Novas Cartografias Urbanas

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R / SÃO PAULO / FESTIVAL ARTE.MOV / 2010 - BELÉM / BELO HORIZONTE / PORT

ELÉM / BELO HORIZONTE / PORTO ALEGRE / SALVADOR / SÃO PAULO / FESTIVAL ART

Novas cartografias urbanas: Arte e tecnologia desenhando uma nova paisagem.

FESTIVAL

ARTE EM MÍDIAS MÓVEIS 2010

BELÉM 22 A 26/SETEMBRO - 2010

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FÓRUM LANDI Exposições, simpósio, lounge multimeios, rádio/workstation, informações gerais MOSTRA EIXO TEMÁTICO ARTE.MOV Pier das 11 janelas PERFORMANCES / EVENTOS AUDIOVISUAIS Praça do Carmo, Pier das 11 Janelas, Praça São Joãozinho WWW.ARTEMOV.NET


EPÍGRAFE

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“Em geral, a forma dos espaços urbanos deriva de vivências corporais específicas a cada povo. Nosso entendimento a respeito do corpo que temos precisa mudar, a fim de que em cidades multiculturais as pessoas se importem umas com as outras. Jamais seremos capazes de captar a diferença alheia enquanto não reconhecermos nossa própria inaptidão” Richard Sennet, em Carne e Pedra — O corpo e a cidade na civilização Ocidental

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APRESENTAÇÃO VIVO

Vivo arte.mov está em um momento especial, certamente um dos mais marcantes de sua trajetória. Em 2010, concretiza-se o movimento em que o Festival, originalmente criado em Belo Horizonte no ano de 2006, transforma-se em um Programa Cultural nacional que conecta uma rede de projetos alinhados à temática da arte, da mobilidade, da tecnologia digital e das mídias locativas. Nesse contexto, o Festival Vivo arte.mov passa a se constituir como um nó estratégico dessa rede, a partir do qual muitas outras iniciativas ganham visibilidade e aproximam-se, gerando um processo rico de colaboração entre artistas, produtores culturais, pesquisadores, estudantes. No formato realizado neste ano, as cidades que recebem o evento são um dos ativos mais destacados do Vivo arte.mov. Belém, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo, juntas, compõem um circuito com grande riqueza e diversidade quanto à expressão cultural, ao perfil populacional, aos aspectos geográficos e econômicos. Cada um delas agrega um capítulo diferente à discussão central do Vivo arte.mov 2010: de que maneiras as tecnologias digitais, especialmente os dispositivos móveis, impactam as cenas urbanas em sua cartografia, sua identidade, sua linguagem, sua economia. Dessa forma, há uma conexão intrínseca entre as cidades. O conhecimento produzido e organizado em cada uma delas se soma às demais em um processo inédito de cooperação entre diferentes regiões do país para a construção de uma reflexão nacional sobre temática tão instigante quanto atual. Sob o ponto de vista da Vivo, a partir da proximidade com seu negócio, os debates e as experimentações empreendidas no âmbito do Vivo arte.mov criam ainda uma oportunidade para a empresa estar informada e fazer parte de discussões que interessam diretamente à companhia, inclusive quando apontam para aspectos críticos que perpassam as áreas de tecnologia e comunicações. Por todos esses motivos, fazer parte da condução do Vivo arte.mov, em um processo que envolve parcerias qualificadas com artistas, curadores, pesquisadores, produtores culturais e um público interessado e antenado, deixa-nos especialmente entusiasmados com os desdobramentos que podem ser desenvolvidos de agora em diante para o Programa, como a chegada a outros estados, a ampliação do número de projetos parceiros, o lançamento de publicações, a disponibilização de mais conteúdos online. A você que acompanha uma das etapas do Festival, não deixe de conhecer mais a respeito do que acontece nas outras cidades e as oportunidades que o Programa oferece, acessando o portal www.vivo.com.br/artemov. Sobre a Política Cultural Vivo, há mais informações disponíveis no www.vivo.com.br/cultura ou se comunique conosco pelo e-mail cultural@vivo.com.br.

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Desenvolvimento Cultural Vivo

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Em sua 5ª edição, o Vivo arte.mov – Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis, amplia seu escopo, consolidando uma atuação em todo o Brasil, o que reforça o papel do Festival como referência nacional para a produção e a reflexão crítica em torno da chamada 9 200

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formado por pontos tradicionais e marcos históricos locais.

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Os espaços previstos para o Vivo arte.mov em Belém compreendem a Praça Frei Caetano Brandão, a Casa das 11 Janelas e os arredores, até a Praça do Carmo; um corredor cultural

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Esta edição do Vivo arte.mov, com o tema “Novas cartografias urbanas: reconfigurações do espaço público”, acontece nas cidades de São Paulo, Belém, Salvador, Porto Alegre.

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a partir da disseminação das tecnologias de comunicação móvel.

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pesquisas e criações que reflitam as transformações, na sociedade contemporânea, ocorridas

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Além disso, o Vivo arte.mov tem como meta o fomento de um pensamento crítico e o estímulo a

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assim, atua, de forma efetiva, tanto na formação de público quanto na de novos realizadores.

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desde reflexão e discussão de questões que envolvem o universo das tecnologias móveis.

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Ao estabelecer parcerias em várias regiões do Brasil, o programa multiplica as possibilida-

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ORGANIZADORES

“cultura da mobilidade”.

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SUMÁRIO

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Novas cartografias urbanas: corpo, espaço e movimento redesenhando cidades.

As reconfigurações do espaço público a partir de uma geografia que passa a considerar a rede e os elementos de comunicação como constituintes de uma 200 8

paisagem. Da magia à tecnologia do truque, o visível é aquilo que a vista abarca.

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Em Belém, o Vivo arte.mov busca dialogar com as particularidades do cenário

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local em formas possíveis de leitura da identidade e do imaginário amazônico. Discutindo o que seria o invisível e o visível na cidade, tanto em termos de representatividade ‘identitária’ como nas formas de acesso aos meios de

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expressão, as várias atividades do Festival abordam a formação de redes

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alternativas de comunicação, em que o celular funciona como alternativa para a ausência de outras infraestruturas. Esse recorte temático discute a sustentabilidade e os empregos alternativos da tecnologia, abrangendo experiências que buscam a intersecção entre mídias portáteis e os usos inesperados de recursos e aparelhos cotidianos, como em registros audiovisuais ligados ao corpo (narrativas envolvendo questões de gênero e sexo) e em práticas de metareciclagem, gambiologia e afins. Para aprofundar essas questões, o Simpósio está organizado em três tópicos que organizam os debates nas mesas realizadas diariamente. Esses temas estão relacionados com os temas nacionais que estruturam o Festival a partir de eixos condutores que definem áreas de abrangência e procuram discutir os aspectos mais recentes da relação entre as tecnologias las mídias (visibilidade/invisibilidade): fluxo, refluxo e reinterpretações” é um reflexo do tema nacional “Expandir o presente e contrair o futuro”; e “O movimento como reinvenção, a formação de canais paralelos” é um reflexo do tema nacional “Novos modelos de negociação”.

Apresentação: Giseli Vasconcelos - produção executiva arte.mov_Belém Lucas Bambozzi - curadoria festival arte.mov Fabrício Santos - Gerência de Desenvolvimento Cultural da Vivo

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Alter-do-Chão, Ponta do Cururu, Ponta de Pedras, Jutuba, Caraparanaí, Pajuçara, Arariá, Maria José, Salvação e Maracanã. Água busca revelar o impacto das sazonais mudanças climáticas no meio ambiente, que

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transformam a paisagem da região e a vida das pessoas; a difusão da arte eletrônica e das novas mídias; assim como a propagação em rede e o acesso à informação em mídias móveis. As expedições no rio Amazonas irão mapear (mapping) e monitorar (tracing) o ciclo das águas e o impacto dessas mudanças. O projeto cria mapas das rotas do projeto com o upload de vídeos, imagens, diário de bordo e vivências com a população ribeirinha, disponibilizados através de dispositivos móveis do celular. O projeto poderá ser acompanhado em tempo real pela internet e em instalação em ambiente imersivo para expor o conteúdo audiovisual capturado durante as expedições no rio Amazonas. A instalação oferece uma experiência de interação como metáfora da expedição possibilitando aos visitantes a exploração do espaço geográfico representado pelo mapa, de modo que possam vivenciar de outra maneira a expedição feita pelos artistas. No percurso da expedição, os participantes vão revelar um pequeno trecho de uma das regiões que está no foco de atenção do mundo, mas pouco se sabe em profundidade sobre do que é feito este mundo de água. O percurso e a presença neste lugar vão permitir construir uma vivência específica, algo como revelar que uma região, uma cidade, uma vila é feita de inúmeros

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lugares a partir daquele que a percorre. É como construir um espaço-tempo móvel.

_SHOWCASE

ÁGUA: arte e vida móvel Valzeli Sampaio, Nacho Dúran e Jarbas Jácome A produção contemporânea de arte vem refletindo a tensão entre arte e vida, com representações que enfocam as relações que se manifestam entre os espaços, os fluxos existenciais, a presença do homem, o devir do encontro e desencontro. Qual, afinal, o lugar da arte contemporânea com base em aproximações com o mundo da vida? ÁGUA Mídia Locativa tem objetivo criar autoria no espaço público questionando e tensionando conceitos sobre mobilidade, lugar, espaço, público, vigilância, controle e monitoramento. A obra propõe a escrita e a releitura do espaço urbano como forma de apropriação e resignificação da área da mesorregião do Baixo Amazonas. O projeto vai intervir na rota entre Santarém, Óbidos e Oriximiná. Nessa região, nos primeiros meses do ano, algumas praias chegam a desaparecer por causa da cheia dos rios, mas, no resto do ano, ressurgem com areias brancas e finíssimas; algumas de fácil acesso, outras completamente isoladas. Entre as mais conhecidas, estão:

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O espaço em movimento, a paisagem em adaptação palavras-chaves:

o horizonte turvo

ecossistemas

comunicação com as megamáquinas, espaço informacional

landmarks

as formas de comunicação da cidade (local x global)

a mobilidade e a vida pelo rio

a “vista” pro hemisfério norte

entradas e saídas macro-economias e bio-piratarias 18

MEDIADOR: MARCUS BASTOS Ricardo Folhes (PA) - Georeferenciamento e mapas participativos Ivana Bentes (RJ) - Para além do local (texto?)

Mutantes paisagens, imprecisas cartografIas Marisa Mokarzel

A representação gráfica e convencional de uma cidade sofre constantes alterações, adapta-se a novas regulações e domínios. A demarcação de um território significa o controle de um espaço delimitado, submetido a determinadas regras, criadas por e para o exercício do poder. Milton Santos considera que “o mapa do mundo são vários, mas o mundo é um só”1. Acredita que “o espaço é tornado único à medida que os lugares se globalizam. Cada lugar, não importa onde se encontre, revela o mundo (no que ele é, mas também no que ele não é), já que todos os lugares são suscetíveis de intercomunicação” 2. Belém situa-se no norte do Brasil em uma região que extrapola as delimitações geográficas do país. A Amazônia estende-se pelo Suriname, República Cooperativa da Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, constituindo-se em uma vasta extensão de terras e águas, denominada de PanAmazônia. Se Belém é um pequeno território em meio a tantos outros, inserida em uma região para a qual os “olhos do mundo” se voltam, como ocorre o seu movimento no espaço global? Como se estabelece a comunicação com diferentes lugares? Que identidades se formam? Que arte produz? Ao se globalizar, Belém revela o mundo, “no que ele é, mas também no que ele não é”, torna-se suscetível ao processo comunicacional, reafirmando a sua condição de lugar que se interliga a outros lugares. Não importa onde nos encontramos, é do lugar que se revê o mundo, e é justamente no lugar que pode se firmar algo permanente, sobrepondo-se ao passageiro, ao que vem de fora3. Bem verdade que o permanente não é tão duradouro e o que vem de fora não se conserva isolado, ao contrário, interage com o local e esse, apesar da pressão que lhe pretende silencioso, consegue escapar. Ao romper barreiras, cumpre o papel de difusor. Na difusão dos processos culturais, na transmissão do que se pensa ser, deixa-se visível a identidade do lugar. E que identidade é essa que, em constante formação, se soma a diferentes características e se apresenta como plural? De que forma, nas entradas e saídas dos fluxos econômicos, sociais e culturais, se constrói a identidade para se tornar diferente do outro, marcar presença, se fazer notar? As preocupações com essa complexa questão inúmeras vezes estiveram presentes na formação do Brasil, na afirmação de um território que sempre se locomoveu pelas margens. Considera-se centro o que os livros e a mídia legitimaram, ou seja, os países e os continentes que se impõem e ditam regras que reverberam em lugares próximos e distantes. A arte brasileira, desde o século XIX, movimenta-se no sentido de formular uma identidade, e a paisagem foi um viés identitário adotado. “Para os críticos e para os artistas, as representações da paisagem se encontravam então estreitamente vinculadas àquilo que o escritor e filósofo francês Ernest Renan chamara ‘a alma nacional’ [...]” 4. Na década de 1860, com a política de unificação nacional e cultural exercida por D. Pedro II, a pintura de paisagem contribuiu para a construção de uma identidade nacional. Na década seguinte,

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com as mudanças políticas que anunciavam a República, houve uma reformulação iconográfica para atender o gosto burguês, mas a pintura de paisagem permaneceu como dado identitário. No final de 1889, extinto o regime imperial, ainda prevalecia esse mesmo gênero de pintura, que se manteve no início do século XX, representando a identidade brasileira. Com o tempo, os interesses dos pintores paisagistas modificaram-se, e eles começaram a concentrar-se em questões mais específicas ao campo da pintura. Nos anos 1920, firmou-se um novo processo identitário, proveniente da arte decorativa que desenvolveu traços regionalistas. Um dos artistas que experimentou essa nova vertente foi o paraense Theodoro Braga que cursou a Escola Nacional de Belas Artes e conquistou o Prêmio de Viagem em 1899. No retorno da Europa, em 1905, trouxe com ele A planta brazileira (copiada do natural) applicada à ornamentação.5 Artista e professor, Theodoro Braga incluiu em seu repertório decorativo elementos provenientes da cultura marajoara encontrada no Pará. Aliou os traços regionais à Art Deco. A valorização desses elementos decorativos, referenciados na Região Norte, talvez tenha sido transmitido ao aluno Manoel Pastana, outro artista paraense que, no trabalho desenvolvido na Casa da Moeda, deixou em cédulas e selos um repertório formado pela fauna e flora amazônica, além de vários projetos de arte decorativa que nunca foram colocados em prática. Belém constrói sua trajetória no campo da arte por caminhos não lineares, lança mão da paisagem sem preocupar-se com processos identitários. Na década de 1940, um grupo de artistas, formado por Ruy Meira, Benedicto Mello, Arthur Frazão e Leônidas Monte, dirigia-se ao Utinga, em passeios dominicais, para produzir suas paisagens. De lá pra cá, os tempos sucederam-se, os espaços sofreram mudanças, os deslocamentos construíram vácuos e deixaram rastros na memória sem que uma história mais exata pudesse ser contada. Entre lacunas, o lado oposto ao sul do Brasil foi movendo-se pelas margens dos rios, pouco penetrando nas florestas. Nos anos 1980, não só o espaço continuou a configurar-se de diferentes formas, mas a paisagem também se adaptou a um novo olhar. O recorte e o enquadramento do ambiente e daquele que nele habita ocuparam as lentes dos fotógrafos, enquanto artistas deixavam em suas pinturas a cor forte vinda dos bairros periféricos, distantes da área economicamente mais privilegiada. Foi em preto e branco e com intensas cores que os deslocamentos ultrapassaram os contornos amazônicos e desenharam uma cartografia de idas e vindas, em que era possível observar trajetórias além do Brasil. Na década de 1980, havia a preocupação identitária, firmava-se uma imagem atrelada à palavra “amazônica” que funcionava como um adjetivo, uma qualidade atribuída ao recorte que fez sobressair uma visualidade momentaneamente desejada. Esse procedimento foi ao encontro da política nacional que vigorava na época e desejava mapear as manifestações culturais brasileiras, numa tentativa de dar visibilidade ao que era produzido não apenas nos centros hegemônicos. Essa conjuntura talvez tenha favorecido a circulação mais ampla do artista local. A partir dos anos 1990, as peças começam a mover-se com mais rapidez; as configurações modificam-se em segundos; o sistema de arte não se detém em um processo identitário, mas em diferentes caminhos nos quais estão presentes várias identidades, distintas linguagens que podem mesclar-se e remeter a paisagens citadinas, ribeirinhas, cotidianas ou subjetivas, reveladoras do mundo e da vida. O efeito da globalização é sentido mais de perto. Constata-se que as intercomunicações facilitam as trocas culturais, econômicas e políticas, fornece condições para se navegar por diferentes territórios, sejam eles

físicos ou virtuais. Mas não se pode perder de vista que “só os atores hegemônicos se servem de todas as redes e utilizam todos os territórios”6. De forma desigual, lugares como Belém inserem-se no processo globalizado, ressentem-se de uma situação favorável para que arte se forme e se locomova em excelentes condições e com as mesmas oportunidades propiciadas pelos “atores hegemônicos”. Em seus estudos culturais, Canclini comenta que as perguntas pela identidade e pelo nacional não desaparecem com os circuitos internacionais de comunicação nem com as indústrias culturais ou com as migrações. Não cessam as indagações pela desigual apropriação do saber e da arte. Não se consegue apagar os conflitos7. Em Belém, a cultura e a arte se locomovem em condições instáveis, dentro de um campo inseguro. Artistas com inegável potencial se formam, mas nada garante que seus percursos serão mantidos, mesmo que as portas comunicacionais estejam abertas e as redes constituídas. Em meio às situações adversas há, sem duvida, o aproveitamento das facilidades promovidas pelo trânsito cultural que se tornou intenso, mais fluido e não mais tem a obrigatoriedade de contar com a mediação institucional. Isso, no entanto, não significa que alianças e apoios não devam ser mantidos. Para que o país encontre o seu prumo cultural e fortaleça as suas manifestações artísticas é preciso que os espaços moventes não percorram uma única direção, e que a paisagem seja adaptada a realidades distintas. Percebe-se que “[...] dificilmente se entenderá a lógica espacial das sociedades contemporâneas sem se levar em conta o papel da ciência, da tecnologia e da informação”8. Acredita-se, portanto, que, se forem cumpridos com responsabilidades esses papeis, talvez possamos constatar que as mutantes paisagens e as imprecisas cartografias são apenas uma licença poética, e não uma insegura e inviável realidade cultural e artística. 1 Este depoimento foi concedido a uma entrevista (p.159 a p.174) realizada por José Mario Ortiz Ramos, Eliane Moraes e Douglas Santos, professores da PUC-SP, e Maria Bueno C. de Paula,

pesquisadora do Idesp. Publicado em SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo:

Globalização e meio técnico-científico-internacional. São Paulo:EDUSP, 2008, p. 171

.

