Revista Produtor Itambé

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Revista Produtor Itambé w ano 1 w número 3 w março de 2010

foto: gilson de souza

LEIA MAIS: Conheça a trajetória de um dos pioneiros da produção na região de Curvelo. Página 10

DESTAQUE: No mês das mulheres, honras às produtoras de leite. Página 6

E AINDA: Confira receita de uma doceira de mão cheia, famosa em Pará de Minas. PÁGINA 14



Edição especial Em 1857 o mundo vivia momento inigualável. O vapor e o aço davam vida e corpo às novas máquinas, criando promissor cenário de abundância e conforto. Em 1857, Nova York era a maior cidade dos Estados Unidos e simbolizava tudo isso. Com as novas máquinas, com o progresso, o mundo duro, brutal, desumano começava a ficar para trás. Ou será que não? Em 1857, em condições insalubres, homens, mulheres e até crianças trabalhavam em jornadas de até 16 horas por dia nas fábricas de têxteis, em troca de salários de fome, literalmente. Quem não aceitasse tinha seu lugar ocupado pelos que chegavam em busca de oportunidades. É nesse ambiente de 08 de março de 1857, em Nova York, que mulheres fizeram uma greve, tentando reduzir de 100 para 60 horas a jornada de trabalho semanal e melhorar as condições trabalho então existentes. Ao serem trancadas num galpão que terminou destruído em chamas, a morte de cada uma dessas mulheres em situação tão trágica foi a chama para que o movimento de valorização feminina se iniciasse. É nessa data que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Não há atividade agrícola mais feminina que a produção de leite. Vida, pureza, constância, beleza, persistência são palavras que se associam ao leite e também à mulher.

Nesta edição, a Revista Produtor Itambé homenageia a mulher. A reportagem de capa traz D. Gui, empreendedora que aprendeu a produzir leite, mas não esqueceu os detalhes femininos no manejo do rebanho e no convívio com os empregados. Traz também D. Eliana, outra empreendedora que, com a renda gerada com seus quitutes, faz mais doce a vida de sua linda família, que exala alegria, equilíbrio e amor. Traz, ainda, a zootecnista Daniela, que aborda os cuidados que se deve ter com a vaca nos dias que antecedem ao parto. Também trouxemos o Sr. Antônio, que começou a produzir leite quando JK nem pensava em construir Brasília e dar o pontapé inicial para a conquista do Cerrado. Em 1942, JK ainda era o prefeito de Belo Horizonte. O Sr. Antônio começou a produzir leite neste ano, em condições bem difíceis. Consumidor não havia, pois o Cerrado brasileiro era um grande vazio populacional e de pouca renda. Também de estradas era o Cerrado carente. Mas, o mais complicado era mesmo produzir num ambiente de terras fracas, como se falava. O Sr. Antônio é desses novos bandeirantes. Com todas essas dificuldades, ele começou a produzir. Vinte anos depois apareceram as estradas. A BR-040, por exemplo, corta a sua propriedade. Mais à frente, a tecnologia foi chegando. O fato é que, meio século depois do Sr. Antônio ter começado a produzir, o Cerrado se tornou esse mundão de leite que é hoje.

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 3, março 2010

Aonde Seu Leite Chega

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Cartas & Curtas

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Giro Itambé

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Análise

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Com a Palavra, o Técnico

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Cooperativa em Destaque

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Nossa Gente

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Produção Sustentável

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Informativo da Qualidade

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Balaio Cultural

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Revista Produtor Itambé Publicação mensal da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé). Diretoria Presidente: Jacques Gontijo Álvares Vice-presidente Administrativo: Marcos Elias Vice-presidente Comercial: Valdinei Paulo de Oliveira Vice-presidente de Abastecimento: Carlos Batista Alves de Souza Equipe Responsável Paulo Martins Mônica Salomão Priscila Martins

Jornalista Responsável Mônica Salomão – MG 10543/JP Diagramação Orozimbo Souza Júnior – MG 10654/JP Tiragem/Impressão 16.235 exemplares / Log Print Publicidade Priscila Martins Tel: (31) 2126-3417 E-mail: produtor.itambe@itambe.com.br

Colaboraram nesta edição Daniela Silveira Miyasaka Fernando Pinheiro Flavio Luiz Fazenaro Leandro Cardoso Sampaio Marne Moreira Rafael Romão Tatiane Stela Pizzol Thiago Magalhães Tavares Valéria Auxiliadora de Resende

www.twitter.com/proditambe Telefone: (31) 2126-3418

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Itambé na Cidade Maravilhosa foto: divulgação

