engenheiro Revista do Engenheiro • 2014 • Ano VI - Nº 6 • Periodicidade: Anual
Até 2020 deve triplicar demanda por engenheiro no Brasil Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA
Inovação no Ensino
Prof. Alexandre Bracarense Homenagem
Dr. Tárcio Belém Barbosa
Fundador da Revista ENGENHEIRO
Índice
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Homenagem - Dr. Tárcio Primo Belém Barbosa O Notável Engenheiro que fez da sua vida a Engenharia Entrevista - Diretor da Escola de Engenharia da UFMG - Prof. Alessandro Fernandes Dr. Tárcio Belém Barbosa e seu legado CIPMOI - Há mais de 50 capacitando mão de obra para o Mercado de Trabalho A Inovação no ensino da Engenharia - Prof. Alexandre Bracarense Matéria de Capa: Até 2020 deve triplicar a demanda por engenheiro no Brasil Exploração de petróleo requer alta de 28% ao ano no corpo de Engenheiros Artigo - Assessoria de Engenharia na Gestão de Projetos Municipais Sustentabilidade - Sustentar 2014 e o convívio social História
Participaram desta edição: Fotos: Gilson de Souza
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Prof. Alessando Fernandes Moreira Engenharia Elétrica da UFMG Turma de 1991
Prof. Benjamim Rodrigues de Menezes Engenharia Elétrica da UFMG Turma de 1977
Prof. Alexandre Bracarense Física - UFMG Turma de 1983
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Roberto Luciano Fortes Fagundes Engenheiro Civil - Escola de Engenharia Kennedy Turma de 1973
Eng. Clorindo Campos Valadares Filho Engenheiro Civil da UFMG Turma de 1965
Foto de Capa: Ilustração Matéria IPEA sobre a Demanda na Área da Engenharia
Versão Digital disponível em: www.issuu.com/gilsondesouza/docs/ engenheiro_06
Expediente Revista ENGENHEIRO 6ª Edição • Ano VI Departamento Comercial: Produtos BH Jornalista Responsável: Gilson de Souza (MG - 12.251 JP) Arte e Criação dos Anúncios: Gilmar de Rezende Agenciador de Mídia: Julio Cesar de Abreu e Alexandre Wilson Marques Diagramação e Arte: Gilson de Souza (31) 3462-0515 Impressão: Gráfica Lastro Tiragem: 20.000 exemplares
Revista ENGENHEIRO: Distribuição Gratuita
Todos os textos e matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores, inclusive anúncios publicados
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Homenagem
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Nos últimos 5 anos, desde a criação desta revista, o Engenheiro Tárcio Primo Belém Barbosa foi o responsável por preencher esta página do “Editorial” da ENGENHEIRO. Fazia sempre com maestria, engrandecendo a Engenharia e seus feitos como o fez em toda sua vida. A proposta inicial era de deixar essa página em específico, em branco. Assim como fazem nos estádios de futebol com seu “minuto de silêncio” em homenagem a alguém muito querido, ou nas cidades que são decretadas “Dias de Luto”. Mas não podíamos ficar calados, simplesmente. Resolvemos então reproduzir as homenagens feitas na edição de número 62 do Jornal “A Ponte”, que também era dirigida pelo saudoso colega.
Fotomontagem da Capa da Revista A Ponte, nº 62 / AEAEEUFMG
Tárcio Barbosa
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O notável engenheiro que fez da sua vida a ENGENHARIA
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Em 15 de setembro de 1931 em Ouro Preto(MG) nascia o excepcional Tárcio Primo Belém Barbosa, filho do também engenheiro José Belém Barbosa e Alice Cruz Barbosa. Casou se com Maria Regina de Assis Fonseca Barbosa com quem teve 4 filhos: Margarida Maria, Tárcio José, Arthur José e José Belém Barbosa Neto. Formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) como Engenheiro Civil no ano de 1959. Tárcio teve na essência o amor a Engenharia e exerceu a profissão com competência e honestidade
Dentre suas brilhantes atribuições ao longo de sua vida, podemos destacar: Chefe da Seção de Orçamentos de Pontes, do Serviço de Estudo e Projetos - Departamento de Telecomunicações da Secretaria de Viação e Obras Públicas; Diretor Técnico da CODEURB - Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado de Minas Gerais; Secretário Adjunto de Estado da Secretária de Obras Públicas; Vice-presidente do Olympico Club - 1974 a 1978; Presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros - de agosto de 1975 a abril de 1977; Secretário de Estado de Obras Públicas28/07/81 a 25/02/82; Membro do Conselho Rodoviário do Departamento de Estradas e Rodagem - DER, desde 1961 a março de 1982; Presidente do Crea-MG de 1982 a 1984; Vice-presidente 1977/1979 e 1981; Membro do Grupo Especial para Elaboração de Diretrizes e Projetos para Expansão e Aperfeiçoamento Físico da Rede Escolar; Membro da Comissão Especial de Rever e Atualizar a Legislação Estadual sobre Licitações (1971); Conselheiro do Crea/MG, representante da SME (1974/1979); Membro do Conselho Técnico Consultivo da Emater; Membro da Comissão Estadual da Indústria da Construção de Minas Gerais - Ceico (1977); Diretor-geral do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de Minas Gerais - DAE/MG. Durante quase 20 anos foi presidente da Associação dos Ex-Alunos da Escola de Engenharia da UFMG, gestora do Centro da Memória da Engenharia. Por anos essa paixão pela Engenharia e pela Associação o fez trabalhar incansavelmente para que os Ex-Alunos sentissem esse mesmo sentimento e dedicação a insti-
tuição e pelo Centro da Memória, que hoje leva o seu nome: Centro da Memória da Engenharia, Engº Tárcio Primo Belém Barbosa. Durante 6 anos ele se empenhou para o evento “Top Engenharias”, que homenageia pessoas e empresas que contribuem para o desenvolvimento da Engenharia de Minas Gerais e do país. Um evento de grande sucesso entre as entidades do setor da Engenharia e afins. Que pretendemos dar continuidade neste grandioso projeto iniciado pelo brilhante Tárcio Primo Belém Barbosa. Dentre tantas obras realizadas pelo Engenheiro Tárcio podemos destacar como presidente do Crea/MG, a conclusão de sua sede em 1984. Também a construção da sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME). Quando foi diretor técnico da CODEURB e responsável técnico concluiu as obras em Belo Horizonte; o bloco vertical do Pronto Socorro João XXIII; Instituto Médico Legal, Fórum Milton Soares Campos; Bairro das Mangabeiras. Concluiu a sede do Distrito L11 do Lyons Internacional. Dentre os prédios residenciais na capital mineira ele construiu os edifícios Mendes Pimentel, Montparnasse e Montmatre dentre tantas outras residências. Ampliou a sede social, reformou o ginásio esportivo, ampliou a piscina olímpica, reformou os vestiários e construiu quadras de petecas no Olympico Club. O engenheiro Tárcio foi responsável técnico pela Urbanização do Bairro Santa Maria, Cidade Industrial; pela construção do Edifício Elena de Sanctis; pelo Edifício Marina, Edifício José Sebastião; Edifício Rosa Maria; pelo Edifício José Belém Barbosa, Edifício das Samambaias, em Belo Horizonte/MG.
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E em suas obras pelo estado diversos prêmios e homenagens, de Minas Gerais, executou a ponte como os títulos de cidadão honoDurante um longo período, meditei bastante sobre o Rio das Velhas; ponte sobre rário das cidades de Belo Horio que deveria seguir, aproveitando existir na o Ribeirão da Mata; ponte sobre o zonte, Coromandel, Porto Firme, família, cujo percentual é da ordem de 40% de Rio das Mortes; sobre o Ribeirão das Sacramento e Manhuaçu. engenheiros. Abençoado com a luz Divina, reÁguas Claras; ponte sobre o Ribeirão Pelo amor e dedicação à solvi ser mais um engenheiro no grupo. Sinto do Carioca; ponte sobre o Rio Grande; profissão recebeu diversas honramuito feliz e com orgulho dizer: sou formado ponte sobre o Rio Mata Cavalo; ponte rias, tais como: Medalha de Honra pela Escola de Engenharia da UFMG sobre o Ribeirão do Onça; ponte soda Inconfidência, Medalha do Mébre o Córrego da Quininha; Ribeirão rito Legislativo Estadual, Medalha Frase do Tárcio Primo Belém de Oratórios; Fórum de Araxá; Fórum Santos Dumont, Medalha e DiploBarbosa no Centenário da Escola de de Jaboticatubas; Fórum de São Sema Conselheiro “Cristiano BenediEngenharia da UFMG bastião do Paraíso; Fórum de Sacrato Ottoni”, Medalha Copasa pela mento; Fórum de Uberaba; Escola RuConcessão nº 200 desta empresa, ral “Córrego da Canoa”, em Bonfim/MG; estrada vicinal Ribeirão Medalha e Diploma do Mérito da engenharia conferida pelo Condas Neves Tijuco Melo Viana, em Pedro Leopoldo/MG. selho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Confea, Era conselheiro Benemérito do Clube Atlético Mineiro seu Medalha de Prata como dirigente da Associação conferida pelo time do coração. Por sua brilhante atuação profissional, recebeu Clube da Engenharia do Rio de Janeiro.
