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Agricultura Panorama da Agricultura Nacional

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Engenharia

Volume 6 - Edição 6 - Ano VI - 2013

40 anos

conquistas avanços e muitos - Revista A&E desafios fazem1 parte da sua história


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Editorial

A

Agricultura do Brasil divide-se entre Antes da Embrapa e Depois da Embrapa no antes da Embrapa, o aumento da produção brasileira de grãos ocorria pela expansão da fronteira agrícola, com graves impactos ambientais. No depois, o principal fator do aumento é a produtividade com base nas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com universidades, organizações estaduais de pesquisa agropecuária e centros internacionais de pesquisa. Entre as razões do sucesso da Embrapa, destacam-se: o maciço investimento na contratação e treinamento permanente de seu pessoal de pesquisa, de apoio à pesquisa e de gestão; e seu modelo inovador, que, pioneiramente no Brasil, em instituições públicas, introduziu a gestão da qualidade, o planejamento estratégico, o Balanced Scorecard, o sistema de avaliação de desempenho de todos os seus empregados e de seus centros de pesquisa e unidades de apoio, com premiações pelo mérito pessoal e institucional e o preenchimento de cargos de chefia-geral dos centros de pesquisa por seleção pública. Some-se a isso a excelente reputação e credibilidade que a instituição consolidou no País e no exterior. A sua contribuição extrapola as cadeias produtivas do agronegócio e da agricultura familiar brasileira. O seu balanço social de 2011, considerando 114 tecnologias e 163 cultivares desenvolvidas e transferidas para os agricultores, apresentou lucro social de R$ 17,76 bilhões, gerando, para a sociedade, R$ 8,62 para cada real aplicado pelo Governo Federal, além de 75.326 novos empregos. É uma empresa genuinamente brasileira que muito nos orgulha, poder contar sua historia, foi uma grande satisfação para todos da equipe da revista Agricultura e Engenharia e esperamos que os nossos leitores. Aproveitem o trabalho realizado. Aguardamos suas criticas sobre o nossa trabalho bem como indicação de temas para nossa próxima edição. Boa Leitura a todos!!! Os editores.

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Expediente Agricultura& Engenharia volume VI Ano 6 - 2013 Diretor e Editor Dr. José Márcio da Silva Araújo j.marcioaraujo@uol.com.br Publicidade Gilberto Cozzuol gilbertocozzuol@uol.com.br Administração e Circulação Yvete Togni dra.ytogni@hotmail.com Secretario da Redação Chriistian A. Kaufman Produção e Publicação Lucida Artes Gráficas lucida.editorial@uol.com.br Fotografia Assessoria de Imprensa - Embrapa Arquivos - Arquivos A&E Correspôndencia Rua Carneiro da Cunha, 212 sl 1 Vila da Saúde - CEP 04144-000 Contato Fone - 11- 2339-4710 Fax - 11 - 2339-4711 Agradecimentos Secretaria de Comunicação da Embrapa (Secom) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - Brasília, DF Marcos Esteves - Jornal. 4505/14/45v/DF Supervisor de Articulação com a Imprensa Jorge Duarte - Coord. Comun. Social

As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade dos autores Conselho Editorial

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Prof. Dr. Roberto Rodrigues Prof. Dr. Paulo Sergio G. Magalhães Sr. Cesário ramalho da Silva Prof. Roberto Testeziaf Prof. Dr. Silvio Crestana

Sumário AgroNews....................................06 Noticias agricolas Palavra do Presidente ..............16 Maurício Lopes Materia de Capa ........................18 40 anos da Embrapa Entrevista ..................................34 Presidente da Embrapa Mercado de Trabalho ............... 38 Entrevistas com engenheiros agronomos Atualização ............................. 44 materias atuais do setor Artigo ......................................... 50 sobre tendencias da agricultura Agronegocio ..............................56 analise do mercado agricola Opinião .......................................60 sobre acontecimentos agricolas

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AgroNews Dilma confirma criação de agência de assistência técnica e extensão rural A presidenta Dilma Rousseff confirmou durante a cerimônia de abertura da 79ª edição da ExpoZebu, em Uberaba (MG), a criação de uma agência de assistência técnica e extensão rural. “Temos de fazer assistência técnica e extensão rural de forma obsessiva”, disse Dilma em discurso, enquanto falava das diretrizes que guiarão o Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014, que será lançado no fim de maio. “A Embrapa é um centro de pesquisas, não é um centro de extensão rural. Ela divulga, mas não tem uma estrutura para assistência técnica e extensão rural. Por isso, nós vamos criar a agência de assistência técnica e extensão rural porque nós sabemos que iremos mudar a produtividade da pecuária e da agricultura brasileira se fizermos assistência técnica e extensão rural, de forma obsessiva”, disse. Segundo a presidenta, o objetivo da agência é levar avanços tecnológicos a produtores que não têm acesso, principalmente os pequenos e médios. Para ela, forma “obsessiva” significa trabalhar no limite da capacidade, fazendo com que a maioria dos produtores atinja um alto nível de produtividade.

Valtra comemora 20% de crescimento Compilado os dados das negociações acompanhadas pelas 34 concessionárias presentes nos últimos cinco da Agrishow e ter recebido por volta de 10 mil visitantes por dia no espaço com mais de 6mil/mt², a Valtra comemora 20% de crescimento, mais do que o esperado para esta edição da feira. Durante a semana os visitantes conferiram de perto tratores, colheitadeiras, enfardadoras, pulverizadores, plantadeiras, tecnologia em Agricultura de Precisão, além do portfólio Santal, destinado ao cultivo da cana de açúcar. O ótimo momento vivido pelo setor, o recorde da safra de grãos, o bom preço das commodities e a mecanização da produção tornou o mercado otimista e a aquisição de maquinário agrícola real. “Com as taxas do PSI beirando os 3% ao ano, garantimos ao produtor linhas de crédito até o final do ano, animando as compras”, disse Alexandre Vinícius de Assis, gerente de vendas da Valtra. De acordo com Assis, a exposição do portfólio de equipamentos da Santal, marca recém-incorporada pela Valtra, destinada ao cultivo de cana de açúcar, umas das principais culturas da região, foi um dos destaques da feira. “Hoje existe a necessidade da renovação da frota e, como a colheita coincidiu com as atividades da Agrishow, ficamos satisfeitos com relação a comercialização dos produtos”, comemorou, lembrando que estavam presentes o grande lançamento Santal para a feira, a plantadora PDM2, que realiza todas as operações do plantio (abre sulco, aplica o adubo, distribui as mudas, aplica inseticida, fecha e compacta o sulco) em duas linhas simultaneamente, além das colhedoras de cana S5010e e S5010p, máquinas com excelente desempenho tanto na colheita industrial como de mudas, com condições de trabalhar em qualquer espaçamento de plantio (simples ou duplo).

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Equipamentos para armazenar grãos foram destaques da Agrishow Atender melhor os empresários do agronegócio com produtos e equipamentos que possam fazer frente a enorme demanda provocada pela supersafra de grãos prevista para esse ano foram alguns dos destaques da 20ª edição da Agrishow, no Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste, em Ribeirão Preto (SP). Para evitar o caos logístico no setor, a Industrial Pagé, uma das principais fabricantes brasileiras de equipamentos para armazenagem e beneficiamento de grãos, exibiu na feira o seu portfólio de silos, elevadores, secadores e outros equipamentos fundamentais para o agronegócio. “Os agricultores precisam desses produtos na fazenda para vender a sua safra no melhor momento e não ter nenhum tipo de prejuízo para colocar o produto no armazém de terceiros junto com o custo de frete, que aumenta durante a colheita. Essa feira foi uma grande oportunidade dos agricultores conhecerem melhor os nossos equipamentos e melhorarem sua infraestrutura”, define o sócio-diretor da Pagé, Marconi Leonardo Pascoali. Com esse cenário, a Pagé espera aumentar o seu volume de vendas em 35% em 2013. Além da colheita recorde, outro fator que ajuda a alavancar o bom desempenho da empresa é a oferta de financiamentos oficiais com prazos longos (até 12 anos).

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AgroNews Pirelli lançou Novo trator cafeeiro tecnologia de e fruteiro Budny reconstrução de A Budny Tratores e Implementos lanna Agrishow o trator BDY 5040 Fruteiro e pneus para agricultura çou Cafeeiro, como o próprio nome já diz, o modeA solução denominada Camelback Premium Novateck permite a reconstrução de todas as gamas da Pirelli voltadas para agricultura, mineração e construção civil. A marca ainda destaca sua segunda geração de radiais para a agroindústria e pneus mais robustos para caminhões

lo é especial para a cultura dos mais diversos tipos de frutas e outros alimentos, principalmente o café.

O que diferencia esse modelo para que seja especializado nesse tipo de cultivo são as medidas especiais que possui. Com 1,20 metro de largura, facilita o trabalho em pequenos espaços. Contém, ainda, potência de 50hp, "Lançamos a mais recente linha de tração 4x4, comando de controle remoto com produtos com o selo Novateck na Agrishow, duas vias, pesos dianteiros e traseiros e é platporque a feira atrai grandes empresários e aformado. executivos de diversos países de todo o mundo. A novidade desta vez é que a tecnologia Planejado para atender a agricultura faCamelback Premium Novateck é voltada para miliar e também outros ramos do agronegóreconstrução de pneus que são utilizados ex- cio, o trator cafeeiro e fruteiro da Budny possui clusivamente no trabalho pesado fora de es- 75% de seus componentes nacionalizados, trada, como os agrícolas e os empregados em possibilitando o financiamento pelo Governo mineradoras e na construção civil", diz Flavio Federal. A fabricação do modelo iniciará no Bettiol Junior, diretor de marketing Caminhão segundo semestre de 2013, mas o produto já está pronto para a comercialização. e Agro da Pirelli na América Latina.

Eaton Hidráulica Mostra sua Força no Mercado Agrícola De acordo com o gerente de Marketing do Grupo Hidráulico na América do Sul, Fernando Bulcão, a Eaton deu um forte foco para sua capacidade de fornecer soluções integradas eletro-hidráulicas (produtos eletrônicos e hidráulicos combinados), demonstração de que a multinacional está totalmente alinhada com a evolução das tecnologias exigidas pelo campo no ramo da agricultura de precisão. “Os sistemas eletro-hidráulicos Eaton

proporcionam ao agricultor uma completa linha de produtos hidráulicos e eletrônicos provenientes de um só fabricante e com a confiabilidade e segurança da marca Eaton. Também Iremos mostrar o quanto de valor agregado existe em um produto genuíno Eaton, principalmente presente na qualidade no que oferecemos sendo incomparável aos produtos não-genuínos existentes hoje no mercado”.

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Quem foi ao estande da Eaton conheceu conhecer os lançamentos provenientes da recente aquisição Eaton da empresa Polimer na Turquia, a qual adicionou uma completa linha de mangueiras industriais ao portfólio da multinacional. “O principal lançamento foram as mangueiras de químicos para pulverizadores”, complementa Bulcão. Além das mangueiras industriais, a Eaton levou mais do seu portfólio para a Agrishow. A Eaton ofereceu também mangueiras hidráulicas de alto desempenho para diversas aplicações no merca-

do agrícola, motores hidráulicos de alto torque e baixa rotação Char-Lynn, já bem conhecido pelo agricultor, bombas e motores de pistões DuraForce, fruto da aliança entre Eaton e Linde, módulos e controladores eletrônicos com uma completa gama de funções eletrônicas, blocos manifolds produzidos no Brasil com válvulas de embutimento - mais compactas, confiáveis e econômicas que a válvulas hidráulicas tradicionais. São produtos que exemplificam a inovação da empresa e a amplitude de produtos disponíveis pela divisão.

