Revista TC 2021

Page 1

TC 96 cadernos de

Complexo Criativo Cultura e Inovação na produção do espaço


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2021-2 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Orientadores de TCC Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, Dr. arq. Detalhamento de Maquete Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Tecnologia Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Ana Amelia de Paula Moura, M. arq. Anderson Ferreira da Silva, Dr. arq. Expressão Gráfica Anderson Ferreira da Silva, Dr. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Secretária do Curso Simone da Silva Costa Alves (62)3310-6001


Apresentação Este volume faz parte da coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2021/2, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final. A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou

as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, Dr. arq.



Complexo Criativo O fortalecimento das práticas culturais ao equilibrar a tradição e a inovação pode se tornar determinante no processo de regeneração urbana. Ao promover ações que valorizem as particularidades da cidade - sua identidade, sua essência - é possível despertar o senso de pertencimento da sociedade e incentivar o seu engajamento com o território, fazendo com que as pessoas se tornem agentes efetivos da mudança. Propostas para o desenvolvimento urbano têm mais chances de serem bem sucedidas quando usam como ponto de partida a cultura, as relações sociais, a história, as experiências emocionais, mas também as inovações. Este equipamento cultural conectará os produtores criativos em um único espaço através de seu programa multidisciplinar pensado a partir da Economia Criativa e da vocação cultural de Anápolis.

Giovanna Fernandes Ribeiro

Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq.



CULTURA, CRiATiViDADE E DESENVOLViMENTO URBANO O principal objetivo deste projeto é a criação de um equipamento cultural conectará os produtores criativos em um único espaço através de seu programa multidisciplinar pensado a partir da Economia Criativa e da vocação cultural da cidade de Anápolis. Um espaço que estimule o compartilhamento de ideias, incentive a criatividade e que possa resgatar o potencial cultural de Anápolis. Um ambiente de interação e conectividade aberto à cidade, que seja democrático, convidativo e diverso. Que possa atrair e reter os talentos locais. A partir da intervenção no espaço urbano despertar o interesse da população, tanto pra motivar a participação em atividades culturais quanto o consumo do que será produzido neste espaço. “A expressão criativa e cultural da arte em uma comunidade, seja ela na forma de música, dança, teatro ou artesanato, além de representar a sua essência, preservar e transmitir sua identidade, também é essencial para o bem-estar e qualidade de vida de seus cidadãos” (JACKSON, 2008, apud DEPINÉ et al., 2018, p. 60).

O projeto tem a ambição de reforçar e expandir o compromisso já existente com o setor cultural, investindo no acesso e participação da vida cultural gerando

Complexo Criativo

novos hábitos e possibilidades de demanda, ressaltando a identidade e essência local e vinculando a criatividade ao desenvolvimento urbano. O fortalecimento das práticas culturais ao equilibrar a tradição e a inovação pode se tornar determinante no processo de regeneração urbana. Ao promover ações que valorizem as particularidades da cidade - sua identidade, sua essência - é possível despertar o senso de pertencimento da sociedade e incentivar o seu engajamento com o território, fazendo com que se tornem agentes efetivos da mudança. Propostas para o desenvolvimento urbano têm mais chances de serem bem sucedidas quando usam como ponto de partida a cultura, as relações sociais, a história, as experiências emocionais, mas também as inovações. Para Landry (2008) Considerar a cultura na produção do espaço nos ajuda a compreender as origens do lugar e seu potencial de crescimento. Nas páginas seguintes será apresentado a origem do termo Econômia Criativa, além da investigação e análise de como essa estratégia se manifesta no espaço urbano.

05


CULTURA E CRiATiViDADE EM CONTEXTO

1947 O termo “Industria Cultural” surge com a intenção de chocar, ainda no período pós guerra, como uma crítica feita pelos membros da escola de Frankfurt – Adorno e Horkheimer – ao entretenimento de massa. [fig.01]

1976 A “Economia Cultural” aparece sob a visão do Professor William Hendon após organizar a primeira conferência internacional sobre economia cultural, - aplicação de análise econômica sobre as artes criativas – em Edimburgo.

1994 Surge o termo Creative Nation em 1994, na Austrália, como um rascunho do que seria a economia criativa, fruto de discussões a respeito da preservação da diversidade cultural e motivada pelas novas tecnologias de informação e comunicação. [fig.02]

1995 Chales Landry é reconhecido como o primeiro autor a citar o termo “Cidade Criativa” em sua obra “The Creative City” (1995) defendendo que toda cidade tem potencial para que a criatividade seja premissa no desenvolvimento urbano.

1996 O termo “Hub” é citado em 1996 por Markusen a fim de contextualizar as aglomerações de economias urbanas – a articulação da estrutura regional em torno das corporações pertencentes à industrias – no cenário da revolução digital. [fig.03]

06

Giovanna Ribeiro


1997 A Industria Criativa teve sua origem a partir da concepção de treze setores criativos de atividades culturais e econômicas que têm como base a propriedade intelectual, sendo eles: o artesanato, a arquitetura, as artes cênicas, artes e antiguidades, cinema, design, editorial, moda, música, publicidade, softwares, jogos, televisão e rádio.

2001 O termo Economia Criativa aparece pela primeira vez no livro John Howkins em 2001. Para Howkins (2001) a criatividade e a economia não são termos novos, mas a combinação entre ambas pode criar extraordinário valor e riqueza. [fig.04]

2004 A Rede de Cidades Criativas da UNESCO é um programa que visa promover a cooperação entre cidades que reconhecem a criatividade como uma premissa estratégica para o desenvolvimento urbano sustentável.