Há exato um ano, nos deixava o Engenheiro Tárcio Primo Belém Barbosa. Essa foto, tirada no dia 13 de dezembro de 2013 mostra toda alegria ao lado da esposa, Maria Regina Barbosa em Noite de Homenagens no auditório do CREA, a casa do Engenheiro de Minas Gerais. Numa de suas frases memoráveis, citava a engenharia como “sem ela não há progresso”. Gilson de Souza
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Prof. Alessandro Fernandes Moreira Diretor da Escola de Engenharia da UFMG
Entrevista
Gilson de Souza
Reforçando a Identidade do Aluno em relação à Escola de Engenharia
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Diretor da Escola de Engenharia da UFMG Engenheiro Elétrico formado na turma de 1991 da UFMG
Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993) e doutorado em Engenharia Elétrica pela University of Wisconsin-Madison (2002). É docente efetivo da Escola de Engenharia da UFMG desde 1993, sendo atualmente Professor Associado do Departamento de Engenharia Elétrica. Exerceu o cargo de Coordenador do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica de 2002 a 2010. Exerceu o cargo de Vice-Diretor da Escola de Engenharia de 2010 a 2014 e exerce o cargo de Diretor na mesma instituição desde 29 de junho de 2014. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Automação Eletrônica de Processos Elétricos e Industriais e em Educação em Engenharia. Tem atuado, principalmente, nos seguintes temas: educação em engenharia, eletrônica de potência, filtros para sobretensão, acionamentos pwm com cabos longos e acionamentos industriais. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4784486U5
09 Fale-nos um pouco sobre o Dr. Tárcio Primo Belém Barbosa O engenheiro Tárcio tinha uma representação para nós, bastante emblemática porque ele sempre foi o elo de ligação com aqueles alunos que se formaram aqui na Escola de Engenharia há mais tempo. Vimos que ele também era muito preocupado com os rumos que a Escola avançaria, especialmente com nossa relação com o CREA, e com a Sociedade Mineira de Engenheiros. Nós apreciávamos muito toda sua atuação e nós lhe dávamos apoio em todas as suas atividades. Sempre muito atuante e brilhante em toda sua carreira. Ele nos deixa um vazio? Sim. Ele foi uma pessoa que esteve sempre muito presente, durante a gestão anterior do dr. Benjamim Rodrigues de Menezes e, agora, infelizmente, não tenho o privilégio de tê-lo ao meu lado enquanto diretor. Falo dele no período em que estive como Vice-Diretor da Escola, era uma pessoa muito importante nessa ligação com os ex-alunos da Escola, uma pessoa sempre batalhadora e que nos deu muito suporte em todas as atividades referentes ao ex-aluno e também nas comemorações da Escola. No caso do Centenário da Escola de Engenharia? A Escola é muito tradicional na comemoração do seu aniversário e, no caso do centenário específico, sempre tivemos na Associação do Ex-Aluno um suporte importantíssimo para realizarmos as festividades merecidas. Volto a repetir, a ausência dele, deixa um vazio muito grande nesse sentido. Vamos falar um pouco da Escola, como é ser Diretor da Engenharia? É sempre um grande desafio. Desde a gestão do dr. Benjamim, traçamos um planejamento a longo prazo para a Escola, que passou um primeiro momento por uma integração. Nós vivenciamos a mudança de todos os departamentos que se encontravam no Centro de BH para o Campus e, dessa forma, todos eles tiveram que se adaptar e realmente iniciar do zero em seus afazeres. Continuamos na tarefa de levar a Escola a fazer parte do padrão das melhores escolas do mundo, do ponto de vista de ensino, pesquisa, de extensão. Sempre com uma boa equipe que dá todo tipo de suporte a esse trabalho que realizamos, a começar da gestão do dr. Benjamim, que é uma dessas pessoas que nos dão o suporte necessário. Dr. Benjamim hoje, é presidente da Fundação Cristiano Otoni, fale-nos um pouco da relação da Escola com a Fundação A Fundação Cristiano Otoni, como toda fundação de apoio, é um órgão de extremo valor para a gestão da Universidade, conseguindo flexibilizar toda parte operacional, na captação de recursos, apoio aos projetos de pesquisa e projetos de extensão. O próprio Fundo de Desenvolvimento Acadêmico, também dá o suporte necessário para o desenvolvimento da Escola. A Fundação desempenha esse papel, que é de extrema importância para toda Universidade. A Fundação Cristiano Otoni, para a Escola de Engenharia ainda é mais que especial, é uma Fundação situada dentro da própria Escola, que nos conhece muito bem. Permitindo então, o alavancar de novas ideias e iniciar novos projetos. Aqui na Escola, buscamos cada vez mais procurar o apoio da sociedade, na realização de seus programas, como por exemplo, o CIPMOI, além de outros projetos sociais em andamento. E vimos, através da Fundação Cristiano Otoni, esse suporte necessário. E como se dá esse contato com a Sociedade? De fato, a Escola de Engenharia do ponto de vista das empresas siderúrgicas, empresas de consultoria, o envolvimento dos nossos professores é muito forte: é uma marca da Engenharia. Nosso corpo docente tem uma participação bem importante nessa questão da pesquisa científica, e de pesquisas encomendadas, sendo em consultoria ou projetos de extensão. Além disso, buscamos um aumento das questões de trabalho com a sociedade diretamente, resolvemos os problemas que vierem a surgir. O CIPIMOI, que é um programa bem antigo aqui na Escola, tem esse papel social muito importante de inclusão social. Mas a Escola está muito atenta a outras iniciativas, pois sempre citamos que a Escola tem sido o ponto de apoio para um projeto do Prof. Francisco Vidal das Ciências Econômicas, que se chama “Incluir”. É um programa que trabalha com pessoas de diferentes idades, desde curso de línguas, comunicação e expressão, matemática, preparação para o vestibular, e demais áreas. A Escola de Engenharia acolhe esse projeto, assim como acolhe todas atividade de
Foca Lisboa
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Buscar a Identidade do aluno, enquanto estiver na Escola, é manter viva a história da Engenharia
cursos de línguas, que são oferecidas por outras unidades da UFMG, como por exemplo a CENEX-FALE e, também por iniciativas dos nossos próprios alunos. Os alunos também têm projetos? Sim, os alunos da Engenharia Química, e agora com a participação também de outros cursos, Temos buscado trazer de volta do eles têm um cursinho que é preparatório para a entrapassado, essa identidade. As pessoas da ao ensino superior, que se chama “EQUALIZAR”, mais antigas que passaram pela que é totalmente direcionado para alunos de escolas Escola têm muito isso, como exemplo, públicas. Além de muitos outros projetos que estão no as confraternizações que existem de “forno”. Como a Engenharia Solidária, Engenheiros da alunos que se formaram há 50 anos. Alegria, o que nos faz perceber que a Escola tem diversas iniciativas que buscam essa questão, da importância da Engenharia na sociedade e temos buscado dar o suporte necessário, para que esses projetos possam ser alavancados. Como tem sido a criação da identidade dos alunos em relação à Escola de Engenharia? Temos buscado trazer de volta do passado essa identidade. As pessoas mais antigas que passaram pela Escola têm muito isso, como exemplo, as confraternizações que existem de alunos que se formaram há 50 anos. Infelizmente, essa identidade foi-se perdendo com o tempo e, o papel que temos desempenhado aqui, é resgatar essa identidade, creio que essa união com os novos prédios conspira a favor. Sentimos que, aos poucos os alunos vão se engajando e criando essa identidade que, ao meu ver, precisa ser reconstruída. Os novos alunos, temos trabalhado em muito essa identidade. Explicamos que eles são alunos da Escola de Engenharia da UFMG, independente de sua especialidade. Voltamos então ao início da nossa conversa, pois o trabalho que o dr. Tárcio realizava era de como capturar os novos ex-alunos. Sentíamos muita dificuldade pela distância, com a Associação localizada no centro e nós aqui no Campus, mas aos poucos vamos conseguindo essa abrangência maior do contato com nossos alunos.
