Porcelana
Géssica Marques
Porcelana 1º Edição 2015
M357p Marques, Géssica Porcelana / Géssica Marques – Trindade, 2015. 218 p. – 1º Edição 1. Literatura Brasileira; 2. Romance Sobrenatural; I. Título. ________________________________________ Design e Capa: Fotógrafa:
Géssica Marques Alyssa Alida
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Géssica Marques BLOG: www.cantinhogeek.com Alyssa Alida SITE: http://blackroosje.deviantart.com/
Agradecimentos
Posso ter escrito páginas e páginas, mas sempre quando me deparo com dedicatórias, agradecimentos biografias, sinopses e resumos eu não sei o que escrever. Simplesmente nada me vem à cabeça, então, apenas irei escrever o que sinto e o que me vem à mente neste momento. Teve tantas pessoas que me ajudaram com esse livro, seja dando dicas, seja incentivando, ou até mesmo criticando. Enfim, sinto que devo agradecê-las imensamente, pois sem elas creio que este livro não se tornaria real. Primeiramente quero agradecer a minha família, pois sem eles eu não seria nada. Obrigada mãe, pai, por sempre me apoiarem e me dar aquele puxão de orelha quando estava precisando. E à minha irmã que sempre me fez rir, mesmo quando eu estava triste. Agradeço também ao Keslley Albano, meu amor, por sempre me incentivar e me questionar sobre coisas que eu não havia pensado antes. Agradeço a minha amiga Luciana Novaes. Eu só tenho algo a lhe dizer: sem aqueles
seus comentários eu jamais teria continuado a escrever. Eu sempre escrevia já pensando no que você iria achar e comentar. Outra pessoa que me incentivou muito e que eu tenho de agradecer imensamente é a autora Hidaru Mei, obrigada por ser uma das primeiras a ler e me dizer sua opinião, e acima de tudo por não me tratar apenas como uma leitora, mas como uma amiga. Isso é muito importante para mim. Agradeço à minha amiga Ana Carolina que sempre me apoiou e me ouvia quando eu precisava discutir sobre alguma coisa ou contar algo eletricamente sobre o que li ou vi. Agradeço também aos meus amigos Paulo Henrique e Marcos Fernandes. Vocês sempre terão um pedacinho do meu coração. Não posso me esquecer de agradecer também a Alyssa Alida que permitiu que eu usasse sua foto como capa do meu livro. Um imenso obrigada a você! Espero não ter esquecido ninguém! Mas eu acredito que não, mas caso ouve uma falha na memória eu agradeço a você que me ajudou de alguma forma a construir este livro. E meu último agradecimento vai a você que está lendo este livro. Obrigada por ter acreditado em mim e espero que goste desta história.
Dedicatória
Dedico este livro a você que reservou um pouco de seu tempo para ler a história que tenho para contar.
Capítulo 01
Centralia, 1790.
Uma bela mulher estava sentada na cama a olhar todas aquelas bonecas jogada pelo quarto, mas não estavam espalhadas só pelo quarto, mas pela casa toda. Bonecas de Porcelana jogadas em todo canto. Estranhas bonecas, com diferentes tipos de cabelos e roupas, mas havia algo de similar entre todas elas, no lugar dos olhos e da boca tinha-se apenas um riscado vermelho. Como se a pessoa que as criou ficasse com raiva do resultado e simplesmente riscasse um X enorme em cada olho e na boca, A sensação da morte estava impregnada naquela casa escura. As cortinas pretas estavam todas fechadas, nenhuma luz entrava ali, nem mesmo um pequeno raio de sol se atreveria a entrar ali. Apesar de estar a noite, as cortinas estavam fechadas. A casa não estava nem um pouco arrumada, cadeiras jogadas no chão, copos quebrados, retratos tortos e caídos, espelhos totalmente 10
