Revista Produtor Itambé

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Revista Produtor Itambé ano 1 número 1 janeiro de 2010 FOTO: GILSON DE SOUZA

SILAGEM Cuidados para reduzir perdas e garantir qualidade

LEIA MAIS: O sucesso do cooperativismo de leite na Nova Zelândia. PÁGINA 6

DESTAQUE: Itambé comemora certificação ISO 9000. Confira os detalhes. PÁGINA 5

E AINDA: Entenda por que Belo Horizonte está cercada por um“cinturão branco”. PÁGINAS 8 e 9



Mensagem da Diretoria FOTO: DIVULGAÇÃO

Esquerda para direita: Valdinei de Oliveira, Jacques Gontijo, Marcos Elias e Carlos Batista

necessidade de se investir em comunicação nas empresas e nós concordamos. Até porque, desde o início desta Administração priorizamos ações nesta área. Assim que assumimos, fechamos uma parceria para que cada um dos nossos cooperados passasse a receber, todo mês, um exemplar da Revista Balde Branco – a melhor revista do setor leiteiro.

aos cooperados. Por isso, lançamos o informativo Produtor Itambé Online, que circula todas as sextas-feiras para cerca de 2.600 endereços eletrônicos, com informações curtas sobre as 31 cooperativas vinculadas à CCPR/Itambé. Também criamos o Radar Técnico Itambé, que traz artigos e informações técnicas de interesse de todos.

O Professor Falconi é grande amigo da Itambé e é parte do nosso sucesso. Por meio da consultoria do INDG, implantamos em 2001 um novo sistema de gestão e, desde então, temos promovido melhorias neste sistema que fazem toda a diferença. Essa parceria nos coloca no primeiro time das empresas brasileiras, quando o assunto é nível organizacional.

Além disso, de outubro de 2008 a dezembro de 2009, junto com a Balde Branco circulou o encarte Produtor Itambé, com notícias sobre as cooperativas e os nossos cooperados. Também dinamizamos as reportagens produzidas por nós que são publicadas todos os meses no Caderno Agropecuário do Jornal Estado de Minas, distribuído aos nossos cooperados.

Mas, a CCPR/Itambé é um Universo grande demais e precisamos investir na plena integração dos nossos cooperados. Por isso, o encarte deu origem à Revista Produtor Itambé que você está recebendo. Ela já nasce como a principal revista mensal do setor em número de exemplares, depois da Revista Balde Branco.

No seu novo livro, intitulado “O Verdadeiro Poder”, o Professor Falconi dedicou o capítulo 7 para abordar a

Em um ano, ficou evidente a necessidade de se criar uma forma de fazer chegar notícias com maior freqüência

Revista Produtor Itambé – Publicação mensal da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé). Diretoria Presidente: Jacques Gontijo Álvares Vice-presidente Administrativo: Marcos Elias Vice-presidente Comercial: Valdinei Paulo de Oliveira Vice-presidente de Abastecimento: Carlos Batista Alves de Souza Equipe Responsável Paulo Martins Mônica Salomão Priscila Martins

Colaboradores Marne Moreira Flávio Fazenaro Fernando Pinheiro Leandro Sampaio Alexandre Cota Lara Thiago Magalhães Jornalista responsável Mônica Salomão - MG 10543/JP Diagramação Orozimbo Machado de Souza Júnior – MG 10654/JP Tiragem / Impressão 13.775 mil exemplares / Log Print Publicidade Priscila Martins - Tel: (31) 2126-3417 E-mail: produtor.itambe@itambe.com.br Twitter: proditambe Telefone: (31) 2126-3418

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 1, janeiro de 2010

Para o sucesso desse novo desafio, precisamos da sua participação, com críticas e sugestões. Boa Leitura!

04 ..... Curtas 05 ..... Giro Itambé 05 ..... Aonde Seu Leite Chega 06 ..... Análise 07 ..... Com a Palavra, o Ténico 08 ..... Cooperativa em Destaque 10 ..... Nossa Gente 11 ..... Produção Sustentável 12 ..... Informativo da Qualidade 14 ..... Balaio Cultural

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O ano começou cheio de novidades para os leitores da Revista Produtor Itambé. No novo formato, reservamos esse espaço especialmente para que você envie perguntas, comente a matéria que mais gostou e sugira os assuntos que quer ver nas próximas edições. Sua participação é fundamental para o resultado do nosso trabalho. Mande sua carta ou e-mail. Revista Produtor Itambé Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Rua Itambé, 40 – Bairro Floresta CEP 30150-150 Belo Horizonte – MG Telefone: (31) 2126 3418 Endereço eletrônico: produtoritambe@itambe.com.br No Twitter: www.twitter.com/proditambe

