Revista Produtor Itambé

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Revista Produtor Itambé w ano 1 w número 2 w fevereiro de 2010

foto: gilson de souza

Da capineira ao pastejo rotacionado: mais qualidade de vida e redução dos custos LEIA MAIS: O ano de 2010 chega com previsão de crescimento para a Itambé. Página 5

DESTAQUE: Conheça o trabalho da cooperativa de FerrosMG. Página 8

E AINDA: Filho segue os passos do pai e ajuda a manter viva uma tradição religiosa. PÁGINA 14



Transformação silenciosa A atual gestão da CCPR/Itambé teve início em abril de 2008, num ambiente em que os concorrentes atuam numa velocidade jamais vista, em busca de novos espaços que modifiquem o mapa nacional de captação, processamento e distribuição de leite. Para a CCPR/Itambé, se reposicionar diante deste novo e concreto cenário de competição intensa passou a ser não apenas questão de definição de estilo da nova Diretoria, mas questão de sobrevivência. A atual Diretoria vem desenvolvendo ações concretas e audaciosas visando fortalecer não somente a CCPR/Itambé, mas o próprio cooperativismo de leite. Paralelamente, busca intensificar a relação com suas cooperativas e seus cooperados. Tudo isso ocorre sem alarde. Para entender a silenciosa transformação em curso, fiquemos apenas no que se refere à comunicação com os cooperados. Seis meses após o início desta gestão, numa ação inédita, a nova Diretoria adquiriu assinatura mensal da Revista Balde Branco para cada cooperado. Dentro dela, pela primeira vez circulou uma comunicação chamada Itambé na Fazenda. Nascia ali o embrião de uma nova forma de relacionamento. Em poucos meses ficou evidente que o encarte criado era excelente, mas deixava sem cobertura o mundo da CCPR/ Itambé, ou seja, os fatos vividos por seus cooperados. Então, o tempo mostrou que era hora de trocar a linha editorial e o encarte passou a se chamar Produtor Itambé, descortinando um

imenso e rico universo, que é a vida interna das cooperativas vinculadas à CCPR/Itambé. O projeto recebeu dois novos profissionais exclusivos: uma jornalista e uma profissional de relações públicas num momento em que demissões aconteciam na economia e ajustes eram implantados no próprio quadro de colaboradores da Itambé. Além disso, todos os jornalistas das cooperativas singulares participaram do primeiro workshop de comunicação Itambé, que contou com palestras do editor da Balde Branco, Nelson Rentero, do Diretor do site Milkpoint, Marcelo Carvalho, e do publicitário José Ricardo Rodrigues. Ali foi criada a Rede Itambé de Comunicação com o Cooperado. Esta decisão estratégica viabilizou a criação do boletim semanal Produtor Itambé Online, disponível a todos os cooperados e colaboradores das cooperativas que têm acesso à internet, cuja adesão cresce semanalmente. Também foi criado o Radar Técnico Itambé, um serviço inédito, com notícias do mundo do leite que não são encontradas na mídia especializada. A Edição número 1 da Revista Produtor Itambé está sendo bastante festejada. Não é pra menos. Consolida a valorização do dia-a-dia de uma empresa que tem na solidariedade o seu principal combustível, e na geração de emprego e renda seus principais produtos. Mais que isso, mostra os valores de quem a faz assim: você cooperado da CCPR/Itambé.

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 2, fevereiro de 2010

Aonde Seu Leite Chega

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Cartas & Curtas

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Giro Itambé

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Análise

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Com a Palavra, o Técnico

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Cooperativa em Destaque

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Nossa Gente

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Produção Sustentável

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Informativo da Qualidade

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Balaio Cultural

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Revista Produtor Itambé Publicação mensal da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé).

Jornalista Responsável

Diretoria

Orozimbo Souza Júnior–MG 10654/JP

Presidente: Jacques Gontijo Álvares Vice-presidente Administrativo: Marcos Elias Vice-presidente Comercial: Valdinei Paulo de Oliveira Vice-presidente de Abastecimento: Carlos Batista Alves de Souza

Tiragem

Equipe Responsável Paulo Martins Mônica Salomão Priscila Martins Colaboraram nesta edição Fernando Pinheiro Armindo José Soares Neto Ricardo Cotta Henrique Quintão Brant Leandro Sampaio Dorival Lúcio de Oliveira Antônio Magela da Silva Adriano Rabelo

