Atividade Prof Nelson Design Gráfico

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Ano 01 nº 01

ENTREVISTA Maicon Amazônida

CAMPEONATO Vans Park Series virá para o Brasil

SP

Mais novas 100 pistas para a cidade

ENTREVISTA

EXCLUSIVA BOB BURNQUIST


ENTREVISTA

A VIDA SOBRE QUATRO RODAS Bob Burnquist é um dos quatro protagonistas do filme Vida Sobre Rodas, que estreia no dia 26 de novembro em circuito nacional. Confira entrevista do skatista falando sobre a produção. Como foi o início da sua carreira? Quais as dificuldades enfrentadas no Brasil e fora do país? No Brasil, a maior dificuldade era o material e as pistas. Mas independente disso, eu me lembro de ter andado muito de skate, e me divertido bastante com meus amigos. Sempre sonhei em andar de skate pelo resto da vida. Como nasci com dupla nacionalidade e aprendi o inglês desde cedo com o meu pai, eu tive a oportunidade de correr atrás do meu sonho aqui nos EUA, onde estão as marcas fortes e a grande mídia do skate. Mas quando morava no Brasil, fazia o que podia. Essa experiência de constante luta pelo sonho deixou em mim uma personalidade de não desistir nunca. A pista da Ultra teve uma importância fundamental. Você achava que a Ultra teria toda essa visibilidade na história do Skate do país, ajudando na “popularização” do esporte e até mudando o jeito de praticar skate? A Ultra mudou o Vertical no Brasil. Foi a primeira rampa de madeira com padrões internacionais, e isso

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alavancou muito nossa evolução. Era um ponto de encontro por ser uma rampa de alta qualidade. Profissionais e amadores de todas as pistas do Brasil se reuniam na Ultra em eventos e sessões variadas. A Ultra foi onde eu aprendi a andar. Foi lá que se instalou o meu amor pelo Skate. Naquela época, o skate Vertical era o mais praticado. O street ainda estava se desenvolvendo. O skate tem muitos ramos e galhos. A Ultra foi um tronco para o skate Brasileiro junto com o movimento do skate Street pelas ruas de SP, as pistas de cimento como São Bernardo, São Caetano, Prestige e ZN. Todas elas ajudaram a completar a identidade do skatista Brasileiro daquela época. Até hoje sentimos a influência desses pontos positivos do Skate no país. Em todos os ramos temos skatistas de ponta. O que você achou da idéia de fazer um documentário sobre skate que tem como cenário o Brasil? ÓTIMA! Quanto mais cavamos e nos aprofundamos na História do skate Brasileiro, melhor. Isso tudo é motivo pra muito orgulho. No meu caso, lembranças muito especiais porque em paralelo é a historia de parte da minha vida, minha infância, minha juventude. Hoje você é ídolo do segundo esporte mais praticado no Brasil e que nos anos 80 era marginaliza-