2011 [fig.05]

O Plano da Economia Criativa elaborado em 2011 pela Secretaria da Economia Criativa juntamente com o Ministério da Cultura, visa a implementação de politicas e diretrizes que apoiem o reconhecimento do papel da cultura no desenvolvimento do país.

2019 A partir de 2019 o projeto “Rede de Cidades Criativas” da Unesco passa a reconhecer oito cidades brasileiras em cinco categorias: Curitiba (PR) e Brasília (DF), no design; Paraty (RJ), Belém (PA) e Florianópolis (SC), na gastronomia; João Pessoa (PB), no artesanato e artes folclóricas; Salvador (BA), na música; e Santos (SP), no cinema.

Complexo Criativo

07


ECONOMIA CRIATIVA LEGENDAS: [fig.01] Adorno e Horkheimer. Fonte: mundoeducacao.uol.com.br [fig.02] Paul Keatings. Fonte: theconversation.com [fig.03] Markusen. Fonte: ufmg.br [fig.04] John Howkins. Fonte: theconversation.com [fig.05] Imagem Cidades Criativas. Fonte: http://pnc.cultura.gov.br/

A primeira aparição do termo Economia Criativa acontece em 2001 pelo livro de John Howkins sobre como a extensão da relação entre criatividade e economia resulta na criação extraordinária de valor e riqueza (Relatório de Economia Criativa 2010). Por ser um termo relativamente recente, não há uma definição concreta e final para a Economia Criativa, este é um conceito ainda em evolução moldado subjetivamente de acordo com as particularidades sociais, econômicas, culturais e políticas de cada país. Segundo Reis¹ (2011) a Economia Criativa nasce como uma estratégia de desenvolvimento em que reconhece a criatividade como um ativo econômico quando conciliado aos benefícios culturais e sociais. Em 2005 após do encerramento do evento da UNCTAD² o Ministro Gil propõe a realização de um Fórum Internacional de Indústrias Criativas fim de discutir a convergência entre cultura e economia, sediado em Salvador. Porém a proposta de criação de um Centro Internacional das Indústrias Criativas com parcerias voluntárias entre países não foi levada a diante. O tema volta a ser discutido em 2009 pelo Ministério da Cultura, que definiu

a Cultura e Economia Criativa como um dos cinco eixos norteadores das conferências nacionais, estaduais e municipais da cultura (Reis 2011). Em 2011 a Secretaria da Economia Criativa juntamente com o Ministério da Cultura elaboraram um documento, o Plano da Secretaria da Economia Criativa (2011-2014), a fim de redefinir o papel da cultura como eixo de desenvolvimento do país. O Plano contempla a formulação e implementação de diretrizes e políticas voltadas ao apoio das atividades produtivas do setor cultural e criativo A partir das diretrizes apresentadas o BNDES colaboraria para impulsionar a economia criativa através de programas, políticas e financiamentos, aperfeiçoando as iniciativas do Ministério da Cultura. Como ponto de partida do Plano primeiramente foi necessário conceituar a Economia Criativa adequando esta definição às realidades e características brasileiras. Uma vez que o centro da economia criativa nos outros países fosse definido pela indústria criativa em si, a abordagem pelo Ministério da Cultura teve uma rota diferente, conectando os fundamentos da economia criativa primeiramente aos princípios de sustentabilidade, inovação e cultura.

Cinema e Vídeo TV e Rádio Internet podcasting Video games

Livros e Periódicos

Livros Jornais Materiais impressos Bibliotécas Feiras do livro

Audio Visual e Mídias Interativas Espetáculos e Celebrações Artes de espetáculos Festas e festivais Feiras

SETORES CRIATIVOS NUCLEARES [fig.06]

Patrimônio Natural e Cultural

Artes Visuais e Artesanato

Pintura Escultura Fotografia Artesanato

Design de moda Design gráfico Design de interiores Design paisagístico Arquitetura Design e Publicidade

Museus Sítios históricos e Arqueológicos Paisagens culturais Paisagens Naturais

Serviços Criativos

08

Giovanna Ribeiro


Levando em consideração que a economia criativa tem sua base a partir dos processos de criação e produção, foi necessário primeiro definir o termo setores criativos, sendo eles: A partir desta definição, o Ministério da Cultura considerou que os setores criativos vão além das atividades denominadas “tipicamente culturais” (como a música, “[...] todos aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica. (MinC.³ 2011)

dança, teatro, fotografia, cinema), estendendo o leque à outras expressões e atividades artístico-culturais relacionadas as novas mídias, ao design, à arquitetura e outros. Ao compreender isso, o Plano chega à definição do conceito de Economia Criativa: A Economia criativa então desvincula-se dos modelos econômicos tradicionais, ela possui dinâmica própria. Seus modelos de negócio estão em constante evolução “A economia criativa é, portanto, a economia do intangível, do simbólico. Ela se alimenta dos talentos criativos, que se organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços criativos.” (MinC 2011)

[1] REIS - Ana Carla Fonseca Reis: economis� ta formada pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em urbanismo pela USP. [2]: UNCTAD: Conferên� cia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento [3] MinC.: Ministério da Cultura [fig.06-07] Diagrama autoral sobre os setores criativos segundo a UNESCO

junto com a sociedade e suas demandas. A UNESCO (Organização das Nações Unidades para a Educação, Ciência e Cultura) preocupada com a divergência dos dados e parâmetros para as categorias culturais entre os países, estrutura os setores criativos em duas macrocategorias: a primeira sendo os setores de natureza essencialmente criativa, sendo aqueles cujas atividades tem como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico. A segunda categoria corresponde a aos setores criativos relacionados, estes por sua vez não são essencialmente criativos, mas se relacionam diretamente com a primeira categoria através de serviços esportivos, turísticos, de lazer e entretenimento. Ainda há também os setores transversais às categorias citadas, sendo o setor do patrimônio imaterial, da educação e capacitação, do registro, memória e preservação, e os equipamentos materiais de apoio ao demais setores. (MinC 2011) O Plano enfatiza que a Economia criativa no Brasil, para obter sucesso, deve se desenvolver considerando a valorização, promoção e proteção da diversidade de suas expressões culturais nacionais, reafirmando a identidade e originalidade brasileira fazendo disso um potencial de crescimento.

