CARTILHA MANGUEZAL

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CRÉDITOS Angélica Santos da Paixão. Educadora Ambiental. Licenciada em Geografia pela Universidade Católica do Salvador. UCSAL. Especialista em Ecologia e Turismo - Faculdades Integradas Olga Mettig. Mônica de Santana Barbosa. Educadora Ambiental. Licenciada em Biologia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia de Salvador/BA FTC. Especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável – Centro Universitário de Maringá/ PR. CESUMAR.

FOTOGRAFIA Angélica Santos da Paixão Derivaldo Sales Nascimento


Foto 01 Manguezal de S達o Bento das Lajes / S達o Francisco do Conde - BA Foto de Derivaldo Sales Nascimento


AGRADECIMENTOS Antonio de Sant’Ana Araújo Pescador Presidente da Associação de Pescadores e Marisqueiros de São Bento das Lajes. São Francisco do Conde - BA Ana Lucia Bispo Presidente da Associação Flor de Lotus do Caípe. São Francisco do Conde - BA Edite Ferreira Pinto Presidente da Associação Cultural e Comunitária do Socorro. São Francisco do Conde - BA Domingos de Oliveira Rosa. Pescador. São Francisco do Conde - BA Maria Devanildes Sales Marisqueira do Povoado de Muribeca. São Francisco do Conde - BA Maria Rosalena Sales Marisqueira do Povoado de Muribeca. São Francisco do Conde - BA Barbara Solange de Jesus Associação Clube Desportivo e Pescadores de Muribeca. São Francisco do Conde - BA


Foto 02 Pescador em Manguezal de S達o Bento das Lajes / S達o Francisco do Conde - BA Foto de Derivaldo Sales Nascimento


O NINHO DE RIQUEZAS DA NOSSA NATUREZA

Foto 03 Manguezal de São Bento das Lajes / São Francisco do Conde - BA Foto de Derivaldo Sales Nascimento

A Cartilha “Manguezal Conhecer para Proteger”, nasceu da compreensão do manguezal como uma caprichosa preciosidade da natureza, extremamente agredida em todo o planeta muitas vezes por falta de conhecimento. Para um observador desatento ou preconceituoso, pode resumir-se a um local úmido e silencioso, composto por algumas árvores, alguns animais e muita lama. Ao penetrá-lo, porém, com olhos atentos à magia do lugar, o que se descobre são uma imensa quantidade e variedade de formas de vida em vibrante harmonia. Árvores de verde intenso, fixadas em fortes raízes a sugarem da lama vital, a essência de suas vidas, abrigando em suas copas insetos diversos e belas aves, e ao mesmo tempo, doando suas folhas como alimento aos incontáveis “frutos do mar”, que transformam as águas deste ambiente tranquilo, em um autêntico berçário da vida marinha. Indo de encontro ao encanto dessa totalidade de seres fascinantes, ainda persiste a imagem distorcida do manguezal como: “mangue lugar de lama, de coisa suja, logo, um lugar inferior”.

Essa cartilha convida você, a conhecer melhor, valorizar e divulgar, a beleza e a importância desse rico ecossistema que impera nas terras de São Francisco do Conde no recôncavo Baiano.


VIDA LONGA AO MANGUEZAL

O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característicos de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés. Ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado um importante transformador de nutrientes em matéria orgânica, gerador de bens e serviços. São ecossistemas sujeitos a inundações periódicas, pois se encontram geralmente associados ás desembocaduras dos rios. A importância do ecossistema manguezal para a fauna que ali habita e para a economia das cidades litorâneas é bastante notável. Os manguezais são ambientes ricos em alimento e proteção para crustáceos, moluscos e peixes de valor comercial, sendo um dos principais responsáveis pela manutenção de boa parte das atividades pesqueiras das regiões tropicais. Devem-se distinguir os termos “manguezal” (ecossistema) de “mangue”, termo comum dado às espécies arbóreas características desses habitats.

