As sete leis do ensino

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Encontro de Professores da igreja Presbiteriana de Osasco Sábado dia 12/11/05

AS SETE LEIS DO ENSINO INTRODUÇÃO: Neste nosso encontro de professores, quero pensar junto com os irmãos sobre a tão conhecida obra de John Milton Gregory, "As Sete Leis do Ensino''. O autor tem por objetivo através deste livro apresentar, de modo sistemático, os princípios da arte de ensinar. Ele diz: Como a função essencial na sala de aula é estudar os vários ramos do conhecimento, assim a obra ou função do ensinar— planejar, explicar e ouvir as lições — é a que principalmente ocupa o tempo e a atenção do professor.

P LEI-

A LEI DO PROFESSOR

O professor precisa conhecer aquilo que vai ensinar

Alei

que limita e descreve o professor é: O professor precisa conhecer aquilo que vai ensinar. A lei do professor é uma verdade fundamental, pois, como uma coisa não pode provir do que não existe, ou como pode a treva trazer luz? Nenhuma outra qualificação é tão essencial ou seja: o que o professor ensinar, deve saber. Saber ou conhecer é o material com que trabalha o professor, o que os homens chamam de conhecimento apresenta graus, desde o primeiro vislumbre da verdade até a inteira compreensão. Em diferentes estágios, a experiência da raça, como adquirimos, caracteriza-se em 4 FASES, (1) por débil reconhecimento; (2) pela habilidade de relembrar, ou descrever de modo geral, para os outros, aquilo que aprendemos; (3) pelo poder de prontamente explicar, provar ilustrar e aplicar o que aprendemos; e (4) por esse conhecimento e apreciação da verdade em sua mais profunda significação e mais largas relações, por cuja força e importância atuamos, sendo por ela modificada a nossa conduta. A História é história somente para quem assim a lê e a conhece. Não se afirma que ninguém possa ensinar sem essa inteireza de conhecimento, e nem e verdade também que qualquer que conheça inteiramente o seu assunto ou matéria necessariamente ensine com êxito. Um conhecimento claro e pronto da parte do professor ajuda o aluno a confiar no seu mestre. Na verdade seguimos com prazer e expectação o guia que conhece bem o campo que desejamos explorar, e sempre seguimos sem interesses e com relutância o líder incompetente e ignorante. Os grandes mestre — Newton, Humboldt e Huxley — despertaram o interesse público pelas ciências em que eles próprios trabalharam. De modo semelhante, o professor bem preparado aviva em seus alunos o ativo desejo de estudar mais e mais. Algumas regras surgem ou derivam da Lei do Professor, destaco aqui as que considerei mais importantes. a) Preparar cada lição com estudo renovado. O conhecimento adquirido no ano que se foi, necessariamente, já se diluiu urn tanto. Somente novos conceitos nos inspiram para melhores esforços. b) Estudar a lição até que ela tome a forma da linguagem familiar. O que resulta do pensamento claro é o discurso claro, o falar claramente. a) Consagrar tempo certo ao estudo de cada lição, antes de lecionar. Todas as coisas ajudam o dever feito a tempo. Persistir em aprender a lição antes da aula, e obter novo interesse e ilustrações. c) Fazer um plano de estudo, e não hesitar, quando necessário, em estudar além do plano. b) Não deixar de buscar a ajuda de bons livros que tratem do assunto de suas lições.


Além dessas regras também precisamos falar sobre a violação desta lei. O melhor professor corre o risco de prejudicar o seu trabalho mui sincero e cuidadoso com erros impensados. O verdadeiro professor comete poucos erros, e aprende muito com os que comete. a) A própria ignorância dos alunos pode tentar o professor a negligenciar um cuidadoso preparo e estudo. Ele pode pensar que a qualquer tempo conhece mais a lição do que os alunos, e imaginar que sempre achará o que dizer, ou que sua ignorância passara despercebida. b) Algo mais sério ainda na violação desta lei é a dos professores que, não encontrando estímulo na lição, ou no magistério, fazem disso mero cabide em que dependuram seus caprichos e extravagâncias.