do, além de ser referência para essa nova geração de skatistas. Como encara isso? Achava que chegaria tão longe com o skate? Eu sempre encarei como uma missão. Andar de skate é um dom que Deus me deu, e eu batalhei muito para melhorar e me manter relevante. Sei que tive uma grande influência junto com tantos outros nomes do skate Brasileiro pra inspirar a molecada a dar o “rolê” deles e acreditarem mais em si mesmos. Tudo é possível quando existe determinação. É muito mais difícil abrir portas, mas quando elas estão abertas, as oportunidades aumentam e muitos acreditam que podem. No meu caso, eu lembro ter tido uma explosão de energia e motivação quando o Lincoln Ueda ficou em 4° lugar no Mundial da Alemanha. Aquilo foi algo que não esperávamos e eu estava dentro de um Taxi e lembro que falei pro taxista que um skatista brasileiro, amigo meu, conseguiu essa colocação num evento mundial de skate na Alemanha. Deu-me um orgulho e me encheu de esperança para o futuro. Isso foi em 89! E seis anos depois, eu consegui ganhar o evento do Slam City Jam no Canadá. Se não fosse o Ueda, pode ser que eu não tivesse tido essa vontade toda. Eu nunca imaginei q u e chegaria aonde cheguei com meu skate. Eu só sabia de uma coisa: que ia andar de skate pelo resto da minha vida. Quem eram seus ídolos? Meus ídolos eram Léo Kakinho, Lincoln Ueda, o próprio Cristiano Mateus e quando tive acesso aos vídeos Americanos, o Danny Way, Colin Mckay, Tony Hawk, entre outros. Você acha que de alguma forma ajudou a mudar o jeito de se andar de skate no mundo? Por quê? Eu faço a minha parte e amo andar de skate. Sempre mantive a mente aberta e desde moleque sou viciado em aprender manobras novas. Por isso gosto tanto de trabalhar com vídeo. Eu tentei fazer de tudo um pouco. E gosto de andar de skate onde quer que seja. Gosto muito de improvisar. Uma experiência traz novas idéias e assim por diante. Tinha época que eu andava muito mais de street do que Vertical. E isso me deu base pra evoluir e mesclar o street com o Vert. O skate é uma coisa só. Não existe limitação. E eu sempre tentei ser o mais “overall” possível. Como está a sua carreira atualmente? E os planos para o futuro? Estou me sentindo mais forte do que nunca, aprendendo manobras novas e correndo atrás de criações e possibilidades diferentes. Tenho uma quebra de recorde planejada pra esse ano e espero que até o lançamento do filme já esteja concretizada. Vou continuar competindo e evoluindo meu skate sempre. Só preciso de um descanso aqui e ali. De preferência em algum lugar especial com minha esposa Verônica Burnquist e nossas filhas. Pra recarregar as energias e

continuar fazendo o que eu sei fazer. Como foram as filmagens para o documentário na Califórnia na pista da sua casa e em São Francisco? Foi bem corrido, mas muito produtivo. Eu já trabalhei em muitas produções e o Daniel Baccaro é um amigo de infância. Então a comunicação e as idéias foram fluindo sem muitos problemas. Conversávamos e planejávamos a seqüência do que fazer e por que. Tentando manter a relevância e contar a historia de uma maneira coerente. Em casa foi fácil, já tenho uma idéia por já ter filmado bastante. Em São Francisco foi diferente. Lembro que estava muito frio. Como eu morei por lá alguns anos, eu já tinha uma idéia de alguns locais que seriam bem legais para filmar e deixamos fluir também. A foto do pôster do filme é um pico clássico de São Francisco. Como foi ganhar o seu primeiro título mundial? Titulo mundial mesmo foi em 2000 e foi muito gratificante. Para isso, tive que vencer o Ranking, que é muito mais difícil do que um campeonato individual. É preciso constância. Naquela época, t o d o mundo corria e não foi fácil. Fiquei feliz e orgulhoso porque era um feito inédito para o Brasil. E ainda dividi essa alegria com o Carlos de Andrade, que ganhou o mundial de Street. Então, o Brasil conquistou dois títulos inéditos no mesmo ano! Dali em diante foi uma seqüência de conquistas atrás da outra para o Skate Brasileiro. No Longa tem várias cenas de você engessado, de muleta e até algumas pessoas falando para você desistir de andar de skate. O que te fez continuar? Podiam falar a vontade, quem sentia a dor era eu (risos). E para mim tudo valia muita a pena. Eu sempre fui muito dedicado e não ouvia um não como resposta. Aliás, bastava falarem para eu não fazer algo, que dava mais vontade ainda de provar a pessoas o contrario. Eu não calculava muito o risco e não sabia maneirar e ir aos poucos. Era oito ou oitenta. Eu achava que o jogo era não cair do skate. Como foi receber o “Laureus World Sports Awards” considerado o “Oscar” dos esportes das mãos de Michael Jordan? Essa foi uma experiência surreal. Eu nunca imaginei que o skate me levaria a Mônaco para receber um prêmio das mãos do Michael Jordan! Foi uma simbologia muito legal. Um ícone dos esportes convencionais entregando o prêmio para um skatista. Confesso que me senti um peixe fora d’água no meio daquelas celebridades todas, mas aproveitei ao máximo. Foi o momento de deixar o meu recado e representar o skate Brasileiro.

