ABRIGO ORIGAMI - Módulos Multifuncionais e Sustentáveis

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ABRIGO EMERGENCIAL: CÁPSULAS MULTIFUNCIONAIS E SUSTENTÁVEIS

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ORIENTADORA: PROF. ANA MARTA GRIMM GIOVANA CIRSTENSIENSE | RA 20727079 SÃO PAULO JUNHO 2019

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“Os arquitetos trabalham principalmente para pessoas privilegiadas, pessoas que têm dinheiro e poder. O poder e o dinheiro são invisíveis, por isso as pessoas nos contratam para visualizar seu poder e dinheiro fazendo uma arquitetura monumental. Adoro fazer monumentos também, mas pensei que talvez pudéssemos usar mais nossa experiência e conhecimento para o público em geral, mesmo para aqueles que perderam suas casas em desastres naturais.” - Shigeru Ban

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, Rodolfo e Fátima, por sempre me apoiarem quando eu precisei e por sacrificarem tanto para que sempre tivesse a melhor educação possível. Sem vocês nada disso seria possível. À minha irmã, Mayara, por me incentivar sempre e ao meu namorado, Thiago, pela ajuda e companheirismo durante os anos de faculdade. Aos meus amigos, Gabriela Amorim, Natalia Coutinho, Nathalia Zanardo, Rafaela Kurihara, Túlio Segalla e Victor Daniel, por serem tão incríveis e por tornarem essa jornada em uma aventura. Nunca esquecerei de vocês. E à ilustríssima, Ana Marta Grimm, que me orientou e me auxiliou da forma mais paciente e sábia possível.


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RESUMO

SUMMARY

A humanidade está sofrendo com o aumento da ocorrência de desastres ambientais no planeta que, muitas vezes, são consequências das ações irresponsáveis do homem no meio ambiente. Esses desastres podem resultar na destruição de grandes áreas, deixando muitas pessoas mortas ou desabrigadas.

Humanity is suffering from the increasing occurrence of environmental disasters on the planet, which are often consequences of man’s irresponsible actions on the environment. These disasters can result in the destruction of large areas, leaving many people dead or homeless.

Atualmente são utilizadas barracas ou tendas para solucionar a questão da falta de abrigos em situações emergenciais. Porém, muitas vezes, não são planejadas e por isso não atendem de modo eficaz as necessidades da população desabrigada na questão de conforto e segurança das acomodações e também na infraestrutura dos acampamentos emergenciais. Podemos verificar assim, a importância da arquitetura emergencial.

Tents are currently used to solve the lack of shelter in emergency situations. However, they are often unplanned and therefore do not effectively meet the needs of the homeless population in terms of comfort and security of accommodation and also in the infrastructure of emergency camps. We can thus verify the importance of the emergency architecture.

Em razão disso, este trabalho pretende desenvolver uma cápsula multifuncional, sustentável e adaptável aos diversos climas do país a partir de materiais reciclados, para ser usada em abrigos emergenciais temporários no Brasil. O objeto de estudo que abrange uma área de risco no bairro Cafezal na cidade de São Bernardo do Campo em São Paulo, em que se propõe a realocação das edificações localizadas em áreas mais vulneráveis para um acampamento com habitações emergenciais.

Palavras chave: Abrigo emergencial, habitação, desastres, sustentabilidade, flexibilidade.

As a result, this work intends to develop a multifunctional capsule, sustainable and adaptable to the different climates of the country from recycled materials, to be used in temporary emergency shelters in Brazil. The study object that covers a risk area in the neighborhood of Cafezal in the city of São Bernardo do Campo in São Paulo, where it is proposed to reallocate the buildings located in more vulnerable areas to a camp with emergency dwellings

Keywords: Emergency shelter, housing, disasters, sustainability, flexibility. VI


LISTA DE IMAGENS Imagem 01. Mapa de distribuição por região dos desastres no Brasil ....................................05 Imagem 02. Favela de Paraisópolis, São Paulo .............................................................................13 Imagem 03. Mapa de localização de favelas na Região Metropolitana de São Paulo ............13 Imagem 04. Loteamentos irregulares em Mairinque, São Paulo ...............................................14 Imagem 05. Ocupação Mauá, no centro de São Paulo ................................................................14 Imagem 06. Exemplos de Recursos Biológicos .............................................................................17 Imagem 07. Exemplos de Recursos Hídricos ..................................................................................17 Imagem 08. Carvoaria, Nova Crixás – Goiáis .................................................................................18 Imagem 09. Usina Nuclear de Cattenom, França ..........................................................................18 Imagem 10. Metabolismo Linear .................................................................................................... 26 Imagem 11. Metabolismo Circular .................................................................................................. 26 Imagem 12. Tenda Tipi ......................................................................................................................35 Imagem 13. Tenda nômade em um encontro tribal em Marrocos .............................................35 Imagem 14. Tenda nômade, detalhe dos tirantes e prendedores; alguns ancorados por pedras .................................................................................................................................................36 Imagem 15. Tenda Yurt .....................................................................................................................36 Imagem 16. Abrigo Nissen Hut sob construção na Irlanda do Norte ........................................37 Imagem 17. Área interna de um Nissen Hut ..................................................................................37 Imagem 18. Esquema Dymaxion House ........................................................................................38 Imagem 19. Elevação Dymaxion House ………………………………………….........................................38 Imagem 20. Wichita House ………………………………………………………..........................….................38 Imagem 21. Planta Wichita House .................................................................................................38 Imagem 22. Perspectiva Fun Palace ...............................................................................................39 Imagem 23. Cobertura projetada por Frei Otto, arena olímpica de Munique, 1972 ................... ...............................................................................................................................................................39 Imagem 24. Unidade móvel hospitalar no Vietnã .......................................................................40 Imagem 25. Tenda transportável no Sudão do Sul .....................................................................40 Imagem 26. Campo de refugiados em Dundo .............................................................................40 Imagem 27. KODA Concrete ..............................................................................................................41 Imagem 28. KODA Light Extended ..................................................................................................41 Imagem 29. KODA Light ……………………………………………………………...............................................41

Imagem 30. KODA Light Float ……………………………………………………..............................................41 Imagem 31. Linha do tempo das habitações transportáveis ......................................................41 Imagem 32. Mobile Shelter Systems (MSS), desenvolvido pela Força Aérea Real Norueguesa ...............................................................................................................................................................47 Imagem 33. Abrigo formado por várias unidades MSS ...............................................................47 Imagem 34. Abrigo desenvolvido pelo exército americano, chamado COGIN.........................48 Imagem 35. Unidades COGIN conectadas formando um grande abrigo...................................48 Imagem 36. Exemplo da tipologia Tensile .....................................................................................48 Imagem 37. Abrigo desenvolvido pela empresa americana IEK ...............................................48 Imagem 38. Casa Círculo, detalhe da estrutura ............................................................................51 Imagem 39. Apresentação realizada na Casa Círculo ..................................................................51 Imagem 40. Vista Axonometríca Explodida, Casa Chassi ...........................................................51 Imagem 41. Casa Chassi ....................................................................................................................52 Imagem 42. Setorização Casa Chassi .............................................................................................52 Imagem 43. Just a Minute, perspectiva ilustrativa .......................................................................53 Imagem 44. Sistema de instalação Just a Minute ........................................................................53 Imagem 45. Área interna com foco no brise .................................................................................53 Imagem 46. Setorização, Just a Minute .........................................................................................54 Imagem 47. Componentes Just a Minute .......................................................................................54 Imagem 48. Paper Log House Kobe, vista externa ......................................................................54 Imagem 49. Setorização, Paper Log House ...................................................................................55 Imagem 50. Vista Axonometríca Explodida, Paper Log House ..................................................55 Imagem 51. Paper Log House Turquia, vista externa ..................................................................56 Imagem 52. Paper Log House Índia, vista externa ......................................................................56 Imagem 53. Localização do Estado de São Paulo no mapa do Brasil ......................................60 Imagem 54. Mapa região metropolitana de São Paulo ..............................................................60 Imagem 55. Município de São Bernardo do Campo ....................................................................60 Imagem 56. Mapa Macrozonas São Bernardo do Campo ...........................................................61 Imagem 57. Mapa uso e ocupação do solo da Macrozona Urbana Consolidada de São Bernardo do Campo ..........................................................................................................................62 Imagem 58. Localização do Bairro Montanhão no Município de São Bernardo do Campo .66 Imagem 59. Área da favela Vila Esperança ...................................................................................68 Imagem 60. Mapa de uso e ocupação da Macrozona Urbana Consolidada de São Bernardo do Campo .............................................................................................................................................71


Imagem 61. Mapa de Isodeclividade ..............................................................................................72 Imagem 62. Demarcação de Áreas Livres no entorno da Favela Vila Esperança ...........................72 Imagem 63. Áreas escolhidas para intervenções ..........................................................................74 Imagem 64. Mapa de Uso e Ocupação do Solo ............................................................................75 Imagem 65. Mapa de Hierarquia Viária/ ponto de ônibus ..........................................................75 Imagem 66. Mapa de equipamentos ..............................................................................................76 Imagem 67. Área de intervenção .....................................................................................................77 Imagem 68. Favela Vila Esperança vista da Rua Ernesto Gastaldo ...........................................78 Imagem 69 Área 3 vista da Estr. do Montanhão ..........................................................................78 Imagem 70. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão ...............................................................78 Imagem 71. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão ...............................................................78 Imagem 72. Área 3 vista da R. Ernesto Gastaldo .........................................................................79 Imagem 73. Área 3 vista da R. Ernesto Gastaldo .........................................................................79 Imagem 74. Área 4 vista da Estr. do Montanhão .........................................................................79 Imagem 75. Área 4 vista da Estr. do Montanhão ...........................................................................79 Imagem 76. Esquema dos conceitos ..............................................................................................80 Imagem 77. Mapa de Zoneamento Bioclimático Brasileiro ..........................................................81 Imagem 78. Camadas lona de PVC .................................................................................................84 Imagem 79. Rolo de OPV .................................................................................................................84 Imagem 80. Paraóbolas feitas com orgami.....................................................................................85 Imagem 81. Malha X-form ................................................................................................................85 Imagem 82. Maquete aberta...............................................................................................................86 Imagem 83. Maquete fechada .........................................................................................................86 Imagem 84. Composição da estrutura da cobertura......................................................................88 Imagem 85. Camadas cobertura ......................................................................................................87 Imagem 86. Esquema costura da lona ...........................................................................................88 Imagem 87. Localização dos estilos de conexões .........................................................................89 Imagem 88. Isométrica conexões ...................................................................................................89 Imagem 89. Conexões ......................................................................................................................90 Imagem 90. Planta térreo - módulo habitacional .......................................................................92 Imagem 91. Planta térreo - módulo habitacional .........................................................................93 Imagem 92. Planta 1• pavimento - módulo habitacional .........................................................94 Imagem 93. Corte AA - módulo habitacional .................................................................................95 Imagem 94. Corte BB - módulo habitacional ................................................................................96

Imagem 95. Corte CC - módulo habitacional....................................................................................97 Imagem 96. Corte DD - módulo habitacional ...............................................................................98 Imagem 97. Elevação 1 - módulo habitacional .............................................................................99 Imagem 98. Elevação 2 - módulo habitacional ..........................................................................100 Imagem 99. Elevação 3 - módulo habitacional.............................................................................101 Imagem 100. Elevação 4 - módulo habitacional .......................................................................102 Imagem 101. Planta iluminação térreo - módulo habitacional.................................................103 Imagem 102 Planta iluminação 1° pavimento - módulo habitacional ....................................104 Imagem 103. Planta de elétrica térreo - módulo habitacional ...............................................105 Imagem 104.Planta de elétrica 1° pavimento - módulo habitacional ....................................106 Imagem 105. Planta hidráulica térreo - módulo habitacional ...................................................107 Imagem 106. Isométrica hidráulica ...............................................................................................108 Imagem 107. Planta térreo - módulo habitacional acessibilidade ..........................................109 Imagem 108. Planta térreo - módulo habitacional acessibilidade .........................................110 Imagem 109. Planta 1° pavimento - módulo habitacional acessibilidade ..............................111 Imagem 110. Configuração do módulo para transporte .............................................................112 Imagem 111. Configuração dos itens dentro do módulo fechado .............................................113 Imagem 112. Itens constados dentro do módulo.........................................................................113 Imagem 113. Esquema etapas de montagem...............................................................................114 Imagem 115. Fluxograma do acampamento emergencial..........................................................116 Imagem 116. Estudo da ventilação .................................................................................................117 Imagem 117. Estudo da insolação....................................................................................................117 Imagem 118. Área acampamento emergencial ...........................................................................118 Imagem 119. Implantação ...............................................................................................................119 Imagem 120. Ampliação 1 do terreno ..........................................................................................120 Imagem 121. Corte CC- acampamento emergencial ...................................................................120 Imagem 122. Setorização ................................................................................................................121 Imagem 123. Estudo de ventilação e isolação .............................................................................122 Imagem 124. Esquema caminho da água ....................................................................................123 Imagem 125. Esquema caminho do esgoto .................................................................................124 Imagem 126. Corte AA - acampamento emergencial................................................................126 Imagem 127. Corte BB - acampamento emergencial .................................................................126


Imagem 128. Planta módulo ambulatório....................................................................................127 Imagem 129. Planta módulo salas de aula ..................................................................................127 Imagem 130. Planta módulo depósito .........................................................................................128 Imagem 131. Planta módulo compostagem ................................................................................128 Imagem 132. Planta módulo lavanderia compartilhada ...........................................................129 Imagem 133. Planta módulo serviço social/ psicologia ..............................................................129 Imagem 134. Planta módulo biblioteca .......................................................................................130 Imagem 135 Planta módulo administração..................................................................................130 Imagem 136. Planta módulo W.C misto.........................................................................................131 Imagem 137. Detalhamento 1 .........................................................................................................132 Imagem 138. Detalhamento 2 .......................................................................................................132 Imagem 139. Detalhamento 3 ........................................................................................................132 Imagem 140. Detalhamento 4........................................................................................................133 Imagem 141. Detalhamento 5.........................................................................................................134 Imagem 142. Detalhamento 6 .......................................................................................................135 Imagem 143. Detalhamento 7 .......................................................................................................136 Imagem 144. Detalhamento 8 .......................................................................................................137 Imagem 145. Detalhamento 9 .......................................................................................................138 Imagem 146. Detalhamento 10......................................................................................................139 Imagem 147. Esquema funcionamento placa solar ...................................................................140 Imagem 148. Esquema de abastecimento de água .............................................................. 141 Imagem 149. 3D acampamento emergencial diurno..................................................................143 Imagem 150. 3D acampamento emergencial noturno ..............................................................144 Imagem 151. 3D módulo habitacional...........................................................................................145 Imagem 152. 3D cozinha módulo habitacional .........................................................................146 Imagem 153. 3D mezanino módulo habitacional........................................................................147 Imagem 154. 3D banheiro módulo habitacional.........................................................................148 Imagem 155. 3D área de lazer acampamento emergencial ......................................................149

LISTA DE TABELAS Tabela 01. Domicílios Precários e/ou Irregulares na Região do Grande ABC – 2016 ................59 Tabela 02. Informações Gerais São Bernardo do Campo ............................................................59 Tabela 03. Dados gerais do Bairro Montanhão .............................................................................67 Tabela 04. Classificação de Declividade e Quantidade Populacional por área ........................72 Tabela 05. Resumo das Estratégias Bioclimátiacs e recomendações construtivas, conforme ABNT NBR 15.220-3:2005 ...............................................................................................................82 Tabela 06. Registro da insolação por faixada ...............................................................................87

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01. Aumento do número global de desastres naturais - 1900 a 2018 ......................04 Gráfico 02. Aumento do número de desastres naturais no brasil - 1991 a 2012 .........................04 Gráfico 03. Déficit habitacional por componente, por região – percentual do déficit total (2010) ...................................................................................................................................................11 Gráfico 04. Condições de vida da população, percentual do total (2010) .................................11 Gráfico 05. População residente total, Brasil 1870 – 2010 .........................................................12

LISTA DE ABREVIATURAS CRED – Center for Research on the Epidemiology of Desasters IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística UNISDR – Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres ONU – Organização das Nações Unidas FGV – Fundação Getúlio Vargas PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano PEUC – Parcelamento, Edificação e Uso Compulsório PIB – Produto Interno Bruto SAEDE - Serviço de Atendimento Educacional Especializado HIS - Habitação de Interesse Social SEHAB - Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo


CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente MUST - Medical Unit, Self-contained, Transportable MSF - Médicos Sem Fronteiras UDHR - Universal Declaration of Human Rights OSB - Oriented Strand Board MUC - Macrozona Urbana Consolidada APRM ‐ Área de Proteção e Recuperação aos Mananciais APRMB ‐ Área de Proteção e Recuperação aos Mananciais Billings ZEIS - Zona Especial de Interesse Social HMP - Habitação de Mercado Popular ZER - Zonas Empresariais Restritivas OPV - Organic Photovoltaic

X


SUMÁRIO

01 APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA OBJETIVO

03 04 05

02 AS CIDADES COMO

FOMENTADORAS DE DESASTRES HISTÓRICO HABITAÇÕES IRREGULARES ESCASSEZ DOS RECURSOS NATURAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

03 OS RISCOS

DEFINIÇÃO RISCOS AMBIENTAIS RISCOS INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICOS RISCOS ECONÔMICOS, GEOPOLÍTICOS E SOCIAIS RISICOS NO BRASIL

04 URBANISMo SUSTENTÁVEL O PLANEJAMENTO URBANO SUSTENTÁVEL E A DIMINUIÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS

26

05 SUSTENTABILIDADE 09 11 16

21 21 21 22 22

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

31

06 HABITAÇÕES TRANSPORTÁVEIS PRÉ-HISTÓRIA ABRIGOS MILITÁRES DESENVOLVIMENTO PÓS-GUERRA HABITAÇÕES TRANSPORTÁVEIS HOJE

35 38 38 40


07 EDIFICAÇÕES EMERGENCIAIS DEFINIÇÃO RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE ABRIGOS EMERGENCIAIS TIPOLOGIAS DE ABRIGOS EMERGENCIAIS

08 ESTUDOS DE CASO ESTUDOS NACIONAIS ESTUDOS INTERNACIONAIS ANÁLISE GERAL DOS ESTUDOS DE CASO

10 PROJETO 45 45 46

51 53 56

72 73 76 77 80 92 115 127 132 143 151

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

09 INSERÇÃO URBANA O MUNICÍPIO O BAIRRO ÁREA DE INTERVENÇÃO

MICRO ANÁLISE MASTERPLAN ESTUDO DO ENTORNO LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO CONCEITO E PARTIDO O MÓDULO O ACAMPAMENTO EMERGENCIAL PLANTAS - TIPOLOGIAS DE SERVIÇO DETALHAMENTOS 3D CONSIDERAÇÕES FINAIS

59 66 68

OBRAS IMAGENS TABELAS GRÁFICOS ANEXOS

155 158 163 163 164



1. APRESENTAÇÃO


INTRODUÇÃO Os desastres ou riscos são, de acordo com Veyret (2003), a percepção de um possível perigo ou a interpretação de uma ameaça, que pode ser menos ou mais previsível por um grupo social ou por um indivíduo que já sofreu consequências do mesmo, ou seja, não há risco sem que esses o percebam ou sofram seus efeitos. Os desastres geram grandes impactos nas cidades desde os primeiros agrupamentos humanos e continuam a ameaçar a vida nas cidades contemporâneas. Por conta da grande e desordenada urbanização que ocorreu na época da industrialização no século XX, as riquezas ficaram concentradas à uma parcela da população, resultando na desigualdade entre classes e no surgimento de periferias desassistidas e de habitações irregulares (favelas, loteamentos irregulares/ clandestinos e cortiços). Essas periferias e habitações normalmente estão localizadas em áreas de riscos, onde a probabilidade de ocorrer um desastre ambiental é maior. Além da urbanização desordenada, a ocorrência de desastres aumentou por conta do uso de recursos naturais de forma irresponsável pelo homem que resultaram em impactos ambientais, como o efeito estufa, a desertificação do solo, chuva ácida, entre outros, resultando em sérios danos e prejuízos socioeconômicos. De acordo com o Center for Research on the Epidemiology of Desasters (CRED), um centro belga que analisa os riscos ocorridos no mundo todo, no ano de 2018 ocorreram 281 desastres naturais, a maioria e os mais letais foram ocasionados pelos climas extremos, consequência do aquecimento global. Nesse mesmo ano foram registradas 10.373 mortes e 61,7 milhões de pessoas afetadas, resultando em milhares de desabrigados. Por conta disso, cresceu a quantidade de projetos voltados às situações de emergências, como os abrigos emergenciais. Esses abrigos para serem eficientes, deve-se levar em consideração os aspectos econômicos e logísticos da construção e os aspectos sociais, econômicos e culturais da comunidade a ser assistida. A partir da análise das causas e consequências dos desastres ambientais assim como os dados históricos dos abrigos emergenciais, esse trabalho tem como finalidade a criação de cápsulas emergências que supram as necessidades das vítimas desses fenômenos.