2 Id. p. 40 3 Pensamento desenvolvido por Milton Santos. Op.cit 4 Nesse texto, a citação e as posteriores reflexões sobre o lugar da paisagem na arte brasileira são realizadas a partir de VALLE, Arthur; DAZZI, Camila. As bellezas naturaes do nosso paiz: o lugar da paisagem na arte brasileira, do Império à República. In: Concinnitas, Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Artes da UERJ, ano 10, vol. 1, n. 14, jun. 2009, p. 121. 5 De acordo com Arthur Valle e Camila Dazzi, hoje, essa obra encontra-se na Seção de Obras Raras da Biblioteca Mário de

Andrade, em São Paulo. Op.cit.

6 SANTOs, Milton. Op. cit., p.50 7 CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas. São Paulo: Edusp, 1998 8 SANTOS, Milton. Op. cit. p.69

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Mapeamentos participativos e comunidades tradicionais na Amazônia – breve comenários

floresta documentassem cartograficamente sua realidade. O expropriado começou a ter acesso e a usar em sua defesa as ferramentas das quais setores dominantes sempre se valeram. Poderíamos dizer então que as novas tecnologias de informática e de sistemas de informação, ao contribuírem com a popularização da confecção de mapas, estariam permitindo que esses estivessem atualmente sendo utilizados enquanto linguagem de poder e, por outro lado, também de contestação? Caso sim, qual seria a legitimidade dos sujeitos envolvidos em um ou outro processo? A relevância de tais questões vem motivando muitos debates acadêmicos no Brasil e no

Ricardo Folhes

mundo. Porém, na Amazônia, o poder de contestação de mapas elaborados por diferentes grupos sociais, a partir do conhecimento que possuem dos territórios que tradicionalmente

A elaboração de mapas é um procedimento tão antigo quanto a humanidade. No entanto, enquanto os primeiros mapas eram desenhados no solo ou em paredes de pedra - como no caso dos antigos habitantes das várzeas do rio Nilo que faziam mapas para planejar a divisão

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ocupam, vem ganhando visibilidade em contextos diversos e afirmando a legitimidade das reivindicações territoriais promovidas por distintos grupos sociais. Um dos melhores exemplos é o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia que, conduzido

das terras agricultáveis durante a vazante das águas – atualmente, são produzidos com o

por um conjunto interdisciplinar de pesquisadores, objetiva o mapeamento social de movimen-

suporte de refinadas tecnologias, a partir do uso de um grande número de equipamentos, tais

tos sociais urbanos e rurais, suas formas organizativas e a difusão de conhecimentos

como: sensores ópticos transportados em satélites orbitais, receptores de diferentes sistemas

cartográficos, privilegiando a diversidade cultural existente nessa região e possibilitando a

de posicionamento global, radares, softwares variados, para não falar de vários outros.

auto-cartografia de povos e comunidades tradicionais.

O que parece não mudar é a relação de poder que se estabelece por de trás dos mapas. É

Em Santarém, na região oeste do Estado do Pará, a montagem de um laboratório de

rica a literatura que trata das maneiras pelas quais muitos mapas foram historicamente

geoprocessamento, no setor de organização comunitária da ONG Projeto Saúde e Alegria,

elaborados para consolidarem interesses geopolíticos, fomentarem a consolidação de

permitiu o desenvolvimento de alguns projetos de elaboração de mapas participativos junto a

Estados-Nação, ou para transferirem legitimidade sociopolítica a empreendimentos econômi-

diferentes movimentos sociais da região.

cos promovidos pelos Estados ou por grandes empresas. O Projeto RADAMBRASIL pode ser entendido como um bom exemplo desse processo.

Nessas experiências de Santarém, aparelhos receptores do sinal do GPS e imagens de satélite foram utilizados para que quilombolas, grupos indígenas, extrativistas e lideranças

Lançado pelo governo Médici em 1970, foi o primeiro mapeamento em larga escala da

sindicais cartografassem seus territórios – os conflitos existentes, os usos da terra e as

Amazônia. Foi preciso ao oferecer um banco de dados sobre a distribuição espacial dos

delimitações requeridas. No caso do Assentamento Agroextrativista do Lago Grande, os mapas

recursos naturais dessa região, mas pouco ou nada apresentou sobre os povos que habitavam

elaborados pelas lideranças do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de

as florestas, que, naquela época, estavam sendo dizimados pelo avanço de grupos econômicos

Santarém (STTR) e da Federação das Associações Comunitárias do Assentamento do Lago

financiados pelo Estado. O RADAMBRASIL, ao não apresentar elementos mínimos sobre a

Grande (FEAGLE) foram utilizados pelo INCRA em diversos momentos relacionados à tentativa

ocupação humana na Amazônia, transferiu legitimidade ao lema militarista “Gente sem Terra

de resolução de conflitos fundiários. O fato de ser a FEAGLE reconhecida pelo INCRA como a

para Terra sem Gente”, ilustrando o momento em que a adesão do grande investidor era

legítima representação institucional das comunidades do assentamento transferiu maior poder

sinonímia de progresso e desenvolvimento.

aos mapas, que, durante certo período, funcionaram como instrumento balizador, de colabora-

Desde os anos 90, novas geotecnologias tornaram a produção de mapas mais barata e acessível. A partir de tal fato se desdobra uma dupla situação na Amazônia: setores produtivos

ção e contraposição às visões e aos documentos oficiais referentes ao assentamento. Não menos contestatórios foram os mapas produzidos pelas lideranças indígenas da Gleba

e grileiros passaram a produzir, corriqueiramente, material cartográfico com fins de obterem

Nova Olinda, também em Santarém, que, após aprenderem a usar o receptor GPS, ficaram 40

licenças de extração de madeira e a apropriação da terra de comunidades locais. No entanto,

dias no campo para cartografarem os limites da Terra Indígena requerida e sua sobreposição

por outro lado, as geotecnologias também abriram a possibilidade para que os povos da

com áreas de exploração madeireira.

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Ambas as experiências relatadas partiram do pressuposto de que a utilização de uma metodologia de mapeamento participativo adaptada poderia conduzir o processo de elaboração dos mapas demandados, a partir do conhecimento que as comunidades possuíam do território, com o apoio de algumas técnicas de sistemas de informações geográficos (SIG) e sensoria-

Vidas-linguagens: Ama.zonas

mento remoto (SR). Embora a precisão cartográfica fosse desejável, priorizou-se a obtenção da informação qualitativa acerca da percepção do território pelas próprias comunidades.

Ivana Bentes

De maneira geral, mapeamentos participativos envolvem processos de obtenção e espacialização de dados de diferentes naturezas que, dependendo dos objetivos estabelecidos,

A região amazônica é hoje um lugar de experimentação radical. Onde s e constroem um

podem apresentar diferenças no processo metodológico. Essas influenciam o tipo e o grau de

presente/futuro ciber-verde, uma tecno-natureza, imagens e discursos que alimentam um

participação efetiva das comunidades, as ferramentas de geoprocessamento utilizadas, os

intenso tráfego e tráfico no imaginário local/global. Pensar a região e seus ecossistemas como

produtos obtidos, as regras estabelecidas para a gestão dos dados e mapas elaborados, e as

essas “reservas de mundos”, deslocamentos subjetivos que produzem “antropologias reversas” e

atividades de capacitação das comunidades envolvidas.

a emergência de “vidas-linguagens”. O consumo e compartilhamento de “ambientes” e ecologias

A própria “participação” pode variar de contexto, desde a definição dos objetivos dos

subjetivas nas redes. Duas análises de casos: os ciber-indios do imaginário hollywoodiano e o

projetos e dos custos envolvidos, passando pela elaboração dos mapas, com etapas de campo

“pensamento do homem do rio”, relato de viagem para a realização da série de fotografias “O

e escritório, e, finalmente, chegando a uma discussão profunda a respeito das regras e

Esplendor dos Contrários: as aventuras da cor caminhando sobre as águas do rio Amazonas”, de

estratégias de utilização dos dados e mapas produzidos; das parcerias formadas e dos

Arthur Omar.

processos de manutenção e atualização das bases de dados geradas. 25

O potencial para produção de mapas participativos, enquanto ferramentas de apoio aos processos de diagnóstico e ordenamento territorial, e à resolução de conflitos socioambientais no contexto de povos e comunidades tradicionais, aumenta à medida que os movimentos sociais se fortalecem; e que equipamentos de informática, imagens de sensoriamento remoto, ferramentas de SIG e GPS, vêm se popularizando e diminuindo consideravelmente a dificuldade de operação e os custos envolvidos, com, inclusive, boas alternativas de distribuição de imagens e softwares gratuitos, como as imagens CBERS e a plataforma de geoprocessamento TerraView (ambos disponibilizados no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A própria difusão do acesso à internet em áreas isoladas da Amazônia, promovida por projetos governamentais e de ONGs, como os Infocentros, os Pontos de Cultura Digital e os Telecentros de Inclusão Digital, possui grande potencial para a disseminação da informação cartográfica entre comunidades e movimentos sociais. Dito tudo isso, resta salientar que, mais importante que o produto cartográfico final, é a possibilidade que os contextos de elaboração de mapas participativos trazem para a reflexão dos movimentos sociais acerca das suas distintas realidades territoriais, que mudam conforme as circunstâncias. O mapa representa uma verdade subjetiva e transitória. Por isso, mais importante que o produto é o processo.

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_SHOWCASE

O uso das redes para FIns artísticos e políticos, a partir dos projetos: Google Will eat itself, Amazon Noir e Neural.it

Google will eat itself é um projeto que gera receita a partir de anúncios de texto publicados no Google a partir de uma rede de websites ocultos. Conforme o descritivo do projeto: “Com este dinheiro ações do Google são compradas automaticamente. É um forma de comprar o Google através de seus próprios

Alexandro Ludovico (ITÁLIA)

anúncios. O mecanismo de busca “come a si próprio” — pois no final seremos seus donos! Ao estabelecer este modelo autocanibalístico nós desconstruímos os novos mecanismos de publicidade global ao transformá-los em um surreal modelo ecônomico de 1-clique. Depois deste processo, nós entregamos a

Criada em 1993, a revista Neural pretende refletir sobre a rede como um conceito, ao invés de ser uma revista de cultura digital. Partindo de experiências de expansão da mídia impressa por meio de estímulos sensoriais (como forma de colocar a revista em sintonia com seus 27

propriedade compartilhada de “nossas” ações do Google para a GTTP Ltd [Google To The People Public Company], que as devolve aos usuários que clicarem e ao público em geral” Amazon Noir “é um sistema que rouba material com copyright da Amazon usando tecnologias

temas e público-alvo), Neural se transformou aos poucos em um nó que publica conteúdo. Um

sofisticadas de robôs-perversores desenvolvidos pelo supervilão Paolo Cirio. Uma luta subliminar através

dos diferencias da Neural é justamente este: a ter se transformado em um portal online, optou

da mídia e uma disputa legal evangelizadora que culminaram em um espetáculo online com o furto de

por selecionar e filtrar os conteúdos que publica, propondo um recorte editorial claro, ao

mais de 3.000 livros como centro da história”. Durante o processo da Amazon contra os desenvolvedores

contrário de muitas das comunidades onlines importantes para a cultura digital, que tem

de Amazon Noir, “Lizvlx, do UBERMORGEN.COM, travou duelos diários com a mídia-de-massa global, Cirio

abordagens mais compartilhadas e distribuídas. Alessandro Ludovico, criador da Neural, é

continuamente ampliou os limites do copyright (argumentando que livros são apenas pixels numa tela ou

também um artista importante. Esteve envolvido com projetos seminais, como Google Will Eat

tinta no papel), Ludovico e Bernhard resistiram à propostas de suborno da Amazon.com até que finalmen-

Itself e Amazon Noir.

te desistiram e venderam a tecnologia por uma quantia não revelada. Traição, blasfêmia e pessimismo

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SIMPÓSIO_DIA 2

A construção da identidade e do imaginário local pelas mídias (visibilidade/invisibilidade): FLuxo, reFLuxo e reinterpretações

Dolores Galindo, Fabiane Borges, Hilan Bensusanz Os corpos são recursos de políticas da verdade. São lastros de identidades reconhecidas: idade, raça, classe, sexo. Os corpos são reveladores reconhecidos. Etiquetas, selos de controle – um selo de controle, supostamente, biológico e assim natural. Ao mesmo tempo, corpos são provas da artificialidade venenosa que os produz. Os discursos podem mentir; os corpos também. Burlar, sabotar, escapar. Os corpos são atravessados e atravessam a farmacopéia da verdade, saem de controle, porém, nunca inteiramente escapam às políticas que lhes perpassam, pois a microfísica do poder supõe regiões de margem.

palavras-chave:

o corpo espelhado na mídias formas de reinterpretação do corpo e da sexualidade (gêneros e re-existências)

29

TENDER HACKER QUEER COPYLEFT

dificuldades de acesso aos meios de expressão. “perspectivas imediatas, filosofia e práticas do presente” atores da economia urbana subterrânea (ambulantes, fronteiriços)

Nas sociedades disciplinares da modernidade clássica, as estratégias de governo se voltavam à vida e aos corpos entendidos como superfícies de inscrição. Governar a população significava adestrar corpos, criar instituições, rotinas e estabelecer procedimentos para o controle da circulação de objetos e pessoas. É nesse contexto que emerge e se com solida o cálculo estatístico probabilístico dando origem ao risco entendido como probabilidade de ocorrência futura de eventos danosos. O poder pastoral se volta ao corpo da população e de cada um, solicitando a vigilância contínua dos deslocamentos no espaço e no tempo: corpos

MEDIADOR: Rodrigo Minelli (MG) Fabiane Borges (SP) - Virtualidade e sexo: narrativas e consciência social Orlando Maneschy (PA) - Imagem, mito e Amazônia Lala Dehenzelin (SP) - Movimento CrieFuturos

sólidos, gestão. Nas sociedades pós-disciplinares, a biopolítica envereda pela composição de corpos precários que habitam virtualidades biológicas (BRAUN, 2007). O que está em pauta são as metáforas da circulação e da comunicação que substituem a ortopedia disciplinar. Tomemos um exemplo simples – a pílula contraceptiva. A cartela da pílula (hormonal) marca o compasso da administração diária, espécie de relógio em miniatura a marcar o tempo dos fluxos menstruais, do humor, das erupções cutâneas, das metástases (PRECIADO, 2008). No contexto dessas transformações, falamos, então, de piratarias em tenderware, ou seja, na carne, no corpo. Com esse neologismo, enfatizamos a maleabilidade. Tender: macio, sensível, suave, mole. Hardware: mecânico, rígido, recalcitrante. Quem se espanta com a cápsula ou o líquido do fármaco que se mistura venosamente quando ingerido? Enquanto na prisão – imagem emblemática dos dispositivos disciplinares – o controle é ortopédico, contemporaneamente, o controle se dá, também, de modo aberto, contínuo por meio de uma farmacopéia (PRECIADO, 2008). Ainda que pareçam opostas, tanto as estratégias de biocontrole, voltadas à promoção da saúde, como as práticas de transformação corporal encontram, no recrudescimento da plasticidade do corpo, sua condição de existência.