quebrados, mobília velha e suja de pó. A mulher que estava sentada na cama a olhar para aquilo tudo tinha cabelos compridos e pretos com mechas roxas e olhos estranhamente azuis. Era um azul que beirava ao branco, mas não deixava de ser lindo. O olhar frio, como se não tivesse nenhum sentimento brilhava no escuro. Lábios vermelhos, e a pele branca. Seios médios, mas coxas fartas e bumbum redondinho. Ela usava um vestido gótico tomara que caia roxo com preto bem longo indo até os seus pés. Usava também uma bota preta cano alto e dentro da mesma guardava uma adaga. Nas mãos usava uma pequena luva também preta com alguns detalhes, mas que deixava os dedos à mostra, e as unhas pintadas de uma cor incrível, parecia que o universo estava desenhado na mesma. E nos olhos, uma bela maquiagem roxa destacando bem seus olhos azuis. Levantou-se da cama passando por cima de todos os destroços, e caminhando até o guarda-roupa, abriu-o e mais bonecas de porcelana caíram aos seus pés. Tirou algumas de lá e viu que uma das bonecas possuía apenas um dos olhos e a boca. Mas essa era diferente, era bem maior do que as outras, parecendo-se com um ser humano. — Venha. — Chamou com sua voz fria. Até então o que se parecia com uma boneca se 11
levantou sem nenhuma expressão no rosto e caminhou até a mulher gótica que tinha estendida a mão para a boneca. Ela pegou suavemente na mão gélida da mulher e a acompanhou até a cama. A “boneca” tinha os cabelos compridos e loiros, e olhos azuis. Usava um vestido de Lolita preto com os babados brancos, suas mangas eram compridas e largas na ponta. Passou a mão nos cabelos da pequena boneca, e tirou lhes os cabelos que lhe tampavam o pescoço, local onde ficou a encarar. Seus olhos azuis percorreram o pescoço da boneca enquanto apoderava de si uma vontade enorme de mordê-la. A morena olhou para a sala onde se tinha mais um monte de bonecas, mas uma delas estava sentada em um sofá e possuía um olho, um lindo olho verde. Os cabelos pretos e curtos. E também vestida de Lolita, mas seu vestido batia até um pouco depois dos joelhos. — Sona, venha aqui. — Chamou a mulher. A boneca de olhos verde chamada Sona se levantou e caminhou até ela. — Minha pequena Sona. — Falou passando a mão nos seus pequenos cabelos e levando os dedos finos até as duas marquinhas que se encontravam no pescoço da boneca. — Quer ser como eu? — Sim, mestra. — Sua voz era fria como a da mulher 12
á sua frente. Apesar de ter a boca riscada podia ouvir-se o som de sua voz, era como se sua boca estivesse ali, mas aparecessem apenas os riscos vermelhos. — Em troca o que você irá me dar? — Perguntou segurando em seu delicado queixo. — Farei tudo para você sem ao menos questionar. — Mas isso você já faz. — Posso trazer-lhe comida... — A mulher pareceu se interessar, mas aquilo não parecia ser suficiente para agradá-la. — Posso te dar o meu sangue. — Acrescentou. — Huum... Agora sim eu gostei. — Falou passando a língua nos lábios. — Seu sangue tem um gosto muito bom Sona. A boneca não disse nada. — Você será minha serva, assim como é agora, mas para toda a eternidade. — Falou voltando-se para a outra boneca que estava do seu lado. — Venha cá pequena. — Falou dando alguns tapinhas em sua coxas. A boneca se levanta e senta no colo da mulher. — Qual o seu nome? — K-Katy. — Respondeu com medo da mulher. — Está com medo Katy? Ela apenas balançou a cabeça. — Do que tem medo? 13
— De ficar como eles. — Disse apontando para as bonecas de porcelana quebradas. A mulher sorri e tira os cabelos da garota do pescoço deixando-o livre. — Pois é exatamente assim que irá ficar. — Falou ela, e pequenas presas aparecem. A pequena arregala os olhos, mas antes de fazer algo a mulher gótica já estava a morder seu pescoço, sugando seu sangue, sua vida. À medida que a mulher sugava seu sangue, o seu ultimo olho azul ia se apagando e ia formando os riscos vermelhos no lugar. Passado alguns minutos, a garota tinha apenas a boca. Sua pele ia ficando dura como se fosse porcelana. Seguintes depois a boca vai se apagando também, formando riscos novamente. Depois de completamente apagada, a garota ficou dura de vez, sua pele agora era porcelana, e sua vida esvaíra, passando para a vampira. A morena soltou-a, fazendo com que a boneca se quebrasse quando seu corpo tocou no chão. — Sua vez Sona. — Disse novamente dando tapinhas em seu colo. A garota sem questionar se levanta e senta no colo da mesma. Sona por si própria retira o cabelo do pescoço 14
