção para muitas pessoas em situação de vulnerabilidade econômica. Mas, se ela é amiga do meio ambiente, a lata das cervejas artesanais

Carlos Vieira/CB/DA Press

Rodrigo Braga (à dir.), da Cruls, com os sócios Pedro Capozzi e Filipe Gravia: mesmo com o sucesso das cervejas em garrafa, eles vão estrear os produtos em lata no primeiro semestre de 2020

Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press

Os sócios Denilson Postai e Leonardo Ribeiro, donos da da Cerrado Beer: fundada há três anos, a cervejaria comercializa em lata 50% do total que seria engarrafado

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BEBIDAS | CERVEJAS enfrenta uma resistência maior do que as garrafas entre os consumidores, segundo empresários do setor em Brasília. “O público em geral, que não é especializado, prefere consumir cerveja artesanal em garrafa, por acreditar que tem maior valor agregado, ser mais robusta e parecer dar mais credibilidade”, afirma Rodrigo Braga, um dos sócios da Cruls Cervejaria Artesanal. Ainda assim, ele diz que migrar para a lata é uma tendência do mercado, tanto que a empresa planeja estrear os produtos em lata no primeiro semestre de 2020. Além da sustentabilidade, a conservação do produto é outro motivo apontado pelo mestre cervejeiro. Segundo Marcos de Paula, gerente de qualidade da Cruls Cervejaria e mestre em biologia, podem existir algumas diferenças de qualidade entre a cerveja em garrafa e a em lata. Há dois grandes inimigos da cerveja depois que ela está pronta: oxigênio e luz. “Como a garrafa é de vidro, os raios de luz conseguem entrar e acabam por ajudar a oxidar a cerveja, o que pode interferir na qualidade, e existe o risco de a tampinha não estar bem vedada. Enquanto a lata é 100% vedada contra luz e oxigênio”, explica. Ele diz que, por outro lado, a maioria dos exemplares de cervejas de guarda ou rolhada (produzidas justamente para terem uma vida mais longa) são tradicionalmente feitas mais em garrafa do que em lata. “Vamos fazer um trabalho em relação à mudança de mentalidade. Com muita conversa, esclarecimento e dados, vamos provar que o produto não perde qualidade na lata”, diz Denilson Postai. “Não é falta de glamour nenhum trocar a garrafa pela lata”, defende. A Cervejaria Metanoia foi fundada pelo casal Tiago Mota de Almeida e Ana Luisa Siqueira há três anos com todo o projeto visual pensado para a comercialização em latas, produzido por artistas e grafiteiros locais. Apesar disso, os dois começaram o negócio com cerveja artesanais apenas em garrafas. “As fábricas em volta do DF eram todas de garrafas, porque o processo de envasamento em lata era mais caro”, diz Tiago. 90 |Encontro

DA LATA Alguns rótulos de cervejas artesanais de Brasília vendidos em lata

SERIEMA Fábrica: Cerrado Beer Tipo: German Pilsner Descrição: cereja clara, puro malte, com lupulagem equilibrada e presente (ABV 5% e 20 IBU) Preço: R$ 18,90 (473 ml)

LOBO GUARÁ Fábrica: Cerrado Beer Tipo: Double IPA Descrição: cereja clara, puro malte, com lupulagem equilibrada e presente (ABV 9% e 90 IBU). Preço: R$ 24,90 (473ml)

FIGHT! NEW ZEALAND IPA Fábrica: Cervejaria Metanoia Tipo: American IPA Descrição: de corpo médio, sabor único e bem aromática. Foram utilizados em sua receita apenas lúpulos neozelandeses que trazem notas de frutas tropicais (ABV 6.5% e IBU 55) Preço: De R$ 25 a R$ 27 (473 ml) FIGHT! WEST COAST IPA Fábrica: Cervejaria Metanoia Tipo: American IPA Descrição: aromática, em que os lúpulos americanos usados trazem notas cítricas, proporcionado mais sabor à cerveja. O final seco pede um gole atrás do outro (ABV 6.5% e IBU 60) Preço: De R$ 25 a R$ 27 (473ml) Fotos: Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press e Divulgação