Mônica Salomão – MG 10543/JP Diagramação

13.925 exemplares Impressão Log & Print Publicidade Priscila Martins Tel: (31) 2126-3417 E-mail: produtor.itambe@itambe.com.br

www.twitter.com/proditambe Telefone: (31) 2126-3418

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Itambé na Baía de Todos os Santos Em Salvador, primeira capital do Brasil e principal cidade turística da Baía de Todos os Santos, são comercializadas, por mês pelo escritório de vendas da Itambé, mil toneladas de leite em pó e 400 toneladas de leite condensado. No berço de poetas e artistas ilustres da cultura brasileira, como o escritor Jorge Amado e os compositores Dorival Caymmi e Vinícius de Morais, a Itambé, marca mineira com 60 anos de tradição, é líder de

Em meio às estruturas seculares e prédios contemporâneos, ao acarajé borbulhante no azeite e às mais de 300 igrejas de Salvador, conhecida também por sediar uma das festas de carnaval mais animadas do mundo, está o supermercado Atakadão Atakarejo, ponto de venda dos produtos Itambé.

Atakadão Atakarejo, ponto de venda da Itambé em Salvador-BA

Recebi com satisfação a primeira edição da Revista Produtor Itambé. Agradeço a gentileza e congratulo-me com o prezado Presidente pelo trabalho realizado e gostaria de receber mais exemplares de sua publicação.

Em minhas mãos o exemplar da primeira edição da Revista Produtor Itambé, que receberá de minha parte especial atenção e leitura. Na oportunidade, agradeço a gentileza do envio e parabenizo pela iniciativa.

Antônio do Valle Ramos Superintendente Federal de Agricultura no Estado de Minas Gerais

Marcos Montes Deputado Federal/DEM/MG

Agradeço o recebimento da Revista Produtor Itambé, n°1, Janeiro de 2010. O encarte Produtor Itambé já era bom, porém a revista está excelente. Parabéns pelas constantes evoluções pelas quais vem se transformando a Itambé, principalmente neste último ano. Em se tratando de uma produção Itambé, é fácil prever que a Revista Produtor Itambé será um sucesso que veio para ficar. CPD Educampo Leite

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foto: divulgação

vendas do leite em pó sachê e do leite condensado, com, respectivamente, 62% e 67% de participação no mercado da capital da Bahia.

Tenho absoluto interesse em receber a revista. Lembro-me da CCPR dos anos 70, tenho uma irmã que trabalhou na Cooperativa, na Rua Itambé, e pessoalmente vejo duas coisas que me mantém preso à Minas: requeijão Itambé e o Cruzeiro... isso após 30 anos morando em Brasília...

revista Produtor Itambé e aproveito para enviar minha sugestão: Nos últimos anos, muito tem se falado sobre qualidade de leite; e não é para menos. Trata-se de um ponto de relevante importância a ser considerado pelo produtor, uma vez que exerce influência direta sobre o preço do leite pago pela Itambé. Portanto, uma publicação a respeito na revista Produtor Itambe levará ainda mais conhecimento sobre o assunto ao produtor de leite. Antecipadamente agradeço, José Mauro da Silva

Geraldo Moura Louvável a iniciativa de abertura deste espaço de comunicação com o leitor da

Participe também. Envie suas críticas, elogios e sugestões para:

produtor.itambe@itambe.com.br

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 2, fevereiro de 2010


Diretoria comercial prevê crescimento para 2010 foto: Gilson de Souza

Superados os reflexos da crise financeira mundial, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé) comemorou com entusiasmo o crescimento de 17% em volume de leite processado e vendido no ano de 2009. A queda nas exportações, que chegou a representar até 30% da produção e venda de leite em 2008 e no ano passado caiu para 6%, exigiu da diretoria uma ação rápida. “Quando percebemos que os preços das commodities estavam despencando no mercado internacional e, ao mesmo tempo, que o real estava valorizado frente ao dólar ficou claro a necessidade de colocarmos toda a nossa produção no mercado interno. Felizmente, essa urgência em dar um destino aos nossos produtos proporcionou à Itambé a oportunidade de ganhar mais visibilidade no país”, diz o vice-presidente comercial da CCPR/Itambé, Valdinei Paulo de Oliveira. Sempre preocupada em inovar e atender as exigências dos consumidores, a Itambé incorporou ao seu portfólio do ano passado a linha de leites especiais Premium, leite condensado cartonado, creme de leite light e a linha de iogurtes Frutambé. Diante da necessidade de ocupar todos os espaços de mercado, e melhorar a prestação de serviços aos clientes e a eficiência no processo de logística, a Cooperativa Central vai abrir, até o fim do ano, mais três Centros de Distribuição em São Luís (MA), Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS). As expectativas são de continuidade do crescimento no mercado interno e retomada das exportações, como conta Oliveira. “Em 2009, a Itambé chegou a 22

Diretor Comercial anuncia a abertura de três Centros de Distribuição para intensificar as vendas no mercado interno

mil pontos de venda no varejo e neste ano queremos crescer mais 10% no país. Também estão previstas exportações mensais de 15 milhões de litros de leite para vários países do mundo”, adianta.

res. “Temos uma equipe bem treinada, que conhece nossos produtos e nossos clientes. Sem dúvida, essa dedicação é fundamental para o sucesso dos negócios”, elogia Oliveira.

