ESCOLA MORRO DO OURO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GIOVANNA DUARTE ALMEIDA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ESCOLA
MORRO DO OURO
POR
GIOVANNA DUARTE ALMEIDA SOB ORIENTAÇÃO DE
PROFESSORA DOUTORA SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
4
GIOVANNA DUARTE ALMEIDA
ESCOLA
MORRO DO OURO BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Solange Maria de Oliveira Schramm ORIENTADORA DAU-UFC
Prof. Dr. Francisco Ricardo Cavalcanti Fernandes CONVIDADO DAU-UFC
Arquiteta Clélia Leite Carvalho CONVIDADO
Fortaleza, 20 de dezembro de 2017.
AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família, minha primeira escola, que me ensinou a lutar pelos meus sonhos. De modo especial a minha avó, Maria Augusta, pelo cuidado que teve com minha formação e pela lembrança constante de que a educação é a minha herança e a única consquista que ninguém pode me tirar. Agradeço aos meus pais, Geovanne e Cristiane, pelo carinho e atenção que alimentaram meu estado físico e emocional. Agradeço também à Rita de Cássia, minha mãe de coração, que cuidou de mim me mostrou que o amor brota nos momentos mais sutis e simples da vida. Agradeço ao meu namorado, Leonardo, e à minha irmã, Ana Karla, por serem meus maiores amigos que me acolheram no meu cansaço e me reanimaram com carinho e atenção. Agradeço à minha orientadora, Solange Schramm, pelos conhecimentos e discussões que tanto enriqueceram esse trabalho; pela dedicação e disposição que me deram forças para seguir; e pelo ensinamento de que a arquitetura é capaz de transformar a vida. Agradeço aos meus colegas de curso, de modo especial à Cibele, Lorena, Manuela e Michaela, que tornaram minha trajetória acadêmica mais leve ao serem parceiras não só de trabalhos, mas de dores, de alegrias e de conquistas. Por fim, agradeço à todas as crianças e educadores que não desistem do sonho de construir um mundo mais justo, igualitário e acima de tudo, feliz.
7
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO
11
1. EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS AO LONGO DA HISTÓRIA 1.1. PRIMÍCIAS DA EDUCAÇÃO NO MUNDO 1.2. PERSPECTIVAS EDUCACIONAIS MODERNAS 1.3. PEDAGOGIAS E ARQUITETURA ESCOLAR NO BRASIL 1.4. ESCOLA OU PRISÃO? UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA
13 15 17 19 23
2. CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA E SOCIAL 2.1. O BAIRRO JACARECANGA 2.2. O TERRENO 2.3. A PREEXISTÊNCIA DE UMA ESCOLA 2.4. LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA
27 31 35 39
3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1. COLÉGIO GERARDO MOLINA 3.2. MONTESSORI SCHOOL 3.3. CEU PIMENTAS
43 45 47
4. A ESCOLA MORRO DO OURO 4.1. JUSTIFICATIVA E PARTIDO 4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E ÍNDICES URBANÍSTICOS 4.3. MEMORIAL DESCRITIVO
51 53 55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
61
BIBLIOGRAFIA
63
ANEXOS
9
APRESENTAÇÃO A educação como resultado e processo de construção de uma sociedade é constantemente revisada em seus modelos pedagógicos. Assim, a arquitetura escolar, como componente físico dos sistemas educacionais, também está passível a revisões e experimentações em sua concepção. Os modelos tradicionais de ensino focam apenas no componente quantitativo: o número de escolas e alunos matriculados e/ou o número de aprovações, por exemplo, e negligenciam o lado qualitativo: a formação do ser humano como indivíduo e como membro de uma sociedade. Em Fortaleza, esse modelo de ensino ainda é muito presente em escolas públicas e particulares e se espelha em construções escolares que se fecham à cidade e ao contexto local, com muros altos, pátios pequenos e salas de aula herméticas, padronizadas e padronizantes. A escolha do tema da arquitetura escolar surge, portanto, de uma inquietação pessoal com o atual padrão das construções escolares e de uma convicção de que o edifício pode ser um elemento transformador do ambiente urbano e, consequentemente, da sociedade em que se insere. Para a elaboração do espaço, porém, a presente proposta não se limitou a um tipo específico de pedagogia de ensino, mas se extraiu alguns elementos importantes das arquiteturas voltadas a pedagogias modernas para o espaço ser flexível. Partindo dessa compreensão, buscou-se possíveis terrenos na cidade que demandassem não só um edifício escolar mais criativo e inclusivo, mas também que necessitassem de uma renovação na escala urbana. Escolheu-se um terreno no bairro Jacarecanga, próximo à comunidade do Morro do Ouro e do riacho Jacarecanga, em um contexto urbano carregado de questões patrimoniais: edificadas, ambientais e sociais. A visita ao terreno confirmou essa necessidade e a correta escolha do local, aflorando o desejo de propor para a localidade o objeto produto desse trabalho: a Escola Morro do Ouro, uma escola de ensino fundamental integrante e integradora da paisagem. Os principais objetivos do projeto são: • Produzir uma arquitetura escolar inclusiva, lúdica e criativa que atenda às necessidades locais e regionais e que esteja adequada às faixas etárias abrangidas pela instituição; • Promover a integração do edifício com a comunidade do Morro do Ouro através de uma arquitetura que atenta à escala urbana e que contribua para construir a identidade local; • Valorizar o riacho Jacarecanga como patrimônio histórico e ambiental, através da proposição de projeto na escala urbana para o entorno da escola e anunciar uma proposta de parque linear na extensão do riacho, considerando a possibilidade de sua despoluição e recuperação do seu ecossistema. Portanto, o presente trabalho pretende ser capaz de ir além de uma nova experimentação arquitetônica escolar, mas de ser um elemento integrado com o ambiente, capaz de colaborar no processo de requalificação urbana e ambiental do bairro Jacarecanga.
11
1
EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS AO LONGO DA HISTÓRIA
1.1. PRIMÍCIAS DA EDUCAÇÃO NO MUNDO
A educação surge desde o princípio da história do homem como uma prática transmissiva de seus valores culturais e acúmulo do conhecimento da sociedade. Assim, conhecer a história da educação e do pensamento pedagógico, ainda que brevemente, se faz essencial para compreender como surgiu o atual contexto da prática educativa e, com uma visão mais crítica, poder transformá-lo. Essa transformação pode ser do próprio pensamento pedagógico ou, como, no caso do presente trabalho, da produção arquitetônica que contribua para o processo educacional no contexto social contemporâneo. A primeira manifestação humana com viés educacional surge nos clãs dos homens primitivos, de forma prática, baseada na imitação e na oralidade. A inserção do homem em determinado clã, feita através de ritos de iniciação, fundamentavamse em uma concepção de mundo sobrenatural e animista1. A sociedade egípcia, contudo, é a primeira a criar “casas de instrução”, com ensino de leitura, escrita, astronomia, história dos cultos, música e medicina. Essa forma de ensino visava a educação das classes dominantes sobre o comportamento e moral do poder. Já a sociedade hebraica, com sua educação, rígida e minuciosa desde a infância, utilizava de métodos de repetição e revisão, uma espécie de catecismo que pregava o temor à Deus e obediência aos pais. Esses métodos são repassados na sociedade ocidental através da influência do cristianismo. Na sociedade grega, considerada berço da cultura ocidental, a educação era pautada no desenvolvimento filosófico, moral e físico do ser
1
humano. Essa educação era destinada somente aos cidadãos gregos (havia uma proporção de 17 escravos para cada cidadão) – homens livres que não tinham preocupações materiais ou com trabalho com o comércio e a guerra. Através desse breve panorama das sociedades, pode-se constatar que a educação estava ligada diretamente a manutenção da hierarquia social, como constata Gadotti (1997, p. 23):
<Fig. 1> Um grupo de discípulos estuda uma lição com seu mestre, que lê (repare nos olhos de todos: tanto os do professor quanto os dos estudantes fixam atentamente os livros abertos). Iluminura do século XIII (Bibliothèque SainteGeneviève, Paris, MS 2200, folio 58).