Foto 04 - Espécies da fauna e flora do manguezal


O MANGUEZAL NO MAPA

Foto 05 - Mapa do Brasil

Fonte: www.manguemeioambiente.blogspot.com

Sua localização, restrita à faixa entre marés (situada entre o ponto mais alto da maré alta e o ponto mais baixo da maré baixa). Estima-se que haja cerca de 20 milhões de hectares (172 000 km²) de manguezais em todo o mundo. No Brasil, avalia-se que a área total de mangues chega a cerca de 25.000Km2, cerca de 15% dos manguezais do planeta, distribuídos ao longo de todo o litoral, do Cabo Orange, no Amapá, a Araranguá, em Santa Catarina...” (Lacerda, 1984). Em Pernambuco existem cerca de 270 quilômetros quadrados de manguezais; na Paraíba, cerca de 160 quilômetros quadrados; o Maranhão detém 85% dos manguezais da região norte-nordeste, o que equivale a 500 mil hectares. Na Bahia estima-se que a área de manguezal seja de 1.000km², distribuídos ao longo de 1.181km de costa, onde os maiores bosques estão entre os municípios de Valença e Maraú no baixo sul da Bahia. Em São Francisco do Conde, os manguezais se estendem por todo o litoral do município, na sede, distritos, povoados e ilhas.


Foto 06

Sr Porfírio Vasconcelos - 57 anos Popular “Escuro do Peixe”. Pescador do Caípe / São Francisco do Conde - BA Foto de Ana Lucia Bispo


SOLOS RICOS EM VIDA

Os solos dos manguezais, de um modo geral, têm muita matéria orgânica, alto conteúdos de sal, são pouco consistentes e possuem cor cinza escuro, com exceção dos embasamentos de recifes de coral e ambientes dominados por areias. O solo do manguezal caracteriza-se por ser úmido, salgado, lodoso, pobre em oxigênio e muito rico em nutrientes. Há uma textura de raízes e material vegetal parcialmente decomposto, chamado turfa e possuir grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, apresenta odor característico, que será mais acentuado se houver poluição. Essa matéria orgânica serve de alimento à base de uma extensa cadeia alimentar, como por exemplo, crustáceos e algumas espécies de peixes. O solo do manguezal serve como habitat para diversas espécies, como caranguejos e várias espécies de mariscos.

Foto 07 - Solo do Mangue de São Bento das Lajes/ São Francisco do Conde - BA Fonte: www.manguemeioambiente.blogspot.com


Foto 08

Maria Rosalena Sales - 43 anos (esquerda); Maria Devanildes Sales (direita). Marisqueiras de Muribeca / São Francisco do Conde – BA

Foto de Angélica Santos da Paixão


A RIQUEZA DA NOSSA FLORA

As espécies vegetais do mangue são plantas próprias de ambientes salinos. Embora algumas espécies se desenvolvam livres da presença de sal, porém sem formação de bosques. Nos manguezais brasileiros podem ser notificadas as ocorrências de plantas exclusivas deste ambiente como o Mangue Vermelho (Rhizophora mangle), Mangue Preto (Avicennia schaueriana), Mangue Branco (Laguncularia racemosa), Mangue Amarelo (Avicennia) Mangue de Botão (Conocarpus erectus). No município de São Francisco do Conde destaca – se o Mangue Vermelho e o Mangue Branco, podendo ocorrer às espécies de Mangue Preto e Mangue de Botão e Mangue Amarelo em algumas localidades que possuem áreas de manguezal mais preservadas.

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Manguezal de São Bento das Lajes / São Francisco do Conde - BA Fotos de Derivaldo Sales Nascimento


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Sr.ª Adelaide Santana de Jesus - 58 anos Marisqueira do Socorro São Francisco do Conde - BA Fotos de Angélica Santos da Paixão


MANGUE VERMELHO OU MANGUE VERDADEIRO, BRAVO, SAPATEIRO OU GAITEIRO, GÊNERO RHIZOPHORA É uma árvore de casca lisa e clara, que ao ser raspado mostra cor vermelha, que representa uma substância chamada TANINO, muito utilizada como medicamentos e para tingir roupas. O sistema de (raízes) desta planta é formado por rizóforos que partem dos troncos e dos ramos, formando arcos que permitem melhor sustentação da planta. São as chamadas raízes aéreas, que facilitam a respiração da planta. O sistema de reprodução possui estruturas em forma de cabos (propágulos), que ao amadurecerem caem como lanças, e ao se fixarem no solo vão dar origem a uma nova árvore.