deixando-o livre para a mulher. — Boa garota. O ato se repete, a mulher começa a sugar o seu sangue. No seu pescoço escorria-se um filete de sangue que escapara de sua boca. Quando o último olho de Sona estava prestes a se apagar de vez, a mulher para de sugar e morde seu pulso sugando seu próprio sangue, mas não engolindo, mas sim o deixando em sua boca. Seus belos lábios estavam molhados pelo seu sangue. Com uma mão ela segura o queixo de Sona e se curva demoradamente para a “boneca” no seu colo. Apesar de se parecer com uma, era provável que já tinha seus 20 anos. Raspando docilmente os lábios, ela mergulha em um beijo profundo despejando seu sangue na boca de Sona. Durante o beijo, a pele da “boneca” vai voltando ao normal, deixando de ser dura. Os olhos reaparecem, assim como a boca. Apenas vampiros conseguiam ver a verdadeira aparência por trás das “bonecas de porcelanas”. Para uma pessoa comum, são apenas bonecas com olhos e bocas estranhas. — Diga. — Falou a mulher sussurrando em seu ouvido. — Eu, Sona, aceito ser serva de Violet Demons. 15
— Contrato aceito. — Disse Violet com os olhos totalmente rubros. Aquele era um contrato puro de lealdade. Um contrato que só iria ser quebrado com a morte.
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Capítulo 02
Centralia, 1800.
Era noite naquela pacata cidadezinha chamada Centralia localizada na Pensilvânia. Estava em junho de 1881, um ano considerado muito frio. Naquela cidadezinha o sol quase não aparecia, sendo assim estava sempre nublada, como se fosse uma noite eterna. Apenas em determinada época do ano o sol aparecia, mas era apenas por um mês. Á sua volta tinha-se uma imensa floresta. Uma floresta sombria que se dava medo só de olhar para dentro dela. Já que Centralia continha um povo muito supersticioso ninguém se atrevia a entrar naquela floresta. Às dez da noite todos deveriam estar dentro de suas casas, e que não saísse em hipótese alguma, apenas no dia seguinte, quando os poucos raios solares apareciam, e o “mal” fosse embora. Diziam as pessoas de Centralia, que dentro da floresta vagavam-se criaturas maléficas, como demônios, bruxas, lobisomens e até mesmo vampiros. Claro, para 17
eles era tudo uma superstição e não entravam mesmo na floresta por medo de se perder, ou por medo de acabar comprovando suas lendas. Todos tinham medo de ficar até tarde nas ruas, e quando chegava aos oito da noite logo se trancavam dentro de suas casas. Os que ficavam nas ruas geralmente eram turistas ou pessoas que não acreditava naquelas crendices. Centralia era sim uma cidade Turística. Vários americanos iam para lá conhecer a famosa “Cidade Sombria” dos Estados Unidos. E muitos, nunca voltavam. Apesar dos frequentes desaparecimentos as pessoas pareciam não ligar. Era como se fosse comum. Aproximava-se o grande festival de Centralia. Chamava-se Rubrum Luna que vem do Latim, significando Lua Vermelha ou Lua Rubra, alguns chamam também de Lua de Sangue. O Festival durava uma semana onde as pessoas da cidade trabalhavam apenas em vendas ou algo do tipo, e apenas quem festejava era os turistas e alguns poucos cidadãos. Na semana do festival havia vários turistas vestidos de góticos, vampiros, demônios e várias outras coisas. O festival em si era por causa da crendice do povo de Centralia, e todo ano eles comemoram por uma semana suas crenças que eram voltadas para as criaturas místicas. 18
Mas quem aproveitava mesmo não eram os turistas ou a população de Centralia, mas sim outros seres...