Segundo a Associação da Cerveja Artesanal do DF (Abracerva), Brasília tem 30 cervejarias locais cadastradas, que são responsáveis pela produção de 150 mil litros da bebida. Delas, apenas duas contam com rótulos em lata e cinco têm fábrica no DF. As demais funcionam como ciganas, caso da Metanoia, que usa maquinário alugado de outras fábricas. “Ficamos temporariamente produzindo 100% nas garrafas e, depois que as fábricas começaram a envasar em lata, partimos para a lata”, afirma Tiago. O estoque de garrafa da Metanoia

acabou e todos os rótulos de linha da marca são em lata. Segundo o empresário, as fábricas foram adquirindo o envasamento em lata nos últimos dois anos. A logística do armazenamento, transporte e da comercialização das cervejas em lata também se revela mais fácil do que com garrafas de vidro, o que se reflete no preço do produto. Devido ao receio em relação à receptividade do consumidor, porém, as cervejarias que começam a aderir ao enlatamento estão adotando uma certa precaução, justamente para não perder mercado. z



SOCIEDADE

Gizelle Monteiro, Pedro Vasco e Girlei Monteiro

Pedro Vasco, Gizelle Monteiro e Girlei Monteiro com a equipe do SPA

Marcos Machado, Talita Machado e Maurílio Macedo

Reinauguração em alto estilo Os sócios Pedro Vasco, Gizelle Monteiro e Girlei Monteiro receberam cerca de 150 convidados para a reinauguração do Eliá SPA, no Pier 21, agora com um espaço maior e novidades nos serviços. A festa teve Guarda-Chuva como tema e a decoração, feita com guarda-chuvas vermelhos, ficou a

Eliane Ulhoa e Sueli Maestri

Arquimedes Fontes, Tereza Cristina Fontes e Ana Clara Fontes

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Juliana Nunes e Flávio de Almeida

Naiara Iza Teixeira e Núbia Teixeira

cargo da Daiana Equipe Virginia. O cerimonial foi da Eleva Produções, espumantes, Monte Paschoal, bufê, Jackeline Daia, Boutique do Suco Marx e Flash Mob com o grupo Caixa Cênica. Na saída, os convidados receberam um gift card com um serviço do Eliá SPA. Fotos: Divulgação.

Glória Panerai

Anderson Lima e Gabriela Lima

Jackeline Daia

Cris Cavalli


SOCIEDADE

Idezio Rolim, Daniela Barreira e Afrânio Barreira

Pamela Studart, Gustavo Studart, Liz Alencar e Davi Nascimento

Tatiane Araújo, José Humberto Pires de Araújo, Beto Pinheiro e Danilo Araújo

Novo Coco Bambu Eleito pela Encontro Gastrô o melhor restaurante de Brasília na categoria Peixes e Frutos do Mar, o Coco Bambu abriu sua quarta unidade na capital, no ParkShopping. O restaurante recebeu investimentos de 8 milhões de reais e tem capacidade para 500 clientes. Um dos destaques é a adega para 2 mil garrafas, com mais de 200 rótulos de todos os continentes. A criançada pode se divertir na brinquedoteca. Fotos: Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press.

Cristiane Foresti e Victor Foresti

Daniel Chehab, Idezio Rolim, Daniela Barreira, Afrânio Barreira, Beto Pinheiro e Eilson Studart

Eilson Studart, Lygia Louzada e Mario Biill

Beto Pinheiro, Nelson Basto e Fabiana Basto

Gustavo Studart, Pamela Studart, Daniela Barreira, Afrânio Barreira, Liz Alencar e Davi Nascimento

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SOCIEDADE

Roberta Baracat, Luciana Sampaio, Carla Baraca, Priscilla Baracat e Rafaella Baracat

Luciana Costa

Marcela Alvim e Maria Elvira Alvim

Tarde de beleza As sócias Priscilla Baracat, Luciana Sampaio e Roberta Baracat receberam convidados com um coquetel, numa tarde de novembro, em sua Clínica Inti, para o lançamento de uma tecnologia exclusiva, o truSculptiD, que reduz a gordura localizada. Na ocasião, elas promove-

Luciana Sampaio, Karla Fidalgo e Priscilla Baracat

ram um bate-papo com a cosmetoginecologista Karla Fidalgo, que falou sobre tratamentos íntimos, e a digital influencer de moda Helô Drumond, que contou sobre tendências para o verão 2020. O bufê foi do Sweet Cake. Fotos: Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press.