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Receba os informativos eletrônicos Produtor Itambé Online e Radar Técnico Itambé, e fique por dentro de tudo o que acontece na Itambé, em suas Cooperativas Singulares e no agronegócio. Cadastre-se pelo e-mail: produtor.itambe@itambe.com.br De 25 a 30 de janeiro, a Capul, Cooperativa Singular da CCPR/Itambé em Unaí/MG, realiza cursos de Aplicação de Agrotóxicos em fazendas da região. Mais informações (38) 9914-0864. Todas as quartas-feiras, das 6h às 6h45, a Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho transmite pela Rádio Difusora Bondespachense, frequência 1540 AM, o Programa Cooperbom em Campo. Estamos no Twitter. Acompanhe os bastidores da redação, acesse nossa página no endereço: www.twitter.com/proditambe


Itambé conquista certificação ISO 9000 A Itambé, maior cooperativa de leite do Brasil, conquistou, em novembro passado, a certificação internacional ISO 9000. Isso significa dizer que a CCPR/Itambé possui um sistema eficiente e padronizado de gestão da qualidade, orientado para satisfazer as necessidades do cliente e do consumidor final. Com essa certificação, as possibilidades de novos negócios aumentam consideravelmente no país e no exterior. Para se ter idéia da importância desse reconhecimento, vale registrar que o processo de certificação envolveu cerca de 3 mil colaboradores e a elaboração de mais de 1,5 mil documentos, além de aproximadamente 4,5 mil registros de anotações dos controles

tenusso, a primeira ação foi alinhar as unidades industriais de forma que fossem seguidos por todas elas os mesmos padrões de qualidade, respeito ao meio ambiente e cuidado com as pessoas.

Programa Itambé de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente

de procedimentos realizados em toda a Itambé. Esse intenso trabalho teve início em setembro de 2007, quando foi implantado na indústria o Programa Itambé para Qualidade, Segurança e Meio Ambiente (QSMA). Segundo o coordenador do QSMA, Maurício Pe-

No último ano, as atividades tiveram como foco a preparação para a auditoria e o conseqüente reconhecimento externo, o que envolveu também o trabalho rea lizado no Escritório Central. Em 2010, os projetos do QSMA continuam a todo vapor. “Encerrado esse ciclo, agora vamos trabalhar para conquistar a ISO 14000, acreditação do sistema de gestão ambiental, e a OHSAS 18000, certificação do sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho”, adianta Petenusso.

Leite em pó, campeão de vendas na Paraíba FOTO: PAULO MELO

O leite captado pela CCPR/Itambé é industrializado nas cinco unidades fabris – Goiânia, Guanhães, Pará de Minas, Sete Lagoas e Uberlândia - e depois entregue em vários pontos de venda de todo o país e também do exterior. Na Paraíba, o campeão de vendas é o leite em pó em embalagem pacote. Processado nas fábricas de Goiânia, Guanhães, Sete Lagoas e Uberlândia, o produto é trans-

portado até João Pessoa e de lá segue até o município de Patos para abastecer o Guedes Supermercados. No estabelecimento, o leite em pó é sinônimo de boas vendas. Patos fica a 310 km de João Pessoa, capital da Paraíba, possui cerca de 100 mil habitantes e é a terceira cidade mais importante do estado. Quem veste a camisa da Itambé para nos representar lá é a Brasil Nordeste Representações.

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Guedes Supermercados / Patos-PB

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Cooperativismo na Nova Zelândia Por Rafael Villela Bastos Junqueira* Apesar de ocupar um pequeno espaço territorial, aproximadamente a metade do Estado de Minas Gerais, a Nova Zelândia é o oitavo maior produtor de leite do mundo e o maior exportador de produtos lácteos, com mais de 30% do mercado internacional. Cerca de 95% da produção é captado pela Cooperativa Fonterra, cuja importância para a economia da Nova Zelândia é inquestionável, pois representa 7% do Produto Interno Bruto (PIB), e mais de 25% das exportações. A primeira cooperativa de laticínios da Nova Zelândia foi fundada em 1871, com o objetivo de produzir queijos. Igualmente às cooperativas de várias partes do mundo, a cooperativa neozelandesa foi criada com o intuito de possibilitar, através da união de forças, uma vida melhor ao produtor. Em 1930, o número de cooperativas de leite tinha aumentado para mais de 400 cooperativas singulares, operando em diversas regiões do País.