Essas doutrinas pedagógicas se estruturaram e se desenvolveram em função da emergência da sociedade de classes. A escola, como instituição formal, surgiu como resposta à divisão social do trabalho e ao nascimento do Estado, da família e da propriedade privada.
Em Roma se tem a primeira intervenção estatal para a educação da nobreza e manutenção do império, mas é na Idade Média que surge a escola como um espaço físico destinado ao ensino. Com a ascensão do cristianismo como religião oficial
1. De acordo com Gadotti (1997), animista é a crença de que todas as coisas, vivas ou não, possuíam uma alma semelhante a do homem. 15
do império a partir do reinado de Constantino (século IV), a escola torna-se um aparelho disseminador da ideologia do Estado. Havia uma educação catequética e dogmática para o povo e uma educação teológica, humanista e filosófica para o corpo clerical. Ainda que com forte influência religiosa, os mosteiros e escolas episcopais são os principais centros de educação do período. O uso do espaço, porém, era restrito a poucos alunos, como futuros sacerdotes ou um pequeno grupo de funcionários da corte. Um fato importante da Idade Média foi o surgimento das universidades, como a de Oxford e Paris. O surgimento da universidade foi a primeira organização educacional liberal da Idade Média, permitindo a burguesia a participar de um privilégio antes destinado somente a nobreza e ao clero. A ascensão da burguesia contribui para diversas transformações na Europa renascentista. O comércio é impulsionado pelas grandes navegações do século XIV, surge a imprensa e a reforma religiosa de Lutero colabora para um novo momento da pedagogia. A alfabetização torna-se mais acessível à população e a escola passa para o controle do Estado em países protestantes, ainda que esse ensino tivesse base religiosa. Como resposta a esse movimento, a Igreja Católica reagiu com o Concílio de Trento e com a formação da Companhia de Jesus. Os jesuítas surgem com uma organização educacional destinada as classes burguesas, com o objetivo de converter os hereges e reestabelecer a obediência católica. O controle rigoroso no ensino jesuítico previa até a forma de posicionar as mãos, por exemplo, para evitar a independência do ser. Apesar, da contrarreforma católica, o crescente interesse do homem renascentista nas artes e nas ciências permitiram uma maior sistematização das formas de investigação do mundo. Em 1637, René Descartes publica um importante livro chamado o Discurso do Método, discorrendo sobre o passoa-passo de uma metodologia de investigação, pesquisa e estudo. Vinte anos depois da publicação de Descartes, Comênico, pedagogo e educador tcheco, publica a Didática Magna (1657), método pedagógico para ensino com rapidez e economia de tempo. Comênico é considerado um dos maiores reformadores da educação moderna ao reconhecer a todos – homens e mulheres, o direito de ter um ensino elementar. Ele também propõe uma organização sistemática do ensino compreendido 24 anos e divididos em 4 períodos: a escola materna (0 à 6 anos), a escola elementar (6 à 12 anos), a escola latina (12 aos 18 anos) e a academia ou universidade (18 aos 24 anos). Sua proposta de ensino enfatizava a interdisciplinaridade e o fortalecimento da família como base da educação do ser. Esse novo pensamento tinha rebatimentos nas necessidades espaciais, demandando uma escola arejada, com espaços livres e contato com a natureza, favorecendo, principalmente nos primeiros anos, um processo de educação sensorial. O resgate do papel central entre política e escola, no século XVIII, por Jean-Jacques Rousseau, é considerado um marco na história dando início a uma nova forma de escola. Apesar de não ser pedagogo, ele é o primeiro a centralizar a criança no contexto educacional. Para Rousseau, a criança deve ser vista como um ser humano com uma visão de mundo própria e não como um adulto em miniatura. Ele enfatiza a necessidade de um ensino humanitário e a mudança do papel do professor, para orientador do processo de aprendizagem.
16
1.2. PERSPECTIVAS EDUCACIONAIS MODERNAS
No século XX, o período da primeira e da segunda guerra mundial trouxe consigo uma revisão, por parte de filósofos, sociólogos e pedagogos, de vários aspectos da formação humana. Diversas pedagogias com visões de ensino que priorizavam a formação crítica do indivíduo surgem como alternativas ao método tradicional, que priorizava uma educação pela obediência e pela repetição. John Dewey foi um dos primeiros teóricos a fazer essa crítica a educação tradicional e propagar uma nova visão da escola, como ambiente de mudança social e aprendizado de acordo com as experiências do indivíduo. As pedagogias que merecem destaque por relacionarem a importância do papel da arquitetura na educação foram listadas de forma sucinta na tabela a seguir:
<Tabela 1> Relação entre algumas pedagogias modernas e sua arquitetura correspondente.
PEDAGOGIA
MONTESSORI
MICAEL WALDORF
REGIO EMILIA
TEÓRICO
Maria Montessori
Rudolf Steiner
Loris Malaguzzi
RESUMO DOS FUNDAMENTOS
Harmonização das forças espirituais e racionais do ser humano;Educação da vontade e da atenção;
Antroposofia; Ser humano compreendido em três aspectos: físico, anímico e espiritual; integração da criança com a sociedade; Forte ligação e respeito com o meio ambiente; Abstração das artes desde o início da formação.
NECESSIDADES ESPACIAIS
Mobiliário e objetos na escala da criança; Valorização dos espaços em comum para desenvolvimento coletivo; Salas amplas, com apenas o essencial e mobiliário que não atrapalhe a disposição.
Arquitetura orgânica feita com materiais naturais; adaptação às condições climáticas sem uso de recursos artificiais; valorização de espaços coletivos: horta, quadra, espaços artísticos e espaços livres.
REFERÊNCIA PROJETUAL
Escola Apollo – Herman Hertzberger
Escola Trem Amarelo Biome Environmental Solutions
Desenvolvimento intelectual, social, moral e emocional da criança; Aprende-se com experiências reais de seu próprio interesse e pesquisas; Papel do adulto: reconhecer potencialidades individuais; aprendizado com todo o corpo – exploração dos sentidos. Ateliês e salas de música; espaços contínuos e rico em materiais para exploração; conexão com a cozinha como ambiente de ensino; diversidade de pés-direitos e desníveis para diversas perspectivas; espaços de exposição para crianças e familiares. Centro Internacional Loris Malaguzzi
17
<Fig. 2> Sala de aula da Escola Waldorf Trem Amarelo; <Fig. 3> Relação dos espaços comuns da Escola Montessoriana Apollo - Herman Hertzberger; <Fig. 4> Ateliê de estudos do Centro Internacional Loris Malaguzzi. 2
3
4 18
1.3. PEDAGOGIAS E ARQUITETURA ESCOLAR NO BRASIL Esse movimento de reforma na educação, muito presente no contexto europeu e norte-americano, logo propagou-se pelo mundo e novas perspectivas da questão da educação se desenvolveram. No Brasil, dois grandes teóricos da educação se destacam nesse contexto, com pedagogias que reconheciam uma nova concepção de espaço de ensino: Anísio Teixeira (1900-1971), com a proposta das Escolas-Classe Escola-Parque, e Darcy Ribeiro (1922-1997), com o projeto pedagógico dos Centros Integrados de Ensino Público (Cieps). As visitas de Anísio Teixeira entre 1927 e 1929, na condição de Diretor da Diretoria Geral de Instrução da Bahia, às escolas estadunidenses e o contato com a teoria filosófica de Dewey são fundamentais para o desenvolvimento das Escolas Classe Escola Parque. No período, empregava-se o sistema “Platoon” que admite a racionalização do espaço com seu uso de forma integral aliado a uma diversidade no ensino, enriquecendo o processo de aprendizagem e atendendo as necessidades da era moderna. Esse ensino tinha 7 grandes pilares de organização: o ensino fundamental, o uso das horas de lazer para atividades estimulantes, disponibilidade de atividades higiênicas e de saúde, integração e socialização das atividades escolares nos auditórios, atividades vocacionais, ciências com disponibilidade de laboratórios e atividades especiais que se desenvolvem em bibliotecas, refeitório e clínica. Após a Revolução de 30 no Brasil, com o antigo distrito federal - o Rio de Janeiro - sob a administração de Pedro Ernesto, Anísio Teixeira torna-se Secretário Geral de Educação e Cultura e tem a oportunidade de fazer seu primeiro planejamento escolar. Nesse contexto, ele pôde aplicar o método pedagógico “Platoon” em 28 escolas da rede de ensino municipal. Esse desenvolvimento de um novo planejamento é interrompido pela renúncia ao cargo de secretário por motivos políticos. Nos anos 50, já como Secretário de Saúde e Educação da Bahia, Anísio Teixeira inaugura sua maior realização: a Escola-Classe Escola-Parque Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Ver Fig. 6 e 7), de autoria do projeto arquitetônico de Hélio Duarte e Diógenes Rebouças. Esse modelo experimental de educação primária se insere em um bairro precário de Salvador, o bairro da Liberdade, e <Fig. 5> Croquis das escolas-classe (1948), em São Paulo, de Hélio Duarte.