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Mangue Vermelho de São Bento das Lajes e Muribeca / São Francisco do Conde - BA Fotos de Derivaldo Sales Nascimento


O MANGUE AMARELO, GÊNERO AVICENNIA

É uma árvore com casca lisa castanho-claro, que quando raspada mostra cor amarelada. Tem folhas esbranquiçadas por baixo devido à presença de minúsculas escamas. O sistema de (raízes) é muito interessante, desenvolve-se horizontalmente, poucos centímetros abaixo da superfície do solo. Dessas raízes saem várias ramificações que crescem eretas e são chamados de pneumatóforos. Eles possuem consistência de esponja, as chamadas Lenticelas que são responsáveis pelo processo de trocas de gases entre a planta e o ambiente.

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Mangue Amarelo de Muribeca / São Francisco do Conde - BA Foto de Angélica Santos da Paixão


O MANGUE BRANCO, MANGUE MANSO OU TINTEIRA, GÊNERO LAGUNCULARIA

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Mangue Branco de São Bento das lajes / São Francisco do Conde - BA Foto de Angélica Santos da Paixão

É comumente uma árvore pequena, que chegam até 10m de altura, cujas folhas têm pecíolo vermelho com duas glândulas excretoras de sal em sua parte superior, junto à lâmina da folha. Seus Ramos ficam frequentemente submersos na maré alta e assim como o mangue amarelo, de suas raízes saem várias ramificações que crescem eretas e são chamados de pneumatóforos, eles possuem consistência de esponja, as chamadas Lenticelas que são responsáveis pelo processo de trocas de gases entre a planta e o ambiente, diferenciando apenas que seu tronco não fica de forma tão vertical quanto ao mangue amarelo. Possui grande quantidade de propágulos, formando verdadeiros cachos (rácemos) que se despendem das partes terminais dos galho.


Foto 14

Sr. Antonio de Sant’ana Araujo - 40 anos Pescador de São Bento das Lajes/ São Francisco do Conde - BA Fotos de Derivaldo Salles


MANGUE PRETO, A SIRIÚBA OU SARAÍBA, GÊNERO AVICENNIA GERMINAS

São mangues que se desenvolvem melhor em ambientes de baixa salinidade por isso suas folhas possuem glândulas de sal, para excreção de sal, de modo que a mesma possa melhor se adaptar em ambientes mais salinos. Possuem folhas com forma lanceolada e brilho bastante intenso. As plantas chegam até 20m de altura e suas folhas servem de alimentos para insetos como, por exemplo, a largata da borboleta.

FOTO 15

Mangue Preto de São Bento das Lajes / São Francisco do Conde - BA Foto de Derivaldo Sales Nascimento


O MANGUE BOTÃO, GÊNERO CONOCARPUS

É uma árvore cujas folhas apresentam pecíolos ligeiramente alados. A inflorescência (conjunto de flores) tem forma arredondada, originando Foto 16 - Flor do Mangue de botão uma infrutescência (muitos frutos juntos) com aspecto de uma esfera cheia de escamas. Essa planta não apresenta muita tolerância à salinidade típica dos manguezais. Geralmente ocorre em local pedregoso ou com a presença de areia de praia aonde a maré não chega todos os dias e seu sistema de raízes possue uma penetração menor no solo. Fornece madeira pesada de cor avermelhada, que se torna amarelo-clara quando secas, servindo para caibros, lenha e carvão. São utilizadas no tratamento de infecções catarrais, conjuntivites, diabetes e sífilis.

Foto 17

Mangue de Botão da ilha de Cajaíba / São Francisco do Conde- BA Foto de Angélica Santos da Paixão


Foto 18

Mangue de Botão da ilha de Cajaíba / São Francisco do Conde - BA Foto de Angélica Santos da Paixão


VEGETAÇÃO ASSOCIADA

Nas faixas de transição entre o manguezal e os sistemas de terra firme, podem ocorrer outras espécies vegetais tais como: algodoeiro da praia e a samambaia do mangue. Quando a maré está baixa, pode-se ver o pratuá, gramínea do gênero Spartina, muito comum associada aos manguezais, e sobre esta vegetação encontram-se diversas epífitas, erroneamente denominadas parasitas, pela população. São as diferentes espécies de líquens, musgos, samambaias, gravatás, orquídeas e cactos, como também as algas que ocorrem na maior parte inferior dos troncos e nas raízes do mangue. Sobre troncos e ramos das árvores observa-se, com certa freqüência, uma semiparasita, a erva-depassarinho, cujos frutos são muito apreciados pelos pássaros.