Para incorporar os novos clientes, a CCPR/Itambé está mapeando as regiões Centro-Oeste e Sudeste, com especial atenção ao potencial dos maiores municípios, com capacidade de intensificação das vendas. “Nessas regiões, queremos aumentar a nossa participação de mercado em 30% ”, afirma o vice-presidente comercial.

Para ocupar posição de destaque em mercados cada vez mais exigentes, o vice-presidente comercial diz que o diferencial da Itambé é a qualidade conquistada ao longo de 60 anos de trabalho e estar atento para colocar o produto certo no lugar certo.

Neste mês, será lançado o leite em pó modificado, um produto de preço mais acessível voltado para as classes C, D e E. Na linha de refrigerados, está previsto aumento de 40% da produção para atender a demanda reprimida. Para colocar todos os produtos no mercado, a Itambé conta com uma força de vendas com mais de mil colaboradores em todo o país, entre vendedores, supervisores, coordenadores e promoto-

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Números de 2009 Crescimento do volume de leite processado: 17%

Pontos de venda no varejo: 22 mil

Participação no mercado brasileiro: Leite em pó: 21% Leite condensado: 32% Vendas de leite UHT: 110 milhões de litros Equipe de vendas: 1.100 colaboradores

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Perspectivas do mercado lácteo para 2010 foto: gilson de souza

Ricardo Cotta Ferreira MSc Economia e Assessor de Relações Institucionais da Itambé

Após as grandes oscilações ocorridas em 2009, dificilmente algum analista de sã consciência arriscaria uma projeção de produção e preço para 2010. Entretanto, já temos alguns claros indícios que nos podem ser úteis para alguma previsão. Se começarmos pelo lado da oferta, tivemos praticamente um ano perdido em termos de crescimento produtivo em 2009, provocando uma quebra na tendência registrada nos últimos anos no Brasil. A grande ampliação produtiva apresentada no segundo semestre serviu apenas para anular o declínio do primeiro. No entanto, caso as otimistas previsões para os indicadores macroeconômicos brasileiros em 2010 se realizem com crescimento do PIB superior a 5%, teremos uma bela melhoria de demanda por produtos lácteos. A ITAMBÉ está extremamente preparada para esta expansão, podendo contar com a entrada em operação da ampliação em refrigerados feita na Unidade de Pará de Minas. Em 2009 este crescimento já fora expressivo, devido à melhoria de renda da população e da queda nos preços relativos. Se esta tendência se confirmar em 2010, teremos mais um fator de sustentação nos preços do leite ao produtor.

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No front internacional as perspectivas também são boas. A recuperação da crise econômica e a recomposição dos estoques impactaram positivamente nos preços. Estes iniciam o ano cotados em torno de USD 3,500/ton. (três mil e quinhentos dólares americanos por tonelada), significando o segundo melhor preço da história. Se o câmbio desfavorável (Real frente ao Dólar) ainda não torna viável a exportação nacional, pelo menos deveremos ter menor pressão do produto importado que nos incomodou duramente durante o ano passado. Pelo lado dos custos, há tendência de estabilidade para o próximo ano. Até o momento, tudo indica que a safra brasileira de grãos será muito boa, com produtividade elevada, uma vez que o clima vem se comportando dentro da normalidade. Isto deverá segurar os preços do milho e do farelo de soja.

Restando saber como se comportará o clima para a safrinha de milho. Com estes fatos acima colocados, podemos supor um bom ano para a cadeia láctea brasileira. Agora, não podemos perder o foco na melhoria da gestão, uma vez que a concorrência tem se tornado cada vez mais acirrada, refletido em reduções subseqüentes de margens. Assim, para se obter melhores resultados, precisa-se de aumento contínuo de produtividade. Devemos esperar ainda um ano de movimentações significativas no ponto de vista da consolidação deste setor que ainda é extremamente pulverizado. Novas fusões, aquisições e aberturas de capital devem ocorrer. A grande incógnita fica por conta das eleições de outubro e dos reflexos que uma campanha presidencial pode ter, normalmente gerando instabilidade na economia. foto: DIVULGAÇÃO

“Pelo lado dos custos, há tendência de estabilidade para este ano”.

