Laboratório DE JORNALISMO Impresso II Matéria Individual: Medicina Natural, até quando usá-la? Gian Fachini Julho de 2011
Até que ponto, o uso de medicamentos naturais, pode ajudar como prevenção em algumas doenças simples? Em que ponto é aconselhável, recorrer a medicamentos sintéticos, para doenças mais complicadas? GIAN FACHINI
REPORTAGEM E ILUSTRAÇÃO.
O inverno e a imunidade não gostam de brincar de gangorra, logo que a estação mais fria do ano baixa suas temperaturas, a resistência do corpo em relação a doenças também diminui. Gangorra é algo tão legal, mas já que eles não gostam de brincar é melhor nós tentarmos convencer a nossa amiga imunidade de que ser bipolar, amar café e seriados, só pra seguir a tendência, no caso inverno (baixar a imunidade) e meses depois no verão (aumentar a imunidade), não é nem um pouco autêntico. Se pudéssemos recomendar alguém em que ela pudesse se inspirar, em termos de autenticidade, poderíamos indicar a querida Rossy de Palma, mas como a imunidade não assiste filmes creio que alguns medicamentos podem ajudar ela na questão de não seguir a tendência do inverno. No início de cada filme da trilogia Star Wars é exibida a mensagem: “A long time ago in a galaxy far, far away....” - tradução: há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante.... -, e logo após inicia-se a história. No caso de usar plantas para fazer medicamentos podemos fazer uma paródia da seguinte forma: há muito tempo atrás na nossa galáxia, mais precisamente em um planeta, com formato de uma bola de futebol, em que ainda não se sabia que o planeta tinha o formato de uma bola de futebol, e muito menos que girava em torno de uma estrela que fornecia luz para as plantas poderem percorrer um ciclo: nascer, crescer, reproduzir e morrer. Mas calma entre estes quatro estágios do ciclo natural do vegetal existe um outro, o de servir como medicamento para o ser humano, para prevenir e curar diversos males e doenças. Desde os primórdios da nossa humanidade o homem aprendeu sobre as coisas através da observação, como no filme “2001 - uma odisséia no espaço” há uma cena em que o macaco pega
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um osso, bate no chão e aprende que o osso pode ser usado como uma arma. Supostamente, o homem tenha aprendido, que as ervas servem como medicamentos, observando os animais, visto que os animais comiam ervas, muito antes dos homens, com o intuito de solucionar alguns problemas estomacais. Mesmo sem saber o homem havia descoberto a 1° forma de medicina, a medicina natural, que ajuda a combater e prevenir vários males e doenças. Como nos últimos capítulos de telenovelas brasileiras, os anos se passam, revelações e questionamentos começaram a aparecer. Atualmente uma questão é frequentemente levantada, até que ponto os medicamentos naturais podem e com que fins serem usados ao invés de medicamentos sintéticos (de laboratório). A principal diferença entre os medicamentos naturais e os sintéticos é o processo de produção, mas a mais sentida pela pessoa que faz uso deste remédio é o tempo o qual, o medicamento, demora para agir, os naturais são recomendados para prevenção, quando usados para cura eles demoram mais, enquanto os sintéticos são produzidos com o intuito de em pouco tempo gerarem o efeito esperado – um efeito quase instantâneo como remédios para dor de cabeça. Em um ambiente tranqüilo, alegre e com corações cheios de amor ao
próximo, nos fundos da Paróquia São Francisco de Borja, em São Borja. Vemos uma movimentação rápida, panelas ao fogo, mãos que com uma destreza singular pegam frascos, potes e garrafas cheias de remédios naturais, dentro destas garrafas está além do medicamento a bondade de um grupo de 6 mulheres voluntárias que plantam e colhem ervas para produzir e distribuir este tipo de medicamento. Querer fazer o bem para os outros já era uma característica inicial do grupo, a forma encontrada para ajudar as pessoas foi a produção de remédios naturais. Pouco mais de 2 anos atrás o grupo iniciou suas atividades dentro da Pastoral da criança. Litros de água misturada com álcool, que haviam sido fervidos por meiahora, estavam sendo utilizados para esterilizar os frascos de vidros, onde os remédios posteriormente são armazenados, em meio a esse ambiente Maria Knapp, uma das mulheres do grupo, conta como surgiu a idéia: “nós queríamos levar uma ajuda, tipo um remédio caseiro, pensamos em xarope a primeira coisa”. O bom e velho xarope foi o que deu início a uma série de participações em cursos e palestras que propiciaram ao grupo a condição de produzir variados medicamentos. Mas nem tudo são ervas, digo flores, com o perdão do trocadilho. Aquele chá, aquele xarope, aquela pomada entre outras indicações da vovó