5 19
<Fig. 6> Esquema do Centro Educacional Carneiro Ribeiro; <Fig. 7> Escola-parque ou Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, de Diรณgenes Rebouรงas;
6
7
20
visa atender as crianças da região em tempo integral, oferecendo além do ensino básico, um complemento com aulas de artes, música, dança e educação física. A filosofia da escola é de oferecer para o indivíduo uma experiência da vida em sociedade, com atividades diversificadas e senso de responsabilidade por suas ações. A organização física das escolas-classe escola-parque seria de 1 escola-parque para 4 escolas-classe. A escola-classe abrange as atividades de ensino básico, enquanto a escola-parque contém um pavilhão de trabalho, ginásio, pavilhão de atividades sociais, teatro e biblioteca. Assim, esse modelo proporciona um prolongamento do dia letivo e enriquece o programa educacional, tronando o papel da criança mais ativo no processo de aprendizado. Nos anos 80, o conceito de escola integrada de Anísio Teixeira é retomado por Darcy Ribeiro através dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) durante o governo de Leonel Brizola, no estado do Rio de Janeiro. O conceito principal era de edifícios escolares de qualidade equivalente e com um projeto pedagógico único, dentro de uma organização escolar padronizada. O objetivo era garantir o ensino de qualidade em áreas carentes do estado. A escola era de tempo integral com refeitório de capacidade para 200 pessoas garantindo as 3 refeições diárias. Os CIEPs contavam também com atendimento médico e odontológico. Durante os finais de semana, a escola era aberta a comunidade nos espaços da quadra, biblioteca e consultórios. Com projetos de Oscar Niemeyer, os CIEPs são concebidos com base em três edificações principais: o Prédio Principal, o Salão Polivalente e a Biblioteca. O Prédio Principal tem três pavimentos ligados por uma rampa. No térreo se concentram o pátio principal, o refeitório e o centro de atendimento médico, nos andares superiores se concentram as salas de aula e a administração. O Salão Polivalente contém a quadra poliesportiva, vestiários e depósito. Já o bloco da Biblioteca concentra o acervo e espaços de consulta. A solução estrutural adotada é feita com concreto pré-moldado em usina para uma rapidez e economia na <Fig. 8> Imagem aérea de um CIEP no modelo de Oscar Niemeyer. Nota-se os três blocos principais bem definidos.
8 21
<Fig. 9> CEU Vila Atlântica. Em destaque o volume circular da creche e o volume retangular de salas de aula.
9
construção. O primeiro, inaugurado em 1985, recebeu o nome de CIEP Tancredo Neves, no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. A seguir, um trecho de uma entrevista com Oscar Niemeyer sobre os CIEPs transcrita no livro de Darcy Ribeiro (1986): Começarei dizendo se tratar de um projeto revolucionário, sob o ponto de vista educacional. Escolas que não visam apenas como as antigas - a instruir seus alunos, mas sim dar um apoio efetivo a todas as crianças do bairro. E isto explica serem, no térreo, para elas abertos aos sábados e domingos, ginásio, gabinete médico, dentário, biblioteca etc. Daí a dificuldade de utilizar as velhas escolas vão sendo remodeladas - pois não foram projetadas para esse programa. (RIBEIRO, 1986).
Nos anos 2000, durante o governo de Marta Suplicy para a cidade de São Paulo, foram construídos os Centros Educacionais Unificados (CEUs), com projetos básicos elaborados pelos arquitetos Alexandre Delijaicov, André Takiya e Wanderley Ariza. Sua tipologia é de blocos interligados por marquises dispostos de acordo com a forma do terreno. Parte do mesmo conceito de qualidade e agilidade de construção dos CIEPs, ambos inspirados na Escola-plasse Escolaparque de Anísio Teixeira. Os CEUs são estruturas de grande porte, com capacidade para 2400 alunos. São compostos por um bloco cilíndrico para creche, um bloco retangular para ensino infantil e fundamental, um edifício com teatro e quadra poliesportiva e ainda um conjunto de três piscinas. Construídos nas áreas mais carentes de São Paulo, próximo à córregos, os CEUs buscam valorizar os recursos hídricos antes esquecidos na cidade. Também têm a função de resgatar o valor urbano-social em contextos precários e sem lazer, abrindo aos finais de semana para usufruto da comunidade.
22
1.4. ESCOLA OU PRISÃO? UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA As relações de poder na sociedade são refletidas na limitação do uso dos espaços controlados pelos usuários dominantes e na naturalização da situação imposta aos dominados. O modelo de escola que tem sido produzida se enquadra nesse perfil limitador de usos na medida que o adulto controla a disposição da criança no espaço, seja por meio da construção da autoridade do professor e ou pela imposição de uma arquitetura pouco diversa e criativa. Em muitos casos, no campo da produção arquitetônica escolar pública, devido a intenções econômicas, se produz espaços precários na sua concepção, padronizados e padronizadores de seus usuários. Até o séc. XVIII, na Europa, as crianças viviam na rua em meio aos adultos: a rua era o lugar de todos. As casas, pequenas e de muitos ambientes coletivos, não tinham espaços de permanência individualizados. A partir da Era Vitoriana, começou a haver uma reorganização dos espaços na cidade por imposição do estado. As recreações da classe trabalhadora começaram a ser controladas pela polícia e a rua passa a ter uma função mais tradicional da forma urbana, como espaço de circulação. A criança sai desse contexto urbano e é direcionada para espaços como creches, casas, abrigos, escolas e fábricas, de acordo com seu nível social e sua faixa etária. Na cidade moderna, crianças das camadas populares e moradoras de assentamentos precários, devido a necessidade básica de habitação, não têm espaços livres para desenvolver suas atividades. O espaço escolar tradicional revela essa relação de poder ao se aproximar de um esquema de espaço prisional. Até o final do século XIX, os espaços destinados à educação elementar ainda se serviam de cantos do castigo, cátedra do professor, estrado alto e filas de carteiras sem encosto. Condições repressivas que conduzem a uma obediência pelo medo e padronização do indivíduo, exigência de uma sociedade industrial. Atualmente, sirene para a entrada e saída de salas de aula, portas com visores altos na altura da visão somente do adulto (panoptismo), poucas e pequenas aberturas para controle de possíveis distrações, carteiras organizadas em filas indianas com foco somente no professor (o aluno não tem voz nessa estrutura), corredores e escadas estreitas para formação de filas são só alguns exemplos dessa produção opressiva e controladora ainda observada em escolas do século XXI. Para o adulto o ato de brincar é uma atividade sem valor e dispersiva de atenção, excluída da sala de aula. Para a criança, pelo contrário, a brincadeira é um ato sério onde se deposita toda a sua atenção e interesse. Portanto, a brincadeira e a ludicidade do ambiente construído pode ser direcionada ao aprendizado. Os espaços devem ser incompletos para serem preenchidos pela criatividade e curiosidade da criança.