2a LEI:

A LEI DO DISCÍPULO O aluno deve dedicar-se com interesse à matéria a ser aprendida

A tenção e interesse caracterizam o estado mental do verdadeiro aprendiz, e constituem a base essencial sobre que descansa o processo de aprendizagem. Então, podemos definir da seguinte maneira a lei do discípulo: O aluno deve dedicar-se com interesse à matéria a ser aprendida. Atenção significa a direção ou a concentração da mente num objeto. O objeto pode ser externo, assim como quando alguém observa cuidadosamente o funcionamento duma máquina ou escuta elevadamente uma peça musical; e pode ser mental, assim como alguém rememora uma experiência passada, ou "medita" no significado de uma idéia. A psicologia diz que essa direção da mente consiste em localizar conscientemente um objeto. Existem três diferentes qualidades de atenção. Cada uma delas mui importantes do ponto de vista do ensino e do aprendizado. a) A atenção adejante muitas vezes é chamada de atenção passiva, pelo fato de não envolver esforço algum da vontade. Então obedece-se simplesmente ao mando dos estímulos mais fortes. Diz-se passivo o indivíduo que deixa sua vida mental ser levada ou controlada por forças maiores. Esta é a atenção de tipo primitivo, instintivo e básico. É a atenção que surge em algumas horas do dia, especialmente quando estamos cansados. É notadamente a atenção da criança. b) A atenção ativa é a característica essencial da mente humana, através dela a pessoa pode controlar as forças que a rodeiam, mais do que ser controlada por elas. Esse tipo de atenção é chamado ativo porque a sua primeira condição é o esforço da vontade, uma determinação de fazer aquilo que deve ser feito, a despeito dos convites ou atrações para fazer algo talvez mais agradável e mais atrativo. c) Mas a atenção dessa qualidade esforçada e ativa nem sempre é a mais econômica e eficaz para a do ensino. Falando-se de um modo geral, aprendemos mais facilmente e mais economicamente quando ficamos absorvidos em nossa tarefa, a atenção desta espécie freqüentemente provém dum esforço persistente - (atenção ativa). Essa atenção assemelha-se a atenção passiva pelo fato de o seu objeto ser sempre atrativo em si, e exigir pouco ou nenhum esforço para ser levado ao foco da consciência; mas também surge da atenção ativa, provindo do esforço e da persistência. Esse terceiro tipo de atenção por isso é chamado de atenção passiva secundária. Embora muitos professores negligenciem isto na prática, estão prontos a admitir que sem


atenção o aluno não pode aprender. Tentar ensinar uma criança inteiramente desatenta é o mesmo que conversar com um surdo ou com um defunto. O esforço do professor a todo tempo deve ser no sentido de tornar a apresentação tão interessante que a atenção dos alunos a acompanhe. Ensinando os alunos a se concentrarem, logo passarão pelo estágio da atenção ativa e alcançarão o estágio efetivo da atenção passiva secundária. O poder de atenção aumenta com o desenvolvimento mental, e é proporcional á idade da criança. A atenção prolongada pertence já a mentes mais amadurecidas. EMPECILHOS À ATENÇÃO: Os dois maiores inimigos da atenção são a apatia e a distração. O primeiro pode ser devido à falta de gosto para com o assunto estudado, ou à fraqueza, ou a condição física A distração é a atenção dividida e voltada para vários objetos. É terrível inimigo de todo aprendizado: Se a apatia ou a distração provém de fadiga e de enfermidade, o professor sábio não tentará forçar a lição. Da lei do aluno emergem algumas das leis mais importantes do ensino como regras para os professores eis algumas delas: 1. Nunca começar a lição sem Ter prendido a atenção da classe. 1. Parar, logo que a atenção deles for interrompida ou perdida, e esperar até tomar a prendê-la inteiramente. 2. Nunca esgotar inteiramente a atenção dos alunos. Quando surgir os primeiros sinais de fadiga pare. 3. Adaptar o cumprimento ou duração da lição à idade dos alunos; quanto mais novos os alunos, mais breves as lições. S. Tornar a apresentação da lição a mais atrativa possível, usando ilustrações e todos os meios legítimos.