No Rio de Janeiro, cidade que abriga o Cristo Redentor, eleito em concurso internacional como uma das novas sete maravilhas do mundo, são comercializadas mensalmente 3 mil toneladas de produtos da Itambé. Na terra da “Garota de Ipanema”, eternizada na composição de Tom Jobim e Vinícius de Morais, os campeões de venda da CCPR/Itambé são o leite condensado, leite em pó e a linha de iogurtes. É impossível falar do Rio de Janeiro, que dia 1º de março comemorou 445 anos, sem mencionar alguns emblemáticos pontos turísticos como a praia de Copacabana, Pão de Açúcar, Maracanã - templo maior do futebol cinco vezes campeão mundial - e a Passarela do Samba, palco de uma das maiores festas de carnaval do mundo. Em meio ao mosaico de encantos espalhados entre o mar e as montanhas da Cidade Maravilhosa, está a rede de Supermercados Vianense, que leva para os cariocas o sabor dos produtos mineiros.

Estou gostando muito do trabalho de comunicação que está sendo conduzido pela Itambé: o Produtor Itambé Online, o Radar Técnico Itambé e, agora, a revista do Produtor Itambé em seu primeiro número. Quero parabenizar toda a equipe pelo bom trabalho desenvolvido e ficar na torcida para que tudo dê certo!!! Faço questão de divulgar esse trabalho na seção de publicações da revista pela qual me responsabilizo, que é a revista ITEM, da Associação Brasileira de Irrigação e Dreangem (ABID), onde a CCPR/Itambé atua como parceira e sócia patrocinadora. Genoveva Ruisdias 4

A rede de Supermercados Vianense conta com 18 lojas na capital fluminense

Muito obrigado pelo exemplar nº 1 da Revista ITAMBÉ. Desejamos que tenham muito sucesso e sempre que possível teremos o máximo prazer em colaborar. Agradecemos se puder enviar a revista para os diretores da Associação. Saudações, Jorge Rubez Presidente da Associação Leite Brasil Gostaria de manifestar o meu interesse em continuar recebendo exemplares da Revista Produtor Itambé e aproveito para parabenizar a presidência da empresa pela iniciativa.

Atenciosamente, Inácio Franco Deputado Estadual/PV É com grande satisfação que recebo o primeiro exemplar da Revista Itambé. Gostaria de receber sempre. Obrigado, Valdemar Martins do Amaral Participe também. Envie suas críticas, elogios e sugestões para: Revista Produtor Itambé Rua Itambé, 40 – Floresta. Belo Horizonte/MG Cep 30.150-150 produtor.itambe@itambe.com.br

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Itambé promove Leilão de Tourinhos No dia 23 de abril, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR/Itambé) realiza, em Sete Lagoas - MG, a quinta edição do Leilão de Tourinhos Granja Itambé. Serão ofertados animais de alta qualidade genética das raças Holandês, Girolando, GIR Leiteiro e Jersey com exclusividade aos cooperados do Sistema Itambé, com a facilidade de financiamento em até 24 parcelas descontadas na folha do leite. Para esta edição, a Diretoria da Cooperativa Central traz uma novidade: o sorteio de um reprodutor entre os compradores. Em decorrência da procura, sempre superior ao número de animais oferecidos, os produtores interessados devem se inscrever junto à sua cooperativa para participar do processo de seleção de compra. Leandro Sampaio, coordenador de Captação de Leite da CCPR/Itambé e veterinário responsável pela aquisição e sanidade dos animais, alerta que os cooperados contemplados devem, obrigatoriamente, comparecer ao evento com a carta de autorização emitida pela cooperativa e cópias dos cartões atualizados de Inscrição de Produtor Rural e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Os documentos são necessários tanto para a compra quanto para a retirada do animal, que deve ser feita ao término do evento ou no prazo de até três dias úteis, contados a partir da aquisição e assinatura do contrato. Caso contrário, o cooperado estará automaticamente eliminado do processo e sua cota será transferida a outro comprador. Respeitada a cota a que tem direi-

to, as 31 cooperativas associadas ao Sistema Itambé também podem adquirir os reprodutores desde que apresentem o Cartão de Inscrição de Produtor Rural e o Cartão do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Regras O Leilão de Tourinhos Granja Itambé não segue as regras convencionais, onde os animais são arrematados por quem oferece o maior lance. Como o objetivo não é o lucro, mas repassar reprodutores capazes de gerar fêmeas com potencial para altas lactações, com elevado teor de proteína e gordura, os animais são vendidos a preço de custo. Porém, o número de animais é limitado e a quantidade destinada a cada cooperativa é definida de forma proporcional ao volume médio de leite fornecido no período de janeiro a dezembro de 2009. De posse do número de tourinhos a que tem direito, no mínimo um reprodutor por filiada, a cooperativa deve enviar à CCPR/Itambé os nomes dos produtores selecionados para adquirir os animais e entregar a carta de autorização de retirada do animal para seus produtores. Leandro Sampaio explica que para cada tourinho que desperte o interesse de mais de um comprador será feito o sorteio da cooperativa e em seguida, se tiver mais de um interessado na cooperativa contemplada, o sorteio do cooperado que levará o animal. “Este procedimento será repetido, obedecendo ao número de animais destinados a cada cooperativa e a relação de compradores previamente estabelecida, até que sejam atendidas to-