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Entretanto, apesar da união das cooperativas na parte de exportação, era visível que economias de escala e escopo poderiam ser maximizadas. Nesse sentido, várias fusões ocorreram e, em 1996, eram apenas 12 cooperativas leiteiras atuantes no País. A consolidação da indústria láctea continuou ocorrendo, e, no ano 2000, as duas principais cooperativas neozelandesas, New Zealand Dairy Group e Kiwi Co-operative Dairies, eram responsáveis pela captação de aproximadamente 95% de todo o leite produzido no País (duas outras menores captavam os outros 5%). Acompanhando a tendência de consolidação, igualmente visível na indústria alimentar e no varejo mundial, as duas principais cooperativas do País ao lado do seu braço de exportação (NZDB) - decidiram se fundir com o objetivo de somar suas forças para atuar no mercado que cada dia se torna mais exigente e veloz. Foi então que surgiu a Cooperativa Fonterra: maior processadora de produtos lácteos do mundo. A formação dessa gigante do setor lácteo, controlada

por aproximadamente 10.500 produtores de leite, colaborou para: 1) reduzir a intensa competição que havia entre as co-operativas; 2) gerar ganhos em eficiência que culminaram em redução do custo de produção e captação; 3) ganhar capacidade para exploração de novos mercados; 4) permitir a formação de alianças estratégicas em países chaves; 5) viabilizar maiores investimentos na área de Pesquisa e Desenvolvimento. Atualmente a Fonterra se encontra em momento ímpar na sua história. Em julho de 2009 completou um ano que a cooperativa revelou ao mundo uma nova modalidade de transação de produtos lácteos no mercado internacional, a plataforma GlobalDairy Trade. Outro tema que seguramente marcará a história da cooperativa é a possível alteração da sua estrutura de capital, atualmente em processo de discussão. As mudanças que ocorreram na indústria láctea da Nova Zelândia desde seus primórdios até os dias atuais contribuíram para que o País hoje seja considerado referência quanto à organização de sua cadeia produtiva do leite. O modelo cooperativista enraizado na cultura do setor é visto como um dos grandes trunfos neozelandês. Como afirma uma professora da Universidade Massey, da Nova Zelândia, “uma cooperativa de sucesso significa produtores de leite de sucesso”. FOTO: MÔNICA SALOMÃO

Nas três décadas seguintes, impulsionado principalmente por avanços tecnológicos na área de transporte e refrigeração - como o uso de tanque de expansão nas fazendas - as empresas lácteas visualizaram grandes oportunidades de redução de custos, caso aumentassem o volume de produção. Neste panorama de mudanças, as cooperativas começaram a se unir com o objetivo de se tornarem mais eficientes e eficazes para melhor atender ao mercado internacional. Esse processo de consolidação foi bastante acentuado. As mais de 400 cooperativas existentes na década de 30 foram reduzidas a 168 na década de 60.

Durante essa época, as várias cooperativas apresentavam dificuldade para transacionar seus produtos com países que muitas das vezes estavam localizados do outro lado do mundo. Neste contexto, os laticínios, em parceria com o governo, criaram a New Zealand Dairy Board (NZDB), empresa responsável por toda a parte de comercialização dos produtos lácteos do País no mercado internacional. A união das cooperativas em torno dessa empresa proporcionou ganhos de escala, o que favoreceu o acesso dos produtos neozelandeses em novos mercados e aumentou o retorno financeiro para as cooperativas.

*Rafael Junqueira é Administrador, Técnico em laticínios, MBA em logística empresarial e Mestrando pela Massey University (Nova Zelândia).

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A importância da gestão FOTO: DIVULGAÇÃO

Por Francisco Ferreira Sobrinho Médico Veterinário Gerente de Suprimento de Leite

Em mais de 30 anos de exercício profissional, sempre observamos a dificuldade dos produtores em adotar ferramentas de gestão que facilitem o gerenciamento da atividade. Quando se fala em custo de produção, boa parte deles alega que o preço do leite é o responsável pela sua ineficiência e que, portanto, seria perda de tempo calcular o custo da atividade. Bastaria verificar se a folha de leite deu ou não para pagar as despesas do mês. Afirmativas como essa mostram que muitos produtores ainda não entenderam que, ao proceder assim, avaliam a atividade apenas no curto prazo, deixando o médio e longo prazos totalmente vulneráveis. Falta, nesse caso, enxergar a atividade como um negócio que visa ao lucro e que, portanto, precisa de visão de futuro. E que, para ter uma visão de futuro, com o estabelecimento de