Equipamentos e Materiais de Apoio Educação e Capacitação

Esportes e Lazer

SETORES CRIATIVOS RELACIONADOS

SETORES CRIATIVOS TRANSVERSAIS [fig.07]

Registro, Memória e Preservação

Turismo Patrimônios Imateriais

Complexo Criativo

09


ESPAÇOS CRiATiVOS As discussões a respeito da indústria e economia criativas trouxe em pauta outros termos a serem explorados, estes com ligação ao espaço urbano. Se a economia criativa tem ênfase no valor simbólico, na diversidade e identidade local, na cultura e nas dinâmicas sociais, o termo lugar junta-se a estes princípios para impulsionar o desenvolvimento econômico e também a transformação urbana.

LEGENDAS: [fig.07] Watt Family Innovation Center www.archdaily.com

“[...] o lugar diz respeito à confluência de memórias, afetividades e relações interpessoais, o que o torna irredutível a generalizações: o lugar faz as pessoas, que por sua vez fazem o lugar.” (Seminário Internacional Clusters Criativos, 2013)

Para entender melhor como a economia criativa se manifesta no espaço urbano, definiremos três termos: Hubs Criati-

vos, Clusters Criativos e Espaços Criativos. De acordo com LIMA (2013) a primeira vez que os Hubs surgem no contexto da economia criativa acontece em 2003, no documento da London Development Agency, que enfatizou suas características principais e seu papel ligando as políticas de cidade criativa com as estratégias de regeneração urbana. Apresentando uma atuação muito semelhante aos dos Clusters Criativos, o conceito de Hubs Criativos foi definido por Fleming e Rodrigues (2014) como uma configuração aplicável aos diversos cenários, sendo espaços ou laboratórios, que possuem como objetivo comum o fortalecimento da capacidade empresarial das indústrias criativas apoiando seus empreendedores e auxiliando no desenvolvimento econômico e social.

[fig.07]

10

Giovanna Ribeiro


[fig.08]

LIMA (2015) conclui então que os Hubs Criativos têm a finalidade de articular o espaço físico e digital e que atuam segundo visões coletivas, inspirando novas estratégias de liderança motivadas pelo equilíbrio entre valores sociais, econômicos e culturais. Nestes espaços, físicos ou digitais, é possível destacar as dinâmicas e atividades internas deixando aos olhos do público o que é produzido e como é produzido. Os Clusters Criativos, por sua vez, aparecem como estratégia de intervir em locais obsoletos na cidade - os vazios urbanos. Para Leite e Awad (2012) Os Clusters Criativos são capazes de potencializar a regeneração urbana, restaurando a produtividade ao determinar novas funções ao

Complexo Criativo

espaço vinculadas à cultura, economia e identidade local. Por fim os espaços, lugares, ou ambientes criativos são considerados a base geográfica para a manifestação da economia comunicação e a colaboração. Por eles é possível criar um vínculo entre a cultura, a sociedade e o território. O espaço criativo deve considerar as particularidades locais, valorizando sua identidade, as característ cas culturais e os valores simbólicos, além de compreender a totalidade do território e estimular toda e qualquer prática criativa. Estes lugares são flexíveis e não necessariamente possuem uma delimitação concreta, podendo ser uma praça, uma rua, um bairro ou uma região.

LEGENDAS: [fig.08] Markthal Rotterdam www.flickr.com/photos/tomroeleveld

11



SERiA ViÁVEL? Trazendo o que foi apresentado para a realidade da cidade de Anápolis, seria possível ter a cultura e a criatividade como principais premissas no desenvolvimento urbano, social e econômico? Landry (2011) Acredita que toda cidade possui potencial criativo. A requalificação de espaços urbanos que visam estimular a conectividade, a troca de experiências, instigar a curiosidade e o interesse de sua população é o ponto de partida para que estas pessoas se tornem os agentes da mudança. Para obter sucesso é necessário entender a história, a cultura e os valores simbólicos do local, o que é produzido e qual é a demanda, fazendo dessas singularidades o seu potencial de destaque.

Complexo Criativo

13


CULTURA ANAPOLINA EM CONTEXTO

1920 O CINEMA Os primeiros espaços culturais de Anápolis foram os cinemas, que apareceram na cidade ainda na década de 1920. O Cine Bruno foi o primeiro deles, seguido pelo Cine Goianás, Cine Áurea, Cine Teatro Imperial (que teve grande destaque na década de 50) entre outros. [fig.09]

1946 O RÁDIO As emissoras de rádio também tiveram relevância na formação cultural da cidade, com destaque para a Rádio Carajá (1946) que contava com uma programação de auditório e recebia inúmeros artistas locais.

[fig.10]

1968

[fig.11]

14

A ESCOLA DE ARTES Primeira escola de ensino artístico fundada em Anápolis em 1968 com o nome e Escola de Belas Artes de Anápolis, em 1974 Escola de Artes e por fim Escola Oswaldo Verano em 1980. Hoje ocupa o edifício da primeira cadeia pública de Anápolis, tombado em 1991.