JUSTIFICATIVA Os riscos atingem o mundo todo e afetam milhares de pessoas todos os anos. De acordo com o Center for Research on the Epidemiology of Desasters (CRED), um centro belga que analisa os riscos ocorridos no mundo todo, no ano de 2018 ocorreram 281 desastres ambientais no planeta. As ocorrências desses desastres ambientais estão sendo agravadas pela pobreza, urbanização acelerada, governança imprudente, deterioração dos ecossistemas e pelas mudanças climáticas, como podemos analisar no gráfico a seguir: (CRED e UNISDR, 2019).

as emissões de gases do efeito estufa que causam o aquecimento global, que é apontado como o maior agente causador no aumento dos desastres (ONU, 2017) De acordo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está entre os 10 países com maior número de afetados por desastres nos últimos 20 anos. Nas últimas duas décadas, 51 milhões de brasileiros sofreram os impactos das catástrofes, sendo 90% deles relacionados ao clima, causando um prejuízo econômico de mais de 1.891 trilhões de dólares. Anualmente, são registrados cerca de 355 desastres ambientais no país, porém houve um aumento da ocorrência desses nessas últimas décadas, como pode ser analisado pelo gráfico a seguir (ONU, 2015): 100%

10%

10% 6% 6% 4% 2% 2%

Além de causarem milhões de mortes, também resultam no deslocamento de indivíduos no mundo inteiro e levam as pessoas a situações de pobreza. Apenas em 2015 foram registradas 19,2 milhões de pessoas deslocadas por conta alterações ambientais, ou seja, 70% dos deslocamentos internos no mundo nesse ano. Outras 24 milhões de pessoas anualmente são levadas à miséria por conta das catástrofes naturais por perderem todas as suas posses nessas situações (ONU, 2016). Para evitar que isso aconteça é necessário a implementação de medidas para amenizar tanto os deslocamentos quanto a pobreza, como por exemplo, proporcionar habitação de baixo custo em locais seguros; realocar pessoas vivendo em zonas de perigo;preservar os ecossistemas protetores e principalmente reduzir

0

3% 1%

1%

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7% 7% 5%

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5% 5%

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2% 2%

1991 1992 1993 1994 1995 1996 19 97 1998 1999 2 000 2 001 2 002 2 003 2 004 2 005 2 006 20 07 2 008 2 009 2010 20 11 2012

Gráfico 01. Aumento do número global de desastres naturais - 1900 a 2018

4%

8%

Gráfico 02. Aumento do número de desastres naturais no brasil

04


Para fins de estudo, a análise será feita apenas sobre os riscos que resultem em situação de desabrigo, como no caso dos riscos ambientais e riscos industriais e tecnológicos. No Brasil, de acordo com dados da Defesa Civil Nacional (SEDEC, 2009), a região sudeste do Brasil, composta pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santos, é a que mais sofre com os desastres do tipo deslizamentos de terra e inundações (imagem 01). Por isso será realizado um estudo sobre uma área na região de São Bernardo do Campo que está sujeita a esses riscos (RAMOS, 2017, pg. 12).

Imagem 01. Mapa de di stribuição por região dos desastres no Brasil

OBJETIVO Desenvolver um projeto de uma cápsula modular e sustentável, para ser utilizada em situações emergenciais a fim de abrigar vítimas de desastres ambientais no Brasil. A proposta tem como objetivo apresentar uma solução que além de mais rápida e flexível à construção convencional, também seja mais barata, de fácil transporte, fácil montagem e menos impactante ao meio ambiente.

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AS CIDADES COMO FOMENTADORAS 2. DE DESASTRES


HISTÓRICO As cidades do Brasil e do mundo são reflexos da busca da sociedade por riquezas pessoais e da falta de planejamento urbano. Desde a revolução industrial, na segunda metade do século XVIII, as cidades sofreram enormes transformações que influenciaram diretamente no ambiente construído. Os principais fatores que ocasionaram essa modificação na estrutura das cidades na revolução industrial foram: o crescimento demográfico devido à diminuição do índice de mortalidade e o aumento da produção industrial e das atividades terciária atraindo pessoas do campo pela necessidade de mão-de-obra. É nessa época que surgem vários planos de zoneamento urbano com a finalidade de melhorar as condições de vida dos habitantes. Apesar disso, o crescimento das cidades era muito maior do que as medidas de melhoria, assim, com a desvalorização dos planos urbanísticos e um desprezo com meio ambiente no decorrer do crescimento delas, surgiram diversos problemas que vão influenciar negativamente as cidades contemporâneas (BENEVOLO, 2005, p. 551). A atração das pessoas do campo para as cidades (êxodo rural), ocorreu no Brasil em meados dos séculos XIX e XX. Ocorreu principalmente pela busca dessas pessoas por uma melhor perspectiva de vida, de empregos e da infraestrutura que é carente nas cidades interioranas, ocasionando uma redistribuição dos habitantes pelas cidades (FARES, 2010, pg. 174). São estabelecidas áreas nas cidades com alto grau de interesse econômico, criando assim centros comerciais que visam aumentar ainda mais essa riqueza, porém a mantém concentrada e limitada à uma parcela da população, tendo efeitos caóticos como a elevação da desigualdade entre classes, o surgimento das periferias desassistidas e de habitações irregulares (favelas, loteamentos irregulares/ clandestinos e cortiços) tornando a vida humana cada vez mais degradante nessas regiões (ROGERS, 1997, pg. 11). A palavra periferia normalmente possui uma má conotação, isso porque as pessoas a usam para se referirem à parcela degradante que ela engloba. Porém periferias nada mais são do que zonas que se desenvolvem em volta dos centros urbanos. Nelas podem se formar bairros industriais, bairros luxuosos de condomínios fechados e etc, porém pode sim se tornar uma área vulnerável quando não há um planejamento urbano para aquela região, a tornando carente de infraestrutura, aumentando a vulnerabilidade do ambiente, o suscetíveis à inundações, enchentes e deslizamentos de terra por se localizarem na maioria das vezes em terrenos com grande declividade. Esse ambiente atrai aqueles que não possuem condições de morar em um local mais apropriado, se transformando em favelas e em assentamentos informais. De acordo com o censo demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística), 6% da população brasileira (11 milhões de pessoas), vivem nessas condições (BENEVOLO, 2005, pg. 35). O Brasil é um país altamente urbanizado, de 1940 a 2000, a população brasileira cresceu quatro vezes, passando sua taxa de urbanização de 31,3% para 81,2% (146 milhões de pessoas), segundo o IBGE. Essa grande urbanização desordenada do país, causou um enorme aumento no consumo dos recursos naturais, da quantidade de poluição gerada e principalmente da pobreza, fazendo com que as cidades se tornassem mais suscetíveis aos riscos, colocando o ambiente cada vez mais em perigo. “Se nada for feito, seus problemas ecológicos e sociais logo dominarão a cena mundial.” (ROGERS, 1997, pg.8).

Aqueles que não tem dinheiro podem ser comparados aos ‘sem passaporte’, uma classe a ser banida. Desaparece a cidadania - a noção da responsabilidade compartilhada por um ambiente - e a vida na cidade torna-se dividida, com os ricos situados em territórios protegidos e os pobres fechados em guetos ou favelas. As cidades foram originalmente criadas para celebrar o que temos em comum. Agora, são projetadas para manter-nos afastados uns dos outros (ROGERS, 1997, pg. 11).

A administração das cidades se torna cada vez mais difícil, pois nunca se abrigou tantas pessoas. Essa administração ignora a real função delas: suprir as necessidades humanas e sociais das comunidades, o que as torna as maiores agentes destruidoras do ecossistema e a maior ameaça para a sobrevivência da humanidade no planeta pois acarretaram um desequilíbrio ambiental. Esse desequilíbrio tem como principal causa o comportamento econômico e social, tanto nos países industrializados quanto nos em desenvolvimento (ROGERS, 1997, pg. 8). As cidades estão produzindo uma instabilidade social desastrosa e levando a um declínio ambiental adicional. Apesar do aumento global da riqueza, que ultrapassa em muito o aumento da população, cresce o grau de pobreza e o número de pobres no mundo. Muitos deles estão vivendo nos ambientes mais desfavoráveis, expostos a níveis extremos de pobreza ambiental, perpetuando, portanto, o ciclo de destruição e poluição. E a cidades estão destinadas a abrigar parcelas cada vez maiores dessas populações. Portanto uma vez que as questões sociais e ambientais estão entranhadas, não deveria ser surpresa o fato de sociedades e cidades, caracterizadas por


desigualdades, sofrerem intensa privação social e causarem danos ainda maiores ao meio ambiente (ROGERS, 1997, pg. 7).

De acordo com Yvette (2003), o risco é desde sempre inseparável da política, pois é ela que tem o poder na decisão de organização do território, à repartição dos bens e ao uso dos recursos através das regulamentações. Yvette também destaca que não existe o “risco zero” e por isso ele deve ser gerenciado a partir de um desenvolvimento urbano sustentável (explicado no capítulo 4), ou seja, um projeto de urbanismo que leva em consideração a natureza e os riscos que ela apresenta.

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HABITAÇÕES IRREGULARES A habitação constitui um dos mais graves problemas sociais das áreas urbanas brasileiras. Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2015, realizado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, o Brasil tem um déficit habitacional de 7,757 milhões de moradias (Boas & Conceição, 2018). Isso ocorre por conta do baixo salário dos trabalhadores, do alto custo de imóveis nas áreas urbanizadas e a insuficiência de políticas públicas destinadas às favelas, aos loteamentos irregulares e aos cortiços, conforme será apresentado a seguir (Kohara, 2012). De acordo com o estudo de 2013 da Fundação João Pinheiro “Déficit Habitacional no Brasil 2010”, a coabitação familiar, é a principal causa do déficit habitacional no país todo, representando 43% do total, porém, o segundo principal componente que causa o déficit em cada região é diferente. No caso da região Norte, Piauí e Maranhão o déficit é causado pela precariedade dos domicílios, e no restante do país é ocasionado pelo ônus excessivo com o aluguel, ou seja, a destinação de mais de 30% da renda familiar mensal ao pagamento do aluguel. A região sudeste possui a maior concentração da população do Brasil e é a mais afetada pelo déficit habitacional. Só nessa região, faltam cerca de 2,7 milhões de domicílios, de um total de 6,9 milhões do país, causados pelo alto valor das moradias nessa região. A coabitação é o principal componente do déficit do Sudeste, representando 44%, seguido do ônus excessivo com aluguel, equivalente a 40%. O déficit habitacional das regiões no Brasil está representado no gráfico a seguir (Futuro, 2018).

Gráfico 03. Déficit habitacional por componente, por região – percentual do déficit total (2010)

Para diminuirmos o déficit habitacional do país, é preciso concentrar os esforços em melhorar a qualidade urbana desses bairros, a partir de soluções para ampliar o saneamento, a educação, a retenção escolar, a qualificação profissional e o ambiente de negócios, para aumentar a renda familiar. Além disso, deve-se promover: ajustes no mercado construtivo, imobiliário e habitacional, para que se evite preços excessivamente altos das moradias que causam o afastamento das famílias mais pobres para as periferias e para ocupações ilegais e de alto risco; o crescimento da produção de moradias voltadas para essas famílias com baixa renda. Podemos também, fazer uso de instrumentos urbanísticos, como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) progressivo no tempo e PEUC (Parcelamento, Edificação e Uso Compulsórios), que evitam a ociosidade de imóveis que de encontram na cidade formal (Futuro, 2018). O que é preocupante também, são as condições que milhões de brasileiros vivem atualmente. De acordo com o estudo do IBGE “Tipologias Intraurbanas” (2017) que classificou as 65 maiores concentrações urbanas do país (50% da pulação brasileira) em categorias de acordo com a qualidade das condições de vida locais, indica que temos cinco categorias de classificação. As porcentagens da população brasileira em cada categoria são representadas pelo gráfico a seguir (Futuro, 2018):

Gráfico 04. Condições de vida da população, percentual do total (2010)


Vemos (pelo gráfico) que os grupos vivendo em condições baixíssimas e precárias somam pouco mais de 5 milhões de brasileiros – um contingente importante, mas não grande demais para ser atendido por políticas direcionadas. Esse precisa ser um objetivo de curto prazo do Poder Público. O grupo que vive em baixas condições, por outro lado, é enorme; melhorar sua situação não pode depender integralmente de políticas públicas e nem ser um objetivo de curto prazo. Para atender essa população, o primeiro passo é entender a natureza de suas carências (Futuro, 2018, editado pela autora).

Apesar do que foi citado anteriormente, o país possui alguns fatores que poderiam facilitar a diminuição do déficit habitacional, como por exemplo, o baixo crescimento populacional de 1,17% de 2000 a 2010. Porém nada adianta se a população brasileira continuarem “presos num ciclo de baixa escolaridade, baixa produtividade e baixa renda que nos mantém reféns da pobreza. Nas cidades, as favelas são guetos de baixas condições de vida e extrema escassez de oportunidade.” (Futuro, 2018). Para interromper o ciclo de exclusão nas favelas, além da necessidade de melhoria no ensino do país, é necessário que o crescimento das cidades seja organizado. Para isso, criou-se uma Lei Nacional n.º 6.766 (19 de dezembro de 1979), também conhecida como Lei Leahman. Essa lei é usada para controlar e fiscalizar a ocupação da população no território, buscando o ordenamento territorial através do parcelamento do solo urbano, evitando assim a lotação desnecessária ou a carência populacional em certas regiões (Bezerra, 2010). A seguir serão apresentadas as formas de ocupações irregulares, como as favelas; os loteamentos irregulares e clandestinos; e os cortiços.

FAVELAS As favelas surgiram durante o século XX como consequências de três processos que transformaram o Brasil e que resultaram nas cidades atuais: a industrialização da economia; a explosão demográfica por conta da diminuição da mortalidade; e a urbanização da população, por conta do êxodo rural. O aumento da população brasileira pode ser analisado pelo gráfico 05 (Futuro, 2018).

Esses movimentos ocorreram com grande força entre as décadas de 1940 e 1980, quando o Brasil era pobre (em PIB – Produto Interno Bruto per capita), pouco escolarizado e muito desigual. Neste período, a população do país aumentou de 40 para 120 milhões e o percentual vivendo em cidades foi de 31% para 67%. O resultado foi um enorme contingente de brasileiros pobres e destituídos de direitos sociais (introduzidos apenas com a Constituição de 1988) vivendo de forma precária nas cidades (Futuro, 2018).

Gráfico 05. População residente total, Brasil 1870 - 2010

Pode-se definir a favela como o conjunto de habitações populares que são construídas de forma precária e desprovidas de infraestrutura, como a rede de esgoto e energia elétrica, o abastecimento de água, postos de saúde, coleta de lixo, escolas, entre outros. Por se tratar de habitações para pessoas mais pobres que não podem pagar aluguel de imóveis do mercado imobiliário formal – registrado e licenciados – elas acabaram construindo suas casam, principalmente, em encostas dos morros, nas margens de córregos, rios, mangues, etc, pois são lugares sem interesse imobiliário. Essas habitações são feitas com madeira ou alvenaria, e sem espaçamento entre elas, o que cria um ambiente com uma densidade populacional alta e propício a disseminação de doenças pela falta de ventilação adequada, como pode-se observar na imagem a seguir (Futuro, 2018). 12


Imagem 02. Favela de Paraisópolis, São Paulo

Favelas são o resultado da desigualdade social que há nos países, sendo ele subdesenvolvido ou em desenvolvimento, por conta da exclusão da classe baixa por parte da população das grandes cidades, que até a década de 1980 os consideravam problemas e não cidadãos. A conscientização da população para com os moradores das favelas, começou a surgir a partir dos movimentos pela redemocratização do país, que garantiram o atendimento desses pelo Estado. Assim, deram início às políticas de urbanização das favelas, que consistem em levar os serviços de infraestrutura para essas áreas. Antigamente, de acordo com a única política pública que atendia esses bairros, as favelas deveriam ser erradicadas. A melhora dessas áreas também se deu pela estabilização econômica que ocorreu na década de 1990 e 2000, que permitiu a melhora de vida dos moradores das favelas e da estrutura de suas casas (Futuro, 2018). De acordo com censo 2010 do IBGE sobre “Aglomerados Subnormais”, mais de 11 milhões de pessoas no Brasil moram em assentamentos irregulares, o que representava 6% da população daquela época. Nesse estudo foram identificados 6.329 aglomerados subnormais em 323 municípios do país e constatou-se que a soma de favelas presentes nas regiões metropolitanas de São Paulo (Imagem 03 ), Rio de Janeiro e Belém representavam quase metade (43,7%) dos assentamentos irregulares do país (Werneck & Leal, 2011).

Imagem 03. Mapa de localização de favelas na Região Metropolitana de São Paulo

LOTEAMENTOS IRREGULARES E CLANDESTINOS A outra forma de habitação irregular são os loteamentos irregulares ou clandestinos. Os irregulares são aqueles que não concluíram as obras de infraestrutura exigidas pelo poder público; já os loteamentos clandestinos são aqueles que se resultaram do parcelamento indevido de terras (BURGOS, 2005, apud, ANDERS, 2007, pg. 28). Esses loteamentos se encontram em áreas de riscos, como em encostas íngremes, por exemplo, assim como as favelas, que enfrentam o constante risco de deslizamento de terra, devido á retirada da vegetação natural. Apesar disso, a população permanece morando nessas regiões com a esperança de um dia receberem a regularização da área, e consequentemente, a infraestrutura que os carecem, pois por se tratar de uma forma ilegal de ocupação, a rede de água e luz, também se tornam clandestinas (Imagem 04 ) (ANDERS, 2007, pg. 28). Além da semelhança com as favelas em relação às regiões que se encontram, se assemelham também nas técnicas construtivas inadequadas e nos materiais que são utilizados na construção desse tipo de habitação. “Invariavelmente as favelas acabam surgindo nesses loteamentos e sempre nas áreas de maior risco.” (ANDERS, 2007, pg. 29).


Imagem 04. Loteamentos irregulares em Mairinque, São Paulo

Imagem 05. Ocupação Mauá, no centro de São Paulo

CORTIÇOS

De acordo com a Lei Moura, de 1991, se define como cortiço a unidade usada como moradia coletiva multifamiliar, apresentando, total ou parcialmente, as seguintes características (Moradia é Central, 2008):

O cortiço é a mais antiga forma de habitação irregular, surgindo em São Paulo no início do século XX. Os cortiços são moradias multifamiliares, que se originaram devido à subdivisão de casarões antigos em cômodos a serem alugados informalmente e geralmente são situados em área urbanas degradadas fisicamente, porém que possuem uma infraestrutura completa. Normalmente servindo de moradia para a classe operária, essa forma de habitação é o resultado da deterioração da área central de São Paulo e de outras cidades, por conta do deslocamento da classe de renda alta, grandes bancos, empresas, etc, para novas áreas, como é o caso da Avenida Paulista em São Paulo, na imagem a seguir, observa-se um exemplo de cortiço em São Paulo (SAMPAIO, 2003, apud, ANDERS, 2007, pg. 30).

a. Constituída por uma ou mais edificações construídas em lote urbano; b. Subdividida em vários cômodos alugados, subalugados ou cedidos a qualquer título; c. Várias funções exercidas num mesmo cômodo; d. Acesso e uso comum dos espaços não edificados e instalações sanitárias; e. Circulação e infraestrutura, no geral precárias; f. Superlotação de pessoas;

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Outra característica do cortiço é a relação comercial informal entre o intermediário do proprietário do imóvel e os moradores, que pagam “aluguéis” mensais, na maioria das vezes sem qualquer vínculo contratual. [...] Mais de dois terços dos moradores de cortiços não podiam comprovar sua renda, devido à informalidade dos vínculos de trabalho de suas ocupações. Já a distribuição das famílias encortiçadas segundo classes de renda mostrava a concentração nas faixas mais baixas: 54% possuíam rendimentos mensais entre 1 e 3 salários mínimos. Essas características e a dificuldade de obter garantias para firmar contratos de aluguel no mercado imobiliário formal justificavam a opção pelos cortiços, para muitas famílias (Governo do Estado de São Paulo, 2012).

Outro motivo que leva as pessoas a morarem nos cortiços é a infraestrutura e os equipamentos sociais que possuem nessa área, além da proximidade do trabalho, que permite uma economia de 20% a 30% de sua renda. De acordo o Saede (Serviço de Atendimento Educacional Especializado) em 2000, a cidade de São Paulo possuía 24 mil cortiços, nos quais, moravam 160 mil famílias e 596 mil pessoas, ou seja, 6% da população do município (Governo do Estado de São Paulo, 2012). Por conta dos problemas que os cortiços apresentam, como a insalubridade e a deterioração das áreas centrais das cidades, a “Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo está aplicando a Lei Moura, uma lei municipal de 1991, que exige padrões mínimos em habitações coletivas de aluguel.” (Rolnik, 2010) como: conforto ambiental, iluminação, ventilação, entre outros. Após a constatação de que o cortiço não está de acordo com as condições mínimas da Lei Moura, é dado ao dono um prazo para se adequar à essas exigências, podendo receber uma multa ou a interdição do imóvel. Essa lei tem como objetivo a conversão dos cortiços para unidades autônomas de HIS (Habitação de Interesse Social) para melhorar as condições de habitabilidade dos cortiços através dos programas SEHAB (Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo) e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) (Rolnik, 2010).


ESCASSEZ DOS RECURSOS NATURAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS Como citado previamente, a velocidade do processo de industrialização resultou no crescimento desordenado das grandes cidades. Esse crescimento causou um aumento da demanda dos recursos naturais, que juntamente às mudanças climáticas, podem resultar em um período de escassez no mundo todo (Tickell, 1997). Pesquisas apontam um aumento considerável na frequência em que os desastres ambientais ocorrem e também em sua intensidade. Esse aumento foi resultado do uso irresponsável dos recursos naturais que causaram impactos ambientais em escala mundial como no caso do efeito estufa, da desertificação do solo, da chuva ácida, entre outros, resultando em sérios danos e prejuízos socioeconômicos (FARES, 2010, pg. 181). As manchas da poluição, as feridas do desmatamento, as cicatrizes da industrialização e a expansão caótica de nossas cidades são evidências de que, na nossa busca por riqueza, estamos sistematicamente espoliando (enganando, roubando) todos os aspectos do sistema de apoio à vida do planeta (ROGERS, 1997, pg. 3).

Os satélites que orbitam a terra com o objetivo de coletarem dados climáticos em associação aos estudos científicos, revelam uma possível catástrofe ambiental por conta das mudanças climáticas que o planeta apresenta, tendo consequências devastadoras para o meio ambiente e para a humanidade num grau jamais visto. Essas mudanças poderão atuar de duas maneiras de acordo com Rogers (1997): • Afetando o índice pluviométrico de diversas localidades, ocasionando chuva em excesso onde pouco chovia ou também diminui-la em locais onde era abundante, afetando assim o clima que poderá ficar mais quente ou mais frio. • Aumentando o nível do mar, chegando atualmente em torno de 1,5 a 2 milímetros por ano por conta do derretimento das calotas polares. Esse número pode não parecer algo impactante, porém se ele aumentar ainda mais, poderia causar uma imensa devastação das populações que se concentram ao longo das costas. De acordo com estudos esse número poderá aumentar em meio metro antes do fim do século XXI e em associação ao possível surgimento de tempestades, ressacas, tufões, secas e furacões, o que é esperado em casos de mudanças climáticas, podem atingir um grau de destruição incalculável.