Parceria entre Embrapa e empresa permite que pequenos produtores tenham acesso a fertilizantes organominerais Produzidos a partir de dejetos de aves e suínos processados, eles oferecem maior produtividade ao solo e podem diminuir a dependência brasileira à importação Consulting, da Bahia, vai permitir que cooperativas de pequenos produtores rurais tenham acesso a fertilizantes organominerais granulados produzidos a partir de dejetos de aves e suínos processados. Eles oferecem maior produtividade ao solo e menor impacto ambiental e podem diminuir a dependência brasileira à importação de fertilizantes estimada entre 70% e 90%. Nessa parceria, a Calderon Consulting será responsável pela implantação das plantas industriais para fabricação dos fertilizantes organominerais granulados, enquanto a Embrapa Solos se encarregará da transferência da tecnologia. A chefe-geral da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça Santos, chamou a atenção ao fato de que esse produto pode reduzir a atual dependência externa de fertilizantes no Brasil. Devido ao elevado

nível de importação, ela ressaltou que usar essas fontes alternativas “tem um futuro grande no Brasil e um grande apelo”. A produção de fertilizantes organominerais em larga escala poderia substituir de 20% a 30% os fertilizantes importados, em decorrência da redução de nutrientes minerais na formulação, explicou o diretor da Calderon Consulting, João Calderon. – É um impacto muito grande na agricultura. Esse resultado, contudo, levará alguns anos para ser alcançado. Mas o caminho está aí. A substituição de um terço das fontes convencionais de fertilização representaria uma economia para o país em torno de US$ 5 bilhões. A viabilização disso vai depender de uma política agrícola que ofereça às cooperativas de pequenos produtores linhas de crédito específicas – disse Calderon.

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AgroNews Gestão do plantio via internet é aposta para agricultura de precisão Sistema desenvolvido pela Arvus Tecnologia facilita a administração da lavoura e análise do rendimento da safra Apresentar novas tecnologias e inovação para o agronegócio é o que impulsionou os mais de 700 expositores que estavam presentes na 20ª edição da Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia para o setor na América Latina, que acontece de 29 a 3 de maio, em Ribeirão Preto. Dentre as novidades, a Arvus Tecnologia, especializada no desenvolvimento de softwares e equipamentos para a agricultura de precisão, lançou no evento um sistema inédito de gerenciamento de plantio através da internet. O sistema permite melhorar a administração do plantio e funciona a partir das informações coletadas pelo controlador Titanium da Arvus: os dados são salvos e enviados para o sistema web georreferenciado que fornece a visualização, gestão de mapas e relatórios de plantio via internet, facilitando a identificação do rendimento da lavoura e possíveis falhas.

A inovação fornece desde a geração de mapas de qualidade da adubação e dados estatísticos de operação de áreas trabalhadas até a integração de dados com sistemas de gestão corporativa e ERPs. Uma das funcionalidades são os relatórios com informações detalhadas de operação, com dados de rendimento individual das máquinas, gráficos de produção e rendimentos operacionais e efetivos (h/ha). Inicialmente a ferramenta estará disponível para as plantadeiras autotransportáveis de 30 a 44 linhas da Jumil, que são acopladas ao controlador Titanium da Arvus. Para o diretor da Arvus Tecnologia, Gustavo Raposo Vieira, a integração web possibilita maior facilidade e produtividade para a lavoura. “O agricultor poderá medir a distribuição de semente em cada linha de uma plantadeira e ter acesso à relatórios diários sobre o desempenho das máquinas agrícolas, por exemplo. Estes recursos estarão acessíveis via internet. Além de ser possível observar falhas no plantio e analisar o espaçamento das sementes”.

Lindsay apresentou solução completa para irrigação por pivô

Lindsay, apresentou na Agrishow 2013 um conjunto de ofertas que completam o que há de mais moderno em tecnologias para irrigação por pivôs. foram expostas soluções que vão desde o bombeamento de água até sistemas de automação e lâmina variável. “O conceito turn key, no qual a Lindsay vai além da simples venda dos pivôs e realiza um projeto executivo completo, com todas as obras de infraestrutura necessárias para o funcionamento do sistema, será uma das atratividades do estande”, afirma Fernando Ribeiro, Gerente de Marketing da Lindsay América do Sul. Para Márcio Santos, superintendente da Lindsay América do Sul, por sua vez, “o portfólio

da empresa comprova que ela está preparada para atuar em busca do potencial irrigável do Brasil que, de acordo com o último dado oficial levantado pelo Censo Agropecuário de 2006, é de cerca de 30 milhões de hectares”. “Atualmente, menos de um sexto disso (4,5 milhões de hectares) é irrigado”, complementa o executivo ao analisar as perspectivas do mercado. Fundada em 1950, nos Estados Unidos, a Lindsay soma experiência na irrigação de mais de sete milhões de hectares ao redor do mundo, com soluções para diferentes sistemas de plantio e customizáveis para áreas de pequeno, grande e médio portes.

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AgroNews Vermeer promove quatro novos equipamentos

a empresa percebeu que desenvolver tecnologias inovadoras é essencial, mas o grande desafio é entregar ao consumidor a eficácia que tanto almeja.

Agronomicamente, foi constatado que as grandes amplitudes de dosagens causam disparidade na uniformidade de aplicação por se usar apenas uma constante granular, valendo-se apenas da variação da velocidade da esteira como fator determinante para atingir as doses exigidas com um bom perfil de A Vermeer promoveu o lançamento de distribuição. quatro soluções inéditas no Brasil, dedicadas aos segmentos de fenação, silagem e bioO sistema DUAL CONTROL atua de modo massa. atestando a capacidade da empresa inovador, pois é através do acionamento de em oferecer soluções completas do campo ao um conjunto de sensores aliados a um cilindro cocho, do campo à caldeira, de valeteamento hidráulico instalado na comporta traseira do para irrigação e equipamentos para manejo equipamento, que promove a interface entre esteira e comporta. Esta tecnologia controla de árvores e biomassa. mais de uma constante granular, propiciando A nova sede em Valinhos (SP) foi inau- desta forma um enorme benefício no que se gurada em setembro de 2012. E nela, a fab- refere a qualidade de distribuição, sendo que ricante centraliza um estoque de peças para em determinadas etapas de aplicação as abpronta entrega e uma equipe de técnicos erturas da comporta oscilam de acordo com a - treinados e especializados pela própria em- necessidade de dosagens maiores ou menopresa – no Brasil e nos Estados Unidos - para res sempre otimizando o perfil de distribuição manutenção preventiva e treinamento de op- ideal. É importante ressaltar que todo este processo é automatizado. eradores de equipamentos em campo.

Reforçando o portifólio de soluções completas do campo à caldeira, do campo ao cocho, de valeteamento para irrigação, além de equipamentos para manejo de árvores e biomassa

Carmetal apresenta sistema inovador

A CARMETAL busca com esta nova tecnologia criar uma nova visão no que se refere a agricultura de precisão, buscando aproximar ao máximo a análise do solo a um padrão de A CARMETAL apresenta para seus cli- excelência de distribuição nos seus produtos. entes novas soluções para a agricultura e o A inovação faz parte da cultura da CARtransporte rodoviário, A empresa vem desenvolvendo vários estudos no que se refere às METAL, que busca dia a dia melhorias para tecnologias que de fato se aplicam aos concei- que a agricultura de precisão se renove tecnotos de agricultura de precisão. Nestes estudos logicamente!

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AgroNews Tigre apresenta novos produtos para sistemas de irrigação A Tigre, multinacional brasileira líder na fabricação de tubos, conexões e acessórios no país e uma das maiores do mundo, apresenta seus novos produtos voltados para sistemas de irrigação. O último lançamento para o segmento foi a Linha Agropecuária PVC, cuja função é a condução de água para a criação de animais em propriedades rurais, paisagismo e irrigação localizada (por gotejamento e microaspersão). A linha é composta por tubos e conexões de PVC na cor azul, com resistência a raios UV. Além disto, resiste aos produtos químicos utilizados na fertirrigação e oferecerem facilidade no transporte, instalação e manuseio. Os Registros Irriga garantem o controle da abertura e fechamento do fluxo de água de forma segura, sem vazamentos e com apenas ¼ de volta. Todos os registros da Tigre são produzidos em uma unidade exclusiva, localizada em Joinville (SC), em que 100% das peças são testadas para assegurar a eficiência dos produtos.

“Considerando que a maior parte da água utilizada pelo homem é destinada à agricultura, desenvolvemos produtos para esse segmento de forma a contribuir para ampliação de áreas agrícolas, ou seja maior produção de alimentos. Quando o agricultor tem uma estrutura eficiente em sua plantação e utiliza a água de forma sustentável, sua rentabilidade aumenta”, afirma Carlos Teruel, gerente de produtos da Tigre. Com foco nesse ciclo ambiental, a Tigre oferece soluções para irrigação fixas e portáteis. Os materiais utilizados nas aplicações de irrigação Tigre são bastante diversificados, em Polietileno de baixa, média e alta densidade, PVC e Polipropileno. “O plástico tem um importante papel no desenvolvimento deste setor, pois oferece uma solução com alta durabilidade, excelente desempenho e com um preço competitivo, fazendo com que todos possam ter acesso aos produtos, desde o pequeno agricultor, até os grandes produtores”, complementa Teruel.

Cooxupé inicia vendas de café em loja virtual A COOXUPÉ - cooperativa mineira de café com mais de 11 mil cooperados – iniciou a partir do dia 03 de maio as vendas de produtos de suas linhas de cafés na Loja Online da cooperativa. Atendendo às necessidades do mercado e do consumidor, a cooperativa avança em seus negócios, permitindo aos apreciadores da bebida a oportunidade de comprar os produtos chancelados pela COOXUPÉ através do site: www.cafescooxupe.com.br. Ainda no site o internauta poderá conferir os produtos de sachê para máquinas, filtro e xícaras. Além disso, preços especiais e descontos também estão previstos nas compras pelo site. As facilidades também se estendem às formas de pagamento: via boleto, cartão de crédito ou depósito bancário. As encomendas serão despachadas em Guaxupé via Correios ou transportadora. Para Mário Panhotta, gerente da Torrefação COOXUPÉ, a grande vantagem da venda online é que os produtos da cooperativa poderão ser adquiridos em qualquer parte do país. “Queremos que o Brasil conheça nossos sabores e principalmente a qualidade dos cafés fornecidos por nossos Cooperados, sem a limitação da distância ou da disponibilidade de aquisição do supermercado”, explica.

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Palavra do Presidente

MaurĂ­cio Lopes, presidente da Embrapa 16 - Revista A&E


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s últimas quatro décadas marcaram transformações sem precedentes na agricultura brasileira. Em 40 anos, o Brasil deixou uma condição de importador de alimentos para se tornar um dos maiores produtores e exportadores mundiais do setor agropecuário. Vários fatores contribuíram para este salto entre eles o aumento nos investimentos em extensão rural e na ampliação dos recursos do crédito aos produtores. Em especial, cabe destacar o grande investimento feito pelo País em conhecimento, fator fundamental para tornar a agricultura nacional forte e competitiva. Com a agricultura baseada em ciência, o Brasil passou a priorizar a incorporação de tecnologia, os ganhos de produtividade e a sustentabilidade do modelo agrícola. O resultado desse conjunto de fatores foi a transformação do campo no Brasil, que multiplicou praticamente por seis vezes a sua safra de grãos: de 30 milhões de toneladas, em 1973, para uma cerca de 180 milhões de toneladas, como previsão para 2013. Três grandes conjuntos de conhecimentos podem ser considerados os grandes agentes dessa mudança: a transformação de grandes extensões de solos ácidos e de baixa fertilidade, em solos férteis; a tropicalização e a adaptação de plantas e de animais originários de todas as partes do mundo aos biomas brasileiros, e o desenvolvimento de uma plataforma de práticas conservacionistas e de defesa ambiental inéditas. Tratam-se de conquistas de todos os segmentos do setor: das instituições de pesquisa, universidades, assistência técnica, do setor empresarial e dos produtores. Os desafios do futuro são enormes. A população mundial continua a crescer, a ver sua renda aumentar, e, assim, a demandar mais produtos agrícolas, exigindo a intensifica-

ção dos cultivos e criações e colocando maior pressão sobre os recursos naturais. Nesse cenário, torna-se fundamental ampliar a capacidade de analise e de antecipação, bem como desenvolver uma base científica cada vez mais sofisticada. É fundamental estar preparado para as batalhas que teremos no futuro, com a conjugação de esforços em redes e em modelos de interação mais dinâmicos e inovadores. Por outro lado, a pesquisa pública tem a responsabilidade para com os milhões de pequenos produtores que precisam de conhecimento e tecnologia para alcançar o mercado, aumentando sua renda e bem-estar. Não basta que as instituições públicas e privadas sejam competentes em criar novos conhecimentos, é preciso que elas sejam bem sucedidas em ajudar o produtor a usá-los. Um grande número de propriedades do meio rural ainda não usufrui de excelência tecnológica, pois lhes falta escala de produção e assistência técnica que lhes permita usar as tecnologias disponíveis, em especial as tecnologias que poupam terra e insumos e aumentam a produtividade do trabalho. A Embrapa não tem o mandato para ser protagonista no trabalho de assistência técnica aos produtores, mas ela pode contribuir para o fortalecimento da assistência técnica pública e privada, cuja presença junto a todos os agricultores é essencial para o desenvolvimento agrícola nacional. Nesses 40 anos aprendemos muito sobre o Brasil e sobre a gente brasileira. Aprendemos muito sobre a nossa capacidade criativa e empreendedora. Aprendemos que podemos realizar mais do que ousávamos acreditar. Esses são apenas os primeiros sinais de uma grande revolução produtiva, que deve consolidar o papel do Brasil como líder em inovação agropecuária para o mundo tropical.