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O termo pirataria remete à reapropriação – perversão de fluxos de mercadorias nos mares – muito além da classificação jurídica como roubo. Pirataria queer-copyleft, por sua vez, remete

quando seus corpos são avaliados pelos olhos das pessoas que decidem se eles são genuínos

à reconversão ativa de códigos bionormativos. No movimento de cultura livre, que ganha força

ou piratas. A distinção entre o genuíno e o pirata é parte das políticas da verdade: resistir a elas

no final dos anos 80, piratas são alçados a figuras de borda capazes de desestabilizar as

é tratar o pirata como genuíno. Exigir o certificado é validar o copyright e considerar que elas

codificações que restringem a circulação de conhecimento e de tecnologias.

podem não passar é insistir na distinção entre o que é pirata e o que é genuíno. Uma alternativa

Apostamos na potência produtiva da linguagem de códigos para desmontar antigas

é entender que os corpos podem ser também vistos enquanto copyleft como vem argumentan-

dicotomias (HARAWAY, 1996). Nesse sentido, utilizamos a expressão “piratarias queer-copyleft”

do vários movimentos queer-copyleft, a exemplo dos coletivos “XX boys: photography and

para falar de agenciamentos que reconfiguram fronteiras corporais e encaixes políticos entre

culture” (http://.xxboys.net/), “Generatech: para un agenciamiento de género en la tecnocultu-

elementos de diversas ordens, rompendo velhos dualismos, entrecruzando relações. Como

ra audiovisual” (http://generatech.ningunlugar.org/) e “esquizotrans” (http://esquizotrans.

escrevem Deleuze e Guattari (1995):

wordpress.com/)”.

É preciso um agenciamento para que se faça a relação entre dois estratos. Para que os

Na internet, encontramos, também, fora dos eixos dos ativismos, fotos e depoimentos de

organismos se vejam presos e penetrados num campo social que os utilize: as Amazonas não

pessoas que, aos poucos, transformam seus genitais e sua sexualidade através de implantes,

tem que cortar um seio para que o estrato orgânico se adapte a um estrato tecnológico

amputações, cortes, o que modifica consideravelmente as funções de alguns órgãos dos seus

guerreiro, por exigência de um terrível agenciamento mulher-arco-estepe? São necessários

corpos, assim como suas sensações. Muitas vezes essas modificações tendem a fixar

agenciamentos para que estados de forças e regimes de signos entrecruzem sua relações

agrupamentos identitários, conforme as transformações que se produzem no corpo. Mas as

(DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 90).

identidades-interfaces são escolhidas – adotadas, e não reveladas. Modificar o corpo é ato de

Piratarias descrevem, assim, poéticas que trabalham na confusão das fronteiras, no 31

Um momento dramático das TTT de toda natureza (Transexuais, Travestis, Transgêneros) é

auto-pirataria e a modificação corporal avizinha-se da pirataria. Os piratas usam distintivos que

estabelecimento de novas combinações entre fluxos semióticos, informacionais e biológicos. O

os tornam reconhecíveis como avulsos. Seus corpos não são inteligíveis na matriz habitual,

elogio à hibridação (i. e. Aos processos por meio dos quais práticas discretas, que existiam em

eles se tatuam, se esculpem e se furam. A modificação do corpo faz dele um laboratório, um

formas separadas, se combinam para gerar novas estruturas, objetos ou práticas) é insuficien-

laboratório do que pode ser feito com um corpo. Quando se modifica um corpo, para além dos

te para abordar as piratarias em tendware. Contemporaneamente, hibridizar está longe de

protocolos e prescrições e no justo limite da prudência, adquire-se uma potência. A pirataria

constituir, por si, uma estratégia de resistência. Pode-se entrar e sair dos processos de

dos corpos é uma imagem para a pirataria do socius, das matrizes de inteligibilidade, das

hibridação. Nem sempre se hibridizar significa romper com desigualdades e subordinações.

distribuições de poder.

Uma teoria não ingênua da hibridação é inseparável de uma consciência crítica dos seus

Como as modificações corporais, os travestismos também colocam o corpo entre riscos

limites, do que não se deixa, ou não se quer, ou não pode ser hibridizado (CANCLINI, 2000, p.

externos aos bulários. Em 2003, S., então presidente da Associação de Travestis de Mato

71).

Grosso, morre em função da aplicação de silicone líquido – industrial – no tórax. Em 15 de julho

A lenta sabotagem por meio das modificações, dos travestismos e dos hormônios fora do

de 2008, a travesti lavradora mato-grossense B. também vem a óbito pelo mesmo motivo,

controle médico é parte de um movimento de retomada do corpo, de interferência, de reconfi-

entre centenas de outras histórias. Trajetórias que adquirem visibilidade ao modo infame, isto

guração não apenas com palavras e imagens, mas com hormônios e implantes. Deixar o corpo

é, quando interceptadas por aparatos de poder-saber, nesse caso: o dispositivo médico

acessível aos seus usuários: tecnologia acessível a quem precisa dela, free as in press. Se vale

(internação, diagnóstico), legal (autópsia, inquérito policial) e espetacular (mídia, notícia). B. e

para o seu software, vale para o seu corpo? Por que você teria que aceitá-lo sem modificações?

S. morrem no afã da posse de seios fartos. As notícias curtas de internet e mídias locais fazem

Ou, de outro lado, por que para acessar e modificá-lo há que, necessariamente, patologizá-lo?

falar e ver a miserável cena espetacular. É difícil instituir resistências quando tratamos do

(BUTLER, 2009).

poder sobre o corpo, biopolítica. Que fácil seria, sem dúvida, desmantelar o poder se esse se ocupasse simplesmente de vigiar, expiar, surpreender, proibir e castigar, mas não é simplesmente um olho nem uma orelha: ele também incita, suscita, produz, obriga a agir e a falar (FOUCAULT, 1984, 1996).

32


Para cada configuração de saber-poder, corpos são configurados – o corpo heterossexual, o corpo do condenado, do/da hermafrodita. Como sondar e viabilizar resistências e saídas no próprio campo dos condicionantes, das múltiplas conexões que nos enredam? (FOU-

uma droga dura, espero estar sozinha em casa para prová-la (PRECIADO, 2008). Na auto-intoxicação voluntária de testosterona, passamos a uma pirataria que opera em um

CAULT, 1996). S. e B. performam, por meio da manipulação precária de uma substância, o

nível distinto do silicone que se dá sobre a pele – contesta os controles hormonais sob a pele.

silicone. Enfrentam-se a políticas diluídas, imiscuídas, no orgânico. Não há inimigos

Drogas “moles” acessíveis em qualquer farmácia da esquina. Se na ortopedia disciplinar, a

externos nem tampouco alianças às claras. É um jogo farmacológico e químico – uma ficção

vigilância dá-se por meio do isolamento em celas, agora cada corpo passa a ser uma cela. O

somática – não porque deixe de ter realidade material, mas porque se constitui por

dispositivo (circular) da pílula marca o compasso da administração diária – relógio em miniatura

repetições performativas de processos de construção política. Se, na prisão, imagem emble-

a pontuar o tempo por meio da administração medicamentosa. Acerca do protocolo de auto-

mática dos dispositivos disciplinares, o controle é ortopédico, o controle se dá de modo

-administração de testosterona, Preciado (2008) salienta que tomar testosterona não muda o

aberto, contínuo por meio de uma farmacopéia. Na dose certa, remédio; em excesso ou

sexo, pode modificar (a depender da dose), o modo como o gênero é codificado sexualmente.

ordenação adversa, veneno.

Não vou dizer que sou igual a vocês, que me deixem participar das suas leis, nem que me

A leitura das notícias conduz a um agenciamento sócio-técnico permeado de seringas, cola rápida ou esmalte de unha para fechar o ponto de incisão, toalhas borradas e à

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estar regulado nem pelo Estado, nem pelas companhias farmacêuticas. Como se tratasse de

reconheçam como parte da sua normalidade social. Mas que aspiro a convencê-los de que são, em realidade, como eu. Estamos tentados pela mesma deriva química (PRECIADO, 2008).

circulação clandestina de um material sintético – um código político de acesso. O espaço

As piratarias queer-copyleft que mencionamos adquirem sentido num contexto no qual o

para reconversão dá-se no corpo, mais precisamente, sob a pele. O silicone transpassará a

corpo é uma linha privilegiada de subjetivação. No contexto das biosociabilidades contemporâne-

pele, como esclarecem as distintas advertências médicas. Precariamente, S. e B. pirateiam

as (isto é, das sociabilidades que emergem da relação entre capital, biotecnologias e medicina),

políticas de gênero. Seriam a medicalização e a inclusão em protocolos clínicos as soluções

tais agenciamentos operam em contraponto às práticas voltadas à normalização e obtenção do

para evitar os riscos? Ou seja, a reivindicação por uma cidadania cirúrgica ou hormonal?

corpo e saúde perfeitos. Não é disso que falamos ao utilizamos a expressão piratarias queer-

(CARVALHO, 2009). Tais questões, no movimento social organizado de trans, vêm sendo

-copyleft, mas, justamente, das linhas de fuga que se tenta traçar na potência em ato que é

colocadas. Aqui, com a expressão piratarias queer-copyleft nos inserimos nesse tenso

burlar, escamotear, acessar e produzir novos acessos.

campo político sem pretensão de oferecer respostas ou lançar uma palavra de ordem. O termo pirataria remete à reapropiação – perversão de fluxos de mercadorias nos

Nas práticas bioascéticas – apolíticas e individualistas –, “perdemos o mundo e ganhamos o corpo” (ORTEGA, 2008). No caso das piratarias queer-copyleft, não se trata de personalizar o

mares – muito além da classificação jurídica como roubo. Pirataria queer-copyleft, por sua

corpo por meio de novos aditivos, mas de desterritorializá-lo. A apropriação queer da performati-

vez, remete à r econversão ativa de códigos tecnobionormativos. No movimento de software

vidade parodia e expõe tanto o poder vinculante da lei heterossexualizante como a possibilidade

ou cultura livre, que ganha força no final dos anos oitenta, piratas são alçados a figuras de

de expropriá-la (BUTLER, 2002).

borda capazes de desestabilizar as codificações que restringem a circulação de conheci-

O corpo, nas auto-experimentações fora dos protocolos médicos, adquire potência na justa

mento. ESSE PERÍODO ESTÁ REPETIDO ACIMA. Ao invés do copyright (direito autoral e

medida em que se liga a outros corpos e, mais propriamente, às políticas de construção. O aparato

propriedade intelectual), o copyleft (livre distribuição de conhecimentos e tecnologias). Por

corporal, longe de ser uma superfície, é resultado de processos de materialização e negociações

deslocamento e trocadilho, à expressão todos os direitos reservados, opõe-se a expressão

tensas sobre suas fronteiras (HARAWAY, 1996).

todos os direitos invertidos. Numa pirataria queer-copyleft, em outubro de 2006, Beatriz Preciado, teórica queer, professora universitária, que divide seu tempo entre Paris, Estados Unidos e Espanha, dá início ao uso de testosterona em gel por meio de um protocolo doméstico, o que resultará na escrita do livro Testoyonqui, publicado em 2008, ela escreve: (...) Eu pertenço a este grupo de usuários da testosterona. Somos usuários copyleft: quer dizer, consideramos os hormônios como biocódigos livres e abertos cujo uso não deve

Acesso livre aos meios de produção do próprio corpo. Compartilhamento de experiências laboratoriais. Proliferação de saberes sobre nosso próprio código fonte. Éticas convergentes debatidas coletivamente. Aos contornos da definição de piratarias queer-copyleft, acrescentamos à inversão de códigos, uma característica, também derivada das contaminações entre políticas queer e de cultura livre – o compartilhamento e o logo, o inacabamento.

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Não há alternativas subversivas para “além”, “fora” ou “antes” do poder, mas linhas, agenciamentos que escapam e fazem escapar. No compartilhamento incessante, há cópias e cópias, não havendo um original no qual possa ser buscada a razão de ser das modificações

Movimento CrieFuturos

sucessivas. Como lembra Butler (2002), o queer (que não designa uma identidade) é para os dispositi-

Lala Dehenzelin

vos de normatização não o que uma cópia é para o original, mas em vez disso, é o que uma cópia é para uma cópia. Talvez, essa seja a dimensão de mais difícil compreensão, pois, as

Será apresentado o movimento Crie Futuros, que surge no dia 1º de janeiro de 2007, em São

piratarias queercopyleft não são emulações de corpos femininos purificados, mas os reinven-

Paulo. Pesquisando imagens do “passado do futuro”, sua criadora percebeu que desde finais do

tam. Expropria-se. Apropria-se. Cria-se um código.

século XIX haviam muita imagens e visões de futuros desejáveis que inspiraram o que temos hoje em dia. E hoje que futuros estamos sonhando? O projeto inicia em 2008, com Seminários,

35

BUTLER, J. Cuerpos que importam. Barcelona, Paidós, 2002

Oficinas e o início de desenvolvimento das plataformas digitais e neste mesmo ano extrapolou

BUTLER, J. Desdiagnosticando o gênero. Physis, 2009, vol.19, no.1, p.95-126.

as fronteiras brasileiras e começou a ganhar expressão internacional. Em 2009, o apoio

BRAUN, B. Biopolitics and the molecularization of life. Cultural Geographies 2007; 14; 6.

recebido do programa Novos Brasis/Oi Futuros e da Agência Espanhola de Cooperação

CANCLINI, N. La modernidad después de la posmodernidad. In: BELUZZO, Ana Maria de

Internacional ao Desenvolvimento (AECID) permitiu um grande avanço com a criação de Nodos

Moraes (Org.). Modernidade: vanguardas artísticas na América Latina. São Paulo: Memorial

no Uruguai, Argentina, Republica Dominicana,Chile, Espanha e Peru.Sua plataforma digital

da América Latina, 1990.

WIKIFUTUROS ( que já possui centenas de futuros) amplia-se e é reformulada em um processo

CARVALHO, M. Para além da cidadania cirúrgica. Disponível em: http://www.clam.org.br/

de renovação e maior adequação ao objetivo que almeja. Despertando interesse, a metodologia

publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6576&sid=4. Acessado em: 29/04/2009.

WIKIFUTUROS vem sendo adotada por organizações e entidades que, mais uma vez, trazem

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1, São Paulo, Editora

projeção internacional ao movimento. Como exemplo, visite , a plataforma digital da exposição

34, 1995.

LAS AMÉRICAS, em Bogotá,realizada pelo governos de Espanha e Colômbia, como celebração

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes, 1984.

dos Bicentenários.

_____________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal, 1985. _____________. La vida de los hombres infames: ensayos sobre desviación y dominación. Buenos Aires/Montevideo: Editorial Altamira/Editorial Nordan-Comunidad, 1996. HARAWAY, D. Ciencia, cyborgues y mujeres: la reinvención de la naturaleza. Madrid: Cátedra, 1996 ORTEGA, F. O corpo incerto: corporeidade, tecnologias médicas e cultura contemporânea. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.