PASSANDO O BASTÃO Depois de 30 anos de dedicação à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé), o gerente de Suprimento de Leite, Francisco Ferreira Sobrinho, passa o bastão a partir de fevereiro para o engenheiro agrônomo Armindo José Soares Neto. Na última reunião de 2009, a equipe da Gerência de Suprimento de Leite entregou a Sobrinho uma placa em reconhecimento ao importante trabalho que ele desempenhou ao longo

metas e boa gestão do negócio, é necessário medir e acompanhar os principais indicadores da atividade. A título de exemplo, podemos citar a importância de dois indicadores para o controle de custos da produção de leite. O primeiro é o Intervalo entre Partos (IP), que exige apenas a anotação da data do parto das vacas, mas significa muito para a gestão da atividade. Quando se mede esse intervalo e se constata que é longo, situando-se, por exemplo, na casa dos 18 meses, há prejuízos decorrentes da menor produção de leite, de mais vacas secas no rebanho e do menor número de bezerros nascidos.

Francisco Ferreira Sobrinho

O outro indicador é o Controle Leiteiro (CL), a ser feito pelo menos uma vez ao mês. Ao medir o volume de leite de cada vaca, é possível estabelecer dietas diferenciadas para grupos de maior e menor produção, fundamental na medida em que a alimentação do rebanho é um dos itens de maior peso no custo de produção. Exemplos como esses mostram que a

boa gestão da atividade depende de medidas simples, mas de grande valia na redução de custos. Portanto, o recado é um só: não perca tempo, entre em contato com um técnico da CCPR/Itambé, que pode orientá-lo sobre como administrar esses e outros indicadores importantes no custo da produção de leite. Bom trabalho!

de todos esses anos junto à Cooperativa Central e seus cooperados. Leia a mensagem na íntegra:

fazer parte da sua equipe, ficam as lições de comprometimento, ética, profissionalismo e amor ao trabalho. O nosso muito obrigado!

Francisco, “O líder não é alguém que nasce para ser líder, mas aquele que trabalha para que todos se transformem em líderes” (autor desconhecido). Sua experiência, compromisso e dedicação ao longo dos anos contribuíram de forma expressiva para o desenvolvimento da pecuária leiteira nacional. Para nós, que tivemos o privilégio de

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Equipe de Suprimento de Leite e Amigos da Itambé. Belo Horizonte, 16 de dezembro de 2009.

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Cinturão Branco na Grande BH FOTOS: PRISCILA MARTINS

duzida de leite de vaca no ano nos estabelecimentos agropecuários”, constatamos que ¼ do volume captado nos municípios de sua base é entregue para ela.

Equipe de trabalho da Cooperativa da Grande Belo Horizonte

Quem olha para Belo Horizonte, a sexta cidade mais populosa do país, 100% urbana e detentora do quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os municípios do território nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não imagina que seu entorno é formado por um “cinturão branco” quando o assunto é produção de leite. E mais, que grande parte desse processo se deve ao importante trabalho da Cooperativa Agropecuária da Grande Belo Horizonte (COOPAGBH), Cooperativa Singular do Sistema Itambé há 41 anos. Fundada em 1968, a partir da fusão da Cooperativa de Vale das Areias com produtores das regiões de Nova União e Bom Jesus do Amparo, a COOPAGBH abrange hoje 25 municípios, num raio de 150 km da capital mineira. Administrada pelo presidente, Artur Eduardo Vilela, pelo Di8

retor Comercial, Gumercindo Gualberto Parreiras, e pelo diretor Administrativo-Financeiro, José Mauro da Silva, diariamente a cooperativa, que conta ainda com mais cinco funcionários, capta 42 mil litros de leite advindos de 130 cooperados ativos. A produção média por produtor é de 350 litros/dia. A fidelidade dos cooperados da COOPAGBH à Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé) chega a quase 100%. Do total de leite captado pela cooperativa, mais de 60% do volume atende as determinações da Instrução Normativa 51 e cerca de 60% preenche os requisitos exigidos pela Cooperativa Central para o pagamento por qualidade. Tamanha é a representatividade da COOPAGBH, que ao cruzar os índices do Censo Agropecuário do IBGE em 2006, referentes à “quantidade pro-