<Fig. 10> Croquis com representação esquemática dos modelos tradicionais e novos padrões de sala de aula na arquitetura. (página seguinte)
23
10 24
2
CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA E SOCIAL
2.1. O BAIRRO JACARECANGA O bairro Jacarecanga se localiza à Oeste da cidade de Fortaleza. Limitado a Oeste pelo bairro Pirambu e Carlito Pamplona; a Sudoeste pelo bairro Monte Castelo; a Sul pelo Farias Brito; a Leste pelo Centro e Moura Brasil e a Norte pelo Oceano Atlântico. Além do Oceano Atlântico, um dos principais recursos hídricos do bairro é o Riacho Jacarecanga, situado no sentido norte-sul e atualmente canalizado. Há diversas especulações em relação ao nome do bairro. A mais conhecida definição da palavra Jacarecanga aparece no livro Iracema, publicado em 1865, com a seguinte descrição elaborada por José de Alencar (1977, p. 74): “Distante da cabana, se elevava à borda do oceano um alto morro de areia; pela semelhança com a cabeça do crocodilo o chamavam os pescadores de Jacarecanga”. Em meados do século XIX, assim como descreve José de Alencar, o riacho Jacarecanga era conhecido por ser uma leito de águas tranquilas, utilizadas por pescadores. Ainda no final do século XIX, a Estação Central da Estrada de Ferro Baturité é instalada no centro da cidade, de onde partiam percursos de trilhos que cruzavam o bairro Jacarecanga. A partir das primeiras décadas do século XX, quando a aristocracia fortalezense se desloca do Centro para o Jacarecanga, a região passa por um processo de “embelezamento” do seu entorno com a construção de palacetes e casarões, e o riacho passa a ser navegado para fins de lazer pela elite. Nesse período também são construídas edificações de importância religiosa e educacional como o Instituto Bom Pastor, inaugurado em 1925 e o Liceu do Ceará, com sede inaugurada em 1937. O Liceu do Ceará é um elemento chave da região que colabora como espaço para o surgimento do movimento literário da Padaria Espiritual, no fim do século XIX, e com um protagonismo da juventude
<Fig. 11> Localização do bairro Jacarecanga na cidade de Fortaleza.
11
27
<Fig. 12> Praça de acesso à Comunidade Morro do Ouro. <Fig. 13> Mapa geral das Instituições e escolas existentes atualmente no bairro. (página seguinte)
28
12
durante o período que antecede o Golpe Militar de 1964, com ações grevistas e organizações do movimento estudantil. A partir da década de 1940, começam a se instalar as primeiras fábricas na região ao longo da estrada de ferro. Essa transformação no uso ocasionou uma mudança no perfil social do bairro que, antes com uma população elitizada, passa a se diversificar com os moradores das recém-formadas vilas operárias (como a Vila São José, associada a Fábrica de Redes São José). É na década de 40 que surge também a comunidade do Morro do Ouro (Ver Fig. 12), favela formada no contexto pós-seca de 1930, em que uma grande leva de migrantes vêm do sertão para a capital em busca de oportunidades para sobrevivência. Nos anos 60, as condições precárias dos moradores da favela do Morro do Ouro são denunciadas em formato teatral através da comédia dramática “O Morro do Ouro” do dramaturgo cearense Eduardo Campos. O espaço descrito na peça teatral é precário, com cenários insalubres, e os papéis sociais dos personagens, como a prostituta Madalena e o contrabandista Zé Valentão, evidenciam a condição de isolamento, social e urbano, do lugar. A chegada de indústrias na região conduz a um outro problema, de cunho ambiental, que é a poluição do riacho Jacarecanga. O recurso hídrico deixa de ser um lugar navegável e de lazer e passa a segundo plano no contexto urbano como fundo de lote das indústrias, espaço perigoso e poluído. Essa degradação do riacho se acentua com a canalização e com a instalação de muros em vários trechos. Todas essas transformações ocorridas ao longo do tempo contribuem para a grande importância do bairro no contexto da cidade. O forte caráter educacional, desde a implantação do Liceu do Ceará, até o surgimento do Colégio do Corpo de Bombeiros, da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI e, atualmente, da instalação de novos núcleos do campus da Faculdade Metropolitana – FAMETRO, acentuam a importância da renovação educacional. (Ver Fig. 13)
PIRAMBU OCEANO ATLÂNTICO
CARLITO PAMPLONA
1 MOURA BRASIL
CENTRO
1
4
2
3 3 1
2
3
2 MONTE CASTELO
MOURA BRASIL
13
INSTITUIÇÕES
SEMI-PÚBLICO/PRIVADO
ESC.: 1/10.000
PÚBLICO
1
ESCOLA DE APRENDIZES DE MARINHEIROS
1
COLÉGIO DO CORPO DE BOMBEIROS
1
EMEF PAULO PETROLA
2
LAR TORRES DE MELO
2
CENTRO ESCOLAR LUCILENE FALCÃO
2
LICEU DO CEARÁ
3
CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO CEARÁ
3
FACULDADE METROPOLITANA - FAMETRO
3
CRECHE AMADEU BARROS LEAL
4
ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS THOMAZ POMPEU
ÁREAS COMUNIDADE MORRO DO OURO
TERRENO ESCOLHIDO
SOBRINHO
29
2.2. O TERRENO ESCOLHIDO A premissa de que a arquitetura deve ser pensada desde sua origem a partir do lugar foi fundamental. Foram levantados vazios urbanos pela cidade e somente com a definição do lugar através de uma análise de potencial, pode-se dar início ao pensar arquitetônico. O terreno escolhido para o projeto se localiza entre a Rua Carneiro da Cunha e a Avenida Francisco Sá (Ver Fig. 13), próximo ao riacho Jacarecanga e a comunidade do Morro do Ouro. Está inserido em uma área com forte caráter educacional, com ascensão do ensino superior. No contexto existem os seguintes equipamentos educacionais de caráter público: 1 creche, 1 escola de ensino fundamental, 1 escola de ensino médio, além de equipamentos educativos extracurriculares como a escola de artes e ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho e o SENAI. De caráter particular, existem: 2 escolas de ensino infantil e núcleos do campus da Faculdade Metropolitana – Fametro. Outro elemento importante nas proximidades é o Lar Torres de Melo, um centro de referência de atendimento e
<Fig. 14> Mapa com a delimitação do terreno e da área de abrangência da intervenção.
14
AVEN
IDA F
RAN
CISC
O SÁ
RUA CA
RNEIRO
RUA JÚLIO
AVEN IDA F ILOM EN
O GO
MES
RUA ANTÔNIO BANDEIRA
CAR UAÇ U
RUA ADRIANO MARTINS
TAHY JOSÉ JA AVENIDA
RUA
DA CUN H
A
PINTO
ESC.: 1/5.000 TERRENO ESCOLHIDO ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA INTERVENÇÃO
31
acolhimento de pessoas idosas. Atualmente o terreno compreende um estacionamento da Fametro e uma construção abandonada de uma antiga fábrica de produtos agropecuários. Além da área da quadra de implantação da escola, foi escolhido uma área de abrangência da intervenção que extrapola o terreno devido à importância de uma requalificação também na escala urbana. Essa área de abrangência compreende 2 quadras que engloba o riacho, o terreno escolhido, o terreno da escola existente e a praça existente. Para esse espaço, escolheu-se fazer um masterplan para evidenciar as potencialidades urbanísticas do local. A implantação de uma escola pública de ensino fundamental no terreno escolhido parte de um desejo de valorizar a história e o lugar e reconectar, através da educação, o rio, a favela e a cidade.
<Fig. 15> Em primeiro plano está o riacho Jacarecanga; ao fundo, muro do terreno escolhido para o projeto. <Fig. 16> Muros do terreno escolhido visto da Rua Carneiro da Cunha. <Fig. 17> Vista panorâmica no sentido leste da Rua Antônio Bandeira .