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MatĂŠria de Capa

Embrapa

completa 40 anos 18 - Revista A&E


Fundamental na revolução da pesquisa agropecuária no Brasil, a Embrapa continua investindo na geração de conhecimentos e tecnologias, mantendo uma visão estratégica frente aos desafios do futuro.

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riada em 26 de abril de 1973 como principal instrumento na reformulação da pesquisa agropecuária brasileira, a Embrapa foi parte efetiva da revolução agrícola que tornou o Brasil um dos líderes mundiais em tecnologias para agricultura tropical. Nesse período, o País deixou uma situação de insegurança alimentar e passou a ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo. O crescimento da oferta para o mercado interno superou rapidamente a curva de crescimento da demanda, provocando uma queda de 50% no valor da cesta básica, entre 1975 e 2011. Essa verdadeira revolução no campo é fruto do trabalho conjunto da Embrapa, das instituições estaduais de pesquisa e extensão, de universidades e do setor produtivo, que apostou nas tecnologias geradas pela pesquisa. Essas inovações ajudaram a mudar o cenário brasileiro com incremento de produção, produtividade e impulsionando a competitividade, com sustentabilidade. No segmento de grãos, por exemplo, a produção cresceu por volta de 400%, enquanto a área cultivada aumentou cerca de 80%. Em 1972, a safra foi de 30 milhões de toneladas numa área de 28 milhões de hectares. Hoje, a área plantada com grãos no Brasil é da ordem de 50 milhões de hectares e a produção ultrapassou 166 milhões de toneladas. Esses avanços são fruto de inovações

como o melhoramento genético, que gerou cultivares adaptadas às condições de produção tropicais; a transformação de largas extensões de terras inadequadas à produção, em especial dos cerrados, em solos férteis, aptos para a agricultura, além do desenvolvimento de sistemas de produção e sistemas de produção adaptados às diversas regiões do País, com base em técnicas de adubação – em especial a fixação biológica de nitrogênio –, controle de doenças e pragas, rotação de culturas e recuperação de pastagens entre outras tecnologias. A adoção de tecnologias na pecuária também proporcionou a modernização do setor, justificando o aumento da produção pelo incremento da produtividade e não pela expansão da área de pastagens. Como resultado, o País ampliou em quatro vezes a produção de carne bovina e triplicou a de carne suína. Pesquisas nas áreas de sanidade animal, genética, reprodução, nutrição, manejo de pastagens e melhoramento genético de forrageiras são alguns exemplos de inovações da pesquisa que geraram impactos diretos no aumento da produtividade na pecuária. O Brasil é atualmente o 3º maior exportador mundial de produtos agropecuários. É também o maior exportador de café, açúcar, suco de laranja, etanol de cana-de açúcar, frango e soja; segundo maior exportador de carne bovina e terceiro maior exportador em algodão.

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Sebastião Araújo

Capa

Gado de Leite Estrutura A Embrapa é constituída por 47 Unidades Descentralizadas de Pesquisa e Serviço, além de 15 Unidades Centrais. Ela também coordena e integra o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), constituído pelas Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), por universidades e institutos de pesquisa de âmbito federal ou estadual e organizações, públicas e privadas, vinculadas de algum modo à atividade de pesquisa agropecuária. A Empresa desenvolve pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento beneficiando os mais diversos setores do agronegó-

cio e as parcerias foram fundamentais nesse sentido, permitindo um intercâmbio de conhecimentos com instituições líderes em pesquisa no Brasil e no mundo. Cerca de 250 novos projetos de pesquisa são aprovados anualmente na Embrapa nos mais variados temas de interesse do agronegócio nacional. Hoje a Empresa opera uma carteira do Sistema Embrapa de Gestão (SEG) com mais de mil projetos. Uma estratégia inovadora na Empresa resultou na implantação de portfólios de pesquisa - conjuntos de projetos afins em temas de grande importância estratégica: Setor Sucroenergético; Agricultura e Mudanças Climáticas; Monitoramento do Uso e Cobertura da terra (geotecnologias); Sistemas de

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Sebastião José de Araújo

Arroz de Terras Altas Primavera

com a América Latina e Caribe, contemplando 18 países, e 51 projetos de cooperação com 9 países da África. Em termos de cooperação científica, destacam-se os Laboratórios Virtuais da Embrapa no exterior (Labex), um arranjo inovador que permite o intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores da Embrapa e cientistas de algumas das principais instituições mundiais de pesquisa. Atualmente, a Empresa conta com Labex em operação nos Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Coreia e China. Ainda em 2013, entrará em operação um novo Labex, sediado no Japão.

Amostras de soja in vitro

Canola florescimento

Peres Fereira

Zineb Benchekchou

Produção de Base Ecológica (que inclui a agroecologia e muitos projetos de agricultura familiar); Aquicultura; Integração LavouraPecuária-Floresta (iLPF); Fixação Biológica de Nitrogênio; Agricultura de Precisão; Nanotecnologia; Reprodução Animal. A força da Embrapa também está em sua estrutura, sendo destaque entre as empresas públicas pela equipe altamente qualificada. São 9.795 empregados dos quais 2427 são pesquisadores, 81% deles com doutorado. O orçamento da Empresa em 2012 foi de R$ 2,33 bilhões. No âmbito internacional, a Empresa desenvolve 49 projetos de cooperação técnica

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Sistema Agropensa vai reunir unidades da Empresa e parceiros para produção e difusão de conhecimentos. As informações geradas pelo sistema subsidiarão a tomada de decisão dos líderes da Embrapa e de instituições parceiras sobre assuntos estratégicos no cenário agropecuário.

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ma plataforma dedicada a interagir com atores e agentes internos e externos à Embrapa para produzir e difundir conhecimentos estratégicos ao desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira, por meio da coleta, organização e análise de informações relevantes. Isso define o trabalho do Sistema Agropensa, o Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa, lançado no dia 24 de abril, durante a solenidade de aniversário da Empresa, em Brasília. A criação do Sistema Agropensa é parte da estratégia da Embrapa para responder aos grandes desafios da agropecuária nas próximas décadas. A plataforma auxiliará no delineamento de cenários prospectivos e na identificação de tendências do setor agropecuário. O conhecimento gerado contribuirá para orientar a decisão e o planejamento da Empresa, para quem a visão estratégica é fundamental para nortear o seu processo de produção. Segundo o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, a Embrapa tem sido um exemplo no uso dos conceitos de

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divulgação

Plataforma de inteligência estratégica auxilia tomada de decisão


colaborar com a competitividade e a sustentabilidade do setor e sobre como o trabalho da Embrapa pode impactar o mundo. De acordo com o coordenador do sistema, o pesquisador Geraldo Martha, a grande força da plataforma é o trabalho em rede que será desenvolvido com as Unidades da Embrapa e parceiros para produção e difusão de conhecimentos. Entre as primeiras atividades do Agropensa está um grande desafio: liderar a elaboração de um estudo com foco na visão tecnológica da agricultura brasileira para o período 2013-2033. “Para isso, colaboradores das diferentes Unidades da Empresa estão engajados na análise dos principais estudos mundiais de prospecção de inovação na agricultura e, a partir daí, serão oferecidas contribuições para a agenda de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) quanto ao desenvolvimento de conhecimento de vanguarda capaz de aumentar a competitividade e a sustentabilidade brasileira no setor agropecuário”, completa Martha.

divulgação

planejamento estratégico. Para ele, o desafio atual é trazer o conceito de inteligência estratégica, para que a Empresa se prepare para ter agendas cada vez mais conectadas com a realidade do presente e com os desafios do futuro. “O sistema Agropensa vai se dedicar a buscar informações, a estabelecer relações com as redes de inteligência e de pensamento estratégico no Brasil e no mundo e também a criar bases de dados e informações que permitam revisar a agenda de prioridades da Embrapa de forma sistemática, para que a Empresa tenha um embasamento sólido nos momentos de tomada de decisão.” As informações geradas pelo sistema fornecerão direção segura para a decisão dos líderes da Empresa e de instituições parceiras sobre assuntos estratégicos no cenário agropecuário – por isso, a escolha da bússola como símbolo, já que esse é um instrumento capaz de orientar e direcionar. A plataforma terá a missão de gerar informações qualificadas sobre, por exemplo, as principais tendências tecnológicas da agropecuária, as experiências que podem

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Consepa e Embrapa firmam aliança para inovação

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Isabela Lyrio

ma nova plataforma capaz de permitir que os resultados gerados pela pesquisa cheguem de forma mais rápida à sociedade. Esse é o objetivo principal da Aliança para Inovação Agropecuária, que visa revitalizar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). “Teremos uma nova plataforma de pesquisa com estratégias compartilhadas, governança mais ágil e com foco no mercado de inovações e no desenvolvimento da agropecuária", destacou o presidente da Embrapa, Mauricio Lopes. O acordo para a criação do novo órgão foi assinado em solenidade comemorativa ao 40º aniversário da Embrapa pelo presidente da Empresa e pelo presidente do Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa), Florindo Dalberto. “A aliança significa uma retomada do SNPA, em novas bases e que renasce mais forte e com inteligência estratégica”, ressalta o presidente do Consepa. Segundo ele, os novos tempos e os desafios do futuro exigem instituições modernas, que façam das parcerias sua base de sustentação. “Não dá mais para trilhar caminhos solitários. As instituições precisam desenvolver estratégias compartilhadas e com visão de futuro”. A nova aliança abre caminho para que as instituições estaduais de pesquisa possam participar de projetos de inovação com foco no mercado de tecnologias, podendo gerar produtos e processos inovadores para os setores agroalimentar e agroindustrial. Esse novo arranjo vai facilitar a participação dos pesquisadores das instituições envolvidas em redes de cooperação científica e tecnológica.

Por meio dessa nova aliança, Embrapa e Oepas poderão constituir novos portfólios e arranjos de PD&I, além de contar com infraestrutura compartilhada, laboratórios multiusuários e campos experimentais avançados. A Aliança congrega 18 instituições estaduais, reunidas no Consepa. Ela contará com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O orçamento inicial terá R$ 60 milhões para investimento. A partir de agora, com a efetivação desse Acordo de Cooperação, as instituições que compõem as OEPAs e a Embrapa poderão participar de projetos de cooperação com centros tecnológicos de excelência. Isto ocorrerá em segmentos da indústria vinculados à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – Embrapii, lançada recentemente pelo Governo Federal e com um orçamento de R$ 1 bilhão, que tem como missão fomentar a cooperação entre empresas nacionais e instituições tecnológicas.

