Funções da linguagem

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Nas questões de 01 a 06, identifique as funções de linguagem que se destacam nos textos. 01. A Assembleia Legislativa de Goiás continua mantendo sigilo sobre gastos de viagens feitas pelos deputados estaduais em 2007 e 2008. O presidente Helder Valin (PSDB) diz que os dados devem ser revelados pelo ex-presidente Jardel Sebba (PSDB), que alega não ter mais acesso às informações. Dos 41 deputados, 17 confirmaram ao POPULAR ter feito viagens.

(O Popular, 23/04/2009) 02. Li, com extrema indignação, a reportagem do POPULAR de terça feira, sobre o mapa da prostituição em Goiás. Os 582 pontos em todo Estado são uma verdadeira declaração de miséria, levando-se em conta a baixa idade das garotas. O pior é que já banalizou-se diante dos nossos olhos, muita gente graúda vê e nada é feito.

No âmbito federal levantamentos foram feitos pelas autoridades e o resultado também é alarmante. [...] Até quando tanta miséria e pobreza condenarão nossas crianças e adolescentes a extremos atos de desespero e imoralidade? (O Popular, carta do leitor, 23/04/2009) 03. FAÇA COMO A MALU: MUDE PARA O SABONETE LÍQUIDO LUX GOTAS DE BELEZA. (Revista Quem) 04. – Pois é! – Não é? – Então! – É! – Falou! – Falou e disse! 05. (no segundo quadrinho)

06. Soneto da Separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Vinicius de Moraes


Nas questões de 07 a 10, identifique as funções da literatura que se destacam nos textos. 07. As sem razões do amor (Carlos Drummond de Andrade) Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga.

Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.

Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.

Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.

08. Não há vagas (Ferreira Gullar) em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras

O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão.

– porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço

O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada

O poema, senhores, não fede nem cheira.

09. Trem de ferro (Manuel Bandeira) Café com pão Café com pão Café com pão Virgem Maria que foi isto maquinista? Agora sim Café com pão Agora sim Café com pão Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força

Oô.. Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pato Passa boi Passa boiada Passa galho De ingazeira Debruçada Que vontade De cantar! Oô... Quando me prendero No canaviá Cada pé de cana Era um oficia Ôo...

Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matá minha sede Ôo... Vou mimbora voou mimbora Não gosto daqui Nasci no sertão Sou de Ouricuri Ôo... Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente...


10. O Bicho (Manuel Bandeira) Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. 11.

Nesta tira, a figura do boneco de madeira põe em evidência a A) coesão. B) realidade. C) metalinguagem. D) intertextualidade. E) variedade lingüística.

12.

Na tira acima, o elemento que não está permitindo a comunicação é: A) canal fechado. B) falta de referencial. C) ausência de emissor. D) ausência de receptor. E) código desconhecido.


Ao apresentar os três gêneros literários, Aristóteles usou como aspectos definidores a forma e o conteúdo. Assim sendo, um poema pode apresentar gênero épico, lírico ou dramático, de acordo com a presença ou ausência de narradores e de acordo com o que se fala: se conta uma história, se interpreta-a, ou se apenas expressa emoções e sentimentos. Sabendo disso, indique o gênero dos textos da questões 13 a 15. 13. A serra do rola-moça (Mário de Andrade) ___________________________________ A Serra do Rola-Moça Não tinha esse nome não... Eles eram do outro lado, Vieram na vila casar. E atravessaram a serra, O noivo com a noiva dele Cada qual no seu cavalo. Antes que chegasse a noite Se lembraram de voltar. Disseram adeus pra todos E se puseram de novo Pelos atalhos da serra Cada qual no seu cavalo. Os dois estavam felizes, Na altura tudo era paz. Pelos caminhos estreitos Ele na frente, ela atrás. E riam. Como eles riam! Riam até sem razão. A Serra do Rola-Moça Não tinha esse nome não.