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Planejar para vencer desafios foto: gilson de souza

Armindo José Soares Neto Engenheiro Agrônomo e Gerente de Suprimento de Leite da CCPR/Itambé

Existe uma característica marcante nas empresas que alcançam os melhores resultados. Estas empresas planejam seu futuro e constroem seu sucesso, dia após dia. Uma propriedade rural é uma empresa como qualquer outra e deve ser administrada com um planejamento detalhado, que envolva todos os aspectos ligados à atividade. A produção de leite exige do produtor, além de muita dedicação e trabalho, conhecimentos variados. Ele precisa ser um agricultor eficiente,

produzindo alimentação de alta qualidade, com o menor custo possível, empregar as melhores técnicas no manejo e no controle sanitário do rebanho, gerenciar pessoas, cuidar da qualidade do leite, etc. Um bom planejamento deve traçar as metas que desejamos atingir para todos os setores da propriedade, com prazos definidos e com os planos para cumprir cada uma delas. Temos que saber com antecedência cada passo a ser dado e estar preparado para mudanças no caminho, pois quando elas ocorrem, temos que agir rápido. Sabemos que existem dificuldades, pois alguns fatores, como o custo dos insumos e o mercado do leite, são de difícil previsão em longo prazo, e é exatamente aí que o planejamento faz a diferença. No planejamento podemos prever, com antecedência, o que vamos fazer em várias situações e isso ajuda muito na hora de tomar as decisões. Para aumentar a chance de acertar, a assistência técnica tem um papel fundamental no planejamento. O téc-

nico, conhecendo a realidade da sua propriedade, tem como identificar as soluções mais adequadas para o seu caso. Em se tratando de produção de leite, não existe “receita de bolo”. Nem sempre o que deu certo na fazenda do vizinho é a melhor solução para o seu problema. É muito importante que o produtor, depois de planejar, se preocupe com a execução dos planos conforme planejado para garantir que os objetivos sejam alcançados. Nos dias de hoje, é muito comum as pessoas reclamarem que não têm tempo pra nada. Em alguns casos, não conseguimos administrar bem nosso tempo justamente por falta de planejamento, e esta “armadilha” pode nos tirar do caminho certo. “Se o homem não sabe aonde quer chegar, qualquer direção parecerá certa”. Por outro lado, se você quer ter bons resultados na produção de leite, comece construindo seu futuro hoje, com um bom planejamento. Mãos à obra!

Gerência de Suprimento de Leite: perspectivas para 2010 Em 2010, a Gerência de Suprimento de Leite será reestruturada com o objetivo de melhorar a eficiência da coleta do leite e aumentar a presença dos nossos técnicos no campo, junto aos produtores. O transporte do leite receberá atenção especial. Já estamos em fase de tes-

tes para instalação de um sistema de rastreamento dos caminhões que nos permitirá acompanhar cada veículo em tempo real, garantindo o cumprimento das coletas e reduzindo custos. Este controle será feito nas fábricas pelos gestores de transporte, o que permitirá que nossos técnicos tenham

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mais disponibilidade para atender e visitar os produtores. O foco de todos os projetos previstos para 2010 é a garantia da transparência e da eficiência em todos os processos da captação do leite, de forma a assegurar a satisfação dos nossos cooperados.

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Cafel, compromisso com o desenvolvimento econômico e social fotos: Gílson de Souza

No Armazém da Cafel são comercializados mais de nove mil itens

Com 25 anos de existência, a Cooperativa Agropecuária de Ferros (Cafel) desempenha, desde a sua constituição, um importante papel econômico e social na cidade mineira de mesmo nome. A Cafel, maior instituição de Ferros, atrás apenas da Prefeitura Municipal, conta com 675 cooperados, sendo 197 produtores de leite. A captação mensal da cooperativa é de 800 mil litros de leite, advindos também dos municípios de Carmésia, Santa Maria de Itabira, Conceição do Mato Dentro e Dores de Guanhães. Em decorrência do falecimento de Fernando Soares de Carvalho, presidente da Cafel por seis mandatos e ex-conselheiro fiscal da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé), em 2009 os cooperados voltaram às urnas para eleger a atual diretoria. O cargo de presidente foi assumido por Hélcio de Oliveira Quintão, diretor comercial por três mandatos, e em seu lugar foi empossado Fernando Moraes de Carvalho, filho do ex-presidente. O diretor secretário, José Alves de Almeida, foi mantido.