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CAMPEONATO

DIVISÃO DE ACESSO AO VANS PARK SERIES TERÁ ETAPA BRASILEIRA Já estão abertas as inscrições da etapa brasileira da Vans Park Series South America National Championships, divisão de acesso ao circuito mundial Vans Park Series, que acontece no mês de abril em Serra Negra, interior de São Paulo. Homologado pela Federação Internacional de Skate (ISF), o Vans Park Series South America National Championships é a divisão de acesso para skatistas brasileiros, homens e mulheres, que buscam vagas no circuito mundial de Park de 2018. O Vans Park Series South America National Championships terá também campeonatos no Chile e na Colombia. Os campeões ganham vagas para disputar a etapa do Vans Park Series Continental em Huntington Beach, nos EUA, em julho. A competição da divisão de acesso acontece no dia 6 de abril, um dia antes da competição principal, com os skatistas titulares. Para se inscrever no Vans Park Series South America National Championships em Serra Negra, os skatistas precisam comprovar residência no Brasil e pagar a taxa de inscrição de 50 dólares.

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As inscrições são limitadas a 120 competidores, entre homens e mulheres. Os potenciais competidores devem se inscrever antecipadamente pelo site https://theboardr.com/ Pedro Barros é um dos 15 Selects Pros que competem direto nas fases semifinais da temporada, e Murilo Peres e Vi Kakinho são dois dos 18 Challengers que participam das fases eliminatórias. Yndiara Asp também já está qualificada para competir direto na etapa californiana, mas pode participar do campeonato no Brasil. Vans Park Series – 2017 National Championships Calendário Sul Americano Chile – 25 de Março de 2017 Brasil – 06 de Abril de 2017 Colômbia – 22 de Abril de 2017


IVAN MONTEIRO FICA EM TERCEIRO NO PHXAM O paulista de São Bernardo do Campo Ivan Monteiro ficou com na terceira colocação no PHXAm, um dos campeonatos para skatistas amadores mais tradicionais do mundo. A competição aconteceu nesse final de semana em Phoenix, EUA, e teve mais de duzentos inscritos. O norte-americano Jagger Eaton ficou em primeiro lugar, seguido pelo japonês Yuto Horigome na segunda colocação. Os brasileiros Iago Carrasco e Lucas Alves não chegaram até a fase final.

TRÊS BRASILEIROS ESTÃO CONFIRMADOS NO BATTLE OF THE BERRICS X Carlos Ribeiro, Felipe Gustavo e Luan Oliveira estão confirmados na décima edição do Battle at the Berrics (BATB X), Game of Skate mais tradicional do mundo, e responsável pela popularização da brincadeira no mundo. Além dos brasileiros, participam Shane O’Neill, Diego Najera, Louie Lopez, Paul Rodriguez, Eric Koston, Blake Carpenter, Cody Cepeda, Micky Papa, Morgan Smith, Nick Tucker, Sewa Kroetkov, Tom Asta, Torey Pudwill, Walker Ryan, Will Fyock, Billy Marks, Chris Cole, Miles Silvas, Youness Amrani, Trent McClung, PJ Ladd, Moose, Chris Joslin, Davis Torgerson, Dennis Busenitz, Chris Colbourn, Ishod Wair, Michael Sommer e Sean Malto. A data de início das batalhas ainda não foi anunciada.

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ESPECIAL

AMAZÔNIDA MAIKON QUARESMA FALA SOBRE SEU VÍDEO

Maikon Quaresma é um skatista natural de Manaus que acaba de lançar uma parte de vídeo cabreiríssima pela Ulyck 86, o “Amazônida“. Um vídeo de oito minutos andando em várias cidade do Amazonas, Pará e São Paulo. O skatista chegou a morar um tempo na capital paulista, onde tornou-se lenda pelas sessões nervosas, mas retornou a sua terra, onde todos é um orgulho da cena local. Bk conversou com a Trasher sobre o vídeo e o skate no Norte do Brasil. Parabéns pelo vídeo, Baraka. Mas desde semana passada tô tentando te ligar e você não atende, o que rola? Aqui tem muitas ligações de presídio, pessoal tentando dar golpes. Aí eu pensei que fosse isso. É complicado. Você está no trabalho, pode falar? Tô, sim. Tá trabalhando onde? No Ministério da Saúde. Secretaria especializada na saúde indígena. Você é descendente de índios? Não, não sou. Tenho só cara (risos). Devo ser, mas não tenho histórico que eu saiba. Ribeirinho, né? De beira de rio, que morava no interior, que pescava de canoa. Meu avô era assim. Nos anos 50 morava na beira de rio. E agora você lançou o Amazônida, conta a história dele. Demorou quanto tempo pra você produzir?