Giovanna Ribeiro


1982

A ESCOLA DE MÚSICA A Escola de Música Maestro Antônio Branco, primeira escola de música da cidade foi criada no ano de 1982, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura. Hoje oferece aulas de história da música, técnica vocal, orquestração e de diversos instrumentos.

[fig.12]

1986 A ESCOLA DE DANÇA A Escola de Dança foi fundada em 1986 por Jonathas Tavares e Ana Queiroz, passou por diversos endereços até se instalar atualmente no centro da cidade em um edifício cedido pela prefeitura. Possui mais de 1000 alunos de diferentes idades matriculados atualmente. [fig.13]

[fig.09] Foto do Cine Áurea em Anápolis tirada em 1933 Fonte: Acervo do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho” [fig.10] Foto do auditório da Rádio Carajás de Anápolis, data desconhecida. Fonte: Acervo do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho” [fig.11] Foto da primeira cadeia pública de Anápolis, tirada em 1940, onde hoje funciona a Escola de Artes. Fonte: Acervo do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho” [fig.12] Foto do ENCOA (Encontro de Corais de Anápolis), data desconhecida. Fonte: anapolis.gov.br [fig.13] Foto de divulgação da 11 edição do EDANÇA (Encontro de Dança de Anápolis) em 2015. Fonte: anapolis.gov.br

1989 A ESCOLA DE TEATRO A Escola de Teatro foi fundada em 1989, quando já havia demanda e interesse pela prática teatral na cidade desde a década de 60, e oferece aulas práticas e teóricas de atuação além de oficinas, incentivando a prática artística em Anápolis.

[fig.14] Foto de divulgação das inscrições para a Escola de Teatro de Anápolis (ETA) em 2019. Fonte: anapolis.gov.br

[fig.14]

Complexo Criativo

15


[fig.15]

CULTURA ANAPOLINA HOJE

[fig.15] Foto do programa cultural “Gira Cultura” no Centro Cultural Washington Ribeiro Gomes, bairro Boa Vista. Fonte: anapolis.go.gov.br

16

Os programas e estratégias culturais atuais responsáveis pela Secretaria Municipal de Cultura tem sua atuação primeiramente pedagógica através das quatro escolas de ensino artístico (Música, Dança, Arte e Teatro). Nas instituições os alunos ingressam ainda na infância e tem todo o acompanhamento e instrução até a sua formação. Além do caráter pedagógico, os programas culturais também possuem vinculo social. Todos os anos os núcleos pedagógicos (escolas de artes, dança, música e teatro) trabalham dentro da comunidade com aulas e eventos de iniciação à música, teatro, circo, dança, grafite, artes plásticas, artesanato e outros. Esses programas não possuem um acompanha-

mento a longo prazo como oferecido nos cursos das escolas, eles são periódicos e breves, mas ainda assim garante o contato de crianças e jovens carentes às diferentes manifestações culturais, despertando o interesse e gerando um tempo de qualidade lazer e aprendizado. Esses eventos possuem divulgação por rádios e mídias sociais, e a comunidade que tem a iniciativa de ir até eles. Os eventos possuem núcleos nos bairros Boa Vista, Jardim Alvorada e Filostro Machado. O Projeto Cultura em Ação da Secretaria Municipal de Cultura visita uma vez por mês bairros da periferia e apresenta tudo o que é produzido no setor cultural (dança, tetro, música, circo, grafite, arte). O projeto realiza oficinas e apresentações e

Giovanna Ribeiro


acontece em tendas montadas no local. Eventos como o Salão Anapolino de Arte possui relevância Nacional. Algumas Orquestras, Bandas e Grupos de Dança também tem reconhecimento nacional sendo chamados para performarem em diversos eventos pelo Brasil. Assim como os eventos locais recebem artistas de diferentes regiões. Outro programa é o Gira Cultura que leva oficinas e apresentações artísticas, participam a Escola de Artes Oswaldo Verano, o Corpo de Baile do Teatro Municipal de Anápolis, além de apresentações de grupos de excelência da cidade e o Projeto Cultura em Ação. O objetivo é oferecer o primeiro contato com as artes, despertando talentos de todas as idades.

O evento é totalmente gratuito. “A ideia é ter linguagens diversas, sempre valorizando a cultura em suas peculiaridades, mas também na sua pluralidade”, destaca Eva Cordeiro. Foi questionado sobre existir interesse pela economia criativa, em crescer o setor cultural para que tenha não apenas valor simbólico, mas também econômico e a resposta foi que sim. Não existem ainda objetivos e iniciativas concretas, o investimento nesse ramo tem sido feito através da atenção dada aos artesãos, por exemplo, e quando é oferecido oficinas ou organizada as feiras, mas ainda é necessário programas concretos para proporcionar meios para o crescimento do artista.

fig.16] Foto do programa cultural “Gira Cultura” no bairro Santos Dumont. Fonte: anapolis.go.gov.br

[fig.16]

Complexo Criativo

17


POR QUÊ AQUi? No estado de Goiás, o local escolhido para a implantação do projeto foi Anápolis, município com aproximadamente 391.772 habitantes (1BGE 2019) situado há 60km de Goiânia (conexão pela BR153) e há 150km de Brasília (conexão pela BR060). A localização estratégica foi essencial para seu crescimento urbano, e hoje Anápolis se destaca por ser um polo industrial e possuir o segundo maior PIB do estado. O interesse pela cidade se deu também pelo seu destaque em investimentos no setor cultural. Em 2018 o município ocupou a 23° posição no ranking de cidades dos que mais investiram proporcionalmente na área4, com R$ 10,6 milhões aplicados, sendo o primeiro lugar em Goiás e no Centro-Oeste. Entre a Avenida Mato Grosso e a Avenida Santos Dumont, a área de intervenção se encontra no Jundiaí, bairro planejado fundado no início da década de 1940, e que hoje apresenta grande potencial para acolher o projeto. Como diretrizes para a escolha do terreno foram considerados: a centralidade na cidade, a mobilidade, o uso diverso e o potencial para uma requalificação urbana. Todas essas premissas foram atendidas pela Praça Abadia Daher e o vazio urbano em seu entrono imediato, que será apresentado mais a frente.