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IMAGEM, MITO E AMAZÔNIA QUESTÕES PARA UMA CONVERSA Orlando Maneschy desenvolvem relações complexas com a imagem fixa e em movimento, conquistando A imagem vem sendo empregada de forma muito ampla nas mais variadas culturas ao longo de séculos, e seu inegável valor de culto faz-se presente na

dade/cidade ganha um espaço voltado à fotografia como experiência sensorial e política no

religião, na arte e cultura de massa, em diversos interstícios ao longo de sua práxis

Pará, por meio de oficinas que buscavam sensibilizar o olhar do observador.

na existência humana, conseguindo, atualmente, uma vastíssima difusão pelos meios digitais e cultura em rede. Na região Amazônica, com a chegada da fotografia, foi deflagrada uma especial

Partimos dessa relação com a imagem – tão forte na região e tão passível de questionamentos –, propulsora de leituras e elemento significativo na construção de referenciais, que tanto podem ampliar a compreensão sobre o lugar, revelando um substancial conjunto

relação com a imagem, que influenciou na delimitação de ideia desse território,

de informações, quanto gerar enganos, ao propiciarem concepções estereotipadas, para

tomou parte em seu desenvolvimento, inscreveu-se em sua existência, circunscre-

tentar entender algumas questões importantes propostas por artistas na região.

vendo um momento “presente”, sempre reativado. Ela foi utilizada na construção de

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espaço no campo das artes. A partir dos anos 1980, com a criação da FotoAtiva, a comuni-

Aqui, cabe pontuar que, se algumas relações com a imagem se dão a partir de uma

uma representação social e de um imaginário cultural, propagado ao redor do mundo,

relação de fascínio, deslanchado com a possibilidade técnica de registro de determinada

que, por vezes, ultrapassou o estreito limiar entre realidade e ficção. Esse tipo de

perspectiva do visível, fruto da inferência de um desejo que media posicionamento frente

operação, empregado amplamente em proposições artísticas da contemporaneidade

aquilo que é foco de atenção; muito do que já foi visto do resultado de olhares deslumbrados

é presente na imagem que ocorre na Amazônia desde o século XIX.

perante da imensidão da paisagem ou da potência dos recursos naturais e culturais não nos

Fato curioso que pode ser visto naquelas consideradas como sendo as primeiras imagens, realizadas na região de índios Umauás às margens do Rio Japurá (1865), oriundas de fusão entre negativos como elaboração estética. Albert Frisch, fotógrafo

interessa aqui. Iremos nos concentrar em processos que buscam expandir a compreensão do papel da imagem como revelador de potencialidades e diferenças. Por vezes, mesmo artistas e fotógrafos não se contêm frente às cenas que se consti-

alemão, ao lançar mão de exposições distintas para obter uma única imagem,

tuem diante de seu olhar. A busca de uma reflexão a partir desses dados vem ocorrendo,

constrói uma fotografia com captações da luz tecnicamente perfeitas, tanto em seu

com maior intensidade, desde o Primeiro Seminário de Artes Visuais da Amazônia, realizado

primeiro plano quanto em seu fundo, com ampla nitidez, graças às múltiplas

nos anos 1980, iniciando um debate em torno da visualidade regional. De lá para cá, muito

tomadas. Imagens essas que foram exibidas na Exposição Internacional de Paris de

se conquistou, em especial a busca de posicionamentos críticos por parte de artistas e

1867 e que, conforme Pedro Karp Vasquez, “muito contribuiu para sedimentar o mito

fotógrafos, na tentativa de constituir aspectos diferenciados de olhar partindo de referên-

da Amazônia no imaginário mundial.” (KARP VASQUEZ, 2000, p.82).

cias da região.

Essas fotografias que representam guerreiros imersos na natureza, ricamente

Nessa região, cuja história é marcada por faustos e declínios, circulação cultural e

paramentados, vem atender a um desejo de representação de uma Amazônia

isolamentos crônicos que configuram abismos marcantes, o amazônida tem que se olhar

idealizada e exótica. Se elas revelam um interessante dado de sofisticação técnica

de olhos bem abertos e não cair na simples prática da reprodução de padrões e desejos

na concepção do objeto fotográfico, ainda em seus primórdios, em que o artifício é

medianos, copiados de uma lógica estrangeira, reproduzindo estilos estratificados. Há a

empregado para o alcance da finalidade estética; essa não deixa de possuir

necessidade de abandonar modelos importados, que não dão conta das especificidades

implicações na construção de um ideário em torno da região, ocorrência que a

locais, e olhar mais para as questões nevrálgicas desse sistema, traçando um posiciona-

posteriori será verificada novamente. A utilização da imagem fotográfica vem se

mento crítico de dentro, a partir do embate com as particularidades, buscando ampliar a

fazendo presente ao longo do tempo na Amazônia, em projetos de artistas que

reflexão.

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Imersos em contextos singulares, alguns dos artistas da região Norte tem a necessidade de realizar suas proposições de maneira mais independente, já que atuam localmente em um

Nesse cenário difícil e rico, o artista carece saber quais as imagens constituintes de seu

sistema de arte em que não existe a presença de todos os elementos necessários para que o

discurso e quais as operações pretende ativar a partir de sua obra.

funcionamento e a sobrevivência do próprio sistema sejam garantidos. A maior parte dessa

Um exemplo emblemático de obra visual que irá discutir a consciência de si mesmo é a

produção encontra-se à margem do sistema econômico da arte estabelecido no sudeste do

obra Hagakure, do paulista radicado na região desde os anos 1980, Miguel Chikaoka,

país, e tem seu funcionamento estruturado, em sua maioria, a partir de subvenção de bolsas e

responsável pela criação da FotoAtiva, berço de fotógrafos e artistas da imagem que

editais, de fomento local e nacional; além da participação no tradicional modelo do salão de

despontaram ao longo dessa década e da seguinte em Belém. Em Hagakure, Chikaoka tem

arte, que ainda persiste como um dos locais mais importantes de legitimação dessa produção,

seus olhos fotografados por um dos seus ex-alunos e ampliados em película, para serem

mas que contém fragilidades específicas enquanto parâmetro de atribuição de valor. Esse

perfurados por espinhos de palmeira Tucumã. O gesto de transpor a película nos remete ao

panorama contribui para uma instabilidade na produção, que opera, em determinados casos,

hara-kiri, um ato de lealdade e honra; e nesse caso, o rasgo é feito do lado de dentro para

na sazonalidade.

fora, e nos convoca a perceber que a consciência de como se vê é algo que está além de um

Dentro desse cenário, algumas práticas são bastante reduzidas, como a crítica, o mercado

gesto banal, mas é um ato simbólico, de entrega à experiência de enxergar, de se deixar

e a formação de acervos museológicos. Nesse ambiente, em que a produção precisa encontrar

atravessar pela potência do lugar e liberar o olhar para ir além, com a consciência de si.

em si mesma um propulsor de processos que necessitam ocorrer a despeito da incompletude

39

de questionar sua função como tal, mas por necessidade real, inclusive de sobrevivência.

Revelando as pequenas coisas escondidas no cotidiano, temos Armando Queiroz, que

de um sistema de arte; os artistas devem traçar estratégias de produção que subvertam a

vem estabelecendo um denso discurso em torno de questões culturais e históricas da

lógica capitalista, engendrando um fazer que se norteia a partir da necessidade de materializa-

região, reativando, em alguns momentos, situações que não foram resolvidas; trazendo à

ção de uma fala, do transbordamento de uma subjetividade. Essas circunstâncias propiciam um

luz por meio da arte. Em Tempo Cabano, o artista propõe uma obra para um lugar específico,

determinado grau de independência criativa, descomprometendo o fazer artístico de vincula-

as escadarias do prédio histórico que abriga tanto a prefeitura quanto o Museu de Arte de

ção com tendências do mercado de arte contemporânea.

Belém, durante o projeto Arte Pará 2009. O museu não fazia parte dos espaços a serem

Pode parecer frágil discutir uma produção artística que pouco, ou quase não é, absorvida

ocupados pelo projeto e estava com parte de seu forro em situação de risco. Queiroz propõe

ou reconhecida por uma parte considerável do sistema da arte, e que opera em uma territoriali-

uma retro-alimentação a partir de um olhar que lança ao passado, relacionando-o com o

dade à margem do centro que concentra as instituições de artes no país. Entretanto, é

presente. Apropria-se de duas obras, Cabano Paraense (pintura de Alfredo Norfini, 1940) e

justamente por surgirem em condições de uma quase inadequação que alguns desses artistas

Vendedor de Amendoim (fotografia de Luiz Braga, 1990), iconografias que possuem

vêm desenvolvendo obras diferenciadas, chamando atenção de parte de uma crítica especiali-

personagens populares curiosamente na mesma posição corporal. Queiroz as coloca, frente

zada, que aponta a importância dessa produção não apenas para a região, mas para um país

a frente, no alto de duas escadarias posicionadas diametralmente opostas, sendo que na

que se pretende refletir a partir de suas distinções e complexidades. Longe de querer traçar um

base comum às duas, deposita uma moeda cunhada pelos cabanos e sobre esta, um

discurso do oprimido ou reivindicar um lugar especial a partir dessa condição, pretendemos

amendoim, sugerindo um campo de relações e semelhanças entre personagens e épocas.

garantir que essa diferença seja reconhecida como elemento constituinte de uma produção

Revelada pela associação entre esses objetos, uma agressão sedimentada nos processos

que insiste em existir, mesmo que distante dos centros hegemônicos da arte no Brasil, dentro

de exclusão ganha visibilidade, quando Queiroz trata, por meio de pequenos gestos em seus

de uma perspectiva de existência e dentro de um sistema possível, em que papéis se

trabalhos, de percursos da violência na região.

confundem e há um trânsito entre eles, causado, por vezes, pelo acúmulo de funções dentro desse sistema. Essa incompletude, que leva a sobreposição de papéis, em que o artista passa a exercer

Subverte-se o mito instituído de uma Amazônia idealizada, instaurado por tantas imagens idílicas, para ressaltar uma incompatibilidade diante das proposições de desenvolvimento sugeridas por uma lógica neoliberalista que incide em processos de gentrificação.

múltiplas funções no processo, como artista-etc, e desdobra sua atuação, muitas vezes

Outras imagens irrompem em ações que se estabelecem pelo direito de pensamento crítico

ocupando um papel em que a própria crítica se manifesta na elaboração da obra; faz parte

como resposta às violências.

dessa diferenciação, na qual o artista assume vários papéis não apenas motivado pelo desejo

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_BATE-PAPO Lúcia Gomes aponta para dispositivos de poder em Mênstruo Mostra Monstro Mostarda,

MOSTRA REGIONAL

2006, intervenção realizada no Dia Internacional da Mulher (08 de maio), em homenagem à irmã Dorothy Stang, missionária norte-americana assassinada em 2005, que trabalhava na

Jorane Castro

movimentada no centro da cidade (Avenida Visconde de Souza Franco), a artista adentra ao canal da Doca – que já foi um braço de rio e que atualmente recebe esgoto de prédios de

A exibição do trabalho de Armando Queiroz, Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos

luxo e deságua na Baía do Guajará -, com garrafas cheias de tinta na cor vermelho China e

muitos), foi norteadora do debate, cujas primeiras frases foram proferidas em guarani por

penetra na tubulação de esgoto. É no interior das vias que a artista atuará sobre os dejetos

Almires Martins, que saudou a todos em sua língua materna, palavras incompreendidas pela

fétidos despejados no canal (MANESCHY, 2007:04). Lá, Gomes irá lançar sua tinta vermelha,

platéia. Seu discurso foi um testemunho autêntico da realidade indígena brasileira, desde

que lentamente vai ocupando as águas do canal, tingindo-o de vermelho, em direção à baía.

sempre até os dias de hoje, e permeou a fala dos outros participantes.

Junto a ela, apenas alguns vendedores ambulantes, uma meia dúzia de amigos em silêncio a observarem a tinta marcando um dos pontos mais valorizados pela especulação imobiliária. Sua ação silenciosa aponta para a necessidade de outras perspectivas face à

SIMPÓSIO_DIA 2

Região Amazônica com problemáticas fundiárias e ecológicas. Em meio a uma avenida

brutalidade crescente, tanto no campo quanto na cidade. Há uma contenda simbólica que atravessa a relação com a imagem que se estabelece na região e se norteia a partir de uma tomada de posição diante do que se vê e do que se pretende revelar. Entre a estética e a violência, reside um espaço intervalar que pode ser 41

ocupado quando se consegue olhar para o outro e entendê-lo como tal, respeitando-o em sua diferença. Aí, nesse lugar, algo começa a ganhar visibilidade nos dispositivos constituídos por artistas da região que se dedicam a abordar temas que tangenciam um lugar que muitas vezes são encaminhados para o apagamento. Dentro de uma perspectiva sensorial e ética, alguns artistas vêm atuando dentro de processos em que a arte aponta para estratégias de elaboração artística que possibilitam novas formulações, fricções e subversões no sistema, tornando visíveis lugares de resistência, que em outros sistemas, talvez, nem tivessem a oportunidade de existir. KARP VASQUEZ, Pedro. Fotógrafos alemães no Brasil do século XIX. São Paulo: Metalivros, 2000. MANESCHY, Orlando. Lúcia Gomes : a vida é o trabalho. Anais do 16º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas – ANPAP. Florianópolis, 2007. Disponível em: www.anpap.org.br/2007/2007/artigos/046.pdf

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Experiência Vimus

SIMPÓSIO_DIA 3

As novas negociações:

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o movimento, como reinvenção, a formação de canais paralelos

Jarbas Jácome ViMus é um software que desenvolvo desde a graduação em Ciência da Computação. Começou em 2003, como um projeto para a disciplina de “Computação Musical e Computação Gráfica”, depois virou tema do trabalho de graduação, e posteriormente, da dissertação de mestrado. Desde o mestrado até março de 2009 o projeto foi financiado pelo C.E.S.A.R que ofereceu uma bolsa de pesquisa e infraestrutura através do programa de inovação da empresa chamado Garage.

(os novos desenhos do espaço entre a ocupação informal, propostas coletivas, o papel das redes, novas forças de negociação diante das políticas públicas)

O ViMus é um sistema interativo de tempo real para processamento audiovisual integrado. Interativo porque tanto o artista quanto o público pode interagir com a obra. De tempo real porque o processamento é feito na hora em que o resultado está sendo exibido.

palavras-chave:

a re-emergência de empresas espaço-rua e de bazar (sonoros, móveis e de subsistência)

a economia redesenhada pelas práticas informais subversões funcionais e apropriações dos meios como formas de intervenção e participação em uma cartografia

as gambiarras tecnológicas e seus usos na esfera social a renegociação do espaço, a mobilidade na geografia das cidades

MEDIADOR: LUCAS BAMBOZZI Cícero Silva (SP) – Transborder Immigrant Tool Lourival Cuquinha (PE) - Negociações em circuitos móveis Jarbas Jácome (PE) - Plataformas open-source mobile

De processamento audiovisual integrado porque o áudio pode ser usado para alterar o vídeo, por exemplo. No dia 24 de abril de 2009, dia da inauguração do Memorial Chico Science, o ViMus foi oficialmente publicado como código aberto e distribuído com a licença GPL v3.0. Segue o link para download do programa e do código fonte: http://opensource.cesar.org.br/frs/ download.php/36/vimus_mangue.zip

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Varal, ArtrafFic e Jack Pound Financial Art Project Lourival Cuquinha Na apresentação, quis mostrar alguns trabalhos que tratavam de negociações em circuitos móveis; sendo eles artísticos, urbanos e de fronteiras. Comecei mostrando um trabalho antigo que depende de uma negociação gigante com a cidade, tanto com as pessoas que moram nela quanto com suas instituições urbanísticas: o Varal. Dele, pelo próprio processo da costura, usando uma linha e uma agulha, acabei criando uma peça que era um instrumento para se fumar haxixe sem tabaco, pois não fumo. Estava na França na época, e as pessoas lá só fumam com tabaco. A peça misturava a linha e a agulha, que eu usava naquele momento para costurar as roupas do varal, e uma antiga maneira de fumar hax que conheci no sertão de Pernambuco. Chamei-a de Lê collier du Moçambique. Todo 45

o trabalho que veio com ela: atravessar fronteiras portando-a, por vezes negociar com a polícia, fumá-la depois no local expositivo com todas as pessoas presentes e abrir uma instalação com duzentos colares pra vender; chamei de Artraffic. Tudo isto um grande trabalho de negociação em várias instâncias. Por último, mostrei um terceiro trabalho que se ligava aos outros dois pela potência ilegal e pelo fato de também ser costurado: o Jack Pound Financial Art Project (mais detalhes podem ser vistos em www.jackpoundfinancialartproject.blogspot.com). È realmente uma big negotiation com o público, que se torna co-autor/investidor na confecção do trabalho, com o meio e o circuito mercadológico de arte. Ele foi vendido recentemente num leilão performático em Londres, dirigido por Hugh Edemeades, da Christie’s, no stand da galeria A Gentil Carioca. Mas, independente da pompa que isto deu ao trabalho, era o exatamente desfecho conceitual que ele deveria ter. Como não tenho mas espaço, sugiro o link citado para que se entenda melhor o trabalho, mas vai uma fotinha aqui:

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Transborder Immigrant Tool Cícero Silva

inteiramente novo com a paisagem na forma de suas aplicações para simulação, vigilância, alocamento de recursos, gerenciamento de redes cooperativas e de padrões pré-desloca-

Fabiane Borges e Hilan Bensusan

mento (como o algoritmo Virtual Hiker); modelando um algoritmo que mapeia uma trilha potencial ou sugerida para um mochileiro real (ou mais de um) seguir. A Ferramenta para

Esquizotrans é uma experiência nos assuntos das esquizerdas, ou seja, esquerdas

Imigrantes Transfronteiras (Transborder Immigrant Tool) adicionaria uma nova camada de

esquisitas, esquizofrênicas. Tentamos pautar assuntos relativos ao erótico, ao pornográfico,

agenciamento a essa geografia virtual emergente, permitindo a segmentos da sociedade

corpo em geral, acreditando que esse mote é uma plataforma que possibilita a conexão com

global, que geralmente estão fora dessa grade emergente de hipergeopoder de mapeamen-

outros temas da contemporaneidade. A dupla faz mais perguntas do que tem respostas

to, ganhar acesso rápido e simples a sistemas GPS. A Ferramenta para Imigrantes Transfron-

sobre a força do erótico, mas tem ensaiado várias ideias que servem para mudar seus

teiras não iria oferecer acesso apenas a essa economia emergente de mapeamento total,

próprios códigos de conduta. A experimentação, o improviso e a intervenção são seus

mas acrescentaria um agente algoritmo inteligente que discriminaria as melhores rotas e

aliados.

trilhas naquele dia e hora para os imigrantes cruzarem aquela paisagem vertiginosa com a maior segurança possível. 47

SIMPÓSIO_DIA 3

As tecnologias de Sistemas de Dados Espaciais e GPS habilitaram um relacionamento

lançamento do livro “Breviário de PornografIa Esquizotrans

Organizado por Fabiane Borges, psicóloga, ensaísta, doutoranda em Psicologia Clínica, pesquisadora de arte e comunicação; e Hilan Bensusan, Dr. em Filosofia, autor do livro “Excessos e exceções, por uma ontologia sem cabimento”. Ambos desenvolvem performances, textos, vídeos distribuídos nos canais: http://www.youtube.com/user/esquizotrans http://esquizotrans.wordpress.com/ A dupla está lançando livro, pela editora “quinta mão”, chamado “Breviário de Pornografia Esquizotrans”. O livro é feito de pequenos contos sobre sexualidades diversas, que não se encaixam nos modelos padrões. É um livro de pornografia erótica sobre desejo e prazer a partir de corpos em transformação – travestismos, lesbianismos, robôs, bruxarias, transexualidades....