ERVA DE PASSARINHO

Foto 19 -

Erva de passarinho

Fonte: lookfordiagnosis.com

A erva-de-passarinho é uma planta parasita, que ataca geralmente as plantas lenhosas e as árvores, sugando sua seiva e podendo causar até sua morte se não for retirada. A parasita recebeu esse nome porque se espalha com a ajuda de passarinhos: eles ingerem as sementes que são eliminadas mais tarde, junto com as fezes.


AROEIRA

JENIPAPO BRAVO

MANDIOCA DA BEIRA DO MANGUE

MOCOCONHA

MUTAMBA

MUSGOS

(Schinus molle L.)

(Manihot esculenta Crantz)

(Guazuma Umifolia)

(Tocoyena selloviana)

Foto 20

Vegetação associada do manguezal de Muribeca e ilha de Cajaíba / São Francisco do Conde- BA Fotos de Angélica Santos da Paixão


A RIQUEZA DA NOSSA FAUNA

Foto 21 -

Fauna do Manguezal

O manguezal é habitado em toda a sua extensão por diversos animais, desde formas microscópicas até peixes, aves, répteis e mamíferos. Alguns deles, nem sempre exclusivos dos manguezais, ocupam o sedimento ou a água, outros as raízes e os troncos, chegando até à copa das árvores, espaço bastante disputado, principalmente no período noturno. Estes animais permanecem no manguezal toda sua vida como residentes ou apenas parte dela, na condição de semi-residentes, visitantes regulares ou oportunistas. A fauna dos manguezais representa significativa fonte de alimentos para as populações humanas. Os estoques de peixes, moluscos e crustáceos apresentam expressiva biomassa, constituindo excelentes fontes de proteína animal de alto valor nutricional. Os recursos pesqueiros são considerados como indispensáveis à subsistência das populações tradicionais da zona costeira.


NO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO CONDE, ENCONTRAMOS: DOS ANIMAIS RESIDENTES: (Peixes, Moluscos e Crustáceos, Algas e Microalgas, Fungos e Bactérias)

ROBALOS

(Dicentrarchus labrax)

CORVINA

(Mcropogonias furnieri)

Fotos 22

CABEÇUDO

(Coryphaena hippurus)

TAINHA

(Mugil brasiliensis)

- Peixes de São Francisco do Conde- BA

RAIAS

(Família Anacanthobatidae)

PESCADA

(Merluccius merluccius)

Fotos de Angélica Santos da Paixão

PEIXES: De suma importância para o manguezal, são considerados como residentes os peixes que se alimentam e se reproduzem nesse ambiente. São Francisco do conde possui uma grande variedade de espécies de peixes tais como: Sardinha (Sardinella brasiliensis); Robalos (Dicentrarchus labrax), Raias (Família Anacanthobatidae), Chixarro (Trachurus picturatus), Caçonete (Carcharrhinus spp), Cabeçudo (Coryphaena hippurus), Carapeba (Diapterus sp.), Tainha (Mugil brasiliensis), Tilápia (Tilapia cf. rendalli), Barrigudinho (Poecilia reticulata), Mero (Epinephelus Marginatus), Camorins ou Anchovas (Pomatomus saltator), Linguados (Solea vulgaris (solea)) , Corvina (Micropogonias furnieri), Pescada (Merluccius merluccius), Carapau (Trachurus trachurus), Espada ou Embira (Aphanopus carbo), Cavala comum (Scomber japonicus) dentre outros.


