GISLAINE FERRAREZI
REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO RIBEIRÃO PRETO: PROPOSTA DE UM PARQUE LINEAR
2017
REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO RIBEIRÃO PRETO: PROPOSTA DE UM PARQUE LINEAR
Gislaine Ferrarezi
REVITALIZAÇÃO DO CÓRREGO RIBEIRÃO PRETO: PROPOSTA DE UM PARQUE LINEAR
Trabalho final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, para cumprimento das exigências para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof. Anelise Sempionato
Centro Universitário Moura Lacerda Arquitetura e Urbanismo Ribeirão Preto, SP Novembro 2017
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter escrito mais um capítulo da minha história, por me dar força nos momentos de desânimo e desespero e por me fazer perseverar sempre. Aos meus Pais, muito obrigado pelo incentivo, por nunca me deixar desistir, por sempre rezarem por mim e pela paciência com a desordem na casa devido aos projetos e maquetes. Simone e Du meus parceiros e irmãos, obrigado por serem os melhores e por sempre acreditarem em mim. Aos meus padrinhos José Eustáquio e Adelina, agradeço por plantarem em mim a semente da curiosidade, fazendo com que eu descobrisse o quão linda é essa profissão. A Simone Rosa, minha amiga e companheira no trabalho obrigado por sempre me impulsionar a buscar novos horizontes, por me encorajar e por ouvir meus lamentos sempre nos cafézinhos. Aos mestres um muito obrigado, por todo conhecimento, experiência, dedicação que me fizeram chegar até aqui. A minha orientadora, Anelise Sempionato, a quem devo todo o sucesso desse trabalho, porque sem seu conhecimento, incentivo e confiança em mim esse trabalho não seria nada. E aos companheiros de jornada e aos amigos que Deus me presenteou nestes anos: Yuli, Kauê e Cauê pelas noites em claro e pelas crises de riso quando estávamos com muito sono, ao casal Rod e Anna pela amizade e por serem esse casal mara e a Julia, amiga que a comissão me deu de presente e que sempre esteve comigo, me ouvindo e aguentando os meu choros e surtos. Muito obrigado meus amigos, espero leva-los pra vida!
TEÓRICA
FUNDAMENTAÇÃO
2.1 Planejamento Ambiental: Histórico e Conceituação 20 2.2 Parques: Respaldo Histórico 22 2.2.1 Conceitos e Benefícios Socioambientais 24 2.3 Áreas Verdes Urbanas 27 2.4 Sustentabilidade e sua aplicação na cidade 28 2.5 Infraestrutura Verde: Sustentabilidade aplicada com
Justificativa 16
tipologias específicas 29
01 03
PROJETUAIS
Objetivos 17
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
02
3.1 Renovação Urbana em Seul - Coréia do Sul 32 3.2 Madrid Rio - Madrid 36 3.3 Rio + Verde - Rio de Janeiro 40
4.1 Estudo de Caso: Ribeirão Preto 44 4.1.1 Caracterização Territorial e demográfica de Ribeirão Preto - SP 44
O LOCAL
04
4.1.2 Levantamento dos Aspectos ambientais 45 4.2 Área de Intervenção 47 4.2.1 Localização 47 4.2.2 Levantamento Morfológico 48 4.2.3 Análise da área 54 4.2.4 Legislação 56
Diretriz 60 Conceito 64 Partido 64 Estudo Preliminar 65 Materialidade 67
06
Setor 1 75
O PROJETO
05
O PROCESSO
Implantação 74 Setor 2 76 Setor 3 77 Croquis 70 Conclusão 72 Referências projetuais 72
1
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO Devido ao crescimento desenfreado e
margens, então quando a iniciativa privada
aumento da população nas cidades,
encontra qualquer elemento perturbador
sofremos com os grandes impactos ambientais.
ao aproveitamento pleno da área de que
Edificações próximas ao leito do rio, sem
se dispõe, tenta removê-lo através de
respeitar as legislações e a impermeabilidade
aterros,
destas
em
desmatamento, terraplanagem, e quando
infraestruturas
cinzas colaborando para uma
esta área é pública, acaba virando espaço
cidade mais
frágil. A tempos atrás com o
de despejo de entulhos e lixo ou são
ao
cidades
as
transformam
surgimento das cidades coloniais, a ocupação próxima aos rios era comum, sem conscientiza-
de
córregos,
ocupadas por favelas. Diante disso, um planejamento em
ção as edificações iam sendo construídas
infraestruturas
depredando os rios e a população não tinha
proporciona uma cidade mais sustentável,
do conceito de sustentabilidade.
amenizando os problemas causados pelo
Segundo
Gonçalves
(1998)
apud
Friedrich (2007), a legislação brasileira reserva
14
canalizações
verdes
sobre
o
córrego
crescimento da infraestrutura cinza. A infraestrutura verde consiste em
áreas junto aos córregos, mas não garante a
intervenções
de
qualidade das águas ou o destino de suas
paisagem e alto
baixo
impacto
desempenho,
na com
espaços multifuncionais e flexíveis, que possam
comércio e serviços ativos.
exercer diferentes funções ao longo do tempo
Com o intuito de dar seguimentos
- adaptável às necessidades futuras. Pode ser
as intenções apresentadas, o trabalho
implantada em experiências locais que sejam
organiza-se em capítulos que trazem a
safe-to-fail
estrutura
(seguras-para-falhar),
monitoradas para longo
possíveis
sendo
correções ao
do tempo (Ahern 2009 apud Herzog e
Rosa 2010 p. 97). (2010)
visa
também,
buscar
oportunidades de transportes alternativos não poluentes que
estudos
de
caso,
referências projetuais e levantamento de dados do local da implantação. O capítulo 01 refere se ao plano de
Segundo Jacobs (1992) apud Herzog e Rosa
teórica,
estimulam uma vida urbana
pesquisa
e
aos
problemática,
seus
justificativa
métodos: e
objetivos,
dando um norte ao avanço da pesquisa. Já o capítulo 02 trata de toda a
ativa e saudável, e promover o uso de
fundamentação
energias renováveis sempre que possível. Esses
relevantes, relacionados à: Planejamento
espaços ganhos dos veículos são devolvidos
ambiental,
para os cidadãos para que ruas voltem a ser
Sustentabilidade e Infraestrutura verde.
lugares
vivos, de
encontros sociais e com
teórica.