Violet caminhava por um cemitério completamente vazio e mal iluminado. Estava com suas típicas roupas gótica, mas com uma longa capa negra por cima. No cemitério havia algumas bonecas de porcelana quebradas jogadas por todos os cantos, algumas com roupas góticas ou não. Mas todas com os olhos e a boca riscados. Andava a passos lentos, não se importando de estar sozinha ou não. Apenas mantinha sua expressão gélida no rosto, como se seu corpo não possuísse sentimento algum, mas tinha a cabeça erguida como se fosse um alguém de grande poder que não tem medo de nada, nem de ninguém. Ela caminhou até o centro do cemitério de Centralia, e ali parou. — E então? — Perguntou aparentemente para o nada. 19
Um homem encapuzado apareceu das sombras e se aproximou um pouco dela, mas mantendo certa distância da mesma como precaução. — Tudo pronto para o Festival Rubrum Luna. — Respondeu o homem, e pela voz podia-se perceber que tinha uma idade mais avançada, mas não deixava de ser disposto e ativo. — Willhelm sabe muito bem que se algo sair errado, quem pagará é o povo da sua cidade. — Disse ameaçando-o. — Sim, Demons, está tudo pronto. Nada escapará daqui e em troca, você não nos machuca. — Como o combinado. — Disse virando-se para ir embora. — E Willhelm? — Sim? — Perguntou cauteloso, sabia muito bem que a dama gótica na sua frente era perigosa. — Nada de imprevisto. — Claro. Ele sabia muito bem que aquilo não era um pedido, mas sim uma ordem. O homem encapuzado da qual Violet chamara de Willhelm ficou a encará-la indo embora. Certamente era uma bela mulher e gostaria de fazer de tudo para ter uma boa transa com ela, mas sabia que isso era impossível e qualquer tentativa custaria sua vida. Sendo assim, foi embora. 20
— Sona. — Chamou Violet e a recém vampira apareceu. Ela usava um vestido gótico de Lolita. Ele era todo negro, mas cheio de babados. Em sua cabeça estava um pequeno acessório que a deixava fofa. Em suas mãos luvas parecidas com a de Violet, mas a dela não deixava os dedos à mostra. — Sim, mestra? — Como foi? — Perguntou se referindo a um assunto que tinha discutido mais cedo. — Presença confirmada. — Ótimo! — Disse dando um sorriso macabro que fez Sona tremer. — Não pretendes arrumar confusão, não é mesmo? — Perguntou meio receosa. — Claro que não, quero apenas dar uma festinha de Boas Vindas à morte. Este realmente vai ser o melhor festival de todos. — Sorriu. — Não creio que seja uma boa ideia fazer isso... Eles podem... — Eles não podem fazer nada! — Cortou ríspida, pondo um fim aquele assunto. — Sim... Caminharam por alguns instantes dentro da enorme floresta até que chegaram a uma mansão escondida no 21
meio dela. A mansão era no estilo gótico com telhados em formas de torre, gárgulas em certas molduras, e um aspecto de mansão antiga. Na frente da mesma havia um túmulo torto e velho, que quase não se dava para ler o nome escrito. Por dentro da mansão tinha-se a mesma arquitetura gótica, mas esta não parecia ser tão velha quanto por fora. Na sala tinha um belo lustre com ar de medieval, uma lareira acesa, e dois sofás vermelhos. Violet jogou sua capa no sofá e deitou-se relaxando. Ela apenas ergueu a mão e Sona lhe entregou uma taça com vinho. Ela saboreou-o para logo em seguida passar a língua nos lábios. — Trouxe o que eu pedi? — Disse olhando para Sona que estava ao seu lado em pé. — Sim. — Traga-o aqui, e espero que não me decepcione na escolha. — Não lhe decepcionarei. — Disse se retirando da sala. Passado alguns minutos Sona reaparece, mas trazendo consigo alguém. Um belo homem de cabelos castanhos e olhos de mesma cor, sem camisa e apenas de calça. Sua boca estava amordaçada, e suas mãos presas com corda nas costas. Com certeza mais um turista a vagar pela cidade 22
de Centralia. Violet ao ver o belo rapaz senta-se no sofá e começa a encará-lo. Sona o coloca de frente para a dama gótica e o faz se ajoelhar perante ela. — Oh, realmente não me decepcionaste Sona. — Disse passando a mão pelo belo rosto do rapaz e tirandolhe a mordaça. — O que estão fazendo suas loucas? — Gritou irritado, mas temeroso do que podia lhe acontecer. Violet fez uma cara de desgosto e Sona estremeceu. — Meio barulhento, mas serve. — Ao escutar isso um alívio passou pelo corpo da serva. Não gostava de deixar sua mestra irritada. Violet lentamente passa as mãos pela barriga definida do homem a sua frente e dá um sorriso malicioso. — Veremos o que farei com você. — Disse sussurrando em seu ouvido maliciosa e macabra.
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