3a

LEI:

A LEI DA LINGUAGEM

A linguagem usada no ensino deve ser comum ao professor e ao aluno Essa lei, como as outras já estudadas, é simples como são os fatos de cada dia. Podemos expressá-la como segue:A linguagem usada no ensino deve ser comum ao professor e ao aluno. Noutras palavras deve ser entendida por ambos, tendo o mesmo significado para professor e aluno. Tem-se dito que a linguagem é o veículo do pensamento. Mas a verdade é que a linguagem não transporta pensamentos como os autos carregam mercadoria para encher armazéns. É melhor pensar que a linguagem transmite pensamentos assim como os fios ou as ondas hertzianas transmitem e carregam mensagens, como sinais aos operadores receptores, que devem retrarismiti-Ias dos ruídos que ouvem. O que mede o poder comunicativo é aquilo que o ouvinte ou receptor entende e reproduz em sua mente e não aquilo que o locutor expressa de sua mente. A linguagem é também o instrumento de pensamento, como é o seu veículo. As palavras são as ferramentas com que a mente fabrica da massa crua de suas impressões os conceitos claros e válidos. A linguagem tem ainda outro uso: é ela o celeiro do nosso conhecimento. Tudo quanto sabemos pode vir expresso nas palavras que lhe dizem respeito. As palavras não são o único meio pelo qual falamos. Há muitas maneiras de expressar o pensamento. Os olhos, a cabeça, as mãos, os pés, os ombros são, muitas vezes, usados para expressar bem inteligivelmente o que pensamos. Da Lei da Linguagem fluem algumas das mais importantes e úteis regras de ensino.


(pág. 37).

4a

LEI :

A LEI DA LIÇÃO

A verdade a ser ensinada deve ser aprendida através de alguma verdade já conhecida

A

lição é o processo pelo qual o professor passa ao aluno a conhecida experiência da raça. É o método de transmissão dessa cristalizada experiência da raça deve ser tal que inspire nesses alunos princípios que serão forças atuantes em suas vidas, e que, ao mesmo tempo, lhes faculte um instrumento de pesquisa e de estudo posterior — que constituem o verdadeiro cerne da obra do professor, a condição e o instrumento, bem como a culminação e o fruto de todo o resto. A verdade a ser ensinada deve ser aprendida através de alguma verdade já conhecida Todo ensino deve começar nalgum ponto do assunto da 1 ição. Se o assunto é inteiramente novo com algo conhecido ou já familiar. Mesmo entre as pessoas amadurecidas, o hábil narrador luta por achar um termo de comparação com experiências conhecidas, buscando descobrir alguma semelhança do desconhecido com algo já conhecido, isto antes de começar a contar sua história. Todo ensino deve avançar numa direção, o aprendizado deve processar-se por passos gradativos. Através desta regra os professores devem obedecer algumas regras: 1. Descobrir o que seus alunos sabem do assunto que vai lhes ensinar. Este será o seu ponto de partida. 1. Começar com idéias ou fatos que estejam bem relacionados com os alunos, com coisas que possam ser alcançadas por meio dum simples passo ou degrau além daquilo que já conhecem. 2. Os passos da lição devem estar em proporção com as idades e avanços dos alunos. 3. Tomar familiar a seus alunos cada novo fato ou principio; procurar firmá-lo de tal forma que possa utilizá-lo na explicação do novo material da lição seguinte. 2. Fazer com que os alunos usem o seu próprio conhecimento e aquisições em todos os casos possíveis, para assim aclharem e explicarem outros conhecimentos. Ensinar a eles que o conhecimento é poder, mostrando-lhes como o conhecimento realmente ajuda a resolver os problemas. 3. Lembrar que os seus alunos estão aprendendo a pensar, e de que, para pensarem apropriadamente, precisam aprender a enfrentar inteligente e refletidamente os problemas que surgem em conexão com suas tarefas escolares e com sua vida extra-escolar.