Parques,
O capítulo
03
Áreas
Temas verdes,
contempla
os
15
JUSTIFICATIVA projetos de referência nacional e internacio-
A revitalização do Córrego Ribeirão
nal, sendo eles: Renovação Urbana em Seul –
Preto, é uma medida de resgate a uma
Coréia do sul, Madrid Rio – Madrid e Rio + Ver-
extensa área natural que sofreu com os
de – Rio de Janeiro.
impactos urbanos. A área ainda sofre com o
No capítulo 04 há levantamentos da
descaso da população e município, um
área e a implantação de um projeto de par-
cenário frequente é o descarte incorreto de
que linear na zona oeste da cidade de Ribei-
esgoto e entulho nas margens do rio, e
rão Preto – SP.
ainda
Por último, capítulo 05 refere se a con-
a
perda
de
biotas
devido
a
retificação do córrego.
clusão do projeto, relata de forma analítica os
O parque linear vem para renaturalizar
resultados obtidos que tornam capaz o desen-
toda a margem do córrego, requalificar a
volvimento do parque linear.
área dando novas
funções
a esta, e
principalmente proporcionar um equilíbrio ambiental à região. Para isso Leite (2012) afirma: Para se atingir a conservação da biodiversidade em paisagens transformadas pelas atividades humanas, são então necessárias medidas que mantenham a conectividade de espécies, comunidades e processos
16
OBJETIVOS ecológicos em múltiplas escalas. Os benefícios consequentes do reforço da conectividade correspondem a um aumento da capacidade dos animais para percorrer paisagens alteradas, mais oportunidades para a dispersão tanto de habitats isolados como de populações e maior probabilidade de continuidade de processos ecológicos em paisagens fragmentadas. Os elos que promovem a conectividade da paisagem podem também ter um papel fundamental na dinâmica ecológica ao atuar como habitats de plantas e animais, bem como de outras contribuições para outros processos ecológicos, como oferta de abrigo, alimento e área de vida. (BENNET, 2003 apud LEITE, 2012, P. 48)
O presente trabalho visou elaborar uma
proposta
de
revitalização
do
Córrego Ribeirão Preto e implantar um parque linear na zona oeste de Ribeirão Preto – SP. Este
trabalho
tipologias
de
pretendeu
Implantar
infraestrutura
verde;
Renaturalizar as margens do córrego, cujo o mesmo foi impactado por obras de canalização; Valorizar e potencializar os espaços verdes em torno do córrego; Identificar estratégias de planejamento e gestão
ambiental
para
a
vivência
comunitária;
17
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PLANEJAMENTO AMBIENTAL: HISTÓRICO E CONCEITUAÇÃO (2008)
recursos hídricos. Com a grande devastação
entende-se por “planejamento ambiental”
das bacias hidrográficas houve a necessida-
todo o esforço da civilização na direção da
de de desenvolver um planejamento ambi-
preservação
ental para solucionar os reais problemas
De
acordo
e
com
Franco
conservação
dos
recursos
ambientais de um território, com vistas à sua
causados, devido a expansão das cidades.
própria sobrevivência.
O objetivo principal do planejamento ambiental é atingir o desenvolvimento sustentável da espécie humana e seus artefactos, ou seja, dos agroecossistemas e dos ecossistemas urbanos (as cidades e redes urbanas), minimizando os gastos das fontes de energia que os sustentam e os riscos e impactos ambientais, sem prejudicar ou suprimir outros seres da cadeia ecológica da qual o homem faz parte, ou em outras palavras, procurando manter a biodiversidade dos ecossistemas. (FRANCO, 2008, p. 35)
Desde a pré-história o homem atuava de forma instintiva e já havia planejamento ambiental
para
a
própria
existência
ou
sustento, seja na invenção do calendário, na formação
de
cidades
e
bairros
ou
na
produção de bens e serviços. Ao longo dos anos, o planejamento já poupava as cidades
fundamentais da prática humana sobre os
de prováveis impactos ambientais, ganhava
ecossistemas: a preservação, a recupera-
novas estruturas devido as dinâmicas sociais e
ção e conservação do meio ambiente:
econômicas e no século XVIII já contribuía para
20
Franco (2008) destaca três princípios
o
planejamento
do saneamento e
1. A preservação, conhecido como princípio
princípios e conceitos, para minimizar e
da não ação, correspondem as áreas de
restaurar os impactos já causados por
reserva e territórios com bancos genéticos e
ações humanas e garantir a proteção ao
que mantém
meio ambiente e a qualidade de vida da
ciclos
ecológicos
e devem
manter-se intocados pelo homem. Ex: Regiões
população.
do Pantanal, Amazônia ou Mata Atlântica; 2. Este segundo caso presta um auxílio a natureza, é desenvolvido nas áreas onde já houve alteração humana, e ajuda a recuperar a área. Ex: Matas degradadas, Rios e lagos que sofreram impactos ambientais; 3. Já a conservação ambiental suporta o usufruto do homem, sem a degradação, desfrutando, mas conservando, usando sem destruir. Há alguns anos, foram
inseridas no
planejamento ambiental novas metodologias,
21
2.2 PARQUES: RESPALDO HISTÓRICO Segundo Scalise (2002) Apud Friedrich
americanos inserem na estrutura urbana a
(2007), parques são equipamentos públicos
paisagem verde, de modo que restaurassem
urbanos que se originam na Inglaterra, França
áreas
e América, mais precisamente nos Estados
“respiro” e também que o usuário pudesse
Unidos, no final do século XVIII, início do século
apreciar a natureza do parque durante um
XIX.
passeio pela rua.
trouxesse
áreas
de
Os Parques ingleses inserem a paisagem
Considerado um espaço público, o
verde nos centros urbanos, para uso coletivo
parque tem total ligação com a qualidade
amenizando a correria do dia a dia. Com um
de
estilo orgânico trazendo rios ou lagos como
implantadas
elemento principal, criam espaços de desfrute
elementos naturais, com densa vegetação
e ar puro. Já Haussmann projeta para a
e pode conter vários equipamentos.