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das as associadas e seus respectivos interessados”, pondera. Vale lembrar que a cooperativa que não tiver representante na Granja no dia do Leilão será considerada desistente e os tourinhos destinados a ela sorteados entre as cooperativas presentes e seus respectivos cooperados. Seguindo essa dinâmica, serão vendidos todos os animais ofertados. No dia do Leilão, os participantes receberão um catálogo com todos os dados dos tourinhos, como número de registro, idade, genealogia, produção da mãe/avó e preços. foto: gilson de souza

Tourinhos são exclusivos para cooperados

Qualidade comprovada

Os tourinhos oferecidos com exclusividade aos cooperados da CCPR/Itambé são originários de Castro (PR), uma das principais bacias leiteiras em produtividade e qualidade genética do Brasil, e das renomadas fazendas Agrindus, em Descalvado (SP), e Baixadinha, em Uberaba (MG). 5


Mulheres do Leite foto: gilson de souza

Paulo do Carmo Martins Assessor da Presidência da CCPR/Itambé Doutor em Economia Aplicada pela Esalq/USP

Houve um tempo, e não faz muito, que as mulheres tinham pouco valor na sociedade. Era um tempo de escassez, em que comer e vestir era o desafio constante a ser vencido. Nessa dura realidade, o homem apresentava vantagem em relação à mulher, pela sua condição de força-bruta. Numa sociedade agrária, em que tudo dependia da força do homem, a chegada de um filho homem era motivo de muita alegria. Para as famílias de poucas posses, era a garantia da expansão da força de trabalho. Para as famílias abastadas, era a certeza de um defensor do clã frente a um mundo hostil. Já o nascimento de uma filha significava problema. Significava o custo de alimentá-la e vesti-la até a puberdade. A partir daí, sempre existia o risco potencial da gravidez. Então, o melhor era estimular o casamento o mais cedo possível. Por isso, muitas de nossas antepassadas casaram-se com 16 anos ou menos. Por que existiam o dote e o enxoval? O dote era a recompensa monetária ou patrimonial, dada ao futuro marido, por ele assumir as responsabi6

lidades de alimentar e vestir a futura esposa, assumindo um ônus que, até então, era da família da noiva. Já o enxoval era a forma de amortizar parte do custo fixo inicial desse empreendimento, o casamento, que ele estava assumindo. E, depois de feito o acordo, não havia a possibilidade de se desfazer o negócio (casamento indissolúvel). Hoje, todos reconhecem a importância da mulher como agente produtivo. A força física não tem mais valor, pois a força da máquina substituiu a força do homem. O que importa, agora, é a criatividade, a determinação e a sensibilidade, características típicas da mulher. A mulher brasileira vem ocupando rapidamente espaço na sociedade. Nas universidades federais, o maior número de aprovados é feminino. Nos cursos de economia, administração e direito, as mulheres já são ampla maioria. As mulheres têm tempo médio de estudo maior que os homens em 16%. Jogam futebol, apitam jogos, dirigem taxi e caminhão. São delegadas, promotoras e juízas. De aeromoças, viraram pilotas de avião. O último censo do IBGE revelou que uma em cada duas mulheres brasileiras trabalha fora de casa, e uma em cada quatro famílias brasileiras é chefiada por uma mulher. No setor leiteiro, a mulher também está muito presente. Como pesquisador da Embrapa, ao coletar dados em propriedades de diferentes regiões, aprendi que o papel da mulher na produção de leite varia nas diversas regiões. Nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no oeste do Paraná, por exemplo, as