15
16
17 32
<Fig. 18> Vista da Rua Antônio Bandeira com destaque para árvore de grande porte com potencial paisagístico. <Fig. 19> Conjunto de palmeiras e carnaúbas de interesse paisagístico na Rua Carneiro da Cunha.
18
<Fig. 20> Estudante passando pela Rua Antônio Bandeira,entre o lixo e o matagal, para chegar à escola.
19
20 33
2.3. A PREEXISTÊNCIA DE UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL A preexistência da Escola Municipal Secretário Paulo Petrola é um dos principais pontos possíveis de questionamento na escolha do terreno. Uma análise das condições de implantação, organização e manutenção da escola evidenciam uma necessidade de transformação do local. Foi feita uma visita ao local para constatação desses problemas. Logo em frente ao principal acesso da escola frequentemente está com um volume grande de lixo. A escola se insere em um lote de pouco mais de 1000m² e atende a um número de 540 alunos divididos em dois turnos. O volume de dois pavimentos e a forma de implantação da escola, além da existência de muros altos contornando o edifício, reduz a percepção externa da comunidade do Morro do Ouro e impossibilita integração entre o edifício escolar e a comunidade. A planta baixa da escola se configura de forma tradicional, com corredores longos de uso somente para fins de circulação. A quadra esportiva não oferece uma arquibancada ou espaços de apoio, como depósito de artigos esportivos ou vestiários. O único pequeno espaço ao ar livre de lazer foi isolado com grades e os alunos não têm acesso nenhum. O pátio coberto, de pequenas proporções e sem mobiliário, serve como elemento estruturante da escola e também como espaço para realização de lanches e do recreio. Os corredores, além de monofuncionais, apresentam muitos desníveis não sinalizados, com risco de causar acidentes. A biblioteca da escola foi adaptada em uma sala de aula, com estantes próximas as paredes e um grande número de mesas coletivas no centro. As esquadrias também são fechadas e a porta é trancada com cadeado, de acesso somente nos horários de intervalo. As salas de aula tiveram suas janelas fechadas para a instalação de ar condicionado, com abertura somente pela porta de entrada. O mobiliário se encontra em péssimo estado de conservação, fazendo do ambiente das salas de aula um espaço completamente desvalorizado e desmotivante para o aluno. Essa estrutura edificada se configura desmotivadora e opressora para o processo de ensino e não colabora com a educação como fator principal de transformação social. Pelo contrário, relega o processo educativo a uma posição de segundo plano e acentua a desvalorização do espaço em todas as escalas, tanto a urbana como a do espaço interno nas salas de aula. Infelizmente, essa realidade de descaso com o espaço, com a arquitetura e com as condições de funcionamento ainda são a realidade de muitas escolas públicas e particulares no Brasil.
<Fig. 21> Imagem panorâmica do acesso à Escola de Ensino Fundamental Secretário Paulo Petrola.
21 35
<Fig. 22> Croqui representativo da EMEF Secretário Paulo Petrola, feito pela autora durante visita. <Fig. 23> Foto da Biblioteca da EMEF Secretário Paulo Petrola.
PAVIMENTO TÉRREO
22
ACESSO
QUADRA ÁREA INACESSÍVEL
AEE
SALA DE AULA
SALA DE BIBLIOTECA AULA SALA SALA DE DE AULA AULA
ADMINISTRAÇÃO
PÁTIO
´ÁREA DESCOBERTA/
SALA DE AULA
SERVIÇOS
SALA PROF.
PAVIMENTO SUPERIOR
SALA DE AULA
SALA DE AULA
SALA SALA SALA DE AULA DE AULA DE AULA
SALA INFORMÁT.
SALA DE AULA
SALA DE AULA
SALA DE AULA
SALA DE AULA
23 36
<Fig. 24> Foto do corredor de acesso às salas de aula do térreo. <Fig. 25> Foto interna de uma sala de aula. <Fig. 26> Foto do pátio coberto para recreios e atividades extras.
24
25
26 37
2.4. LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA
De acordo com o Plano Diretor Participativo de Fortaleza, PDPFor (2009), o terreno está inserido em uma Zona de Ocupação Preferencial 1. Que contém os seguintes índices descritos na tabela abaixo:
Zona de Ocupação Preferencial 1 – ZOP 1 Índice de Aproveitamento
3
Taxa de Permeabilidade
30%
Altura Máxima
72m
Taxa de Ocupação
60%
A minuta da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), que tem por base o Plano Diretor Participativo de Fortaleza, ratifica os índices descritos no Plano e o amplia ao considerar o porte das vias para as funções exercidas no local. A Rua Carneiro da Cunha é classificada pela LUOS como uma via coletora e apresenta como recuos obrigatórios: 5 metros de frente, 3 metros nas laterais e 5 metros de fundo. Devido as dimensões do terreno abrangerem uma quadra, todo o perímetro é considerado frente, devendo apresentar recuos de 5 metros em todos os lados.
<Fig. 27> Vista da Rua Carneiro da Cunha. À esquerda, cerca e matagal onde fica o riacho Jacarecanga
27
39
3
REFERÃ&#x160;NCIAS PROJETUAIS
3.1. COLÉGIO GERARDO MOLINA Ficha Técnica Arquiteto: Giancarlo Mazzanti Local: Bogotá, Colômbia Ano: 2008 O projeto pretende ter uma escala de intervenção urbana ao promover novas centralidades com os equipamentos propostos no colégio. A escola não tem muros, é delimitada por um conjunto de brises dispostos nas faces externas e que, internamente, são circulações que integram as salas de aula. A laje dessas circulações se prolonga para o ambiente externo ao edifício, formando uma extensão de bancos e espaços de estar. <Fig. 28> Vista aérea do Colégio Gerardo Molina. Nota-se conexão dos blocos com a área externa. <Fig. 29> Vista externa do colégio, evidenciando a relação do edifício com o urbano.
28
29 43
3.2. MONTESSORI SCHOOL Ficha Técnica Arquiteto: Herman Hertzberger Local: Delft, Holanda Ano: 1960|1966 A Escola Montessori em Delft foi a primeira projetada por Herman Hertzberger. Essa obra é pioneira na forma como trata a relação entre as salas de aula e os espaços de interação. As salas de aula são concebidas a partir do Conceito de Concha, com uma diversidade espacial que proporciona diferentes sensações. Em alguns pontos são espaços mais individuais e acolhedores, em outros são espaços de uso coletivo e criativo. Os corredores não se restringem ao uso somente de circulação, mas proporciona espaços de interação e estudo devido a sua forma em planta com reentrâncias.
Ao longo da sala - trabalho de casa - trabalho criativo - projetos
Hall - Trabalho fora da sala - individual ou coletivo - como uma classe ou não
Nas mesas - dar aulas - trabalhos sensoriais - maior necessidade de atenção
Espaço reservado - espaços de concentração - trabalhos intelectuais - menor necessidade de supervisão
<Fig. 30> Sala de aula em planta baixa e explicação do conceito de concha. <Fig. 31> Área externa de uma sala de aula. <Fig. 32> Área interna de uma sala de aula.
30
31
32 45
3.3. CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO PIMENTAS Ficha Técnica Arquiteto: Biselli + Katchborian Local: Guarulhos, São Paulo, Brasil Ano: 2008|2010 O edifício é um complexo de artes, esportes e educação no contexto do bairro Pimentas, região precária no município de Guarulhos. O edifício tem, portanto, um papel transformador de seu contexto urbano. A construção se desenvolve ao longo de um eixo único de 250 metros de extensão que interliga os espaços da escola. Esse eixo é coberto por uma estrutura metálica que cobre um vão de 20 metros de extensão. O eixo não tem função somente de circulação, mas abriga um grande pátio coberto com vários espaços de estar. <Fig. 33> Planta baixa do CEU Pimentas, nota-se o eixo linear pelo qual se estrutura o edifício. <Fig. 34> Estrutura da coberta que conecta os blocos de atividades.