Rosana Sathler e Jaqueline Máfia Priscilla Baracat

Zélia Baracat e Priscilla Baracat

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Luciana Sampaio, Luciana Costa e Priscilla Baracat

José Jordan


SOCIEDADE

Vânia Ladeira

Suzana Viegas e Mara Martinez

Dez anos de joalheria A design de joias Vânia Ladeira está comemorando 10 anos de sua joalheira e, para celebrar a data, lançou a coleção Tear durante um coquetel em sua loja. As joias exclusivas criadas por Vânia para a coleção foram exibidas em um desfile e uma das convidadas foi presenteada com um par de

Martha Nobre e Thadeu Nobre

Débora Lafetá

Sandra Pitiman e Vânia Macedo

brincos. A decoração com flores na entrada foi inspirada em lojas francesas e a tarde regada a espumante e música de qualidade. O cerimonial ficou por conta de Bosco Lima, o bolo de aniversário, criado por Maria Amélia, e a animação, por Maysa Eventos. Fotos: Hugo Barreto/divulgação.

Sônia Gontijo, Thiago Meireles, Ruth Lopes e Maria Amélia

Ivana Novaes

Coleção Tear

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SOCIEDADE

Advocacia em festa e noite de autógrafos Marcos Luis Borges de Resende, Marco Antônio Bilibio Carvalho, Fernanda Riedel, Ulisses Riedel, Thais Riedel Zuba, Antonio Alves Filho e Carlos Ayres Britto

O escritório Advocacia Riedel celebrou seus 60 anos em grande evento no Auditório Alvorada no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, que reuniu advogados, juristas, clientes. A noite também marcou o lançamento do livro Doce Rebelde, de Ulisses Riedel, advogado e sócio-fundador da banca, uma das mais respeitadas do país, sociedade que tem a participação de pessoas próximas, como as netas Fernanda e Thaís Riedel. O livro, segundo seu autor, tem como proposta “mudar o mundo não com armas, mas com palavras”. A inspiração para escrevê-lo veio durante um encontro do dr. Ulisses com o papa Francisco, no Vaticano. Fotos: Wallace Martins/Esp. Encontro/DA Press.

Carlos Ayres Britto

Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel e Cézar Britto

Fernanda Riedel, Felipe Inácio Zanchet Magalhães e Marcos Luis Borges de Resende

Vinícius Scartezini, Pedro Akil Correa Miranda, Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel, Sofia Corrêa e Alexandre Riedel de Resende

Marcos Luis Borges de Resende e Ulisses Riedel

Marcos Luis Borges de Resende, Thais Riedel Zuba, Estefânia Ferreira Viveiros, Zélio Maia e Marco Antônio Bilibio Carvalho

Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel, Jacques Veloso, Thais Riedel Zuba e Marcela Furst Signori Prado

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Fernanda Riedel, Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel, Patrícia Silva de Resende Nascimento, Thais Riedel Zuba, Helena Riedel de Resende e Leticia Riedel de Resende Nascimento


Thais Riedel Zuba e Carlos Ayres Britto

Marcos Luis Riedel de Resende, Mauro Menezes, Thais Riedel Zuba, Carlos Ayres Britto e Fernanda Riedel

Thais Riedel Zuba, Afrânio Jorge Andrade Freitas, José Bezerra da Rocha e Juliana Almeida Barroso Moreti

Izildinha Esmeraldo de Oliveira, Thais Riedel Zuba e Leopoldina Maria Colares de Araújo

Vanda Beatriz Riedel de Resende, José Carlos Brito, Meireluce Fernandes, Alexandre Rozenwald, Ulisses Riedel, Márcia Rozenwald, Nina Seng e Norton Seng

Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel, Alexandre Barreto Lisboa e Thais Riedel Zuba

Thais Riedel Zuba e Leda Janot

Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel e Paes Landim

Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ulisses Riedel, Andréa Dias de Mendonça Resende, Marcos Luis Borges de Resende e Helena Mendonça Riedel de Resende

Vanda Beatriz Riedel de Resende, Ursula Grattapaglia, Ulisses Riedel, Rafael Grattapaglia e Natalie