Por causa das queimadas, do desmatamento e da poluição das águas, do solo e do ar, os recursos naturais do planeta estão diminuindo. Esse processo que afeta o ecossistema do planeta todo é potencializado pela industrialização, urbanização, agricultura e pecuária. É essencial para a vitalidade do planeta que nós criemos consciência do uso dos recursos naturais, sendo eles renováveis ou não renováveis, pois a sobrevivência da humanidade depende da manutenção e do equilíbrio entre a população, os recursos naturais e o meio ambiente. Esse desequilíbrio pode ter consequências desastrosas e fatais como podemos observar em antigas civilizações ou regiões como é o caso da Ilha de Páscoa . Para evitarmos que isso ocorra, o homem necessita achar formas alternativas para substituir tais recursos, como o uso de energia eólica ou solar no lugar do petróleo, por exemplo (ROGERS, 1997, pg. 3). Os recursos naturais são bens que estão à disposição do Homem e que são extraídos da natureza de forma direta ou indireta. Eles são transformados para a utilização na vida do ser humano por questões de sobrevivência, bem-estar e conforto e podem ser divididos de duas maneiras: a primeira é determinada pela origem dos recursos; e a segunda pela velocidade derenovação dos recursos. A seguir será apresentada as duas maneiras de classificação dos recursos naturais.

CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PELA ORIGEM Os recursos naturais podem ser divididos em quatro grupos de acordo com a sua origem. Segundo (Significados, 2018), essa divisão consiste em: biológicos, hídricos, minerais e energéticos.

¹ De acordo com o Professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia, Jared Diamond, a civilização da ilha de Páscoa se extinguiu por conta do uso desenfreado das pedras que eram usadas na fabricação das estátuas, assim como as palmeiras, levando ao um desequilíbrio ambiental que resultou no desaparecimento de ecossistemas inteiros.

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RECURSOS BIOLÓGICOS

RECURSOS HÍDRICOS

Os recursos biológicos são organismos, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas que possuem valor para o Homem. Podemos citar como exemplos de acordo com (da Cruz, s.d.):

Os recursos hídricos consistem em recursos provenientes das águas superficiais (Imagem 07), que estão nas camadas superiores da terra (as águas de mares, rios, oceanos e lagos) e subterrâneas, que ficam em camadas mais profundas e de difícil acesso (aquíferos). Este recurso é usado para várias finalidades, como por exemplo, na alimentação humana (irrigação de plantações), no consumo doméstico, e também no abastecimento de indústrias (Significados, 2018). Além disso, os recursos hídricos são usados como fonte geradora de energia em usinas hidrelétricas por conta da força produzida pelas águas. Essa energia é a mais usada no Brasil, abastecendo cidades, regiões de agropecuária e indústrias. De acordo com pesquisas, a energia hidrelétrica representa 64% da matriz energética nacional, entretanto, apenas 35% de seu potencial foi explorado atualmente (Hidroenergia, 2018).

• Plantas, solo, flores e árvores: usados para muitas finalidades, como na indústria de extração de madeira, agricultura, construção, medicina e alimentação.

• Animais: utilizados principalmente como fonte de alimentação e em atividades de agropecuária, como por exemplo, o consumo de leite e de carne (Imagem 06). Uma das mais relevantes consequências da exploração dos recursos biológicos de forma descontrolada e sem o devido planejamento é a perda da biodiversidade. A biodiversidade refere-se tanto ao número (a riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equitabilidade) desses grupos. O conceito também inclui variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementaridade biológica entre habitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade). A diversidade biológica inclui desta forma a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes (da Cruz, s.d.).

Imagem 06. Exemplos de Recursos Biológicos

Imagem 07. Exemplos de Recursos Hídricos


RECURSOS MINERAIS São os recursos não-renováveis de ordem geológica, ou seja, bens produzidos pela natureza e extraídos pelo homem para serem usados como matéria prima (areia, argila, diamante, grafite, ouro, prata) ou como fonte de energia (carvão, Imagem 08). O uso descontrolado destes recursos pode levar à escassez destes bens, aumento da poluição de ecossistemas e desequilíbrios ambientais, por isso sua exploração deve ser feita de forma responsável (Significados, 2018).

Imagem 08. Carvoaria, Nova Crixás - Goiáis

RECURSOS ENERGÉTICOS Os recursos energéticos são todos os bens da natureza que fornecem energia, sendo alguns renováveis e outros não renováveis. Dentre os recursos renováveis que são usados como fonte de energia podemos citar o sol (energia solar), vento (energia eólica), as águas (energia hidrelétrica). Já o petróleo e gás natural também são exemplos de fontes de energia, porem são considerados não renováveis (Significados, 2018). Também pode-se mencionar a energia nuclear (Imagem 09), que é produzida a partir do urânio. Ela gera eletricidade através de um processo chamado fissão nuclear , e apesar de ser muito potente, deve ser utilizada com muito cuidado, pois apresenta uma alta periculosidade e pode causar acidentes graves (Significados, 2018).

Imagem 09. Usina Nuclear de Cattenom, França


CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PELA VELOCIDADE DE REGENERAÇÃO A outra forma de classificar os recursos naturais é levando em consideração a velocidade de renovação desses no meio ambiente. Tudo isso vai depender do modo e da frequência de exploração destes bens (Significados, 2018).

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS Já os recursos não renováveis são aqueles que podem acabar ou diminuir muito se usados de forma inconsciente, ou seja, se a taxa de consumo for maior que sua velocidade de regeneração. A possibilidade de esgotamento desses recursos aumenta juntamente aos avanços tecnológicos. São alguns exemplos: água potável, o carvão, gás natural, vegetação, florestas, minerais, pedras preciosas, energia nuclear e petróleo. Esses recursos naturais podem não ser renováveis por duas razões de acordo com (Significados, 2018):

Os recursos naturais renováveis são bens que sempre estão sendo renovados pela natureza, ou seja, não se esgotam por possuírem uma alta capacidade de recomposição. Pode-se citar como principais e mais importantes exemplos a água e o ar, que não são substituíveis como o petróleo, e são essenciais que haja vida na terra.

• Quantidade limitada na natureza: alguns bens naturais possuem uma quantidade finita no planeta e não podem ser repostos, nem pela ação do homem e nem pela natureza. Se não forem substituídos, as reservas destes recursos, como o carvão, ferro, petróleo, xisto, gás natural, ouro, alumínio, etc, acabarão um dia.

Consegue-se citar também como recursos naturais renováveis: o solo terrestre, que possuí minerais e é usado no cultivo de alimentos; energia eólica, energia solar e a energia hidrelétrica que podem substituir os combustíveis fosseis; e os próprios seres vivos. Se esses recursos continuarem a ser deteriorados, a vida na terra será prejudicada (Significados, 2018).

• Tempo de regeneração muito lento: Quando apesar da reposição deste recurso pelo homem ou pela natureza, a quantidade de demanda é muito alta perto de sua velocidade de regeneração, podendo se esgotar se retirados da natureza em grandes quantidades. O melhor exemplo desse recurso é a água potável.

RECURSOS POTENCIALMENTE RENOVÁVEIS Dentre os recursos renováveis, há uma categoria especifica para aqueles que possui o poder da regeneração, porém sua longevidade depende da conscientização de seu uso. É o caso da água potável, pois apesar da água ser um recurso inesgotável, somente 3% dela pode ser usada para consumo do ser humano. Portanto seu uso tem que ser consciente, visando sempre evitar o desperdício que é apontado como um dos principais fatores da possível falta d’água potável em um futuro próximo, juntamente com o aumento da população mundial. Além da água potável, estão na lista de recursos potencialmente renováveis o solo e as florestas, que providenciam alimento, matéria prima, entre outras coisas (Significados, 2018). ² Fissão nuclear é um processo da Física que consiste na divisão do núcleo de um átomo considerado instável em dois núcleos menores, através do bombardeamento de partículas como nêutrons.


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3. os riscos


DEFINIÇÕES A definição de risco ou desastre, de acordo com Veyret (2003), é a percepção de um possível perigo ou a interpretação de uma ameaça, que pode ser menos ou mais previsível por um grupo social ou por um indivíduo que já sofreu consequências do mesmo, ou seja, não há risco sem que esses o percebam ou sofram seus efeitos. Os desastres geram grandes impactos nas cidades desde os primeiros agrupamentos humanos e continuam a ameaçar a vida nas cidades contemporâneas. Esta ameaça pode ser “calculada” através da álea³, e assim retratar os elementos ou sistemas que estão mais vulneráveis a sentir os efeitos dos riscos. Para fins de estudos, a divisão das tipologias dos riscos será baseada em Yvette Veyret que consistem em: ambiental, tecnológico, social ou econômico. Essa divisão foi feita a partir da relação de um risco com uma dimensão espacial e o entendimento desses pela população, porém apesar dessa divisão, os riscos podem interagir entre si e pertencer mais de uma categoria ao mesmo tempo. (VEYRET, 2003, pg. 63, grifo da autora). Porém, não se pode determinar os riscos sem considerar o “contexto histórico que os produziu e, especialmente, as relações com o espaço geográfico, os modos de ocupação do território e as relações sociais características da época.” (VEYRET, 2003, p.26), isto é, a definição de risco poder mudar ao longo dos anos junto com as mudanças da sociedade. Podemos tomar como exemplo o fato de que nos países subdesenvolvidos, as doenças são consideradas um risco, já que possuem um sistema de saúde menos eficaz que nos países desenvolvidos. Os riscos, ou ameaças em potencial, possuem muitas origens segundo Veyret (2003, p. 19):

³ Álea: É a probabilidade do acontecimento dos riscos (natural, tecnológico, social ou econômico). Sua definição é feita através da coleta de dados sobre a dinâmica, modo de intervenção, frequência e intensidade de uma ameaça.

[...] riscos ambientais, riscos industriais e tecnológicos, riscos sociais, riscos econômicos, que ocupam, todos, em graus variados, um lugar crescente nas decisões políticas. Esses riscos são inúmeros; da violência nas estradas ao efeito estufa e à ameaça nuclear. Hoje se enfatizam os riscos globais, sistêmicos, inscritos nas atividades mais e mais difíceis de serem isoladas. Cada tipo de risco pode gerar outras tipologias, os riscos ambientais podem se decompor em riscos naturais (áleas vulcânicas, sísmicas...) e em riscos naturais agravados por certas práticas antrópicas (erosão dos solos, desertificação, poluição...). Todos devem ser analisados com seus efeitos induzidos e com as interações que às vezes os caracterizam (YVETTE, 2003, pg. 19).

RISCO AMBIENTAL Os riscos ambientais podem ser descritos como a associação entre o risco natural e o risco resultante da atividade humana sobre um processo natural ou pela ocupação do território (Risco antrópico). De acordo com o CRED, esse tipo de desastre é o mais fatal, em 2018 foi responsável por 10.373 mortes.

• Risco Natural: Aqueles que não ocorrem por conta da ação humana. Podem ser de origem litosférica, como é o caso dos desmoronamentos de solo, erupções vulcânicas e terremotos ou de origem hidroclimática como as tempestades, nevascas, seca, avalanches, ciclones, entre outros (YVETTE, 2003, pg. 64).

• Risco Antrópico: Aqueles que ocorrem quando a atividade humana influencia negativamente um processo natural da terra, como é caso da erosão do solo,que pode ser agravada por conta dos desmatamentos. Dentre esse tipo de risco podemos listar a erosão acelerada do solo, a desertificação causada pela deterioração da vegetação, os incêndios, as poluições e etc (YVETTE, 2003, pg. 67).

INDUSTRIAIS E TECNOLOGÍCOS Os riscos industriais e tecnológicos estão associados aos desastres ocasionados por fábricas, polos químicos e etc, que podem resultar na contaminação do solo, do ar e da água. Esses riscos são causados quando a armazenagem de produtos tóxicos, a produção e o transporte de matérias perigosos são feitos de forma descuidada. Podemos citar entre eles as explosões, os vazamentos de substâncias tóxicas ao meio ambiente, incêndios, riscos nucleares, ou um rompimento de uma barragem, como no caso de Brumadinho - MG, onde 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração vazaram da barragem número 1 da Vale após seu rompimento em 2019, matando e desabrigando centenas de pessoas (YVETTE, 2003, pg. 70).


RISCOS ECONÔMICOS, GEOPOLÍTICOS E SOCIAIS Esses riscos são causados pelo uso inconsequente dos recursos, sendo eles renováveis ou não. O uso desses recursos de maneira negligente pode causar a escassez de alimento, água e petróleo, por exemplo, provocando uma degradação dos aspectos sociais de uma cidade ou até uma crise mundial, por isso pode-se dizer que estão relacionados às decisões políticas. Dentre esses riscos podemos destacar os riscos da agricultura; os riscos assumidos pelas empresas; riscos sociais e a insegurança; e os risco à saúde (YVETTE, 2003, pg. 71). • Riscos da agricultura Eles podem estar presentes em várias áreas relacionadas à agricultura e podem resultar na insegurança alimentar, no deslocamento das populações e até na imigração definitiva das pessoas afetadas como podemos ver nesse trecho de Yvette (2003, pg. 72): Eles dependem, entre outros fatores, da escolha efetuada pelo agricultor ao cultivar essa ou aquela cultura, ao adotar tal cadeia produtiva ou ao se engajar em um processo de transformação técnica. O resultado pode ser um ganho ou uma perda. Os fatores que irão determiná-lo dependem das redes de distribuição, dos mercados, dos sistemas de troca locais ou mais vastos, do peso das subvenções que determinam o preço dos produtos agrícolas, do papel das bolsas (Chicago...) que fixam o preço de certos produtos (cereais...). Evidentemente, é fundamental que as consequências sociais e espaciais sejam consideradas. Assim, a cultura do milho transgênico na Argentina resulta de uma escolha fundada na venda potencial dessa produção. Ora, certos mercados, especialmente os europeus, não estão abertos a esse tipo de produto (YVETTE, 2003, pg. 72).

• Riscos assumidos pelas empresas

Estão associados à globalização, que unificou o mundo a partir da língua inglesa, pela moeda (dólar) e pela ambição de um crescimento econômico em um curto prazo. Podemos citar como riscos a concorrência entre empresas, abertura ou fechamento de fábricas, disfuncionalidade técnica, entre outras coisas que podem acarretar ganhos, mas também perdas gigantescas e catastróficas no contexto econômico, acarretando o desemprego (YVETTE, 2003, pg. 72).

• Riscos sociais e a insegurança

O risco social é consequência de uma série de coisas relacionadas à segregação urbana, esta que pode resultar no aumento da taxa de criminalidade, da insegurança, da violência, da desigualdade e até do desemprego. Isso tudo confere à região afetada uma característica de local desfavorável para se viver (YVETTE, 2003, pg. 73).

• Risco à saúde

Já os riscos relacionados à saúde são os resultados das análises dos riscos citados anteriormente, pois eles causam perda de bens, doenças e até a morte através de deslizamentos, enchentes, contaminação do solo e o aumento do desemprego, por exemplo (YVETTE, 2003, pg. 73).

OS RISCOS NO BRASIL Nas duas últimas décadas, foram registradas no Brasil mais de 51 milhões de pessoas afetadas pelos desastres de acordo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), colocando o país entre os 10 países com maior número de afetados por desastres. 90% deles estão relacionados clima e causaram um prejuízo econômico de mais de 1.891 trilhões de dólares. Anualmente, entre 2005 e 2014, foram registrados cerca de 355 desastres ambientais no país, porém houve um aumento da ocorrência desses nessas duas últimas décadas, como pode ser analisado pelo gráfico a seguir (ONU, 2015): Apesar do país se encontrar em uma zona geograficamente “favorável” por não ocorrer grande parte dos desastres ambientais como terremotos e tsunamis e furacões, o Brasil sofre com o aumento na ocorrência de desastres como enchentes, deslizamentos de terra, entre outros, que foram, como citado anteriormente, resultados do processo de urbanização do Brasil durante a metade do século XX. Além disso, por muitos anos, acreditou-se que o país fosse imune aos desastres ambientais, o que ocasionou na falta de pesquisas na área, fazendo com que as medidas preventivas não fossem tão eficazes como poderiam ser. Isso faz com que os desastres que ocorrem no Brasil, resultem em mais mortes e consequências negativas do que em países onde ocorrem furacões e tsunamis, por exemplo (Barcessat, 2018). “Dessa forma é que esse estudo além de importante devido a escassa doutrina sobre o tema, é essencial para que os desastres vivenciados possam ser prevenidos e minimizados. Fatores como resiliência, vulnerabilidade, gestão de risco e mudanças climáticas são determinantes para que se consiga mitigar os danos causados por esses eventos e controlar seus efeitos.” (Barcessat, 2018).

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urbanismo 4. sustentรกvel


O PLANEJAMENTO URBANO SUSTENTÁVEL E A DIMINUIÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS Atualmente a sociedade está enfrentando as consequências causadas pelo crescimento desordenado das cidades desde a era industrial. Hoje, 50% da população mundial vivem nas cidades, podendo chegar a 80% até o ano de 2050, tornando-as as maiores causadoras da poluição global, pois consomem três quartos da energia mundial. Por conta dessa desordem no crescimento das cidades, estimasse que metade da população vive em ambientes urbanos que ameaçam a vida, sem água corrente, eletricidade, sem esgoto e etc, como é o caso das favelas. Ou seja, a forma em que ocupação e exploração das cidades ocorreram, as tornaram ambientes suscetíveis a crises energéticas, hídricas e de combustíveis fósseis, que podem tornar a vida nesses ambientes insustentáveis. As cidades devem ser pensadas para que elas sejam capazes de suportar o crescimento urbano de uma forma sustentável não colocando em risco as futuras gerações (ROGERS, 1997, pg. 28). As cidades são o centro da produção e do consumo da maior parte dos bens industriais e acabam se transformando em parasitas da paisagem, em enormes organismos drenando o mundo para seu sustento e energia: inexoráveis consumidores e causadores de poluição. (ROGERS, 1997, pg. 27).

De acordo com o economista Kenneth Boulding, conforme citado por Rogers (1997, pg. 28), não é possível tratar o planeta como uma fonte inesgotável de recursos, e sim como um sistema fechado com recursos finitos, ou seja, nada entra, exceto a energia do sol. O sol pode ser usado como exemplo do que é um urbanismo sustentável: aplicação de práticas sustentáveis no planejamento das cidades, pois seus recursos podem ter fins negativos ou positivos, dependendo de como são usados. A fotossíntese dá a vida à vegetação que quando morrem e se transformam em estoques de energia solar, como o carvão e petróleo, porém, ao ser liberada, essa energia solar resulta nas chuvas ácidas que causam o aquecimento global. Por outro lado, o sol, também é o causador da energia que cria o vento e a chuva, eventos climáticos naturais que podem ser usados como energias renováveis que não poluem o meio ambiente (ROGERS, 1997, pg. 28).

A outros fatores que auxiliam no aumento do aquecimento global, é o consumo desenfreado dos recursos por uma cidade. Esse consumo pode ser medido através dos ‘seus rastros ecológicos’, ou seja, a área que uma cidade depende para sobreviver através do fornecimento de recursos e de locais para o destino final do lixo, por exemplo. As pegadas ecológicas das cidades existentes já cobrem possivelmente todo o globo e resultam na erosão de terras férteis, na poluição dos mares e no deflorestamento (ROGERS, 1997, pg. 30). Herbert Girardet, um estudioso da ecologia urbana, diz que a chave para um urbanismo sustentável é a busca de um ‘metabolismo’ circular nas cidades. Esse metabolismo visa a redução do consumo através da reciclagem de materiais, da conservação dos recursos não-renováveis, do aumento do consumo dos recursos renováveis, resultando assim numa maior eficiência global do núcleo urbano e num menor impacto sobre o meio ambiente. Esse metabolismo circular deve substituir o modelo atual de metabolismo chamado linear que causam a poluição (ROGERS, 1997, pg. 30). O metabolismo linear e circular será explicado pelas imagens a seguir.


Imagem 10. Metabolismo Linear

Imagem 11. Metabolismo Circular

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Além das questões ambientais, também se deve levar em consideração as questões sociais. Aqui no Brasil, as questões ambientais são regulamentadas pela PNMA (Política Nacional do Meio Ambiente), que tem o objetivo melhorar a vida social dos cidadãos através da preservação; da recuperação da qualidade ambiental, visando o desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana. As soluções ambientais e sociais, juntas, podem garantir uma cidade mais saudável, multifuncionais e cheias de vida (ROGERS, 1997, pg. 32). A cidade é uma matriz complexa e mutável de atividades humanas e efeitos ambientais. Planejar uma cidade autossustentável exige uma ampla compreensão das relações entre cidadãos, serviços, políticas de transporte e geração de energia, bem como seu impacto total no meio ambiente local e numa esfera geográfica mais ampla. Se quisermos efetivamente criar essa noção de desenvolvimento sustentável, então todos esses fatores devem estar entrelaçados. Não haverá cidade sustentável, do ponto de vista ambiental, até que a ecologia urbana, a economia e a sociologia sejam fatores presentes no planejamento urbano. O êxito desse objetivo depende de cidadãos motivados. Lidar com a crise ambiental global, do ponto de vista de cada cidade, é uma tarefa ao alcance do cidadão (ROGERS, 1997, pg. 32).

O arquiteto e urbanista dinamarquês, Jan Gehl, é referência mundial em Urbanismo Sustentável e para ele o novo urbanismo deve ser voltado para as pessoas e para o ambiente. A seguir será apresentados pontos determinantes do urbanismo sustentável segundo Gehl (apud G1, 2019): • Pautar o desenho urbano pela vida pública, propondo que as pessoas caminhem mais, saiam dos espaços privados e passem mais tempo em espaços públicos; • Diversificar o uso dos espaços é uma forma de incentivar a ocupação, que, por sua vez, torna esses espaços mais seguros, já que a simples presença das pessoas desencoraja a criminalidade; • Criar espaços que permitam experiências multissensoriais. Para isso, é preciso adequar as construções às pessoas, evitando as megaobras que desconsideram a escala humana e desestimulam o contato e a experiência;

• Valorizar o transporte público e o transporte compartilhado, oferecendo alternativas baratas e eficientes, como aluguel de bicicleta para quem precisa se deslocar dentro desse perímetro e evitando a circulação de automóveis nos centros; • Fortalecer a economia e a identidade local, incentivando a criação e o acesso a pequenos comércios, e criando locais próprios para a realização de eventos artísticos e culturais; e, • Cuidado e manutenção de áreas verdes, que ajudam a humanizar as cidades, permitindo a realização de atividades ao ar livre, diminuindo o estresse e contribuindo para o bem-estar da população. Assim é possível analisar que o urbanismo sustentável pode ser usado como forma de frear o aumento da ocorrência dos desastres ambientais no planeta ao criar cidade mais habitáveis, saudáveis, seguras e sustentáveis, pois como vimos anteriormente, a forma como o homem ocupou os espaços urbanos sem respeitar o meio ambiente e o uso inconsequente dos recursos naturais foram fatores que contribuíram para o aumento da frequência desses fenômenos que afetam milhares de pessoas anualmente.