Os dados que mostram o bom desempenho da cooperativa são motivos de orgulho para toda a diretoria quando recordam os momentos difíceis vividos no passado. Para o presidente da COOPAGBH, Artur Vilela, que cumpre seu primeiro mandato no cargo, mas há seis anos é membro da diretoria, as dificuldades enfrentadas ao longo da história serviram para fortalecer a cooperativa e unir ainda mais as pessoas que acreditam no cooperativismo. “Na década de 80, a COOPAGBH quase foi fechada e em meados dos anos 90 voltou a enfrentar sérias dificuldades. Nesse período, a captação diária era de apenas 4,5 mil litros entregues por cerca de 50 cooperados”, conta. Fortalecida e com as dívidas regularizadas, hoje a Cooperativa da Grande Belo Horizonte é responsável por cerca de 40% das vendas do Armazém da CCPR/Itambé em BH, já que não possui serviço próprio, e 95% dos negócios são fechados por telefone. “Temos uma sala no Armazém da Itambé, onde ficam dois funcionários responsáveis pelo atendimento aos nossos cooperados e por toda a logística de entrega, trabalhada por região para que os produtores possam ratear o frete”, explica Vilela. Os produtores associados contam com o desconto dos impostos federais e facilidades no pagamento, que pode ser descontado na Folha do Leite.

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Assistência aos cooperados A assistência técnica prestada aos cooperados da COOPAGBH acontece de duas formas. A primeira, por meio de visitas às propriedades realizadas por uma equipe formada por cinco médicos veterinários e um agrônomo. Como são profissionais liberais contratados, 50% dos custos são arcados pelo produtor e a outra metade custeada pela cooperativa, que oferece ainda os serviços gratuitos de um técnico da CCPR/Itambé. A outra forma de assistência é feita por meio do convênio com duas empresas especializadas em consultoria para gerenciamento de propriedades, o que inclui orientações sobre custos, reprodução, manejo,

controle da qualidade do leite e recria, entre outros pontos. Nesse caso, a cooperativa também arca com 50% dos serviços contratados pelo cooperado. Da mesma forma como ocorre na compra de insumos, os custos que cabem ao produtor também podem ser descontados na Folha do Leite. Além desses serviços, a COOPAGBH trabalha com o aprimoramento contínuo de seus cooperados por meio da realização de Dias de Campo. De abril a outubro, promove cerca de cinco encontros com a presença de renomados professores e técnicos das áreas de bovinocultura e administração de

fazendas. “Como a abrangência da cooperativa é extensa, às vezes chega a 300 km de uma ponta a outra, temos feito Dias de Campo regionais, com temas escolhidos a partir da demanda dos produtores”, ressalta o presidente. Com faturamento mensal de R$ 2,2 milhões, a diretoria da cooperativa faz questão de divulgar sua prestação de contas aos cooperados. Todos os resultados de captação, preço do leite e vendas de rações e insumos estão à disposição dos produtores na sede da COOPAGBH de forma “explicativa e facilitadora”, como gosta de frisar o gerente Carlos Eduardo Duarte Motta.

Diretoria (esq. para dir.): Gumercindo Parreiras, Artur Vilela e José Mauro da Silva

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Ofício passado de pai para filho

FOTO: GILSON DE SOUZA

Nascido e criado na Fazenda Chapada de Ipoema, em Ipoema, distrito de Itabira-MG com os nove irmãos, quatro já falecidos, o produtor de leite Enio Lage começou a ajudar o pai na “lida” do leite ainda pequeno. Concluiu apenas o primário porque, segundo ele, “não gostava muito de estudar e os pais também não cobravam”. Aos 26 anos e noivo de Luiza Augusta Figueiredo Lage, o produtor comprou a Fazenda Morro Vermelho, a 10 km da propriedade da família. Um ano depois veio o casamento, mas a pedido do pai ele e a esposa permaneceram na Chapada de Ipoema para ajudar nos negócios. Dividido entre o trabalho na propriedade do pai e a reforma de sua fazenda, na década de 80, através de um programa de incentivo à produção de leite, decidiu pegar um empréstimo no banco para investir na Morro Vermelho. “Com esse dinheiro, consegui construir o silo e estruturar as instalações para iniciar minha produção”, diz Enio. Em 2000, depois do falecimento dos pais e com os quatro filhos já encaminhados, três mulheres e um homem, Enio e a esposa decidiram se mudar para a propriedade de 222 hectares. Com a ajuda do filho e de mais quatro funcionários, além da produção de leite, complementa a renda com recria de gado. A ordenha das 60 vacas em lactação, que produzem média de 600 litros/dia, é manual. Para o produtor, trabalhar com leite foi uma escolha acertada porque, com o importante apoio da esposa, a atividade lhe deu condições de estudar os filhos e garantir o sustento da casa. 10