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A gente começou a produzir três anos atrás. Foi o seguinte, eu tinha feito o “Skate Salva” em 2010, e aqui tem carência de vídeos. E skate aqui é forte pra caramba. Só que como não tem mídia, começamos a pensar a dar um rolê de skate e fazer um vídeo legal. Só fazer uma coisa de rolê mesmo e fomos filmando. E também só filmando fim de semana e quando não chovia. Manaus chove demais. Então demorou tudo isso. Consegui viajar algumas vezes e foi fluindo o vídeo. Mas tenho a intenção só de me divertir, filmar e mostrar o skate do Norte. Você viajou bastante pra produzir. Viajei. Mas foi tudo por acaso. Pra São Paulo eu fui pela Ulick, que me mandou pra lá fazer umas filmagens. Porque, viajar pelo Norte é muito difícil. Só de barco? É, tudo fluvial. O avião aqui é muito caro. Se pra São Paulo é 600 reais, aqui pro lado, outro município do Norte sai mil reais. Está muito caro. No final de ano eu peguei aqui de Manaus até Santarém, depois subi pro Pará. Do Pará eu subi pra São Luis do Maranhão. Do Maranhão fui pra Fortaleza e depois Tocantins. Desci pra Brasília, dei uma passada no Rio e depois fui pra São Paulo. Fiquei pouco tempo mas fiz uma tripzinha bem legal. Bem mochileiro mesmo. Mas você chegou a morar um tempo em São Paulo, né? Cheguei, fiquei uns dois anos e meio. Fui nesse pensamento de dar um rolê de skate. Na minha cabeça era pra ficar quatro meses pra ver como é. Na verdade quatro meses não deu nada. Tive que ficar pelo menos


um ano pra sentir alguma coisa. Então eu saí daqui, estava trabalhando, saí com o seguro-desemprego e depois de quatro meses não tinha mais dinheiro e fui me virando. Consegui um trabalho lá na Galeria (do Rock) com o Bruno (Araújo, da Skate Até Morrer), que o (Vitor) Sagaz me ajudou a conseguir. Hoje você tá feliz aí em Manaus? Me sinto feliz, é minha casa. Onde eu vivi a maior parte do tempo. São Paulo tem as paradas do skate, os picos, mais pistas, que aqui não tem. Só que aqui é o meu lar. É onde eu me sinto feliz porque tenho os amigos desde criança e tudo mais. E é raiz. Quando eu fui pra São Paulo ninguém conseguia entender o meu dialeto. É um dialeto do Norte. Como é andar de skate em Manaus hoje em dia? Andar de skate hoje em dia em Manaus é bem legal. Tem várias pistas. Não tem muitas, mas já tem bem mais que antes. Quando eu comecei a andar nos anos 2000, não tinha pistas de skate como tem hoje. Tinha que ir num bairro, com a galera, procurando alguém que tinha obstáculos. Tinha que fazer obstáculo na rua de casa. Era muito louco. Hoje em dia está bem melhor. Imagina antigamente, antes dos anos 2000. Tem uma Era muito famosa aqui, que era na Praça do Congresso, onde o pessoal começou a andar de skate aqui em Manaus. Em meados dos anos 70 pra 80, o começo de tudo foi lá. Mas hoje em dia tá bem bacana. Hoje em dia tem bem mais skatistas. Antigamente você tinha que procurar os skatistas pelos seus bairros, era muito difícil ver skatistas pelas ruas. Hoje em dia você está passando pela rua e vê o cara passando de skateboard. Coisa que eu via em São Paulo direto. Além do skate ser uma coisa pra se divertir numa skatepark e na rua, o pessoal se locomovendo. Eu não via isso aqui antes. No Amazônida você anda nuns picos muito rústicos. Pra você, é natural isso? É, sim, é natural. Aqui nunca tem um pico perfeito. Em vários lugares os caras falam que o pico não é perfeito, mas aqui, além dos picos não serem perfeitos, são rústicos – aqui é uma cidade antiga, foi modificada pra modernidade; o clima é muito quente. Muita gente se assusta quando vem pra cá. Não conseguem andar por causa do calor. Mas os picos aqui são bem difíceis. E o fato de aqui ter muita chuva e o sol ser muito forte, o piso vai se deteriorando. Pra embalar com o skate é muito ruim também. Acaba tendo essa dificuldade a mais. E os picos do Amazônida são naturais do Norte, picos bem difíceis, bem do Amazonas mesmo. Difícil de andar, mas são lindos, rústicos e exóticos de andar. Você é um skatista exótico (risos). Quais foram suas influências pra ser tão insano? Quando te vi andando aqui em SP foi impressionante demais! Eu me acho exótico! Tipo, eu vou pros lugares e sou bem regional de Manaus, do Amazonas. Cara totalmente de indígena. Tem muita gente se confunde pensando que eu sou indígena. Mas eu me sinto exótico por ter uma vida contemporânea, que eu conheço São Paulo e mesmo assim sou um caboclinho do Norte. Isso é ser exótico, ser diferente dos outros, tenho dialeto diferente. E minhas influências foram o começo de tudo no skate. Lembro que quando eu comecei a andar de ska-