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Carvalho já era cooperado e decidiu fazer parte da diretoria para manter a tradição da família e realizar um desejo do pai, defensor ardoroso da Cooperativa Agropecuária de Ferros. “Meu pai sempre teve muito amor pela cooperativa. Se alguém falasse mal perto dele, era briga na certa”, revela o diretor comercial.

de entrega para as compras realizadas no armazém. Em pouco tempo, o espaço ficou pequeno e foi preciso alugar um imóvel maior, que comportasse a demanda que aumentava a cada dia.

Há 12 anos na diretoria, Quintão, atual presidente da Cafel e ex-prefeito do município por duas gestões, conta que a coleta a granel foi um divisor de águas para a cooperativa. “Para o produtor foi um ganho porque ele deixou de pagar o frete do transporte, que passou a ser feito pela Itambé. Em contrapartida, perdemos arrecadação, o movimento do armazém caiu muito”, relembra.

Mais uma vez de mudança, a Cafel se instalou em um terreno com mais de 600 m², que há três anos foi comprado pela cooperativa. Lá trabalham 22 funcionários, divididos entre as áreas de escritório, vendas, transporte e assistência veterinária. No armazém são comercializados mais de nove mil itens entre produtos alimentícios, utilidades domésticas, produtos de higiene e limpeza, rações, sementes, adubos, medicamentos veterinários e maquinário. O carro-chefe das vendas são as rações Itambé, que chegam a 230 toneladas/mês.

Mas, seguindo a lógica dos grandes empreendedores, ao invés de desanimar a diretoria fez do momento de dificuldade um trampolim para impulsionar os negócios. Com o fechamento do posto de recepção, a primeira ação foi alugar uma loja mais próxima do centro comercial do município e oferecer frete gratuito

A arrecadação mensal de R$ 500 mil mostra que a diretoria da Cafel acertou na alternativa escolhida para superar a crise e dar a volta por cima. Além das vendas, a outra fonte de renda advém do aluguel de parte do posto de recepção desativado, que abriga ainda o depósito de ração da cooperativa.

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Atenção ao cooperado Há dez meses, a Cafel contratou o médico veterinário Henrique Quintão Brant para oferecer assistência gratuita aos cooperados. Além dos cuidados clínicos, o profissional presta orientações de reprodução do rebanho, que, segundo ele, tem ocorrido cada vez mais por meio de inseminação.

outras ações, essa verba possibilitou a criação do Programa de Inseminação, que permite aos produtores utilizar o serviço e pagar apenas R$ 17 por vaca com prenhês confirmada. “O programa tem tido muito sucesso devido à constatação de melhoria do gado e aumento da produtividade”, ressalta Brant.

A facilidade de acesso à inseminação é mais um serviço oferecido pela Cafel, por meio de uma parceria com a Prefeitura, Sindicato Rural e Emater. O veterinário conta que há alguns anos, Ferros foi contemplada pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com a quantia de R$ 60 mil por ano durante quatro anos. Entre

Além do veterinário, os cooperados da Cafel também recebem assistência dos técnicos extensionistas da CCPR/Itambé Cleber de Paiva Macedo e Alberto Carvalho Quintão. Quatro vezes ao ano, a cooperativa promove palestras sobre temas relacionados ao manejo do rebanho e qualidade do leite e oferece, ainda, a consultoria para elaboração de pro-

cessos aos cooperados interessados em obter o financiamento do Pronaf. Responsabilidade social Desde 2006, salas da Cafel são cedidas à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e à Sociedade Educacional de Ferros/FACIG, onde são ministrados, respectivamente, os cursos Normal Superior e Técnico em Enfermagem. Mensalmente, a cooperativa fornece alimentos ao Asilo Recanto Nossa Senhora Aparecida, que abriga cerca de 40 idosos, ao Centro Educacional Mariinha Matta Machado e à Conferência São Vicente de Paula, além de contribuir ativamente para a realização de festas religiosas e serviços de apoio às escolas de Ferros.

Diretoria Cafel: Fernando Moraes de Carvalho, José Alves de Almeida e Hélcio de Oliveira Quintão

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50 anos de bom sossego foto: gílson de souza