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Capa ampliará tecnologias voltadas à utilização de resíduos

A

Itaipu Binacional e a Embrapa vão ampliar a cooperação no desenvolvimento de tecnologias visando transformar os resíduos da produção em alternativa de renda para os agricultores de todo o País. Esse é o principal desafio que o projeto “Tecnologias para produção e uso de biogás e fertilizantes a partir do tratamento de dejetos animais no âmbito do Plano ABC” tentará superar nos próximos três anos. O projeto reúne dezenas de pesquisadores e auxiliará ainda o País a atingir suas metas de redução na emissão de gases de efeito estufa dentro do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). O investimento total no período será de R$ 7,38 milhões. O memorando de entendimento nesse sentido foi assinado pelas duas empresas durante a solenidade de 40 anos da Embrapa, no último dia 24 de Abril, em Brasília. Um dos compromissos do Brasil, por exemplo, é utilizar a biodigestão anaeróbia para tratar 4,4 milhões de m³ de resíduos da suinocultura, deixando de lançar 6,9 milhões de toneladas de CO² na atmosfera. Segundo o líder do projeto e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Juliano Corulli Corrêa, para dar conta das metas do Plano ABC é preciso validar tecnologias e ampliar pesquisas em torno de temas como a utilização de algas no tratamento dos resíduos de biodigestores. “Como materialização desses esforços, pretendemos disponibilizar equipamentos para aprimorar o tratamento dos resíduos, além de práticas e processos para orientar técnicos e produtores. Outra meta nossa é fomentar arranjos que ampliem a geração de energia elétrica e térmica por meio de biodigestores e o surgimento de fábricas de produção de biofertilizantes”, explicou Juliano. O projeto, que usará como nome síntese o termo Rede Biogásfert, reúne em sua equipe especialistas em biogás e em fertilizantes de 14 unidades descentralizadas da Embrapa (Suínos e Aves,

Solos, Arroz e Feijão, Agrobiologia, Agroenergia, Gado de Leite, Pecuária Sudeste, Gado de Corte, Instrumentação Agropecuária, Agrossilvipastoril, Florestas, Milho e Sorgo, Agropecuária Oeste e Secretaria de Relações Internacionais). Também participam pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Instituto Nacional de Tecnologia, Fundação Oswaldo Cruz, Fundação Parque Tecnológico ITAIPU e Instituto InMetro. Os primeiros resultados práticos da Rede Biogásfert já começarão a ser vistos em 2014. É que muitas das tecnologias listadas no projeto estão na fase de finalização, como é o caso das fábricas de biofertilizantes que utilizam resíduos da produção de aves. “Precisamos apenas fazer uma adaptação para o dejeto de suínos, fazendo com que os resíduos dessas duas grandes atividades, suinocultura e avicultura, possam se transformar em um negócio promissor”, disse Juliano Corrêa. De acordo com o pesquisador, os fertilizantes organominerais apresentam rendimento 15% superior se comparado aos fertilizantes normalmente utilizados pelos produtores. Outra aposta para breve é a geração de energia elétrica por meio de biodigestores. Esse é um dos interesses da Itaipu Binacional, que quer desenvolver o mercado de energia alternativa no País.

Foto: Jean Vilas Boas

Rede Biogásfert

biodigestores na Granja São Roque Videira SC

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Guilherme_Viana

Pesquisa busca alimentos mais nutritivos

H

á mais de sete anos, pesquisadores de 11 Unidades da Embrapa que compõem o projeto BioFORT têm buscado o desenvolvimento de alimentos biofortificados. A iniciativa trabalha o melhoramento genético convencional de alimentos que compõem a dieta básica da população brasileira e de outros países. No Brasil, a pesquisa já gerou mandiocas e batatas-doces com altos teores de betacaroteno (pró-vitamina A) e arroz, feijão e feijão-caupi com maiores teores de ferro e zinco. Aos poucos, essas variedades estão chegando

aos roçados das comunidades rurais e escolas de Sergipe, Maranhão e Minas Gerais. O projeto BioFORT trabalha também o melhoramento genético de milho, abóbora e trigo. O objetivo é obter alimentos com maior teor de ferro, zinco e pró-vitamina A para combater a anemia e a deficiência desta vitamina que podem ocasionar baixa resistência do organismo e problemas de visão. Produtos derivados e embalagens que conservam os nutrientes também estão sendo desenvolvidos.

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Capa Um dos novos produtos é uma cultivar A pró-vitamina A, a partir de reações de milho com uma quantidade de pró-vitam- químicas no organismo, se transforma em viina A que pode chegar a 9,2 microgramas por tamina A. Ela tem papéis muito importantes, grama, cerca de quatro vezes superior à en- como a manutenção de uma boa visão. contrada em materiais comuns do cereal.

Estudantes já são beneficiados por tecnologia semelhante

Sementes estão sendo multiplicadas por agricultores da região, sob a orientação de técnicos da Emater-MG. Dessa forma, uma pequena quantidade de grãos é repassada para produtores interessados em cultivar o cereal. “A única exigência é que a quantidade de sementes entregue seja devolvida após a colheita. Assim, mantemos nosso estoque para safras seguintes”, explica o extensionista da Emater-MG Adenilson de Freitas, do escritório de Capim Branco.

Guilherme_Viana

Enquanto o milho mais rico em vitamina A não chega ao mercado, a população de Capim Branco, cidade próxima a Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, já vem desfrutando os benefícios de um produto mais nutritivo. É o milho QPM BR 473, variedade desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo, que possui excelente valor energético e proteína de alto valor nutricional. Por isso, é conhecido como milho QPM, as iniciais de Qualidade Protéica Melhorada.

Bolo Biofortificado

sora Rute Braz, que atende mais de 200 crianças dos ensinos Infantil e Fundamental, e que passou a oferecer produtos mais nutritivos na merenda desde 2011.

Em 2012, a merenda da escola passou a contar com produtos confeccionados com alimentos biofortificados como batata-doce, mandioca, feijão e milho. A secretária municipal de Educação, Francesca Chiara Reis Sanches, também tem apostado na ideia. Escolas “Outro benefício é o estímulo à agricultura Depois de colhido, o milho BR 473 está sen- familiar, conforme o Programa Nacional de do aproveitado como matéria-prima na fabri- Alimentação Escolar, que prevê que no mínicação de pães, bolos e biscoitos que são ser- mo 30% dos produtos utilizados na merenda vidos na merenda escolar de escolas da rede escolar sejam procedentes dessa atividade”, pública. É o caso da Escola Municipal Profes- destaca.

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Capa

Soja Os produtores de soja brasileiros têm uma nova opção para reduzir custos e ampliar a sustentabilidade das lavouras. Trata-se de um novo inoculante para a cultura, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a empresa Biagro do Brasil. O inoculante líquido BIAGRO NG permite maior flexibilidade para realizar a inoculação da soja na semente com até 15 dias de antecedência ao plantio, além dos benefícios econômicos e ambientais próprios da tecnologia de fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Nilton Pires de Araújo

Embrapa lançou novo inoculante líquido para soja

A FBN é um processo recomendado para todas as áreas cultivadas com soja no Brasil e resulta em uma economia anual de mais de 14 bilhões de reais por safra, ao dispensar o fertilizante nitrogenado na adubação. Além da economia com adubos nitrogenados, a tecnologia também facilita o sequestro de carbono e contribui para minimizar problemas ambientais associados aos fertilizantes nitrogenados, como a poluição de rios, lagos e lençóis freáticos e os gases de efeito estufa.

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O novo inoculante possui uma formulação especial, com protetor natural de bactérias de alta compatibilidade, que permite aplicação na semente por até 15 dias antes da semeadura. “É um produto que proporciona mais facilidade de uso ao produtor, pois permite preparar a operação de plantio com maior antecedência do que os produtos atualmente disponíveis no mercado”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Cattelan. O processo de fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja é uma prática altamente sustentável do ponto de vista ambiental e econômico. “As bactérias do gênero Bradyrhizobium prestam um importante serviço ambiental, pois fixam o nitrogênio da atmosfera, disponibilizando-o para as plantas e assim dispensando a aplicação de fertili-

zantes nitrogenados na soja. O uso da fixação biológica do nitrogênio faz do Brasil um exemplo para o mundo na adoção de agricultura de baixa emissão de carbono” explica a pesquisadora Mariangela Hungria, líder da equipe que trabalhou no desenvolvimento da nova tecnologia. “O desenvolvimento desse novo inoculante é um exemplo de como a parceria público-privada pode trazer benefícios para o Brasil. Trabalhamos juntos no processo de desenvolvimento da tecnologia e o maior beneficiado é o produtor, que terá à sua disposição um produto de uso mais prático, que permite planejar com mais antecedência sua operação de plantio”, destaca Rubens José Campo, diretor técnico da Biagro do Brasil.

Saiba mais sobre a fixação biológica do nitrogênio Para a cultura da soja a inoculação das sementes é uma prática indispensável para fornecer o nitrogênio (N) que a soja necessita através de uma simbiose. A bactéria do gênero Bradyrhizobium inoculada nas sementes infecta as raízes da soja, pelos radiculares, formando os nódulos e, no seu interior, ocorre o processo de fixação biológica do nitrogênio. Os inoculantes que promovem esse processo devem ter eficiência agronômica comprovada e estar registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O mercado oferece inoculantes líquidos e turfosos. Para ambos, é fundamental seguir rigorosamente as orientações descritas pelos fabricantes. A Embrapa Soja tem uma linha de pesquisa focada no desenvolvimento de inoculantes para a cultura da soja e mantém parceria com empresas privadas para o desenvolvimento de novas formulações que atendam as condições específicas de clima e solo do Brasil. Os processos envolvendo a produção e a comercialização dos produtos são de responsabilidade dos parceiros.

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PESQUISA, CONHECIMENTO, QUALIDADE, VALOR E RENDA. ESSES SãO OS RESULTADOS DE 40 ANOS DE TRAbALHO. Parabéns, Embrapa. Seu trabalho é fundamental para agregar valor aos nossos produtos agropecuários, o que eleva a qualidade dos alimentos que os brasileiros consomem.

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Entrevista

Maurício Antônio Lopes

divulgação

presidente da Embrapa

T

rinta anos atrás, quando Maurício Lopes iniciou sua atuação na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o agronegócio engatinhava. A produção de culturas como a soja era concentrada na Região Sul e cultivares fornecidas pela empresa respondiam por até 60% do mercado. As atividades de pesquisa da Embrapa permitiram a ampliação da área da oleaginosa e outras culturas de peso, um mercado hoje dominado por indústrias multinacionais. Após assumir papel decisivo na ampliação das fronteiras agrícolas, a instituição tenta redefinir sua função. A competição nesse setor se acirrou e a liderança, segundo Lopes, não deve mais ser assumida pela Embrapa. “Não faz sentido aplicar recursos públicos, da sociedade, para competir com empresas que são boas provedoras de soluções para o mercado”, avalia. Na presidência da instituição desde outubro de 2012, ele comenta os desafios de médio prazo.

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Agricultura & Engenharia - O que é mais Maurício Lopes - São muitos, mas eu destamarcante nos 40 anos da Embrapa? caria dois eventos. O primeiro foi a geração de conhecimentos e tecnologias que permitiram Maurício Lopes - A pesquisa agropecuária ao Brasil transformar grandes extensões de contribuiu muito para que o Brasil pudesse, savanas dos cerrados brasileiros - com solos em um espaço de tempo relativamente curto, ácidos, pobres em nutrientes - em grandes alcançar sua segurança alimentar e se projetar áreas agricultáveis, capazes de gerar alimencomo um provedor de alimentos e matérias- tos com eficiência similar à de países de clima primas agrícolas para o mundo. Até os anos temperado. Esse foi um ganho marcante do 1970, o Brasil ainda importava alimentos sistema de inovação do Brasil: o desenvolvimbásicos como arroz, leite e feijão. A mudança ento de tecnologia de correção de solos, de reocorreu nos anos 1970, com a decisão do go- composição de fertilidade e de manejo de culverno de promover um investimento sólido em tivos nos solos de cerrados. Isso transformou inovação para a área agropecuária, com o in- a região, que nos anos 70 era um uma área tuito de fazer com que o País pudesse alcançar de pouca atividade econômica. Um exemplo é a segurança alimentar. Foram várias decisões a região de Cristalina (GO), que este ano deve tomadas na época entre as quais a estrutura- alcançar o topo da lista de PIB do Brasil. ção da Embrapa e de institutos estaduais de Trata-se de uma região que, nos anos 70, era pesquisa, o fortalecimento das universidades um grande vazio econômico e se transformou que se dedicavam à área agrícola e o investi- em umas das principais áreas produtoras de mento na formação de recursos humanos. O alimento do mundo. O segundo evento imporBrasil, naquela época, enviou centenas de pro- tante foi a adaptação de cultivos e criações fissionais para as principais universidades do de animais nas regiões tropicais. Boa parte mundo para treinamento e capacitação e isso dos cultivos que hoje estão em destaque na proporcionou um salto no desenvolvimento da produção agrícola brasileira não era bem adapcapacidade brasileira de produção de alimen- tada às nossas condições. Foi necessário, por tos e no desenvolvimento da sua agricultura. meio do trabalho em recursos genéticos e em Num espaço de 30, 40 anos, o Brasil conseguiu melhoramento, tropicalizar a soja de modo reverter a visão corrente de meados do século que ela pudesse se adaptar às regiões tropipassado de que seria praticamente impossível cais dos cerrados brasileiros. Há, também, a se implementar uma agricultura competitiva adaptação de gramíneas para pastagens, a nos trópicos. Havia a crença de que fazia mais adaptação e seleção de animais. O gado zesentido deixar aos países na faixa subtropical buíno, por exemplo, veio da Índia e foi graduale temperada do globo a responsabilidade de mente selecionado e adaptado a regiões dos produzir alimentos. O Brasil mostrou que é pos- trópicos. Isso permitiu ao Brasil tornar-se um sível produzir alimentos de forma competitiva dos maiores produtores de carne no mundo. e sustentável em regiões tropicais. E a Embra- São apenas alguns poucos exemplos. pa teve um papel importante nesse processo. A&E - Quais os grandes desafios para a EmA&E - Quais foram os avanços mais mar- presa na virada dos 40 anos? cantes na trajetória dos últimos 40 anos da agricultura brasileira? Maurício Lopes - São visíveis as contribuições

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divulgação

Entrevista

que a Embrapa e as instituições parceiras deram ao País para a superação das grandes limitações que estimularam o setor privado a fazer investimento na agricultura. Olhando para o futuro, fica claro que a pesquisa tem que dar atenção ao grande contingente de produtores à margem do processo de desenvolvimento da agropecuária. Números recentes produzidos por pesquisadores nossos, a partir de estudos dos dados do senso de 2006, mostram que apenas 500 mil agricultores do Brasil foram capazes de acessar e fazer pleno uso das inovações que a pesquisa desenvolveu nos últimos anos. Mas o Brasil tem quase 5,3 milhões de propriedades agrícolas e, portanto, um grande número está ainda à margem do processo de desenvolvimento. Fazer com que um grande número de produtores rurais alcance o desenvolvimento demandará uma combinação de tecnologia, capacitação, crédito e assistência técnica. O governo está ciente de que essas condições precisam ser criadas e a Embrapa estará engajada nesse processo de buscar uma inclusão produtiva desses a gricultores. Mas existem outros desafios que estão sob análise de prioridades da Embrapa.