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Encontro Drumbeat Belém Acontece, em Belém, no próximo dia 25 de setembro, sábado, o Mozilla Drumbeat, evento que visa discutir e promover a internet aberta. Idealizado pela Mozilla Foundation, é 200 8

realizado em conjunto com a programação do Vivo art.mov, um espaço que recebe artistas,

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jornalistas e especialistas em tecnologia para uma reflexão crítica com abordagens de

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temas como cultura, ecologia, mobilidade e tecnologia.

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A Mozilla Foundation é uma fundação que mantém todo o software e os projetos Open

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Source da linha Mozilla, como Firefox, Thunderbird e complementos para os mesmos, como

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Venkman, DOM Inspector, Bugzilla, Bonsai, Tinderbox. A Fundação também é responsável por produzir documentação relacionada à internet e promover padrões de produção de conteúdo digital. 8 200

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pessoas de diversas áreas, que usam a Internet em seu cotidiano, para fazerem coisas que

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objetivo em comum: promover a web aberta e mantê-la livre. Para isso, a Mozilla quer reunir 2009 2008

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tornam a web melhor e que ajudem a mantê-la aberta por um longo tempo.

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WHORKSHOPS

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O Mozilla Drumbeat é uma comunidade internacional de pessoas que compartilham um

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ADC Belém Tour

WORKSHOP

Tal Hadad (França)

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O que pode ser notado todo dia em Belém é o uso amalgamado do som da mídia de massa disseminado pela cidade. Publicidade comercial, campanha política ou entretenimento alimentam continuamente a paisagem sonora da cidade, juntando todo tipo de público pela frequência sonora do alto-falante. Um uso amplificado do som que contorna as regras físicas na hierarquia natural sonora pressupoem uma série de efeitos colaterais, sendo um destes - fenômenos do “ciclo do poder de uso” que resulta em uma contínua extensão de territórios audíveis. Essa simples situação é compartilhada pela maior parte das cidades da América do Sul, ou pela maior parte das cidades do mundo. No entanto, em Belém, uma cultura de sistema de som específica emergiu, estabelecendo uma intensificação da tecnologia de luz e som como uma forma de arte local, as aparelhagens do Pará. Durante o workshop a idéia é explorar um conceito profundo que emerge das aparelhagens, que é: formular uma visão/proposição física e escultural em relação à uma prática de difusão sonora. As atividades baseadas na discussão de idéias a fim de encorajar a criatividade e a prática imaginativa da implementação de aparelhagens utópicas na cidade, iniciando processos de representação visual inspiradas pela paisagem sonora de Belém. O workshop introduz práticas de gravação sonoras em nível coletivo sobre a paisagem da cidade. Aqui a ênfase é colocada na vida cotidiana de Belém e sua identidades sonoras entre bairros, com a participação de convidados especiais - os bicicleteiros-de-som (profissionais e amadores) que se juntam ao projeto para compartilhar suas experiências e atividades sonoras, a fim de mapear e desenvolver uma cartografia da cidade numa iniciativa site specific.

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FOTONOVELA

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Percurso ADC Belém foi uma série de performances e experimentos sonoros que aconteceram em pontos específicos da cidade com a participação dos bicicleteiros: Elias do Jurunas, Elias do Brasilândia e Djavan. Os convidados especiais abriram seus itinerários móvel e sonoro para captação, mixagem e mapeamento durante o workshop. Esses happenings moveram-se pela cidade enfatizando a paisagem sonora e explorando técnicas de podcasting, gravações em campo e mixagens de tecnobrega. com performances no espaço público que exploraram as fronteiras entre a publicidade, propaganda política, música e arte contemporânea.

Fotonovela é uma linguagem arte-visual que trabalha o imaginário a partir da fotografia e da produção de diálogos. O dispositivo funciona como meio de aproximar assuntos sobre sexualidade ao público jovem, de forma lúdica, criativa e participativa. A ideia é transformar os participantes em personagens da fotonovela; criar os diálogos; discutir os assuntos; apresentar vídeos e outros documentos para alimentar a discussão; produzir coletivamente as histórias a partir de histórias locais e imaginárias; e na; sequência; propor uma fotonovela pública, colada em um dos muros da cidade doados para o projeto. O Workshop tem por objetivo promover debate sobre sexualidade, corpo, sexo digital, preconceito com base na linguagem da fotonovela, introduzindo, no contexto das oficinas, aspectos criativos, histórias locais, ampliação de pensamentos e atos.

WORKSHOP

Fabiane Borges e Nacho Dúran

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Foi uma oficina popular, cujo roteiro foi participativo e que graças à mala mágica, lotada de fetichosas fantasias, o assunto da sexualidade foi fruído; e; de forma lúdica; assuntos como preconceito, diversidade foram produzidos. A mala era o dispositivo que juntava a brincadeira a assuntos da sexualidade. Leona, assassina vingativa – a estrela do youtube, participou e assumiu uma das personagens nas gravações de som, o que deixou os jovens participantes orgulhosos. Esses jovens eram da vila ao lado do local das oficinas. No primeiro dia, ainda tímidos não se atreviam entrar, mas logo faziam piquete em frente ao local para poderem participar da oficina. Eles se maquiavam, criavam roupas, fantasiavam uns aos outros, criavam nomes, personagens, e queriam aprender tudo... deixando os oficineiros quase loucos... O resultado foi uma bonita novela, recentemente mostrada na III Bienal Internacional de Performance, em Santiago, no Chile, que levantou aplausos do público, evidenciando a noção de que um trabalho simples pode ser feito coletivamente. E, por isso, ficou tão criativo.

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CIRCUIT BENDING 8

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Cristiano Rosa

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EXPOSIÇÕES

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A oficina de Circuit Bending trata da reciclagem criativa de eletrônicos descartados, geralmente brinquedos, efeitos de guitarra, partes de computador, rádios, CD e K7 players portáteis e todo o tipo de sucata eletrônica. Para isso, investigamos as partes internas, criando pequenos curtos-circuitos; usando nosso próprio corpo como contato; adicionando fios, botões e interruptores; criando algum controle desses curtos dentro do circuito preexistente do dispositivo. Para essa prática, nenhum conhecimento prévio de eletrônica é necessário. Trabalhando com um mínimo absoluto de teoria e valorizando cada descoberta acidental, podemos construir novos instrumentos eletrônicos musicais e visuais.

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WORKSHOP

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Ouvidoria Lourival Cuquinha

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O projeto é um áudio exposição. No período da exposição, alguns telefones públicos ficarão à disposição do publico que poderá ligar gratuitamente para qualquer lugar do mundo. Porém, todas as conversas estarão sendo processadas e transmitidas em tempo real para outro espaço expositivo totalmente escuro. Os telefones serão “orelhões” customizados com a “marca” do OUVIDORIA, essa companhia fictícia do nosso projeto. Nos orelhões, teremos uma sinalização, uma placa, por exemplo, explicando o que está acontecendo para o usuário. Qualquer pessoa poderá ligar para qualquer lugar do mundo gratuitamente, mas compartilhando a informação. Os áudios de algumas das ligações poderão ser alterados ou transmitidos na íntegra em tempo real para que sejam ouvidos na sala escura. Entretanto, o áudio final no espaço sempre será uma mistura deles. A quantidade de línguas e sotaques diferentes levará esta mistura auditiva à direção estética de uma metáfora entre globalização e Torre de Babel. Esse trabalho tem como objetivo tornar o público participante co-autor, cúmplice e espectador da obra. O OUVIDORIA sugere pensamentos sobre o controle e o descontrole da informação objetivando uma instalação sonora totalmente acessível. Telefones públicos (orelhões) com a marca OUVIDORIA e uma sala interna. Os orelhões ligam gratuitamente para qualquer lugar do mundo a partir de tecnologia voz sobre IP ou VoIP (Voice over Internet Protocol) . Numa sala escura, com almofadas, será ouvido o som dessas ligações mixadas em tempo real. Os telefones terão avisos explicando que a ligação é gratuita, porém transmitida para quem queira ouvir dentro da sala. É importante evidenciar que a gratuidade das ligações durante a exposição proporciona atrativos utilitários e estéticos para o público. Pessoas que nunca entraram em contato com arte contemporânea serão “fisgadas” pela isca do telefonema grátis. O trabalho proporciona um contato do público que não estaria ali sem a vantagem da ligação, mas que poderão (até pela “distância conceitual”) viver o trabalho de formas bem inesperadas.

Cavername Valzeli Sampaio Instalação resultado da Primeira Expedição do projeto ÁGUA Mídia Locativa, de Val Sampaio, para o ArteMov Belém/setembro-2010 Participantes: Cláudio Bueno, Denio Maués, Gilbertto Prado, Jarbas Jácome, Nacho Durán, Val Sampaio. Produção: Val Sampaio | Assistente 1 de Produção: Adriele Silva | Assistente 2 de Produção: Hugo Gomes CAVERNAME, estrutura-esqueleto, revela nossa experiência do rio. TrajetoRio. Fluxo marrom, fluxo negro, intransponíveis, imescláveis, num fundo de rio que não se deixa vê, mas que se sabe e se sente a presença de peixes, tucunaré, surubim, pirarucu, tambaqui, pescada, xaréu, tamoatá, arraias, piaba, piranhas, jacarés, peixe-boi, peixe-mulher, e os botos tucuxi e cor-de-rosa, presença constante em todo o percurso. Residência-móvel, no período de 13 a 19 de setembro, no barco “Vereda Tropical” que se transmutou em nossa estação de trabalho, nosso QG de mídias, relações, trocas, mole, molejo, folha no rio, rede coloridas, mosquiteiros, redes de sabores, redes sociais, rede de mentes. Este TrajetoRio nos conduz pelo método de produzir uma instalação; a cada expedição nos moveremos nessa mesma rota e por essa dinâmica. Mas, para além daquilo que se pretende contar, ou dar conta do lugar, torna-se o trabalho no acontecimento dessa residência artística móvel. Relações se hibridizam, artistas, técnicos, produtores, turistas no espaço-móvel da criação. Água Mídia Locativa - projeto de muitas camadas, atua no contexto midiático das chamadas mídias móveis e locativas. No meio do rio, tudo falha – modems, celulares; a energia precisa tem que ser controlada para que não deixem de funcionar os computadores, as câmeras de fotografia, de vídeo, os GPS, as baterias... Esse TrajetoRio se organiza no espaço da produção contemporânea de arte; e vai refletir a tensão entre arte e vida, com representações que enfocam as relações que se manifestam entre os espaços, os fluxos existenciais, a presença do homem, o devir do encontro e desencontro. Qual, afinal, o lugar da arte contemporânea com base em aproximações com o mundo da vida?

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Rádio Transmissão FM 106,5 MHz Rede [aparelho] 8

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Ficha Técnica: Angelo Madson como Idade Midia | Arthur Leandro como Etetuba | Bruna Suelen como Bruna Suelen | Fernando de Pádua como D´Pádua | Ivaney Darling como Darling | Maré Moureira como Yamaré | Pedro Olaia como Pedro Olaia

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PERFORMANCES AUDIOVISUAIS

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http://aparelho.comumlab.org/ http://idademedia.multiply.com/ http://picasaweb.google.com.br/redeaparelho http://qik.com/p_o/videos

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BIKEMOV Fernando D’Pádua Concepção e Projeto Estrutural: Fernando de Pádua \ Montagem: Fernando de Pádua e Teodoro Negrão \ Técnico de Som: Neu \ Apoio: Bruna Suelen e Pedro Olaia Bike estruturada para performances, mostras audiovisuais e publicidade do evento nas ruas. Esta bike é de propriedade do festival arte.mov com finalidade de circulação em outros eventos.

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Neu – Belém-Pa, 30 anos. Aprendeu a trabalhar com audio e eletrônica com o pai Edimilson, que possuia uma aparelhagem na decáda de 80 chamada Edimilson Som. Curtia hause e por isso passou a frenquantar festas de aparelhagem do Tremendão Tupinambá aos 16 anos. Confeccionou sua da primeira aparelhagem Sinelândia nos anos 2000, que faz apresentações no bairro da Marambaia, na pereferia da cidade. E hoje atua profissionalmente com instalação elétrica de som automotivo e produz festas no mesmo bairro com sua aparelhagem Mortadela Som desde de 2006.

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BICICLETADA! 54

Symbiosis Roberta Carvalho ADC Belém Tour é uma série de experimentos sonoros e performances que aconteceram em lugares específicos na cidade de Belém durante o ARTE.MOV. Eventos de sound art e música em deslocamento pela cidade enfatizam suas paisagens sonoras. As oficinas cruzam diferentes práticas: dos podcastings e gravações de campo aos mash ups Tecno Brega. ADC Belém Tour mapeou os sons de Belém com “aparelhagens” improvisadas e efêmeras, que vão aparecer em diferentes lugares e bairros durante o Festival. Em Salvador, será exibida uma instalação com sons e imagens documentando o processo.

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FUTMOV HAPAX

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O Hapax tem nove anos de existência e surgiu a partir de um desejo real de interferência no meio público urbano. O trabalho inicia-se em 2001, com uma performance-instauração no bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro, executada nas noites de sexta-feira, durante 8 meses. Sua pesquisa é realizada sobre restos de ferro, sucata industrial, objetos capazes de criar e apresentar a sonoridade e os timbres de uma música urbana, pop e experimental. Músicas feitas com samples e programação eletrônica, mixadas com os objetos – verdadeiros ready-mades, assemblagens elaboradas com resíduos provenientes dos mais diversos parques tecno-industriais, construídos e desconstruídos durante as performances.

O Hapax tem nove anos de existência e surgiu a partir de um desejo real de interferência no meio público urbano. O trabalho inicia-se em 2001, com uma performance-instauração no bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro, executada nas noites de sexta-feira, durante 8 meses. Sua pesquisa é realizada sobre restos de ferro, sucata industrial, objetos capazes de criar e apresentar a sonoridade e os timbres de uma música urbana, pop e experimental. Músicas feitas com samples e programação eletrônica, mixadas com os objetos – verdadeiros ready-mades, assemblagens elaboradas com resíduos provenientes dos mais diversos parques tecno-industriais, construídos e desconstruídos durante as performances.

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MOSTRA TEMÁTICA 8

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A vergonha não existe na natureza. Os animais sabem a lei: a força, a força; a força.

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MOSTRAS

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Gonçalo M. Tavares, em Um Homem: Klaus Klump

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Não se vê aquilo que não se conhece, o que não se conhece torna-se invisível. O que percebemos é o que se espelha no nosso olhar sobre o universo que descobrimos. Vemos o que queremos ver. Assim como não vemos o que desconhecemos por ser de outra natureza. Neste sentido, quase toda a imensidão amazônica é invisível, assim como sua profundidade histórica e étnica. Não vemos porque ainda pouco sabemos sobre o seu passado. Invisibilidades - Mostra de Filmes do Norte propõe um olhar reflexivo sobre a realidade amazônica contemporânea.

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Em Ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos) do artista visual Armando Queiroz, o índio da etnia guarani Almires Martins narra sua visão de mundo, do ponto de vista daqueles a quem foi imposta a obscuridade, neste caso os índios brasileiros. Rever a história do Brasil, e sua herança colonial, escrita em apenas quinhentos anos, com sangue e violência, é retratar a desconstrução de quem optou por uma vivência sutil em uma relação íntima entre homem e natureza. Armando Queiroz reconstitui em vídeo a experiência da violência na Amazônia. Em entrevista a Paulo Herkenhoff para o catálogo do Prêmio Marcantonio Vilaça, ele diz que desenvolveu este tema em seu trabalho, pois “observar o processo histórico da Amazônia é 80 02

deparar-se com uma história de violência. Grassa a força desmedida como solução imediata”. Fala com a mesma sutileza que se 02 80

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encontra nas palavras contundentes de Almires Martins, na interpretação lúcida das novas movimentações sociais, já que é disso que

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Direção: Armando Queiroz

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inclusive a violência.