Maria Edelvs de Godoi Rodrigues e Juvenil Rodrigues

Em 1960 veio o casamento e com ele a responsabilidade de sustentar a esposa e os filhos que ainda viriam. Como o ofício na roça e o amor ao gado foram aprendidos ainda na infância, Juvenil Rodrigues, mais conhecido como Ni, não pensou duas vezes e investiu suas economias na compra de quatro vacas para começar seu próprio negócio. Com o apoio da companheira Maria Edelvs de Godoi Rodrigues, a Vica, o casal iniciou a produção de queijos, que mesmo com muito esforço não ultrapassava 1 kg por dia. Com a abertura de uma cooperativa em um município próximo ao distrito de Santo Antônio da Fortaleza, onde moram, comprou mais dez cabeças e começou a produzir leite. Paralelo à produção, Ni deu especial atenção à recria e em pouco tempo a multiplicação das vacas já somava 30 animais. Assim como a produção, a prole também prosperou e Ni e Vica tiveram cinco filhos, três mulheres e dois homens. Com a necessidade de cuidar da educação dos filhos, Vica, que era professora, se

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mudou com eles para Ipatinga. Nessa época, Ni já contava com 80 vacas, mas precisou vender 70 para comprar a casa que abrigaria a família. Com as dez cabeças restantes, o produtor retomou os negócios para assegurar que não faltasse nada à mulher e aos filhos. Durante onze anos, o período das férias era esperado com ansiedade para que toda a família se reunisse na fazenda. “Sentia muita falta do meu marido, mas valeu à pena porque conseguimos cumprir a missão de estudar os filhos. Agradeço muito por tudo que construímos e se precisasse voltar no tempo faria tudo novamente”, declara Vica. Próximos de completar 50 anos de casados, Ni relembra o dia do “sim” em meio a risos. Na data escolhida, 5 de dezembro, chovia muito e o padre de Joanésia foi à Santo Antônio da Fortaleza especialmente para celebrar a cerimônia, depois de oito anos de namoro. Para comemorar a união, Ni convidou vários amigos para almoçar em sua casa e à medida que as pessoas iam chegando, a prosa ficava cada vez mais animada.

Causo vai, causo vem e ao invés da noiva se atrasar, quem atrasou, e por três horas, foi o noivo. “Sorte que o padre me esperou e deu tempo de casar”, conta Ni. Quando perguntado sobre o segredo para manter uma união de quase meio século, ele responde em meio a gargalhadas: “graças ao amor e aos remedinhos”. Há 32 anos Ni conseguiu realizar o sonho de comprar dos irmãos a propriedade que foi do pai, a fazenda “Bom Sossego”. Hoje com oito netos, o casal diz que ter a casa sempre cheia com as constantes visitas da família e dos amigos é motivo de alegria e diversão. Além dos famosos churrascos realizados na propriedade, Ni e Vica não perdem a oportunidade de ir à Ferros dançar forró, uma de suas paixões. Sempre na companhia dos filhos, eles também gostam de viajar pelo menos uma vez ao ano e contam com alegria que já conheceram Caldas Novas, Vitória, Porto Seguro e Fortaleza. Por motivo de saúde, há três anos Ni passou a responsabilidade da lida para seus quatro funcionários. “Tirei leite dos 13 aos 72 anos, mas continuo a produção porque me sinto realizado, gosto demais do que faço”.

“Tirei leite dos 13 aos 72 anos, mas continuo a produção porque me sinto realizado, gosto demais do que faço”. Juvenil Rodrigues, o Ni

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Produtor investe em piquete e ganha tempo para cuidar da propriedade foto: gílson de souza

“Deixei de ser garçom das vacas e ganhei tempo para cuidar da minha produção”. A frase do produtor José Roberto sintetiza o que, para ele, foi a maior vantagem desde que decidiu substituir a capineira pelo pastejo rotacionado. “Durante 19 anos, minha rotina foi dividida entre a ordenha, a alimentação das vacas no cocho e o trabalho na capineira, sempre debaixo de sol forte e chuva”, relembra. Sem tempo para cuidar dos outros afazeres da fazenda São Cristovão, localizada em Cambaúbas, distrito de FunilândiaMG, e com vontade de melhorar os negócios, em agosto do ano passado o produtor aderiu ao programa Educampo, uma parceria da CCPR/Itambé com o SebraeMG. Na primeira etapa do trabalho de substituição da capineira, além da coleta do solo para análise, foi medida a área necessária para o pastejo dos animais e feita a divisão do terreno em 21 piquetes de aproximadamente 600 m² cada. A partir dos resultados das análises, a extensão de 1,13 hectares foi corrigida com calcário e adubada com cloreto de potássio, super-simples, sulfato de amônia e FTE-BR12. Em novembro passado, o gado começou a pastejar nos piquetes de capim Elefante, alternados a cada dois dias, e a diferença já causou impacto na produção e no bolso. Na comparação dos meses de novembro, dezembro (2008) e janeiro (2009) com o mesmo período de 2009/2010, a produção média das vacas em lactação saltou de 13,4 para 14,1 litros/dia, ou seja, um aumento de 5,2% por animal. O cultivo do volumoso de maior valor nutritivo também proporcionou redução dos cus-