te, estava tentando dar flip, e o pessoal falava pra eu começar com o ollie, me divertir mais. Hoje em dia o pessoal pensa mais em fazer manobras e se esquecem da diversão. Minhas influencias foi todo esse pessoal que anda até hoje. Tem muitas, já passei por vários lares, várias casas, vários amigos. E até hoje eu tenho essas amizades. Cada pedacinho desse pessoal é minha influencia. Cada pessoa tem um estilo diferente e eu fui captando cada um, olhando cada um se divertindo ali. E quando fui pra São Paulo então, depois de tomar vários açaís daqui, que é uma coisa bem forte. O pessoal até tira onda comigo por causa do açaí. Então teve um tempo que eu só tomava açaí e estava bem energizado. Como aqui é rústico de andar, eu tinha o poder maior lá. Porque lá eu achava tudo perfeito. Então não tinha limites de andar, de ser agressivo. Eu tentava me divertir e as pessoas achavam que eu estava sendo insano. Mas de insanidade eu não tenho nada, eu só quero me divertir, embalar ser o mais radical possível no meu skate. Baraka é um apelido que te deram em São Paulo? Não, o apelido é de Manaus mesmo. Logo no começo do skate, no primeiro ano, coisa de moleque. Como meu dente é bem afiado (risos), o pessoal zuava comigo. Depois de um tempo, agora poucos me chamam de Baraka. Eu acabei encurtando pra Bk pra ficar mais compacto. O Baraka virou Bk agora. Desculpa, eu não sabia, Barakinha! Agora só vou te chamar de Bk, então. Mas o que significa Baraka? Eu podia te dizer que Bakara quer dizer natureza, os sons… Tem até um documentário falando sobre isso. Mas na verdade é um personagem de videogame. Baraka do Mortal Combat, que tem os dentes afiados. Foi uma zoação que eu não gostei e ficou. Mas agora o meu nome é Bk. Maikon Quaresma Bk (risos). Eu achava que era por causa do documentário! Claro que não, Arakaki! Depois de muito tempo o pessoal me mostrou o documentário. Quando rolou o apelido eu era molequinho, e foi do Mortal Combat mesmo.