Com a Palavra
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Gilson de Souza
Dr. Tárcio Primo Belém Barbosa e seu legado
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O engenheiro Tárcio Belém Barbosa, durante os quatro anos em que estive à frente da Escola de Engenharia da UFMG, tivemos uma convivência quase que diária ou no mínimo semanal, tanto com a presença dele aqui na escola, quanto com a minha presença lá na Associação. Essa convivência me permitiu ter um contato mais amiúde e conhecer, além do profissional, conhecer mais da pessoa que foi o Tárcio. Por isso que, de um certo modo é difícil falar do engenheiro Tárcio, pois podemos não falar da vida dele por completo. Mas ao mesmo tempo, se torna muito fácil, pela obra que ele deixou. O engenheiro Tárcio foi um construtor no sentido literal e profissional da palavra. Um construtor de infra-estrutura, um contrutor de ideias, um incentivador em todas as áreas que ele militou, seja na sociedade mineira, seja como engenheiro, no CREA, à frente da Associação, à frente de suas empresas próprias, familiarmente e, sempre aqui na Escola de Engenharia trazendo ideias novas e marcantes. Teve uma participação primordial nos eventos que comemoraram o centenário da Escola de Engenharia, pois com toda certeza, boa parte desse centenário ele viveu bem de perto, nos trazendo um apoio muito grande no contato com as empresas e engenheiros, portanto, dessa parte, se torna muito fácil falar dele. E, com a ida dele para o outro mundo, a Associação dos Ex-Alunos ficou numa situação um
pouco complexa, pois o Tárcio era tudo dentro dela. Mas também ele já estava preparando um salto qualitativo muito grande para a Associação como um todo. Ele já estava preparando uma nova jornada, uma nova representação, através dos convênios firmados com outros órgãos de classe. A estruturação articulada por ele, a Associação se tornaria independente em termos de atuação e em termos financeiros. Infelizmente ele não pode concretizar essa ideia, mas deixou o seu legado através do conhecimento para as pessoas, o conhecimento para os colegas e o conhecimento para a Escola de Engenharia que pode acompanhar essa trajetória de vida que ele preparou de forma majestosa. Para nós, da Escola de Engenharia, foi uma surpresa muito grande a ida dele para essa nova fase da vida humana, pelo fato que ninguém esperava esse acontecimento. Todos nós confiávamos em estar com ele por muito mais tempo. Mas, não apenas de forma emotiva, mas também dizendo profissionalmente as pessoas têm uma responsabilidade muito grande em continuar aquele legado que ele começou. Pelo apoio que ele nos dava, pelo caminho que ele nos mostrava, deixou essa responsabilidade muito grande para todos nós em seguir os seus planos e dar prosseguimento a todo esse legado, sobretudo a Associação dos Ex-Alunos da Escola de Engenharia da UFMG que foi sua grande conquista.
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Escola de Engenharia da UFMG
por Benjamim Rodrigues de Menezes
A Escola de Engenharia sempre teve uma importância muito grande para Belo Horizonte, para o Estado de Minas Gerais e também para o Brasil. E, através do Intercâmbio científico com vários outros países, essa importância se ampliou mundialmente. A Escola de Engenharia era muito tímida ao se expor, em dizer o que ela era ou em quê ela se tornou nesses 100 anos de estrada. Na nossa diretoria, um dos principais projetos que nós desenvolvemos, foi a de mostrar para a sociedade o que é a Escola de Engenharia, o que ela fez nesses 100 anos e o que ela poderá fazer daqui para frente. Entendemos que formar bons engenheiros é apenas uma obrigação, agora ela possui outras missões que é contribuir ainda mais para a sociedade, mais ainda com o setor industrial e também com os projetos sociais. Ao final da nossa gestão, fizemos um diagnóstico que nos surpreendeu de forma bem positiva. A Escola de Engenharia é a unidade da UFMG que mais possui projetos sociais. A Escola de Engenharia tem um projeto social que é o mais antigo de todo Campus da UFMG, fundado em 1957, que é o CIPMOI (ver página ao lado), Curso de Preparação de Mão
de Obra Industrial, que prepara pedreiros, carpinteiros, soldadores, mestres de obras sobretudo para a construção civil. São pessoas que trabalham durante todo o dia e, durante um ano inteiro, comparecem na Escola de Engenharia de segunda a sexta feira para saborear um pouco desse conhecimento aqui conosco. Nós sentimos a emoção que essas pessoas expressam ao pisar na Escola de Engenharia, ao pisar no solo da UFMG. Esse projeto, desde 1957, só foi paralisado durante o golpe militar, é apenas um dos projetos sociais da Engenharia. Aos finais de semana temos inúmeros cursos para diferentes faixas-etárias, que vão desde os 6 anos até os 60 anos, todos específicos para inclusão social. Também nós conseguimos crescer de forma exponencial no setor industrial. A relação que hoje possuímos com o Governo Federal e Estadual está muito estreita, pois desenvolvemos um projeto bastante inovador em conjunto com a FIEMG, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, que é o ProValor, iniciativa que busca aumentar a competitividade das indústrias mineiras para atuação em mercados que exigem produtos de maior valor agregado.
O Programa de Agregação de Valor ao Produto Mineiro (Pró-Valor Minas) é desenvolvido pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com a Escola de Engenharia da UFMG e com apoio do Governo do Estado de MG. http://www7.fiemg.com.br/iel/produto/ programa-pro-valor
O principal objetivo desse projeto é transformar o Vale do Aço, que anteriormente era todo direcionado para as indústrias de metalurgia, transformando aquelas pequenas e médias empresas numa nova vocação para a produção de processos e produtos para a área de petróleo, gás, naval e ferroviário. Então, foram vários os projetos que nós desenvolvemos, mas sobretudo, o mais importante
é da Escola de Engenharia mostrar a que veio, além de formar excelentes engenheiros. E esse papel, nos alegra imensamente, pois essa trajetória está tendo continuidade pois, o atual diretor, é o professor Alessandro Fernandes Moreira, que era o meu vice-diretor, portanto, um parceiro que dará continuidade por mais 4 anos em todos os projetos vencedores que foram iniciados na minha gestão.
CIPMOI
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Há mais de 50 anos capacitando mão de obra especializada para o Mercado de Trabalho
O aluno tem contato com tecnologia de ponta e sente-se orgulho de frequentar os laboratórios da Engenharia Metalúrgica. O horário é noturno, logo após o dia de trabalho
desses trabalhadores. O Público alvo do Programa CIPMOI constitui-se de trabalhadores das áreas de construção civil, de eletricidade e de soldagem. As 200 vagas oferecidas devem, necessariamente, ser preenchidas por profissionais atuantes nestas áreas, de acordo com o curso pretendido. Vale lembrar que o CIPMOI não é curso profissionalizante e sim curso de aperfeiçoamento. Atualmente o Programa CIPMOI conta com 15 instrutores, alunos da UFMG. Destes, quatro instrutores, juntamente com os cinco professores coordenadores, são responsáveis pela administração do programa. Todos os anos, os instrutores realizam atividades de avaliação dos cursos oferecidos, buscando uma posterior reciclagem do programa, de acordo com as demandas atuais de mercado, para melhor atender o nosso público e a sociedade em geral. Os cursos têm início em março e terminam em novembro, sendo as aulas ministradas de 2ª a 6ª feira, entre 19:00 e 22: 00 horas, no 4º. andar da Escola de Engenharia da UFMG (Centro). http://www.cipmoi.eng.ufmg.br/cipmoi.html
Gilson de Souza
O Programa CIPMOI atua na capacitação de profissionais, se posicionando como importante mediador entre aqueles que desenvolvem as novas tecnologias, produzindo novos conhecimentos, e aqueles que lidam diretamente com a execução destes, na prática, no cotidiano de trabalho. O CIPMOI tem como principal objetivo oferecer aos operários das áreas de construção civil, elétrica e mecânica uma oportunidade de adquirirem noções teóricas dos serviços que realizam, criando uma oportunidade de se sobressaírem no mercado de trabalho e desenvolver as suas atividades com mais entusiasmo e perfeição. Além disso, propõe-se a discutir a realidade sócio-política e os reflexos desta no dia a dia destes trabalhadores. Outro objetivo do programa é permitir que os estudantes da graduação da UFMG de Engenharia Elétrica, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Engenharia Metalúrgica, Engenharia de Minas, Engenharia de Produção, Arquitetura, Psicologia, Pedagogia, História, Comunicação Social, Letras, com a função de instrutores, tenham a possibilidade de construir a sua experiência acadêmica através do intercâmbio entre os conhecimentos adquiridos na universidade e os adquiridos pela relação de aproximação com a prática profissional
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Soldagem
A Inovação no ensino da Engenharia por Gilson de Souza
Gilson de Souza
Alexandre Queiroz Bracarense é professor Titular da UFMG há pelo menos 5 anos, na área de soldagem com aplicação da robótica. Formado em Física pela Federal no ano de 1983, trabalhou na Fiat Automóveis durante muitos anos de sua vida, antes mesmo de se tornar universitário. Sua opção por física foi mesmo pelo gosto pessoal da matéria, já visando algum cargo docente na escola. “Sempre gostei muito de ser professor, acho muito nobre o ato de lecionar”, explica.