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idéia de homem cordial, está sendo reinterpretada. “O homem cordial não é o homem gentil”, segundo Paulo Herkenhoff que cita Sérgio Buarque de Hollanda e explica que a palavra cordial (cordum/coração) é capaz de associar-se a todo tipo de sentimento excessivo,

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se trata: o fim de uma concepção delicada. Essa visão, que soou até hoje ingênua, e que originou o mito do bom selvagem, ou ainda à

Raposa Serra do Sol – A luta continua, de Marta Caravantes e Daniel Garibotti, exemplifica na prática as inquietações 02 80

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que Almires Martins teoriza. O enfoque é a questão indígena e sua contextualização. O documentário coloca em cena os atores sociais,

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protagonistas recorrentes da história recente da Amazônia. As interações ali descritas mostram a complexidade da construção de um 9002

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para comunicar a sua interpretação de mundo. E defender-se da invisibilidade. A confirmação da legalidade da Terra Indígena Raposa

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futuro comum de interesses distintos. O filme conta como os indígenas aprenderam o alfabeto político-jurídico e a retórica ocidental

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decisão não tivesse sido tomada, quase todos os territórios indígenas brasileiros estariam em suspense, como uma ameaça surda e

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Serra do Sol, no estado de Roraima, em março 2009, após intensa mobilização política, modifica radicalmente o discurso. Se esta 9002

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dominante, e por isso de eficácia simbólica. Esta é a realidade de uma região onde há fronteiras a ser desbravadas, como se fosse o paraíso perdido, o lugar de fortuna, ainda o Eldorado. O filme aponta direções diversas para o futuro que se constrói na Amazônia a cada momento. Mas onde começa e onde termina a Amazônia ? Como foi elaborado este conceito ? O que é o seu futuro e, principalmente, qual foi o seu passado ? Estes são os questionamentos também desenvolvidos no terceiro filme da mostra.

Direção: Marta Caravantes & Daniel Garibotti Produção: Cipó & Pueblos Hermanos Duração: 23 minutos Formato: 16:9 Ano: 2008

Viagem das Idéias, de Satya Caldenhof, demonstra visões simbólicas da Amazônia, tema principal deste documentário inspirado no livro homônimo de Renan Freitas Pinto. O conceito de Amazônia foi criado ao longo de cinco séculos por narradores que não a conheciam e que, para desvendá-la, imprimiram os padrões da interpretação geográfica, biológica e antropológica que existiam no

Direção: Satya Caldenhof

mundo ocidental da época. Como o nome da região que vem de uma tribo de mulheres tiradas da mitologia grega, as Amazonas, já que

Produção: Jane Dantas e Rogélio Casado

não havia naquele momento outro arquétipo possível para explicar esta civilização diferenciada. Como trata-se de um lugar do qual se

Roteiro: Jane Dantas e Satya Caldenhof

desconhece o passado, e no qual o futuro chega muito rápido, a sua verdadeira história está sendo reconstituída aos poucos. É este o

Fotografia: Satya Caldenhof, Deive Garcia e Rogélio Casado

embate maior, da cultura e da história. Logo se poderá contar quem foram os primeiros amazônidas, de como eles se relacionavam com a floresta, quais os seus saberes, suas ações antrópicas para multiplicar espécies, o manejo florestal milenar ou ainda a existência da misteriosa terra preta de índio. São indícios dessa cultura sutil, e forte. A inclusão das questões amazônicas na agenda internacional ambiental talvez traga legitimidade à herança da cultura sutil dos primeiros habitantes do que se chama hoje Brasil.

Tratamento de áudio: Luís Carlos Gomes Fonseca Mixagem: Deive Garcia Edição e finalização: Deive Garcia e Satya Caldenhof Formato: Vídeo digital Duração: 23’00” Ano: 2008


MOSTRA TEMÁTICA SUDESTE Curadoria: Francesca Azzi

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Direção: Laura Erber 200

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3’30”/ Mini-DV/2010

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Translado Direção: Sara Ramo

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7’50”/2008/HD Video digital

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Alexandre Illich

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Direção: Carlosmagno Rodrigues 12’52”/ MINI-DV/dvd /2009

1716 Direção: Marcellvs L. 07’12”/2009/10

Cordis Direção: Bellini 15’/HDV/2009

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MOSTRA TEMÁTICA SUL

Sentinela

Curadoria: Gustavo Spolidoro

Direção: Cristiano Lenhardt Duração: 5’

Um Instante de Estatica

cristianolenhardt@gmail.com

Impulso

Direção: Tentacles Ensemble Collective Duração: 6’

Direção: Letícia Ramos

tentacles.collective@gmail.com

Duração: 2’ leatomica@gmail.com

Ginastica Direção: Mariana Xavier

Peço-lhe que Volte e fique Contente

Duração: 5’ marianamerinoxavier@gmail.com

Direção: Dirnei Prates Duração: 2’ cineagua@hotmail.com

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Piknik

Águas de Maio

Direção: Luiz Roque Filho e Mariana Xavier Duração: 5´20”

Direção: Nelton Pellenz

16mm/ mini-dv

Duração: 6’20”

luizroquefilho@gmail.com

cineagua@hotmail.com

e marianamerinoxavier@gmail.com

Projeto Vermelho

Especulativo-Móvel Direção: James Zorté

Direção Luiz Roque Filho

Duração: 6’

Duração: 5’

james.zortea@gmail.com

luizroquefilho@gmail.com

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MOSTRA TEMÁTICA NORDESTE Curadoria: Danillo Barata

Pombagira

Vertigem

3’/ Brasil-BA / 2007 / Vídeo

3’07”/2006/Ceará Milena Travassos

Sensações Contrárias

CUCETA - A Cultura Queer de Solange Tô Aberta

5’/2007/ Mini-DV - 4:3/Bahia 13’/2010/Alagoas Cláudio Manoel 66

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Flash Happy Society

O Mundo de Janiele 4’/DVD/2007/Brasil

08’/ HD/2009/Brasil

Caetano Dias

Direção, Produção, Fotografia, Som, Montagem: Guto Parente Ficção científica baseada em fatos reais

Acredite nas suas Ações Plus Ultra

08’23”/vídeo/2006/Bahia Grupo GIA

8’/2008/Pernambuco


MOSTRA COMPETITIVA 2006/2009 Curadoria VIVO ARTE.MOV : Lucas Bambozzi; Rodrigo Minelli; Marcus Bastos 8

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Duração: 1h20min

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Seleção feita a partir dos mais de 2000 trabalhos inscritos nas quatro edições do

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festival. Videos criados para celulares ou outros meios de fácil acesso, exibidos em telas

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pequenas ou de baixa definição, na Internet, nas redes sociais.

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Andorinhas / Swallows

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Ricardo e. Machado / 50’ / PR / 2006

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Cerca de 50 andorinhas saindo de um buraco.

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Auto-retrato quando vários / Self-portrait when many Nadam Guerra / 1’55’’ / MG / 2006 Porque não me reconhecem quando corto o cabelo.

Brtld _bertoldo Cristiano Trindade / 2’ / SP / 2005 Em meio a um universo tipográfico, Bertoldo vive um cotidiano exaustivo, em que os elementos gráficos extrapolam caminhos que poderiam ser ignorados.

Dead Pixel Cristiane Fariah, Leonardo Arantes e Vitor Augusto /1`25” / MG / 2006 Sinta na pele os perigos que um pixel morto oferece. Um dead pixel não é seu amigo.


Drive -(e:) Mauricio Castro / 2’ / RJ / 2005

Se estou certo ,por que meu coração bate do lado errado ? / If I am rig ht, then why does my heart beat on the wrong side ?

O momento uniformemente variado e a aceleração constante representados pelos movimentos relativamente opostos de um objeto.

Joacélio Batista / 2’ / MG / 2005 Homem em seu banco percorre seu caminho sem importar-se com o que

Hilda Replicante / Replicating Hilda Kiko Goifman / 1’40’’ / SP / 2006 O vídeo mostra Hilda tomando sopa. Em tempos de ciborgues e discussões sobre a

acontece ao seu redor.

Toró / Downpour

obsolescência do corpo, Hilda é uma replicante à moda antiga. André Amparo / 1’45” / RJ / 2006 Breves impressões sobre ganhar e perder.

Paradas / Stops Rachel Castro / 2’ / RJ / 2005

Ant mov

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A visão frontal e lateral em movimento através do interior da cabine, gerando expectativa da parada final.

Movietone Cara no Vidro / Movietone Glass on Face

Nélio Costa/Belo Horizonte/MG /01’12” Um anti filme ou, um filme com formigas.

Da série tartarugas no céu

Amilcar Oliveira e Mauricio Lanzara / 33” / SP / 2006 MovieTones são vinhetas divertidas que o usuário de celular utilizam para identificar suas chamadas. Ao invés do Ringtone, quando toca o telefone começa uma dessas vinhetas. Neste MovieTone, o personagem tenta sair de dentro do aparelho de telefone.

Pirulito / Loll ypop

Pablo Paniagua/Porto Alegre/RS/03’00’’ Na Série de vídeos Tartarugas no Céu, mistura sonoridades variadas de água em movimento, pássaros, insetos, vento e folhas de árvore.

Desayuno

Erick Ricco / 2´ / MG / 2006 Sair da amplitude do espaço urbano e se deter numa ação mínima, que acontece neste cenário. Tempo diferente da cidade, por onde todos parecem apressados com seus celulares e palms.

Erick Ricco/Belo Horizonte/MG /02’55’’ Sobre aquilo que está em todos os cantos.


Galaxão

Sem titulo

Fernando Cavazotti Coelho/Curitiba/PR/02’48’’

Rodrigo Vieira de Souza/Belo Horizonte/MG | 02’51’’

Dois caras suspeitos vagam pela cidade dentro do Galaxão. Azar de quem

Um quebra cabeça e suas abstrações.

cruzar o seu caminho.

Hoje vou beber Niemeyer

Sens Janaina Castro/Belo Horizonte/MG | 01’00’’

Fabio Cançado/Belo Horizonte/MG/00’30’’

A velocidade e os sentidos.

Uma curta ironia homenageia o pensamento e as formas arquitetônicas de Oscar Niemeyer.

Tocata e Fuga Inserções culinárias em circuitos ideológicos

Nélio Costa/Belo Horizonte/MG | 01’52’’ Excitação, medo, provocação: fascinação.

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Pablo Paniagua/Porto Alegre/RS/02’05’’ Uma garrafa de Coca-Cola feita com manteiga sendo derretida para a preparação de um prato culinário.

Me //AT

Zoi Nelson Antônio Andrade Correia Filho/00’48’’ Olhos que dançam.

Raquel Kogan/São Paulo/SP/00’30’’ Um almoço em um vagão de trem.

O paradoxo da espera do ônibus

A carne de Ulisses/Ulisses’ meat Marcelo Braga / Belo Horizonte / 2008 / 2’00”

Christian Caselli/Rio de Janeiro/RJ/03’00’’ Homem espera em vão o ônibus. Em vão? ora, se o ônibus está demorando, então ele está mais perto de chegar. “Desenho desanimado” baseado em várias histórias reais.

Ulisses Pereira, escultor de Caraí, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, enquanto contempla uma carne de fumeiro, conversa sobre a natureza, a fumaça, suas imagens, seus sonhos e visões.


Esporos

Frestinha/Small gap Gustavo Cochlar / Brasília / 2008 / 3’00”

Cristiano Lenhardt / 2007 / 19” Brevíssimo vídeo de um jardim

Arquivo Morto/Dead Files

O voyeur por trás dessa fresta, da qual do outro lado, uma ninfa está se embelezando.

Memórias de um Celular/Cell Phone Memories

Paula Barreto / Rio de Janeiro / 2008 / 2’32” Performance em depósito de arquivos-mortos, ambiente real, take único e plano fixo.

Márcio Soares e Leandro Martins / Caratinga / 2008 / 1’30” Um celular e algumas histórias para contar sobre a vida de pessoas totalmente diferentes que, por obra do destino, acabaram por se entrelaçar

Calçadão/Sidewalk Christian Caselli / Rio de Janeiro / 2008 / 3’00”

num simulacro onde até o próprio espectador pode participar

Pequenos Reparos/Minor Repairs

Os lugares podem ficar diferentes sendo vistos de outras maneiras. Primeiro filme da série “Animações de uma imagem só”. 74

James Zortéa / Porto Alegre / 2008 / 3’15” Pequenos ruídos rompem o silêncio da casa e constituem uma nova

Coney Island Walk George Queiroz e Carol Ribas / São Paulo / 2008 / 0’25” Deslizando por Coney Island.

Crisálidas (de bolso)/ (Pocket) Pupa

atmosfera, em que ciclos defeituosos revelam facetas dos objetos domésticos.

Vazio agudo/Acute Void Cristiane Fariah / Belo Horizonte / 2008 / 1’29” Melancolia e solidão em haikai de Paulo Leminski. “vazio / agudo / ando meio / cheio de tudo.”

Fernando Mendes / Belo Horizonte / 2008 / 0’30” Embalados por uma ingênua cantiga infantil, somos levados pelos labirintos concebidos nas fantasias de Ana, em jogos de terror e desejos ocultos. Versão compacta da animação “Crisálidas”.

Entrelinhas/Betweenlines Nelton Pellenz / Porto Alegre / 2008 / 2’42” Entre as linhas, as entrelinhas.

Centipede Barbara Zabori, Daniel Ambooleg, Fabia Fuzeti, Marcelo Garcia / 2008 / 25” Video sobre a idéia de diversidade, em parceria com 24hourpartypeople

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Scasa

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Fernando Rabelo / 2007 / 3’ Em tempo real, o lugar que o artista mora transformado em algorítmo.

Felipe Barros/ 2009/ 02’40” Memória, ancestralidade e identidade.

Atlântico Sob Controle

André Hime E Huila Gomes /2009/ 01’19” Apenas um mergulho no Atlântico.

Silvia Regina Guadagnini / 2008 / 2’16”

Botões Mídia Locativa 76

David Mussel/ 2009/ 02’22” Na sociedade dos Botões, o menor e mais excluído de seus habitantes tem que superar seus medos e dificuldades para, com criatividade e

Leandro Aragão e Raquel Solorzano/ 2009/02’17”

esperteza, vencer uma grande ameaça que se faz presente, mostrando

Uma invenção do cotidiano de Bogotá, preço: um minuto por 200 pesos

que a sagacidade dos pequeninos vence o orgulho daqueles que põe sua

(R$ 0,18). Criado como forma de sobrevivência, este meio de acesso à

confiança na força bruta.

comunicação surge em um subterfúgio das camadas populares colombianas que se apropriam de um produto e o descontextualizam do uso programado pelas empresas. Arte locativa no sul da esfera.

Intimidade Bruno Pacheco/2009/2’50”

Pedra Mole Em Água Dura Paula Barreto/ 2009/02’10” Acompanhando movimentação ondulante do reflexo de um homem,

Casal assiste um filme na tv durante uma noite chuvosa.

Following The Light

sobre superfície líquida, escuta-se sobretudo o sopro sibilante e contínuo de um Vento do mar. A eminente imaterialidade desta sombra nos faz aludir,

Eduardo Zunza/2009/03’00”

talvez, a um fantasma, aqui contemplativo e titubiante que por vezes

Um olhar poético sobre angola

arremessa um projétil que inesperadamente quica ao invés de penetrar a superfície líquida.