propriedades leiteiras são propriedades familiares exploradas comercialmente. Nestes estados, há uma divisão de tarefas. Cabe ao marido cuidar de produzir alimento para as vacas e bezerras. Já a mulher cuida de todo o manejo dos animais, o que inclui a recria e a ordenha. Cabe a ela também fazer as anotações zootécnicas e econômicas da fazenda, tarefa muito valorizada. Quando você visita um produtor dessa região, na porta da casa ele lhe oferece um par de chinelos. Você deve tirar os sapatos, deixá-los na entrada, e calçar os chinelos. O motivo é que a sua visita não pode sujar a casa, já que o tempo da mulher no curral concorre com o tempo dedicado à limpeza da casa. O fato é que, todos os dias, milhares de mulheres fazem do leite a principal cadeia produtiva do agronegócio brasileiro, gerando emprego, renda e interiorizando o desenvolvimento. São mulheres que, como proprietárias, gerentes, técnicas, auxiliares ou operárias, estão nas propriedades, nas transportadoras, nos laticínios, nos laboratórios, nas universidades e nos institutos de pesquisa. Estão nos escritórios, nos centros de distribuição e nos pontos de vendas. São mulheres que nos trouxeram à vida e nos formaram. E, nesse momento em que a palavra qualidade é a mais importante do dicionário do leite, essas mulheres ganham força e importância em nosso meio. A essas Mulheres do Leite, uma presença ainda silenciosa, mas cada vez mais vigorosa, o nosso mais puro e singelo reconhecimento e homenagem.

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Manejo no período de transição foto: gilson de souza

Daniela Silveira Miyasaka Zootecnista formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV); Coordenadora de Captação de Leite da CCPR/Itambé há dois anos na Região de Guanhães

Geralmente as vacas secas ficam com o pior lugar e o pior alimento da fazenda, o que é um grande erro. É importante que antes da parição as vacas sejam bem manejadas e nutridas. Caso contrário, as conseqüências desse mau manejo irão aparecer, comprometendo o desempenho e a reprodução subseqüente. Portanto, um conceito mais correto seria considerar o período seco como um período preparatório para a pró-

xima lactação. As vacas secas devem ser vistas como um investimento que responde positivamente se manejadas em um ambiente com baixo estresse durante esse período.

Dessa forma, algumas medidas de manejo devem ser levadas em consideração para que as vacas tenham um consumo de alimento sem muitas flutuações durante essa fase. São elas:

A maioria das doenças infecciosas (mastite e metrite) e desordens metabólicas (hipocalcemia, cetose, retenção de placenta e deslocamento de abomaso), normalmente ocorrem durante o período de transição – entre as três últimas semanas de gestação e as três primeiras semanas de lactação. Essas desordens podem diminuir o pico de lactação e a produção total na lactação e aumentar a perda de condição corporal, o que gera como conseqüência a queda do desempenho reprodutivo.

a Promover conforto térmico e ambiental para os animais;

É importante destacar que durante o período de aproximação do parto ocorre queda no consumo de alimentos. Mas, ao mesmo tempo, ocorre aumento na demanda por nutrientes pelo feto e glândula mamária.

a Evitar piquetes com superlotação (comedouros com pelo menos 75 cm/vaca); a Planejar piquetes com drenagem adequada; a Facilitar o acesso aos comedouros e bebedouros; a Fornecer forragem de boa qualidade e estimular o consumo de alimentos. Estas medidas quando tratadas de maneira coerente, promoverão um período de transição adequado, influenciando positivamente na produção e reprodução dos animais em lactação.

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a equipe da Revista Produtor Itambé aproveita a oportunidade para parabenizar as demais representantes da Gerência de Captação de Leite da CCPR/Itambé: Daphne Jane Velten Silva, Kátia Valéria Abel, Rita de Cássia Pimenta Oliveira, Tatiane Stela Pizzol e Valéria Auxiliadora de Resende.

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Coapa, símbolo de credibilidade e força em Paraopeba fotos: gilson de souza

Coapa, associada do Sistema Itambé há 53 anos

Dos 60 anos de história da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais, 53 foram escritos com a participação da Cooperativa Agropecuária de Paraopeba (Coapa), associada do Sistema Itambé desde a sua fundação. Marcada por uma trajetória de superação, há 14 anos a tradicional instituição do município mineiro de pouco mais de 22 mil habitantes, segundo dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou por uma séria crise e esteve prestes a fechar as portas. O presidente Juber Corrêa de Figueiredo conta que, em 1996, quando assumiu sua primeira gestão, a Coapa tinha uma das piores situações financeiras do Sistema Itambé. “Quando ganhamos as eleições a cooperativa tinha uma dívida impagável e poucas chances de sobrevivência”, relembra. Praticamente sem recursos e com poucos bens para vender, entre eles um imóvel avaliado em R$ 30 mil, Figueiredo teve a idéia de fazer uma rifa do terreno e com isso gerar caixa. A alternativa ganhou o apoio dos 280 associados, entre cooperados secos e produtores de leite, que também acreditavam na recuperação da cooperativa. “Com a rifa, conseguimos 8