18

[fig.17]

Giovanna Ribeiro


N

ANÁPOLiS, GO 391 772 HABiTANTES ÁREA 933 156 KM² PiB R$ 14 238 732,00 IDH 0,737 2km

3 BR 15

AV. BR

ASI L

NOR TE

[fig.18]

Complexo Criativo

19


O BAIRRO JUNDIAÍ [fig. 17] Diagrama autoral de localização. [fig.18] Mapa/diagrama da cidade de Anápolis. [fig.19] Mapa de autoria própria relacionando o Bairro Jundiaí com os principais equipamentos culturais públicos da cidade. [fig.20] Mapa de autoria própria destacando o Bairro Jundiaí.

O Jundiaí, bairro planejado de forma estratégica fundado no início da década de1940, mais precisamente no ano de 1994 pela Sociedade Imobiliária Anapolina, surgiu a partir da necessidade de resolver um problema habitacional da época. Localizado ao leste do Setor Central, o bairro é cortado por importantes vias da cidade além de possuir uma rede completa de infraestrutura. O intenso desenvolvimento transformou o Jundiaí em uma nova centralidade, possuindo grande autonomia em relação à cidade devido ao seu comércio, serviços, lazer, espaços públicos - como

o parque Ipiranga considerado o parque mais requisitado pela população Anapolina, além das praças Abadia Daher e Dom Emanuel - demanda residencial e diversos outros atrativos. O Jundiaí é considerado hoje um bairro nobre (o centro expandido). Com aproximadamente 20 mil habitantes e 5766 lotes, o Jundiaí apresenta grande potencial para acolher o projeto, com usos diversos, equipamentos de destaque, centralidade no território da cidade, fácil acesso por vias arteriais e ter a maior densidade populacional da cidade

[fig.20]

Rio

das

as

Ant

LOCAL DE INTERVENÇÃO

Av. Sa nt os

t on m Du

Av. São o

cisc

Fran

20

nga

200m

o Ipirâ Córreg

N

Giovanna Ribeiro


NO RTE AV . BR AS iL

TERMINAL RODOVIÁRIO

LOCAL DE INTERVENÇÃO

SO

ROS

G ATO AV. M

AV. GOiÁS

SETOR CENTRAL

NT

O ISC

NC

400m

RUMO TOS D

RA

OF

SÃ AV.

N

AN AV. S

BAIRRO JUNDIAÍ

[fig.21]

ACESSO AO TERRENO Como já citado, uma das principais condicionantes para a escolha do terreno foi o fácil acesso. O Bairro Jundiaí é cortado por vias coletoras e arteriais estruturantes que conectam importantes pontos na cidade. Na figura 00 o mapa mostra os

principais acessos ao local de intervenção, pela Avenida mato grosso e pela Avenida Santos Dumont. É possível notar também o a rota a partir do terminal rodoviário, no setor central de Anápolis.

[fig.21] Mapa de Acesso ao Terreno. Autoria Própria. [fig.22-23] Diagramas de dimensões da caixa viária. Autoria Própria [fig.24] Mapa de Hierarquia Viária do entorno. Autoria Própria

TEMPO DE DESLOCAMENTO - TERMiNAL URBANO AO TERRENO (2KM)

24 MiNUTOS

15 MiNUTOS

Complexo Criativo

21


ANÁLiSE DE VIAS A área de intervenção possui acesso imediato por cinco vias: Av. Mato Grosso, Av. Santos Dumont, Rua Profa. Zenaide Roriz, Rua Vitor de Azevedo e Rua Senador Canedo. Além de um ponto de

02. Rua Vitor de Azevedo

01. Rua Profa. Zenaide Roriz

LEGENDA: Vias Arteriais Vias Coletoras Vias Locais Pontos de Ônibus Área de Intervenção

2m TERRENO

10.7m

PASSEIO

ônibus em ambas extremidades da praça. Analisando a caixa viária pode-se perceber que a prioridade de mobilidade é do transporte motorizado.

VIA

1.8m PASSEIO

LOTE

LOTE

[fig.22]

1.8m

7.5m

2m

PASSEIO

VIA

PASSEIO

TERRENO

[fig.23]

N

50m

Av

.S

22

an

to

sD

um

Mat

oG

ross

o

e Roriz

Rua Vitor de Azevedo

Rua Senador Canedo

Av.