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5. SUSTENTABILIDADE


SUSTENTABILIDADE NAS CONSTRUÇÕES As questões ambientais têm ocupado, cada vez mais espaço nos problemas dos países, desenvolvidos ou não e o setor da construção civil tem papel fundamental para a realização dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável, pois é o setor de atividades humanas que mais geral impactos ambientais através do consumo de recursos naturais e do uso da energia de forma intensiva. Por conta disso, surge a necessidade de uma construção sustentável. De acordo com o plano de ação da Agenda 21, pode-se definir construção sustentável como (Ministério do Meio Ambiente, s.d.): Um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica (Ministério do Meio Ambiente, s.d.).

Isso significa que o desenvolvimento sustentável abrange não só o meio ambiente, mas também a economia e a sociedade pois garante a qualidade de vida aos indivíduos e às comunidades através de intervenções sobre no meio ambiente, que não esgotam os recursos naturais, e os preservam para as gerações futuras. Isso pode ser incorporado no setor da construção civil através da redução e otimização do consumo de materiais e energia, na diminuição dos resíduos gerados para evitar o excesso de descartes, na preservação do ambiente natural e na melhoria da qualidade do ambiente construído (Ministério do Meio Ambiente, s.d.). Além da preocupação com o que foi citado anteriormente, um projeto sustentável deve levar em consideração o ciclo de vida da construção, ou seja, o processo do desenvolvimento do projeto, nos indivíduos que irão usar os ambientes sua vida útil e se, depois de seu uso, ele poderá ser reutilizado. A seguir será apresentado recomendações do Ministério do Meio Ambiente para cada aspecto de uma construção sustentável (Neto):

• Implantação Urbana: adaptação à topografia local, reduzindo a movimentação de terra; preservação das espécies nativas; construção de ruas e caminhos para pedestre, ciclistas e que contemplem a acessibilidade universal; o planejamento de espaços de uso comum para integração da comunidade; usos diversificados do solo para minimizando os deslocamentos.

• Edificação: adequação ao clima local; otimização das condições de ventilação, iluminação e aquecimento natural para diminuir o consumo de energia; previsão de requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida; consideração na orientação solar; utilização de coberturas verdes; e a suspensão da construção do solo (a depender do clima).

• Materiais: uso de materiais disponíveis no local que sejam pouco processados, atóxicos, potencialmente recicláveis, culturalmente aceitos e de fácil manipulação. Evitar o uso de materiais químicos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como amianto, CFC, HCFC, formaldeído, policloreto de vinila (PVC), entre outros. Deve se também prever um descarte correto dos resíduos da construção civil e promover a reciclagem e reuso dos materiais.

• Energia: uso do coletor solar térmico para aquecimento de água, de energia eólica para bombeamento de água e de energia solar fotovoltaica, pois a produção de energia “convencional” emite gases que causam o efeito estufa em algum momento de sua produção, portanto o uso de energias alternativas faz com que o edifício colabore com a redução destes gases.

• Áreas Externas: valorização dos elementos naturais no projeto paisagístico e o uso de espécies nativas; a destinação de espaços para produção de alimentos e compostagem de resíduos orgânicos; planejamento de passeios sombreados no verão e ensolarados no inverno; o uso de reciclados da construção na pavimentação e de pavimentação permeável que dá vazão à água e torna o ambiente mais fresco ao se criar microclimas.

• Águas e Esgoto: coleta e utilização de águas pluviais; uso de economizadores de água; reuso de águas; tratamento adequado de esgoto no local e, quando possível, o uso de banheiro seco.


Uma construção em si não pode ser considerada sustentável uma vez que a caracterização da sustentabilidade da mesma vem de todos os processos de sua execução, somados à consideração do entorno, pois um edifício nunca está isolado e essa consideração externa é tão importante quanto às internas. Portanto deve-se levar em consideração os aspectos naturais do local, fator esse que impede que uma mesma construção possa ser implantada em regiões diferentes, pois pode não ser uma escolhe sustentável nessas outras regiões. Usando como exemplo o Brasil, um país que possui diferentes climas em seu território, uma construção sustentável deve respeitar essa variação de climas (Neto). A implantação de construções sustentáveis pode ser induzida pelos governos municipais através de legislações urbanística e código de edificações, incentivos tributários e convênios com as concessionárias dos serviços públicos de água, esgotos e energia (Ministério do Meio Ambiente, s.d.).

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habitações 6. trasportáveis


PRÉ-HISTÓRIA O homem que vivia há aproximadamente dois milhões de anos atrás possuía uma adaptabilidade ao clima tropical. Por isso não se tinha a necessidade de abrigos permanentes, as cavernas eram usadas ocasionalmente. Apenas após as severas mudanças climáticas que ocorreram no período glacial que o homem sentiu a indispensabilidade do uso de abrigos. Com essa mudança climática houve uma escassez de alimento, o que obrigava o homem a migrar constantemente para garantir sua sobrevivência. Foi por conta desse movimento migratório que surgiu a necessidade da criação de abrigos (ANDERS, 2007, pg. 42). Os primeiros indícios dos assentamentos permanentes datam de 30.000 a 10.00 anos atrás e foram consequências do domínio da agricultura e da domesticação de animais pelo homem, fazendo com que a constante procura por alimentos fosse dispensável. Porém, muitas sociedades seguiram sendo nômades por conta de sua cultura, necessidade, entre outras coisas. Isso resultou numa mudança dramática em seus estilos de vida e principalmente na elaboração de suas moradias por conta das diferentes necessidades que elas apresentavam como: ser duráveis, leves, flexíveis, que pudessem ser transportadas de maneira simples; porém não abriam mão do conforto e da beleza. Anders (2007), destaca três tipos de habitações transportáveis da época pré-histórica que serão apresentadas a seguir: • Tendas Tipi – Índios norte-americanos • Tendas nômades – Povos norte-africanos • Tendas Yurt – Povos asiáticos

Imagem 12. Tenda Tipi

Tendas nômades – Povos norte-africanos

Tendas Tipi – Índios norte-americanos Tipi é uma tenda com formato cônico, desenvolvida pelos índios norte-americanos, feita de peles de animais (Imagem 12). Apesar de possuírem variações de tamanho e complexidade de acordo com as necessidades das diferentes tribos, podemos identificar algumas características semelhantes entre elas: estrutura feita a partir de 3 ou 4 varas principais que são complementadas por varas secundárias que são amarras na parte superior; essa estrutura de varas é então coberta com uma forma cônica feita de pele de búfalo (ANDERS, 2007, pg. 44). Imagem 13. Tenda nômade em um encontro tribal em Marrocos


Essas tendas foram desenvolvidas ao longo de milhares de anos visando a adequação às diferentes topografias e climas de região (Imagem 13). Esses povos desenvolvia a atividade pastoril, e viviam migrando à procura de pastagens mais frescas e para alternar o clima. (ANDERS, 2007, pg. 45) Por conta do grande número de tribos nômades, há uma variedade nos detalhes e padrões das construções, porém também há semelhanças em seus desenhos. As principais características semelhantes que elas apresentam é a leveza e a transportabilidade, “a cada duas ou três semanas os nômades levantam acampamento; os beduínos não possuem nada que não possa ser transportado por duas pessoas” (KRONENBURG, 1995, apud ANDERS, 2007). Tiras de 60cm a 70cm de largura são costuradas para formar o tecido usado que cobre a tenda. Esse tecido grande é geralmente retangular e resistente à tração exercida pelos tirantes e os prendedores que fixam a tenda no terreno, às vezes, pedras ou arbustos são usados para auxiliar essa fixação (imagem 14) (ANDERS, 2007, pg. 46).

As paredes eram suspensas ao redor da tenda, suas bases eram cobertas com pedras ou areia e as divisões internas eram feitas por cortinas, podendo criar inúmeros espaços internos ou apenas um grande espaço livre, o que a caracteriza como uma construção flexível. Suas paredes poderiam ser erguidas para permitir uma ventilação, ou fechadas em caso de tempestades de areia (ANDERS, 2007, pg. 46).

Tendas Yurt – Povos asiáticos

Imagem 15. Tenda Yurt Essa construção portátil é usada há séculos na Ásia por tribos e pastores do Irã até a Mongólia. O que a difere das citadas anteriormente, é o fato de que, apesar de ser transportável, uma vez erguida se torna extremamente sólida (Imagem 15). Essa espécie de cabana circular possui uma estrutura interna treliçada de madeira e juntas articuladas, permitindo que a estrutura seja contraída para facilitar o transporte (feito por cavalos ou carroças) ou expandida para o uso. Em volta à essa estrutura, uma faixa tensora é colocada e amarrada à estrutura da porta. Já a cobertura ligeiramente abobada é feita de uma estrutura em varas presas à uma coroa circular e coberta com feltro ou lã (ANDERS, 2007, pg. 46). Imagem 14. Tenda nômade, detalhe dos tirantes e prendedores; alguns ancorados por pedras

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ABRIGOS MILITARES Por conta do aumento de pessoas envolvidas em operações militares no séc. XX e da falta de materiais convencionais por questões de logística, houve um grande desenvolvimento nas técnicas construtivas de abrigos portáteis (ANDERS, 2007, pg. 48). [...] a construção de edificações militares influenciou diretamente a construção de edifícios desmontáveis. A produção de abrigos portáteis no séc. XXI melhorou muito a vida do soldado; em termos de condições de moradia em campo e também na provisão de instalações médicas mais adequadas. (KRONENBURG, 1995, apud ANDERS, 2007, pg. 48).

Os primeiros abrigos eram feitos a partir de uma estrutura de madeira, porém eram pesados, de difícil montagem e transporte. Por conta disso, logo foram substituídos pelo abrigo Nissen Hut, desenvolvido por um engenheiro canadense chamado Capitão Nissen. Esse abrigo possuía poucos componentes: cobertura semicircular e dois fechamentos, sendo que um deles apresentava porta e duas janelas. As chapas de ferro corrugado que revestiam o abrigo e o seu piso de painéis de madeira eram intercambiáveis, ou seja, poderiam ser substituídos por outros materiais sem serem prejudicados, o que facilitava sua montagem em campo (Imagem 16 e 17). Além disso, abrigo possuía uma dimensão de 8.2m por 4.9m, podendo ser montado em 4 horas por 4 homens apenas com uma chave de boca. Por esses motivos, o abrigo obteve grande sucesso. Calcula-se que até 1917, estavam em uso aproximadamente 20.000 abrigos Nissen Hut, que abrigavam mais de 500.000 soldados (ANDERS, 2007, pg. 48 e 49). Quando o aço entrou em escassez durante a Segunda Guerra Mundial por conta da indústria bélica, houve uma necessidade de se procurar matérias alternativos, como painéis de concreto, para se construir abrigos. Porém, por serem de difícil transporte não alcançaram o sucesso do Nissen, que logo voltou a ser usado quando o aço se tornou novamente disponível (ANDERS, 2007, pg. 49).

Imagem 16. Abrigo Nissen Hut sob construção na Irlanda do Norte

Imagem 17. Área interna de um Nissen Hut.

DESENVOLVIMENTO PÓS-GUERRA Por conta da destruição e do grande número de pessoas refugiadas (desabrigadas) por conta da Segunda Guerra Mundial, pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de abrigos a partir de novas tecnologias e materiais foram iniciadas. Essas novas tecnologias permitiram o avanço no desenvolvimento de edifícios portáteis e desmontáveis, que nesse momento, eram voltadas para situações emergenciais, porém, mantiveram as principais características dos primeiros abrigos que de acordo com Anders (2007) eram:

• Adaptabilidade ao terreno • Flexibilidade de forma e layout • Fácil montagem e transporte • Custo de fabricação baixo

Vários arquitetos inovadores começaram a desenvolver projetos de abrigos portáteis por conta das novas técnicas de pré-fabricação que permitiam a produção em massa. Buckminster Fuller, um arquiteto alemão, desenvolveu durante a Segunda Guerra Mundial, uma série de abrigos temporários transportáveis, porém, seu objetivo era construir habitações com a tecnologia de produção em massa, que tivessem baixo custo de produção (ANDERS, 2007, pg. 51).


Seu primeiro projeto que ganhou destaque foi a Dymaxion House (Imagem 18 e 19) em 1928 voltada à questão da habitação, apesar desse projeto nunca ter saiu do papel, atraiu atenção do público e levou Fuller a desenvolver outros projetos futurísticos como a Wichita House (Imagem 20 e 21) na década de 40. Esse projeto possuía características de edificações portáteis de uso militar, e poderia ser produzida em massa, já que seus componentes não pesavam mais que 5kg e sua montagem poderia ser feita por seis pessoas em um dia. Entretanto, apesar de terem sido encomendadas cerca de 37.000 unidades, apenas dois protótipos foram construídos (ANDERS, 2007, pg. 51 e 52). Imagem 19. Elevação Dymaxion Houset

Imagem 20. Wichita Houset

Imagem 18. Esquema Dymaxion House

Imagem 21. Planta Wichita Houset

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Podemos citar também Cedric Price, como um importante arquiteto de projetos transportáveis. Seus projetos usava a tecnologia industrial como forma de se alcançar a flexibilidade e a portabilidade, o que influenciou uma série de arquitetos. Em 1961, Price desenvolveu um esquema para o Fun Palace (Imagem 22), que era feito a partir de uma estrutura espacial de aço e possuía auditórios suspensos com pisos, paredes, coberturas e passarelas móveis, permitindo a manipulação e o reposicionamento dos componentes para atender diversas atividades que pudessem ocorrem em seus aproximados 2.000m² (ANDERS, 2007, pg. 52).

Imagem 23. Cobertura projetada por Frei Otto, arena olímpica de Munique, 1972

HABITAÇÕES TRANSPORTÁVEIS HOJE Imagem 22. Perspectiva Fun Palace

Como citado anteriormente, Price influenciou muitos arquitetos, sendo um deles o arquiteto Frei Otto, que desenvolveu um trabalho baseado na busca da eficiência da forma, leveza e flexibilidade através das tensoestruturas (Imagem 23), que poderiam ser úteis para resolver vários problemas projetuais. Fundou em 1957 o Centro de Desenvolvimento de Estruturas Leves e em 1964, o Instituto de Estruturas Leves na Universidade de Stuttgart, tornando Otto um grande representante no desenvolvimento desse sistema construtivo (ANDERS, 2007, pg. 53 e 54).

Abrigos médicos Nos anos 60, por conta das guerras que aconteciam nessa época, o exército Norte-Americano sentiu a necessidade de desenvolver unidades hospitalares que tivessem as mesmas características das habitações transportáveis, como a transportabilidade e a facilidade de montagem, chamada Medical Unit, Self-contained, Transportable (MUST) (Imagem 24) que possuía uma estrutura era inflável, porém, com fechamentos rígidos revestidos com alumínio. Essas unidades foram muito usadas na guerra do Vietnã (19551975) e do Golfo (1990-1991) (ANDERS, 2007, pg. 50).


Imagem 24. Unidade móvel hospitalar no Vietnã

Imagem 25. Tenda transportável no Sudão do Sul

Atualmente os abrigos médicos são muito usados em casos de guerra, desastres “naturais” ou qualquer situação emergencial que tenha a necessidade de ajuda médica. É o caso da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), criada na França em 1971. A MSF é a maior organização humanitária internacional nos dias de hoje e tem como objetivo levar cuidados de saúde para pessoas que foram afetadas por crises humanitárias, além de chamar a atenção do mundo para com esses casos (Médicos Sem Fronteiras, s.d.). Por conta do caráter emergencial que essas crises apresentam, a organização se utiliza de kits que contêm os medicamentos, suprimentos e equipamentos básicos como os abrigos transportáveis, que são feitos principalmente de lona (Imagem 25 e 26). Esses kits são personalizados e adaptados para cada situação e podem ser viabilizados entre 48 e 72 horas (FRANCISCO, 2017, pg. 12).

Imagem 26. Campo de refugiados em Dundo

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Habitações contemporâneas

LINHA DO TEMPO DAS HABITAÇÕES TRANSPORTÁVEIS

Na contemporaneidade, arquitetos estão desenvolvendo um novo modelo de habitação transportáveis. Estas, além de possuírem as vantagens dos abrigos citados anteriormente, como a rápida montagem e etc, possuem algo que nenhuma outra construção tinha, o luxo. Num momento onde o minimalismo está se sobressaindo, essas construções estão ganhando força pelos seus designs inovadores e pela sua simplicidade e praticidade.

Pré-História Tenda Tipit

Um escritório de arquitetura da Estônia chamado Kodasema, desenvolveu uma linha de casas transportáveis com cerca de 26m², possuindo diferentes tipologias e materiais que atendem vários tipos de gostos e finalidades, como as casas feitas em concreto (Imagem 27); de madeira (Imagem 28 e 29); e até uma flutuante (Imagem 30). A casa é transportada como um trailer e sua montagem leva menos de um dia. Além disso, o nivelamento do solo e as conexões de água, esgoto e eletricidade são feitos pelo próprio escritório. A casa KODA é um exemplo de como podemos obter uma construção compacta, porém confortável e luxuosa (Kodasema, s.d., tradução prória).

1916

Abrigo Nissen Hutt

1928

Dymaxion Houset Imagem 27. KODA Concrete

1961

Fun Palacet

Imagem 28. KODA Light Extendedt

Imagem 29. KODA Lightt

Imagem 30. KODA Light Float

Contemporaneidade KODA Light

Imagem 31. Linha do tempo das habitações transportáveis


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edificaçþes 7. emergenciais


definição A Declaração Universal dos Direitos Humanos (UDHR 1948 – Universal Declaration of Human Rights) possui o direito ao abrigo implícito em seus artigos. De acordo com o artigo 3° da UDHR, “Todo indivíduo tem o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”, já o artigo 25° explica que (ANDERS, 2007, pg. 55): Ao ocorrer uma situação de emergência decorrente de um desastre ambiental que resulte na destruição parcial o completa de residências, certas medidas podem ser tomadas para auxiliar a população. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle (UDHR, 2009, pg. 13).

Segundo Babister (2002, apud ANDERS, 2007, pg. 55), esses abrigos têm a finalidade de: Proteção de elementos externos: Um abrigo pode amenizar essa relação entre os elementos externos e os indivíduos, pois os protegem. Devem, porém, serem capazes de se ajustarem aos elementos externos do local onde será instalado o abrigo, como o clima, os aspectos culturais, entre outros. Ou seja, os materiais usados na construção desses abrigos, devem ser adequados para: o clima quente, através do sombreamento e do controle de doenças; e para o clima frio, através da produção de calor, do controle da condensação e da proteção ao frio (ANDERS, 2007, pg. 55). Preservação da dignidade: Por conta da dificuldade em se estabelecer relações agradáveis entre os indivíduos através dos abrigos, esta se torna uma questão menos alcançável. A missão do abrigo para com a preservação da dignidade passa a ser o desenvolvimento de espaços onde o abrigado se sinta seguro e tenha privacidade (ANDERS, 2007, pg. 56). Orientação e identidade: Os abrigos podem ajudar os abrigados oferecendo ambientes que os ajudem em suas situações, para que esses indivíduos, muitas vezes confusos e traumatizados, consigam identificar suas necessidades futuras. Para preservar a identidade dos abrigados, se é usado materiais e formas familiares, para que eles aceitem mais facilmente a ideia de viver em abrigos, deve-se, contudo, se atentar nas diferentes formas e materiais das diferentes culturas (ANDERS, 2007, pg. 56).

Os sobreviventes de um desastre ambiental, por exemplo, podem enfrentar variados graus de estragos materiais. Ou seja, é necessário o fornecimento de soluções para todos os tipos de danos. A seguir serão citadas essas medidas que podem ser tomadas para auxiliar a população quando ocorrer uma situação de emergência decorrente de um desastre ambiental de acordo com Anders (2007): • Reparo e reabilitação das casas: caso a casa tenha sido afetada, poré não está em uma área de risco, os indivíduos podem permanecer em suas casas, necessitando apenas de reparos. Esses reparos são feitos por programas específicos a partir dos materiais básicos que são distribuídos. • Auto-abrigo: quando as vítimas do “desastre” se abrigam em hotéis; em casas de amigos e familiares, que devem receber auxilio como camas e utensílios domésticos; ou até improvisam seu próprio abrigo, prática que não deve ser encorajada pela falta de conhecimento dessas pessoas com situações de emergência. • Adaptação de edifícios: é a organização de abrigos adaptados (“centros coletivos”) em edifícios ou estruturas existentes, como escolas, galpões, igreja, albergues, ginásios, clubes, etc, (após a realização de inspeções). Além de servirem como abrigo para as vítimas, também auxiliam na distribuição de alimentos por se encontrar muitas pessoas no mesmo lugar. • Acampamentos temporários: construção de abrigos temporários em terrenos (quando houver disponibilidade), após terem se esgotado todas as opções anteriores. “Embora o abrigo fornecido nesses acampamentos tenha o intuito de ser temporário, metade deles dura mais de 5 anos, e apenas 25% dura menos de dois anos.” (ANDERS, 2007, pg. 60).

Recomendações Gerais para a construção dos abrigos Em consequência de “desastres naturais” severos, como terremotos, erupções vulcânicas ou tsunamis, um grande número de moradias e edificações podem ser arruinadas. Por conta disso, de acordo com Castro (1999 – vol. 1, apud, ANDERS, 2007, pg. 75), é necessária a construção de abrigos temporários em áreas afastadas da área de risco para os indivíduos afetados. Quando construído de forma adequada, se torna um elemento essencial


para evitar doenças e mortes dos indivíduos afetados, que devem ser abrigados o mais rápido possível. O abrigo deve auxiliar os abrigados na retomada de suas atividades econômicas, nas atividades da comunidade para poderem reconstruírem suas vidas (ANDERS, 2007, pg. 57).

[...] um abrigo emergencial deve sustentar a vida. As pessoas em um desastre ou os refugiados em casos de conflitos armados têm necessidades imediatas por abrigos. O abrigo deve ser acessível, ter uma fonte de água, um sistema sanitário, provisão de alimentos e de atendimento médico. Todas essas necessidades são imediatas em uma emergência, no entanto devem ser tratadas como provisórias, somente até a reabilitação e reconstrução das moradias afetadas (ANDERS, 2007, pg. 57).