Enio Lage, cooperado do Sistema Itambé há sete anos

Orgulhoso, ele conta que a filha mais velha é formada em matemática. A segunda fez curso técnico em contabilidade e foi vereadora por dois mandatos no município mineiro de Ouro Branco. O filho, único a seguir seus passos, por opção só estudou até o 2º grau e a caçula fez duas faculdades, de fisioterapia e enfermagem. Dos nove netos, Lucas, de 11 anos, já disse ao avô que quer ser veterinário quando crescer. “Ele é apaixonado com roça, quando chega aqui coloca bota, chapéu, dois canivetes e sai por aí a cavalo. Fica o dia inteiro com os empregados e acompanha tudo, conhece as vacas pelo nome”, alegra-se Enio com o desempenho de seu possível sucessor. Nos momentos de lazer, o produtor gosta de assistir futebol na TV e ouvir música caipira. Ele diz que não é fanático e por isso consegue dividir

sua torcida entre o Cruzeiro e o Botafogo. Como a esposa adora dançar, o casal está sempre presente nas rodas de viola promovidas pelo Museu do Tropeiro, centro cultural de Ipoema. Cooperado da CCPR/Itambé há sete anos, desde o fechamento da Cooperativa Agropecuária Cauê onde foi filiado por várias décadas, Enio Lage diz que a fidelidade é algo que sempre priorizou em sua vida e, por isso, enquanto produzir leite vai entregá-lo ao Sistema Itambé. “Claro que o desejo de todo produtor é que o preço do leite aumente, mas isso eu sei que não é culpa da Itambé e sim do mercado. Estou muito satisfeito com o atendimento, os técnicos são excelentes profissionais, o pagamento é sempre em dia, temos facilidade de acesso à diretoria e o poder de compra nos armazéns é muito bom”, elogia.

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Silagem: época de preparativos para a colheita Para garantir uma silagem de boa qualidade, passados os períodos de plantio e condução da cultura, o trabalho sequencial deve ter foco na colheita, fragmentação, transporte e armazenamento do volumoso. De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador de captação de leite da CCPR/Itambé, Flavio Luis Fazenaro, o primeiro passo para garantir o sucesso da produção é planejar a colheita para evitar que problemas como a quebra ou a falta de máquina disponível, para quem contrata serviço terceirizado, provoque perda do valor nutritivo da planta devido ao atraso na colheita. O ponto ideal de corte ocorre quando a forragem se encontra com a máxima produção de matéria seca somada à máxima qualidade nutricional, mas seu tempo de maturação varia de acordo com a cultura cultivada: milho – em torno de 35% de Matéria Seca (MS), ou quando a linha do leite atingir ½ grão; sorgo – cerca de 30% de MS, ou quando os grãos forem perfurados com os dedos (aspecto farináceo); cana-de-açúcar – em média, um ano e meio após o plantio; capins tropicais – de 30 a 60 dias depois do plantio. Quanto mais rápida for realizada a colheita para ensilagem, melhores serão os ganhos e, portanto, é importante ficar atento às condições dos equipamentos que serão utilizados. “Durante esse processo, o uso de equipamentos é intenso. Por isso, devem estar regulados e com a manutenção em dia. Além disso, para obter cortes homogêneos e no tamanho correto, é necessário que as facas da colhedora sejam afiadas diariamente”, recomenda o agrônomo.

Segundo Fazenaro, o corte deve ser contínuo, aproveitando ao máximo o período de trabalho, principalmente por coincidir com o período chuvoso para a maioria das culturas. Esse procedimento permite que a colheita da área termine em menos tempo, de forma a gerar uma massa mais homogênea dentro do silo, mantendo a silagem com qualidades nutricionais padronizadas. Como a degradação começa a partir do momento em que a planta é cortada, o cuidado com o transporte também é essencial, devendo o silo ser feito o mais próximo possível do local de colheita para facilitar o seu descarregamento no período de utilização. Seguidas essas etapas, é hora de abastecer o silo. A forragem deve ser distribuída em camadas uniformes, com aproximadamente 30 cm de material picado que deve ser imediatamente compactado. O mesmo processo deve ser repetido até que o silo esteja completamente preenchido. Após 30 dias do fechamento, a silagem já pode ser utilizada para alimentar os animais. “A maior vantagem da silagem é conservar o alimento sem perdas significativas do teor de proteína da matéria seca por vários anos”, diz o agrônomo. Há 12 anos, o cooperado da CCPR/Ita-