Porém os dois continuavam Cada qual no seu cavalo, E riam. Como eles riam! E os risos também casavam Com as risadas dos cascalhos, Que pulando levianinhos Da vereda se soltavam, Buscando o despenhadeiro. Ali, Fortuna inviolável! O casco pisara em falso. Dão noiva e cavalo um salto Precipitados no abismo. Nem o baque se escutou. Faz um silêncio de morte, Na altura tudo era paz ... Chicoteado o seu cavalo, No vão do despenhadeiro O noivo se despenhou. E a Serra do Rola-Moça Rola-Moça se chamou.

As tribos rubras da tarde Rapidamente fugiam E apressadas se escondiam Lá embaixo nos socavões, Temendo a noite que vinha. 14. Dialética (Vinícius de Moraes) ____________________________________________ É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz Mas acontece que eu sou triste... 15. Caso do Vestido (Carlos Drummond de Andrade) _______________________________

Nossa mãe, o que é aquele vestido, naquele prego? Minhas filhas, é o vestido de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe? Era nossa conhecida? Minhas filhas, boca presa. Vosso pai evém chegando.


Nossa mãe, dizei depressa que vestido é esse vestido. Minhas filhas, mas o corpo ficou frio e não o veste. O vestido, nesse prego, está morto, sossegado. Nossa mãe, esse vestido tanta renda, esse segredo! Minhas filhas, escutai palavras de minha boca. Era uma dona de longe, vosso pai enamorou-se. E ficou tão transtornado, se perdeu tanto de nós, se afastou de toda vida, se fechou, se devorou, chorou no prato de carne, bebeu, brigou, me bateu, me deixou com vosso berço, foi para a dona de longe, mas a dona não ligou. Em vão o pai implorou. Dava apólice, fazenda, dava carro, dava ouro, beberia seu sobejo, lamberia seu sapato. Mas a dona nem ligou. Então vosso pai, irado, me pediu que lhe pedisse, a essa dona tão perversa, que tivesse paciência e fosse dormir com ele... Nossa mãe, por que chorais? Nosso lenço vos cedemos. Minhas filhas, vosso pai chega ao pátio. Disfarcemos. Nossa mãe, não escutamos pisar de pé no degrau. Minhas filhas, procurei aquela mulher do demo. E lhe roguei que aplacasse de meu marido a vontade. Eu não amo teu marido, me falou ela se rindo. Mas posso ficar com ele se a senhora fizer gosto, só pra lhe satisfazer, não por mim, não quero homem. Olhei para vosso pai, os olhos dele pediam. Olhei para a dona ruim, os olhos dela gozavam. O seu vestido de renda, de colo mui devassado, mais mostrava que escondia as partes da pecadora. Eu fiz meu pelo-sinal, me curvei... disse que sim. Sai pensando na morte, mas a morte não chegava. Andei pelas cinco ruas, passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes, não comia, não falava, tive uma febre terçã, mas a morte não chegava. Fiquei fora de perigo, fiquei de cabeça branca, perdi meus dentes, meus olhos, costurei, lavei, fiz doce, minhas mãos se escalavraram, meus anéis se dispersaram, minha corrente de ouro pagou conta de farmácia. Vosso pais sumiu no mundo. O mundo é grande e pequeno. Um dia a dona soberba me aparece já sem nada, pobre, desfeita, mofina, com sua trouxa na mão. Dona, me disse baixinho, não te dou vosso marido, que não sei onde ele anda. Mas te dou este vestido, última peça de luxo que guardei como lembrança daquele dia de cobra, da maior humilhação. Eu não tinha amor por ele, ao depois amor pegou. Mas então ele enjoado confessou que só gostava de mim como eu era dantes. Me joguei a suas plantas, fiz toda sorte de dengo, no chão rocei minha cara, me puxei pelos cabelos, me lancei na correnteza, me cortei de canivete, me atirei no sumidouro, bebi fel e gasolina, rezei duzentas novenas, dona, de nada valeu: vosso marido sumiu. Aqui trago minha roupa que recorda meu malfeito de ofender dona casada pisando no seu orgulho. Recebei esse vestido e me dai vosso perdão. Olhei para a cara dela, quede os olhos cintilantes? quede graça de sorriso, quede colo de camélia? quede aquela cinturinha delgada como jeitosa? quede pezinhos calçados com sandálias de cetim? Olhei muito para ela, boca não disse palavra. Peguei o vestido, pus nesse prego da parede. Ela se foi de mansinho e já na ponta da estrada


vosso pai aparecia. Olhou pra mim em silêncio, mal reparou no vestido e disse apenas: — Mulher, põe mais um prato na mesa. Eu fiz, ele se assentou, comeu, limpou o suor, era sempre o mesmo homem, comia meio de lado e nem estava mais velho.