Toda a questão ambiental, evidenciada na discussão do Código Florestal, deixa claro que o Brasil terá cada vez mais que investir em um crescimento vertical da sua produção. O novo Código mostra que não podemos mais trabalhar com a lógica de uma contínua expansão da agricultura brasileira em área física. O País vai precisar investir no aumento da eficiência dos sistemas produtivos para que os próximo avanço em produção venha por meio de ganhos em produtividade e eficiência. Aí está um desafio para o sistema de inovação agropecuária no Brasil. A pesquisa está trabalhando na busca de modelos de produção que integram sistemas de lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta, e que abrem uma perspectiva nova de expansão da produção de forma cada vez mais sustentável. Isso se harmoniza com outro objetivo muito importante que é o desenvolvimento de uma agricultura ambientalmente mais sustentável. A pesquisa precisa apontar alternativas para reduzir ou substituir insumos e processos que contribuem para a emissão de gases de efeito estufa e, também, para aumentar o estoque de carbono no solo. Os sistemas integrados são

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uma oportunidade para a agricultura brasileira continuar produzindo mais e de forma mais sustentável, sem a necessidade de ampliação física de áreas. Por exemplo, temos cerca de 60 milhões de hectares de pastagem degradadas no Brasil que poderão gradualmente ser substituídas por sistemas de integração lavoura-pecuária e, eventualmente, até com floresta. A&E - A sociedade também está passando por transformações. Como isso afeta a pesquisa? Maurício Lopes - Existem vários desafios. Por exemplo, a automação de sistemas. Percebe-se que, com a gradual melhoria na qualidade de vida do brasileiro e a intensificação do processo de urbanização, a mão de obra no campo se tornará cada vez mais rarefeita. A pesquisa terá que trabalhar sistemas de automação, equipamentos e máquinas que poupem mão de obra e tornem o trabalho no campo mais eficiente. Este pode ser até um fator importante para tornar a vida no campo mais atrativa e ajudar a fixar a população no campo. Outro grande desafio está ligado à produção de alimentos com densidade nutricional e funcional mais elevadas. Isso está relacionado a um movimento de substituição do paradigma da cura de doenças por um paradigma de prevenção. Por isso, a pesquisa está mais atenta para a integração entre alimento, nutrição e saúde. Nós vamos precisar gerar e produzir alimentos com densidade nutricional e com qualidade funcionais cada vez mais adequadas para reduzirmos a pressão sobre os sistemas de saúde. Buscar alimentos mais seguros e tecnologia que permita lidar com problemas de pragas, doenças e contaminantes que possam colocar em risco a saúde dos consumidores é tema muito relevante para o futuro. A segurança biológica é uma tendência para os próximos anos, uma vez

que deverá aumentar o fluxo de alimentos ao redor do globo. Também teremos que ampliar a atenção no desenvolvimento de sistemas produtivos que economizem recursos naturais como a água e alguns fertilizantes como fósforo, cujas fontes são finitas. A pesquisa terá que desenvolver plantas mais adaptadas a condições de escassez. Temos que buscar novos conhecimentos para tornar os cultivos e os animais mais resistentes às condições climáticas extremas que estão previstas para as próximas décadas, por causa das mudanças climáticas globais. Para finalizar, é importante destacar outras oportunidades interessantes como a busca por fontes de energia que não contribuam para a emissão de gases. Há a utilização da biomassa, não só como fonte de energia renovável, mas no desenvolvimento de componentes para a indústria química, substituindo derivados da indústria petroquímica e do petróleo. Trata-se de uma vertente importante para a agricultura brasileira do futuro, por isso já estamos fazendo um grande investimento no sentido de ampliar a nossa capacidade em tecnologia de biomassa, buscando novas fontes e formas de retirar componentes importantes, não só para a indústria energética, mas também para a indústria química.

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Creditos: Embrapa Cerrados. sac@cpac.embrapa.br


Mercado de Trabalho

André Meloni Nassar

engenheiro agrônomo

Atuação profissional

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Gerhard Waller (ESALQ/Acom)

pós formar-se, realizou doutorado em negócios e comércio internacional pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, trabalhou como especialista em projeções e análise de mercados internacionais de açúcar e álcool na COPERSUCAR, como assessor do Conselho de Administração. Foi o pesquisador visitante da School of Foreign Service da Georgetown University e pesquisador sênior do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (PENSA). Foi membro da Global Alliance for Sugar Reform e assessor econômico da Sociedade Rural Brasileira (SRB). É membro do Grupo Técnico para as negociações agrícolas da Rodada de Doha, coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura do Governo Brasileiro. Atua como colaborador do G-20 como especialista em mercado mundial agrícola a pedido do governo brasileiro. É consultor e pesquisador em projetos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial, Cornell University, The William and Flora Hewlett Foundation, Rabobak International, entre outras organizações internacionais. Fundou, em parceria com o ex-professor da ESALQ, Marcos Jank, o Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), que realiza estudos sobre temas ligados à economia agrícola.

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O profissional do agronegócio deve solucionar problemas do mercado Agricultura & Engenharia - Qual a principal vel avançado nos Estados Unidos. A União da função do Icone no mercado? Indústria da Cana-de-açúcar, ( UNICA), teve este problema, e não iria conseguir fazer isso Andre Nassar - Desenvolvemos uma ferra- sozinha. Eles precisavam de uma parceria menta que permite projeções do desempen- acadêmica importante para fazer estudos ho da agricultura brasileira nos próximos 10 aprofundados, publicar em revistas científicas anos. Analisamos as tendências do mercado e nós fizemos todos esses trabalhos. A partir mundial que o Brasil pode ditar, assim como disso, o governo americano passou a acrediprevemos os impactos que o Brasil pode so- tar no que a UNICA afirmava, em parte, por frer devido ao interesse pela importação de conta do que fizemos. Essa foi a melhor conprodutos específicos que nossa agricultura quista que tivemos nestes últimos 10 anos. oferece para países como a China ou Japão Então nosso desafio é trazer soluções. por exemplo, e a partir desta ferramenta, indicamos onde este produto será plantado, ou A&E - O que este mercado está exigindo do criado, a demanda por ração e os custos da profissional recém formando? distribuição deste produto final. Andre Nassar - Primeiramente, o mercado A&E - Qual é a utilidade destes estudos para da economia agrícola não é gigantesco. O as empresas? mercado disponível é mais o comercial. No entanto, todas as empresas possuem o que Andre Nassar - O tipo de estudo que fazemos chamamos de B.I, business inteligence, que é o macro, no entanto, com foco em regiões, em geral são agrônomos ou economistas, ou salientando que estes estudos de longo pra- administradores que trabalham nessa área. zo, são públicos. Então, um produtor ou em- Todas as grandes empresas que estão nesta presário pode encontrar este documento em área tem esse setor. nosso site e se basear nesse estudo para pro- Sendo um agrônomo, ajuda muito, e como jetar seu crescimento para os anos que estão economista formado na ESALQ já é garantida por vir. a formação em economia agrícola. Mas o essencial é que o profissional possua um mestraA&E - Quais são os desafios deste setor? do em economia aplicada, e estágios na área, pois este setor requer trabalhos complexos Andre Nassar - O desafio maior é encon- em micro economia, o B.I é muito baseado trar solução para problemas. Problemas que neste tipo de projeção, requer do profissional as empresas nos pedem para resolver ou o conhecimento em análises quantitativas os próprios governos e, principalmente, so- mais incisivas. É uma área muito boa a ser exlucionar problemas de entidades de classe. plorada nas ciências ligadas ao agronegócio. Tivemos participação muito grande no reconhecimento do etanol de cana como combustíEntrevista concedida à Lucas Jacinto - Esalq

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Mercado de Trabalho

Maurício Bellodi,

engenheiro agrônomo

Atuação profissional

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pós formar-se, especializou-se em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/ SP) e em Governança Corporativa pela Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte (MG). Fundou, juntamente com seu colega de classe, Marcos Mantelato, a Bellman, indústria de suplementos minerais e proteicos para bovinos. Mantendo crescimento médio de 27% ao ano desde a fundação, a instituição tornou-se a 4ª maior empresa do setor no Brasil e na América Latina. Em abril de 2012, a totalidade do controle acionário da empresa foi adquirida pela multinacional holandesa Nutreco. Foi eleito duas vezes presidente da Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp). Participa da administração do Grupo APB, de propriedade de sua família, que se dedica à bovinocultura de corte a pasto e confinada, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (MS). Fundou uma dezena de empresas nos setores de agronegócios, empreendimentos imobiliários e varejo. Algumas foram vendidas na operação de venda da Bellman e outras estão sob sua administração e de seus sócios. Nas eleições municipais de 2012, foi candidato a prefeito de São José do Rio Preto pelo PV (Partido Verde) e obteve mais de 11 mil votos.

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Agricultura & Engenharia - A que área o senhor se dedica atualmente? Mauricio Bellodi - Após a venda da Bellman, passei a atuar como investidor nos setores imobiliário, varejo e agronegócio pecuário. Acredito que o mercado de varejo, impulsionado pelo aumento do poder de compra dos brasileiros, a chamada classe C, é a grande oportunidade nesse momento para os empreendedores brasileiros. Na sociedade civil organizada, atuo como vice-presidente do PV de São José do Rio Preto e, após a experiência nas eleições municipais deste ano, vou continuar na vida pública. Acredito que é preciso uma nova forma de fazer política, que defenda a sustentabilidade, a ética e a qualidade dos serviços públicos como forma de contribuir com esse momento de crescimento do nosso país. A&E - Quais os principais desafios desse setor?