mbé Marco Antônio Nogueira trocou a silagem de cana pela de milho e está feliz da vida com os resultados de sua produção. Premiado por duas vezes no “Concurso Regional de Produtividade de Milho”, promovido pela Emater em parceria com a Embrapa, o produtor de Pará de Minas/MG explica que o aprimoramento é conquistado ano a ano. “No primeiro ano plantei cinco hectares e consegui apenas 33 toneladas/ha. Para a produção deste ano, utilizamos 40 hectares para o plantio e, se não houver contratempo, espero produzir 2.500 toneladas de silagem”. Para diminuir a margem de erros, Nogueira vai a campo para fazer o plantio do milho. “Há vários anos, planto, adubo e na época da colheita estou junto com os empregados. Esse é o trabalho da gente, vivemos disso e por isso prefiro não delegar”, diz. A propriedade Córrego do Pião tem 134 vacas em lactação, que produzem 2.600 litros/dia, e cada vaca consome de 35 a 40 kg de silagem de milho diariamente. Para o produtor, o investimento valeu à pena. “Quando começamos com a silagem de milho a produção era de 12 litros por vaca e agora estamos com 22 litros”, conta animado. FOTO: GILSON DE SOUZA

Marco Antônio Nogueira trocou a silagem de cana pela de milho

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Qualidade da água no meio rural Por Fernando Ferreira Pinheiro Médico Veterinário e Analista de Captação de Leite da CCPR/Itambé

Prezado produtor, A partir de agora, o Informativo da Qualidade passa a fazer parte da revista Produtor Itambé, o que permitirá que todos os meses você receba informações e dicas para melhorar cada vez mais a qualidade do leite produzido em sua propriedade. O tema abordado nesta edição será a importância da qualidade da água no meio rural. Preservar a qualidade da água é hoje um dos principais desafios enfrentados por todos os setores produtivos.

Fonte Rio, Córrego, açude e represa

A qualidade da água começa pelos cuidados em sua fonte. A água deve proceder de um manancial protegido de contaminações e livre da poluição ambiental. Por-

Vantagens

Pontos Negativos

Geralmente permite obter grandes volumes de água;

Presença de matéria orgânica, microrganismos do solo, sujeita à poluição ambiental (principalmente no período chuvoso).

Possibilita atender demandas extras de água (irrigação, crescimento do rebanho).

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Em todas as etapas da produção de leite é importante estar atento à qualidade da água, desde a alimentação dos animais, passando pela limpeza de utensílios e equipamentos de ordenha até a higieni zação das instalações. É importante lembrar que dependendo do volume de leite produzido e do sistema de produção, a necessidade de ingestão de água de uma vaca pode variar de 40 a 120 litros/dia.

tanto, a escolha do ponto de captação de água é muito importante, levando em conside-ração a possibilidade de conta minação externa, principalmente no período chuvoso. O objetivo deste informativo é mostrar os dois principais tipos de fonte de água, superficial e subterrânea. Dentro de cada tipo serão demonstrados os exemplos de fonte de água, suas vantagens, pontos negativos e cuidados a serem tomados. Cada propriedade tem a sua fonte de água e, portanto, é importante saber quais os cuidados devem ser tomados para manter a qualidade da água.

Captação,Tratamento e Cuidados Requer bombeamento para a sua captação. Fazer a captação distante das margens e a certa distância do fundo do manancial utilizado. Verificar riscos, potenciais de contaminação e de poluição em torno do local de captação. Usar telas, caixas de decantação simples, tanque de decantação para fazer a clarificação preliminar da água Usar filtro lento em camada de areia e desinfecção com cloro (0,4mg/L).

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Fonte

Vantagens

Poço Artesiano

Água de boa qualidade, não necessita de tratamento preliminar. Pode apresentar vazão elevada.

Alto custo da construção;

Água de boa qualidade, não necessita de tratamento preliminar.

Maior risco de contaminação em casos de falhas na construção do poço;

Baixo custo da construção

A vazão é geralmente baixa (menos de 2 mil litros/dia).