33
34 47
4
A ESCOLA MORRO DO OURO
4.1. JUSTIFICATIVA E PARTIDO
A escolha por um projeto de arquitetura escolar no bairro Jacarecanga parte não da inexistência de escolas no bairro, mas da falta de uma infraestrutura escolar adequada ao ensino fundamental e do desejo de transformação social e urbana através da educação. O principal viés desse projeto é de transformar um contexto urbano degradado, tanto do ponto de vista social como ambiental, em um espaço de importante caráter educacional, paisagístico e histórico para o bairro e para a cidade. Portanto, a primeira atitude do partido é a proposta de um parque linear que resgate o valor patrimonial, histórico e ambiental do Riacho Jacarecanga. Esse foi o ponto de partida que norteou a escolha do recorte onde se insere o terreno escolhido para intervenção. Propõe-se, também, a remoção da escola preexistente para a geração de um espaço de praça que torne mais visível e valorize o acesso à comunidade do Morro do Ouro. Outra ação de remoção é de um muro de longa extensão que impede a visualização do riacho Jacarecanga e de um belo conjunto de carnaúbas de forte valor paisagístico. Ainda considerando o entorno imediato, optou-se pela eliminação do trecho da rua Antônio Bandeira entre a quadra escolhida para intervenção e o Riacho Jacarecanga e transformá-lo em uma praça linear que integra o Riacho Jacarecanga à Escola Morro do Ouro. O partido da Escola Morro do Ouro é de uma implantação de linear devido a própria forma longitudinal do terreno escolhido. Optou-se por criar um eixo central coberto que conecta os blocos de ensino, o bloco administrativo, a quadra e os espaços descobertos. Assim como o rio estrutura e conduz a um conjunto de
<Fig. 35> Imagem aérea extraída do Google Earth com manipulação, simulando a implantação da Escola Morro do Ouro e do Parque Linear no contexto.
35 51
espaços e paisagens ao longo de seu percurso, a escola se estrutura em um eixo que conduz a um conjunto espacial diversificado e educativo. A diversidade de ambientes dentro da escola foi outro ponto principal do partido. Criação de desníveis entre os blocos, existência de pátios cobertos e não cobertos, implantação da quadra poliesportiva abaixo do nível do solo, além de salas de aula com um formato diferenciado: adotou-se a ideia de sala de aula concha de Herman Hertzberger. Abaixo, segue esquematicamente o partido da implantação do edifício, caracterizado po um eixo principal estruturante dos blocos edificados. Em tracejado está a coberta principal que conecta os blocos.
<Fig. 36> Esquema de implantação do edifício no terreno. <Fig. 37> Croqui representativo do edifício no contexto do parque linear do riacho Jacarecanga.
36
37 52
4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E ÍNDICES URBANÍSTICOS
O programa de necessidades foi estruturado a partir dos Cadernos Técnicos de FUNDESCOLA/MEC (2002) e do Catálogo de Ambientes da FDE (2017), além de reflexões acerca das demandas educacionais atuais e seu rebatimento na arquitetura e atendimento aos Componentes Curriculares do Ensino Fundamental estabelecidos pelo MEC (2013). PROGRAMA DE NECESSIDADES ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL I E II - 600 ALUNOS AMBIENTE ADMINISTRAÇÃO Direção Secretaria Arquivo Morto Almoxarifado Supervisão Pedagógica Coordenação Pedagógica Conjunto Sanitários (F/M) Banheiro Acessível Sala de Reunião APOIO Psicologia e Orientação Educacional Enfermaria PEDAGÓGICO Sala dos Professores WC Professores Sala de Aula - 1º Ano (Fund. I) - 30 alunos Sala de Aula - 2° ao 5° Ano (Fund. I) 30 alunos Sala de Aula - 6° ao 9° Ano (Fund. II) 30 alunos Sala de Aula - Atendimento à Estudantes Especiais (AEE) Laboratório de Informática Laboratório de Ciências Laboratório de Artes Biblioteca + Sala de Leitura CONVÍVIO Mini-Auditório
QUANT.
ÁREA (m2) A. TOTAL (m2)
1 1 1 1 1 1 2
21,32 29,91 14,62 21,32 23,31 23,31 11,90
21,32 29,91 14,62 21,32 23,31 23,31 23,80
1 1
3,00 29,54
3,00 29,54
1 1
13,03 13,03
13,03 13,03
1 2 2
61,08 2,70 69,12
61,08 5,40 138,24
4
69,12
276,48
4
69,12
276,48
1
69,12
69,12
1 1 1 1
88,66 88,66 88,66 377,62
88,66 88,66 88,66 377,62
1
132,12
132,12 53
Quadra Poliesportiva + Arquibancada Depósito Educação Física Coordenação Educação Física Vestiários (F/M) Vestiário Acessível Cozinha Apoio Cozinha Refeitório Sanitários (F/M) Sanitário Acessível Pátio Coberto SERVIÇO Banheiros Funcionários (F/M) Estoque Estoque Frios Zeladoria/DML Copa Funcionários Depósito Lixo
1 1 1 2 2 1 1 1 2 1 1
604,80 15,10 19,09 33,89 4,93 44,51 13,86 231,25 11,90 3,00 1.640
604,80 15,10 19,09 67,78 9,86 44,51 13,86 231,25 23,80 3,00 1.640
2 1 1 1 1 1
3,00 7,96 7,96 7,37 11,60 4,05
6,00 7,96 7,96 7,37 11,60 4,05
SOMATÓRIO DAS ÁREAS (m2)
4536,70
OBS.: O cálculo do programa de necessidades não considerou as áreas de circulação. ÍNDICES URBANÍSTICOS ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL I E II - 600 ALUNOS
54
CRITÉRIO
ÁREA (m2)
Área total do terreno EDIFICAÇÃO Área Contruída - Térreo Área Construída - Superior Área Construída - Total Área Permeável ÍNDICES Taxa de Ocupação - T.O. Índice de Aproveitamento - I.A. Taxa de Permeabilidade Altura Máxima
11.214,50 5.973,70 2.528,00 8.501,70 3.639,29 55,2% 0,75 32% 13,10
4.3. MEMORIAL DESCRITIVO O PARQUE LINEAR O parque linear ao longo do riacho Jacarecanga é uma proposta de revalorização do recurso ambiental. No trecho escolhido para a intervenção, optou-se por considerar os usos preexistentes. No trecho próximo ao Lar Torres de Melo, é proposto um largo para eventos do Lar, espaços de ginástica ao ar livre, espaços de contemplação e um caminho de terra batida para maior aproximação com a natureza. No trecho próximo à Escola Morro do Ouro, optou-se por um caminho mais direcionado ao acesso da escola. Próximo ao acesso principal, optou-se pela instalação de parquinhos e bancos, para as crianças ao saírem da escola poderem usufruir do espaço livre e para a comodidade dos pais ao esperarem seus filhos. Ver pranchas A1 em anexo. PRAÇA DA COMUNIDADE A praça de acesso à comunidade Morro do Ouro foi pensada como uma apliação à praça existente. Escolhu-se por adicionar uma massa verde densa para que, ao longe, possa identificar como a chegada à Comunidade e ao Parque. Um respiro em meio a densidade urbana do local. Para evitar acúmulo de lixo nas ruas, colocou-se um ponto de coleta seletiva com acesso para o caminhão de lixo. Fez-se um recuo para a parada de ônibus devido a via ser estreita. Ampliouse, também, os espaços de convivência para as pessoas.
<Fig. 38> Vista da praça de acesso à comunidade. Ao fundo, quadra da escola Morro do Ouro.