O barulho da comida na boca, me acalentava, me dava uma grande paz, um sentimento esquisito de que tudo foi um sonho, vestido não há... nem nada. Minhas filhas, eis que ouço vosso pai subindo a escada.

16.

A expressão da mãe de Magali, no segundo quadrinho da tira, se justifica porque, para ela, A) contos infantis são textos literários. B) ela está com sono e não quer mais ler histórias. C) é pouco comum os pais lerem histórias infantis para os filhos. D) o livro de receitas não é o texto literário adequado para o momento. E) o livro de receitas é um texto não literário, inadequado para o momento.

Leia o poema a seguir para responder as questões de 17 a 23. Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e rio, O mundo todo abarco, e nada aperto. É tudo quanto sinto um desconcerto: Da alma um fogo me sai, da vista um rio; Agora espero, agora desconfio; Agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando; Num'hora acho mil anos, e é de jeito Que em mil anos não posso achar um'hora. Se me pergunta alguém porque assi ando, Respondo que não sei, porém suspeito Que só porque vos vi, minha Senhora. (Camões) 17. Que figura de linguagem se destaca na primeira estrofe? 18. Identifique a figura de linguagem presente em Num'hora acho mil anos. 19. Quanto à forma, como se chama este poema? 20. Escreva o esquema de rimas do poema e classifique as rimas encontradas quanto à sua organização nas estrofes. 21. Classifique os versos do poema quanto ao número de sílabas poéticas.


22. Faça a análise temática do poema. 23. A que gênero pertence o poema?

Indique as figuras de som, segundo a legenda abaixo, presentes nas questões de 24 a 27. a) aliteração b) assonância c) paronomásia d) onomatopéia 24. ( ) “Leitos perfeitos seus peitos direitos me olham assim fino menino me inclino pro lado do sim rapte-me adapte-me capte-me coração.” (Caetano Veloso) 25. ( ) “Plunct, plact, zum, você não vai a lugar nenhum.” (Raul Seixas) 26. ( ) “Toda gente homenageia Januária na janela.”

(Chico Buarque)

27. ( ) “Há um pinheiro estático e extático.” (Rubem Braga) Identifique o tipo de silepse presente nas questões a seguir. 28. “Vossa Senhoria pode ficar descansado; não digo nada; cá estou para outras.”( Machado de Assis) 29. “Entramos os cinco, em fila, na sacristia escura.” (Carlos Drummond de Andrade) 30.“- E o povo de Marvalha? perguntava ele aos canoeiros. - Estão em São Miguel.” (José Lins do Rego)

GABARITO 01. Referencial 02. Emotiva 03. Conativa 04. Fática 05. Metalingüística 06. Poética 07. Formar a personalidade, humanizar o homem, provocar hedon. 08. Levar à reflexão, denunciar a realidade. 09. Fazer sonhar, divertir. 10. Denunciar a realidade, levar à reflexão, provocar catarse. 11. D 12. A 13. Épico 14. Lírico 15. Dramático 16. E 17. Paradoxo 18. Hipérbole


19. soneto 20. ABBA/ ABBA/ CDE/ CDE, sendo interpoladas ou opostas nos quartetos e cada verso do primeiro terceto rima com o verso correspondente no segundo terceto. 21. Decassílabos. 22. O eu lírico declara a sua amada que o simples fato de vê-la despertou nele um sentimento paradoxal, que o deixa em suspense, sem identidade precisa, sem lugar e tempo no mundo. 23. Lírico 24. B 25. D 26. A 27. C 28. Silepse de gênero 28. Silepse de pessoa 30. Silepse de número


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