Mauricio Bellodi - Na cadeia de carne bovina, da qual participo como produtor, os principais desafios são mostrar para os consumidores que é possível realizar uma produção ecologicamente correta e viabilizar associações de produtores que realmente funcionem e que façam um contraponto com a concentração existente no setor frigorífico. Também é necessário desenvolver parcerias reais com os frigoríficos de modo a valorizar a produção de carcaças de qualidade. A&E - Que tipo de profissional esse mercado espera? Mauricio Bellodi - Para as posições de liderança, o mercado quer um profissional generalista que, além de dominar as técnicas agronômicas, conheça gestão de processos e pessoas e domine os mercados nos quais atua, incluindo um bom conhecimento em marketing e vendas. Entrevista concedida à Ana Carolina Miotto/ Esalq

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Mercado de Trabalho

Sérgio Giovanetti Lazzarini

engenheiro agrônomo Atuação profissional

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pós formar-se, fundou uma empresa de consultoria chamada SDF, atuando em projetos e mercados agropecuários. Ao mesmo tempo, ingressou no programa de mestrado em Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) e participou ativamente do Programa de Estudos e Negócios do Sistema Agroindustrial (PENSA). Atuou como consultor temporário do Banco Raibobank e de diversas empresas do agronegócio. Em seguida, foi admitido no Programa de Doutorado em Administração da Washington University e, desde então, passou a atuar em diversos setores, além do agronegócio. A&E - A que área ou setor se dedica atualmente? Sergio - Atualmente sou professor titular de administração do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). Além de lecionar cursos na área de estratégia empresarial, desenvolvo pesquisas e atuo em contato com diversas organizações. Tenho colocado foco, especialmente, nas relações entre empresas privadas e o setor público. A&E - Quais os principais desafios desse setor? Sergio - Não tenho colocado foco em setores específicos. De uma formal ampla, tenho analisado casos onde o governo tem mais poder regulatório ou pode afetar o desenvolvimento industrial via políticas de intervenção ou estímu-

los, como empréstimos de bancos públicos. Em 2011, publiquei um livro chamado "Capitalismo de Laços: Os Donos do Brasil e suas Conexões" que trata exatamente desse tema. A&E - Que tipo de profissional esse mercado espera? Sergio - Em um cenário de elevada presença do governo, é fundamental que os gestores consigam antecipar possíveis mudanças regulatórias e estabeleçam formas de responder estrategicamente a políticas de apoio ou intervenção. Entrevista concedida à Ana Carolina Miotto Estagiária de Jornalismo da Esalq

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Atualização

E

O tempo e o espaço da erosão

m países de clima temperado, a formação de anéis de crescimento anuais em árvores é mais expressiva do que em clima tropical. “Isso ocorre devido a forte estacionalidade climática existente nesses países, onde a estação de inverno induz a dormência da planta e paralisa o crescimento das árvores por um período”, comenta a engenheira agrônoma Renata Cristina Bovi, atualmente mestranda no programa de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). Segundo Renata, em clima tropical, as pesquisas ainda são recentes e os anéis de crescimento não são sempre facilmente observados. “Em alguns casos, a formação de anéis de crescimento pode ocorrer devido à periodicidade da atividade cambial, provável resultante de uma estação seca definida, ou de mudanças na temperatura e fotoperíodo”, reforça. De acordo com a agrônoma, a modifica-

ção anatômica de lenhos de caule e raízes de árvores, provocada pelo soterramento do caule por sedimentos ou exposição de raízes por processos erosivos é um método empregado nas últimas décadas, em países de clima temperado, para mensurar os estragos da erosão. Denominado dendrogeomorfologia, consiste basicamente na medição da velocidade de degradação do solo a partir dos anéis de crescimento do caule e das raízes das árvores. “Como é sabido, a erosão é um importante processo de degradação do solo, que resulta em perdas de solo, perdas na produtividade agrícola e é responsável por graves impactos ambientais”, lembra a pesquisadora. Com o objetivo de validar a utilização desse método na determinação espacial e temporal dos processos erosivos dos solos em clima tropical, a pesquisadora elegeu o Schizolobium parahybadefiniu a Estação Experimental de Tupi, uma unidade de produção

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e conservação do Instituto Florestal – Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, como área de estudo. O trabalho teve orientação de Miguel Cooper, professor do Departamento de Ciência do Solo (LSO) e foi desenvolvido em parceria com pesquisadores do Laboratório de Anatomia, Identificação e Densitometria de Raios X em Madeira, coordenado pelo professor Mario Tomazello Filho, do Departamento de Ciências Florestais (LCF). “As técnicas de medição e datação de processos erosivos no campo não é uma tarefa simples e, de modo geral, pode ser pouco precisa. Para desenvolver o método da dendrogeomorfologia, selecionamos o guapuruvu, cujo crescimento é demarcado por meio dos anéis de crescimento, imprescindíveis para a análise dendrogeomorfológica”, conta Renata.

eleita para estudo, uma vez que se sabe os anos ocorridos após a exposição das raízes e também a distância da raiz até a superfície atual do solo. “Concomitantemente, coletamos amostras de solo e sedimentos, a fim de avaliar o processo de erosão e sedimentação e, ainda, compreender a suscetibilidade à erosão dos solos da área de estudo”, comenta.

O projeto foi financiado com bolsa-mestrado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e indicou que a taxa de erosão pode ser inferida a partir de raízes expostas de árvores, em cm/ano. Além disso, inferiu que o guapuruvu possui potencial para estudos dessa natureza, uma vez que suas cicatrizes representam um eficiente parâmetro cronológico para a datação de eventos geomórficos. Apesar de sugerir outros Em seguida, foram feita coleta de amostras estudos sobre essa metodologia na adaptade caules de árvores, de raízes expostas (con- ção ao clima tropical, a autora do trabalho resequência dos processos erosivos), e de raízes força que os estudos dendrogeomorfológicos enterradas. Mais tarde, com a cooperação de são de grande importância principalmente Matheus Peres Chagas, orientando do profes- para encontrar registros temporais e espasor Tomazello, as amostras foram analisadas, ciais de eventos de erosão, em áreas com a fim de datar os anéis de crescimento e as carência de dados. “Podemos observar que cicatrizes presentes tão somente nas raízes esse método é fundamental para a eficiência expostas. “Essas cicatrizes são resultado das dos programas de conservação da qualidade injúrias causadas nas raízes, expostas pelo do solo e da água. Podem, também, ser uma processo erosivo, pelo impacto dos sedimen- útil ferramenta para áreas não monitoradas, tos e detritos transportados pelas águas da sugerindo melhores localizações de estações de controle”. chuva”. De acordo com a pesquisadora, a partir dos dados de datação das cicatrizes foi posTexto: Caio Albuquerque/Esalq sível obter a taxa média de erosão da área

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Atualização

Projeto da ESALQ é finalista do Prêmio ANDEF 2013

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Grupo de Extensão Enactus ESALQ, orientado pela professora Marly Teresinha Pereira, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), promoveu, nos dias 10 e 11 de maio, o Workshop ANDEF Enactus Brasil 2013. A iniciativa contou com a participação de cerca de 100 alunos universitários dos times Enactus dos estados do PA, CE, MG, RJ e SP e dos professores conselheiros de cada um. Na oportunidade, foi realizada a avalição dos trabalhos na categoria Universidades da 16ª Edição do Prêmio ANDEF 2013, quando

os times participantes apresentaram seus projetos. No segundo dia das avaliações, os estudantes assistiram palestras sobre comunidades do setor rural, trabalho em grupo, superação e agronegócio, gerenciamento de projetos, planejamento estratégico e apuração de resultados. “Nossa proposta foi incentivar os grupos estudantis a escolherem uma comunidade que precisasse de melhorias em prol do desenvolvimento local. A premiação é um incentivo para os jovens construírem um país melhor e esse encontro também contribuirá com o aperfeiçoamento desses jovens”, afirma Kle-

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ber De Paulo, presidente da Enactus no Brasil. De acordo com os organizadores, a entrega oficial do prêmio ocorrerá no dia 24 de junho, no Esporte Clube Sírio, em São Paulo. Com o título "Aprendendo a empreender: a escola rural como espaço de construção e difusão da visão empreendedora dos jovens na sucessão rural e na sustentabilidade”, o projeto do Enactus ESALQ está entre os finalistas. Pedro Parzewski Neves, graduando em Engenharia Agronômica e Presidente do ENACTUS – ESALQ também considerou positiva a troca de experiências. “Além da troca de experiências sobre gestão dos grupos e projetos com times de outros estados do Brasil, o Workshop ANDEF – Enactus também nos permitiu aumentar a ligação com conceitos que visam a realização de ações com resultados cada vez mais sólidos”.

Prêmio ANDEF Enactus Brasil – Tem como missão unir e incentivar líderes do setor Agro que, por meio de iniciativas socioambientais, buscam uma agricultura cada vez mais sustentável para as futuras gerações do planeta. Na parceria com a Enactus, o Prêmio tem o intuito de reconhecer os melhores times Enactus ativos nas Instituições de ensino superior brasileiras com cursos de graduação relacionados ao Agronegócio e/ou times que tenham projetos relacionados à esta área.

dos Santos (Engenharia Agronômica), Letícia Oliveira Cobello (Engenharia Florestal), Luís Guilherme Francischinelli Scarso (Engenharia Agronômica), Manuela Silva Silveira (Ciência dos Alimentos), Patrícia de Souza Gomes José (Engenharia Agronômica), Renata KamikawaNa ESALQ – O Grupo de Extensão En- chi Kodawara (Engenharia Agronômica), Tamactus ESALQ integra o Enactus, organização mye Grassi Morais (Ciências dos Alimentos), internacional sem fins lucrativos que reúne Tatiana Fernandes Rosa (Engenharia Florestal). estudantes, acadêmicos e líderes de negócios que estão empenhados em usar o poder da ação empresarial para melhorar a qualidade de vida e de padrão de vida para as pessoas em necessidade. Além da professora Marly, fazem parte do Enactus ESALQ Pedro Pazerwski Neves (Engenharia Agronômica), líder do time, Aline Gomes Oliveira (Ciências dos Alimentos), Felipe Bianchi Saldanha (Engenharia Agronômica), Flavia Rezende Dias (EnOutras informações: constam nos endereços genharia Agronômica), Gustavo José Moreira http://enactus.org e (Ciências Econômicas), Isabella Chesca Jeron- http://enactus.org/country/brazil imo (Engenharia Agronômica), Karina Hehs Depto de Pesquisa A&E A atividade aconteceu no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) - Anfiteatro “Prof. Urgel de Almeida Lima”, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).

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Atualização

EMBRAPA E NESTLÉ/DPA: FOCO NO PRODUTOR DE LEITE

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Nestlé, autoridade global em nutrição, saúde e bem-estar, tem o Brasil entre seus principais mercados no mundo. Para atendê-lo com a qualidade inerente às suas marcas, conta com uma grande cadeia que envolve mais de 48 mil produtores e fornecedores rurais. Para que esse sucesso se perpetue, a empresa acredita que gerar valor à sociedade é tão relevante quanto aos acionistas – esse conceito é denominado Criação de Valor Compartilhado. A partir desse modo de pensar e agir, três focos de atuação foram selecionados para receber investimentos sociais da Nestlé: Nutrição, Água e Desenvolvimento Rural. É nesse último tópico que a empresa, por meio da DPA (joint venture entre Nestlé e a empresa neozelandesa Fonterra), conta com grande apoio da Embrapa a fim de implementar políticas efetivas de boas práticas na cadeia produtora de leite. Atualmente, três programas utilizam tecnologia e conhecimentos desenvolvidos pela Embrapa O primeiro é o Cinturão da Qualidade Nestlé/ DPA. Criado a partir do Kit Embrapa de Ordenha Manual, o Cinturão e o Kit Limpeza de Utensílios – que consistem em uma bolsa presa ao cinto do ordenhador com bisnagas de água clorada para higienização e papel toalha – melhoram a qualidade do leite extraído por ordenha manual. Entre outros resultados, faz com que

o produto atenda parâmetros de Contagem Bacteriana Total (CBT) exigidos para evitar o descarte, o produtor garanta maior mobilidade e qualidade e, por fim, consiga melhor remuneração de acordo com o Sistema de Valorização do Leite (SVL) da Nestlé/DPA. Outro programa, o Boas Práticas na Fazenda (BPF), começou em 2005 com objetivo de assegurar a qualidade e a segurança do leite e também a sustentabilidade da atividade leiteira. Fruto de parceria entre Nestlé/DPA e Embrapa, o BPF aborda de forma simples e objetiva as atividades de cada pessoa nas fazendas, melhorando seu desempenho. A sustentabilidade do segmento é impulsionada por meio da adoção de procedimentos e controles na propriedade produtora, melhorando a gestão e diminuindo os riscos para a segurança do leite e as perdas relacionadas à qualidade. O terceiro projeto visa o combate ao carrapato, uma das principais causas de perdas numa propriedade leiteira e grande desafio para o produtor. A Nestlé/DPA e Embrapa realizam periodicamente ciclos de palestras sobre controle estratégico de carrapatos. Com os treinamentos, os produtores ficam aptos a implementar controles parasitários baseados em informações científicas, se conscientizam sobre questões importantes, como a resistência crescente da praga e os resíduos de pesticidas no leite, e, por fim, se habilitam a capacitar colaboradores para dar continuidade ao combate eficiente ao carrapato.