França um modelo de parque onde há uma
O parque urbano é um produto da cidade da era industrial. Nasceu a partir do século XIX, da necessidade de dotar as cidades de espaços adequados para atender a uma nova demanda social: o lazer, o tempo do ócio e para contrapor-se ao ambiente urbano edificado (MACEDO, 2003 apud LIMNIOS e FURLAN, 2013).
ligação por avenidas, monumentos da cidade e
22
deterioradas,
boulevards
e
trouxe
consigo
amplos
vida
urbana,
geralmente
são
próximas aos córregos ou
espaços, pontos de encontro aos franceses e
Contudo, para Limnios e Furlan (2013) os
infraestrutura. De uso coletivo, os Parques
parques brasileiros no século XIX ao contrário
dos
europeus
não são para atender as
necessidades da população, mas sim para “plagiar” os ingleses e franceses.
Figura 1: High Line Park, Nova York.
23
2.2.1 CONCEITOS E BENEFÍCIOS SOCIOAMBIENTAIS Em um pequeno e interessante artigo escrito por Cranz3 sobre as mudanças dos papéis dos parques urbanos, traça-se uma evolução do “movimento americano de parques” desde meados do século XIX. Periodiza essa evolução em quatro etapas (1850 1900/1900 a 1930/1930 a 1965/1965 em diante) correspondentes a programas e desenho dos parques. Para cada um dos modelos o desenho faz uso dos mesmos elementos – água, árvores, flores, caminhos, vedos, esculturas, edificações – mas em combinações distintas e com diferentes predominâncias. Indica específicas metas sociais a atingir; diferentes são as maneiras de elaborar os mesmos elementos; a cada modelo corresponde uma intenção de contribuir para a solução de problemas decorrentes das transformações iniciadas pelos processos de industrialização e urbanização. (MAGNOLI, 2006, p. 205)
Em
vista
disso,
entende-se
que
parques são necessários, pois, além de oferecer
diversas
atividades
humanas,
espaços de interação social e tranquilidade nos dias opostos aos de trabalho, ainda são considerados “pulmões” na cidade, uma vez que capturam carbono e diminuindo ou prevenindo a poluição do ar, solo e água.
Figura 2: Parque Farroupilha, Redenção, Porto Alegre - RS
24
Figura 3: Parque Farroupilha, Redenção, Porto Alegre - RS
25
Figura 4: Central Park, Nova York.
26
2.3 ÁREAS VERDES URBANAS As áreas verdes correspondem a uma das categorias dos espaços livres de construção, e seu planejamento visa a atender a demanda da comunidade urbana por espaços abertos que possibilitem a recreação, o lazer e a conservação da natureza. No ambiente urbano, os parques (e as outras categorias de Unidades de Conservação ou de espaços livres de construção) devem ser planejados de acordo com as expectativas da comunidade. (MAZZEI, COLESSANTI e SANTOS, 2007, p. 34 e 35)
Mazzei,
(2007)
Bargos e Matias (2010), deixam claro
destacam que as áreas verdes dependem de
a importância das áreas verdes nos
um
não
centros urbanos, não somente pelo papel
de
fundamental da qualidade de vida à
conservação. E que se trazidas às áreas
população, pela redução dos vários tipos
urbanas, são essenciais para a população o
de
lazer, a recreação, o equilíbrio ecológico e o
também é um integrante do sistema de
bem-estar.
espaços livres.
bom
Colessanti
e
planejamento
comprometerem
as
Evidenciam
áreas
Santos
Um atributo muito importante, porém, negligenciado no desenvolvimento das cidades, é o da cobertura vegetal, pois além de todas as necessidades que o ser humano tem em relação à vegetação é importante lembrar que as cidades estão cada vez mais poluídas, e esta poluição, principalmente no ar e nos rios, pode ser reduzida substancialmente preservando-se a vegetação local. (NUCCI, 2001, APUD BARGOS e MATIAS, 2010, P. 174)
para frágeis
também,
que
os
poluição
ou
da
alteração,
mas
projetos de parque atendem aos vários perfis, buscando a necessidade de cada grupo nas imediações.
27
2.4 SUSTENTABILIDADE E SUA APLICAÇÃO NA CIDADE Silva
(2003),
soluções
sustentabilidade é o conceito de
gestão
econômica, política, ecológica e cultural.
De
acordo
com
durável dos recursos ambientais no espaço
para
a
preservação
A sustentabilidade nas
social,
cidades
é
urbano e no tempo. E é dever do poder
essencial, e é o reflexo de uma boa gestão,
público
onde proporciona a população elementos
proporcionar
um
meio
ambiente
ecologicamente equilibrado, qualidade de
sociais e culturais.
vida e preservá-lo. Sachs (2000, apud, SANTOS, 2014, p. 22) reforça que a sustentabilidade urbana é um conjunto
de
dimensões,
onde
tem
por
referência as necessidades do homem no meio ambiente, no quadro 1 ao
lado eles
revelam quais as dimensões e estratégias básicas. O meio ambiente urbano tem como definição
a
problemática
ambiental
nas
cidades. É uma busca a qualidade de vida e
28
Quadro 1: Dimensões de Sustentabilidade - Fonte: Santos, 2014, p. 22.