Como citado anteriormente, há certas situações que demandam a construção de abrigos temporários, como por exemplo a devastação de grande parte das moradias e de edificações que poderiam ser usadas como abrigo provisório. De acordo com Skeet (1977, apud ANDERS, 2007, pg. 75), devem levar em consideração certar medidas para o desenvolvimento desses abrigos: 1. Custo e facilidade de transporte: Os abrigos deverão, além de serem baratos, usar mão-de-obra local (quando possível) ou material importado barato, leve e compacto. Tanto para os abrigos, quanto para os reparos nas casas afetadas, devem-se levar em consideração a utilização dos materiais de fácil obtenção e que sejam leves, como a lona plástica, por ser impermeável, resistente, flexível e razoavelmente durável; e as chapas de aço ondulado galvanizado por serem relativamente baratas de produzir e de transportar. O uso de matérias locais está sendo cada vez mais utilizado, o que reduz bastante o custo do abrigo, o tempo de fornecimento e por ser familiar aos abrigados (ANDERS, 2007, pg. 58). 2. Fácil construção: Os abrigos deverão ser de fácil montagem, necessitando de pouca mão-de-obra qualificada para erguê-lo. 3. Aceitabilidade cultural: Quando possível, seguir as formas de construções locais e usar materiais da região. O tamanho do abrigo deve, além de ser apropriado à sociedade, ser variável para abrigar desde família à indivíduos solteiros. 4. Adequação climática: Usar matérias de isolamento térmico que se adequem ao clima e que sejam resistentes ao vento, levando em consideração a população usuária do abrigo, as atividades que vão ser realizadas e a comida disponível. Instruções sobre a adaptabilidade do abrigo em razão das mudanças climáticas devem ser dadas aos abrigados.

5. Local e disposição dos abrigos: A área de implantação do abrigo deve ser adequada, oferecendo uma drenagem adequada*, amplo espaço e possuir um fornecimento de água. Além disso, deve ser adequado à todas estações do ano e ficar em uma região isolada de insetos e outras pragas. 6. Efeito de grandes períodos de permanência: Os abrigos temporários não devem ser suficientemente permanentes para que não se tornem favelas, ou seja, precisam apenas cumprir sua finalidade durante o período da emergência sem manutenção adicional. Podendo também ser de fácil desmontagem; reciclável; ou de fácil conversão destes em armazéns, depósitos, abrigos para animais, etc (ANDERS, 2007, pg. 57). “A provisão de soluções completamente importadas, em alguns casos doadas pela comunidade internacional, não pode ser vista como um auxílio em longo prazo, pois isto aumentar o perigo da dependência externa por auxílio e ajuda, enquanto o desenvolvimento da confiança local, crescimento econômico e demais atividades são dificultadas” (ANDERS, 2007, pg. 57).

Tipologias dos abrigos emergenciais As soluções para abrigos emergenciais transportáveis foram feitas por designers e agências humanitárias e seguem duas linhas de pensamento muito diferentes: • Intervenção mínima: o abrigo deve apenas servir como suporte aos desabrigados, para não criar dependência dos assistidos, evitando assim que eles retornem para suas casas. Normalmente, nesse estilo de abrigo, são usados materiais e técnicas da região. • Intervenção maior: Esse pensamento sugere uma intervenção mais planejada, às vezes a longo tempo. Por conta disso, as propostas necessitam de uma maior tecnologia que resultam num maior custo, o que muitas vezes é incompatível como a situação. Essas duas linhas divergentes de pensamentos, possuem várias tipologias de abrigos que são classificados em dois grupos: • In loco: São abrigos com um custo mais baixo por usarem materiais disponíveis no local, podendo ser reciclados posteriormente. 46


• Kits: São os abrigos que são transportados praticamente prontos, necessitando apenas de montagem. “Devem ser duráveis, em unidades pequenas e leves, com aparência de temporário e aceitabilidade cultural.” (ANDERS, 2007, pg. 60). Kronenburg (1995, apud, ANDERS, 2007, pg. 61), agrupa essas tipologias em quatro categorias: Module, Flat-pack, Tensile e Pneumatic, que serão apresentadas a seguir.

module O sistema Module (Imagem 32 e 33) consiste em abrigos que são entregues praticamente prontas, ou seja, não necessitam de montagem. Podem ser completamente independentes, necessitando apenas de conexão à rede de esgoto, água e eletricidade; ou modulares, que possui o mesmo tamanho de uma unidade independente, porém podem variar de função de acordo com as necessidades, ou até serem conectadas umas às outras para forma espaços maiores. Ambos podem ser transportados por caminhão, helicóptero ou avião. (ANDERS, 2007, pg. 61).

Imagem 33. Abrigo formado por várias unidades MSS

Flat-pack As unidades Flat-pack (imagem 34 e 35), quando montadas, são muito similares ao sistema Module. Entretanto, a grande diferença é a forma com que são entregues: todos os componentes que integram a unidade estão desmontados, o que significa que seu tamanho quanto transportado é muito menor. Outra vantagem deste sistema se verifica nos casos onde há limitações ao acesso, assim o tamanho, peso e volume tornam-se restrições. Os materiais utilizados são semelhantes às unidades Module, no entanto a qualidade e eficiência do sistema dependem mais dos procedimentos de montagem. Esses dois sistemas – Module e Flat-pack – embora não sejam os mais indicados para situações onde espaços mais flexíveis são necessários, são as formas mais comuns produzidas para o fornecimento de abrigo militar.

Imagem 32. Mobile Shelter Systems (MSS), desenvolvido pela Força Aérea Real Norueguesa


Existem variações mais elaboradas desse tipo de estrutura, mas todas as soluções consistem em dois elementos básicos: uma armação rígida, geralmente de aço ou alumínio, que trabalha à compressão; e uma membrana tensionada presa à armação (ANDERS, 2007, pg. 64).’

Imagem 36. Exemplo da tipologia Tensile

Imagem 34. Abrigo desenvolvido pelo exército americano, chamado COGIN

Pneumatic As estruturas pneumáticas ou infláveis funcionam de maneira semelhante às estruturas tensionadas: sua estabilidade deve-se a uma membrana sob tensão; entretanto, a pressão é exercida pelo ar (Imagem 37). Esse sistema permite a construção de estruturas de grande porte, leves, fáceis de transportar e de montagem rápida. Ainda existem alguns problemas associados a sua resistência ao carregamento exercido pelo vento e o seu esvaziamento acidental em casos de furos ou falhas no fornecimento de ar, pois há a necessidade de suprimento de energia constante.

Imagem 35. Unidades COGIN conectadas formando um grande abrigo

Tensile O sistema Tensile (Imagem 36) apresenta-se mais flexível e mais indicado para situações onde espaços mais flexíveis são necessários. A solução mais comum empregada nesse sistema é a de uma armação rígida que sustenta uma fina membrana: as tendas.

Imagem 37. Abrigo desenvolvido pela empresa americana IEK

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8. estudos de caso


ESTUDO DE CASO NACIONAL Casa Círculo

Materialidade e construção

Ficha Técnica Projeto: Casa Círculo Autor: Luiz Giovani Pozzobon Local: Santa Maria, Rio Grande do Sul Ano: 2014 Imagem 38. Casa Círculo, detalhe da estrutura

A estrutura do teto da Casa Círculo foi feita com madeira de pinus e seu fechamento, que possui aberturas para a entrada de iluminação, com uma placa produzida a partir de embalagens tetra pak - que são as caixinhas de leite, sucos e tubos de pasta de dente (Imagem 38). Além disso, a casa possui um sistema de ventilação que funciona através da captação do ar frio e úmido pelos tubos subterrâneos. A preocupação ambiental foi aplicada em todos os detalhes da construção, futuramente, os donos planejam instalar painéis solares, tornando assim a casa mais sustentável (Rede Brasil Sul, 2017).

Casa chassi

Ficha Técnica Projeto: Casa Chassi Autor: Bernado Horta e Pedro Haruf, Ano: 2015

O projeto O projeto tem como objetivo criar a consciência sobre a sustentabilidade nas pessoas e a preservação do meio ambiente, a partir da construção da casa feita com materiais que costumam ser jogados no lixo, como caixas de leite e outras embalagens. A Casa Círculo está inserida em um ambiente rodeado por córregos, mata nativa e muitas belezas naturais, oferecendo assim uma vista espetacular (Rede Brasil Sul, 2017).

Projeto

Luiz Giovanni, que é dono da propriedade junto com sua esposa, reflorestaram o local e construíram a casa sustentável, após adquirirem a área. Inicialmente eles pretendiam construir um local que promovesse atividades mais privadas, porem hoje, com o interesse do público, eles abriram a casa para a realização de eventos que comportam até 200 pessoas (Imagem 39) (Rede Brasil). Sul, 2017).

Imagem 39. Apresentação realizada na Casa Círculo

Imagem 40. Vista Axonometríca Explodida, Casa Chassi

A casa Chassi foi projetada com o intuito de reduzir os custos de construção, porém mantendo a qualidade projetual. Apesar de ser considerada uma arquitetura contemporânea, o projeto se utiliza de referências da arquitetura de Le Corbusier, Jean Prouvé e da indústria automobilística, referência a qual serviu de inspiração para seu nome. Além da preocupação com o conforto, os arquitetos que desenvolveram essa casa queriam proporcionar uma experiencia diferente a seus compradores, uma vez que foi projetado um sistema digital onde os consumidores podem escolher a casa que se adeque a eles em relação a custos,


A construção é feita em apenas 10 dias e uma casa de 81m² que conta com dois dormitórios, banheiro, cozinha, sala de estar e varanda custa apenas R$ 175 mil, o que é muito abaixo do valor dos imóveis tradicionais.

Imagem 41. Casa Chassi

gosto, dimensões e particularidades, oferecendo algo próximo a o que se encontra na indústria automobilística. Primeiramente o comprador escolhe o módulo a partir de 16 tipologias pré-estabelecidas, depois as portas e janelas, cor, os revestimentos externos e internos, a cobertura, entre outras coisas.

Materialidade e construção Como citado anteriormente, foi desenvolvido 16 tipologias iniciais que possuem uma estrutura básica feita em módulos de 9m x 3m de peças que se encaixam umas nas outras, igual ao chassi de um carro. Isso permite que o projeto possa ser personalizado por possuir diferentes opções de cozinha, sala de estar, quarto, além de ser montado facilmente e reduzir as complicações com mão de obra, entulho e despesas. O projeto conta também com uma adaptabilidade de uso, uma vez que pode ser usado como bar, restaurante, loja, escola e escritório. Imagem 42. Setorização Casa Chassi

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ESTUDO DE CASO INTERNACIONAL por exemplo, enquanto uma equipe prepara a estrutura externa de bambu, uma outra pode preparar o núcleo central ou até o invólucro têxtil; conexão das casas a fim de criar tanto casas duplas ou quádruplas e pequenas aldeias.

Just a Minute

Imagem 43. Just a Minute, perspectiva ilustrativa

Ficha Técnica Projeto: Just a Minute Autor: Barberio Colella ARC Local: Katmandu, Nepal Ano: 2015 Área interna: Aproximadamente 48m² Custo: Não divulgado

O projeto Depois de um terremoto causar os maiores prejuízos da história do Nepal deixando milhares de habitantes desabrigados, o escritório Barberio Colella ARC desenvolveu uma estrutura temporária que fosse além de leve, durável, compacta e econômica, mas também feita a partir de materiais locais e que não necessitasse de mão-de-obra especializada para monta-la. “Just a Minute” tem como objetivo construir uma nova vida para as pessoas afetadas pelo terremoto em poucos minutos, proporcionando abrigo e proteção, de uma forma simples, porém eficiente.

Imagem 44. Sistema de Instalação Just a Minute

Esse revestimento têxtil é leve porem resistente, pois possui uma dupla camada de juta branca preenchida com lã para isolamento reciclada, feita de suéteres velhos e roupas que podem ser coletadas através de doações. Essa dupla camada é coberta com uma membrana impermeável, que por ser um pouco afastada da juta permite a transpiração dos ambientes internos, porém sem prejudicar o isolamento térmico tanto ao calor quanto ao frio, o que é fundamental por conta do clima do Nepal. Já as fachadas laterais nos menores lados são feitas de policarbonato montado em uma moldura de bambu, que é usada como brise solar. O mais interessante dessa fachada é o fato de serem adaptáveis, ou seja, é possível abrir o brise para ventilar o interior no verão ou mantê-lo fechado no inverno.

MATERIALIDADE E CONSTRUÇÃO A instalação do abrigo é feita através de operações simples pois a casa é transportada já construída. Ao chegar no local de instalação é necessário realizar apenas a montagem da estrutura, que é feita através de seu desdobramento, pois foi projetada com pontos pivotantes entre os elementos verticais e horizontais de bambu, após a abertura da estrutura, esta é fixada por parafusos borboleta. Além disso a modularidade do projeto permite: organizar o processo de construção em etapas, como em uma linha de montagem, Imagem 45. Área interna com foco no brise


Na parte central da casa há um núcleo de 1,5 x 4 m feito em painéis revestidos de madeira OSB, que é o local que se encontram o banheiro com os serviços mínimos (chuveiro, pia, banho químico) e a cozinha, garantindo um bom nível de higiene às pessoas. Ao redor desse núcleo central encontramos a área de estar e dormir com 4 x 4 metros, além de um espaço externo coberto com 1 x 4 metros.

PAPER LOG HOUSE Projeto: Paper Log House Autor:ShigeruBan Architects Local: Kobe, Japão Ano: 1995 Área interna: Custo: Aproximadamente 2 mil dólares (unidade de 52 m²) Imagem 48. Paper Log House Kobe, vista externa

Imagem 46. Setorização, Just a Minute

O teto Mono-pitched (telhado inclinado) permite-lhe instalar facilmente os painéis solares e fotovoltaicos para tornar a energia doméstica autossuficiente. Além disso, o abrigo conta a captação de água da chuva pelo telhado para ser usada no núcleo central da unidade habitacional.

O projeto Após um terremoto devastar a cidade de Kobe no Japão em 1995 e deixar 6400 mortos, 35 mil feridos e 300 mil desabrigados, o arquiteto Shigeru Ban, desenvolveu uma habitação de emergência usando materiais simples como tubos de papelão reciclados. A Paper Log House tinha como objetivo, além da proteção, proporcionar dignidade, conforto e privacidade para seus usuários, devolvendo “o direito de viverem abrigados outra vez.” (Campos, 2009) Shiregu Ban soube captar e desenvolver um projeto que não só atendia as necessidades humanas, mas que também respeitava o solo em que iria ser implantado, o que é de muita importância já que no Japão acredita-se que o solo seja um lugar sagrado (Campos, 2009).

Imagem 47. Componentes Just a Minute

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Imagem 49. Setorização, Paper Log House

Materialidade e construção O projeto é todo feito com materiais reciclados, como tubos de papel e caixas de cerveja. Os tubos de papel, por exemplo, foram usados como paredes (portantes), pisos e tetos da construção, pois o projeto exigia uma construção de fácil montagem/ desmontagem e que fosse de baixo custo. Por conta disso, as unidades são facilmente descartadas ou recicladas (AD Editorial Team, 2014).

• Fundação: Caixas de cerveja preenchidas por sacos de areia • Paredes: Tubos de papel com 4 mm de espessura e 106 mm de diâmetro. • Cobertura: Material utilizado em barracas • Isolamento: Fita de esponja à prova d’água entre os tubos de papel.

Imagem 50. Vista Axonometríca Explodida, Paper Log Houset

A Paper Log House permite que haja alterações no projeto quando há necessidades, e isso pode ser notado quando analisamos os projetos da Paper Log House na Turquia após um terremoto em 1999 que matou cerca de 17 mil pessoas, e na Índia em 2001 onde aproximadamente 15 mil pessoas morreram em 2001 devido à abalos sísmicos (FRANCISCO, 2017, pg. 19). O projeto da Turquia precisou ser maior que o de Kobe por conta do padrão das madeiras de construção que se usava no país e do tamanho médio da população turca. “Esta versão do projeto também teve maior isolamento térmico, proporcionado por fibras de vidro colocadas no teto e por papelão e folhas de plástico desfiado inseridas dentro dos tubos.” (FRANCISCO, 2017, pg. 19).


Ánalise geral dos estudos de caso Para a escolha dos projetos a serem analisados foram levadas em consideração duas características: a materialidade alternativa ( Paper Log House e Casa Circulo) e a montabilidade diferenciada (Casa Chassi e Just a Minute).

Imagem 51. Paper Log House Turquia, vista externa

Já o projeto da Índia se diferencia dos outros por conta de sua fundação feita a partir de entulhos de construções destruídas, pois não se encontrava caixas de cerveja tão facilmente nesta área e também pelo seu telhado com vigas e cumeeiras de bambu recobertas com lona plástica transparente para proteger contra a chuva, seguida de uma camada de esteira de cana, que permitiu uma ventilação através de furos que se encontravam nela (AD Editorial Team, 2014).

Imagem 52. Paper Log House Índia, vista externa

Essa análise foi fundamental para se entender que é possível se fazer projetos incríveis usando materiais não convencionais e que a forma como ele é projetado na questão de montagem, pode facilitar muito na instalação dos abrigos emergenciais por diminuir o tempo de montagem e o custo da construção.

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9. inserção urbana


O município A cidade de São Bernardo do Campo foi fundada em 08 de abril de 1553 por João Ramalho. É um município do estado de São Paulo e pertence a Zona Sudeste da grande São Paulo, possui uma área de 408,55 km² e uma população de 822,424 pessoas de acordo com o censo de 2016. A região, conhecida nessa época por Vila de Santo André da Borda do Campo, começou a ser povoada pelos padres jesuítas através da instalação de um novo colégio situado numa colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, nos limites do rocio de Santo André. Porém essa nova Vila sofria com frequentes ataques dos índios carijós, o que resultou na transferência desta para as imediações do Colégio o que deu origem à cidade de São Paulo. Após essa transferência, o lugar que passou a se chamar Borda do Campo, foi ocupado por lavradores e criadores de gado e posteriormente por monges no começo do século XVIII. Esses monges viviam em uma fazenda localizada entre o Ribeirão dos Meninos e o antigo caminho do mar, onde em 1717 foi construída uma igreja em homenagem a São Bernardo, o que deu origem ao atual nome da cidade.

Hoje, os problemas da cidade são os mesmos das grandes metrópoles mundiais, como a violência, a poluição e o déficit habitacional, que como pode-se analisar na tabela 01, São Bernardo tem a maior quantidade de domicílios em condições precárias na Região do Grande ABC.

Tabela 01. Domicílios Precários e/ou Irregulares na Região do Grande ABC - 2016

Com a construção da Calçada do Lorena (1789 – 1791), o transporte de mercadorias até o litoral foi facilitado, o que impactou a economia do lugar. Posteriormente esse transporte passou a ser realizado pela linha férrea que conectava a cidade de São Paulo com o porto de Santos, fator essencial para o desenvolvimento de São Paulo no final do século XIX. O crescimento populacional da cidade ocorreu por conta do intenso fluxo migratório de estrangeiros entre 1877 e 1897, resultou no seu desmembramento da cidade de São Paulo no dia 12 de março de 1889, com o sancionamento da lei n.38 pelo Presidente da Província, Pedro Vicente de Azevedo, oficializando-se assim a criação do Município de São Bernardo. No começo do século XX, a atual São Bernardo do Campo, possuía um desenvolvimento econômico muito alto por conta de suas inúmeras industrias, como as fabricas de carvão, de corte de madeira e a de móveis. Esse desenvolvimento foi acelerado pela inauguração da Via Anchieta em 1947, que além de facilitar o transporte das mercadoria pro litoral, fez com que várias indústrias automobilísticas como a Ford, Scania e Volks e de múltiplas fábricas de autopeças como a Perkins, Gemmer e Mangels, se instalassem na cidade a tornando um dos principais polos industriais do país nas décadas de 50, 60 e 70. Porém, na década de 90, sua economia foi afetada pelas grandes alterações ocorridas na economia mundial o que levou a diminuição da importância industrial de São Bernardo.

Tabela 02. Informações Gerais São Bernardo do Campo


LOCALIZAÇÃO

Imagem 53. Localização do Estado de São Paulo no mapa do Brasil

Imagem 54. Mapa região metropolitana de São Paulo

Imagem 55. Município de São Bernardo do Campo

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MACRO ANÁLISE

A Macrozona Urbana Consolidada (MUC) de São Bernardo se situa na Bacia do Rio Tamanduateí e corresponde à parcela do território do município que possuí a maioria dos benefícios da urbanização, a maior oferta de infraestrutura e equipamentos urbanos. Por conta dos motivos citados, foi escolhido um terreno inserido nessa macrozona.

Imagem 56. Mapa Macrozonas São Bernardo do Campo


Os municípios são divididos em macrozonas pelo Plano Diretor, que posteriormente, são divididas em zonas ou áreas e em zonas especiais, as quais possuem diferentes parâmetros e diretrizes para o uso e ocupação do solo. Esses parâmetros e diretrizes tem como finalidades: o controle do solo urbano a fim de prover áreas com diferentes finalidades sem que elas interfiram negativamente no meio ambiente; assegurar a integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município; garantir o acesso à terra e à moradia digna, como fator de inclusão social; proteger o ambiente e os recursos naturais, em especial as áreas ambientalmente sensíveis, a APRM- Billings e as unidades de conservação ambiental; entre outras. A partir da análise do mapa ao lado, de parcelamento e uso e ocupação do solo da cidade de São Bernardo do Campo, foi escolhida uma área classificada como favela localizada no bairro Montanhão para se realizar a intervenção.