José Roberto acompanha com atenção as dicas de adubação passadas pela técnica

tos: o consumo de ração diminuiu em 2 kg por vaca ao dia. E o aumento da economia só está começando. “Vamos fazer a análise da qualidade do capim e existem grandes chances de que o consumo de concentrado diminua ainda mais”, avalia a médica veterinária do Educampo Pollyanna Delboni Binow, que presta assistência a José Roberto. Segundo a veterinária, a irrigação prevista para os próximos meses será um importante instrumento para reduzir o período da seca a três meses por ano. Para os produtores que querem investir no pastejo rotacionado, Pollyanna alerta que a previsão de volumoso para os meses sem chuva é fundamental. “Fizemos a projeção da produção e da quantidade necessária para alimentar o gado, e depois verificamos se a cana que foi cultivada seria suficiente. Essa precaução é indispensável para que não ocorram gastos inesperados com concentrado”, orienta.

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Contente com o investimento, José Roberto pretende dobrar sua produção em dois anos. “Pela primeira vez pude dar férias para o meu vaqueiro e agora tenho tempo para sair, resolver os problemas e cuidar da recria que vai aumentar meu retorno financeiro”, conta satisfeito.

Na ponta do lápis (período de 45 dias) Vacas em lactação: 23 Redução de 46 kg de ração/dia Custo médio do kg R$ 0,60 Total: R$ 1.240 Aumento da produção: 724 litros Preço médio: R$ 0,60/litro Ganho: R$ 434 Custo da adubação: R$ 165 O produtor está ganhando R$ 434 e deixando de gastar R$ 1.075

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Preservação da Qualidade da Água foto: gilson de souza

Fernando Ferreira Pinheiro Médico Veterinário e Analista de Captação da CCPR/Itambé

Prezado produtor, A qualidade da água está relacionada a uma série de fatores que podem ser

trabalhados para se evitar contaminações. Este é um assunto que envolve aspectos ambientais e sanitários, ou seja, não basta apenas preservar as fontes de água. É necessário também prevenir as possíveis contaminações por microrganismos, produtos químicos ou qualquer produto ou material que possa prejudicar o consumo e utilização da água. A água é um dos componentes do leite, desta forma o fornecimento de água para os animais deve ser feito de forma a garantir as necessidades dos animais, tanto em quantidade como em qualidade. Além disso, nas soluções para limpeza dos utensílios usados na produção de leite a água representa a

maior parte. A contaminação da água por matéria orgânica vai prejudicar a ação dos agentes químicos usados na limpeza e sanitização dos equipamentos de ordenha, resultando em prejuízo à qualidade do leite. As ações para preservar a qualidade da água começam com a escolha adequada da fonte. Após a escolha da fonte, vários cuidados devem ser adotados para a manutenção da qualidade da água. Neste informativo, os principais cuidados com a qualidade da água serão mostrados para que ações preventivas possam ser adotadas. Serão mostrados também os principais problemas envolvidos na obtenção de água com qualidade.

Ações e Cuidados Para a Preservação da Qualidade da Água Identificar a fonte de água a ser utilizada, observando se a capacidade de vazão atende a demanda e se a fonte não está sujeita a contaminações ambientais; No caso de captação de águas superficiais (rios, córregos ou represas) ou nos casos de nascentes difusas, é importante que a bomba para captação não fique muito próxima das margens e do fundo do leito. Com isso, evita-se o excesso de matéria orgânica presente nas margens e na superfície; As águas provenientes de fontes superficiais ou nascentes difusas devem passar por um tratamento preliminar antes das etapas de filtração e cloração. Esse tratamento tem por objetivo remover a matéria orgânica e inorgânica e ganhar eficiência na filtração e cloração;

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No caso de fontes subterrâneas, como os poços artesianos e rasos, alguns cuidados sanitários devem ser adotados, como a desinfecção inicial da água do poço. Para isso, deve ser usada uma dosagem de cloro mais elevada por um período de 12 horas, 10 dias depois se recomenda fazer o exame laboratorial para atestar a qualidade da água;

isso, a captação pode ser feita de forma fechada até a caixa de armazenamento. Evitar o uso excessivo de cloro para tentar corrigir eventuais problemas na captação ou no tratamento preliminar da água; A cada seis meses as caixas de armazenamento devem ser limpas.