2.3 INFRAESTRUTURA VERDE: SUSTENTABILIDADE APLICADA COM TIPOLOGIAS ESPECÍFICAS Segundo Herzog (2009) a infraestrutura
sistêmica, abrangente e transdisciplinar.
verde consiste em redes multifuncionais de
Depende
de
um
fragmentos
detalhado
dos
aspectos
permeáveis
e
preferencialmente
vegetados, arborizados,
levantamento abióticos,
bióticos e culturais. Inicialmente é preciso
interconectados que reestruturam o mosaico
fazer
da paisagem. Visa manter ou restabelecer os
condicionantes
processos naturais e culturais que asseguram a
geomorfológicos, hídricos (de preferência
qualidade de vida urbana.
ter a bacia hidrográfica como unidade
As árvores, essenciais na infraestrutura verde, têm funções ecológicas insubstituíveis, como: contribuir significativamente para prevenir erosão e assoreamento de corpos d’água; promover a infiltração das águas das chuvas, reduzindo o impacto das gotas que compactam o solo; capturar gases de efeito estufa; ser habitat para diversas espécies promovendo a biodiversidade, mitigar efeitos de ilhas de calor, para citar algumas. A floresta urbana consiste no somatório de todas as árvores que se encontram na cidade, em parques e praças, ruas e fragmentos de matas.
de
um
mapeamento
dos
geológicos,
macroplanejamento),
climáticos, da cobertura vegetal, dos sistemas
de
drenagem
e
esgotamento sanitário, e uso e ocupação do solo. Também é importante conhecer a biodiversidade local. Levantar dados e
Para que o planejamento e projeto da
mapas históricos de uso e ocupação do
infraestrutura verde sejam de fato eficientes e
solo, de hábitos e da cultura local.
eficazes, é
Conhecer mais
preciso
ter
uma
abordagem
profundamente o lugar.
29
3.1 RENOVAÇÃO URBANA EM SEUL – CORÉIA DO SUL Localizado em Seul ao norte da Coréia do Sul o
devido a era moderna e dos automóveis. O
rio
reconhecido
pequeno córrego coberto, seca e deixa de
mundialmente por sua recuperação, melhora
ser parte de Seul e vários comerciantes se
do tráfego no entorno, despoluição das água
alojam, por todos os 6km de vias elevadas.
Cheonggyecheon
é
e criação de um parque linear. O rio sempre abasteceu os coreanos com água limpa, no entanto após a segunda guerra mundial e a divisão entre a Coréia do Sul e do Norte o entorno do rio recebeu várias instalações de moradias
irregulares,
aumentando
os
problemas de saneamento devido a poluição do rio e diminuindo o nível da água cada vez mais. Em 1958 com o processo acelerado de industrialização, constrói-se o primeiro viaduto
32
sobre o rio.
Já em 76 essa via expressa é
finalizada e
junto com ela outras vias vieram,
Figura 5: Viaduto que cobre o Rio Cheonggyecheon em Seul. Figura 6: Viaduto que cobre o Rio Cheonggyecheon em Seul.
Para Rowe em 2000 fica claro que a via expressa era insustentável, mas desde 1990 é estudada a proposta de demolição da via e a partir daí a vontade de restaurar o rio e transformá-lo em uma grande revitalização só aumenta. Em 2002 começam as obras sob direção do Prefeito Myung-Bak Lee e Vice Prefeito
Yun-Jae
Yang,
um
urbanista
e
paisagista. Após 27 meses de construção, o projeto é finalizado em 2005 com um custo de 380 milhões de dólares. Foram demolidas tanto as vias elevadas quanto os leitos carroçáveis que encobriam o rio. Abriu-se 20% a mais do espaço em largura para o córrego, levando em conta cheias históricas em um período de 200 anos. Ao todo, foram construídas 22 pontes, incluindo a reconstrução da antiga ponte cerimonial, além de outros numerosos investimentos paisagísticos. Isso incluiu instalações de artes públicas, caminhos ao lado do rio para pedestres e corredores, variando as formas de cruzar o córrego e os tipos de
espécies plantadas ao longo das margens. Foi construído um centro comunitário, e os direitos de passagem entre pedestres e veículos foram totalmente reconfigurados - tal ação, não sem surpresa, foi de importância fundamental para os numerosos e pequenos negócios adjacentes ao Cheonggyecheon. (ROWE, 2013 –Disponível em: http://www.au.pini.com.br/arquiteturaurbanismo/234/restauracao-do-cheonggyecheon -seul-coreia-do-sul-296126-1.aspx)
Além da demolição do viaduto, em 2004 e 2007 o centro da cidade passou por algumas restaurações nos grandes cruzamentos do córrego. Para solucionar os problemas de fluxo de veículos na região, o governo disponibilizou
mais
transporte
público,
metrô, ônibus especial no centro, outras opções de vias e faixas reversíveis das ruas. Há várias linhas de metrô, e as estações são distribuídas a cada 1 km.
33
Figura 7: Rio Cheonggyecheon em Seul após a revitalização
34
Após a requalificação da área, notou-se a diminuição de ilhas de calor, uma melhoria na qualidade ambiental da cidade, e a criação de pontos de encontro. A única “problemática” do projeto, foi que não conseguiram manter alguns artefatos de preservação histórica.
Figura 8: Cheonggyecheon em após a revitalização
Rio Seul
35
3.2 MADRID RIO - MADRID
Figura 9: Manzanares
36
Parque
Rio
O Rio Manzanares localizado em
Madrid,
Espanha - por muitas décadas foi usufruto da
aumentando a mobilidade. O
projeto
conta
com
vários
população, com hortas, pomares e o próprio
subprojetos, os primeiros foram realizados
rio que no decorrer dos anos sofre com a
no fim de 2007 e a finalização completa
expansão urbana. O Madrid Rio é um projeto
se deu no fim de 2011. São planos estraté-
vencedor de um concurso internacional em
gicos já que aproveitaram a configura-
2005, a proposta do projeto era resolver os
ção geográfica do local, identificado pe-
problemas de infraestrutura urbana e melhorar
lo curso d’água e criaram conexões entre
a qualidade ambiental da cidade,
o tecido urbano e o Rio Manzanares.
Figura 10: Mapa de usos e zonas do Parque Madrid Rio.