R$ 130 mil, quantia que nos permitiu pagar parte das dívidas”, diz o presidente. Para quitar o restante dos compromissos, os dirigentes venderam a Patrulha Mecânica e reduziram parte do quadro de funcionários. Desativaram setores que não davam resultados positivos para a cooperativa e criaram novas alternativas de negócios. Além disso, reestruturaram a parte administrativa e investiram em programas de modernização para otimizar os recursos e reduzir gastos. Com o processo de reestruturação, o faturamento da Coapa saltou de R$ 450 mil para R$ 3 milhões por mês, tornando-se a terceira maior arrecadação do município. O número de associados aumentou em 64%, contabilizando 435 - sendo 194 produtores de leite. Já o volume de captação diário passou de 18 para 58 mil litros de leite. “Quando olho pra trás e vejo que conseguimos superar a crise financeira, agradeço a Deus, aos companheiros de chapa, à credibilidade junto à Itambé, aos bancos, associados, funcionários e aos demais parceiros. Sem a confiança deles não teríamos chegado até aqui”, avalia Juber. Em um amplo terreno de 3 mil m², a Coapa reúne a sede administrativa, armazém, depósito de rações e um

posto de gasolina. O restante da área abriga, ainda, três lojas alugadas. Foco no cooperado “Hoje posso dizer que temos uma cooperativa verdadeiramente voltada para o produtor e para os seus interesses”, diz Juber Corrêa de Figueiredo ao enumerar os serviços oferecidos pela Coapa. Além da assistência gratuita dos técnicos extensionistas da CCPR/Itambé Carlos Antinossi e Rodrigo Dolabela, são disponibilizados aos cooperados os serviços de um agrônomo, um médico veterinário e um auxiliar de veterinária, com subsídio de 30% do valor cobrado pelo trabalho dos profissionais. Na central de compras, aberta a toda população, os associados têm 7% de desconto na aquisição de medicamentos, rações, sementes, equipamentos, maquinário e calçados, entre outros itens, e o benefício do frete grátis para as entregas realizadas no raio de até 50 km. A credibilidade da Coapa em Paraopeba também é revertida em vantagens para os cooperados. Por meio de convênios firmados com hospitais, plano de saúde suplementar, casas de carnes, papelarias e oficinas mecânicas, os produtores podem usufruir desses serviços com a comodidade de terem suas despesas descontadas na folha do leite. Em seu quinto mandato, Figueiredo destaca dois importantes momentos na história da Itambé: a granelização e a criação do Programa Itambé de Pagamento pela Qualidade do Leite. “Nossos produtores aderiram bem a essas mudanças porque sabem que a qualidade é condição de sobrevivência, não apenas no leite, mas em qualquer segmento”.

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Aposta no cooperativismo Além do presidente Juber Figueiredo, que também faz parte do Conselho de Administração da CCPR/Itambé, a atual diretoria da Cooperativa Agropecuária de Paraopeba é composta pelo vice-presidente, Luiz Carlos Ribeiro, e por mais seis conselheiros. O Conselho de Administração é formado pelos cooperados Inácio Lins de Resende Reis, Eduvaldo Batista de Oliveira e Marcos Antônio Figueiredo Rocha; e o Conselho Fiscal por Célio Afonso Guerra de Figueiredo, Vantuir de Oliveira Machado e Marcos Raimundo Silva Edmundo. Cooperado atuante, Figueiredo se associou à Coapa em 1982, com a entrega de apenas 10 litros de leite por dia, produção que passou para 250 litros nos últimos anos. “Preocupo muito com o pequeno produtor, pois reconheço que com uma produção igual a minha, de 250 litros de leite por dia, se não houver gerenciamento ou outra atividade paralela não há como tirar o sustento da família. Por isso, vejo que para o pequeno produtor o sistema cooperativista ainda tem uma importância fundamental em seus objetivos”.

Da esquerda para direita, Luiz Carlos Ribeiro e Juber Corrêa de Figueiredo

Sua trajetória de envolvimento com o setor começou no Sindicato Rural, quando foi convidado para ser vicepresidente. “Nessa época, percebi que estava no meu sangue ajudar as pessoas. Quando recebi o convite para concorrer à diretoria da cooperativa aceitei o desafio com o intuito de dar continuidade ao trabalho de valorização do produtor rural”, declara o presidente.

Natural de Araxá, o vice-presidente Luiz Carlos Ribeiro arrendou uma propriedade em Paraopeba e também na década de 80 se tornou cooperado da Coapa. Em 2006, participou pela primeira vez da diretoria da cooperativa como conselheiro de administração e há dois anos compôs a chapa como candidato a vice de Juber Figueiredo.