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Artigo

Pelo fim do caos logístico

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agronegócio brasileiro mais uma vez ultrapassa todas as expectativas com a maior safra já registrada na nossa história. O que coube ao produtor está cumprido, com a colheita de 185 milhões de toneladas de grãos. Otimista, aquele que trabalhou duro para trazer esse precioso recorde para o Brasil, enfrenta agora o desafio de escoar sua produção em estradas esburacadas, fretes com custos extorsivos e um imenso congestionamento nos portos brasileiros. Tudo parecia ir muito bem no campo. A seca americana, por exemplo, fez o produtor brasileiro acreditar no milho e também pela primeira vez ultrapassamos os EUA, com a maior safra desse grão. Os problemas logísticos começaram com altas de até 70% no frete. Pesa sobre esse aumento uma nova legislação no setor de transporte, aplicada sem um prazo para adaptações dos diversos setores produtivos. Segundo levantamento da consultoria Datagro, as novas regras tiraram cerca de 500 mil carretas das estradas e causaram impacto de até 28% no frete. A próxima barreira foi enfrentar estradas em péssimas condições. Infelizmente, nossa aposta no passado pelo transporte rodoviário tornou-se um erro que impacta diretamente no crescimento da produção agrícola. É urgente que saiam do papel os projetos ferroviários para o escoamento da nossa produção para os vários portos da costa. O congestionamento desta safra não afeta apenas o produtor rural. Vimos cenas de enormes filas de caminhões na baixada santista. O acúmulo de carretas afetou diretamente a vida do morador de Santos, Guarujá e região, que teve sua rotina alterada, principalmente nos deslocamentos para a capital paulista. Ultrapassada mais essa dificuldade, nos deparamos com a fila de navios em vários portos. No caso paulista, o Porto de Santos mostrou-se que não está adequado para o aumento de volume de expor-

tação de grãos. Navios esperaram dias para conseguir embarcar a carga e, mais uma vez, esse gargalo provoca aumento de custo de nossos produtos. O Brasil caminha para se consolidar como o principal produtor mundial de grãos. Somos referência internacional e temos capacidade de contribuir para acabar com a fome no mundo. O nosso produtor não precisa mais provar que é capaz. Precisa, sim, de respostas sérias para os revezes que vem enfrentando ano após ano. É urgente um basta ao caos logístico, assim como é imprescindível uma ampla política agrícola que seja condizente à importância do setor, com seguro rural e de renda viáveis, linhas de financiamento mais adequadas, desoneração da cadeia produtiva, um grande investimento em pesquisa e uma justa regulamentação do Código Florestal. A logística é um problema crucial para a agropecuária brasileira, mas não é o único. Nossos governantes precisam entender que melhorar a produção de alimentos não favorece apenas o homem do campo, mas toda a sociedade. Edivaldo Del Grande é presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP).

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Artigo

A pecuária brasileira precisa voar mais alto!

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pecuária brasileira dobrou seu rebanho nos últimos 36 anos, passando de 102,5 milhões de cabeças para 204 milhões. No mesmo período as pastagens diminuíram 8%, ou seja, no passado estávamos com 165,7 milhões de hectares, hoje estamos com 152 milhões de hectares em pastagens. Isso nos mostra que os pecuaristas melhoraram sua eficiência, mas estamos muito longe de termos uma pecuária robusta. Por exemplo, nos EUA mais de 90% dos animais são terminados em confinamento, no Brasil chegamos a míseros 5%. O fato é que a pecuária norte-americana é três vezes maior que a brasileira. Na média o Brasil atinge 0,7 UA (unidade animal). Mas, nem tudo é problema, em regiões mais eficientes, que investem em tecnologia, chegamos a 3,0 UA. E por que não fazermos isto em todo o Brasil Será que falta tecnologia Ou falta de coragem Nós produtores tratamos a pecuária como uma atividade mais tranquila em que podemos deixar os animais ao alento que irão se reproduzir! Qual o custo disso Nossa média de natalidade (nascimento/ ano) gira em torno de 60%, ou seja, para cada 100 matrizes, nascem 60 bezerros, ou seja, 40 matrizes estão comendo, bebendo a custa do pecuarista. Isso senhores, se não tivermos mortalidade que gira em torno de 8%.

falta de interesse as descartam! Quem paga o preço por isso Amigos, todos nós sofremos quando acontecem notícias que afetam o setor. Será que não esta na hora de tratarmos nossa pecuária como um grande negócio Queremos aumentar nossa produção e nossos índices, no entanto, para isso, precisamos investir em formação de pastagens - o maior bem de uma fazenda de bovinos – análise de solo, correção de solo, cuidados com sanidade animal, controle do rebanho, investimento em genética, consórcio de diferentes vertentes da pecuária cria, recria, engorda, esses são alguns itens que nós pecuaristas precisaremos melhorar. Por fim ressalto novamente que não há receita de bolo na pecuária. Os desafios, os problemas e as soluções caminham juntos. Precisamos identificá-los e aplicá-los a nossos campos e atividades. Isso tudo têm um preço, se não analisarmos corretamente, pode sair mais alto do que podemos imaginar. Tudo isso é possível: voar para grandes conquistas requer muito esforço e dedicação, uma nova revolução na pecuária brasileira precisa ser feita e rapidamente. Galgar novos voos e melhores resultados é preciso. É nisso que eu acredito, e você pecuarista?

José Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, E a sanidade animal Ainda identificamos Gerente de Educação da Associação Nacional produtores que compram as vacinas, mas por de Defesa Vegetal – Andef.

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Agricultura familiar fatura R$ 2 bilhões com vendas para produção de biodiesel

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agricultura familiar faturou R$ 2 bilhões com a venda de matéria-prima para a produção de biodiesel em 2012, informou o coordenador de Biocombustíveis do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), André Machado, durante a Semana de Bioenergia promovida pela Global Energy Partnership (Gbep) entidade ligada a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Atualmente, cerca de 104 mil estabelecimentos da agricultura familiar, que envolvem mais de 300 mil pessoas, produzem para 41 usinas distribuídas por todo país. Segundo Machado, o Selo Combustível Social tem ajudado os pequenos agricultores. Isso porque o selo garante alíquotas reduzidas de PIS/Pasep e Cofins, que varia de acordo com a matéria-prima e região de aquisição, para quem comprar um percentual mínimo de matéria-prima dos agricultores familiares e assegurar capacitação e assistência técnica. Machado ressalta que a medida permite acesso dos agricultures familiares ao mercado brasileiro.“A Região Sul é a área com mais participação da agricultura familiar, representando 35% de toda capacidade nacional. Em seguida, estão as regiões Nordeste e Sudeste, com 30%, seguida por Centro-Oeste e Norte, com 15%. As culturas mais adquiridas são soja, mamona, girassol, dendê e canola”, detalha. Além da atuação da agricultura familiar, as divergências sobre produção de alimentos e bioenergia foram discutidas durante o encontro. De acordo com o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, José Cabral Sousa Dias, o estímulo ao plantio de cana-de-açúcar para fabricação de etanol fez aumentar em 50% a produção do açúcar no período de 2000 a 2010.

“O Brasil é um dos poucos países em que esse conflito de alimento versus energia não é um problema, dadas as dimensões que o país tem e a distribuição fundiária e populacional”, disse. Cabral destacou que o etanol também pode ser produzido a partir de resíduos, como o bagaço da cana-de-açúcar, entretanto ainda não é viável economicamente. “Há uma etapa que ainda encarece o processo e várias pesquisas já estão sendo feitas. Para o Brasil, é de grande importância, pois sem aumentar a área plantada, pode-se aumentar até 40% a produção do etanol”, explicou. Outra forma de bioenergia é o biodiesel com sebo bovino. “Historicamente, o sebo bovino sempre foi um causador de poluição, pois era jogado fora. Atualmente, 15% de todo biodiesel feito no Brasil vêm do sebo bovino. A bioenergia resolveu um problema, da poluição e desperdício, e aumentou a produção do combustível”. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos, e um dos maiores de biodiesel. De acordo com a Embrapa Agroenergia, estimase que, entre 1975 e 2011, o consumo de etanol tenha evitado o uso de aproximadamente 330 bilhões de litros de gasolina. O uso do etanol também evitou a emissão de mais de 550 milhões de toneladas de gás carbônico no mesmo período. Atualmente, a participação de combustíveis renováveis na matriz brasileira de transportes chega a cerca de 22%. Segundo Cabral, a bioenergia é um termo amplo que se refere a qualquer forma de energia renovável produzida a partir de materiais derivados de fontes biológicas. O biodiesel é produzido a partir de óleos ou gorduras com várias matériasprimas possíveis: gorduras animais, óleos vegetais, soja, pinhão manso, girassol e óleo de palma. Como combustível pode ser utilizado em qualquer motor diesel, quando combinado com diesel mineral. Fonte Agência Brasil

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Paralelo 16 Sul

A ocupação econômica parece ter separado o Brasil novamente com outra linha imaginária, o paralelo 16 Sul

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os primeiros tempos de nossa história, um meridiano concebido pelos homens --o meridiano de Tordesilhas-- quis dividir nosso país em dois mundos diferentes. Mas a obra dos reis não conseguiu separar os brasileiros que, nas inesquecíveis palavras de Tancredo Neves, empurraram com o seu peito a linha imaginária até onde eles julgaram ser terra brasileira. Séculos depois, a ocupação econômica efetiva do nosso território parece ter separado novamente o Brasil com outra linha imaginária: o paralelo 16 Sul. Abaixo dela, prosperaram as cidades, multiplicaram-se as indústrias e implantou-se um extenso sistema de infraestrutura, com rodovias, ferrovias, energia e portos.

Acima, com exceção da faixa costeira do Nordeste brasileiro, uma vasta extensão de terras restou quase intocada. Mais uma vez, os brasileiros não se curvaram frente ao destino que lhes impunha a linha imaginária. Cruzaram-na com energia, construindo a partir do nada um vigoroso sistema de produção. Hoje, esse espaço já produz 80,3 milhões de toneladas de soja e milho --mais da metade da produção nacional, embora nosso sistema logístico continue funcionando como se o Brasil só existisse ao sul daquele paralelo. Essa anomalia faz com que 86% dos grãos produzidos no Mato Grosso, Goiás, Tocantins, oeste da Bahia e sul do Maranhão e do Piauí sejam exportados a partir dos portos de Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul e Vitória. Depois de percorrer mais de 2.000 km de estradas precárias, essa carga ainda fica presa no

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divulgação

Artigo


tráfego das cidades portuárias por dias. Um triste espetáculo que se repete a cada ano e faz com que a tão produtiva agricultura brasileira perca renda e competitividade. Enquanto a maior parte da nossa produção estava localizada no sul do país, próxima dos portos do Sul e Sudeste, o custo do transporte da fazenda ao porto era de US$ 28 a tonelada. O dobro dos US$ 14 registrados na Argentina e dos US$ 15 dos Estados Unidos. Mas, isso, no ano de 2003. Passada uma década, a situação agravouse. Com a transferência da produção para o Norte, o custo Brasil do transporte subiu para incríveis US$ 85 a tonelada, contra US$ 23 dos Estados Unidos e US$ 20 da Argentina. É de se lamentar, pois o alto custo logístico subtrai renda do produtor, uma vez que o preço final é fixado pelo mercado global. Isso não é aceitável e não pode continuar, porque o abastecimento do mercado internacional de soja e milho será feito, de forma crescente, pelo Arco Norte do Brasil. A produção do Sul, por sua vez, estará cada vez mais comprometida com os imensos plantéis de suínos e aves. Afinal, o país já é o maior exportador mundial de frango. E o que se produz acima do paralelo 16 poderá ser exportado por vários terminais que já estão em construção nos sistemas portuários de Belém e São Luiz. As saídas do Arco Norte economizarão entre 500 e mil quilômetros de fretes terrestres. Os portos dessa região respondem por apenas 14% das exportações do país devido à carência de infraestrutura e de acessos por rodovia, ferrovia ou hidrovia. Mas vem aí um complexo intermodal que inclui estradas federais e três hidrovias (do Madeira, Teles-Pires Tapajós e Tocantins), além da ferrovia Norte-Sul com seus dois braços (o Fiol, que vai até Ilhéus e o Fico, até Mato Grosso). Com esses três novos corredores rodohidroferroviários, teremos uma economia em torno de

30% no custo do frete. E os novos portos têm a vantagem adicional de acesso ao canal do Panamá, reduzindo o trajeto marítimo até a Ásia, principal destino dessas exportações. Essa nova infraestrutura portuária vai reconfigurar a geografia do Brasil, completando a heroica ocupação iniciada pelos primeiros agricultores que descobriram de fato nosso país, como os bandeirantes no passado. É claro que isso só está se tornando possível pela presença da iniciativa privada. Mas ainda há quem queira que portos sejam exclusividade do Estado e privilégio de dois ou três grupos econômicos! KÁTIA ABREU, 51, senadora (PSD/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil),

ACAV e SINDICARNE Parabenizam a EMBRAPA pela passagem de seus 40 anos de fundação, e pelo comprometimento com a Suinocultura e Avicultura que muito contribuiu no desenvolvimento dos Setores.