O salão do Centro de Convenções

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CRÔNICA | PAULA PIMENTA ppimenta@revistaencontro.com.br

Presente virtual X Passado real Na semana passada, eu estava procurando umas fotos antigas e, sem querer, encontrei uma pasta velha, meio empoeirada. Quando abri, tive a maior surpresa: ela continha a minha coleção de “papéis de carta”. Se você tem menos de 20 anos, provavelmente não deve estar entendendo o sentido de uma coleção dessas, pois já nasceu na era da internet, mas o fato é que os e-mails, tão ágeis hoje em dia, não existiam alguns anos atrás. E muito menos as redes sociais. Aliás, quando eu era adolescente, o termo “rede social” nem existia. A internet foi se popularizar quando eu já estava na faculdade e, mesmo nessa ocasião, o Facebook ainda estava muito longe de nascer. Não tem “tanto” tempo assim, mas em pouco mais de uma década, a internet mudou totalmente a comunicação do mundo inteiro. A primeira vez que eu interagi com alguém através do computador, em tempo real, foi com um programa chamado Pow Wow, que era uma espécie de MSN primitivo. Mas, para a época, aquilo era o máximo! Parecia mágica conversar com o meu primo que morava nos Estados Unidos e ele me responder instantaneamente. Depois do Pow Wow, apareceu o ICQ. E em seguida o MSN, que também já “morreu” há alguns anos. O WhatsApp agora é o sistema de chat mais usado e – ao contrário dos outros que falei – a conversa agora é pelo celular e não pelo computador. Quem me dera se, na época em que eu fiz intercâmbio, já existissem tantas formas de conversar virtualmente. Na ocasião, eu só podia esperar por cartas. Daí a razão daquela coleção que eu fazia. Todos os dias, olhava na caixinha de correio, ansiosa para saber quem tinha me escrito. Quando chegava alguma, eu corria para ler e até chorava de saudade ao ver o nome de alguém da minha família, das minhas amigas, do menino que eu gostava... E, então, eu respondia no mesmo instante, no papel de carta mais bonito que encontrava, colocava no correio e ficava esperando, esperando, esperando, e então só umas duas semanas depois é que chegava a resposta. Agora, é como se o mundo tivesse encolhido. Tudo ficou mais rápido. Mandamos uma mensagem pelo celular e, se a pessoa demora cinco minutos para responder, já achamos que demorou. Mas, apesar de a vida ter ficado mais ágil, ela também se tornou menos romântica. Ficamos mais próximos das pessoas, mas paradoxalmente mais distantes. Antes, para socializar, eu combinava com os meus amigos de ir assistir a um filme, tomar sorvete, passear no shopping... Agora, a maioria das conversas é virtual. Talvez seja o momento de resgatarmos um pouco desse mundo “antigo”. Da mesma forma que a internet pode ser muito boa para estreitar as relações (sejam elas profissionais, amorosas ou de amizade), ela deixa tudo meio frio. Olhando de tão longe agora, sinto saudade daquela espera toda para receber uma carta, da familiaridade ao ver a

“ Antes, para socializar, eu combinava com os meus amigos de ir assistir a um filme, tomar sorvete, passear no shopping... Agora, a maioria das conversas é virtual” letra do remetente, da sensação de saber que a pessoa tinha pegado naquele mesmo papel onde as minhas mãos agora estavam. Era mais romântico. E também mais real. Seria ótimo se conseguíssemos esquecer um pouco a praticidade do presente para resgatar esse romantismo do passado. Ver mais paisagens pessoalmente, em vez de pela tela. Escutar mais músicas ao vivo, em vez de pelo fone de ouvido. Conversar mais com os amigos cara a cara, em vez de pelos programas de bate-papo. Acho difícil que esse retorno aconteça. Já nos acostumamos com a agilidade dos dias de hoje. Em todo caso, a minha coleção de papéis de carta vai continuar guardadinha aqui. Vai que a moda volta? Só não podemos esquecer que o mais importante é não deixarmos que o ritmo cada vez mais agitado do dia a dia nos faça perder o contato com as pessoas. Seja no mundo virtual ou no real. z Paula Pimenta é escritora

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