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ESPECIAL

BIANO BIANCHIN FECHA SÉRIE “REAL LIFE HAPPENING”, DA VOLCOM Biano Bianchin fechou a série “Real Life Happening“, da Volcom Brasil. Foram cinco episódios lançados semanalmente, começando com Giovanni Vianna e seguindo com Vi Kakinho, Akira Shiroma e Pedro Barros. O veterano está na Volcom desde o começo da operação da marca no Brasil e é profissional desde muito antes de todos integrantes do time terem nascido. Aos 41 anos de idade, o gaúcho não dá sinais de diminuir o ritmo e continua se reinventando, mostrando que tem skate para muitas outras partes. Biano conversou com a Tribo Skate sobre a produção do “Real Life Happening”, em seu quintal paulistano, o Museu do Ipiranga. Por Sidney Arakaki Desde qual ano o skate faz parte da sua ‘real life happening’? Desde 88. Eu sou um cara que vem da geração dos anos 80. Você acha que o vídeo representou o teu ‘real life happening’? Acho que sim. Esse projeto, na verdade, não é só passar manobras, nível. Tem que ter também, mas é uma parada do skate que não engloba só manobras. Acho que precisa mostrar o lifestyle, que isso hoje em dia é muito fundamental, você ser um skatista de alma, de lifestyle, viver a parada. Então o “Real Life Happe-

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ning” quer mostrar isso. Mostrar o teu dia a dia, tua vida no skate. Esse projeto foi pra mostrar isso, a vida acontecendo, dia a dia no skate, manobras, onde você anda, teu rolê, como você vê o skate. Nas partes a gente consegue ver o rolê de cada um, ou como é a vida de cada um. O cara que gosta de viajar. Eu fui viajar pra filmar. Eu andei no Museu, que é um lugar que eu chamo de meu quintal, que eu moro perto, estou sempre aqui andando. Eu acho que o “Real Life Happening” veio pra mostrar isso, o dia a dia e o lifestyle do skatista. E claro, a gente se empenhou em manobras. Mesmo tendo pouco tempo, foram poucos meses que a gente botou em prática. Ao mesmo tempo, mostra uma realidade, não tem uma coisa muito forçada. A espontaneidade é o que a gente mais queria mostrar ali. Teve o empenho… Se for ver, na minha parte tem transição, corrimão, bordas, linhas, switch. Eu sempre tento mostrar nas partes alguma coisa nova, alguma coisa da minha evolução. O switch wallie no comply é uma parada que filmei pra isso. Foi uma parada que aprendi filmando. Então acho que o legal é isso, mostrar um skate bem versátil, bem completo. Acho que agrada todo mundo e mostra também da geração que eu vim. Quando eu comecei a andar era legal saber andar em tudo, pra nunca ficar de fora na sessão e se divertir com os amigos.


Com 16 anos de Volcom foi a primeira vez que a gente teve um projeto assim aqui no Brasil. Então quando teve a ideia e começamos a trabalhar nesse projeto, foi uma coisa muito legal. Eu me empolguei bastante. Por mais que teve pouco tempo, a gente tentou dar o melhor de si e fazer uma parada legal. Hoje em dia, pra mim, a minha intenção quando eu faço uma parte de vídeo, é mostrar boas manobras, mostrar o meu lifestyle, o estilo de skate. Acho que é fundamental. A gente não pode se esquecer hoje em dia, que é importante ter estilo. Isso é uma coisa que, na minha geração, era manobra e estilo. Hoje em dia, eu me preocupo muito em fazer uma parte que o moleque assista, que seja um minuto, dois, mas que assista e tenha vontade de andar de skate. Tenha vontade de pegar seu skate e sair manobrando. Que te dê ‘go fa’ pra tentar manobras novas, sair na sessão com os amigos, empolgado. Coisa que acontecia com a gente nos anos 90, quando assistia ali a primeira vez o “Plan B”, “Ban This”, que a gente saia como loucos, remando na rua, tentando manobras, querendo aprender manobras que aprendeu no vídeo, fissurado. É um projeto que cresceu muito, porque era pra ser 90 segundos. “Real Life Happening 90 Seconds”. E como a galera foi se empenhando, as coisas foram acontecendo, as vidas foram acontecendo, acabou que virou um projeto com uma parte maior, mais de dois minutos. Acho que foi bem legal. Legal que você falou que faz pensando na molecada, mas ao mesmo tempo, a nossa geração fica pilhada também. A gente comenta, “olha como o Biano tá andando ainda. Aos 40 está nesse nível”. E particularmente também, tem essa de mostrar que a minha geração, a gente está aí e pode andar igual e está se empenhando, tentando evoluir, se reinventando. Porque é uma coisa que todo mundo vai envelhecer, todas as gerações novas vão ser velhas. Isso é um ciclo, não adianta a gente fugir disso. Quando eu comecei sabia que a gente ia ficar mais velho, sabia que eu virar old school ou legends, sei lá. Eu comecei a andar de skate sabendo que ia ser até o fim da minha vida. Skate pra mim é isso, meu estilo de vida. Então acho que o mais legal também disso é mostrar que a gente está aí ainda. A gente está vivo, em movimento, evoluindo. E mostrar que o skate não tem idade. Basta você gostar, amar, se dedicar. E querer estar sempre evoluindo. Sempre buscando limites, eu particularmente sou bem insatisfeito com minhas coisas, então estou sempre tentando fazer melhor e melhorar. Nunca achando que está bom. Acho que isso é um defeito bom. Não sei se é um defeito, mas acho que é bom isso. Não se acomodar. É, não se acomodar. O prazer é esse, fazer a molecada de hoje em dia, que já é uma geração nova bem diferente da minha, mas que tem essa vontade de andar de skate quando assisto. O vídeo seja uma coisa que te prenda e que te faça andar de skate. O mais importante é isso. Eu sou um cara fissurado em vídeos de skate. Todos os dias eu assisto. Eu entro no site e assisto vídeos novos, estou sempre entrando em sites da Europa, vendo coisas novas pra me inspirar e ver picos, manobras. Isso é uma coisa muito importante, estar sempre se atualizando. Eu sou um cara que vejo um