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na Escola de Engenharia de 1964 a 1991). No Colorado, teve o primeiro contato com a robótica. Mais explicitamente a aplicação da robótica em soldagens. A robótica já era aplicada, mas faltava conhecimento da parte conceitual do processo da aplicação da robótica. “Ainda hoje vemos muitos desses casos de falta de conhecimento. O pessoal aplica robôs na soldagem sem o conhecimento da solda em si. Há muitos nuances da soldagem que o operador tem que saber”, ensina o professor. “Inclusive, um dos cursos que gostaria de aplicar seria do ‘robotista soldador’, ou seja, o profissional antes de ser robotista, ele precisa ser soldador”, explica. É vasto a área da soldagem. Alexandre Bracarense em sua vasta experiência trabalha, entre tantos, com soldagem subaquática e, de acordo com ele, “o melhor soldador é o soldador mergulhador, sendo que o mergulhador soldador não funciona, ele precisa ter habilidade como soldador”, enfatiza. Fundador do Laboratório de robótica na Escola de Engenharia Metalúrgica, coordenador do Laboratório de Soldagem da Metalurgia, o mesmo onde fez seu mestrado e o ampliou brilhante-
mente com diversos equipamentos mais modernos e mais específicos ao ensino da soldagem, Alexandre Bracarense é um inovador em sua área. Com o entra e sai de diversos alunos de sua sala, sendo mestrandos ou alunos da grade curricular das Engenharias, nota-se o tanto que sua experiência é procurada e, pela satisfação nos olhares dos alunos, compreendida. “A priori, a inovação no ensino da Engenharia não existe. O ensino a cada dia que passa tentamos, enquanto professores, otimizar. Inovação não precisa ser algo novo, a inovação pode ser algo usado que tentou-se vender e, ao alterar a forma com que é apresentada, passa a ser algo de interesse, fazendo parte do conceito de inovador”, explica Bracarense. Assim como os livros nunca deixarão de ser livros, passam por algum de tipo de inovação. A leitura pode ser feita sim com a utilização de recursos tecnológicos, como tablets, celulares ou telas de computadores, mas Bracarense sugere a seguinte pergunta “e se acabar a bateria do tablet? Eu tento explicar para o aluno que um livro não terá esse problema nunca, levantando interesse em algo, que pode ser taxado de ultrapassado como um livro, tornando-o algo inovador.
Otimizando dessa forma o conceito de livro, que de inovador não tem nada”, detalha. Com relação ao ensino, a inovação não é algo explícito. De acordo com Bracarense a inovação no ensino é algo que se vê a partir dos alunos. “A forma com que as coisas vão acontecendo, a forma com que a gente cobra dos alunos, a forma com que a gente conversa com eles, a forma com que eles vão se interessando pelo assunto. Como por exemplo, são os alunos que se interessam pela minha matéria, não pela matéria em si, mas se interessam pela forma com que exponho a importância da soldagem e se tornam grandes soldadores”, explica. A grande questão do ensino é que o prof. Alexandre Bracarense agrega um conceito que já existe no mercado, que é o conceito de soldagem. Ele consegue converter esse processo em algo inovador. De uma maneira simples, que é o de lecionar, Bracarense transforma sua área num fator de extrema importância. “Fui ensinado que, em primeiro lugar, é preciso ter algo para que no futuro isso se torne inovador, depois é necessário ter os mecanismos que vão transformar aquilo em algo inovador”, res-
Fotos: Gilson de Souza
Na Engenharia Mecânica da UFMG é professor há 20 anos. Lecionou também no CEFET/MG, UnB, Universidade de Brasília e em diversos cursos técnicos, como Ultramig e algumas outras escolas, possuindo assim uma vasta experiência como docente. Ao finalizar o Curso de Física, como gostava de ver movimento e almejar carreira “extra muro de física”, como ele mesmo explica, foi direcionado a fazer mestrado na área de metalurgia, por ser uma área bem abrangente, como ainda é hoje. “Eu queria mesmo é ver robôs fazendo o trabalho pesado”, ressalta. Ingressou no mestrado na área de soldagem, onde está até hoje. Já havia trabalhado com soldagens profissionalmente no cargo em que ocupava na empresa Fiat. Finalizando o Mestrado, entrou para UnB onde tomou gosto pelo cargo de professor. Foi quando decidiu fazer seu doutorado, também em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, já no exterior, optando pela Colorado School of Mines, USA, Universidade que formou diversos outros professores da UFMG, como o prof. Vicente Falconi Campos (professor Emérito da UFMG, lecionou de 1964 a 1992) e o prof. Carlos Botrel Coutinho (professor Emérito da UFMG, tendo lecionado
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Soldagem
salta. E esses mecanismos estão integrados à diversos fatores: Simplicidade, ou seja, quanto mais simples, mais inovador. Outro fator, de acordo com Alexandre Bracarense, são as estratégias. É necessário conhecer as estratégias como um todo que estão diretamente relacionadas em “como apresentar determinado assunto às pessoas”. Ao expor determinado assunto aos alunos, a técnica abordada por Bracarense é deixar o aluno experimentar, dando oportunidades ao futuro profissional até mesmo de errar se for o caso. “Tenho alunos que chegam a quebrar equipamentos no laboratório, onde, depois que são consertados são muito mais valorizados que antes. Tenho reparado que outros professores que formaram antes de mim, estão adotando esse mesmo conceito. É uma inovação no ensino que tem se disseminado de
forma natural”, detalha Bracarense. O terceiro e último ponto dessa “saga da inovação” é se aquele determinado assunto vai agradar ou não o aluno. Não adianta nada desenvolver uma determinada questão se essa questão não vai agradar ninguém. Dessa forma, esse conceito de inovação pode ser considerado um método diferente, sendo uma aprendizagem empregada de forma simples e direcionada. Ao trazer um aluno para bem próximo do professor e levá-los à uma consultoria em alguma empresa, o aluno irá ter contato com engenheiros já formados e nisso ele pode constatar que muitas de suas dúvidas são dúvidas geradas pelo próprio mercado de trabalho. Dessa forma tem-se um profissional com visão muito mais apurada que engenheiros com anos de experiência na profissão.