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Agronegocio

Supersafra não sacia o dragão

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em a supersafra de alimentos que vem aí, estimada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em cerca de 183 milhões de toneladas de grãos, deve aplacar a fome do dragão. Os alimentos consomem 20% do orçamento doméstico e safras fartas são sempre bem-vindas, ajudam a regular o custo de vida e pesam para o superávit da balança comercial. Mas para conter o apetite voraz do dragão é preciso que a colheita cresça não só em toneladas de commodities, como o milho e a soja, mas que seja farta também em alimentos que vão direto para o prato do consumidor: arroz, feijão, hortaliças, frutas. E é aí que mora o perigo. Este ano o país deve colher cerca de 10,5% mais grãos que no ano passado, um avanço festejado pelo governo. Mas a des-

peito da safra recorde, especialistas apontam que os resultados do campo podem não conter o fôlego do dragão. A projeção da FGV (Fundação Getúlio Vargas) é de uma inflação próxima dos 5,8% em 2013, praticamente o mesmo resultado do ano passado. Grãos como o milho e a soja têm boas expectativas de colheita, mas a formação de preços internacionais depende da demanda de grandes consumidores, como os países asiáticos. Assim, os preços no mercado interno podem não cair na proporção da maior oferta. Já a safra do feijão, descolada do mercado internacional, não deve ser suficiente para abastecer o mercado interno. A previsão é de que o Brasil importe da China de 80 mil a 100 mil toneladas do alimento básico. A oferta interna de feijão segue em baixa, com preços do grão cotados em R$ 210 a saca, quando

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o custo poderia estar próximo aos R$ 110 a essa altura do ano. O trigo, também essencial para regular preços de pães, massas, biscoitos, tem estoques mundiais curtos e produção nacional insuficiente, enquanto os preços das hortaliças se mantêm persistentemente altos. “Apesar da promessa de uma boa safra, tenho dúvidas se conseguiremos fechar o ano com os alimentos subindo em média 6%, previsão que sustentávamos no início de 2013”, diz André Braz, coordenador do índice de inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, a trajetória atual aponta para alta dos alimentos superior a 5% no primeiro trimestre do ano. “Mesmo que a desoneração da cesta básica nos favoreça, podemos terminar 2013 com uma alta média para alimentos próxima de 7%, um ponto percentual superior à expectativa inicial”, explica Braz. Para o especialista, mesmo que a inflação do grupo seja menor em 2013, a supersafra não deve criar espaço para ajustes profundos. “Os impactos da safra recorde não serão maiores na inflação porque o setor produtivo é altamente competitivo, mas o país não é”, defende Gilman Viana, ex-secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais e presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil). Segundo ele,

quando saem da fazenda, os custos do comércio encarecem a produção, seja da commodity ou da hortaliça. “A produtividade da soja brasileira é maior que a dos Estados Unidos. No entanto, o produtor daqui gasta três vezes mais que o americano para entregar o produto, e duas vezes mais que o argentino”, explica. “A velocidade da safra está 10 anos adiante do presente e a infraestrutura, 30 anos atrasada.” Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da FAEMG, aponta que a colheita brasileira de arroz deve aliviar a pressão do cereal no índice. Já a soja e o milho entram na cadeia animal, na produção de insumos, e têm efeito sobre o preço de produtos como frango, ovos e carne suína, mas são commodities que dependem do panorama internacional. “É preciso observar como será a colheita mundial, que definirá os preços do grão no mercado interno.” A flutuação dos hortifrutigranjeiros, que tem sido destaque nos últimos anos, deve continuar a pressionar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). “É possível que este ano tenhamos novamente a inflação de produtos como o tomate e outros hortifrúti”, avalia Pierre. “Os grãos vão segurar em parte a inflação, mas a pressão dos hortifrúti não deve ceder. Prevemos uma inflação em 2013 de 9% na região de Lavras”, diz o professor e coordenador do índice de inflação da Ufla (Uni-

o país deve colher cerca de 10,5% mais grãos que no ano passado, um avanço festejado pelo governo.

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Agronegocio

versidade Federal de Lavras), Ricardo Reis. A inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março, por meio do IPCA-15, mostrou inflação acumulada em 12 meses de 6,43%, com alta de 0,49% em março. O grupo alimentação e bebidas deteve 0,34 ponto percentual do índice, ficando responsável por um peso de 69%. Vários produtos importantes na despesa das famílias ficaram mais caros em março, como o feijão carioca (11,68%), ovos (7,66%), farinha de trigo (6,33%), farinha de mandioca (5,72%), frutas (2,54%), macarrão (2,42%), frango (1,80%), e pão francês (1,77%), além da refeição fora de casa (1,23%). Minas é estado estratégico Nadando contra a maré do déficit de logística e infraestrutura, a produção brasileira – e de Minas Gerais – consegue bons resultados, apesar do descompasso entre produção e comercialização. O estado lidera posições importantes na produção agropecuária brasileira. É o primeiro produtor de café e leite e detém o segundo maior rebanho bovino do país. Também tem a segunda colo-

cação na produção de feijão e cana-de-açúcar. Na safra de grãos, Minas deve colher perto de 12 milhões de toneladas, 7,5% do percentual do país. Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade de Campinas), aponta que, mesmo sem fazer da produção agrícola um setor estratégico, o Brasil lidera o ranking de exportação de alimentos, sendo o segundo colocado mundial na produção, depois dos Estados Unidos. Apesar disso, ele critica o abandono do etanol, a logística ruim para escoamento da produção e o sufoco dos portos. “A soja não alavancou outros setores. O país não desenvolveu cadeias produtivas da forma como deveria, por exemplo, o setor de máquinas e equipamentos, de defensivos agrícolas e a própria produção de sementes e comercialização dos produtos”, diz Sarti. Ele aponta que a comercialização fica a cargo de grandes e poucos players internacionais. “O Brasil não aproveita como deveria a oportunidade de ser um grande fornecedor mundial de alimentos, importante para a segurança alimentar mundial. Enquanto isso, outras fronteiras vão sendo abertas, como a África.” fonte Jornal O Estado de Minas

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PARA OS ANIMAIS. PELA SAÚDE. POR VOCÊ. 59 - Revista A&E


Opinião

O modelo brasileiro de agricultura de alta escala Marcos Jank e André Pessôa são sócios diretores da Agroconsult e do Agro.Icone

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Brasil tem dificuldade para reconhecer empreendedores e modelos empresariais que deram certo. Temos dificuldade para listar dez nomes de empresários que foram revolucionários no seu tempo. Temos ainda maior dificuldade para valorizar arranjos produtivos que funcionam bem e podem servir de modelo para dezenas de países. Um dos exemplos mais notáveis desse tipo de dificuldade ocorre no caso do modelo brasileiro de agricultura tropical que desenvolvemos nas últimas décadas. Um dos pilares desse modelo é razoavelmente conhecido - o desenvolvimento de tecnologias adaptadas às condições tropicais: novas variedades aptas a latitudes mais setentrionais, plantio direto (que teve extraordinário impacto conservacionista ao eliminar a aração dos solos), introdução da segunda safra no mesmo ano agrícola sem irrigação, integração lavourapecuária-floresta e outros. O segundo pilar, bem menos conhecido, foi a corajosa migração de produtores com aptidão e conhecimento agrícola em busca de ganhos de escala para enfrentar as difíceis condições de produção nos cerrados. Pequenos agricultores do Sul e do Sudeste do País construíram cidades e estradas a milhares de

quilômetros de sua terra natal. Inicialmente o desenvolvimento se deu em cima do binômio soja-boi. Com o tempo, a valorização das terras incentivou a intensificação e diversificação agrícola, com o crescimento da produção de milho, arroz, algodão, café, cana-de-açúcar, eucalipto, leite, suínos e aves. Hoje são mais de dez atividades disputando o uso da terra, num dos modelos mais bem-sucedidos de produção de alimentos, rações, fibras, celulose e bioenergia do planeta. Mas a maioria das pessoas não sabe que esse modelo de desenvolvimento se baseou em "ganhos de escala" absolutamente necessários e positivos. Primeiro, porque o enfrentamento dos cerrados exige maior capacidade operacional para lidar com instabilidades climáticas, solos pobres e ácidos, enorme diversidade de pragas e doenças, acarretando maiores custos fixos e necessidade de escala. Segundo, porque, ao contrário do que ocorreu nos EUA no começo do século passado, a infraestrutura de armazenagem e transporte não acompanhou a migração dos produtores brasileiros, obrigando-os a bancar suas próprias estruturas, o que também aumenta os custos fixos. A atual safra mostra claramente que a rentabilidade da agropecuária é

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Opinião dilapidada na mesma proporção em que aumenta a distância dos portos. Terceiro, porque a própria condução da atividade em condições tropicais exige conhecimentos aprofundados de gestão e governança, o que requer profissionais qualificados e novamente aumenta os custos fixos. Profissionalização, capacidade de gerir modelos de alta tecnologia, sofisticados mecanismos de gerenciamento de riscos e comercialização, atuação na coordenação de cadeias produtivas com grande complexidade de contratos, elevadas exigências em termos de governança, transparência e sustentabilidade são hoje elementos essenciais para o sucesso da agricultura. É incomparavelmente mais difícil plantar grãos nas condições dos cerrados de Mato Grosso e Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) do que no Meio-Oeste dos EUA ou na Bacia Parisiense. Já as culturas perenes cana, laranja, café e eucalipto - são atividades que exigem imensa quantidade de capital e gestão primorosa, sob o risco de quebra no meio do caminho. O fato é que nunca esteve tão claro que a escala de produção é um elemento fundamental para o sucesso da atividade agropecuária em condições tropicais. Esse tema já era visível no desenvolvimento de culturas perenes no Estado de São Paulo. Agora fica cada vez mais claro nos cerrados do CentroOeste e do Nordeste - no algodão, na soja, no milho e mesmo na pecuária. Os custos fixos são de fato elevados, mas com o aumento da escala o custo médio do produto final acaba se reduzindo, beneficiando os consumidores. Grandes produtores competentes operam hoje com boa rentabilidade, gerando empregos de alta qualificação e conseguindo cumprir as exigências ambientais. Aliás, vale frisar que os custos de cumprimento das legis-

lações ambiental e trabalhista (compliance) no País são altos e crescentes, forçando escalas cada vez maiores. Trata-se de desafios crescentes para a pequena escala enfrentar sem o apoio do Estado em atividades de baixa agregação de valor, como é caso das commodities agrícolas. Não estamos com isso afirmando que a agricultura de baixa escala está inexoravelmente condenada ao desaparecimento. Ela vai continuar sobrevivendo nas regiões que contam com melhores condições de logística e armazenagem, maior acesso a mercados e outros elementos que atenuam os pontos levantados. Os Estados do Sul são um bom exemplo, onde a pequena agricultura consegue sobreviver integrada a agroindústrias processadoras ou por meio de cooperativas que reduzem os problemas de comercialização e de acesso ao crédito. Tampouco estamos dizendo que os ganhos de escala sejam infinitos. Apesar de eles serem cada vez mais evidentes, a economia nos ensina que empresas podem entrar em situações de "deseconomias de escala". Na realidade, sabemos muito pouco sobre essa matéria e a questão da definição de "módulos ótimos" de operação ainda é um assunto em aberto, em face das diferentes realidades deste nosso país continental. Mas não há dúvida de que o principal vetor de crescimento da agricultura do País tem sido a combinação de gestão e ganhos de escala, e que esse modelo cada vez mais nos distingue do restante do mundo, causando admiração em países em desenvolvimento e temor nos nossos concorrentes desenvolvidos. Quem visitou a Agrishow, em Ribeirão Preto, sabe do que estamos falando. Não fossem os riscos regulatórios e de logística que vivemos, seríamos imbatíveis. Nosso maior inimigo somos nós mesmos!

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