vídeo, se eu boto numa parte e ele não me prende, não me dá aquela vontade de andar de skate, eu já paro de assistir. Agora, se tem um vídeo que me prende e eu começo a assistir, acho legal, não precisa ser manobras super ‘marretadas’, coisas que são poucos que fazem. Mas coisas que te faça ter vontade de andar de skate, que te inspire. Essa parte, como as outras que eu já fiz, acho que nessa eu tentei mais ainda mostrar o estilo e mostrar a presença da minha geração e conseguir que a galera dessa geração também sinta vontade de andar de skate olhando a gente, que é um estilo diferente. Por mais que as manobras de hoje em dia são iguais as da nossa época, voltou tudo. Porque eu falo, hoje em dia o skate pra mim está super divertido, está uma fase muito boa. Eu me sinto numa fase muito boa na minha vida, em tudo. As manobras que a gente faz, que são legais, que está na moda e tal, são coisas que a gente fez há 20 anos atrás. Acho isso muito legal, o legal do skate é isso. O futuro é sempre o passado. O velho vai ser o novo. Não tem como a gente envelhecer se a gente se dedicar e acompanhar, a gente não fica pra trás. Ele que abriu e você fechou a série “Real Life Happening”. Teve algum critério pra ordem? A ideia de abrir com o amador, o Giovanni, que não faz muito tempo que está na Volcom. Foi o cartão de visitas dele. Dele mostrar o skate, mostrar a vida, o lifestyle dele ali. Mas não teve nenhuma ordem. Eu acho que a sequência foi legal, foi correta. Eu fiquei feliz de fechar esse projeto, porque eu já perdi as contas de quantas partes eu já fiz. Mais de 15, 20… não lembro! Já tive parte no vídeo da Matriz, Chiclé, 100%, Dagger, vários vídeos, e até então nunca tinha fechado um vídeo. O Dagger eu acho que abri, mas fechar não lembro. Pra mim foi legal ter essa oportunidade. E foi um jeito da Volcom mostrar todo esse respeito, esse tempo que a gente trabalha juntos, que estamos ali. E a do Giovanni por ele ser amador, ser o mais novo, foi bom pra abrir as portas do projeto pra todo mundo ver e dar o ‘start’. Você já teve até documentário (Alma Sobre Rodas) sobre a sua vida há mais de dez anos atrás. Você tem planos de fazer um novo atualizado? Tenho sim. Várias ideias ainda. Aquilo ali foi um documentário que a gente fez, que na verdade não era pra ser um documentário. Foi quando eu lancei meu tênis pela Reef. Era pra ser um vídeo pra ser encartado com o tênis e acabou que, por a gente estar viajando direto, eu e o (Anderson) Tuca, fazendo Animais na Pista pelo Brasil inteiro, e aí começou a vim as ideias e bateram as ideias, a gente começou a escrever o roteiro. Tinha imagens, fotos, bastante arquivo, acabou que virou um documentário. Mas foi uma coisa bem enxuta. Ainda tem bastante coisas pra mostrar e contar. Depois daquilo muitas coisas aconteceram. Isso foi lá em 2006, 2007. Já estamos em 2016 e eu estou aí, em plena atividade, querendo cada vez mais. Quero fazer uma coisa mais detalhada, diferente. Isso é um projeto que já está em mente.