Fui ensinado que, em primeiro lugar, é preciso ter algo para que no futuro isso se torne inovador, depois é necessário ter os mecanismos que vão transformar aquilo em algo inovador Alexandre Bracarense
Gilson de Souza
Nessa foto e nas demais da página anterior, os alunos do CIPMOI exercem na prática o que têm aprendido com os professores. Com orgullho falam da importância em participar desta ação social que há 50 anos colabora para o aprendizado e aperfeiçoamento da mão de obra nas construções civis e siderurgias
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Capa
Até 2020 deve Triplicar a Demanda por engenheiro no Brasil De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA Divulgação / IPEA
Fonte: Revista Tópicos (adaptado)
O estudo do Ipea aponta que a qualidade dos recém- medicina, em que o profissional deveria passar por um estágio -graduados pode ser um dos motivos da percepção quanto a obrigatório para complementar sua formação. falta de profissionais. Cerca de 40% dos formados em cursos Especialistas consultados pela Revista Tópicos concorde engenharia vem de graduações com baixo desempenho no dam que não há escassez de mão de obra, entretanto as emExame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e me- presas enfrentam dificuldades para encontrar profissionais quanos de 30% foram formados em cursos de alto desempenho. lificados. O especialista em carreiras, Max Gehringer, comentou Entretanto, deve-se ressaltar que o (Enade) não avalia o profis- que nas chamadas “profissões do futuro”, uma das que mais tem sional, mas sim o curso. Um profissional que tenha se formado gerado jovens insatisfeitos é o curso de engenharia ambiental. em um curso de baixo desempenho não necessariamente será “Isso acontece porque existe um excesso de oferta para uma menos qualificado. demanda muito pequena. Muito raramente uma empresa ofereO Eng. Mecânico Durval Freitas destaca que “Os cursos ce uma vaga nesse setor porque as poucas que aparecem são estão deixando a desejar e os currículos estão exigindo pouco preenchidas por indicação”, conclui. dos alunos. O mercado acaba senA realização de um prograCarreiras da Engenharia apresentam os do o responsável por complementar ma “Mais Engenheiros”, a exemplo melhores salários; a média de Contratação a formação do profissional”. Freitas do que acontece com os médicos, também é uma das melhores, Até 90% dos sugere a criação de um programa não deverá acontecer no Brasil. O estudantes já trabalham na área antes do de residência para engenheiros, asInstituto de Pesquisa Econômica término do curso. sim como acontece nos cursos de Aplicada (Ipea) divulgou um estudo
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constatando que o país não deverá enfrentar escassez de pro- se renova a cada dia, é importante estar atento às novas tenfissionais de engenharia. Com a redução da taxa do crescimen- dências”, afirma. to econômico e o aumento do interesse dos jovens por formação O problema é que o Brasil ainda possui menos grasuperior na área, o sistema educacional brasileiro deve conse- duados em engenharia para cada 10 mil habitantes do que guir atender a demanda do mercado por mão de obra. potências tecnológicas como China (13,4) e Coreia do Sul Se mantiver um crescimento anual de 2,5%, o Brasil vai (16,4). O país possui seis engenheiros para cada 100 mil haprecisar de 600 mil engenheiros até 2020, mas essa necessida- bitantes, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria de pode chegar a 1,15 milhão, caso o país atinja uma taxa de (CNI), sendo que o ideal, de acordo com a Financiadora de crescimento anual de 5,5%. O Eng. Agrônomo Helder Carnielli, Estudos e Projetos (Finep), seria pelo menos 25. Este quadro não acredita em “apagão de mão foi apresentado como um gargalo de obra”. “Os jovens perceberam pela CNI em seu “Mapa EstratéA Engenharia de Produção é a bola da vez, que a área segue em crescimento, gico da Indústria 2013-2022”. Na a procura é grande pelo curso, Piso salarial o que muitos não entendem é que avaliação da CNI, a falta de profisestipulado pelo CREA para recém-formados cursos de capacitação e reciclagem sionais qualificados é um gargalo é de R$ 6 Mil. profissional são essenciais. A área para a inovação.
MERCAD GRÁFICO SOBRE DEMANDA DE ENGENHEIROS DE 2010 A 2020
A demanda crescerão m vinham exig
2011 a 2020
DEMANDA
Arte: Gilmar de Rezende - Dados IPEA
Conforme estudo do Ipea, o número de engenheiros para atender o mercado formal em 2020 pode varia entre 600 mil e 1,3 milhão, conforme o crescimento da economia. A necessidade será mais evidente em setores como o de petróleo, gás e extração mineral. Nº de Engenheiros necessários
Projeções de crescimento ao ano do PIB entre 2011 e 2020
658 mil 930 mil 1,3 milhão
Cenário pessimista: 2,5% Cenário intermediário 4% Cenário otimista 5,5%
Se crescer 4% ao ano, país vai precisar do triplo de (Em %) engenheiros, diz Ipea Otimista Setor Pessimista Intermediária Petróleo e gás
21,1
28,7
Serviços de informação
5,6
7,7
Infraestrutura
1,7
3,1
O número de engenheiros atuando em suas respectivas Total 6,3 áreas de formação precisará triplicar até 2020 caso a economia brasileira cresça a um ritmo de 4% ao ano. Hoje, cerca de 300 mil de um total de 937 mil trabalham na área, ou seja, apenas um terço. A projeção, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Total
Oferta X De Espera-se q e 2,3 milhõe No entanto, à metade.
Nº de engen
Projeção do crescimento anual do número de engenheiros empregados entre 2011 e 2020
Brasil forma um bom número profissionais de 5,5 engenharia 11 Adm. Pública,de Saúde e Educação todos os anos. O problema é que mais da metade a 7,7não exerce11,9 Construção Residencial profissão Extração Mineral 8,5 11,5
Setor Petróleo e Extração M Serviços d
36,7 16,6 16,2 14,6 9,9 4,6
549
2 * Os cenár concluinte Construção
Atuação Em 2010, a conta o cen menos para
Engenheiro Aplicada (Ipea), demonstra que a diferença entre a demanda do país 10,5 15 por esses profissionais e a oferta pode ser um limitador ao crescimento nacional, principalmente em áreas como extração e refino de 29% petróleo – uma das grandes apostas para o desenvolvimento nacional a médio e longo prazo, com o início da exploração do pré-sal. 2000
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Pré-Sal
Exploração de petróleo requer alta de 28% ao ano no corpo de Engenheiros Conforme os dados do mento da economia (2,5%, 4% e Todo profissional busca não só um bom Ipea, em um cenário “intermedi5,5%), com a respectiva demanda salário, mas um salário estável. E é isso que ário” de crescimento do Produto prevista para esses profissionais. atrai muitos engenheiros à área bancária, Interno Bruto (PIB) brasileiro, o Entre a previsão mais pessimisprincipalmente em bancos públicos, como número de engenheiros contratata e a mais otimista, o número de o Banco do Brasil e a Caixa, que atuam dos deverá aumentar em 10,5% engenheiros necessários varia de GRÁFICO SOBRE DEMANDA na construção civil. Nas estatísticas, DE ENGENHEIROS ao ano até 2020. No entanto, para 658 mil a 1,3 milhão em 2020, ano esteDE profissional não está atuando como 2010 A 2020 a extração e refino de petróleo e em que se prevê a existência de 2 engenheiro, mas ele não deixa de exercer a gás, a demanda é ainda maior, milhões de pessoas com diplomas profissão chegando a 28% ao ano – efeito nessas áreas. do crescimento esperado para o Os dados poderiam mosProf. Ricardo Bertin - PUC/PR setor, que deve evoluir 6,2% ao trar uma “sobra” de profissionais, ano nos próximos sete anos. não fosse por um gargalo típico da A exploração de petróleo é considerada uma das áreas categoria: em 2010, apenas 38% dos formados em EngenhaConforme do –Ipea, o número de engenheiros atender o mercado em que há mais demanda –estudo e urgência por mão de obra esperia de fato para atuavam na profissão. Paraformal atender à demanda 2020 pode varia entre 600 mil e 1,3 milhão, conforme o crescimento da economia. cializada. Paraem o presidente do Conselho Regional de Engenhaprevista para daqui a sete anos, esse porcentual precisará ria e Agronomia (Crea-PR), Joel será Krüger, é provável que em a falta subircomo para 45%. A necessidade mais evidente setores o de petróleo, gás e extração de engenheiros no setor seja parcialmente suprida por profis“Todo profissional busca não só um bom salário, mas mineral. sionais estrangeiros. No consórcio que venceu o recente leilão um salário estável. E é isso que atrai muitos engenheiros à área do campo de Libra, para exploração do pré-sal, estão duas em- bancária, principalmente em bancos públicos, como o Banco do Projeções de crescimento ao ano de Engenheiros presas chinesas e uma francesa. “Precisaríamos de uma políti- NºBrasil e a Caixa, que atuam na construção civil. Nas estatístido PIB entre 2011 e 2020 necessários ca nacional de criação de cursos nessa área específica, usando cas, este profissional não está atuando como engenheiro, mas parte dos recursos do pré-sal para a formação de profissionais ele não deixa de exercer a profissão”, afirma o professor do 658demil Cenário pessimista: de nível superior nessa mesma área”, afirma2,5% Krüger. curso Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica O Ipea apresentou três cenários diferentes de crescido Paraná 930 mil(PUCPR), Ricardo Bertin. Cenário intermediário 4%
DEMANDA
1,3 milhão
Cenário otimista 5,5%
Projeção do crescimento anual do número de engenheiros empregados entre 2011 e 2020 (Em %) Setor
Arte: Gilmar Resende - Dados IPEA
Petróleo e gás
Pessimista
Intermediária
Otimista
21,1
28,7
36,7
Adm. Pública, Saúde e Educação
5,5
11
16,6
Construção Residencial
7,7
11,9
16,2
Extração Mineral
8,5
11,5
14,6
Serviços de informação
5,6
7,7
9,9
Infraestrutura
1,7
3,1
4,6
Total
6,3
10,5
15
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Qualificação O Ipea alerta que a formação de novos engenheiros ao longo dos próximos anos não necessariamente atenderá às necessidades do mercado de trabalho por causa da falta de experiência profissional. Em 2011, mais da metade dos engenheiros em atuação tinha menos de 35 anos. A qualidade dos cursos também surge como um entrave: apenas entre 20% e 30% dos formados em Engenharias nos últimos anos são egressos de cursos de melhor desempenho, o que, segundo o Ipea, “refor-
ça a percepção geral de que a formação de pessoal técnico-científico no Brasil concentra-se em cursos e instituições de baixa qualidade”. O número de conclusões nos cursos de engenharia cresceu 138,4% entre 2000 e 2010, acima da média de expansão de conclusões dos cursos superiores, de 135,4%. No entanto, o número de formados poderia ser ainda maior: em 2011, a taxa de evasão entre os estudantes de Engenharia foi de 57%.