37
Um
anel
viário
e
uma
rodovia
extensão, uso de granito para o
implantada próximo ao Rio Manzanares com
e intervenções paisagísticas sendo ele a
trechos de pistas de alta velocidade, por muito
matéria prima para criação de bancos,
tempo resolveu os problemas de conexão e
revestimentos, grutas ou rio seco. Parques,
desafogamento de tráfego, porém o rio foi
praças, boulevards e várias pontes foram
canalizado, perdendo seu espaço e ficando
elaboradas para a
totalmente inacessível devido as várias pistas
entre as cidades.
melhoria de conexões
Dentre todos os projetos, os mais
implantadas no local. Para solucionar estes problemas, uma
relevantes são: o Salón de Pinos, Avenida
rodovia subterrânea foi construída, as vias
Portugal, Huerta de La Partida, Jardins da
antigas foram requalificadas e implantados
Ponte de Segovia, Jardins da Ponte de
elementos da paisagem para se conectarem
Toledo, Jardins da Vírgen Del Puerto e o
novamente com a configuração natural da
Parque da
área.
implantados: Parques; Espaço verde linear; Siqueira (2011) diz que o projeto se
38
mobiliário
Mais
de
Arganzuela. Onde neles foram 8.000m²
de
pinheiros;
Um
embasou no uso de elementos naturais como:
monumento botânico com várias espécies
plantio de várias vegetações por toda a
de árvores;
Estacionamento
subterrâneo
para
1.000 veículos; Espécies variadas de flores de cerejeira;
Pomar;
Rio
seco;
Espaços
de
permanência e ócio; Paredes arquitetônicas no Rio Manzanares, Riachos que atravessam os parques; Complexo cultural e Pontes para pedestres. O
projeto
Madrid
Rio
certamente
soube como sanar os problemas
territori-
ais, conectar espaços públicos a uma cidade e a população ao Rio bém
valorizar a
Manzanares e tam-
mobilidade de pedestres e
ciclistas.
Figura 11: Corte da Avenida Manzanares, Salón de Pinos e a rodovia subterrânea.
39
3.3 RIO + VERDE – RIO DE JANEIRO O Projeto Rio + Verde, apresentado pelo
Instituto
infraestrutura (INVERDE)
de
verde
pesquisas
e
ecologia
exibe
em urbana
propostas
aproveitamento hídrico e
de
biótico, espaços
livres e sistema viário do
município,
implementação de uma rede verde-azul que funciona como organizador de urbanos juntamente com
40
ambientes
funções culturais e
O
percurso
tem
como
proposta
ecológicas.
várias tipologias de infraestrutura verde,
A área de intervenção percorre desde a
sendo
Bacia do Rio dos Macacos passa pelos
recuperação de matas; renaturalização de
recursos
Jardim
margens; hortas e agloflorestas; canteiros
Botânico, margem da Lagoa Rodrigo de Frei-
pluviais; jardins de chuva; biovaletas; tetos e
tas, entra pelo Jardim de Alá e chega nas
muros
praias de Ipanema e Leblon.
saneamento biológico;
naturais
da
área,
pelo
elas:
verdes;
permeabilidade
equipamentos
do
solo;
drenantes; Figura 12: Área de intervenção do Projeto Rio + Verde.
recuperação de instalações de tratamento de
Para alcançar tal objetivo neste
água; criação de um pequeno parque linear e
projeto, alguns pontos foram de extrema
a circulação de pedestres e veículos não
importância
motores.
Esse projeto tem como objetivo
deste:
melhorias
nas
1. Priorização do pedestre e transportes
ambientais
da
o
desenvolvimento
cidade. Herzog deixa claro estes benefícios:
alternativos;
A proposta traz inúmeros benefícios para as pessoas, a biodiversidade e a qualidade das águas, como: melhoria do transporte alternativo de baixo impacto (bicicletas e pedestres); infiltração e detenção das águas das chuvas ao longo da bacia; filtragem das águas antes de entrar no sistema de águas pluviais; incremento da biodiversidade nativa; educar e dar visibilidade aos processos naturais e ecossistemas nativos; a implantação de um projeto contemporâneo que renova e valoriza as margens da Lagoa, com a atração de mais visitantes e maior geração renda para a cidade, entre outros. (HERZOG, 2009, P. 111)
2. Implantação de infraestruturas verdes;
As Figura 13: Renaturalização do Canal dos Macacos .
condições
para
mostram
três a
referências
busca
pelo
3. Redução do fluxo de veículos.
apresentadas,
mesmo
objetivo:
Integração do homem com a natureza.
41
4
O LOCAL
4.1 ESTUDO DE CASO: RIBEIRÃO PRETO – SP 4.1.1 CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL E DEMOGRÁFICA DE RIBEIRÃO PRETO – SP A
Cidade
de
Ribeirão
Preto
está
O
Município
faz
divisa
com
as
localizada no sentido nordeste do Estado de
Cidades: Jardinópolis (ao norte); Brodowski
São Paulo e cerca de 310 Km de distância de
(ao nordeste); Serrana (a leste); Cravinhos
sua capital. Possui uma área de 651,3 Km²
(a sudeste); Guatapará (ao sul); Pradópolis
onde, 45% do seu território corresponde a
(a sudoeste); Dumont (a oeste); Sertãozinho
áreas urbanas e expansão urbana e 55% área
(a noroeste). (SANTOS, 2014, p. 68).
rural.
Figura 14: Localização do Município de Ribeirão Preto no Estado de São Paulo. Figura 15: Localização dos Municípios que fazem divisa com o Município de Ribeirão Preto – SP
44
4.1.2 LEVANTAMENTO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS Ribeirão Preto caracteriza-se por clima tropical úmido onde, seus verões são quentes e chuvosos (temperaturas superiores a 23°C e pluviosidade acima de 250 mm) e invernos amenos e secos (temperatura média de 18°C e precipitação inferior a 30 mm). Guzzo (1999 Apud SANTOS, 2014, p. 78), esclarece que estas classificações variam de local para local da Cidade devido ao “relevo, cobertura vegetal e massas de ar, evidenciando, portanto, resultados genéricos entre regiões distintas”. Em questão hídrica, grande par-
Figura 16: Distribuição hídrica de Ribeirão Preto com indicação da área de intervenção.
O Aquífero Guarani é a principal
te de Ribeirão encontra-se inserida ao extremo
fonte
norte a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo e ao
Ribeirão Preto. Formado por sedimentos
extremo sul, a Bacia Hidrográfica do Mogi-
arenosos das formações Pirambóia e
Guaçu.
Botucatu, sua água é considerada, em
de
abastecimento
público
de
sua maioria, de ótima qualidade.