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Imagem 57. Mapa uso e ocupação do solo da Macrozona Urbana Consolidada de São Bernardo do Campo

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LEGISLAÇÃO Plano Diretor de São Bernardo do Campo O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana e parte integrante do planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporarem as diretrizes e as prioridades contidas nesta Lei, que abrange a totalidade do território municipal. Lei n° 6.222, de 3 de setembro de 2012 – Prefeitura de São Bernardo do Campo TÍTULO I DA CONCEITUAÇÃO GERAL E DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO II DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ART 6: A função social da cidade corresponde ao direito à cidade como direito difuso dos habitantes do Município de São Bernardo do Campo e tem como componentes, de acordo com o inciso I do artigo 2º do Estatuto da Cidade: - o direito à moradia digna; - o direito ao saneamento ambiental; TÍTULO II DOS OBJETIVOS GERAIS DA POLÍTICA URBANO-AMBIENTAL E DOS OBJETIVOS E DIRETRIZES ESPECÍFICOS DAS POLÍTICAS SETORIAIS CAPÍTULO I - DOS OBJETIVOS GERAIS DA POLÍTICA URBANO-AMBIENTAL ART 8: Constituem objetivos gerais da política urbano-ambiental: - ordenar e controlar o uso e ocupação do solo urbano, de forma a prover áreas para as diferentes atividades urbanas, sem que haja incompatibilidades de usos e efeitos negativos sobre o meio ambiente; - induzir à adequada utilização dos imóveis ociosos, mediante aplicação de instrumentos urbanísticos que façam cumprir a função social da propriedade; - garantir o acesso à terra e à moradia digna, como fator de inclusão social; - proteger o ambiente e os recursos naturais, em especial as áreas ambientalmente sensíveis, a APRM- Billings e as unidades de conservação ambiental;

CAPÍTULO IV - DOS OBJETIVOS E DIRETRIZES DA POLÍTICA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO ART. 15: A Política Municipal de Habitação se rege pelo princípio constitucional do direito à moradia digna, que assegura padrões básicos de habitabilidade, infraestrutura, saneamento ambiental, mobilidade e acesso a equipamentos e serviços urbanos e sociais, constituindose em vetor de inclusão social e de qualidade de vida na Cidade. Parágrafo Único. São fundamentos da Política Municipal de Habitação: - a regularização e integração urbana de assentamentos precários ou irregulares; - a provisão habitacional; ART. 16: A Política Municipal de Habitação tem os seguintes objetivos gerais: - universalizar o acesso à moradia digna, considerando a disponibilidade de recursos e a capacidade operacional do setor público e dos agentes envolvidos na sua implementação;

- dimensionar as necessidades habitacionais da população residente no Município, bem como os meios necessários para o seu pleno atendimento;

- promover a urbanização, a regularização e a inserção dos assentamentos precários à Cidade, bem como a eliminação de riscos à vida associados à condição de moradia; ART. 17: Para a consecução dos objetivos e implementação da Política Habitacional, observarse-ão as seguintes diretrizes e estratégias: - assegurar, na formulação e implementação dos projetos de intervenção, a adoção do conceito de moradia como habitat, que envolve o acesso à infraestrutura, aos serviços públicos, promovendo a inserção Art. 14 Art. 15 Art. 16 Art. 17 moradia como habitat, que envolve o acesso à infraestrutura, aos serviços públicos, promovendo a inserção dos assentamentos habitacionais na Cidade Legal, de forma sustentável;


- assegurar sustentabilidade ambiental nas soluções habitacionais planejadas;

- adotar critérios diferenciados de priorização da intervenção pública, conforme a natureza das necessidades e das intervenções habitacionais demandadas;

- priorizar soluções de moradia para a população que vive em situação de risco físico e ambiental;

- incentivar a produção, pela iniciativa privada, de unidades habitacionais voltadas para habitação de interesse social e do mercado popular;

- incentivar a utilização de imóveis vazios e subutilizados para habitação de mercado popular;

- apoiar esforços para aplicação de padrões mínimos de conforto ambiental, da redução do desperdício e da capacitação profissional para a execução e gestão de obras;

- assegurar sustentabilidade financeira e a adoção de soluções de mínimo custo;

- priorizar investimentos populares, urbanizando e regularizando os assentamentos existentes, sempre que a manutenção das famílias seja compatível com a segurança, a salubridade e a sustentabilidade ambiental;

TÍTULO III - DO ORDENAMENTO TERRITORIAL CAPÍTULO I DO MACROZONEAMENTO CAPÍTULO I – DO MACROZONEAMENTO ART. 28: A Macrozona Urbana Consolidada - MUC, situada na Bacia do Rio Tamanduateí, corresponde à parcela do território objeto da maioria dos benefícios da urbanização, com maior oferta de infraestrutura e equipamentos urbanos.

1º A estratégia definida para a MUC objetiva a intensificação da ocupação e o adensamento populacional, inibindo a permanência de terrenos ociosos em meio urbanizado e buscando compatibilizar o crescimento com a capacidade de suporte da infraestrutura instalada e projetada. 2º Na MUC deverão ser observadas as seguintes diretrizes: - ordenamento e controle do uso do solo, respeitando a diversificação existente e distribuindo os usos, segundo a hierarquia viária, em função de suas incomodidades; - indução da ocupação dos terrenos não edificados, não utilizados e subutilizados; - reestruturação das áreas urbanas deterioradas, promovendo transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e equilíbrio ambiental; CAPÍTULO II DO ZONEAMENTO ART. 37: As Zonas Especiais correspondem a recortes territoriais com características singulares que carecem de intervenções ou restrições especiais, classificando-se em: I - Zona Especial de Interesse Social - ZEIS, que se subdivide em ZEIS 1 e ZEIS 2; e ART. 38. As Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS se destinam, prioritariamente, à regularização fundiária, requalificação urbanística e socioambiental e produção de habitação de interesse social e de mercado popular § 1º As ZEIS ficam classificadas em: I - ZEIS 1 - áreas ocupadas predominantemente por população de baixa renda, abrangendo favelas, loteamentos irregulares e empreendimentos habitacionais de interesse social, em que haja interesse público em promover recuperação urbanístico-ambiental, regularização fundiária ou produção de Habitação de Interesse Social - HIS; e 64


II - ZEIS 2, constituídas por áreas não edificadas ou subutilizadas, destinadas à produção de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular (HMP). ART. 39: As ZEIS serão reguladas em lei específica que definirá parâmetros especiais de uso e ocupação do solo, bem como os instrumentos necessários ao cumprimento de seus objetivos, respeitados os coeficientes de aproveitamento definidos nesta Lei.

CAPÍTULO III - DAS DIRETRIZES PARA A OCUPAÇÃO DO SOLO ART. 54: A lei de parcelamento, uso e ocupação do solo deverá estabelecer, no mínimo, os seguintes parâmetros para controle da ocupação do solo: I - taxa de ocupação;

ART. 40: Define-se como Habitação de Interesse Social (HIS) aquela produzida para atender às famílias com renda familiar mensal não superior a 3 (três) salários mínimos, bem como a moradora ou oriunda de assentamentos habitacionais irregulares e precários.

II - taxa de permeabilidade mínima;

ART. 42: Os empreendimentos de HIS e os de HMP, na faixa de renda de 3 a 6 salários mínimos, poderão ser produzidos em ZEIS e fora de ZEIS, na Zona de Usos Diversificados da Macrozona Urbana Consolidada.

IV - recuos frontais, laterais e de fundo.

TÍTULO IV - DAS DIRETRIZES PARA A REVISÃO DA LEGISLAÇÃO DE PARCELAMENTO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO CAPÍTULO I DAS DIRETRIZES GERAIS ART. 46: O uso do solo no Município de São Bernardo do Campo se classificará em três categorias: I - Categoria de Uso Residencial - R, que se destina à moradia unifamiliar ou multifamiliar; II - Categoria de Uso Não Residencial - NR, que compreende as atividades industrial, comercial, de prestação de serviços e institucional, além de atividades econômicas primárias, como agricultura, pecuária e extração mineral; e (Redação dada pela Lei nº 6238/2012)

III - gabarito; e

ART. 55: Os coeficientes de aproveitamento mínimo, básico e máximo para a Macrozona Urbana Consolidada - MUC são os constantes do QUADRO 1, observando-se a transição disposta no Quadro 1A, previsto na alínea “b”, do inciso II, do art. 135, desta Lei. Parágrafo Único. A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo poderá estabelecer Art. 77: Na Macrozona Urbana Consolidada (MUC), é obrigatório a observância das seguintes taxas de permeabilidade: I – 10% (dez porcento) para lotes maiores que 250,00² (duzentos e cinquenta metros quadrados e limitados a 500,00m² (quinhentos metros quadrados); e II – 15% (quinze porcento) para lotes maiores que 500,00m (quinhentos metros quadrados).

III - Categoria de Uso Misto - MI, constituída por usos residenciais (R) e não-residenciais (NR) na mesma edificação ou lote

Art. 76: A taxa de ocupação dos lotes localizados na Macrozona Urbana Consolidada (MUC) limitar-se-á a 70% (setenta porcento), salvo nas Zonas Empresariais Restritivas 1 (ZER 1), onde poderá atingir 80% (oitenta porcento).

coeficientes de aproveitamento mínimo superiores e máximos inferiores aos estabelecidos no QUADRO 1, não podendo alterar os coeficientes básicos.

CAPITULO V - DOS GABARITOS Art. 89: As edificações destinadas ao uso residencial unifamiliar (R1) terão gabarito (G) limitado a 9,00m (nove metros) ou até 3 (três) pavimentos.


O bairro O Bairro Montanhão situa-se geograficamente à sudoeste da área urbana do município de São Bernardo do Campo (Imagem 58) e possui cerca de 104.169 habitantes⁴ que vivem em 11,94 Km² sendo que desse total, 5,7 Km² é Área de Proteção e Recuperação aos Mananciais Billings – APRMB. Possui como Limites Geográficos ao norte os bairros Baeta Neves e Nova Petrópole; ao sul a Represa Billings (Reservatório Rio Grande); a leste o município de Santo André e a oeste os bairros Ferrazópolis e Santa Terezinha. Apesar de ser um bairro predominantemente residencial, abriga grandes indústrias.

⁴ Estimativa por bairro: Elaboração PMSBC com base em Nascidos Vivos e Óbitos da Secretaria de Saúde/ PMSBC e Estimativa IBGE. Não considera deslocamentos e saldos migratórios dentro dos bairros.

Imagem 58. Localização do Bairro Montanhão no Município de São Bernardo do Campo

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Tabela 03. Dados gerais do Bairro MontanhĂŁo


Área de intervenção O objeto do estudo trata da comunidade Vila Esperança localizada no Bairro Montanhão, situado no Município de São Bernardo do Campo. Localizado na Estrada do Montanhão, próximo ao km 25 - Rodovia Anchieta, SP-150, tem como limites a Estrada do Montanhão ao sul e uma região de mata ao norte. Situada na micro-bacia do Ribeirão dos Meninos, afluente do Alto Tamanduateí, Bacia do Alto Tietê, a área da favela tem cerca de 14 hectares no qual residem 8.400 habitantes nos 2.100 domicílios.

Imagem 59. Área da favela Vila Esperança

Essa comunidade representa um exemplo de ocupação sobre área de risco, por conta da declividade acentuada do terreno que junto a retirada de cobertura vegetal e a pressão e distribuição das habitações são os principais fatores que provocam a desestabilização dessas áreas.

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10. projeto


MICRO ANÁLISE Como citado anteriormente, o Plano Diretor divide os municípios em zonas ou áreas e em zonas especiais. Uma dessas zonas especiais se denomina Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) que são regulamentadas pela Lei Municipal nº 5.959 de 2009. Estas consistem em porções do território, podendo ser públicas ou privadas, destinadas prioritariamente à regularização fundiária com titulação dos moradores, requalificação urbanística e socioambiental e produção de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular (HMP). A área marcada pelo número 1 e 2 está inserida na Zona Especial de Interesse Social 1, ou seja, áreas ocupadas principalmente por população de baixa renda, abrangendo favelas, loteamentos irregulares e empreendimentos habitacionais de interesse social, em que haja interesse público em promover recuperação urbanístico-ambiental, regularização fundiária ou produção de Habitação de Interesse Social (HIS). O trabalho possui o intuito de remover a favela que compreende nesse local, pois se situa em um terreno muito acidentado e propicio aos desastres ambientais. Já as áreas 3 e 4 são os terrenos que serão construídas habitações de interesse social, o que é compatível com os parâmetros da zona em que se encontram, que nesse caso é a Zona Especial de Interesse Social 2. O que diferencia a área 3 da 4 é o fato da 3 ser usada inicialmente para a implantação de um acampamento emergencial enquanto se constrói a Habitação de Interesse Social no terreno 4.

ÁREA 1 E 2 ÁREA 4 ÁREA 3

Imagem 60. Mapa de uso e ocupação da Macrozona Urbana Consolidada de São Bernardo do Campo


ISODECLIVIDADE O mapa de isodeclividade representa através de cores as áreas dos terrenos escolhidos e nos seus entornos que possuem as mesmas declividades. Essas declividades são previstas pela Lei nº 6766, de 19 de dezembro de 1979, e podem ser observadas na tabela 04. Ao analisar o mapa (imagem 61), podem ser observadas áreas com mais de 50% de declividade, o que algo proibido de acordo com a lei nº 6766, na área da favela. Por isso projeto preve a remoção das pessoas que se encontram nessas áreas da Vila Esperança em São Bernardo do Campo para realocar-las em um terreno adequado. Na tabela 04 se encontra tambem a área, a quantidade de moradores e de domicilios da Vila Esperança por declividade. A partir desses números foi possivél a execussão de um plano urbanistico que atenda todos os habitantes da favela.

Declivi dade

Cor

Porcentagem do terr eno total

Área

Quant.de mo radores

Quant.de domicí lios

Tabela 04. Classificação de Declividade e Quantidade Populacional por área

ÁREAS LIVRES

Imagem 61. Mapa de Isodeclividade

Imagem 62. Demarcação de Áreas Livres no entorno da Favela Vila Esperança

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MASTERPLAN ÁREAS ESCOLHIDAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO A partir da sobreposição dos mapas de Uso e Ocupação do Solo, de Isodeclividade e o de Áreas Livres, foi possível determinar os limites das áreas a serem usadas para a construção do acampamento emergencial e das Habitações de Interesse Social. Essas áreas podem ser observadas no mapa ao lado.

Etapas de intervenção

O trabalho irá se dividir em duas etapas de atuação:

Etapa 1

• Construção de um abrigo emergencial com 375 cápsulas multifuncionais e sustentáveis para 1.500 indivíduos (área 3); • Realocação dos indivíduos que se localizam nas áreas com declividade acima de 50% (área amarela) no acampamento emergencial; e, • Construção de uma HIS na área 4 com 2.646 unidades habitacionais que irá atender 10.584 indivíduos;

Etapa 2

• Transferência dos indivíduos abrigados no acampamento emergencial (1500 pessoas) e dos que se localizam na área 2 (6.700 pessoas), totalizando 8.400 pessoas ou 2.100 unidades habitacionais. • Remoção do acampamento emergencial na área 3; • Construção de uma HIS com 1.965 unidades habitacionais que irá atender 7.860 indivíduos localizados em outras áreas de risco; e, • Recuperação da área do morro degradada pela favela (área 1 e 2).


4

2 1

3

Imagem 63. Áreas escolhidas para intervenções


ESTUDO DO ENTORNO

Imagem 64. Mapa de uso e ocupação do solo

Imagem 65. Mapa hieraquia viaria / Ponto de ônibus


Imagem 66 . Mapa de equipamentos

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lEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Imagem 67. Área de intervenção


FAVELA VILA ESPERANÇA

Imagem 68. Favela Vila Esperança vista da Rua Ernesto Gastaldo

área 3

Imagem 70. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão

Imagem 69. Área 3 vista da Estr. do Montanhão

Imagem 71. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão


ÁREA 4

Imagem 72. Favela Vila Esperança vista da Rua Ernesto Gastaldo

Imagem 73. Área 3 vista da Estr. do Montanhão

Imagem 74. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão

Imagem 75 . Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão


CONCEITO E PARTIDO ARQUITETôNICO CAracteRíSTICAS GERAIS DOS MóDULOS EMERGENCIAIS

CONCEITO

A partir da análise feita anteriormente sobre os abrigos emergências e as questões de sustentabilidade, foram definidas características essenciais para a elaboração do módulo emergencial e para a definição do conceito e do partido arquitetônico:

A proposta visa atender as necessidades de pessoas desabrigadas por conta de desastres ambientais no Brasil. Por se tratar de uma emergência, e portanto, necessita de uma ajuda imediata, foi proposto a criação de módulos multifuncionais e desmontáveis, que são autossuficientes, sustentáveis e que se adaptam às diferentes Zonas Bioclimáticas do Brasil que serão explicadas mais adiante. A seguir será apresentado os conceitos projetuais:

- Fácil montagem e desmontagem - Transportável - Leveza - Baixo custo - Compacto - Adaptável ao terreno e clima - Permitir diferentes usos - Desnecessidade de mão de obra especializada para a montagem - Resistencia - Possuir área de lazer privativa - Autossustentável - Uso de materiais alternativos

Imagem 76. Esquema dos concceitos

80


conforto ambiental ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO A geografia dividiu o país, para fins didáticos, por tipos de climas gerais, sendo eles equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlântico, semi-árido e subtropical, porém essa divisão não contribuía plenamente com as necessidades específicas de conforto térmico. Por conta disso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) propôs uma nova divisão do território, baseada na Carta Bioclimática de Givoni, para que esse conforto térmico das edificações fosse mais eficiente. Regulamentada pela Norma Brasileira (NBR) 15220:2005 e 15575:2013, dividiu-se o país em 8 zonas relativamente homogêneas em relação ao clima que foram denominadas Zoneamento Bioclimático Brasileiro. O Zoneamento classificou 330 cidades brasileiras segundo parâmetros e condições de conforto para tamanho e proteção de aberturas (janelas), vedações externas (paredes e coberturas) e estratégias de condicionamento térmico passivo.

O projeto em questão está localizado na Zona 3, onde se recomenda: Fechamentos externos: • paredes leves - capacidade dos componentes construtivos de acumular calor •paredes refletoras - acabamento externo que refletem o fluxo solar; superfície lisa; uso de tintas térmicas Fechamentos Internos: • paredes pesadas de alta inércia térmica - capacidade de absorver e acumular o calor ao longo do dia para libera-lo a noite Cobertura: • leves - baixa inércia térmica • isoladas - necessidade do uso de materiais de isolamento térmico Ventilação • abertura para ventilação: médias (de 15% a 20% da área de piso) • sombreamento das aberturas: permitir sol durante o inverno Condicionamento Térmico Passivo • verão: ventilação cruzada • inverno: aquecimento solar da edificação; vedações internas pesadas Seguindo as recomendações da tabela anterior, foi projetado uma cápsula emergencial adequada à Zona 3, onde o projeto esta inserido proporcionando para os seus abrigados o melhor conforto ambiental possível.

Imagem 77. Mapa Zoneamento Bioclimático Brasileiro

Apesar desse módulo ser projetado para ser utilizado na Zona 3, ele pode ser facilmente usado em outras zonas bioclimaticas. Para isso é necessário: utilizar um material de fechamento diferente e que seja adequado ao clima; prever aberturas em diferentes posições e orientar o módulo de acordo com o estudo de ventilação e insolação.


ZONA

ESTRATÉRGIAS

VERÃO

1

INVERNO

Aquecimento solar da edificação/ vedações internas pesadas (inércia térmica)

ABERTURAS PARA VENTILAÇÃO A (em % de área de piso)

PAREDE

SOMBREAMENTO DAS ABERTURAS

COBERTURA

U

φ

FS˳

U

φ

FS˳

médias 15% < A < 25%

Permitir sol apenas durante o inverno

≤ 3,0 (parede leve)

≤ 4,3

≤ 5,0

≤ 2,0 (leve isolada)

≤ 3,3

≤ 6,5

2

Ventilação cruzada

Aquecimento solar da edificação/ vedações internas pesadas (inércia térmica)

médias 15% < A < 25%

Permitir sol apenas durante o inverno

≤ 3,0 (parede leve)

≤ 4,3

≤ 5,0

≤ 2,0 (leve isolada)

≤ 3,3

≤ 6,5

3

Ventilação cruzada

Aquecimento solar da edificação/ vedações internas pesadas (inércia térmica)

médias 15% < A < 25%

Permitir sol apenas durante o inverno

≤ 3,6 (parede leve refletora)

≤ 4,3

≤ 4,0

≤ 2,0 (leve isolada)

≤ 3,3

≤ 6,5

4

Resfriamento evaporativo e inércia térmica para resfriamento/ ventilação seletiva nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa

Aquecimento solar da edificação/ vedações internas pesadas (inércia térmica)

médias 15% < A < 25%

Sombrear aberturas

≤ 2,2 (parede pesada)

≥ 6,5

≤ 3,5

≤ 2,0 (leve isolada)

≤ 3,3

≤ 6,5

5

Ventilação cruzada

Vedações internas pesadas (inércia térmica)

médias 15% < A < 25%

Sombrear aberturas

≤ 3,6 (parede leve refletora)

≤ 4,3

≤ 4,0

≤ 2,0 (leve isolada)

≤ 3,3

6

Resfriamento evaporativo e inércia térmica para resfriamento/ ventilação seletiva nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa

Vedações internas pesadas (inércia térmica)

médias 15% < A < 25%

Sombrear aberturas

≤ 2,2 (parede pesada)

≥ 6,5

≤ 3,5

≤ 2,0 (leve isolada)

≤ 3,3

≤ 6,5

7

Resfriamento evaporativo e inércia térmica para resfriamento/ ventilação seletiva nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa

pequenas 10% < A < 15%

Sombrear aberturas

≤ 2,2 (parede pesada)

≥ 6,5

≤ 3,5

≤ 2,0 (pesada)

≤ 6,5

≤ 6,5

8

Ventilação cruzada permanente. OBS: o condicionamento passivo será insuficiente durante as horas mais quentes

grandes A > 40%

Sombrear aberturas

≤ 3,6 (parede leve refletora)

≤ 4,3

≤ 4,0

≤ 2,3 (leve refletora)

≤ 6,5

≤ 6,5

U: Transmitância térmica ou Coeficiente global de transferência de calor - Inverso da resistência térmica total. Unidade de medida: W/(m2 .K) Fsº: Fator de ganho de calor solar de elementos opacos ou Fator solar de elementos opacos - Quociente da taxa de radiação solar transmitida através de um componente opaco pela taxa da radiação solar total incidente. Sem unidade de medida. Tabela 05. Resumo das Estratégias Bioclimáticas e recomendações construtivas, conforme ABNT NRB 15.220 - 3: 2005

82


sustentabilidade escolha dos materiais • OSB: Oriented Strand Board ou Painel de Tiras de Madeira Orientada, em tradução livre, são painéis fabricados a partir de lascas de madeira de reflorestamento ou de sobras provenientes de outros processos onde se utilizam madeiras, o que a torna um material mais sustentável. O processo de fabricação consiste no prensamento dessas lascas orientadas, o que resulta em placas rígidas, resistentes a impactos físicos e à umidade e que podem ser utilizadas de diversas formas. Essa versalitidade das placas OSB permite seu uso em paredes, pisos, telhados, tapumes, etc. Além disso, o OSB possui um menor preço ao ser comparado com outros materiais derivados da madeira; é um bom isolante termoacústico; resistente ao fogo; e para muitos, a placa resulta em uma estética diferenciada. Podemos analisar o uso desse material na Casa Chassi, apresentado anteriormente no capitulo “Estudos de caso” (pg. 50).