MOLUSCOS E CRUSTÁCEOS

Moluscos e Crustáceos são invertebrados que realizam o primeiro elo da cadeia alimentar consumindo partes de árvores, algas, detritos orgânicos e microrganismos, e são utilizados como alimento por outros indivíduos. CRUSTÁCEOS: Denominados animais símbolo do manguezal, os caranguejos apresentam a maior variedade de espécies entre os invertebrados. Possuem uma dieta variada, se alimentam de folhas e outras partes vegetais, poliquetas, peixes e microrganismos. Em são Francisco do conde Encontramos crustáceos como o Camarão (Cardina SP.), Siri (Callinectes sapidus), Aratu (Aratus pisoni), Guaiamum (Cardisoma gaunhumi), Caranguelo Uça (Ulcidies cordatus), e outros.

GUAIAMUM

(Cardisoma gaunhumi)

CAMARÃO (Cardina SP.)

SIRI

CARANGUELO UÇA

(Callinects sapidus)

(Ucidies cordatus)

ARATU

(Aratus pisoni)

Foto 23 - Crustáceos de São Francisco do Conde – BA Fotos de Angélica Santos da Paixão e Derivaldo Sales Nascimento


MOLUSCOS: Ostras (Crassostrea gigas) e Sururu (Mytella charruana) estão presentes nos manguezais de São Francisco do Conde e se alimentam filtrando da água os pequenos fragmentos de vegetais. Por isto, são considerados “filtradores naturais”, Além deles encontramos: Peguari (Strombus pugilis), Tarioba (Ephigenia brasilinsis); Chumbinho (anomalocardia brasilinsis), Lambreta (Lucina pectinata), Rala Coco (Trachycardium Muricatum) dentre outros. Lembrando que as outras podem ser Ostra de mangue: (Crassostrea rhisophorae) e Ostra de mergulho (Crassostrea brasiliana).

RALA COCO

(Trachycardium Muricatum)

PEGUARI

(Strombus pugilis)

OSTRA DE MANGUE (Crassostrea rhisoforae)

TARIOBA

(Ephigenia brasilinsis)

CHUMBINHO

(Anomalocardia brasilinsis)

SURURU

(Mytella charruana)

Foto 24

Moluscos encontrados no manguezal de São Francisco do Conde - BA Fotos de Derivaldo Sales Nascimento


ANIMAIS SEMI-RESIDENTES

As aves marinhas utilizam a vegetação dos mangues como local de reprodução, nidificação e alimentação. São numerosos os bandos de garças brancas (Ardea alba), garça-azul, Martin pescador (Chloceryle aenea), maçarico real (Numenius arquata), gaivotas ( Lanus SP.). O maçarico é uma ave do hemisfério norte, que habita nos Estados Unidos e no Canadá e que, durante o inverno, migra para as áreas mais quentes do planeta, como o Brasil, a exemplo do município de São Francisco do Conde onde descansam e se alimentam, nos manguezais. A maré baixa é o tempo propício para que as aves se alimentem dos peixes, crustáceos e moluscos dos manguezais.

GARÇA BRANCA

MARTIN PESCADOR

GAIVOTAS

MAÇARICO REAL

(Ardea alba)

(Lanus SP.)

Foto 25 -

(Chioceryle aenea)

(Numenius arquata)

Aves do manguezal de São Francisco do Conde - BA


ANIMAIS VISITANTES E OPORTUNISTAS RÉPTEIS, ANFIBIOS E MAMIFEROS: Por ser um local de transição entre os ambientes marinhos e terrestres é possível observar diversas espécies de animais oriundos da mata atlântica que vão refugiar - se de seus predadores ou em busca de alimentos, e animais que estão em rota migratória. No município de são Francisco do conde é possível observar Répteis; como Tartarugas Marinhas das espécies Pente (Eritmochelys imbricata) e Verde (Chelonia mydas), serpentes como jibóias (B. constictor), largatos como o Teiú (Tupinambis merianae), e Iguanas (gênero iguana) entre os Mamíferos encontramos Guaxinins (Procyon lotor), primatas como Nico ou sagui (Callithgris jacchus), Quati (gênero Nasua), Gato do Mato ou Jaguatirica (Leopardus Pardalis), Cachorro do mato (gênero Canis), e Anfíbios como Sapo cururu (Rhinella marina).