45
De acordo com a CETESB / DAEE (1997,
ribeirões Tamanduá e Espraiado ao sul, na
Apud SANTOS, 2014), a área do Aquífero que
divisa com o município de Guatapará, está o
engloba o Estado de São Paulo, é considera-
Ribeirão da Onça; a oeste, no limite com
da a área de maior vulnerabilidade por con-
Dumont, encontra-se o Córrego da Fazenda
ta da grande quantidade de poços e os riscos
Caçununga. (SANTOS, 2014, p. 78).
de contaminação por resíduos industriais. Em Ribeirão
Preto,
essa
acesso, pois possui uma extensa rede viária
da
que permite circulação por várias regiões. As
presença da área de recarga, a necessidade
principais Rodovias de acesso a Região de
de
mais
Ribeirão Preto são: Rodovia Antônio Macha-
área
do Sant’ana (SP 225); Rodovia Atílio Balbo (SP
nordeste do município, local onde ocorre o
322); Via Anhanguera (SP 330); Rodovia Car-
afloramento do Aquífero. (SANTOS, 2014, p.79)
los Tonanni (SP 333) e Rodovia Cândido Porti-
Ao Norte, fazendo divisa com os municípios de
nari (SP 334). (SANTOS, 2014, p. 70).
vulnerabilidade uma
preocupante
é
local maior
fiscalização
onde por
conta
torna-se
principalmente
na
Jardinópolis e Brodowski, encontra-se o Rio Pardo; na porção leste, tangenciando os municípios de Serrana e Cravinhos, estão os ;
46
Ribeirão Preto é uma cidade de fácil
4.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO 4.2.1 LOCALIZAÇÃO A área de intervenção está localizada a Oeste
média 2 km de extensão e abrange por
de Ribeirão Preto – SP. A área escolhida para o
volta de 4,6 km de perímetro. O entorno
projeto tem início na Av. Álvaro de
da proposta de parque é
Lima que
cercado
se inicia no cruzamento com a Rua Guatapará
pelos bairros: Centro; Jardim Sumaré; Alto
e o término na Av. João Fiúsa, e tem em
da Boa Vista; Vila Virgínia e Vila Tibério.
Figura 16: Mapa do Município de Rib eir ã o p ret o c om indicação da área de intervenção. Fonte: Google Maps, adaptado pela Autora, 2017.
47
4.2.2 LEVANTAMENTO MORFOLÓGICO Como podemos observar no mapa de
não
foi
localizado
nenhum
tipo
de
uso do solo, no entorno do córrego há uma
recreação ou lazer próximo à área. Na
grande predominância de lotes habitacionais
região a escala de pedestre é privilegiada,
seguidos por lotes de serviços e instituições.
pois os comércios e serviços atendem as
Além do Parque Maurílio Biaggi, que é
necessidades dos moradores sem que eles
público, porém é fechado no período noturno,
percorram grandes distâncias.
Figura 17: Uso do solo da área.
48
O mapa de figura fundo identifica o
totalmente ou quase todos ocupados,
quanto cada construção ocupa dentro do
infringindo a lei. Observa-se que próximo
lote, e a lei de parcelamento, uso e
ao córrego a densidade é menor do que
ocupação do solo deixa claro que os lotes
nas áreas mais afastadas, porém dentro
residenciais podem usufruir até 70% do
dos
terreno para edificações. E analisando o
considerável.
bairros
há
uma
densidade
mapa abaixo, nota-se que alguns lotes são
Figura 18: Figura fundo da área.
49
Segundo a lei 2157/07, o gabarito
baixo predomina, a maioria dos imóveis são
corresponde à altura do edifício em metros
térreos com alguns sobrados, mas nenhum
lineares, que contam do piso térreo ao último
ultrapassando o gabarito básico de 10
pavimento. Na análise da área o gabarito
metros.
Figura 19: Gabarito da área.
50
Podemos notar que a topografia da área é sutil próximo ao rio, já nas áreas mais
Figura área.
20:
Topografia
íngremes estão localizados os bairros Jardim Sumaré e Vila Virgínia.
da
51
O mapa de hierarquia física indica as
residências).
A
prefeitura
tem
como
larguras das vias e se é uma via arterial
proposta a implantação de um parque linear
(avenida), coletora (que coleta o fluxo das
ao longo do córrego na Rua Álvaro de Lima,
avenidas e leva aos bairros) ou via local (que
como
não
recebe
fluxo
externo e
leva
mostra a figura 21:
as
Figura 21: Hierarquia Física.
52
Já no mapa de hierarquia funcional
As ruas Rangel Pestana e Primo Tronco no
indica a quantidade de fluxo que as vias
bairro Vila Virgínia, que são caracterizadas
recebem. Que se comparado ao mapa de
como vias
hierarquia física, mostra os problemas de
fluxo nas áreas de pico, congestionando o
circulação da área de intervenção.
sistema viário do
coletoras recebem grande bairro.
Após o levantamento de dados e visitas
A implantação do parque linear
a área, nota-se que a rua Álvaro de Lima em
reduziria este fluxo e priorizaria o pedestre
um dos lados da via recebe grande fluxo, já no
e os transportes públicos alternativos.
outro lado da via o fluxo é bem menor.
Figura nal.
22: Hierarquia Funcio-
53
4.2.3 ANÁLISE DA ÁREA De
2011
a
2013,
na
Avenida Álvaro de Lima entre as ruas Guatapará e Primo Tronco,
uma
sempre
área
atingida
onde por
enchentes foi canalizado. E junto com a
canalização
do Ribeirão Preto foi também pavimentado
no
mesmo
trecho as ruas e a própria avenida que ainda era terra, como
podemos observar na
figura 23 e 24:
Figura 23: Foto aérea mostrando o antes e depois da canalização do córrego Ribeirão Preto, 2010 e 2017.
Figura 24: Avenida Álvaro de Lima, antes e depois de ser canalizado e pavimentado, 2012 e 2017.
54
No trecho entre as ruas Primo Tronco e João Rossiti não há e canalização do rio e pavimentação das vias, porém há passagem de carros e da população que mora na área. Nesta área se encontra uma vegetação natural e algumas massas verdes “fechadas” que criam uma escuridão noturna que pode ser consequência
dos
dormitórios
de
andarilhos.