• LÃ DE PET: Na área da construção civil, se é necessário fazer o uso de isolantes termoacústicos para melhorar o conforto ambiental dos projetos. Comumente são utilizadas a lã de rocha e lã de vidro, que são materiais que degradam o meio-ambiente e trazem riscos à saúde. Por conta disso, houve a necessidade da utilização de um material sustentável, que é o caso da lã de PET. A lã de PET é um isolante termoacústico feito de 100% poliéster proveniente da reciclagem de garrafas PET, evitando que essas sejam descartadas no meio ambiente. Além disso, o material não possui nenhuma resina ou componente volátil, o que faz com que o produto não necessite do uso de luvas e mascaras para seu manuseio e que seja antialérgico, ou seja, diminui a necessidade do uso de ar condicionados e não é uma ameaça ao meio ambiente. Outras características da lã de PET que podemos citar é o fato desta receber

tratamento antibacteriano, antichama e ser de fácil aplicação e transporte o que a torna um excelente isolante a ser utilizado em estruturas de drywall ou steel frame. Sendo esse ultimo o sistema construtivo escolhido a ser utilizado no projeto. • ALUMINIO: De acordo com a ABAL (Associação Brasileira do Alumínio), o alumínio é um material que possuí muitas vantagens de uso, permitindo assim, diversas formas de aplicações. O que o torna um metal muito utilizado mundialmente, principalmente nas indústrias automobilística e civil, é o fato de ser muito resistente e durável apesar de leve e maleável, fazendo com que ele se adeque á diferentes exigências projetuais. Além disso, o alumínio é altamente reciclado, gerando lucro à aqueles que o reciclam e ao mesmo tempo diminui o impacto ao meio ambiente com o seu descarte. No projeto, o alumínio será utilizado de duas formas: em steel frame, e em perfis tubulares que conferem a estrutura da cobertura. • LONA DE PVC: A lona de PVC ou vinílica, é o tipo de lona mais utilizada pelos caminhoneiros com a função de proteger a carga transportada por ser um material muito resistente, ter tratamento antichamas e antimofo, além de ser extremamente durável (vida útil de 25 a 30 anos), de fácil manutenção e de baixo custo. Sua leveza e maleabilidade junto com o fato de ser á prova d’água, faz com que na construção civil as lonas sejam utilizadas para o recobrimento, como podemos ver no projeto Paper Log House (pg. 54). Essa função foi mantida no projeto, uma vez que será utilizada para a concepção da cobertura dobrável. Uma característica que difere a lona reciclada das demais, é o fato dela possuir remendos, inscrições e carimbos provenientes de seu uso, o que a configura um acabamento esteticamente diferente. Por se contar de um material diferenciado para se usar de cobertura, foi indispensavél o cálculo da Transmitância Térmica, o Atraso Térmico e do Fator Solar desse material para se garantir o conforto térmico aos seus abrigados. O memorial de cálculo se encontra em “Anexos” (pg. 164).


Imagem 78. Camadas lona de PVC

• STEEL FRAME: A escolha do steel frame veio da necessidade de se construir um banheiro independentee da estrutra de lona para que esta se feixasse sobre o banheiro. Álem disso necessitava ser um material leve e de fácil construção. Nesse projeto foi escolhido o perfil metálico 9mmx4mm com acabamento em placa de OSB e preencimento com lã de PET para um melhor conforto térmico.

Imagem 79. Rolo de OPV

Filmes orgânicos fotovoltaicos (OPV)

captação da água da chuva

O OPV (Organic Photovoltaic), ou Filme Orgânico Fotovoltaico é considerado a terceira geração das células solares, pois além de produzir energia através da luz solar, ele possui um processo de fabricação mais ecológico visto que é composto de materiais orgânicos, não-toxicos e que são abundantes na natureza. Esse material foi escolhido para ser utilizado nesse projeto por conta da sua característica mais revolucionária: sua flexibilidade. Essa flexibilidade garante ao material inúmeras aplicações e um alto nível de customização, podendo ser utilizado em fachadas de edifício, tetos de veículos e mobiliários urbanos. Essa característica é essencial nesse projeto pois consiste em uma cobertura em lona com um formato diferenciado feita em um material flexível e dobrável. O uso desse material irá ajudar a evitar a emissão de 12kg de CO2 por metro quadrado ao ano, tornando este um projeto ecologicamente correto e autossustentável.

Com a falta de água afetando o mundo inteiro, a sua reutilização se torna fundamental. Por isso o esse trabalho conta com calhas instaladas nas placas de base (com inclinação de 2%) do módulo para a captação da água da chuva, além do formato do projeto que auxilia no escoamento da água pela cobertura. Por não ser considerada potável, a água da chuva será utilizada nas hortas comunitárias espalhadas pelo acampamento emergencial.

TRANSPORTABILIDADE Como visto anteriormente no capítulo 6, construções emergenciais possuem a característica de serem montáveis e desmontáveis para facilitar no seu transporte e na sua reutilização. Essa caraterística foi o ponto inicial para o desenvolvimento de sua forma. Junto a essa característica, veio também a necessidade de desenvolver algo que tivesse um formato inovador, porém funcional. 84


PARTIDO Para a escolha do partido desse projeto, levou-se em consideração: o clima, as condições físicas e topográficas do local escolhido, os aspectos construtivos e principalmente a questão da materialidade e transportabilidade. Foi usado como referencia um estilo específico de origami, o X-form Spans. Ou seja, um origami formado pela dobradura de um papel em formatos da letra X que possibilita a criação de uma cobertura se utilizando formas e materiais simples, como podemos ver abaixo (Jackson, 2011, pag. 140).

Imagem 81. Malha X-form

A partir desse origami, foram feitas maquetes para estudo dos materiais, do espaço interno e dos encaixes da estrutura. Além disso, pôde ser constatado o fato dessa cobertura poder ser facilmente aberta e fechada, o que era um aspecto a ser seguido no projeto, facilitando assim sua montagem e seu transporte. O nome do projeto se originou desse partindo, se tornando a partir dessa definição o Abrigo Origami. Imagem 80. Parábolas feitas com origami


Imagem 82. Maquete aberta

Imagem 83. Maquete fechada

Após a definição do formato e dos materiais a serem utilizados, veio o desafio de unir as duas coisas. O que resultou disso foi uma cobertura em 3 camadas (lona de PVC + lã de PET + lona de PVC), sustentada por uma estrutura tubular de alumínio que será inserido através de túneis formados na cobertura pelo processo de costura. 86


composição de cobertura em lona

+ ESTRUTURA METÁLICA: - Perfil tubular em alumínio Ø 2” CAMADAS INVÓLUCRO: - Lona de PVC 2mm - Lã de PET 5cm - Lona de PCV 2mm

Imagem 85. Camadas cobertura


= Imagem 84. Composição da estrutura da cobertura

Imagem 86. Esquema costura da lona

88


conexões

Outro desafia que esse projeto trouxe, foi o desenvolvimento de conexões que permitisse o abrimento e o fechamento da estrutura.

Imagem 87. Localização dos estilos de conexões

Imagem 88. Isométrica conexões


Imagem 89. ConexĂľes

90



o módulo EMERGENCIAL módulo habitacional - PLANTAS

DETALHAMENTO 3 CONSULTAR PG. 132

DETALHAMENTO 4 CONSULTAR PG. 133

DETALHAMENTO 2 CONSULTAR PG. 132

DETALHAMENTO 5 CONSULTAR PG. 134

DETALHAMENTO 1 CONSULTAR PG. 132

Imagem 90. Planta térreo - módulo habitacional

92


Imagem 91. Planta tĂŠrreo - mĂłdulo habitacional


Imagem 92. Planta 1 ยบ pavimento- mรณdulo habitacional

94


mรณdulo habitacional - CORTES

Imagem 93. Corte AA - mรณdulo habitacional


Imagem 94. Corte BB - mรณdulo habitacional

96


DETALHAMENTO 6 CONSULTAR PG. 135

DETALHAMENTO 7 CONSULTAR PG. 136

DETALHAMENTO 8 CONSULTAR PG. 136

Imagem 95. Corte CC - mรณdulo habitacional


DETALHAMENTO 9 CONSULTAR PG. 137

Imagem 96. Corte DD - mรณdulo habitacional

98


módulo habitacional - ELEVAÇÕES

Imagem 97. Elevação 1 - módulo habitacional

DETALHAMENTO 10 CONSULTAR PG. 138


DETALHAMENTO 11 CONSULTAR PG. 139

Imagem 98. Elevação 2- módulo habitacional

100


Imagem 99. Elevação 3 - módulo habitacional


CÉLULAS FOTOVOLTAICAS ORGÁNICAS

DETALHAMENTO 12 CONSULTAR PG. 140

Imagem 100. Elevação 4 - módulo habitacional

102


módulo habitacional - PLANTA ILUMINAÇÃO

Imagem 101. Planta iluminação térreo - módulo habitacional


Imagem 102. Planta iluminação 1• pavimentomódulo habitacional

104


módulo habitacional - PLANTA ELÉTRICA

Imagem 103. Planta de elétrica térreo - módulo habitacional


Imagem 104. Planta de elétrica 1• pavimento módulo habitacional

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módulo habitacional - PLANTA HIDRÁULICA

Imagem 105. Planta hidráulica térreo - módulo habitacional


ISOMÉTRICA HIDRÁULICA DESENHO SEM ESCALA

Imagem 106. Isométrica hidráulica

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mĂłdulo habitacional - acessibilidade

Imagem 107. Planta tĂŠrreo - mĂłdulo habitacional acessibilidade


Imagem 108. Planta tĂŠrreo - mĂłdulo habitacional acessibilidade

110


Imagem 109. Planta 1• pavimento - módulo habitacional acessibilidade


montagem

Imagem 110. Configuração do módulo para transporte

112


Imagem 111. Configuração dos itens dentro do módulo fechado

ESTRUTURA DO BANHEIRO EM STEEL FRAME

ITENS CONSTADOS DENTRO DO MÓDULO: - 9 niveladores - 18 placas de piso - 5 vigas 6x240x12cm - 2 placas OSB 120x240x2,2cm - 3 placas de neoprene - 2 10x330x2cm - 1 10x330x9cm - 1 escada tipo marinheiro h= 2,48m - 1 tampo de alumínio com pia, cooktop e sifão instalados - 3 mao francesas - 1 torneira -2 placas de alumínio para a base 180x520x1cm - 1 frigobar - 4 móvel báu para cama 78x188x15 - 4 colchoes de solteiro 78x188x10

PISO DO BANHEIRO JÁ INSTALADO Imagem 112. Itens constados dentro do módulo


etapas de montagem

ETAPA 3

ETAPA 2 ETAPA 1 O abrigo é retirado do caminhão e são instaladas a placas de base sobre os niveladores que se adequam ás diferentes topografias

ETAPA 4 São instaladas as placas de piso ao longo do módulo e encaixadas as vigas de pinus no suporte juntamente ás placas de OSB configurando o mezanino

Imagem 113. Esquema etapas de montagem do módulo

As placas de neoprene são instaladas ao redor da parede frontal para vedar a estrutura

A cobertura é puxada até que seja totalmente aberta e juntamente a parede frontal é ajustada á posição correta

ETAPA 5 Nessa etapa são instalados os mobiliários: São fixadas as mãos francesas e a torneira no tampo de alumínio e este na parede; é instalado o frigobar; é fixada a escada estilo marinheiro; são colocados os moveis baú e os colchões no mezanino. A montagem está finalizada.


O ACAMPAMENTO EMERGENCIAL PROGRAMA DE NECESSIDADE MÓDULOS HABITACIONAIS – 12.956m² MÓDULO HABITACIONAL Quantidade de módulos: 365 Área por módulo: 34m² Área construída: 12.410m²

+

MÓDULO HABITACIONAL COM ACESSIBILIDADE Quantidade de módulos: 15 Área por módulo: 36,4m² Área construída: 546m²

ÁREA SERVIÇO – 2.043m² MÓDULO ADMINISTRATIVO Quantidade de módulos: 2 Área por módulo: 26m² Área construída: 52m² MÓDULO DE DEPÓSITO Quantidade de módulos: 5 Área por módulo: 26m² Área construída: 130m² MODULO UBS Quantidade de módulos: 2 Área por módulo: 26m² Área construída: 52m²

MÓDULO SERVIÇO SOCIAL / PSICÓLOGIA Quantidade de módulos: 4 Área por módulo: 26m² Área construída: 104m² MÓDULO LAVADERIA COLETIVA Quantidade de módulos: 10 Área por módulo: 26m² Área construída: 260m² MÓDULO SALA DE AULA Quantidade de módulos: 3 Área por módulo: 26m² Área construída: 78m² MÓDULO BIBLIOTECA Quantidade de módulos: 1 Área por módulo: 26m² Área construída: 26m² MÓDULO COMPOSTAGEM Quantidade de módulos: 2 Área por módulo: 26m² Área construída: 52m² MÓDULO W.C. MISTO Quantidade de módulos: 7 Área por módulo: 26m² Área construída: 182m² ÁREA DE LAZER - 827m² HORTA COMUNITÁRIA - 280m²


FLUXOGRAMA

Imagem 115. Fluxograma do acampamento emergencial

116


VENTILAÇÃO E INSOLAÇÃO Como visto pelo mapa de zonas bioclimáticas, São Bernardo do Campo se localiza na Zona 3. De acordo com as diretrizes para essa zona, deve ser previsto aberturas médias com ventilação cruzada no verão e também permitir o sol durante o inverno. A partir das diretrizes apresentas a cima e das imagens x e x, é possível posicionar o projeto para que ele siga a recomendação necessárias para um conforto térmico adequado. Imagem 116. ventilação

Estudo da

FAIXADA FRONTAL - 340°

FAIXADA LATERAL DIREITA- 70°

Tabela 07. Registro da insolação por faixada

FAIXADA POSTERIOR - 160°

FAIXADA LATERAL ESQUERDA - 250° Imagem 117. Estudo da insolação


características GERAIS DO Acampamento Emergencial

DELIMITAÇÃO DO TERRENO

A partir da análise feita anteriormente sobre os acampamentos emergências e as questões de sustentabilidade, foram definidas características essenciais para a concepção do espaço a ser utilizado como acampamento emergencial nesse projeto, fazendo com que ele seja um espaço agradável, seguro e sustentável. Podemos analisar essas características a seguir: - Fácil organização - Drenagem adequada; amplo espaço; fornecimento de água - Não devem ser suficientemente permanente (prever habitação permanente) - Circulações temporárias e permeáveis - Espaços de serviços: • Administração • Serviço social /psicologia • Lazer • Salas de aula • Biblioteca • Depósito • Ambulatório • Lavanderia coletiva • Banheiros públicos • Áreas verdes e de horta/compostagem

Imagem 118. Área Acampamento Emergencial


ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO

* Para um melhor entendimento consultar desenho em “Anexos” (pg.164)

Imagem 119. Implantação


Imagem 120. Ampliação 1 do terreno

Imagem 121. Corte CC - Acampamento emergencial

120


setorização da implantação

* Para um melhor entendimento consultar desenho em “Anexos” (pg.164)

DETALHAMENTO 13 CONSULTAR PG. 141

Imagem 122. Setorização


estudo de ventilação e insolação

Imagem 123. Estudo de ventilação e insolação

122


sistema de abastecimento de água

* Para um melhor entendimento consultar desenho em “Anexos” (pg.164)

Imagem 124. Esquema caminho da água


sistema de esgoto

* Para um melhor entendimento consultar desenho em “Anexos” (pg.164)

Conexão á rede pública de esgoto

Imagem 125. Esquema caminho do esgoto

124


cortes do terreno

CORTE AA - TERRENO ACAMPAMENTO EMERGENCIAL

CORTE BB - TERRENO ACAMPAMENTO EMERGENCIAL


Imagem 126. Corte AA - acampamento emergencial

Imagem 127. Corte BB - acampamento emergencial

126


PLANTAS - TIPOLOGIAS DE SERVIÇO

SALA AMBULATÓRIO 1 SALA AMBULATÓRIO 1

PLANTAPLANTA MÓDULO AMBULATÓRIO MÓDULO AMBULATÓRIO

M. L.

. M. L.

Imagem 128. Planta móduo ambulatório

SALA AMBULATÓRIO 2 SALA AMBULATÓRIO 2

PLANTAPLANTA MÓDULO SALA DESALA AULA MÓDULO DE AULA

Imagem 129. Planta móduo sala de aula

P


ÁREA DE ÁREA DEPÓSITO DE DEPÓSITO DO DO LIXO LIXO

ESTEIRA ESTEIRA DE TRIAGEM DE TRIAGEM

ÁREA DEPÓSITO ÁREA DEPÓSITO DE MATERIAL DE MATERIAL ORGÂNICO ORGÂNICO

PLANTA PLANTA MÓDULO MÓDULO DEPÓSITO DEPÓSITO

Imagem 130. Planta móduo depósito

PLANTA PLANTA MÓDULO MÓDULO COMPOSTAGEM COMPOSTAGEM

Imagem 131. Planta móduo compostagem

128


PLANTA MÓDULO SALA DE AULA PLANTA MÓDULO SALA DE AULA

PL

D. M. L.

SALA SERVIÇO SOCIAL/ SALA PSICOLOGIA 1 SERVIÇO SOCIAL/ PSICOLOGIA 1

D. M. L.

D. M. L.

D. M. L.

PLANTA MÓDULO AMBULATÓRIO PLANTA MÓDULO AMBULATÓRIO

PLANTA MÓDULO LAVANDERIA PLANTA MÓDULO LAVANDERIA COMPARTILHADA COMPARTILHADA

Imagem 132. Planta móduo lavanderia compartilhada

PLANTA MÓDULO SERVIÇO MÓDULO SERVIÇO SOCIAL/PLANTA PSICOLOGIA SOCIAL/ PSICOLOGIA

Imagem 133. Planta móduo serviço social/ psicologia

SALA SERVIÇO SOCIAL/ SALA PSICOLOGIA 1 SERVIÇO SOCIAL/ PSICOLOGIA 1


ÁREA DEPÓSITO DE MATERIAL ORGÂNICO

PLANTA MÓDULO DEPÓSITO PLANTA MÓDULO DEPÓSITO

PLANTA MÓDULO COMPOSTAGEM PLANTA MÓDULO COMPOSTAGEM

PLANTA MÓDULO ADMINISTRAÇÃO PLANTA MÓDULO BIBLIOTECA

PLANTA MÓDULO ADMINISTRAÇÃO

PLANTA MÓDULO BIBLIOTECA

Imagem 134. Planta móduo biblioteca

Imagem 135. Planta móduo administração

130


PLANTA MÓDULO LAVANDERIA COMPARTILHADA

PLANTA MÓDULO W.C. MISTO

Imagem 136. Planta móduo W.C. misto

PLANTA MÓDULO SERVIÇO SOCIAL/ PSICOLOGIA


DETALHAMENTOS

Imagem 139. Detalhamento 3

Imagem 137. Detalhamento 1

DETALHAMENTO 1

DETALHAMENTO 3

COMPOSIÇÃO COBERTURA EM LONA

PEFIL METÁLICO DENTRO DA COBERTURA

ESCALA 1:5

DETALHAMENTO 2

FIXAÇÃO JANELA BANHEIRO ESCALA 1:5

ESCALA 1:5

Imagem 138. Detalhamento 2

1. Lona - 4mm 2. Lona em vista 3. Calço em madeira pinus - 2,4cm x 3,5cm x 5,0cm 4. Perfil metático em Steel Frame - 9mm x 4mm 5. Isolamento térmico em Lã de PET - 5cm 6. Parafuso de fixação da janela 7. Peitoril externo 8. Gesso acartonado - 12,5mm 9. Membrana impermeável - 0,9mm 10. Argamassa colante - 5mm 11. Revestimento cerâmico 12. Guarnição - acabamento da esquadria 13. Caixilho janela 14. Janela em acrílico 15. Placa de OSB - 2,2cm 16. Perfil cilíndrico de alumínio - 2 polegadas

132


ABRAÇADEIRAS FIXADAS AO PERFIL METÁLICO - VISTA ESCALA 1:25

DETALHAMENTO 4 ABRAÇADEIRA ESCALA 1:5

AMPLIAÇÃO 1 ESCALA 1:5

1. Lona 2. Placa OSB - 2,2cm 3. Perfil cilíndrico de alumínio - 2 polegadas 4. Abraçadeira - 2 1/2 polegadas 5. Parafuso de fixação da abraçadeira

Imagem 140. Detalhamento 4

AMPLIAÇÃO 1

DETALHAMENTO ABRAÇADEIRA ESCALA 1:2


DETALHAMENTO 5

MESA DE JANTAR DOBRÁVEL ESCALA 1:25

AMPLIAÇÃO 1

TRAVA DA MESA DE JANTAR DOBRAVÉL ESCALA 1:5

AMPLIAÇÃO 2

ELEVAÇÃO MESA DE JANTAR DOBRAVÉL FECHADA / ESCALA 1:25

AMPLIAÇÃO 2 DOBRADIÇA ESCALA 1:2

AMPLIAÇÃO 1

ISOMÉTRICA MESA DE JANTAR DOBRAVÉL ABERTA / ESCALA 1:25

ELEVAÇÃO MESA DE JANTAR DOBRAVÉL ABERTA / ESCALA 1:25

Imagem 141. Detalhamento 5

134


DETALHAMENTO 6

APOIO METÁLICO PARA VIGA PINUS ESCALA 1:5

ISOMÉTRICA APOIO PARA VIGA PINUS Imagem 142. Detalhamento 6

ESCALA 1:5

VISTA FRONTAL APOIO PARA VIGA PINUS ESCALA 1:5

VISTA LATERAL APOIO PARA VIGA PINUS ESCALA 1:5

PLANTA APOIO PARA VIGA PINUS ESCALA 1:5


DETALHAMENTO 7

COMPOSIÇÃO PAREDE BANHEIR ESCALA 1:5

DETALHAMENTO 8

CALHA PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA ESCALA 1:5

1. Lona 2. Lona em vista 3. Placa de OSB - 2,2cm 4. Travessa em pinus - 5cm x 9cm 5. Piso em OSB - 2,2cm 6. Vigota em OSB - 2,2cm 7. Lona plástica - 1mm 8. Contrapiso com caimento em 2% - 4mm 9. Elemento que quebra de canto - raio = 4cm 10. Manta impermeável - 8mm 11. Proteção mecânica - 2cm 12. Membrana impermeável - 0,9mm 13. Gesso acartonado - 12,5mm 14. Argamassa colante - 5mm 15. Revestimento colante - 5mm 16. Isolamento térmico em lã de PET - 5cm

1. Base de placa metálica com caimento em 2% - 6mm 2. Piso em OSB - 2,2cm 3. Vigota em OSB - 2,2cm 4. Perfíl cilíndrico de alumínio - 2 polegadas 5. Passarela em placa metálica - 6mm 6. Calha 7. Guarda-corpo

Imagem 143. Detalhamento 7

136


DETALHAMENTO 9

CALHA PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA ESCALA 1:25

CONSULTAR AMPLIAÇÃO 2 pg. 134

Imagem 144. Detalhamento 8


Imagem 145. Detalhamento 9

DETALHAMENTO 10

MODELO D

PLANTA NIVELADORES ESCALA 1:5

O terreno do acampamento emergencial possui muitas declividades. Por conta disso houve a necessidade de se projetar um nivelador que se adaptasse ás diferentes inclinações do terreno. Para isso, foi proposto um modelo de nivelador que se ajusta ao terreno. O modelo possui 4 dimensões, que vencem a altura de 24 á 271 cm.