TEIÚ

JAGUATIRICA

GUAXININ

SAPO CURURÚ

IGUANA

TARTARUGA MARINHA

QUATI

CACHORRO DO MATO

NICO OU SAGUI

Foto 26 - Diversidade de animais encontrados no manguezal de São Francisco do Conde - BA


A FAUNA DE TAMANHO REDUZIDO Animais minúsculos, habitantes da água e do sedimento, servem de alimento para os animais maiores, contribuindo de maneira fundamental para a grande cadeia alimentar. Essa rica fauna é composta por: LARVAS DIVERSAS:

LARVAS DE CAMARÕES

LARVAS DE CARANGUEJOS

LARVAS DE PEIXES

Foto 27 - Larvas da Micro fauna dos manguezais

VERMES

NEMATÓIDES

OLIGOQUETOS

CLADÓCEROS

POLIQUETAS

ROTÍFEROS

COPÉPODOS

Foto 28 - Vermes Micro fauna dos man-

Foto 29 - Micro fauna dos manguezais

MICRO CRUSTÁCEO


Foto 30

Sr Domingos de Oliveira Rosa popular “Mariano”- 53 anos Pescador da sede de São Francisco do Conde - BA Fotos de Angélica Santos da Paixão


O BERÇÁRIO DA MÃE NATUREZA

Os manguezais desempenham importante papel como exportador de matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade primária na zona costeira. Por essa razão, constituem-se em ecossistemas complexos e dos mais férteis e diversificados do planeta. A sua biodiversidade faz com que essas áreas se constituam em grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies típicas desses ambientes, como para animais, aves, peixes, moluscos e crustáceos, que aqui encontram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo, quer tenham valor ecológico ou econômico. Com relação à pesca, os manguezais produzem mais de 95% do alimento que o homem captura no mar. Por essa razão, a sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. Quanto à dinâmica dos solos, a vegetação dos manguezais serve para fixar os solos, impedindo a erosão e, ao mesmo tempo, estabilizando a linha de costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos sedimentos. Constituem ainda importante banco genético para a recuperação de áreas degradadas, por exemplo, como aquelas por metais pesados. A destruição dos manguezais gera grandes prejuízos, inclusive para economia, direta ou indiretamente, uma vez que são perdidas importantes frações ecológicas desempenhadas por esses ecossistemas.

Fotos 31 -

Micro fauna dos manguezais

Fotos: Angélica Santos da Paixão


SUSTENTABILIDADE É DA NOSSA NATUREZA

Foto 32

Fêmea de Caranguejo com ova (acima) Andada do Caranguejo (abaixo) Fotos de Angélica Santos da Paixão


OS PERIGOS QUE RONDAM O MANGUEZAL

Devido à grande importância econômica dos manguezais, estes ambientes são degradados diariamente pela ação e ocupação do homem. Essa ocupação desordenada deve-se principalmente ao fato desses locais apresentarem condições favoráveis à instalação de empreendimentos os quais normalmente visam atender interesses particulares. Entre as condições favoráveis, destaca-se: 1 - Oferta quase ilimitada de água, insumo importante para indústria, como a siderúrgica, a petroquímica e as centrais nucleares; 2 - Possibilidade de fácil despejo de rejeitos sanitários, industriais, agrícolas ou de mineração; 3 - Proximidade de portos, que facilitam a importação de matéria prima para a transformação e a exportação de produtos, diminuindo custos de carga e transporte; 4 - Pressão do mercado imobiliário. O desmatamento dessas áreas de mangue para serem realizadas as grandes construções; 5 - Construção de marinas. Ainda no que dizem respeito às atividades; humanas, estas criam novas condições ambientais quase sempre impróprias ao desenvolvimento deste ecossistema; 6 - Queimadas; 7 - Derramamento de óleo; 8 - Pesca proibida; 9 - Fazendeiros que invadem trechos de manguezal ampliando os domínios e suas propriedades, limitando a atuação dos extrativistas. Estima-se que atualmente mais de 1 milhão de hectares de manguezais são perdidos a cada ano em todo o mundo. Diversas áreas litorâneas brasileiras, onde existiam extensos ecossistemas de manguezal, como por exemplo, a baía de Todos os Santos também está perdendo estes recursos naturais num processo cada vez mais acelerado (ECO 21, 1999) Apesar dos manguezais proporcionarem uma multiplicidade de formas de vida, fornecedoras de alimentos e outros materiais necessários ao cotidiano, áreas como o entorno da Baía de Todos os Santos, convive com um intenso processo de degradação de seus recursos naturais, causados pela atividade industrial e portuária, assim como os resíduos de lixo e esgoto doméstico, além dos aterros para construções, sem um mínimo de planejamento e infra-estrutura (Paixão 2000).