Rua Profa. Zenaid

[fig.24]

on

t

Giovanna Ribeiro


AV. MAT OG

ROS

CÓRREGO iPiRANGA

S

DU M

R. PROFA. ZENAiD E RORiZ

R. VÍTOR DE AZEVEDO

R. SENADOR CANEDO

AV .S AN TO

SO

O

NT

N

[fig.25]

50m

ANÁLiSE DE USOS Na figura 25 é possível entender o entorno imediato à área de intervenção, que possui uma configuração heterogênea de usos. Em laeanja e azul claro é possivel identificar os usos comerciais, que se concentram nas importantes avenidas (Av. Mato Grosso e Av. Santos Dumont). O azul marca o uso residencial, mais ao interior do bairro porém em grade número também. O uso diverso é muito importante para a vitalidade de uma região, além de manter a dinâmica no bairro em diferêntes horários. A fragilidade encontrada nesta região é a

propria área de intervenção, que aparece no mapa com contorno laranja. A área escolhida para o projeto contempla a Praça Abadia Daher um equipamento importante no bairro, porém sem um programa que desperte o interesse da população, sem manutenção e sem mobiliário adequado, o que faz dessa praça apenas um local de passagem entre as principais avenidas ao invés de permanência. A área de intervenção conta também com um vazio urbano, subutilizado, que apresenta grande potencial para o projeto.

LEGENDA: Residencial Comercial Misto Institucional Área de Intervenção

DiAGRAMA HORÁRiO DE USOS

06:00

10:00

14:00

18:00

23:00 [fig.26]

Complexo Criativo

23


ANÁLiSE DO TERRENO 36,4m

A área escolhida para o projeto contempla um vazio urbano - lote subutilizado- com área de 5168m² e localização privilegiada ao lado da Praça Abadia Daher com 8096m² , totalizando uma área de 13264m² para a intervenção do projeto. Ao realizar visitas técnicas ao local foi possivel analisar suas frgilidades ( ) e potencialidades ( ), como: Um lago artificial - que já foi um grande atrativo além de um marco na praça desativado por falta de manutenção. Praça ajardinada sem manutenção e espaços adequados para permanência. Passeios pouco atrativos. Playground que hoje é o unico uso que ainda atrai visitantes à praça. Espaço arborizado com vegetação de grande porte que possui potencial para revitalização.

5168M²

8096M²

262m

68m

76m

[fig.25] Mapa de Usos do Entorno Imediato. Autoria Própria [fig.26] Diagramas Horário de Usos. [fig.27] Mapa esquemático de análise do terreno. Autoria Própria [fig.28] Imagem aérea da Praça Abadia Daher e lote. Autoria: Amanda de Oliveira. [fig.29-30] Levantamento fotográfico da praça Abadia Daher. Autoria Própria

N

Sem Escala [fig.27]

[fig.28]

24

Giovanna Ribeiro


[fig.29]

[fig.30]

Complexo Criativo

25


26

Giovanna Ribeiro


INTENÇÕES DE PROJETO Como citado previamente, o município de Anápolis demonstra grande potencial de desenvolvimento urbano, social e econômico através do reconhecimento da criatividade e da inovação. Por tanto, o projeto surge com a intenção de explorar este potencial, criando espaços que estimulem a criatividade através de um programa multidisciplinar, selecionando atividades dos setores criativos, investindo no acesso e participação da vida cultural, gerando novos hábitos e possibilidades de demanda, ressaltando a identidade e essência local e vinculando a criatividade ao desenvolvimento urbano. A partir desta análise foi possível definir diretrizes específicas almejando criar estratégias que atendam a classe criativa e beneficiem a população no geral.

[fig.31]

Complexo Criativo

27


IDEALiZAÇÃO

DEMANDA

COMPLEXO CRiATiVO

EXPOSiÇÃO

PRODUÇÃO

NETWORKING

[fig.33]

PREMiSSAS E CONCEiTOS

[fig.31] Ilustração axonometrica do projeto. Autoria Própria [fig.32-33] Diagramas de conceito e programa de necessidades. Autoria Própria.

28

O diagrama a cima ilustra os principais conceitos para a criação do Complexo Criativo. Para a idealização: propor ambientes criativos que estimulem o fluxo de novas ideias incentivando a interdisciplinaridade, o compartilhamento de experiências e o aprendizado. Para a produção: oferecer infraestrutura para pesquisa, experimentação e produção possibilitando a materialização das ideias criativas. Para o networking: promover eventos que resultem na “efervescência artística” através da conectividade entre criadores, profissionais da cultura e patrocinadores, criando

e/ou reforçando redes de colaboração e parcerias estratégicas. Já para exposição: proporcionar infraestrutura que disponibilize espaços para exposições, feiras, performances, mostras – dentre outras atividades – que possa receber o publico local ou novos visitantes. Por fim, para geração de demanda: a partir da exposição das atividades, incentivar a participação da população através da oferta de cultura gerado por um programa diverso e dinâmico para que estes possam colaborar com a criação do espaço, prestigiar os talentos locais.

Giovanna Ribeiro


USOS E USUÁRiOS Juntamente com os conceitos estabelecidos para esse projeto, foi necessário mapear o perfil dos possíveis usuários desse novo espaço, classificando-os em quatro tipos principais: • Criadores Iniciantes, ou seja, os artistas emergentes que possuem interesse na arte e desejam fazer dela sua principal ocupação. • Criadores Experientes, aqueles que já têm a arte como principal ofício e gostariam de impulsionar o seu negócio se alinhando às novas exigências do mercado. • Usuários Recorrentes: o público que já reside no bairro Jundiaí ou proximidades e têm o costume de frequentar a praça

Abadia Daher. • Novos Usuários: a nova demanda, o público que será atraído pelos serviços oferecidos pelo projeto. A elaboração do programa de necessidades do Complexo Criativo surge como uma resposta a todas as análises já apresentadas, aos estudos de caso e a demanda dos usuários. Como resultado temos um programa multidisciplinar que atende não só a demanda da classe criativa que já vive da arte, mas também desperta o interesse de quem gostaria de de se inserir neste mercado, seja como criador ou consumidor.