Figura 25: Foto aérea, mostrando a localização das ruas Primo Tronco e João Rossiti. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2017.
55
4.2.4 LEGISLAÇÕES Observamos na figura 20 que o eixo
A área de intervenção, segundo o
próximo ao Condomínio Delboux tem uma
artigo
vegetação natural abundante nas margens
Parcelamento
do Ribeirão, que reduz a temperatura no local,
macrozona ZUP – Zona de Urbanização
mas
Preferencial:
ainda há áreas vazias que podem ser
aproveitadas:
6º
da
Lei do
Municipal Solo,
2157/07
encontra-se
– na
Composta por áreas dotadas de infra-estrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas; incluindo as áreas internas ao Anel Viário, exceto aquelas localizadas nas áreas de afloramento do arenito BotucatuPirambóia, as quais fazem parte da Zona de Urbanização Restrita. (PARCELAMENTO DO SOLO)
Segundo
o
Artigo
164º
da
Lei
Complementar Municipal de Ribeirão preto 181/2001 – Meio Ambiente, as Áreas de Preservação
Permanente ao longo de rios,
córregos, nascentes, lagos e reservatórios corresponderão a faixas com as seguintes larguras mínimas: a) 30 (trinta) metros, nos
56
Figura 26: Foto aérea, mostrando a localização das áreas vazias. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2017.
cursos d’água com menos de 10 (dez) metros
não
de largura; mesmo que intermitentes.
Código Municipal do Meio Ambiente.
De acordo com o Artigo 2º do Código Florestal
–
Lei
12.651/12
é
A
largura
as
exigências do
do
percurso
a
encontra- se por volta de 10 metros.
presença de Mata ciliar nas margens dos
Portanto a APP deveria ter no mínimo 30
Córregos,
Lagos,
metros de faixa por toda a extensão do
Chamada
de
Represas Área
de
obrigatório
respeitando
e
Nascentes. Preservação
córrego.
Permanente – APP, esta Mata garante a preservação, qualidade e
espaços extras
para o fluxo das águas de
acordo com suas
épocas de cheias. Portanto, como mostra a figura ao lado, a largura do curso d’água esta relacionado com
a largura da faixa da APP a ser
preservada. Figura 27: Área de Preservação Permanente
Há edificações bem próximas ao leito do rio, durante
toda a extensão do
projeto,
57
5
O PROCESSO
DIRETRIZES As diretrizes projetuais visa recuperar uma área urbana, sem uso e degradada que se encontra na zona oeste de Ribeirão Preto— SP. No capítulo 4 O LOCAL, foi feito o levantamento morfológico e análises da área, e os dados apresentaram o descaso da prefeitura e população com a área e também . Devido a extensão do projeto, o parque foi dividido em três setores para simplificar o uso e a implantação, estes setores são: SETOR 1 - Vazios urbanos destinados à implantação de agroflorestas com espécies arbóreas “dando” aos moradores alimentos orgânicos, pequena loja para venda dos produtos
cultivados
nas
agroflorestas
e
armazenamento dos alimentos e ferramentas, jardins de chuva, renaturalização das margens do córrego, ciclofaixas e pistas de caminhada
60
Quadro 2: Quadro programa setor 1.
de
com pisos drenantes e ecológicos, banheiros públicos e mobiliários ao longo de todo o setor. SETOR estado
2 - A área encontra se no
natural,
sem
pavimentação
ou
intervenção do homem, porém é uma área estreita. Haverá em outro vazio urbano uma agrofloresta
semelhante à do setor 1 com
uma loja de apoio, uma via rolante para desafogar o
grande fluxo da rua Álvaro de
lima, jardins de chuva, ciclofaixas e pistas de caminhada
com
pisos
drenantes
e
ecológicos, banheiros públicos, mobiliários sustentáveis, cobertura vegetal intensa no local Quadro 3: Quadro programa setor 2.
de
para
amenizar
as
grandes
temperaturas.
61
SETOR 3 - Extensa área verde existente no local, será implantado vegetações de proteção ao córrego sem agredir a vegetação atual, continuação da via rolante que dará acesso a Av. João Fiusa e também as ciclofaixas e pistas de caminhada com pisos drenantes e ecológicos, jardins de chuva, banheiros, lanchonetes, equipamentos para práticas de esporte e playground para as crianças e mobiliários sustentáveis. O
projeto
parque
contará
com
cobertura vegetal no local, minimizando as grandes temperaturas e será ligado por ciclofaixas e pista para caminhada sendo presente nos três setores ao longo de todo o projeto.
62
Quadro 4: Quadro de programa setor 3.
Figura 28: Diretriz projetual de intervenção setorizado .
63
CONCEITO
PARTIDO
O projeto tem o intuito de resgatar vazios
A área onde está localizado o projeto,
urbanos e dar novas funções a ele, o parque
tem alguns pontos a serem observados,
desenvolve a partir do Córrego Ribeirão Preto
como: a grande massa verde existente e o
e que une os três setores.
curso d’água sem relação com o entorno. O parque linear passa por dentro
O conceito projetual é ligar estas áreas vazias através de um parque linear que é o
desta
massa verde existente no setor
3,
elemento estruturador. E junto do parque a
para que a população se integre com o
implantação de infraestruturas verdes dando
ambiente natural da área e inicie o bom
força a essa proposta.
convívio com as APP’s. Pensando no pedestre e no grande fluxo de veículos do local, a implantação de faixas de pedestres elevadas entre os setores trará segurança na travessia dos moradores, pedestre e ciclistas.