Água de boa qualidade;

Maior risco de contaminação se houver falhas na captação ou no tratamento da nascente;

Poço Raso (cisterna, cacimba)

Nascente (mina de e encosta e mina difusa)

Baixo custo de captação;

Pontos Negativos

A vazão pode ser baixa (menos de 5 mil litros/hora);

Captação, Tratamento e Cuidados Requer bombeamento para a captação, por meio de tubos de aço; Concretar em volta da tubulação; Aplicar cloro (0,2 a 0,4 mg/L) para manter a qualidade da água nas caixas de armazenamento e nas canalizações. Requer bombeamento para a captação; Não construir próximo à fossa, curral, esterqueiro e pomar; Impermeabilizar o interior do poço com tijolos ou manilhas de concreto; Tampa de cimento, protegida em volta contra enxurradas; Fazer uma desinfecção com cloro (12mg/L) por 12h logo após a construção do poço; Aplicar cloro (0,2 a 0,4 mg/L) para manter a qualidade da água nas caixas de armazenamento e nas canalizações. Observar regularmente as condições de construção da tampa de concreto e da proteção em torno do poço; Captar preferencialmente do interior do lençol d’água (mina de encosta). Acumular a água em uma caixa ou poço (mina difusa) para possibilitar o bombeamento. Aplicar cloro (0,2 a 0,4 mg/L) para manter a qualidade da água nas caixas de armazenamento e nas canalizações. Em casos de mina difusa recomendamse os processos de clarificação, filtração e desinfecção pelo cloro (0,4mg/L)

Fonte: Manual da Qualidade da Água, Processos de captação e tratamento, CCPR-MG Itambé.

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Paixão transformada em letras

FOTO: JOÃO LIMA

Por Ângela Resende Ladeira Correspondente da Capal

Nascido em Araxá e criado na “roça, o produtor rural, economista e administrador de empresas Fausto de Ávila, hoje aos 67 anos, está vivendo sua primeira experiência como escritor, com o livro infantil que conta a história do seu time do coração: Cruzeiro Esporte Clube. A vida profissional de Fausto de Ávila foi construída numa trajetória de muitas lutas e conquistas desde seu primeiro emprego de carteiro dos Correios; depois em Belo Horizonte, onde trabalhou em grandes empresas; até o início da década de 80, quando voltou para Araxá e ingressou para valer na atividade agropecuária. Nesse processo, nos últimos 20 anos, pode-se destacar sua atuação na Cooperativa Agropecuária de Araxá (Capal), onde foi presidente e atualmente é diretor comercial; no Sindicato Rural de Araxá, onde exerceu os mesmos cargos; além de ser diretor da Faemg há vários anos. Mas essa história muitos já conhecem. A novidade agora é que Fausto se tornou escritor! O livro fala do Cruzeiro, time do qual é torcedor fanático. Entretanto, quando ainda vivia na fazenda, seu time do coração era o Botafogo e Fausto faz questão de justificar por quê. “Naquela época as rádios de BH não chegavam à nossa região, daí a influência dos times cariocas”, explica. Ele lembra com emoção da época em que seu saudoso pai, Carlos de Ávila Júnior, flamenguista fanático, tentava, em vão, influenciar os filhos a seguir sua paixão pelo rubro14

Fausto de Ávila, produtor de leite e escritor

negro. Saía da fazenda e viajava de trem com eles para assistir aos jogos do Flamengo em Uberaba e também aos treinos da seleção brasileira, nas Copas de 50 e 58, que estava concentrada em Araxá. Fausto se tornou um cruzeirense convicto quando, em 1964, mudouse para BH para estudar. “Naquela época o time, preparando-se para a inauguração do Mineirão, montou uma grande equipe, revelando craques como Dirceu Lopes, Tostão, Raul e outros, tornando-se campeão brasileiro em 66, diante do Santos de Pelé. E desde então, o Cruzeiro só vem me proporcionando grandes alegrias”, ressalta.

E como seu irmão Eduardo recusouse a produzir o livro do Cruzeiro, apesar de ter escrito sobre várias grandes equipes brasileiras, inclusive o Atlético Mineiro (time para o qual, ainda criança, tornou-se torcedor em troca de uma bala chita), Fausto conta que resolveu “empatar” o jogo, assumindo o desafio de escrever. “Mas não tenho a pretensão de ser considerado um escritor. Sou apenas um torcedor que conhece a história do seu time e tem o sonho de compartilhar com os colegas cruzeirenses, especialmente o público infantil, para que venham a ter alegrias, como tenho vivido durante todo este período”, enfatiza.

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 1, janeiro de 2010




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