Equipe a serviço do cooperado

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Histórias de um desbravador No alto de seus 96 anos de idade e com uma vitalidade de dar inveja, o produtor Antônio Ferreira Sobrinho, natural de Cordisburgo, mudou-se para a região de Curvelo em 1942, onde arrendou uma propriedade - do homem que coincidentemente se tornaria seu sogro um ano depois - para começar seu próprio negócio. O apoio veio do tio, que foi enfático ao dizer que só o ajudaria se fosse para produzir leite, “gado de corte nem pensar”. O conselho do experiente parente, que era dono de várias propriedades em outras regiões e um árduo defensor da produção leiteira, foi acatado e em troca o sobrinho recebeu 80 novilhas, em sociedade, para dar o pontapé inicial. Como na época não existiam cooperativas na região e o acesso à Fazenda da Mãe Joana era muito difícil, a produção de 200 litros de leite por dia era desnatada e as três latas de creme que rendia por semana, entregues a uma fábrica de manteiga. Certa vez, o gerente da fábrica propôs ao produtor que reunisse outros fazendeiros e caso conseguisse dez latas de creme por semana mandaria o caminhão apanhá-las, o que evitaria que ele percorresse o longo caminho realizado para a entrega. Mais uma vez, Sobrinho aceitou o desafio e além da fonte de renda que gerou para os vizinhos, conseguiu facilitar o pagamento para que eles comprassem as desnatadeiras necessárias para processar a matéria-prima. Em 1954, com a fundação de uma cooperativa em Curvelo, o produtor decidiu mudar o foco e recrutou seus companheiros para o fornecimento de leite. Passados alguns anos, ele recebeu o convite de um 10

grupo de fazendeiros para participar da constituição da Cooperativa Agropecuária de Paraopeba e não pensou duas vezes para aceitar e levar sua turma.

foto: gilson de souza

Lá participou de várias diretorias e cargos chegando, inclusive, a substituir um presidente que pediu afastamento. Cooperativista convicto, o produtor diz que lembra com carinho do amigo Pereira (presidente da CCPR/Itambé por 40 anos). “Não há como falar de cooperativismo sem citar o nome deste importante homem”. Ao longo de sua trajetória, Sobrinho, um dos pioneiros da produção de leite naquela região do Cerrado Mineiro, acompanhou fatos históricos como a construção de Brasília e da BR-040, a chegada do progresso e o crescimento das cidades do entorno. “Quando vim pra cá o cerrado era virgem, as terras valiam pouco, tinha muito gado solto por aí e quase nenhum concorrente”, relembra. Com a aposta acertada de que a região iria prosperar, o produtor investiu pesado no trabalho e conseguiu adquirir além da Fazenda da Mãe Joana, a Fazenda Capão do Meio, totalizando 1.324 hectares. Cooperado da CCPR/Itambé há 53 anos, Sobrinho diz com orgulho que a melhor escolha da sua vida foi apostar na produção de leite. “Comecei com uma fazenda que era arrendada, adquiri outra, casei, criei a família e todo esse patrimônio que construí veio do leite”. Casado pela terceira vez, pai de quatro filhos - que lhe deram 14 netos e uma bisneta -, o cooperado revela sua versatilidade. “Além de produtor e cooperativista, sou membro da Maçonaria e fui Juiz

Antônio Ferreira Sobrinho, 96 anos, é cooperado há mais de meio século

de Paz por 17 anos. Nessa época, enterrei muita gente viva”, conta em meio a gargalhadas. Com a disposição de um garoto, Sobrinho começa sua jornada de trabalho às 6 horas, quando vai para o curral orientar os dois empregados que o auxiliam. Depois monta a cavalo e roda pelo pasto para acompanhar o gado. Segundo ele, o segredo para chegar a quase um século de vida com tanta saúde é não ter vício e continuar na lida. “Acredito que o vício ajuda a acabar com a pessoa, qualquer que seja ele. Na medida em que a gente vai ficando velho, as preocupações vão aumentando e a maneira de disfarçar um pouco é continuar no batente”, recomenda.

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Produção de bom gosto foto: gilson de souza

Gui Hackner não abre mão de acompanhar a produção de perto

“Fazenda é uma atividade feminina”. A afirmação é de Euler Hackner, marido da cooperada Gui Hackner, que acompanha orgulhoso o trabalho da esposa. Ela faz parte do ainda tímido, mas competente universo de mulheres que estão à frente da produção de leite e representam 8,4% dos produtores da CCPR/Itambé, segundo pesquisa realizada entre setembro de 2008 e julho de 2009. Para desempenhar com louvor os papéis de esposa, mãe, avó e produtora, a rotina da artista plástica, e engenheira mecânica por formação, começa cedo. “Quando acordo vou direto para o computador resolver as demandas da fazenda, faço questão de acompanhar tudo de perto. No restante do tempo, administro os afazeres da casa, a produção das peças de arte e a família”, diz Gui. Há sete anos na produção de leite, a cooperada conta que quando começou “não entendia nada do assunto”.