5' LEI:

A LEI DO PROCESSO DE ENSINO

Estimular e dirigir as atividades do aluno e, se possível, nada lhe dizer do que ele possa aprender por si

Estimular e dirigir as atividades do aluno, e, se possível, nada lhe dizer do que ele possa aprender por si. Esta lei. deve fazer do seu aluno um descobridor da verdade, deixando que ele a encontre por si. O grande valor dessa lei tem sido tantas e tantas vezes afirmado de modo que dispensa qualquer prova. Nenhum grande escritor de assuntos educacionais deixa de considerá-la duma forma ou de outra. Esta lei deve despertar a mente do aluno, estimular os discípulos a raciocinar, despertar o espírito da inquirição, fazer os seus alunos trabalharem. Todas estas são diferentes modos de expressar a mesma lei. Podemos aprender sem professor, sendo assim segue-se que a verdadeira função do professor é criar as condições mais favoráveis ao autodidatismo. O aluno precisa conhecer por si, pois do contrário o conhecimento dele será só conhecimento de nome. Comenius disse, faz mais de duzentos anos: "Muitos professores semeiam plantas em vez de


partirem do s p ri nc í p i o s m ai s si m pl es , i nt r od uz em os al un os de c of re n um ca os d e l i v ro s de es t u do s miscelâneas."' A figura da semente é muito boa, e bem mais velha do que Comenius. Jesus Cristo, o maior dos mestres, disse: "A semente é a palavra".0 verdadeiro mestre revolve a terra e lança a semente. É obra do solo, por suas próprias forças, desenvolver o crescimento e amadurecer o fruto. A diferença entre um aluno que trabalha por si e aquele que opera só quando guiado é tão clara que dispensa explanação. Um é agente livre e o outro é uma máquina. Esta lei é uma lei de função enquanto que a lei do professor é essencialmente uma lei de qualificação. Aprendemos a andar não por vermos outros andar, e, sim andando. O mesmo é verdade quanto as habilidades mentais.

6' LEI:

A LEI DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM O aluno deve reproduzir, em sua própria mente, a verdade a ser aprendida.

Há várias fases do processo de aprender que precisamos abordar para se ver e entender todo o significado da lei. 1. Algumas vezes se diz que o aluno aprendeu, já que decorou e é capaz de repetir a lição palavra por palavra, isso é tudo que desejam muitos alunos, ou tudo quanto certos mestres exigem, achando assim que já realizaram sua tarefa de ensinar. A educação seria coisa fácil e barata, caso isso fosse ensino real e permanente. 2. É bem melhor quando os professores buscam cuidar só do pensamento e informar assim os alunos. Não obstante, há isso um perigo, porque, em muitos casos, como se dá no ensino de lições bíblicas, é coisa bem importante conhecer e lembrar as palavras. 3. Melhor ainda é quando o aluno pode traduzir acuradamente o pensamento usando suas próprias palavras ou palavras de outrem, sem prejuízo do significado. 4. O aluno revelará ainda progresso maior quando começar a buscar as provas das afirmações que está estudando. Aquele que pode dar a razão por que acredita nestas e naquelas coisas é melhor estudante, bem como o crente mais forte do que aquele que crê mas não sabe por quê. O verdadeiro estudante busca as provas. S. Um estágio ainda mais frutífero e mais elevado do aprendizado está no estudo do uso e aplicações do saber O estudante que encontra a aplicação daquilo que aprendeu na lição toma-se duplamente interessado e vitorioso nas suas tarefas escolares. Aquilo que dantes era saber inútil toma-se agora sabedoria prática. Essa lei possui duas limitações a primeira tem a ver com a idade dos alunos e a segunda diz respeito aos diferentes campos do saber.

7' LEI :

A LEI DA RECAPITULAÇÃO E DA APLICAÇÃO

O acabamento, a prova e a confirmação da obra do ensino devem processar-se através

da recapitulação e da aplicação Após o ensino ter sido administrado, ou seja, o professor e os alunos se reuniram e juntos fizeram seu trabalho, a linguagem foi ouvida e entendida, o conhecimento adquirido foi avaliado pela mente dos alunos, e ali reside em maior ou menor completação, a alimentar o pensamento, a orientar e a modificar a conduta, e a formar o caráter. Agora resta ainda um trabalho que é justamente a última lei a tratar. Essa lei da confirmação e completamente dos resultados pode ser assim expressa: O acabamento, a prova e a confirmação da obra do ensino devem processar-se através da recapitulação e da aplicação.


É de extrema necessidade fazer sempre a recapitulação, separando tempo para isso, fazer recapitulação em blocos de lições voltando sempre do inicio (pág. 70 e 71).


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