2%
é a taxa de desemprego entre os engenheiros formados no Brasil, segundo o Censo de 2010 do IBGE.
R$ 7,4 mil era a remuneração mensal média dos engenheiros em 2010, conforme estudo do Ipea.
Experiência de sobra no setor público do PR O Ipea alerta que a formação de novos engenheiros ao longo dos próximos anos não necessariamente atenderá às necessidades do mercado de trabalho por causa da falta de experiência profissional. Em 2011, mais da metade dos engenheiros em atuação tinha menos de 35 anos. A qualidade dos cursos também surge como um entrave: apenas entre 20% e 30% dos formados em Engenharias nos últimos anos são egressos de cursos de melhor desempenho, o que, segundo o Ipea, “reforça a percepção geral de que a formação de pessoal técnico-científico no Brasil concentra-se em cursos e instituições de baixa qualidade”. O número de conclusões nos cursos de engenharia cresceu 138,4% entre 2000 e 2010, acima da média de expansão de conclusões dos cursos superiores, de 135,4%. No entanto, o número de formados poderia ser ainda maior: em 2011, a taxa de evasão entre os estudantes de Engenharia foi de 57%. Se a baixa idade dos profissionais recém-formados em engenharia e a falta de experiência são lembrados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) como possíveis entraves para o desenvolvimento econômico do país, no Paraná o problema é o oposto – ao menos no setor público. Levantamento feito pelo Dieese em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) mostra que, na administração direta es-
tadual, o tempo médio de emprego dos engenheiros é de 23,8 anos, chegando a 27 anos no caso das autarquias. O grande número de profissionais prestes a se aposentar pressiona ainda mais um setor que, historicamente, tem uma participação tímida na contratação de engenheiros. No Paraná, 76% destes profissionais atuam na iniciativa privada. Ano passado, o emprego de engenharia no setor público teve o acréscimo de apenas 20 postos de trabalho – desempenho puxado principalmente pelo saldo negativo de 69 engenheiros no setor público estadual, em comparação com 2011. Segundo o levantamento do Dieese, um dos motivos que tem “espantado” estes profissionais do setor público é o salário. Embora empresas estatais, como a Copel e Sanepar, paguem em média R$ 11 mil, a remuneração de entrada para os profissionais de engenharia nas prefeituras e outros órgãos públicos é de R$ 3 mil – menos da metade do piso nacional da categoria. “Isso vai totalmente na contramão da história, porque o país tem seguido um ritmo de desenvolvimento e, em geral, isso representa um nível de emprego maior, especialmente para engenheiros. O problema é que os empregos estão crescendo, apenas no setor público que não”, afirma o presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak.
Arte: Gilmar Resende - Dados IPEA
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MERCADO A demanda por engenheiros será maior justamente nos setores que crescerão mais ao longo dos próximos anos e que na última década, já vinham exigindo a atuação desses profissionais. 2011 a 2020 (cenário Intermediário)
Setor Petróleo e gás Extração Mineral Serviços de informação Total
Crescimento anual médio (%)
6,2 5,9 5,5 4,0
Oferta X Demanda Espera-se que o número de engenheiros no Brasil em 2020 deverá alcançar entre 1,6 e 2,3 milhões de profissionais, podendo, assim, ao menos dobras em relação a 2009, No entanto, historicamente, o número de engenheiros que atuam na área não chega à metade. Nº de engenheiros e cenários de projeção para 2020* 937 mil
549,6 mil
2 milhões
projeção Intermediraria 2010 2000 * Os cenário refletem diferentes graus de expansão previstos do número de concluintes do ensino superior nas áreas de Engenharia. Produção e Construção. Atuação Em 2010, apenas 38% dos engenheiros formados atuaram na área. levando em conta o cenário de crescimento da economia, esse percentual precisá subir ao menos para 45% em 2020. Engenheiros que atuam na área (% do total) 45% 38% 29% 2000
2010
2020
Fonte: Ipea e Redação. Infografia: Gazeta do Povo.
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Artigo
Assessoria de Engenharia na Gestão de Projetos Municipais Apoio a Infra-Estrutura Urbana e Rural por BERNARDO ABRAHÃO LOPES*
A exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal, hoje tão discutida, as operações necessárias para fornecimento de O administrador público é submetido a grande diversi- recursos governamentais tendem ser padronizadas e controdade de demandas, muitas delas inesperadas. As dificuldades ladas, como exigido em outros setores nacionais e externos. habituais que enfrenta para atender as necessidades e expec- A exigência pública de maior transparência e eficácia na distativas públicas com escassez de recursos financeiros, técni- ponibilização de recursos impõe que os projetos sejam claros, cos e administrativos indicam uma inadiável mudança na forma planejados e acompanhados. A necessidade de implantação adequada da infra esde gerenciar. Como alternativa de baixo custo e com satisfatório re- trutura urbana e rural é uma demanda de fato, física, contísultado ele pode contar com profissionais que o assessorem nua, proporcional ao nível de informação; os atuais meios de comunicação impulsionam para nas decisões, permitindo maior a melhoria, para sua ampliação e dinâmica no processo de gestão, A necessidade de implantação adequada da manutenção com padrões ambieno que favorece a qualidade dos infra estrutura urbana e rural é uma demanda tais, sociais e econômicos recoserviços. Cria-se uma rotatividade de fato, física, contínua, proporcional ao nhecíveis. de ações que referenciam todos da nível de informação; os atuais meios de A saturação e a violência instituição e permite maior padronicomunicação impulsionam para a melhoria, dos grandes centros são alguns zação das atividades, reduzindo as para sua ampliação e manutenção com dos indicadores de formação de dificuldades. padrões ambientais, sociais e econômicos cidades polo( em Minas Gerais: Para prosseguir, mostro os reconhecíveis. Governador Valadares, Montes escopos de demandas de nossa Claros, Divinópolis, Poços de Calatualidade, expostos em congresdas, Juiz de Fora, Uberlândia e sos e encontros do gênero que muitas outras) cujo crescimento e me fazem acreditar na necessária atualização e valorização da administração pública, aqui, es- desenvolvimento promove acréscimo de autonomia regional, pecialmente, a administração municipal que enfocando a auto pressionando autoridades a desenvolverem planos diretores e sustentabilidade, promoverá maior autonomia para toda a co- ações que viabilizem sua gestão. Na oportunidade, o associativismo é inevitável promovendo planos estratégicos regionais. munidade local. A crescente onda de violência tem mostrado grande trajetória para sua reversão e é fundamental estarmos juntos II) AS DEMANDAS como cidadãos e apoiarmos a segurança pública com projetos As mudanças nas leis, novos projetos nacionais, no- que promovam estabilidade e segurança a todos, garantindo vos direcionamentos para a administração pública exigem uma moradia, ocupação social, atividades culturais e esportivas, e tudo mais que for necessário para reduzir suas causas. Seadequação gradativa e com precisa estratégia. I) INTRODUÇÃO
* PROFESSOR ASSISTENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS/ CONSULTOR EM GESTÃO DE PROJETOS MUNICIPAIS
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gurança é atribuição de todos nós e transferir apenas para a jetar e executar obras. É um danoso paradigma que deve ser segurança pública os problemas que hoje enfrentamos é uma quebrado. cômoda atitude que não tem resolvido. Engenharia é muito mais, pois ao profissional cabe Muitos administradores públicos já conscientes da desenvolver os estudos de viabilidade de projetos e empreimportância de estarem juntos nestas questões, procuram re- endimentos, identificar demandas, priorizar ações, indicar socursos técnicos e financeiros para garantirem a contrapartida luções, fornecer argumentos para decidir melhor, assessorar necessária para uma vida melhor à todos. gestões públicas, empresariais, não governamentais, reduzir As ocupações desordenadas e agressivas ocorridas custos, garantir qualidade e segurança, preservar o meio amneste último século em todo o nosso planeta, têm comprome- biente, atuar na infra-estrutura com compatibilidade regional, tido recursos naturais como água, matas, fauna, mudando de enfim, garantir qualidade de vida com soluções criativas e forma acelerada as condições climáticas e favorecendo junto acessíveis de forma preventiva, interativa, com cuidados amàs demais causas, a proliferação de vetores e doenças que bientais, acatando opiniões e tendências pertinentes e muito muito oneram a administração pública, tornando necessárias mais. ações de saúde pública associadas a mudanças de comportaNesse contexto, a engenharia voltada para a admento pela conscientização ambiental, pela educação geral e ministração pública vem fornecer argumentos e conhecimentos pela recuperação das