quena
Para males e doenças de pecomplexidade as ervas medicinais, e medicamentos derivados delas, são aconselháveis para prevenção. A indigestão é um mal que ninguém gosta de sentir, principalmente depois de uma boa refeição. Mas de vez em quando ela aparece. Confira as seis ervas naturais, mais indicadas, para tratar a indigestão, elas facilitam a digestão e propiciam um bem estar após a refeição.
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também possuem riscos. Caroline Almirom uma moça bonita, cabelos longos e dona de olhar carismático, como toda mulher não gosta de revelar sua idade, é farmacêutica recém formada, pouco mais de 1 ano e 8 meses, alerta para alguns perigos que a medicina natural pode oferecer, caso não siga algumas regras: “ás vezes um planta que é boa pra uma pessoa, pra outra não é tão boa assim, não faz o efeito desejado, pode fazer o efeito contrário...tudo depende da intensidade, da dosagem, da quantidade do uso”. Esses efeitos contrários podem ser desde uma pequena alergia, passando por problemas gastrointestinais chegando até a uma hemorragia. É justamente para evitar estes efeitos contrários que Maria e suas colegas não medem esforços, participam de cursos e seminários, para se aperfeiçoar constantemente, assim como seguem rigorosamente as receitas, de medicamentos naturais, de livros confiáveis. Maria entende muito bem que o que separa o remédio do veneno é a dosagem. Cada medicamento tem uma combinação de ervas e ingredientes específicos, tudo deve ser pesado e medido, para que não ocorra nenhum erro. Iracema Piegas Sissy ressalta que nenhuma receita é inventada: “não tem aquela coisa de isso aqui minha avó dizia que era bom porque isso, porque aquilo...nós temos nossos livros, nós somos capacitadas, qualquer uma de
GENGIBRE Frequentemente é utilizado para tratar problemas digestivos, previne e trata náuseas e vômitos, alivia dor e mal-estar de estômago. Frequencia e dosagem: 1 a 4 gramas de gengibre em pó, duas a quatro vezes por dia.
nós, que trabalha, tem condições através das receitas...não somos nós que criamos”. Aquela dor de cabeça enjoada, que sempre aparece depois daquele almoço rápido ou aquele problema de pele de pequena complexidade, podem ser facilmente evitados com a ingestão, regular, de forma profilática, de algum produto natural. Tratamentos com medicina natural, para patologias específicas diagnosticadas por um profissional médico, não são indicados. Para entender um pouco mais devemos levar em conta a opinião de Lissandro Leães, farmacêutico a seis anos: “o uso de plantas como profilaxia eu concordo...pra tratamento de patologias de pequena complexidade eu também concordo.... mas fazer uso por conta própria de uma planta medicinal pra tratar patologias específicas diagnosticadas por um médico eu acho um pouco arriscado, eu acho até que não é pouco e sim muito arriscado”. Lissandro também ressalta a importância, de seguir rigorosamente as receitas, o que é feito pelas mulheres da Pastoral: “a questão é a segurança e risco, o que diferencia é a dose e a concentração, todas as plantas têm seu princípio ativo com efeito tóxico e seu benefício (curativo ou profilático)”. Bem vestido para se proteger do frio e evitar um resfriado, Leonardo Fernandes de Oliveira, está próximo de
PIMENTA-CAIENA Alivia a indigestão, dores náuseas e inchaço. As propriedades naturais desta erva são muito eficazes no processo digestivo, reduzindo o desconforto sentido no estômago. Frequencia e dosagem: 0.5 a 1 grama de pimenta-caiena (em forma de cápsula, por exemplo) antes das 3 refeições principais.