Praça Interna Átrio

Convivência

Idealização Networking

Escritórios Salas de Consultoria Salas de Reunião

Auditório

PROGRAMA DE NECESSiDADES Demanda

Exposição

Mercado Cultural Café Livraria

Galeria de Arte

[fig.33]

Complexo Criativo

Produção

Ateliês Estúdios de Fotografia Laboratório de Informática Sala Multimídia Gráfica e Papelaria

29


PRAÇA E iMPLANTAÇÃO Para a implantação do edifício foi de suma importância considerar o espaço além do lote em que o mesmo está inserido, assim surge a necessidade de propor uma diretriz de projeto para a Praça Abadia Daher.

N

RUA SENADOR CANEDO

AV .S AN TO S

AV. MA TO GR O

DU M

SSO

ON T

01

RUA VITOR DE AZEVEDO

CASCATA

01. O primeiro diagrama mostra a situação atual da praça, para a intervenção foi importante considerar as potencialidades e as fragilidades deste equipamento, já citadas no estudo do lugar.

AV. PROFA. ZENAIDE RORIZ

RUA SENADOR CANEDO

02. Criação de um plano de massas prevendo os usos que serão mantidos na praça e também propondo novas atividades.

AV .S

AV. M

AN

TO S

ATO G

RO

DU M

ON

SSO

T

N

02

RUA VITOR DE AZEVEDO LAZER INFANTIL

PERMANÊNCIA

LAZER E CONTEMPLAÇÃO

CONTEMPLAÇÃO

USO FLEXIVEL

AV. PROFA. ZENAIDE RORIZ

RUA SENADOR CANEDO N

AV .S

AV. M

AN

TO S

ATO G

RO

DU M

ON

SSO

T

03

RUA VITOR DE AZEVEDO

AV. PROFA. ZENAIDE RORIZ

03. Intervenção na topografia - que possui um declive de 7 metros ao longo dos 263.5M de comprimento da praça (i=2,65%) - para que haja maior integração do edifício com o espaço urbano. Para isso foi criado platôs para acomodar o programa. Rua Vitor de Azevedo integra-se à praça privilegiando o fluxo de pedestre e limitando o acesso de veículos, o que facilita a circulação entre praça e edifício. A Rua Vitor de Azevedo e a calçada da Rua Profª Zenaide Rozir permanecem com a declividade natural do terreno.

RUA SENADOR CANEDO

AV .S AN

TO S

DU M

ON

AV. MA TO GR OS SO

T

N

Área de playground infanfil sobre deck

plinto para exposição de esculturas

RUA VITOR DE AZEVEDO

Espaço livre e flexível Bancos sob as árvores para permanência 30

AV. PROFA. ZENAIDE RORIZ

espelho dágua e esguichos dágua

[fig.34]

Giovanna Ribeiro


O EDiFÍCiO CONCEPÇÃO VOLUMÉTRiCA

Primeiramente foi criado um volume sólido determinado pelos limites do terreno.

[fig.34] Partido de projeto da praça. Autoria Própria [fig.35] Processo volumétrico do edifício . Autoria Própria.

Subtração de um volume central para praça interna.

Rasgos no volume para fluxo livre através do edifício.

Estrutura metálica que cobre todo o átrio. Volumetria final, com avances de quatro metros no 1° e 2° pavimentos deixam a forma menos rígida.

[fig.35]

Complexo Criativo

31




IMPLANTAÇÃO GERAL 34

Giovanna Ribeiro


M 40

60

N

0

Complexo Criativo

20

35


03

01

02 04

SUBSOLO (2816m²) 01- Estacionamento 02 - Circulação 03- Reservatório Inferior 04- Praça Rebaixada 05- Mercado Cultural Acessos Pilares

36

O subsolo acomoda três principais usos: o estacionamento com 44 vagas, onde é possivel também acessar o reservatório inferior do edifício; O Mercado Cultural, que possui unidades modulares de estandes de vendas para que os produtores criativos possam expor seus produtos; E uma praça rebaixada, que possui acesso ao estacionamento e torna-se uma extensão do Mercado Cultural. Esta praça foi criada com a intenção de trabalhar a espacialidade do edifício verticalmente,

M 0

01

05

15

criando mais espaços de convivência e permanência através de um desenho dinâmico. O subsolo pode ser acessado pela caixa de elevador e escada no estacionamento, pelas escadas-arquibancadas e escadas rolante na praça rebaixada, ou também pelas escadas do Mercado Cultural. Na perspectiva ao lado é possível ter a percepção do observador que encotra-se na escada-arquibancada.

Giovanna Ribeiro

N

PLANTA DO SUBSOLO

05


Complexo Criativo

37


projeção do 2° pavimento

A

03 C

projeção da escada

02 06 04

B

05

B

projeção do mezanino

01

C

A

projeção do 2° pavimento

M 0

01

05

15

N

PLANTA DO PAVIMENTO TÉRREO PAV. TÉRREO (1621m²) 01- Café Livraria 02- Recepção 03- Auditório 04- Átrio 05- Praça Rebaixada 06- Mercado Cultural Acessos Pilares

38

Giovanna Ribeiro


A

C

02

02

08 09

09

09 07

04

06

06

07

06

09

06

02

03

B

B

05

05

05

01

02

A

02

C M 0

01

05

15

N

PLANTA DO PRIMEIRO PAVIMENTO

PRIMEIRO PAV.(3111.5m²) 01- Galeria de Arte 02- Ateliê 03- Gráfica 04- Lab. Informática 05- Escritório 06- Consultoria 07- Reuniões 08- Praça Interna 09- Workshop Pilares