“Fiz todos os cursos online que tinha e me cerquei de profissionais competentes. Aprendi a fazer tudo o que os meus empregados fazem porque se você não conhece o processo não tem condições de cobrar”, declara. A perspicácia da produtora para administrar os negócios caminha lado a lado com a sensibilidade que faz da propriedade de 200 hectares um lugar aconchegante e de extremo bom gosto. “Sou artista e gosto de tudo simples, mas bonito e limpo”, diz Gui ao se referir à padronização das instalações e dos comedouros do rebanho. Também avaliada pela cooperada como uma preocupação caracteristicamente feminina, todos os empregados trabalham com uniformes brancos que trazem nas camisas a logomarca da fazenda, criada por ela. Auxiliada por 13 funcionários, sendo duas mulheres na equipe, Gui atribui a eles o mérito pela excelente qualidade do leite que produz

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e rende, em média, R$ 0,15 a mais por litro de bonificação no Programa Itambé de Pagamento pela Qualidade do Leite. “Temos a preocupação constante de orientar que os funcionários apliquem com cautela todos os preceitos de limpeza da ordenhadeira e tomem o cuidado de separar as vacas que apresentam altos índices de CCS e CBT”, relata. Apaixonada pelo Jersey, raça que cria desde quando começou a produzir leite, Gui conhece as quase 300 cabeças que possui pelos nomes, sempre escolhidos a partir da primeira letra do nome da mãe. Para assegurar individualidade aos animais, a produtora busca nos livros especializados e na internet o repertório para batizá-las. Para Gui, o destaque cada vez maior que a mulher vem ocupando em profissões culturalmente masculinas advém da capacidade natural de administrar situações cotidianas que requerem atenção multidisciplinar. Extremamente religiosa, a produtora se define como uma pessoa muito otimista. “Penso que tudo vai dar certo, que tudo é maravilhoso. Todos os dias quando levanto agradeço a Deus pelo céu azul ou pela chuva que cai”.

“Fiz todos os cursos online que tinha e me cerquei de profissionais competentes”. Gui Hackner, cooperada

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Fatores que afetam a composição de sólidos do leite foto: arquivo

Fernando Ferreira Pinheiro Médico Veterinário e Analista de Captação da CCPR/Itambé

Prezado produtor,

Um importante indicador da qualidade do leite é a sua composição, principalmente o teor de proteína e sua quantidade. Isso se deve ao fato de os teores de gordura e proteína serem uma indispensável ferramenta na avaliação nutricional da dieta, podendo fornecer informações sobre a eficiência da utilização dos nutrientes e contribuir para um melhor ajuste no balanceamento da dieta. Como resultado, obtémse a melhoria na saúde animal, no desempenho do rebanho e na redução dos custos.

Diante do demonstrado, a utilização de touros provados para uma maior produção de leite e de sólidos é a principal ação para o melhoramento genético do rebanho. Além disso, para a indústria um leite de melhor composição significa ganhos de rendimento e, por isso, esse aspecto se tornou parte importante no programa de pagamento pela qualidade. Portanto, é fundamental que o produtor fique atento à composição do leite obtido em sua propriedade, pois além do benefício de poder avaliar a utilização dos nutrientes, a composição vai contribuir para melhorar a valorização de sua produção e, conseqüentemente, sua rentabilidade. Devido a estes dois benefícios, nesta edição do Informativo da Qualidade serão abordados alguns fatores que afetam a produção de gordura e proteína do leite. Trabalhando a Composição do Leite Com relação aos componentes do leite, a gordura é o que apresenta a maior variação e possui uma melhor fotos: arquivo

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resposta a alterações nutricionais, variando entre 2 a 3 unidades percentuais dependendo da dieta. Por outro lado, a proteína fica em torno de 0,6 unidades percentuais. Dessa forma, no caso da gordura o manejo nutricional adequado é um meio de se obter melhorias em curto prazo e quando utilizado em conjunto com o melhoramento genético possibilitará ganhos ainda maiores em médio e longo prazo. O melhoramento genético também é fundamental para a melhoria da composição do leite, uma vez que as variações na composição do leite, existentes entre raças e dentro das raças, demonstra que é possível trabalhar seus valores pela seleção. A seleção para aumentar a produção de gordura pode determinar aumentos nas concentrações de todos os constituintes do leite, como aumento na produção de proteína e lactose. A seleção exclusiva para aumento no volume de leite, sem considerar seus elementos mais nobres (proteína e gordura), será cada vez mais sem valor. Ainda com relação à genética, há uma variação da composição do leite entre as raças utilizadas na pecuária leiteira. Essa variação pode ser observada na tabela abaixo, demonstrando os valores médios observados em vários estudos.