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questão é a s “Aferencia é a dose
plantas têm seu p xico e seu benefí
Lissan
se formar como farmacêutico generalista, comenta que não se deve ser contra o uso de ervas medicinais, mas ressalta que: “o problema das pessoas é saber como fazer o uso e a quantidade de dose diária das mesmas”, uma vez que não há uma orientação médica devida e as pessoas ficam dependentes das dicas da vovó.
ERVA-CIDREIRA Entre as muitas propriedades terapêuticas, ela tranquiliza, auxilia o sono e estimula o apetite, é também eficaz contra a indigestão e seus indesejáveis efeitos secundários, flatulência e/ou inchaço. Frequencia e dosagem: Pode ser consumida em forma de chá (1 colher de chá de erva-cidreira para cada xícara de água fervida, até 4 vezes por dia), cápsulas (300-500mg, 3 vezes por dia) ou extrato (40-90 gotas, 3 vezes por dia).
Para equilibrarmos a gangorra entre inverno e imunidade, podemos sim fazer uso de medicamentos naturais, tais como xarope, chás e outros medicamentos. Mas devemos atentar que cada pessoa é diferente, logo a dose que um adulto toma tem de ser diferente da que a criança toma, essa é a grande questão, não é por ser natural
AÇAFRÃO Trata a indigestão, já é utilizada como tratamento alternativo para a artrite, perturbações do fígado e a regulação da menstruação, há muito tempo. É eficaz no alívio das dores de estômago, azia, flatulência, inchaço e diarrÉia Frequencia e dosagem: Aconselha-se tomar de açafrão na forma de cápsulas de 500mg, quatro vezes por dia.
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segurança e risco, o que die e a concentração, todas as princípio ativo com efeito tóício (curativo ou profilático).
”
ndro Leães, farmacêutico.
que não vá fazer mal, não é por fazer rimas em texto que o texto vá ficar ruim, com o perdão do trocadilho novamente. Doenças mais complicadas devem ser tratadas com a supervisão médica, e com os medicamentos que o médico indicar, nada de tomar aquele chá da vovó pra dar uma incrementada no
HORTELÃ-PIMENTA
É utilizada no tratamento de dores de cabeça, dores menstruais, irritações de pele e ansiedade. No tratamento digestivo, ela produz resultados positivos, relaxa os músculos afetados pelos gases digestivos e melhora a circulação da bílis, alivia sintomas da indigestão como náuseas, flatulência, diarréia, dores e distensão abdominal. Frequencia e dosagem: Depende de cada Pessoa, deve ser consumida com moderação, mascar algumas folhas após as refeições.
tratamento, a combinação de propriedades das ervas pode ser desastrosa. Sabe aquele ditado: “é melhor prevenir do que remediar”, devemos adaptar ele para: “é melhor prevenir e depois se necessário remediar, analisar o grau da doença com cuidado e aí procurar um médico ou as mulheres da Pastoral”. FUNCHO Também conhecido por erva-doce. É eficaz no combate da prisão de ventre, é um excelente aliado contra a indigestão, alivia sintomas como azia, espasmos intestinais e dores associadas à flatulência/prisão de ventre. Frequencia e dosagem: Pode ser consumido em forma de chá ou sementes, com uma dosagem que não exceda 1 a 1 ½ colher de chá por dia.
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