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ARQUEOLOGIA DIGITAL IMEDIATA O recentísssimo já é história 30 min 8

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O presente projeto propõe uma arqueologia precoce, quase instantânea, de processos

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produzidos nas duas últimas décadas, através de micro-documentários, entrevistas,

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apresentação em festivais como ForumBHZvideo, Mídia Tática Brasil, Hacklabs,

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Submidialogia, entre outros. São eventos que, cada qual a seu modo, discutiram as

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possibilidades de intervenção nas mídias, apontando perspectivas para um redimensionamento de seus usos, para fins sociais, artísticos ou políticos. 2008

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1. METARECICLAGEM

montagem: lu tognon

entrevistado: felipe fonseca

assistente de montagem: karina

fotografia e/ou camera: lu tognon

montenegro

MOSTRA DOTMOV DOTMOV é um festival de cinema digital organizado pela revista online SHIFT, com objetivo de descobrir criadores talentosos desconhecidos e fornecer uma oportunidade de

montagem: lu tognon assistente de montagem: karina

6. RICARDO ZUNIGA

mostrar seus trabalhos. Para o DOTMOV 2009, foram inscritos um total de 264 trabalhos de

montenegro

fotografia: lucas bambozzi

30 países, e 19 excelentes trabalhos foram selecionados e alguns deles receberam

imagens adicionais: flavio soares

montagem: lu tognon e fabi borges

comentários dos júris convidados. Todos os trabalhos selecionados também serão exibidos

trilha: coletivo rádio dada

assistente de montagem: karina

no webiste da SHIFT. O festival deste ano vai acontecer no Japão e em outros países, a

montenegro

partir de Novembro de 2009. O arte.mov estabeleceu parceria com o DOTMOV, de forma a

digitofagia 2005

trazer a Belo Horizonte, logo no início de sua itinerância, a mostra com os melhores

2. CMI entrevistado: pablo ortelado

trabalhos do ano.

camera: núcleo audiovisual eca/usp-sp

7. ANOMIA/FORTALEZA-CE

montagem: lu tognon

entrevistado: paulo amoreira

assistente de montagem: karina

câmera: núcleo audiovisual eca/usp-sp

Drum ‘n’ Bass Maestro

montenegro

montagem: lu tognon

4’30’’ / 2009 / UK

midia tatica brasil 2003

assistente de montagem: karina

Dir: Addictive TV

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3. CINE FALCATRUA

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midia tatica brasil 2003

fotografia: lucas bambozzi montagem: lu tognon

8. FORMIGUEIRO

Battlestar

assistente de montagem: karina

entrevistados: christine mello, almir almas e

3’10’’ / 2009 / Australia

montenegro

daniel seda

Dir: Mark Simpson (Sixty40)

digitofagia - sao paulo 2005

câmera: núcleo audiovisual eca/usp-sp

Music: Harmonic 313 (Warp Records)

imagens adicionais: lucas bambozzi 4.COLETIVO SABOTAGEM

montagem: lu tognon

entrevistados: vitorio amaro e luther blisset

assistente de montagem karina montenegro

Hibi no Neiro

fotografia: lucas bambozzi

midia tatica brasil 2003

3’51” / 2009 / USA Dir: Magico Nakamura, Masayoshi Nakamura,

montagem: lu tognon assistente de montagem: karina

9. GISELI VASCONCELOS

Masashi Kawamura, Hal Kirkland

montenegro

fotografia: giseli vasconcelos

Music: sour

montagem: lu tognon 5. MÁRIO RAMIRO / 3NÓS3

assistente de montagem: karina

Free Style Fu

fotografia: marcus bastos

montenegro

6’20’’ / 2009 / Japan

imagens adicionais: lu tognon

Dir: Kai Fujimoto Music: Kochitola Haguretic Emceez feat. Kyo Sakurai


BabyDance

Hole In One

4’18’’ / 2009 / Japan

7’33’’ / 2004 / Germany

Dir: Kai Fujimoto

Dir: Verena Friedrich

Music: Kuromiya feat. Osa

LoopLoop 5’00’’ / 2009 / Canada

kanozyo no kinoko ha boku ga taberu no

Dir: Patrick Bergeron

3’20’’ / 2009 / Japan Dir: Yasushi Hori

Surface 82

3’10’’ / 2009 / USA

Yonder

Dir: Varathit Uthaisri (TU)

3’29’’ / 2009 / Germany

Sound: Napat Snidvongs (Plum)

Dir: Emilia Forstreuter Sound: Sam Spreckley

only one room 12’00’’ / 2009 / Japan Dir: Akira Noyama

BUILDINGS 5’44’’ / 2008 / Japan Dir: Tomoyoshi Joko

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AND Abandon Normal Devices Programa de Filmes Curtos Abandone Dispositivos Normais www.andfestival.org.uk A primeira edição do AND Abandon Normal Devices (Abandone os dispositivos normais) aconteceu em Liverpool 200 8

(Reino Unido) em setembro de 2009. Realizado este ano através do FACT (Foundation for Art and Creative

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Technology), o festival questiona os padrões da produção artística e audiovisual e coloca o foco em artistas que

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propõem abordagens peculiares.

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O programa que será apresentado no Vivo arte.mov reúne filmes curtos que jogam a cautela ao vento. Inclui

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dramas, animações e artistas usando técnicas não convencionais, em que cineastas apresentam visões lúdicas e provocativas do mundo e nossos corpos inseridos nele. De paraquedas DIY a movimentos militaristas, e explorações formais do código digital, estas são mini aventuras mentais para almas curiosas. A Mostra AND

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acontece no arte.mov em colaboração com o CREAM, Festival de Arte e Mídia de Yokohama 2009, Japão.

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One - 2006 - UK - 6’30’’

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Philip Day

Saturdays Only– 2008 – 7’22 Gilles Perkins

Girl’s World – 3’ Sarah Castro

Remarkable - 9’43’’ Adam Tallon

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HONG KONG 2009

True Love 04’40” Wong Ching Yan/ Wong Ka Hei/ Leung Ting Hou/ Leung Kwok Fung

vvHi,Let’s Sway! 03’20”

O que é o amor? Hoje em dia pessoas são mostradas vestidas com objetivo de

Wang Yu Jue, Joey / Kan Mung Lai, Anna/ Nie Jia, Joyce

obter reconhecimento das outras pessoas se tornando história de fundo delas.

A chave mais importante de nossa animação é combinar a música com o movimento

Além do mais, esperamos que nosso público absorva a mensagem “amar a

dos modelos 3D instrumentos de precisão. A tarefa mais importante é fazer a

pessoa não apelnas pelo que ele aparenta”.

animação interagir com a música. Acentuando a importância da música na animação 3D.

Num mundo de brinquedos, Joe sempre acredita que a aparencia/aspecto (não

A história centra-se sobre o humor e o tom da música original, a ação de todos os

literalmente, mas é o que pretende dizer) é muito importante, ele pode escolher

modelos de instrumento e do robô, os efeitos de iluminação e do impacto de modo a

um objeto pela aparência facilmente. Um dia, infelizmente, num encontro com

tornar o ritmo da música mais marcante.

Amyele teve um acident, a cabeça dele quebrou e ele ficou horroso, com a auto estima baixa, porém ele carregou sua cabeça até o parque para enocntrar Amy. No fim, Amy aceitou Joe com aparência atual? Ou ela não gosta dele?

My Mother Is An Alien 05’02” 86

Yeung Sin Ling/ Lau Sze Kit/ Lui Chin Cheung/Man Chow Tai/ Lokman Lam/ Mak Tsz

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Yeung/ Smith 14/ Sinje Lee/ Tommy Wai/ Matthew Tang/ Wong Sze Wing

Taste Of Nostalgia

Mao nasceu na década de 70, época em que as crianças adoram “cultura do

04’05”

Superman”. Assim, Mao sempre acreditou que era protegido por um herói secreto.

Lau Wai Ming, Raymond/ Coxa Wong

Quando completa 30 anos, sua mãe adoece e fica hospitalizada. Mao tem de viver por si mesmo. Ele descobre que os trabalhos simples de casa, são difíceis de serem

Noodle, um chef de cozinha, tem problemas com a sua mão direita e sua comida

manipulados, então começa a se perguntar por que sua mãe é tão capaz de lidar

não é mais apreciados pelos clientes. Responsabilizar-se por sua incapacidade,

com estas missões “impossíveis

e pensa em desistir. No passado, ele recuperou sua fé por uma lâmpada

Hairtastic! 02’25” Siu Yan Fung/ Justin Salgado/ Damian Dobrowolski “Hairtastic é um curta de animação criado por Fung Siu Yan durante seu último ano de faculdade. Uma comédia leve que retrata o problema que a maioria dos homens comuns estão enfrentando -. Hairloss Apesar de não haver qualquer história épica contada em filme, but the jokes and the fun of Hairtastic will surely put a smile on your face!”


O Céu nos Observa Daniel Lima

INTERFERÊNCIAS:

BANDEIRA DO BRASIL

LIXO

CAPOEIRA

GUILHERME STELLA

PEDRO GUIMARÃES CÂMERA: JOSÉ LUIZ BOGORI

FABIO SONECA RODRIGO PANÇA

DO CÉU

O BURACO DA FECHADURA

HENRIQUE SONEQUINHA

RENATA URSAIA

PROJETO MATILHA

mobilizadas por uma chamada pública, o documentário propõs uma discussão sobre a

PRA FRENTE BRASIL!

O CÉU NOS OBESERVA

TOMAZZINI

capacidade de interferir coletivamente nas estruturas de controle e vigilância de escala

FELIPE TEIXEIRA

FERNANDA COSTA

CÂMERA: JOANA REISS FERNANDES

BRUNO SAGGESE

FACUNDO REYNA

PROJETO FORÇA-TAREFA

ANDREZA GALLI

KABELO

XLAB

A proposta do documentário para web O CÉU NOS OBSERVA foi criar interferências numa imagem da cidade de São Paulo captada por satélite. Através de ações criadas por pessoas

global. Um processo poético de criação de “ruídos” na representação da metrópole.

FABIANA PRADOGEANDRE

FICHA TÉCNICA Título: O Céu Nos Observa

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CLARA REYNA COSTA VOCÊ VESTIRIA UMA ÁRVORE

(PRODUTORA SANTA CLARA)

SOS

Duração: 8 minutos

ALMIR ALMAS

INFINITO MAGENTA

ZOOMB

Formato: HDV (16:9)

GRÃO DA VIDA

ANDREA TOMIE

Local: São Paulo

PROIBIDO FOTOGRAFAR

FELIPE BRAIT

Direção, produção e edição: Daniel Lima

EDUARDO CORREIA

AUGUSTO CITRANGULO

Assistente de produção: Felipe Brait

FLÁVIA COUTO

O CÉU NOS OBSERVA

Assistente de edição: Evelyn Cristina

JOANNA MILLAN

CORPOSINALIZANTE

Produção Executiva: Marilia Alvarez

MARCELO TOLEDO

CÂMERA: THIAGO LUCENA

http://oceunosobserva.blogspot.com/

MARINA COUTO

CIBELE LUCENA VENDO MEU VOTO. TRATAR AQUI. LOURIVAL CUQUINHA

TÁ DIFÍCIL RESPIRAR

LIA LETICIA

ALINE CAVALCANTE

COLABORAÇÃO:

CARLOS ARANHA

FELIPE BRAIT

DANILO SALES

RODRIGO VITULLO

JOANA ROCHA

ROBSON BONFIM

LAURA SOBENES LEX BLAGUS

CAPIVARA

RICARDO YASUDA

CASADALAPA

VERÔNICA MAMBRINI

CÂMERA: ACHILES LUCIANO

(BICICLETADA DE SÃO PAULO)

MONTAGEM: LUIZA CITRÂNGULO REGISTRO: LUIZA XAVIER DESAYUNO FERNANDO MONEA

MATTHEW RINALDI RAÍSSA GREGORI

CENA DO CRIME

PILANTRÖPÓV

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Pedalando e Educando 200 8

Argos Caruso Saturnino

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Após viajar pelo Brasil pedalando e atravessar o Atlântico velejando na Regata Brasil

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500 Anos, o arquiteto mineiro Argus Caruso Saturnino voltou da sua nova aventura: Fazer

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uma volta ao mundo de bicicleta. O caminho escolhido passou por importantes rotas: Rotas

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Inca, da Companhia das Índias Orientais, da Seda, das Caravanas do Império Romano, da Expansão do Islamismo, dos Mercadores Africanos e Asiáticos, Estrada Real, etc. A viagem fez parte do “Pedalando e Educando”, um projeto de educação a distância que busca na 2008

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aventura uma estratégia de incentivo para o aprendizado. Através da Internet as escolas

9 200

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vivo, a aventura de volta ao mundo de bicicleta. Toda viagem foi elaborada para utilizar-se de

2008

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receberam perodicamente um material didático inovador com fotos e textos relatando, ao 2009

2008

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2009 2008 2009 2008

um profissional de ensino.

20 09

visistados. O objetivo era que o material fosse utilizado em sala de aula para discussão com

BIOS

08 20

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rotas que potencializam o interesse pela História, Geografia e o dia a dia dos locais 90

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Alessandro Ludovico

Interactive Parallelized Display Space (HIPerSpace), que alcança a definição de milhões de pixels.

http://neural.it

Desenvolve também a pesquisa Explorers, que estuda as novas definições e formatos de utilização de

Alessandro Ludovico (Itália) é um crítico de mídia e editor chefe da revista Neural desde

sistemas Open Source e Software livre no Brasil. É autor do livro The Explorers: Open Source and Free

1993. Ele é um dos colaboradores fundadores da comunidade Nettime e um dos fundadores

Software in Brazil, no prelo pela MIT Press (co-autoria de Jane de Almeida) e do capítulo HyperTed, a ser

do “Mag.Net (Electronic Cultural organização Publishers). Ele também atuou como consultor

publicado na reedição do livro Computer Lib/Dream Machines de Ted Nelson, pela MIT Press em

para o projeto revista de Documentá 12. Da aula na Academia de Arte em Carrara. Com

2009/2010, sob a organização de Noah Wardrip-Fruin, com textos de vários colaboradores sobre a

Ubermorgen e Paolo Cirio, ele desenvolveu alguns projetos controversos de net art.

influência do inventor do Hipertexto e da Hipermídia.

ARGUS CARUSO SATURNINO

Cristiano Rosa (Pan&Tone)

Nasceu em Belo Horizonte, em 1974. Formou-se em arquitetura pela UFMG em 2000 e

de música experimental desde 1989, quando fazia colagens com fita cassete amassadas, microfo-

trabalhou em escritórios no Brasil, na Espanha e na Bélgica. Antes da viagem de volta ao

nias e percussão em sucata. A partir de 2006, começou a fazer shows utilizando como base Circuit

mundo de bicicleta, rodou pela Europa e África com a mochila nas costas. E atravessou o

Bending, samplers e alguns sintetizadores. Participou de diversos espetáculos com músicos como:

Atlântico velejando, refazendo a rota de Pedro Álvares Cabral, na regata Brasil 500 anos.

Zbigniew Karkowski (Polônia), Cristof Kurzmann (Áustria), La Kut (Chile), Bernhard Gal (Áustria),

Atualmente trabalha com arquitetura e construção no Rio de Janeiro.

Duplexx, Henrique Iwao, Mário Del Nunzio e Colorir (Brasil). Em 2008 criou o instrumento denominado

Cícero Inácio da Silva Atualmente é pesquisador e professor na área de tecnologias digitais, mídias e 92

coordenador do Grupo de Software Studies no Brasil. É Pesquisador Associado ao Center for

quadbox contendo uma coleção de gravações experimentais de vários colaboradores ao redor do mundo.

Daniel Lima Bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, desde 2001 desenvolve

Research in Computing and the Arts (CRCA) na Universidade da Califórnia, San Diego

intervenções e interferências no espaço urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolve também

(UCSD). Foi Visiting Scholar na Universidade da Califórnia, San Diego (2006-2007/apoio

pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais em dois diferentes grupos:

CAPES), onde desenvolveu sua pesquisa de pós-doutorado sob orientação de Ted Nelson e

“Frente 3 de Fevereiro” e “Política do Impossível”.

Noah Wardrip-Fruin e na Brown University (2005/apoio CAPES/MEC), local onde realizou parte de sua pesquisa de doutorado junto a pesquisadores como George Landow, Noah Wardrip-Fruin e Roberto Simanowski. É autor do livro Plato online: nothing, science and

Descentro

technology (All Print), coordenador do Comitê Científico do FILE e do comitê Científico do

Fernando D’Pádua (Bike.mov)

FILE Labo (Qualis A Internacional/2008). Cicero tem organizado congressos e seminários

Belém, 1979. Artista. Licenciado em Artes Visuais/ UFPA, 2005. Mestrado em Artes - ICA/UFPA (em

nacionais e internacionais na área de tecnologias digitais, novas mídias e software studies,

andamento). Professor da rede estadual de ensino/ PA. Orientou processos criativos de pacientes do

tais como os seminários Computing in the Arts na UCSD, Tecnocriações e Estética e Novas

Hospital Geral Psiquiátrico da Penitenciária de Americano, 2008. Atualmente coordena projeto de rádio

Tecnologias, entre outros. Seus últimos projetos na area de mídias locativas dialogam com

comunitária e valorização da cultura popular na cidade de Colares/ PA. Trabalha em coletivos e atua com

os processos de geolocalização (www.GPSart.net) e comunidades virtuais e redes sociais

práticas de intervenção, grafite. Stencil, mídia tática e constrói bicicletas como proposta poética própria.

via GPS (GPSface em www.GPSface.net). Seu mais recente trabalho artístico dialoga com os

Atuou no Grupo A-9 (2002-05), no Marginália (desde 2004-09), no Corredor Polonês (2001-09), no

processos de espacialização e localização. Desenvolvido em parceria com Brett Stalbaum, o

Grupo Experimental de Música e Performance Bonde Andando (2007-09) e Rede [aparelho]-:.

sistema walkingtools.net e o software HiperGps são ferramentas de produção em software livre de arte tecnológica para celulares. Atualmente coordena no Brasil a pesquisa Culturevis (http://culturevis.com), em parceria com o grupo de Software Studies da UCSD, sobre novos formatos de visualização com grandes datasets de informação através do sistema Highly

93


Fabiane Borges

vezes se veste de verde para dar apoio incondicional aos sublevados desinteressados, transita pelos

http://www.youtube.com/user/esquizotrans

bueiros entre desejos e imitações. Quer deixar os instintos indistintos. Raras vezes sobe nas árvores

http://esquizotrans.wordpress.com/

parecendo Rellena de Jalapeño.