Revista Produtor Itambé, ano 1, número 3, março 2010


Fatores que alteram a gordura do leite Estágio de lactação: a curva de produção de gordura apresenta perfil oposto à produção de leite, ou seja, apresenta valores mais baixos durante o pico de produção e depois sobe gradativamente até o final da lactação. Estação do ano: no verão, sob desconforto térmico, as vacas reduzem o consumo voluntário de fibra. A redução da proporção de fibra na dieta induz à diminuição da ruminação e por conseqüência da produção de saliva que atua como tamponante ruminal. A menor eficiência do tamponamento da dieta devido a redução na produção de saliva, somada a elevados teores

de concentrado, pode aumentar a proporção de ácido lático formado no rúmen, abaixando o pH e levando a uma acidose que como resultado gera redução no teor de gordura do leite. Mobilização corporal: vacas em início de lactação, principalmente animais de alta produção, tendem a gastar mais energia do que conseguem ingerir via dieta e como resultado há utilização da gordura corporal para repor parcialmente estes gastos energéticos. Desta forma, parte desta gordura irá para a glândula mamária, elevando o teor de gordura do leite.

Relação Volumoso/Concentrado: o resultado da digestão dos alimentos ingeridos pelos ruminantes é a produção de ácidos graxos (acético, propiônico e butírico) no rúmen. Dentre estes, o ácido acético é fundamental para a produção de gordura pela glândula mamária e sua maior produção ocorre com uma maior proporção de volumoso (fibra) na dieta. Quando a proporção de concentrado aumenta na dieta há redução do pH do rúmen e também um acúmulo de metabólitos intermediários dos ácidos graxos, o que causa inibição direta da síntese de gordura na glândula mamária, reduzindo-se, assim, a gordura do leite.

Fatores que alteram a proteína do leite A proteína do leite é sintetizada na glândula mamária a partir, principalmente, de aminoácidos presentes no sangue. Desta forma, uma estratégia nutricional para aumentar o teor de

proteína deve ter como princípio o maior suprimento de aminoácidos na glândula mamária. É importante lembrar que neste caso os ganhos serão pequenos, ao contrário da gordura.

A melhoria na composição do leite não deve deixar de fazer parte da seleção de um rebanho leiteiro. Em casos de dúvidas busque a orientação profissional. Não deixe de acompanhar o Produtor Itambé para novas informações sobre a qualidade do leite. Revista Produtor Itambé, ano 1, número 3, março 2010

Para simplificar o entendimento, a tabela abaixo demonstra o que ajuda a aumentar o teor de proteína e o que pode diminuir o mesmo.

Fonte: Manual da Qualidade do Leite Itambé, Melhoramento Genético Aplicado à Produção de Leite - Jonas Carlos Campos Pereira, Estratégias para Controle de Mastite e Melhoria da Qualidade do Leite - Marcos Veiga dos Santos e Luis Fernando Laranja da Fonseca. 13


Doce tradição O principal ingrediente para o preparo do doce de leite, receita que Eliana Maria de Faria Pereira aprendeu aos 11 anos de idade com a mãe, vem dos fundos de casa, a poucos passos da cozinha. No curral, ela mesma ordenha as vacas que vão fornecer o leite para a tradicional receita de família, já repassada às duas filhas.

O cardápio de doces preparados pela produtora é variado: figo, goiabada, marmelada, abacaxi com laranja da terra e bombons sortidos, entre outros. “Aceito toda encomenda que recebo porque quando não sei fazer algum doce corro atrás e aprendo. O que não pode acontecer é decepcionar a clientela”, afirma.

O dote culinário fez com que D. Eliana ganhasse fama na região de Pará de Minas, onde vende cerca de 40 kg de doce de leite por mês. Ela ensina que o segredo está em utilizar o leite da primeira ordenha, mais magro, o fogão à lenha e o tacho de cobre. Além disso, o bom humor, segundo a doceira, é fundamental para o sucesso da receita. “Para qualquer coisa na vida dar certo é preciso que a gente goste, caso contrário desanda”, diz com o sorriso estampado no rosto.

O sucesso entre os fregueses e a paixão pelo que faz já rende planos para a expansão dos negócios. “Meu sonho é aumentar as vendas e fornecer os doces para o comércio da região”, conta D. Eliana. À beira do fogão à lenha e ao som da música sertaneja, ritual que não pode faltar na preparação dos doces, a produtora passa a receita e os “segredinhos” do seu famoso doce de leite aos leitores da revista Produtor Itambé.

foto: mônica salomão

O doce de Eliana é famoso na região de Pará de Minas

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Revista Produtor Itambé, ano 1, número 3, março 2010




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