áreas degradadas e de seus recursos . básicos necessários a um modelo inovador de gestão. A recente conscientização nacional das vantagens adPela análise de viabilidade técnica econômica de um vindas de uma estrutura turística atrativa, fato constatável, é projeto, trabalha-se o empreendimento desde sua idéia inicial como uma locomotiva que ao chegar numa estação faz a comu- até sua execução. Desenvolve-se a especificação de materiais nidade se movimentar. e a programação dos serviços compatibilizando a necessidade As demandas anteriormente expostas já são suficientes com a disponibilidade, garantindo seu sucesso e conclusão. para indicarem uma inadiável mudança no pensamento administrativo, quando a gestão pública é pressionada e necessita apoio . O engenheiro deve assessorar as decisões de governo A interlocução técnica é um meio a ser adotado para com abordagem atualizada. É um apoio necessário à “Gestão que tais demandas sejam atendidas Ótima de Serviços”; uma maior de forma eficiente e com menor cusgarantia de alcance da qualidade As demandas e problemas apresentados to, garantindo qualidade com pade vida com mais baixo custo e para alcançarem recursos e soluções drões e especificações acessíveis, e menor trabalho. Promove atratividependem de apoio técnico, inadiável. em muitos casos, locais. Mostra as dade turística, geração de renda, Os recursos serão liberados mediante tal necessidades reais, as prioridades, satisfação das necessidades huacompanhamento. Será necessário um e como otimizar os recursos disponímanas. período de preparação para essas mudanças veis. É um trabalho interativo e todos que já se anunciaram. os participantes, conseqüentemente, V) PORQUE NÃO CONdecidem com maior segurança. TRATAM ENGENHEIROS III) O CONTEXTO ATUAL Atualmente, com a transferência de deveres dos governos federal e estadual para o município e com a arrecadação tributária em definição, muitos municípios se encontram impotentes frente as crescentes dificuldades. O panorama social, como já colocado, mudou; a população torna-se mais participativa exigindo cada vez mais de seus representantes eleitos, então mais envolvidos com maior complexidade das demandas. Infelizmente, com tantos indicadores, em nosso país pouco se estuda a viabilidade dos empreendimentos, tampouco se projeta e planeja com o rigor necessário. Ocorre elevado desperdício e retrabalho, com conseqüente perda de tempo e de recursos em geral. Alguns serviços não atendem (ou mal atendem) as necessidades para as quais foram executados. Constata-se que ocorre também pouca captação de recursos junto a instituições financeiras e a programas sociais, que atualmente exigem projetos tecnicamente bem elaborados. IV) A ENGENHARIA Engana-se quem entende que ser engenheiro é pro-
Entendem que contratar serviços de engenharia é caro. É uma questão cultural. Cabe aos profissionais sensibilizar a população das vantagens de sua contratação. VI) CONCLUSÃO As demandas e problemas apresentados para alcançarem recursos e soluções dependem de apoio técnico, inadiável. Os recursos serão liberados mediante tal acompanhamento. Será necessário um período de preparação para essas mudanças que já se anunciaram. Serviços e Produtos sem projetos, sem respectivos planejamentos, são realmente caros; a engenharia é totalmente custeada pelas economias obtidas quando contratada. Essa economia também disponibiliza recursos para outros investimentos. A assessoria de engenharia na gestão municipal é uma grande aliada para alcance de melhores resultados. É um apoio necessário para acertar mais, garantindo a satisfação da comunidade e o reconhecimento público do trabalho desenvolvido pelo prefeito, vereadores e demais participantes da administração.
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Sustentabilidade
Gilson de Souza
Sustentar 2014 e o convívio social
Coordenador Técnico do Instituto Sustentar, Roberto Luciano Fortes Fagundes, em sua fala de abertura na sétima edição do Sustentar BH
O Sustentar BH, em sua versão no ano de 2014 chegou em sua sétima edição consolidado como o maior evento sobre desenvolvimento sustentável da América Latina. adaptado por Gilson de Souza No ano anterior, 2013, foi discutido questões relacionadas à “construção de nação sustentável”, que foi o objeto dos debates no evento, dos quais emergiram inúmeras ideias e propostas inovadoras (além de factíveis) para balizar ações e atitudes capazes de, influindo nos fatores econômicos, sociais, ambientais e culturais que moldam um país, orientar processos de mudanças em direção à sustentabilidade socioambiental. O Sustentar 2014, de certa forma, passou do macro para o
micro: O tema geral que foi abordado nas atividades converge para os núcleos urbanos. Portanto, um assunto de extrema importância, que é o de “Cidades Sustentáveis”. Logo na fala de abertura, Roberto Fagundes, Presidente do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau e Coordenador Técnico do Sustentar BH transmitiu ao público algumas observações e constatações de suas autorias, portanto, não como apenas as de um especialista no assunto abordado, mas, na verdade, reflexões de um
cidadão profundamente interessado e preocupado com o futuro. Mesmo reconhecendo que diversos avanços já foram conquistados, principalmente quanto à percepção de que a necessidade de mudanças nas relações do homem com o ambiente é premente, há que se admitir que muita coisa ainda precisa ser feita. E também que as mudanças, imprescindíveis, devem começar dentro de casa, ou seja, na própria cidade em que vivemos. Temos hoje, em vários países, variados exemplos de cidades que, ao implementarem políticas públicas e práticas focadas na qualidade de vida e no desenvolvimento humano, adquiriram as características que lhes asseguraram a condição de “sustentáveis”. Fagundes, cita alguns exemplos mundo afora, retornando ao Brasil, onde estamos situados: “Vejamos alguns poucos entre os vários exemplos de cidades que assim são consideradas: Na Alemanha, Stuttgart, com cerca de 650 mil habitantes, soube utilizar as características do vento natural de sua região e a influência da vegetação. Mais de 60% da cidade é dotada de cobertura vegetal. A aplicação correta da chamada infraestrutura verde foi usada para combater o efeito de ilhas de calor urbanas, o que beneficiou o meio ambiente, aumentando a biodiversidade e a qualidade do ar. Em Copenhague, capital da Dinamarca, é conhecida pela cultura da bicicleta (há mais de 2 milhões delas em circulação, praticamente uma por habitante), pelo hábito de andar a pé e pela qualidade do transporte público. Estima-se que 87% dos percursos urbanos sejam feitos por esses meios. E mais: em 2000, foram implantadas unidades de aproveitamento de energia eólica, localizadas em alto mar, que se estendem por dois quilômetros ao longo da costa. Com isso, conseguiu-se reduzir substancialmente a produção de eletricidade por usinas termoelétricas. Já São Francisco, no Estados Unidos, direcionou seus esforços para a redução dos resíduos produzidos por seus mais de 800 mil habitantes. Hoje, 78% do lixo urbano deixaram de ser direcionados para aterros sanitários e foram incorporados a processos produtivos de reciclagem. Até a China, ainda considerada como um dos países que mais poluem o ambiente, tem uma cidade sustentável – Rizhao, que desde 1990 utiliza energia solar para aquecimento e fornecimento de eletricidade. Todos os seus prédios, de acordo com lei municipal, têm aquecedores solares. Bem, voltemos agora para o Brasil: Curitiba. Curitiba é considerada a cidade mais sustentável da América Latina, reconhecida mundialmente por seus projetos inovadores em gestão pública e ambiental, com destaque para seu sistema de transporte público, que é considerado como um modelo de qualidade e eficiência. Aliás, vamos aproveitar que tocamos no assunto e abrir aqui um capítulo para a questão da mobilidade
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mobilidade, que é apenas um dos fatores que compõem aquele conjunto de características que tornam sustentável uma cidade. Por isso não posso deixar de reiterar que a nossa capital tem muitos aspectos que a aproximam daquilo que consideramos como cidade sustentável. Temos uma invejável distribuição de áreas verdes, com 32 metros quadrados por habitante, que nos coloca entre as 100 melhores do mundo. Temos também políticas sociais avançadas, saneamento eficaz, ainda que não universalizado, e, principalmente, uma grande atenção para as questões ambientais e para o desenvolvimento sustentável. Esta atenção, pode ser medida pela criação de um programa oficial de certificação, o BH Sustentável, que estimula e premia iniciativas privadas e públicas focadas no desenvolvimento sustentável. Antes de finalizar, porém, gostaria de expressar minha convicção de que por trás de qualquer projeto, qualquer iniciativa que vise tornar este nosso mundo mais equilibrado, melhor para se viver, mais justo e mais humano está um sentimento, um atributo fundamental: a solidariedade, qualidade imprescindível para o bom convívio social”.