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EVENTOS

COMO FOI O PIC TRICK MATRIZ 2017 EM CANOAS 65 skatistas, representando o mais alto nível da categoria amador dos estados de São Paulo, Campo Grande, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estiveram em Canoas no último domingo para o Pic Trick Matriz 2017. A disputa de melhor manobra na mesa de picnick rolou no estacionamento coberto do Shopping Canoas, com realização da Matriz Canoas, produção da Matriz Skate Shop, patrocínios Boulevard Skate Co, Diamond Supply Co e DC Shoes e apoios de Official, Crail Trucks e Templum Wheels. “O objetivo principal foi alcançado! Agir local e ter esse impacto nacional, incentivando a prática do skate amador em várias comunidades do Brasil. Nessa 2ª edição vieram skatistas de outras regiões, o que mostra a necessidade que os amadores têm de ver a cena e as oportunidades acontecendo. Enquanto estivermos em atividade e com os parceiros certos, vamos continuar trabalhando para que isso aconteça” explica Eliézer Santos (coordenador de Mkt Matriz Skate Shop).

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GOVERNO DE SP CRIA PROGRAMA PARA CONSTRUIR 100 PISTAS DE SKATE A Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Governo do Estado de São Paulo apresentou o “100% – Esporte Para Todos”, um programa se propondo a implantar aproximadamente cem pistas de skate em cidades do Estado. As prefeituras das cidades interessadas têm até o dia 5 de abril para se inscrever no programa. Os equipamentos serão implantados pela SELJ e cabe às administrações municipais a preparação dos terrenos. Todos os requisitos e documentações necessários para que as prefeituras possam solicitar os equipamentos estão disponíveis no link http://www.selj.sp.gov. br/?page_id=7024. “O 100% – Esporte Para Todos é uma ação que atende à razão de existência da Secretaria, auxiliando na transformação para uma sociedade mais saudável, ativa e participativa. Certamente teremos uma resposta muito eficiente e volumosa por parte das prefeituras paulistas”, comenta Paulo Gustavo Maiurino, da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude.

RJ TEM NOVA PISTA DE SKATE EM MANGUINHOS A cidade do Rio de Janeiro acaba de ganhar mais uma pista de skate. Agora foi a vez dos skatistas do bairro de Manguinhos, zona norte, serem contemplados com um lugar especialmente construído especialmente para as sessões. Nos últimos anos, várias pistas com ótima qualidade estão sendo construídas no Rio de Janeiro e se tornaram referência em todo Brasil. Mérito da empresa Rio Ramp Design, de skatistas comprometidos em oferecer o que há de melhorem projetos e acabamento. Um dos skatistas profissionais presentes na inauguração da pista de Maguinhos foi Wallace Belo. Ele nos enviou um comentário: “Mais uma pista construída pela Rio Ramp Design e mais uma vez muito bem feita. Transições, bordas, canos, tudo muito bem construído. Gostei muito da altura dos obstáculos que tem uma altura média. São muito boas para aprender manobras novas, uma pista que vai poder ser desfrutada por crianças e adultos perfeitamente. Essa foi a primeira impressão que tive da pista no dia da inauguração, que por sinal, estava muito cheia. Pretendo andar lá mais vezes e aproveitar mais, porque é mais uma ótima pista aqui do Rio de Janeiro.” A pista fica na Av. Dom Helder Câmara, 1184 (em frente a Biblioteca Parque de Manguinhos e ao Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, próximo à UPA de Manguinhos).

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