MODELO C

MODELO B MODELO A

ELEVAÇÃO MODELO A ESCALA 1:20

ELEVAÇÃO MODELO B ESCALA 1:20

ELEVAÇÃO MODELO C ESCALA 1:20

ELEVAÇÃO MODELO D ESCALA 1:20

138


DETALHAMENTO 11

JANELA MAXIM AR TRIANGULAR ESCALA 1:5

ELEVAÇÃO JANELA GRANDE ESCALA 1:10

ELEVAÇÃO JANELA PEQUENA Imagem 146. Detalhamento 10

ESCALA 1:10


DETALHAMENTO 12

ESQUEMA FUNCIONAMENTO PAINÉL SOLAR DESENHO SEM ESCALA

Imagem 147. Esquema funcionamento placa solar

140


DETALHAMENTO 12

ESQUEMA ABASTECIMENTO DE ÁGUA DESENHO SEM ESCALA


*O dimensionamento da caixa d’água se encontra em “Anexos” (pg. 164) Imagem 148. Esquema abastecimento de água


Imagem 149. 3D acampamento emergencial diurno


Imagem 150. 3D acampamento emergencial noturno


Imagem 151. 3D mรณdulo habitacional


Imagem 152. 3D cozinha do mรณdulo habitacional

146


Imagem 153. 3D mezanino mรณdulo habitacional


Imagem 154. 3D banheiro mรณdulo habitacional

148


Imagem 155. 3D รกrea de lazer acampamento emergencial



considerações finais Com o aumento da ocorrência de desastres ambientais no mundo inteiro, aumenta também a quantidade de vítimas desses desastres que acabam ficando muitas vezes desabrigadas por conta da falta de políticas públicas destinadas ao auxílio dessas pessoas. O papel do arquiteto nessas situações é contribuir com a sociedade da melhor forma, projetando abrigos com materiais alternativos e leves que supram a necessidades dos abrigados e do local de instalação, para que cumpram a função de proteger e auxiliar com o mínimo de conforto. A pesquisa feita nesse trabalho foi essencial para se entender as características necessária para se projetar um abrigo que fosse sustentável, multifuncional e confortável que pudesse ser considerado um lar temporário pelos seus usuários.


152



11. bibliografia


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Imagem 11. Metabolismo Circular .................................................................................................. 26 Fonte: Rogers (1997, pg. 31). Elaborado pela autora. Imagem 12. Tenda Tipi ......................................................................................................................35 Fonte: Disponível em: https://www.fortmcphersontent.com/wp-content/uploads/ sites/6/2013/07/Large-Sioux-Cavas-Tipi.jpg. Acesso em: 29 de março de 2019 Imagem 13. Tenda nômade em um encontro tribal em Marrocos .............................................35 Fonte: Shelter Publications (1973, apud ANDERS, 2007, pg. 45). Imagem 14. Tenda nômade, detalhe dos tirantes e prendedores; alguns ancorados por pedras .................................................................................................................................................36 Fonte: Shelter Publications (1973, apud ANDERS, 2007, pg. 46). Imagem 15. Tenda Yurt .....................................................................................................................36 Fonte: Disponível em: https://www.coloradoyurt.com/yurts/gallery/. Acesso em: 29 de março de 2019. Imagem 16. Abrigo Nissen Hut sob construção na Irlanda do Norte .......................................37 Fonte: Disponível em: https://hiveminer.com/Tags/1942%2Caef. Acesso em: 29 de março de 2019. Imagem 17. Área interna de um Nissen Hut .................................................................................37 Fonte: Disponível em: https://www.1418now.org.uk/commissions/shelter-2/theconstruction-of-a-nissen-hut-iwm-q-36016/. Acesso em: 29 de março de 2019. Imagem 18. Esquema Dymaxion House ........................................................................................38 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-130267/classicos-daarquitetura-casa-dymaxion-4d-slash-buckminster-fuller/51f0501ee8e44e94e500013bad-classics-the-dymaxion-house-buckminster-fuller-image. Acesso em: 30 de março de 2019. Imagem 19. Elevação Dymaxion House ………………………………………….........................................38 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-130267/classicos-daarquitetura-casa-dymaxion-4d-slash-buckminster-fuller/51df2d19e8e44e6873000033ad-classics-the-dymaxion-house-buckminster-fuller-image. Acesso em: 30 de março de 2019. Imagem 20. Wichita House …………………………………………………………...............................38 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-130267/classicos-daarquitetura-casa-dymaxion-4d-slash-buckminster-fuller/51dee1f6e8e44eb808000010ad-classics-the-dymaxion-house-buckminster-fuller-image. Acesso em: 30 de março de 2019.


Imagem 21. Planta Wichita House .................................................................................................38 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-130267/classicos-daarquitetura-casa-dymaxion-4d-slash-buckminster-fuller/51dedd14e8e44e6873000002ad-classics-the-dymaxion-house-buckminster-fuller-image. Acesso em: 30 de março de 2019. Imagem 22. Perspectiva Fun Palace .............................................................................................39 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/767684/em-foco-freiotto/574cb3f5e58ece83bb00000d-happy-birthday-frei-otto-photo. Acesso em: 30 de março de 2019. Imagem 23. Cobertura projetada por Frei Otto, arena olímpica de Munique, 1972 ................39 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/777377/arquitetos-que-nao-saoarquitetos-quais-sao-os-escritorios-que-trabalham-na-fronteira-da-arquitetura/564c610 7e58ece4d730001b8-arquitetos-que-nao-sao-arquitetos-quais-sao-os-escritorios-quetrabalham-na-fronteira-da-arquitetura-imagem. Acesso em: 30 de março de 2019. Imagem 24. Unidade móvel hospitalar no Vietnã ......................................................................40 Fonte: Anders (2007, pg. 50). Imagem 25. Tenda transportável no Sudão do Sul .....................................................................40 Fonte: Disponível em:https://www.msf.org.br/fotos/combatendo-o-calazar-no-sudao-dosul. Acesso em: 17 de abril de 2019. Imagem 26. Campo de refugiados em Dundo ............................................................................4O Fonte: Disponível em: https://www.msf.org.br/fotos/fugir-de-kasai-refugiar-se-em-angola. Acesso em: 17 de abril de 2019. Imagem 27. KODA Concrete ..............................................................................................................41 Fonte: Disponível em: https://www.kodasema.com/koda-concrete/. Acesso em: 17 de abril de 2019. Imagem 28. KODA Light Extended .................................................................................................41 Fonte: Disponível em: https://www.kodasema.com/koda-light-extended/. Acesso em: 17 de abril de 2019. Imagem 29. KODA Light …………………………………………………………..............................................….41 Fonte: Disponível em: https://www.kodasema.com/koda-light-float/. Acesso em: 17 de abril de 2019. Imagem 30. KODA Light Float …………………………………………………..........................................…...41 Fonte: Disponível em: https://www.kodasema.com/koda-light/. Acesso em: 17 de abril de 2019 Imagem 31. Linha do tempo das habitações transportáveis .....................................................41 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019).

Imagem 32. Mobile Shelter Systems (MSS), desenvolvido pela Força Aérea Real Norueguesa .. ..............................................................................................................................................................47 Fonte: ANDERS (2007, pg. 62). Imagem 33. Abrigo formado por várias unidades MSS ...............................................................47 Fonte: ANDERS (2007, pg. 62). Imagem 34. Abrigo desenvolvido pelo exército americano, chamado COGIN.............................48 Fonte: ANDERS (2007, pg. 63). Imagem 35. Unidades COGIN conectadas formando um grande abrigo...................................48 Fonte: ANDERS (2007, pg. 63). Imagem 36. Exemplo da tipologia Tensile .....................................................................................48 Fonte: ANDERS (2007, pg. 64). Imagem 37. Abrigo desenvolvido pela empresa americana IEK ................................................48 Fonte: ANDERS (2007, pg. 65). Imagem 38. Casa Círculo, detalhe da estrutura ............................................................................51 Fonte: Disponível em: https://www.facebook.com/casacirculosm/photos/a.2751927995592 39/275193089559210/?type=3&theater. Acesso em: 09 de abril de 2019. Imagem 39. Apresentação realizada na Casa Círculo ...................................................................51 Fonte: Disponível em: https://www.facebook.com/casacirculosm/photos/a.361699860908 532/579237755821407/?type=3&theater. Acesso em: 09 de abril de 2019 Imagem 40. Vista Axonometríca Explodida, Casa Chassi ............................................................51 Fonte: Disponível em: http://portfolio.bimbon.com.br/casachassi. Acesso em: 12 de maio de 2019. Imagem 41. Casa Chassi ....................................................................................................................52 Fonte: Disponível em: http://portfolio.bimbon.com.br/casachassi. Acesso em: 12 de maio de 2019. Imagem 42. Setorização Casa Chassi .............................................................................................52 Fonte: Disponível em: https://pedroharuf.com/portfolio_page/casa-chassi-1o-lugar-nopremio-bim-bon-senai-2015/. Acesso em: 12 de maio de 2019. Elaborado pela autora. Imagem 43. Just a Minute, perspectiva ilustrativa .......................................................................53 Fonte: Disponível em:http://www.barberiocolella.it/projects.html. Acesso em: 27 de março de 2019. Imagem 44. Sistema de instalação Just a Minute ........................................................................53 Fonte: Disponível em: http://www.barberiocolella.it/projects.html. Acesso em: 27 de março de 2019.


Imagem 45. Área interna com foco no brise .................................................................................53 Fonte: Disponível em: http://www.barberiocolella.it/projects.html. Acesso em: 27 de março de 2019. Imagem 46. Setorização, Just a Minute .........................................................................................54 Fonte: Disponível em: http://www.barberiocolella.it/projects.html. Acesso em: 27 de março de 2019. Elaborado pela autora. Imagem 47. Componentes Just a Minute ......................................................................................54 Fonte: Disponível em: http://www.barberiocolella.it/projects.html. Acesso em: 27 de março de 2019. Traduzido pela autora. Imagem 48. Paper Log House Kobe, vista externa ......................................................................54 Fonte: Disponível em: https://www.architectmagazine.com/project-gallery/paper-loghouse-kobel. Acesso em: 27 de março de 2019. Imagem 49. Setorização, Paper Log House ..................................................................................55 Fonte: Disponível em: http://indayear2studio-1314s1.blogspot.com/2013/09/pins-casestudy-shigeru-bans-paper-log.html#.XOWSGchKhPa. Acesso em: 06 de maio de 2019. Elaborado pela autora. Imagem 50. Vista Axonometríca Explodida, Paper Log House .................................................55 Fonte: Disponível em: http://indayear2studio-1314s1.blogspot.com/2013/09/pins-casestudy-shigeru-bans-paper-log.html#.XOWSGchKhPa. Acesso em: 06 de maio de 2019. Imagem 51. Paper Log House Turquia, vista externa ..................................................................56 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-185116/projetos-humanitariosde-shigeru-ban/532b234bc07a803a1c00001c-the-humanitarian-works-of-shigeru-banimage. Acesso em: 27 de março de 2019. Imagem 52. Paper Log House Índia, vista externa .......................................................................56 Fonte: Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-185116/projetos-humanitariosde-shigeru-ban/532b234bc07a803a1c00001c-the-humanitarian-works-of-shigeru-banimage. Acesso em: 27 de março de 2019.

Imagem 56. Mapa Macrozonas São Bernardo do Campo ............................................................61 Fonte: Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/documents/10181/23112/ Mapa+1+-+Macrozoneamento.pdf/6d460472-2522-47c5-8a3b-c62b520512fb. Acesso em: 28 de março de 2019. Imagem 57. Mapa uso e ocupação do solo da Macrozona Urbana Consolidada de São Bernardo do Campo ..........................................................................................................................62 Fonte: Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/documents/10181/23112/ Mapa+1+-+Macrozoneamento.pdf/6d460472-2522-47c5-8a3b-c62b520512fb. Acesso em: 28 de março de 2019. Imagem 58. Localização do Bairro Montanhão no Município de São Bernardo do Campo .66 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 59. Área da favela Vila Esperança ...................................................................................68 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 60. Mapa de uso e ocupação da Macrozona Urbana Consolidada de São Bernardo do Campo .............................................................................................................................................71 Fonte: Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/documents/10181/23112/ Mapa+1+-+Macrozoneamento.pdf/6d460472-2522-47c5-8a3b-c62b520512fb. Acesso em: 28 de março de 2019. Imagem 61. Mapa de Isodeclividade ...............................................................................................71 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 62. Demarcação de Áreas Livres no entorno da Favela Vila Esperança ...........................72 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 63. Áreas escolhidas para intervenções .........................................................................74 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 64. Mapa de Uso e Ocupação do Solo ............................................................................75 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

Imagem 53. Localização do Estado de São Paulo no mapa do Brasil ......................................60 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

Imagem 65. Mapa de Hierarquia Viária/ ponto de ônibus ..........................................................75 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

Imagem 54. Mapa região metropolitana de São Paulo ..............................................................60 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

Imagem 66. Mapa de equipamentos ..............................................................................................76 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 67. Área de intervenção .....................................................................................................77 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 68. Favela Vila Esperança vista da Rua Ernesto Gastaldo ...........................................78 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) 160

Imagem 55. Município de São Bernardo do Campo ....................................................................60 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)


Imagem 69 Área 3 vista da Estr. do Montanhão ..........................................................................78 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 70. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão ...............................................................78 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 71. Área 3 vista R. Rev. Paulo Leivas Macalão ...............................................................78 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 72. Área 3 vista da R. Ernesto Gastaldo .........................................................................79 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 73. Área 3 vista da R. Ernesto Gastaldo .........................................................................79 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 74. Área 4 vista da Estr. do Montanhão .........................................................................79 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 75. Área 4 vista da Estr. do Montanhão ...........................................................................79 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 76. Esquema dos conceitos ..............................................................................................80 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 77. Mapa de Zoneamento Bioclimático Brasileiro ..........................................................81 Fonte: Disponível em: http://bioclimatismo.com.br/bioclimatismo/zoneamentobioclimatico-brasileiro/. Acesso em: 18 de maio de 2019. Imagem 78. Camadas lona de PVC .................................................................................................84 Fonte: Disponível em: < https://www.casasbahia.com.br/>. Acesso em: 15 de novembro de 2019. Imagem 79. Rolo de OPV .................................................................................................................84 Fonte: Disponível em: < https://sunew.com.br/celulas-fotovoltaicas-organicas-opv/>. Acesso em: 15 de novembro de 2019. Imagem 80. Paraóbolas feitas com orgami.....................................................................................85 Fonte: JAKSON (2011, pg. 141). Imagem 81. Malha X-form ................................................................................................................85 Fonte: JAKSON (2011, pg. 141). Imagem 82. Maquete aberta...............................................................................................................86 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 83. Maquete fechada .........................................................................................................86 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 84. Composição da estrutura da cobertura......................................................................88 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 85. Camadas cobertura ......................................................................................................87 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 86. Esquema costura da lona ...........................................................................................88 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 87. Localização dos estilos de conexões .........................................................................89 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

Imagem 88. Isométrica conexões ...................................................................................................89 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 89. Conexões ......................................................................................................................90 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 90. Planta térreo - módulo habitacional .......................................................................92 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 91. Planta térreo - módulo habitacional .........................................................................93 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 92. Planta 1• pavimento - módulo habitacional .........................................................94 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 93. Corte AA - módulo habitacional .................................................................................95 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 94. Corte BB - módulo habitacional ................................................................................96 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 95. Corte CC - módulo habitacional....................................................................................97 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 96. Corte DD - módulo habitacional ...............................................................................98 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 97. Elevação 1 - módulo habitacional .............................................................................99 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 98. Elevação 2 - módulo habitacional ..........................................................................100 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 99. Elevação 3 - módulo habitacional.............................................................................101 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 100. Elevação 4 - módulo habitacional .......................................................................102 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 101. Planta iluminação térreo - módulo habitacional.................................................103 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 102 Planta iluminação 1° pavimento - módulo habitacional ....................................104 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 103. Planta de elétrica térreo - módulo habitacional ...............................................105 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 104.Planta de elétrica 1° pavimento - módulo habitacional ....................................106 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 105. Planta hidráulica térreo - módulo habitacional ...................................................107 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 106. Isométrica hidráulica ...............................................................................................108 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)


Imagem 107. Planta térreo - módulo habitacional acessibilidade ..........................................109 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 108. Planta térreo - módulo habitacional acessibilidade .........................................110 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 109. Planta 1° pavimento - módulo habitacional acessibilidade ..............................111 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 110. Configuração do módulo para transporte .............................................................112 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 111. Configuração dos itens dentro do módulo fechado .............................................113 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) imagem 112. Itens constados dentro do módulo.........................................................................113 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 113. Esquema etapas de montagem...............................................................................114 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 115. Fluxograma do acampamento emergencial..........................................................116 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 116. Estudo da ventilação .................................................................................................117 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 117. Estudo da insolação....................................................................................................117 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 118. Área acampamento emergencial ...........................................................................118 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 119. Implantação ...............................................................................................................119 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 120. Ampliação 1 do terreno ..........................................................................................120 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 121. Corte CC- acampamento emergencial ...................................................................120 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 122. Setorização ................................................................................................................121 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 123. Estudo de ventilação e isolação .............................................................................122 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 124. Esquema caminho da água ....................................................................................123 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 125. Esquema caminho do esgoto .................................................................................124 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 126. Corte AA - acampamento emergencial................................................................126 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

Imagem 127. Corte BB - acampamento emergencial .................................................................126 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 128. Planta módulo ambulatório....................................................................................127 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 129. Planta módulo salas de aula ..................................................................................127 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 130. Planta módulo depósito .........................................................................................128 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 131. Planta módulo compostagem ................................................................................128 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 132. Planta módulo lavanderia compartilhada ...........................................................129 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 133. Planta módulo serviço social/ psicologia ..............................................................129 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 134. Planta módulo biblioteca .......................................................................................130 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 135 Planta módulo administração..................................................................................130 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 136. Planta módulo W.C misto.........................................................................................131 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 137. Detalhamento 1 .........................................................................................................132 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 138. Detalhamento 2 .......................................................................................................132 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 139. Detalhamento 3 ........................................................................................................132 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 140. Detalhamento 4........................................................................................................133 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 141. Detalhamento 5.........................................................................................................134 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 142. Detalhamento 6 .......................................................................................................135 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 143. Detalhamento 7 .......................................................................................................136 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 144. Detalhamento 8 .......................................................................................................137 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 145. Detalhamento 9 .......................................................................................................138 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)


Imagem 146. Detalhamento 10......................................................................................................139 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 147. Esquema funcionamento placa solar ...................................................................140 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 148. Esquema de abastecimento de água .............................................................. 141 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 149. 3D acampamento emergencial diurno..................................................................143 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 150. 3D acampamento emergencial noturno ..............................................................144 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 151. 3D módulo habitacional...........................................................................................145 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 152. 3D cozinha módulo habitacional .........................................................................146 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 153. 3D mezanino módulo habitacional........................................................................147 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 154. 3D banheiro módulo habitacional.........................................................................148 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Imagem 155. 3D área de lazer acampamento emergencial ......................................................149 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

TABELAS Tabela 01. Domicílios Precários e/ou Irregulares na Região do Grande ABC – 2016 .................. ................................................................................................63 Fonte: Disponível em: http://consorcioabc.sp.gov.br/imagens/noticia/Diagnostico%20 Habitacional%20Regional%20do%20Grande%20ABC_versao%20final.pdf. Acesso em 02 de maio de 2019. Elaborado pela autora. Tabela 02. Informações Gerais São Bernardo do Campo ..................................63 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Tabela 03. Dados gerais do Bairro Montanhão ..................................................71 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Tabela 04. Classificação de Declividade e Quantidade Populacional por área...76 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019) Tabela 05. Resumo das Estratégias Bioclimátiacs e recomendações construtivas, conforme ABNT NBR 15.220-3:2005 ............................................86 Fonte: Disponível em: http://bioclimatismo.com.br/bioclimatismo/zoneamentobioclimatico-brasileiro/. Acesso em: 18 de maio de 2019. Tabela 06. Registro da insolação por faixada ....................................................87 Fonte: CIRSTENSIENSE (2019)

GRÁFICOS Gráfico 01. Aumento do número global de desastres naturais - 1900 a 2018 .....04 Fonte: Disponível em: https://ourworldindata.org/natural-disasters. Acesso em: 06 de abril de 2019. Gráfico 02. Aumento do número de desastres naturais no brasil - 1991 a 2012 ....................... ....................................................................................................04 Fonte: Ramos, J. M. (2017, pg. 14). Disponivel em: https://ourworldindata.org/naturaldisasters. Acesso em: 06 de abril de 2019. Elaborado pela autora. Gráfico 03. Déficit habitacional por componente, por região – percentual do déficit total (2010) ........................................................................................................11 Fonte: Disponível em: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2018/10/ como-surgiram-favelas-no-brasil.html. Acesso em: 06 de abril de 2019. Elaborado pela autora. Gráfico 04. Condições de vida da população, percentual do total (2010) ...........11 Fonte: Disponível em: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2018/10/ como-surgiram-favelas-no-brasil.html. Acesso em: 06 de abril de 2019. Elaborado pela autora. Gráfico 05. População residente total, Brasil 1870 – 2010 .................................12 Fonte: Disponível em: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2018/10/ como-surgiram-favelas-no-brasil.html. Acesso em: 06 de abril de 2019. Elaborado pela autora.


ANEXOS

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