Complexo Criativo

39


A

C

02

02

06

05

03

06

07

06

06

07

05

04 02

B

B

02

01 02

02

A

C M 0

01

05

15

N

PLANTA DO SEGUNDO PAVIMENTO SEDUNDO PAV. (1567m²) 01- Galeria de Arte 02- Ateliê 03- ADM 04- Sala Multimidia 05- Estúdio de Fotografia 06- Consultoria 07- Reuniões Pilares

40

Giovanna Ribeiro


ESTRUTURA

A 01

02 03 04

DETALHE FACHADA VENTiLADA - SEM ESCALA

B 01 02

03 04 05

A - COBERTURA A01 - argila expandida A02 - camada de proteção mecânica A03 - camada de impermeabilização A04 - camada de regularização B - ESTRUTURA B01 - pilar de concreto Ø 30cm B02 - fechamento em alvenaria B03 - laje nervudada B04 - gancho metálico B05 - forro de gesso C - FACHADA VENTILADA C01 - isolamento térmico C02 - parafuso autorroscante C03 - perfil de guia contínua C04 - âncora de fixação C05 - quadrado para base e fechamento C06 - parafuso autorroscante C07 - quadrado para união dos parafusos ao montante C08 - parafuso autorroscante C09 - base de proteção

C 01 02 03 04 05 06 07 08 09

CORTE DE PELE SEM ESCALA

Complexo Criativo

DETALHE FACHADA VENTiLADA SEM ESCALA

41


CiRCULAÇÃO A circulação do edifício foi pensada de forma a facilitar ao máximo o percurso do usuário dentre os direrentes pavimentos e usos da edificação seguindo a dinâmica do espaço. Daremos destaque à circulação vertical sendo elas: A caixa de elevador e ecadaria que permite acesso a todos os pavimentos do edifício desde o subsolo até o segundo andar. A grande escadaria que parte do átrio do edifício e se conecta até o ultimo pavimento possui também valor estético na composição da volumetria e destaque nesta espacialidade.

O Café Livraria e o Mercado Cultural possuem circulações próprias uma vez que estes usos acontecem em mais de um pavimento. A praça rebaixada pode ser acessada por meio de escada rolante ou pela escada-arquibancada. Sobre a circulação horizontal nos pavimentos superiores, o programa foi articulado no espaço a partir dos largos corredores que se voltam ao átrio, que possibilitam não apenas acessos fluidos aos ambientes mas também maior interação entre espaços a partir da permeabilidade visual.

CORTE BB

+16,72

+12,24

+8,16

0,0

- 3,23 M

42

0

1

5

10

Giovanna Ribeiro


CORTE AA

+16,72

+12,24

+8,16

-1,08 - 3,78

M 0

1

5

10

CORTE CC

+16,72

+12,24

+8,16

0,0

- 3,23 M 0

1

5

Complexo Criativo

10

43


MATERiALiDADE Quanto a materialidade, para o revestimento da fachada foi escolhido chapas do material ALUCOBOND com acabamento metálico porém sutil. Painéis composto de alumínio não inflamável com núcleo abastecido de lã mineral. Este material é resistente a impactos, intempéries, rupturas, não é inflamável e é completamente reciclável. Para as aberturas, o sistema de vidro duplo termo acústico (ou insulado), constitu-

ído pela combinação entre dois vidros de propriedades diferentes, aproveitando as características de cada um. As laminas de vidro espaçadas por um perfil de alumínio, preenchido por sílica, que faz a junção dos vidros e impede que não fiquem embaçados. Entre as lâminas de vidro há um gás ou ar desidratado. Sua vantagem é o controle solar, térmico e acústico, que depende da características dos vidros escolhidos para esses sistema.

FACHADA LESTE

44

Giovanna Ribeiro


FACHADA OESTE

TELHA PERFURADA E VIDRO LEITOSO

PAiNÉiS EM ALUMÍNiO

Quanto as aberturas da a fachada oeste, foi escolhido o vidro perfilado, também conhecido como UGLASS, que é amplamente utilizado em aplicações industriais, vãos de escadas e fachadas de edifícios. A variedade de dimensões e tipologias permite a colocação deste tipo de soluções em praticamente todo o tipo de aplicações, pois, a possibilidade de temperar estes

Complexo Criativo

ViDRO U-GLASS

ViDRO DUPLO COM ESQUADRiA EM ALUMÍNiO

vidros em conformidade com a norma EN 12150 permite ao produto ser considerado de segurança. Para cobertura, uma pele metálica com perfurações para barrar a entrada direta do sol, garantindo iluminação natural filtrada juntamente com fechamento em vidro translúcido ( Channel Glass), reduzindo a necessidade de luz artificial.

45


46

Giovanna Ribeiro


REFERÊNCiAS BiBLiOGRÁFiCAS MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. 2. ed. Coleção Quapá. São Paulo: Edusp, 2003. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. VAZ S. J., Henrique de Lima. Cultura e universidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1966. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1989. LARAIA, Roque. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. REIS, Ana Carla Fonseca. Cidades Criativas: Análise de um conceito em formação e da pertinência da sua aplicação à cidade de São Paulo. Tese de Doutorado, 2011. MINISTÉRIO DA CULTURA. Plano da Secretaria da Economia Criativa. Brasília: Ministério da Cultura, 2012. LANDRY, Charles. The creative city: a toolkit for urban innovators. 2° ed. London: Earthscan, 2008.

Complexo Criativo

47


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.