Ainda com relação aos poços, a perfuração dos mesmos não deve ser feita em terrenos com excesso de matéria orgânica (currais, esterqueiras, lagoas de tratamento de dejetos) ou de adubo (horta e pomar) para evitar qualquer possibilidade de contaminação; No caso das nascentes de encosta, para assegurar a qualidade da água é necessária a introdução de canos perfurados no interior do lençol e a profundidade adequada para permitir um bom processo de filtração pelo solo. Com Revista Produtor Itambé, ano 1, número 2, fevereiro de 2010


Preservação e Conservação dos Mananciais de Água Doce O cuidado mais importante que todos devem estar atentos é a preservação e a manutenção dos mananciais de água doce. Além de garantir a qualidade da água, um trabalho de preservação é uma ação muito importante no atendimento das legislações ambientais. Desta forma, alguns pontos são importantes de serem observados, destacam-se: O tratamento dos resíduos da produção leiteira;

O manejo adequado dos animais, plantas e solos para não causar degradação ambiental; Conservar as águas de chuva (maior infiltração no solo); Proteger as nascentes, conservando as matas em seu entorno e não permitindo o acesso dos animais.

A qualidade da água e sua preservação são temas importantes, na atividade leiteira não é diferente. A correta utilização deste recurso será cada vez mais cobrada, portanto sempre que houver dúvidas busque a orientação de um profissional com conhecimento. O benefício retornará não apenas na qualidade do leite, mas na sustentabilidade de sua produção.

A qualidade da água é fundamental para garantir a saúde de pessoas e animais

Fonte e Fotos: Manual da Qualidade da Água, Processos de Captação e Tratamento, CCPR-MG Itambé, Acervo Itambé.

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 2, fevereiro de 2010

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Tradição mantida viva foto: Arquivo pessoal

Antônio Carlos e Geraldo Ribeiro Gontijo, devoção passada de pai para filho

Por Adriano Rabelo Correspondente da Cooperbom Um misto de folclore, religião e devoção ao santo protetor dos animais e das plantações. A Festa de São Sebastião é uma das celebrações da Igreja Católica mais tradicional do interior de Minas Gerais. Realizada há mais de 80 anos no Bom Retiro, distrito com cerca de 500 habitantes, a 7 km de Bom Despacho, esta tradição foi repassada, ao longo dos anos, de pai para filho. Homem simples, trabalhador e conhecido produtor de leite da região, Geraldo Ribeiro Gontijo, 74 anos, participa da festa desde criança. Segundo ele, seu avô e seu pai – o falecido João Ribeiro da Silva – eram devotos fervorosos do santo. “Meu pai participava das festividades, juntamente com a nossa família. Quando era garoto acompanhava a folia de perto. Graças ao exemplo deixado por eles, resolvi dar seqüência nesta tradição. A Folia de São Sebastião está no meu sangue”, desabafou.

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Casado há 50 anos, pai de cinco filhos e avô de nove netos, seu Geraldo, como é conhecido por todos, disse que a tradição continua viva em sua família. “Minha esposa, meus filhos e meus vizinhos ajudam a preparar o almoço que é oferecido aos dançadores de folia. Montamos um fogão à lenha do lado de fora da casa e preparamos um verdadeiro banquete: arroz, tutu de feijão, macarrão, galinha caipira e salada”, revelou. Devoto do santo desde criança, o produtor rural falou da alegria em participar, por mais um ano, da Festa de São Sebastião. “A minha intenção é continuar participando desta tradição enquanto tiver força e saúde. Acredito muito no poder do santo e tenho certeza que ele protege a minha família”, afirmou. Antônio Carlos Gontijo, 41 anos, é filho de seu Geraldo. Ele conta que herdou do pai a devoção pelo santo. O produtor rural disse ainda que nenhum membro da sua família dançou folia. “Isto nunca

diminuiu nossa paixão pela festa. Meus irmãos e eu colaboramos todos os anos com as festividades em homenagem a São Sebastião. Damos esmola, ajudamos na montagem das barraquinhas e oferecemos o almoço”, explicou. Festividades A festa é realizada do dia 6 ao dia 20 de janeiro. Durante o período, acontece na capela da Medalha Milagrosa, no Bom Retiro, a novena em honra ao santo. Ao fim das comemorações, entram em cena as tradicionais barraquinhas com shows e leilões de bezerros, de galinhas e de comidas típicas preparadas pelas mulheres da comunidade. Todos os produtos leiloados são doados pelos moradores do distrito. O dinheiro arrecadado é doado para a igreja. No dia 17 de janeiro, foi realizada a missa de encerramento da Festa de São Sebastião. A celebração foi presidida pelo padre Vitório, da paróquia de Nossa Senhora do Bom Despacho.

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 2, fevereiro de 2010




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