BH possui a marca de invejáveis 32 m2 de área verde por habitante
Gilson de Souza
urbana, um dos principais fatores que tornam sustentável, ou não, uma cidade. No Brasil, como de resto em inúmeras cidades mundo afora, a precariedade do transporte público, é um entrave que aflige as administrações de praticamente todos os municípios de grande, médio e até de pequeno porte. Ele é, na verdade, um corolário de outro grande problema, este de natureza sociogeográfica: a migração populacional para as cidades. Segundo dados do censo de 2010, pouco mais de 84% da população brasileira viviam então em áreas urbanas e menos de 16% no campo. Se considerarmos que em 2000 a população rural era de 18,2%, houve, em 10 anos, a transferência de 23 milhões de pessoas para centros urbanos. O gigantismo populacional tornou-se , realmente, uma marca de nossas metrópoles. Como atender com eficácia às demandas por transporte em cidades como São Paulo, com seus mais de 11 milhões de habitantes (dos quais, estima-se, metade provém de outros municípios), Rio de Janeiro, com quase 7 milhões, e até Belo Horizonte, com seus 2 milhões? Trata-se de um desafio de difícil equacionamento. E por inúmeras razões, que, combinadas, levam ao caos. Insiste-se muito na necessidade de reduzir, em grande escala, o transporte individual. Não se fará isso de forma compulsória como o rodízio, certamente, acabando com o automóvel, que volta e meia é demonizado como o causador de tais mazelas. Nem se fará isto dificultando o acesso do carros às vias urbanas. Só se conseguirá reduzir o tráfego de veículos particulares, caro leitor, por meio de uma alternativa que seja suficientemente atraente para convencer o dono de um automóvel a deixá-lo na garagem: um sistema de transporte coletivo rápido, confortável, eficiente. Enfim, de qualidade. Vamos agora analisar esta questão por uma perspectiva mais próxima, a de Belo Horizonte, onde, acredito, a maior parte de nós, vivemos.Curitiba, com sua população de 1 milhão e 800 mil habitantes, está bem próxima, nesse aspecto, da nossa capital. O que faz com que haja tanta diferença entre as duas cidades quanto à qualidade de seus meios de transporte? A resposta, acredito, não está em diferenças culturais e nem geográficas. A diferença está no fato de que Curitiba sempre se preparou para crescer. Mesmo sendo uma cidade bem mais antiga que Belo Horizonte, suas administrações municipais, desde a década de 1970, vêm, ano a ano, projetando o futuro, com permanente atualização de seus equipamentos urbanos, da mensuração exata das demandas de seus moradores, da percepção de o tempo não pode ser desperdiçado. A capital mineira, ao contrário, passou quase 40 anos praticamente sem uma grande obra viária sequer. Depois daquelas implementadas pelo governador Israel Pinheiro, ao final da década de 1960, e daquelas realizada no início da gestão Aécio Neves, só agora a cidade recebe novas intervenções. Houve aqui avanços recentes, que não precisam ser levados em conta, como a implantação do MOVE, denominação dada ao nosso BRT, que realmente traduzem uma nova visão sobre o transporte público. Não são contudo, capazes de recuperar o tempo perdido. Fazê-lo implicaria praticamente em derrubar a cidade e fazer outra no mesmo local, o que, convenhamos, é viável do ponto de vista técnico, mas impossível numa perspectiva econômico-financeira. Amigo leitor, penso que me fixei além da conta na questão da
Sustentabilidade
AEAEEUFMG
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Gilson de Souza
Biblioteca da Associação dos ex-Alunos segue em expansão
por Clorindo Campos Valadares Filho www.arteecultura.com.br O projeto da AEAEEUFMG tem como objetivo a Preservação, higienização, informatização adequação, organização e disponibilização da biblioteca Associação dos Ex-alunos da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais-AEAEEUFMG. Foram executados todos os itens com recursos da Lei Rouanet. Itens: • Elaboração de um levantamento do acervo bibliotecário existente, para a criação de uma base de dados de recuperação da informação e controle dos diversos tipos de materiais; • Definição do layout e equipamentos necessários; • Tratamento técnico do acervo e inclusão em software específico; • Higienização do acervo. A organização da Biblioteca é imprescindível, mas é atividade meio e não fim. O objetivo final é sempre a possibilidade do uso do seu acervo com proveito, racionalidade e economia. Deve ela ser utilizada como suporte para o desenvolvimento dos projetos, atuando em todas as fases, fornecendo bibliografia básica, pesquisas exaustivas, normatização existente, comprovando ou importando texto de livros, normas e periódicos.
O acesso a uma biblioteca, principalmente a de teor técnico, deve ser disponibilizado aos interessados e seu uso deve ser gratuito. Uma coleção de livros só se torna uma biblioteca, quando este acervo passa a ser higienizado, catalogado, classificado, consultável e disponibilizado aos interessados. Hoje a Biblioteca da AEAEEUFMG já conta com mais de 30.000 obras técnica, dentre livros, revistas, obras de referência e outros. O projeto já alcança, com destaque: • Área de ocupação do espaço; • Avaliação, desinfecção e recuperação de publicações danificadas; • Seleção e descarte de publicações; • Móveis para armazenamento do acervo e para trabalho e consulta; • Organização das estantes e organização dos livros por área de assunto; A Biblioteca encontra-se na área central da cidade o que facilitará o acesso á mesma. O fato da Biblioteca estar instalada no 2º andar nos exigiu a colocação de elevador que está em sua fase final de instalação.
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a o d r u a t z u f e t o d r e a i c t a garan
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Conjunto IAPI
Conjunto IAPI, Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários. Ele foi construído para abrigar os aposentados dos industriários no ano de 1936 e recebiam moradores mediante pagamento de aluguel. Porém, o que não podemos saber só de olhar é que o IAPI é um conjunto que faz referência ao Bairro Lagoinha e, após as múltiplas obras ocorridas no Complexo, participa de um contexto histórico-social sobre o processo de separação urbano/suburbano ocorrido em Belo Horizonte. Foto de 1952. Fonte: bhnostalgia.blogspot.com.br
História
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