Psicóloga, ensaísta, doutoranda em psicologia clínica, pesquisadora de arte e comunicação. Afoita nos domínios do demasiado, pesquisa micromídias de maneiras megalomaníacas e alforria sonhos

Ivana Bentes

carcarás. Quer contaminar coletivos com impulsos anormais para coletivos contaminados. Ama fumaça.

(Parintins, 1964) é ensaísta, professora, curadora, apresentadora de TV e pesquisadora acadêmica

Hapax Composto pelos artistas Daniel Castanheira, Ericson Pires, Ricardo Cutz e o programador Leonardo

estética e em Glauber Rocha e nas questões éticas no campo da produção audiovisual, lançou no Brasil uma das discussões mais polêmicas sobre o cinema brasileiro contemporâneo, quando escreveu sobre a

Póvoa. Com formações e carreiras em diversas áreas – poesia, música, teatro, cinema e artes visuais,

passagem dos temas propostos no manifesto a ‘estetica da fome’, lançado por Glauber Rocha nos anos

engenharia, cartografia e logística – o grupo se define como um coletivo de arte. Usa como ferramenta em

60, para o que definiu como a “cosmética da fome”, questão que marcou alguns filmes comerciais

seus trabalhos um amplo mosaico tecnológico, tensionando hitech e lowtech : samplers, sensores,

brasileiros a partir dos anos 90. Ensaísta e pesquisadora na área de comunicação e cultura com ênfase

sintetisadores, baterias eletrônicas, rádios uhf, praticamente todo e qualquer aparato eletro-eletrônico

nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na

capaz de produzir som, faz parte do repertório acionado pelo grupo.

cultura contemporânea, Bentes concluiu o doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio

Nesses nove anos, o coletivo participou de múltiplos eventos e ações dentre os quais se pode

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brasileira. Desde 2006, dirige a Escola de Comunicação da UFRJ. Bentes, especialista em filosofia da

de Janeiro, onde é professora do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura e Diretora da

destacar: Circuito Interações Estéticas, Funarte, Sp, Rs, BH e PE/2010; “DF além da Fronteiras”, Atelier

Escola de Comunicação da UFRJ desde 2006. Concluiu o mestrado com a tese “Percepção e Verdade: da

Aberto, BSB/2010; Residências Estéticas em pontos de Cultura, Funarte/RJ/2010; Exposição Individual

Filosofia ao Cinema”, e o doutorado com a tese “Biografia e Teoria na obra de Glauber Rocha”, na UFRJ. É

“Transitante’, Centro Hélio Oiticica/Rj/2008; Arte.Mov -2007, curadoria Lucas Bambozi; a exposição “Abre

autora de Cartas ao Mundo: Glauber Rocha (organização e introdução, publicado pela editora Companhia

Alas 2006” da galeria A Gentil Carioca (RJ/2006); abertura do centro cultural da Caixa Econômica Federal

das Letras, 1997) e Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista (Editora Relume Dumará. 1996). É

(RJ/2006); mostra “Corpos Virtuais: arte e tecnologia” no Centro Cultural Telemar curada por Ivana Bentes

co-editora da Revista Cinemais: Cinema e outras questões audiovisuais e Revista Global (Rede Universida-

(RJ/2005); a primeira perfomance interativa via satélite no Brasil em parceria com o video artista Eder

de Nômade). Seus textos podem ser lidos em publicações e eventos relacionados às áreas de Comunica-

Santos, no evento Nokia Trends curado por Lucas Bambozzi (SP/RJ/2005); Festival Rio Cena Contempo-

ção, Artes Visuais, Cinema, Televisão e novas tecnologias da imagem,tem atuado também como curadora

rânea (RJ/2003/2005); o espetáculo teatral As Fenícias no teatro Oficina (SP/2002); o Panorama de Arte

na área de cinema e arte. Atualmente suas pesquisas tem se voltado para os temas relacionados as

Contemporânea do MAM (RJ/SP/BA/2001/2002). Além disso, o grupo se apresentou em várias casas de

Periferias Globais, o Devir Estetico no Capitalismo Cognitivo e o campo da Midia-Arte. Como curadora na

shows, festas e festivias de música como Brasilia Music Festival (DF/2004), Motomix (RJ/2004), Forum

área de cinema e arte tem desenvolvido questões como a relação entre cinema e arte, midia-arte, arte e

Mundial Social (RS/2003), RecBeat (PE/2002), Cep 20.000 (RJ / de 2001 a 2005), Casa das Caldeiras

ativismo, redes colaborativas, arte e cognição, dispositivos. Como curadora, Ivana Bentes, organizou as

(SP/2004), Studio SP (SP/2005), Circo Voador (RJ/2004/2005) e teatro Rival (RJ/2005), tendo lancado

mostras Retrospectiva Arthur Omar para o MoMa-NY, em 1999 (curadoria de Lawrence Kardish) ; A Lógica

o disco O que esta acontecendo (2005), pelo Selo paulista Mundo Perfeito com distribuição nacional pela

do Êxtase (Centro Cultural Banco do Brasil-RJ e CCBB-SP. 2001), Esplendor dos Contrários (CCBB-SP.

Tratore

2001), A Favela no Cinema (CCBB-RJ.2001), A Cultura da Favela (CCBB-RJ e Instituto Goethe de Berlin e Munique, 2002 e 2003), Uma Outra Cidade: Imagens das Periferias (CCBB-DF. 2005). Foi produtora e

Hilan Bensusan

organizadora no Brasil da mostra O Efeito Cinema na Arte Contemporânea (CCBB-RJ. 2003), com curadoria de Philippe Dubois), curadora da exposição In Situ, para a Cine Cinematográfica. São Paulo,

http://www.youtube.com/user/esquizotrans

2003. Fez a curadoria da Mostra Corpos Virtuais para o Centro Cultural Telemar. 2005, a organização do

http://esquizotrans.wordpress.com/

Seminário Mídia da Crise ou Crise da Mídia? (ECO-UFRJ. 2006) e a coordenação da exposição Zooprismas: Instalações/Vídeo/Fotografias, de Arthur Omar para o Centro Cultural Telemar/oi Futuro (2006).

Doutor em filosofia, autor do livro “ Excessos e excessões, por uma ontologia sem cabimento”, por

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Jarbas Jacome

sal de ferramentas artísticas e culturais nos processos de transformação e desenvolvimento, que ganhou

http://jarbasjacome.wordpress.com/

força a partir da bolsa-prêmio outorgada pela Fundação Vitae (91). Após criar a Crocodilo Produções

Músico e mestre em Ciência da Computação pelo Cin-UFPE, pesquisando computação gráfica,

Artísticas (setor cultural e artístico / 81), com a ampliação do trabalho, a empresa transformou-se na

computação musical e sistemas interativos de tempo real para processamento audiovisual integrado. Recebeu o Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia 2009 e o Prêmio Rumos Itaú Cultural Arte-Cibernética 2007. Se apresentou nos eventos: Arte.Mov 2009, Coquetel Molotov 2009, On_Off 2009, Zona Mundi 2009 e Emoção Art.ficial 4.0. Expôs no FILE-RIO 2009, Continuum 2009 e FILE-SP 2008 a instalação Crepúsculo dos Ídolos. Sua graduação e mestrado em computação resultaram no software livre ViMus, financiado pelo C.E.S.A.R, e utilizado em instalações artísticas, institucionais, espetáculos musicais e de dança. Foi guitarrista da banda Negroove e do coletivo de arte re:combo.

Jorane Castro Nascida em Belém, Pará, é diretora/roteirista de mais de 30 filmes, entre ficção e documentários,

Enthusiasmo Cultural.

Lourival Cuquinha Marisa Mokarzel Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora de História da Arte do curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem da Universidade da Amazônia. Pertence ao Conselho Curador do Museu da Universidade Federal do Pará. Foi diretora e curadora do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus da Secretaria Executiva de Cultura do Estado do Pará. Realizou juntamente com Rosangela Britto

realizados na Europa, na África e no Brasil. Fotógrafa desde a adolescência, já participou de exposições,

a curadoria da exposição inaugural do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e a idealização do

com fotografias e vídeos. Atualmente, coordena a produtora Cabocla, criada em 2000, para desenvolver

Laboratório das Artes, sala projetada para atender mostras experimentais. Tem realizado curadoria para

projetos audiovisuais sobre e na Amazônia.

exposições de jovens artistas do Pará. Foi curadora da exposição Carne/Terra de Berna Reale, na Galeria Kunsthaus, Wiesbaden, Alemanha (2004); do Rumos Visuais do Itaú Cultural 2005/2006, da Mostra Fiat

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Lala Deheinzelin

Brasil 2006 e curadora adjunta da Bienal Naif de Piracicaba 2006. Participou da comissão de seleção do Projeto Cultura e Pensamento (2006) do Ministério da Cultura. Integrou júri de seleção do Prêmio Jabuti

http://www.criefuturos.com.br/

categoria ilustração de livros infantis (1996), júri de seleção do Prêmio Marcantonio Vilaça (2006); Salão

Especialista em Economia Criativa & Desenvolvimento Sustentável, e criou e coordena o movimento

Arte Pará (Belém, 2004; 2005; 2006) e Salão de Pequenos Formatos(Belém, 2000, 2006).

internacional Crie Futuros. Trabalhando no Brasil e exterior, seu perfil trans-disciplinar possibilitou desenvolver metodologias próprias integrando Economia Criativa + Desenvolvimento + Sustentabilidade

Nacho Durán

+ Futuro + Inovação. Tal trabalho mostra porque a Economia Criativa é estratégica no século XXI, as

www.nachoduran.es

oportunidades que oferece e as condições necessárias para seu florescimento, contribuindo para inserir

Nasceu nas Astúrias, Espanha, e mora em São Paulo desde 2001. Produziu vários trabalhos em

o tema na agenda de desenvolvimento aos níveis (inter) nacional, estadual e municipal. Sua trajetória

novas mídias que têm como elo em comum a pesquisa e experimentação com micro-cinema, interativida-

tem três fases cujo fio condutor é a busca de competências e experiências que contribuam para

de e VJing. Foi o criador do primeiro videoblog feito na América do Sul [www.feitoamouse.org/videoblog],

processos de desenvolvimento através da criatividade e cultura.

em 2003, um diário online experimental formado por vídeos curtos em loop. Ministra palestras e oficinas

(81-93) Área cultural (teatro, cinema, TV); formação em “Arte e Teoria do Movimento”; diretora premiada de espetáculos multimídia; produtora e apresentadora. (94-01) Criando estratégias de comunicação e promoção para corporações multinacionais, brasileiras, e do terceiro setor. (2001…) Assessora, palestrante, consultora, curadora, facilitadora de cursos e workshops para corporações, governos e instituições internacionais multilaterais na formulação de estratégias de

sobre VJing e produção audiovisual para internet e celular, idealizando as oficinas feito.a.mouse, que foram realizadas em todas as regiões do Brasil, Bolívia, Colômbia, Cuba, México, Peru e Espanha, em mostras, festivais, centros culturais e de inclusão digital.

Mutirão Gambiarra(#mutgamb) Coletivo editorial nascido na rede MetaReciclagem que articula publica es colaborativas sobre temas

inovação, desenvolvimento e cooperação com foco em Futuros Desejáveis, Cultura, Economia Criativa e

como apropria o criativa de tecnologias, cultura digital experimental e redes colaborativas. veja mais em

Desenvolvimento Sustentável.Sob tal diversidade encontra-se a pesquisa contínua sobre o uso transver-

http://mutgamb.org

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Orlando Maneschy

aparelhagens da cidade no Festival Verbo no ano passado. A oficina apresentou uma adaptação urbana

Orlando Maneschy nasceu em Belém, em 1968. Iniciou na fotografia, em 90 com Miguel Chikaoka, na

utópica das aparelhagens, conceitualizada e desenhada para o centro urbano de São Paulo.

FotoAtiva. Fotógrafo e videomaker, realiza projetos visuais, utilizando a imagem em suas diversas possibilidades de articulação. Realizou, em 99, curadoria da mostra fotográfica: Perspectivas - Cinco Olhares da Amazônia no Mês Internacional da Fotografia de São Paulo. Professor e pesquisador, formado

VAL SAMPAIO

em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará, e Mestre em Comunicação e Semiótica pela

Artista, produtora e curadora independente. Tem experiência na área de produção, pesquisa e crítica

PUC de São Paulo onde atualmente cursa Doutorado. É consultor da FotoAtiva e integra o grupo “Caixa de

em artes, com ênfase em arte contemporânea, design e novas mídias, atuando principalmente nos

Pandora”.

seguintes temas: cultura visual, processo de criação, semiótica, novas mídias, arte digital e arte

Rede [aparelho] aparelho.comumlab.org

contemporânea. Possui doutorado e mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (1987). Professora da Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA).

coletivizado por artistas, educadores e produtores culturais, vem desenvolvendo durante anos encontros públicos com práticas de cineclubismo e radiotransmissão experimentando formas de convivência, linguagem e a comunicação entre a comunidades de rua - como feirantes, prostitutas e vendedores ambulantes; a comunidade afroamazônica - hiphop, quilombolas e afroreligiosos; rádios livres e comunitárias; movimento e organizações cineclubistas. Essas atividades foram construídas graças a mobilização de uma pequena rede que se expandiu para redes maiores, permitindo 98

alternativas para troca de informação, compartilhamento de idéias e produção de conteúdos digitais. A variedade desses arquivos, como entrevistas , vinhetas, vídeos e fotos foram intercambiados e reproduzidos durante as ações de rua, formando um acervo digital, que atualmente, encontra-se espalhado entre redes sociais (orkut, ning), canais de mídia (youtube, picasa,etc) e blogs.

Ricardo Folhes Roberta Carvalho Tal Hadad Isaac http://www.globalheartme.com http://www.aparelhagensdacidade.com Tal Isaac Hadad desenvolveu uma série de projetos em artes sonoras, criações musicais e transmissões onde as tendências de músicas comuns de cidades globais (Istambul, Pequim, São Paulo) tornam-se territórios experimentais que inspiram eventos, álbuns e exibições. Seus trabalhos estão intimamente relacionados com multimídia, arte visual e performativa. Introduziu a primeira oficina

99


GESTÃO DE PROGRAMA

ADM/FINANCEIRO

COORDENAÇÃO GRÁFICA

Aluizer Malab: Administrativo e Financeiro

Elisangela Gonçalves

RKE Comunicação e Design

ASSESSORIA JURÍDICA

MONITORIA

Lúcia Ribeiro

Juan Pablo

CORTAR PRODUÇÃO, JUNTAR OS NOMES Produção Cesar Piva: Articulação de rede Lucas Bambozzi: Programação

Romário Alves

Marcos Boffa: Produção

PRODUÇÃO EXECUTIVA

Cinthya Marques

Rodrigo Minelli: Comunicação

Giseli Vasconcelos

Max Andreone Hugo Gomes

GERÊNCIA DE CULTURA VIVO

CO-PRODUÇÃO

Marcos Barreto

RKE Comunicação e Design

Maristela Fonseca

Lívia Condurú/BCB Produções (pré-produção)

Fabrício Santos

MAKING OF

Rosana Magalhães

DIREÇÃO & COORDENAÇÃO GERAL

Mariana Andrade

Luciana Costa

Giseli Vasconcelos

Lucas Gouvêa

Marcelo

OPERAÇÕES

100

Magoo Rego

+ KATTY +HARI

Luiza Thesin

NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E ARTICULAÇÃO EM

Vitor Souza Lima ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA

Maécio Monteiro

Caco Ishak

Samantha Ranny

ASSESSORIA DE PRODUTORES PRODUÇÃO

ORDEM ALFABETICA

Aline Freitas

FOTOGRAFIA

REDE

Camila Branco

Renato Reis

Daniel Perini: projetos

Edilena Florenzano

Lucca Maia

Julião Villas: designer

Neuton Chagas

Arthur Leandro

Christiane Tassis: direção de criação e redação

+ BRUNA SUELEN

(publicitária)

ORDEM ALFABETICA MONTAGEM

Soraia Vilela: criação de conteúdo

Loc Engenharia

(institucional)

Adriele Silva

ORDEM ALFABETICA COORDENAÇÃO GRÁFICA RKE Comunicação e Design

Tina Melo: atendimento

SOM & IMAGEM

CURADORIA

Jefferson

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Lucas Bambozzi

KProduções

AGRADECIMENTOS

Marcos Bastos CURADORIA EXECUTIVA

RECEPTIVO & LOGÍSTICA

Gisela Domschke

Rádio Cipó Arte & Entretenimento

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