64
ESTUDO PRELIMINAR A delimitação da área começou a partir
boulevard em apenas um dos lados das
da idéia de ligar um parque existente (Parque
vias (com o menor fluxo de veículos),
Maurílio Biaggi) e a implantação de um novo
após algumas pesquisas e arquivos da
parque e entre eles caminhos para pedestres
prefeitura de Ribeirão Preto mostraram
e ciclistas. A escolha da área deu-se pelo
que já havia um projeto de implantação
Córrego Ribeirão Preto, pela massa verde
de um parque linear no local, porém con-
existente e pela não pavimentação de parte
tido e sem muitos detalhes.
das vias rolantes. Os
espaços
O arquivo da prefeitura conta com escolhidos
para
a continuação da via Álvaro de Lima até
implantação de agrofloresta e o novo parque
a Av. João Fiúsa. Mas analisando o
no setor 3, são conectores do parque linear e
arquivo e com base nas visitas ao local e
funcionam como apoio aos pedestres e
ao fluxo de veículos diários, o projeto to-
ciclistas, pois contam com banheiros e bebe-
mou outra forma.
douros públicos.
Fazendo com que a Pavimentação
A ideia inicial era a desativação da Av. Álvaro
de Lima para a criação de
um
da Av. Álvaro de Lima se mantenha até a Rua João Rossiti (Setor 1 e 2), porém no
65
setor 3 a via Álvaro de Lima segue até a Av.
João
somente
Fiúsa
ao
lado
oeste, pois do lado leste há uma grande massa verde existente e
para
não
desmatá-la, somente a via de pedestres e ciclistas passará entre es ta
vegetação,
instaurando convívio população
o da
com
o
ambiente natural da área.
66
Figura 29: Implantação Sistema Viário. Fonte: Prefeitura Ribeirão Preto . Figura 30: Corte Sistema Viário. Fonte: Prefeitura Ribeirão
MATERIALIDADE A materialidade escolhida para os caminhos de pedestre e ciclista foram placas e pisos drenantes, já no parque foi o piso intertravado, que são sustentáveis e podem reutilizar a água da chuva. Alguns mobiliários e equipamentos também contam com
madeira plástica, sendo
parte da sustentabilidade como consta na planilha do programa.
67
6
O PROJETO
CORTE AV. ÁLVARO DE LIMA (ENTRE AS RUAS GUATAPARÁ E PRIMO TRONCO)
70
CORTE AV. ÁLVARO DE LIMA (ENTRE AS RUAS PRIMO TRONCO AV. JOÃO FIUSA)
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONCLUSÃO O projeto buscou recuperar uma área degradada na zona oeste de Ribeirão Preto – SP, através da implantação de um parque
RIBEIRO, Aline. Parques lineares ajudam a reduzir as enchentes e a melhorar a qualidade de vida. Revista Época, meio ambiente - 09/10/2012 08h48. FRIEDRICH, Daniela. O parque linear como instru-
linear junto ao córrego Ribeirão, dando uso
mento de planejamento e gestão das áreas de fundo de
também a alguns vazios urbanos.
vale urbanas. 2007. Dissertação (Pós-Graduação em Plane-
Concluímos que a implantação do projeto e das infraestruturas verdes na região, conectará
homem
e
a
natureza
Urbanismo – UFRGS SILVA, Geovany Jessé Alexandre da; WERLE, Hugo
e
José Scheuer. Planejamento Urbano e ambiental nas muni-
proporcionará uma área sustentável dando
cipalidades: da cidade a sustentabilidade, da lei à realida-
uma nova sociedade a partir da educação
de. PAISAGENS EM DEBATE, revista eletrônica da área de
ambiental.
o
jamento Urbano e Regional) – Faculdade de Arquitetura e
paisagem e ambiente, FAU.USP – n. 05, dezembro 2007. HERZOG, Cecília Polacow; ROSA, Lourdes Zunino. Infraestrutura verde: sustentabilidade e resiliência para a paisagem urbana. Revista Labverde Outubro 2010. Rowe Peter G. Os resultados e a história do projeto de restauração do Cheonggyecheon, em Seul, que derrubou uma via expressa elevada e propôs um espaço de lazer em torno ao córrego. Revista aU, Edição 234 Setembro/2013.
72
SANTOS, S. S. A. Diretrizes para implantação de sistemas
SIQUEIRA, Mariana. Vias marginais de rio Manza-
de infraestrutura verde em meio urbano: estudo de caso da
nares são enterradas para criação de parque linear em
cidade de Ribeirão Preto – SP. Dissertação. Programa de Pós-
Madri, Espanha. Revista aU, Edição 212 – Novem-
Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal
bro/2011.
de São Carlos (UFSCAR – SP), 2014, 191 f. Parcelamento Do Solo. Lei Municipal 2157 / 2007 – Ribeirão Preto. Código Municipal do Meio Ambiente. Lei Municipal 181 / 2001 – Ribeirão Preto.
BORTOLUZZI, Camila. Madrid RIO / West 8, Burgos & Garrido, Porras La Casta, Rubio Alvarez Sala. Revista ArchDaily, Projetos - 21 Julho, 2012. LEITE, Julia Rodrigues. Corredores Ecológicos na
MAZZEI, Kátia; COLESANTI, Marlene T. Muno; SANTOS,
Reserva da Biosfera no Cinturão Verde de São Paulo –
Douglas Gomes dos. Áreas verdes urbanas, espaços livres pa-
Possibilidades e Conflitos. 2012. Tese (Doutorado – Área
ra o lazer. Revista Sociedade & Natureza v. 19, n. 1 (2007).
de Concentração: Paisagem e Ambiente) – Faculdade
BARGOS, Danúbia Caporusso; MATIAS, Lindon Fonseca. Áreas verdes urbanas: um estudo de revisão e proposta conceitual. REVSBAU, Piracicaba – SP, v.6, n.3, p.172-188, 2011.
de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo - FAUUSP SILVA, Solange Teles da. Políticas Públicas e estratégias de Sustentabilidade Urbana. 2003.
FRANCO, Maria de Assunção Ribeiro. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. 2. Ed., Editora ANNABLUME, Fapesp, São Paulo, 2008. MAGNOLI, Miranda Martinelli. O Parque no Desenho Urbano. Paisagem Ambiente: ensaios - n. 21 - São Paulo - p. 199 - 214 – 2006.
73
N 0
50 100
200
SETOR 1 0
50 100
200
N
SETOR 2 0
50 100
200
N
SA FIU
. J OÃ O AV
MUR A R A C . V A
U
SETOR 3 0
50 100
200
N