Foto 33

Resíduos sólidos no manguezal de São Bento das Lajes/ São Francisco do Conde - BA Fotos de Derivaldo Salles


PROTEGER O MANGUEZAL É LEGAL

Foto 34 -

Manguezal da ilha de Cajaíba / São Francisco do Conde - BA

Fotos de Derivaldo Salles

O manguezal, ecossistema bem representado ao longo do litoral brasileiro, é considerado no Brasil, como de Área de Preservação Permanente (APP), incluído em diversos dispositivos constitucionais (Constituição Federal e Constituições Estaduais) e infraconstitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções). A observação desses instrumentos legais impõe uma série de ordenações do uso e/ou de ações em áreas de manguezal: 1 - Constituição Federal de 1988, artigo 225. 2 - Lei Federal nº 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 3 - Código Florestal – Lei nº 4.771/1965. 4 - Lei Federal Nº 7.661/98, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. 5 - Lei Estadual nº 9.931/1986 - Proteção das Áreas Estuarinas. 6 - Resolução CONAMA nº 04/1985. 7 - Decreto Federal nº 750/93, que dispõe sobre o corte, a exploração, a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica.


Iniciamos essa Cartilha convidando você a conhecer melhor, valorizar e divulgar, a beleza e a importância dos manguezais, e concluímos, solicitando sua contribuição num processo coletivo de reconstrução da imagem distorcida do manguezal, assim como, batalhar pela conservação desse, que é um dos mais organizado ecossistema do planeta. Nesta luta, todos são fundamentais: • Os pescadores, e marisqueiros como principais autores do processo e grande fonte de sabedoria dos segredos do mar e dos manguezais; • Os cientistas, entre eles, geógrafos, biólogos, antropólogos e pesquisadores em geral, que além de retirarem conhecimentos também dêem suas contribuições pessoais; • Os empresários do setor turístico e outros setores, que além de conhecerem a ecologia local para implantar seus equipamentos, possam atuar como agentes de preservação; • Os turistas, que buscarem usufruir dos recursos existentes, que ajudem a mantê-los o mais conservado possível para as gerações futuras; • Os planejadores oficiais, que possam se empenhar na elaboração, fiscalização e cumprimento das leis que regem a atividade; • Os professores, estudantes, legisladores, ONGs, associações. donas de casa, comerciantes, órgãos de imprensa, todos são chamados a contribuir em nome da preservação e conservação dos manguezais, mas também, em nome do sustento diário de milhares de famílias do nosso país.


REFERÊNCIAS

PAIXÃO, Angélica Santos da - Reconstrução da imagem do manguezal na perspectiva do ecoturismo sustentável no litoral norte da baía de Todos os Santos. Salvador, 2000. Monografia (Especialização em Ecologia e Turismo) – Centro de Pós Graduação Olga Mettig. NANNI, Sueli Medeiros e NANNI, Henrique Cesar Preservação dos manguezais e seus reflexos. Artigo. Bauru, SP 2005. PEREIRA, Julio Salomão – Educar para preservar, Bahia Análise e Dados: Salvador: SEI,v.1,p.1-80, 1991. Revista Brasileira de Ecologia do Século 21 Eco 21. Ano IX, nº 41 julho/agosto de 1999. Disponível em: http://www.guiaguaruja.com.br/meioambiente/ manguezal.htm-280505 Acesso em 06/05/2011 12: 3 SANTOS Kelly Cristina dos, Propagação de plantas de mangue visando a recuperação de Áreas degradadas. Sergipe 2008. Dissertação (pós graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Universidade Federal de Sergipe.

IMAGENS

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