38 55
ESCOLA MORRO DO OURO Desde o início, o presente trabalho foi norteado pelo pensamento de que uma arquitetura mais livre e humana não tem como prever o tipo de pedagogia a ser trabalhada, mas que uma arquitetura tradicional pode limitar o desenvolvimento de uma pedagogia moderna. Portanto, não se restringiu a um tipo de pedagogia específica, mas buscou-se agregar características espaciais de escolas modernas. Essa não restrição a uma pedagogia deve-se também ao caráter público do edifício trabalhado. O conceito principal do projeto da Escola Morro do Ouro é de um edifício linear que conecta a Comunidade Morro do Ouro e o Riacho Jacarcanga através da educação. Uma analogia de um local de passagem, fluido como o riacho, que conduz os alunos à um oceano de conhecimentos a serem explorados. Com esse pensamento, estruturou-se um eixo axial que conecta blocos de diversas atividades. Esse eixo é coberto por uma grande estrutura mista de pilares de concreto com treliças metálicas que sustentam uma coberta de alumínio. Procurou-se adotar uma estrutura modular para simplificar custos de execução do edifício. Como princípio de projeto, adotou-se uma conexão entre a arquitetura e a escala urbana. Essa característica pode ser visualizada no bloco da biblioteca, em que a divisória do bloco com o parque é feita por meio de bancos de concreto e brises verticais. Outro elemento conectado com o urbano é a quadra, que seu fechamento é feito por cobogós. A quadra tem um acesso independente que possibilita seu uso em momentos que a escola não está sendo utilizada. Os blocos das salas de aula apresentam um desnível de 1,50m para que haja visualização completa de um lado para o outro, assim como nas escolas de Herman Hertzberger. Esses blocos são conectados por rampas acessíveis com inclinação de 8,33%. O acesso aos pavimentos também pode ser feito através de escadas. Todos os blocos são feitos com lajes nervuradas, pilares e vigas de concreto, simplificando a solução estrutural. A quadra de esportes tem um desnível de 1,80m em relação ao nível do solo, gerando uma maior diversidade em relação aos níveis da edificação. Esse desnível possibilita também a redução da altura da coberta da quadra, proporcionando uma relação mais harmônica com a coberta principal. Ver pranchas A1 em anexo.
56
<Fig. 39> Vista externa do acesso Ă Escola Morro do Ouro. <Fig. 40> Vista geral da fachada principal da Escola Morro do Ouro.
39
40
57
<Fig. 41> Rampas de acesso aos pavimentos. <Fig. 42> Coberta principal que une os blocos e os pĂĄtios cobertos e descobertos. Nota-se ao fundo o desnĂvel entre os blocos de ensino.
41
42
58
<Fig. 43> Jardim na parte detrรกs dos blocos de laboratรณrio. <Fig. 44> Conexรฃo entre o espaรงo da sala de aula com uma รกrea multiuso coletiva.
43
44
59
60
CONSIDERAÇÕES FINAIS O padrão construtivo de escolas tradicionais, tanto públicas quanto privadas, ainda não superou o modelo que visa o controle social com mecanismos de projeto semelhantes aos esquemas prisionais e fabris. Essa persistência na arquitetura escolar vai de encontro a uma tendência na pedagogia mundial de se trabalhar a educação de forma mais humanizada e atenta as necessidades individuais e de idade de cada aluno. O presente trabalho buscou desenvolver, através de pesquisas teóricas e do fazer projetual, um projeto arquitetônico escolar humanizado, capaz de acolher diversas pedagogias, além ser de ter uma atenção para os materiais aplicados de forma a minimizar custos de execução. Buscou-se também a conexão com o contexto urbano, caracterizado por um recurso hídrico de importância ambiental e histórica, por uma comunidade precária e por instituições públicas e privadas de importância no contexto da cidade. Portanto, pensar a arquitetura escolar no contexto contemporâneo e local mostrou-se um trabalho de diferentes escalas e interdisciplinar. A arquitetura já não é mais pensada apenas com a função de um ensino hierarquizado, mas como um espaço dinâmico, capaz de abrigar uma diversidade de atividades e pessoas em um só lugar; capaz de integrar a sociedade e o meio ambiente através da educação.
61
62
BIBLIOGRAFIA AU. Lina Bo Bardi. edição 249. São Paulo: Editora Pini, 2014. BEZERRA, Ricardo Figueiredo (org.). Manual de Paisagismo. Fortaleza, 2012. DUARTE, Hélio de Queiroz. Escolas Classe Escola Parque – uma experiência educacional. São Paulo: FAUUSP, 1973. FDE - FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Catálogo de Ambientes: Especificações da Edificação Escolar. São Paulo: FDE, jan. 2017. Disponível em: <https://produtostecnicos.fde.sp.gov.br/Pages/ CatalogosTecnicos/ambientes.html>. Acesso em: 03 de maio de 2017. FORTALEZA. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. Lei complementar no. 236, de 11 de agosto de 2017. FORTALEZA. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Plano Diretor Participativo de Fortaleza - PDP/For. Lei Complementar no. 062, de 02 de fevereiro de 2009. GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas.São Paulo: Editora Ática, 1997. HERTZBERGER, Herman. Space and Learning: Lessons in Architecture 3. Rotterdam: 010 Publishers, 2008. KOWALTOWSKI, Doris C. K. Arquitetura Escolar: O projeto do Ambiente de Ensino. LIMA, Mayumi Watanabe de Sousa; LIMA, Sérgio de Souza. Arquitetura e Educação. São Paulo: Studio Nobel, 1995. LIMA, Mayumi Watanabe de Sousa. A cidade e a criança. São Paulo: Nobel, 1989. 102 p. (Coleção Cidade Aberta). MONOLITO. Anuário 2014, edição 24. São Paulo: Editora Monolito, 2014. MONOLITO. Biselli + Katchborian: projetos recentes, edição 3. São Paulo: Editora Monolito, 2011. REBELLO, Yopanan C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo, Zigurate Editora, 2000. RIBEIRO, Darcy. O Livro dos CIEP’s. Rio de Janeiro, Bloch, 1986. SOUZA, José Maria de A. Espaços educativos. Ensino fundamental. Subsídios para a elaboração de projetos e Adequação de edificações escolares/Elaboração Rogério Vieira Cortez e Mário Braga Silva. Brasília: FUNDESCOLA/MEC, 2002. Vol. 1 e 2.
63
1
LOCALIZAÇÃO NA CIDADE
2 LEGENDA COBERTURA VEGETAL
CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PAVIMENTAÇÃO EM BLOCOS DE CONCRETO INTERTRAVADO PAVIMENTAÇÃO EM BLOCOS DE CONCRETO INTERTRAVADO PAGINAÇÃO EM ESCAMA DE PEIXE RIACHO JACARECANGA
AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
PISO EM TERRA BATIDA CONTEÚDO:
ESCALA:
1. LOCALIZAÇÃO NA CIDADE
1/250.000
2. CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA
1/1250
PRANCHA:
01
/07
DATA: DEZ/2017
1 LEGENDA COBERTURA VEGETAL
INTERVENÇÃO URBANA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PAVIMENTAÇÃO EM BLOCOS DE CONCRETO INTERTRAVADO PAVIMENTAÇÃO EM BLOCOS DE CONCRETO INTERTRAVADO PAGINAÇÃO EM ESCAMA DE PEIXE RIACHO JACARECANGA
AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
PISO EM TERRA BATIDA CONTEÚDO: 1. INTERVENÇÃO URBANA
ESCALA: 1/750
PRANCHA:
02
/07
DATA: DEZ/2017
24
25
23
25
22
24
03
19
03
18
17
14
03
14 07
21
20
04
15
16
05
09
11
10
12
07
06
08
13
26
01 01 01
01
02
03 03
1
QUADRO DE ÁREAS POR AMBIENTE ID
AMBIENTE
QUADRO DE ÁREAS LEGISLAÇÃO ÁREA
P.D.
ID
AMBIENTE
ÁREA
P.D.
CRITÉRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ ÁREA 11214,50m²
01
SALAS DE AULA
69,12m²
3,50m
17
ESTOQUE
7,96m²
3,00m
ÁREA TOTAL DO TERRENO
02
SALA DOS PROFESSORES
61,08m²
3,50m
18
ESTOQUE FRIOS
7,96m²
3,00m
EDIFICAÇÃO
03
W.C. ACESSÍVEL
2,70m²
3,00m
19
ALMOXARIFADO
7,37m²
3,00m
ÁREA CONSTRUÍDA - TÉRREO
5973,70m²
04
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS
88,66m²
3,00m
20
D.M.L.
7,37m²
3,00m
ÁREA CONSTRUÍDA - SUPERIOR
2528,00m²
05
LABORATÓRIO DE PORTUGUÊS/ARTES
88,66m²
3,00m
21
GUARDA-VOLUMES/COPA FUNCIONÁRIOS
11,80m²
3,00m
ÁREA CONSTRUÍDA - TOTAL
8501,70m²
06
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
88,66m²
3,00m
22
DEPÓSITO EDUCAÇÃO FÍSICA
15,10m²
3,00m
ÁREA PERMEÁVEL
3639,29m²
07
W.C. (FEM./MASC.)
27,37m²
3,00m
23
COORDENAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA
19,09m²
3,00m
ÍNDICES
3,00m²
3,00m
24
VESTIÁRIO (FEM./MASC.)
33,89m²
3,00m
TAXA DE OCUPAÇÃO - T.O.
23,31m²
3,50m
25
VESTIÁRIO ACESSÍVEL
4,93m²
3,50m
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO - I.A.
0,75
604,80m²
3,50m
TAXA DE PERMEABILIDADE - T.P.
32%
08
W.C. ACESSÍVEL
09
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
10
SUPERVISÃO
23,31m²
3,50m
26
QUADRA POLIESPORTIVA
11
PSICÓLOGO
13,03m²
3,50m
27
BIBLIOTECA
377,62m²
3,50m
12
ENFERMARIA
13,03m²
3,50m
28
SECRETARIA
29,91m²
3,50m
13
MINI-AUDITÓRIO
132,12m²
6,50m
29
SALA DE REUNIÃO
29,54m²
3,50m
14
W.C. (FEM./MASC.)
11,90m²
3,00m
30
DIRETORIA
21,32m²
3,50m
15 16
COZINHA APOIO COZINHA
44,51m² 13,86m²
3,50m 3,50m
31 32
ARQUIVO MORTO ALMOXARIFADO
14,62m² 21,32m²
3,50m 3,50m
PLANTA BAIXA - PAVIMENTO TÉRREO
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
55,2% CONTEÚDO: 1. PLANTA BAIXA - PAVIMENTO TÉRREO
ESCALA: 1/250
PRANCHA:
03
/07
DATA: DEZ/2017
31
32
14
03
14
29
01
28
01
07
01
07
01
30 08
27
01
01
1
QUADRO DE ÁREAS POR AMBIENTE ID
AMBIENTE
QUADRO DE ÁREAS LEGISLAÇÃO ÁREA
P.D.
ID
AMBIENTE
ÁREA
P.D.
CRITÉRIO
ÁREA 11214,50m²
SALAS DE AULA
69,12m²
3,50m
17
ESTOQUE
7,96m²
3,00m
ÁREA TOTAL DO TERRENO
02
SALA DOS PROFESSORES
61,08m²
3,50m
18
ESTOQUE FRIOS
7,96m²
3,00m
EDIFICAÇÃO
03
W.C. ACESSÍVEL
2,70m²
3,00m
19
ALMOXARIFADO
7,37m²
3,00m
ÁREA CONSTRUÍDA - TÉRREO
5973,70m²
04
LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS
88,66m²
3,00m
20
D.M.L.
7,37m²
3,00m
ÁREA CONSTRUÍDA - SUPERIOR
2528,00m²
05
LABORATÓRIO DE PORTUGUÊS/ARTES
88,66m²
3,00m
21
GUARDA-VOLUMES/COPA FUNCIONÁRIOS
11,80m²
3,00m
ÁREA CONSTRUÍDA - TOTAL
8501,70m²
06
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
88,66m²
3,00m
22
DEPÓSITO EDUCAÇÃO FÍSICA
15,10m²
3,00m
ÁREA PERMEÁVEL
3639,29m²
07
W.C. (FEM./MASC.)
27,37m²
3,00m
23
COORDENAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA
19,09m²
3,00m
ÍNDICES
W.C. ACESSÍVEL
09
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
3,00m²
3,00m
24
VESTIÁRIO (FEM./MASC.)
23,31m²
3,50m
25
VESTIÁRIO ACESSÍVEL
3,00m
TAXA DE OCUPAÇÃO - T.O.
3,50m
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO - I.A.
0,75
604,80m²
3,50m
TAXA DE PERMEABILIDADE - T.P.
32%
SUPERVISÃO
23,31m²
3,50m
26
11
PSICÓLOGO
13,03m²
3,50m
27
BIBLIOTECA
377,62m²
3,50m
12
ENFERMARIA
13,03m²
3,50m
28
SECRETARIA
29,91m²
3,50m
13
MINI-AUDITÓRIO
132,12m²
6,50m
29
SALA DE REUNIÃO
29,54m²
3,50m
14
W.C. (FEM./MASC.)
11,90m²
3,00m
30
DIRETORIA
21,32m²
3,50m
15 16
COZINHA APOIO COZINHA
44,51m² 13,86m²
3,50m 3,50m
31 32
ARQUIVO MORTO ALMOXARIFADO
14,62m² 21,32m²
3,50m 3,50m
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
4,93m²
10
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN
55,2%
33,89m²
QUADRA POLIESPORTIVA
PLANTA BAIXA - PAVIMENTO SUPERIOR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
01
08
01
CONTEÚDO: 1. PLANTA BAIXA - PRIMEIRO PAVIMENTO
ESCALA: 1/250
PRANCHA:
04 /07 DATA: DEZ/2017
1
QUADRO DE ÁREAS LEGISLAÇÃO CRITÉRIO ÁREA TOTAL DO TERRENO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ ÁREA 11214,50m²
EDIFICAÇÃO ÁREA CONSTRUÍDA - TÉRREO
5973,70m²
ÁREA CONSTRUÍDA - SUPERIOR
2528,00m²
ÁREA CONSTRUÍDA - TOTAL
8501,70m²
ÁREA PERMEÁVEL
3639,29m²
ÍNDICES TAXA DE OCUPAÇÃO - T.O.
PLANTA BAIXA - COBERTA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
55,2%
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO - I.A.
0,75
TAXA DE PERMEABILIDADE - T.P.
32%
CONTEÚDO: 1. PLANTA DE COBERTA
ESCALA: 1/250
PRANCHA:
05 /07 DATA: DEZ/2017
1
2
4
CORTE 02 - TRANSVERSAL
3
CORTE 01 - LONGITUDINAL
CORTE 03 - TRANSVERSAL
CORTE 04 - TRANSVERSAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
CONTEÚDO:
ESCALA:
1. CORTE 01 - LONGITUDINAL
1/250
2. CORTE 02 - TRANSVERSAL (QUADRA ESPORTIVA)
1/250
3. CORTE 03 - TRANSVERSAL (REFEITÓRIO/ADM/PÁTIO)
1/250
4. CORTE 04 - TRANSVERSAL (BLOCOS DE SALA DE AULA)
1/250
PRANCHA:
06
/07
DATA: DEZ/2017
1
3
2
FACHADA 02
4
FACHADA 01
FACHADA 03
FACHADA 04
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AUTORA: GIOVANNA DUARTE ALMEIDA ORIENTADORA: SOLANGE MARIA DE OLIVEIRA SCHRAMM
ESCOLA MORRO DO OURO
ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL ÀS MARGENS DO RIACHO JACARECANGA
CONTEÚDO:
ESCALA:
1. FACHADA 01
1/250
2. FACHADA 02
1/250
3. FACHADA 03
1/250
4. FACHADA 04
1/250
PRANCHA:
07
/07
DATA: DEZ/2017