Diário do Nordeste
Fortaleza, Ceará - Domingo, 24 de janeiro de 2016
Rendas de bilros - Ceará e Portugal
rendas do mar
As jornalistas Cristina Pioner, Germana Cabral e Marília Camelo vão até Peniche e Vila do Conde, em Portugal, para revelar semelhanças e diferenças das rendas de bilros d’aquém e d’além-mar. Na volta, revisitam Aquiraz e Trairi, no Ceará
Í
cone do artesanato cearense, a arte das rendas de bilros chegou ao Brasil na época da colonização. Até hoje, em cidades do Ceará e de Portugal, o secular ofício prossegue nas mãos de habilidosas mulheres que insistem em perpetuá-lo a despeito de todas as adversidades. Essa luta, porém, é tão complexa quanto o próprio feitio, conduzido por um emaranhado de fios, bilros e alfinetes.
No Ceará, elas são rendeiras. Em Portugal, rendilheiras. Denominações distintas traduzidas em um só talento e muitas semelhanças. Com vidas aproximadas pelo mar, lamentam a falta de reconhecimento, mas exaltam o valor da sua arte como patrimônio cultural. Manifestam, igualmente, a preocupação com a falta de interesse pelo ofício, bem como o risco de extinção. Na memória, guardam saberes herdados da
mãe, da avó, da bisavó. Contudo, inovam para conquistar gerações mais jovens, seja nas longínquas Peniche e Vila do Conde ou em Aquiraz e Trairi, polos de produção no litoral português e cearense, respectivamente. Entre as diferenças, Portugal se destaca por ter escolas permanentes voltadas para ensino e aperfeiçoamento da técnica. Essa e outras ações, mantidas pelas câmaras municipais (correspondem no Brasil às prefeitu-
ras) visam perpetuar o ex-libris local. Em Aquiraz e Trairi, no entanto, não há iniciativas equivalentes por parte dos gestores municipais. No Ceará, registram-se algumas ações desenvolvidas pelo governo estadual. São essas experiências de política pública e histórias de perseverança que estão reunidas nesta série de reportagens “Fios de tradição, rendas de bilros - Ceará e Portugal”, publicada hoje e no próximo domingo.