Bruno Capinan - novo disco

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GISLENE RAMOS

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“Mas não me altere o samba tanto assim”, pedia Paulinho da ViolanamúsicaArgumento.Mas parece que os tempos mudaram e experimentações permeiam o samba contemporâneo. É o que faz o músico baiano Bruno Capinan, radicado em Toronto, no Canadá, em seu segundo disco, Tudo Está Dito. Produzido por Luisão Pereira (Dois em Um), o álbum tem elementos eletrônicos, mas não perde a cadência do samba. Gravado em Salvador, Rio de Janeiro, Toronto e em Portugal, conta com participações de Domenico Lancellotti, Mallu Magalhães, Bruno di Lullo, Junix e Dois em Um.

SALVADOR TERÇA-FEIRA 2/12/2014

LANÇAMENTO Soteropolitano radicado no Canadá, o cantor e compositor lança Tudo Está Dito, produzido por Luisão Pereira e em sintonia com a nova geração da música brasileira

Bruno Capinan apresenta samba transgressor no segundo disco

INDEPENDENTE / À VENDA NO ITUNES E EM OUTRAS PLATAFORMAS DIGITAIS

Mila Cordeiro/ Ag. A TARDE

recebido pela crítica. Um disco mais cosmopolita, mesclando influências estrangeiras com as anteriores. “Gozo foi mesmo o começo de tudo, afinal a gente nasce de um gozo”, conta. Imerso no universo do alternativo e experimental na música contemporânea, Bruno opina sobre o que tem percebido do atual momento da música brasileira. “O que está acontecendo na música brasileira atual talvez seja o melhor momento, tem muita coisa incrível acontecendo. A cena alternativa, nomes como Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Mallu, Banda do Mar”, opina.

Samba alternativo

Bruno Capinan abre o disco com a música Eu Não. Logo nos primeiros versos é o samba quem dita as regras: “Melancolia me deixe / Hoje eu quero a alegria / Vou sair pela avenida”. É categoricamente um disco de samba. “Foi um disco da minha memória afetiva com o Brasil, de um tentar me encontrar fora do Brasil”, diz o cantor. Por ser um artista da cena alternativa, Bruno conta que não sentiu a responsabilidade com o mercado e a liberdade de criação falou mais alto. “O mais importante para mim é criar, é o que me mantém vivo, e deixo que isso transborde no meu trabalho”, explica. Um disco de samba. Mesmo que algumas coisas possam soar como não sendo samba, Bruno afirma “Tudo ali é samba”. Um samba aliado à liberdade de criação, vinda, sobretudo, do universo da música alternativa e experimental. “Eu quis pegar aquilo que soava de mais transgressor no samba. Esse disco nasceu muito do momento hoje, por isso Tudo Está Dito, agora”, revela. Nesse dizer, há a preocupação em comunicar em cada palavra algo perceptível no samba de referências,comoAssisValente,Cartola, Riachão e outros sambistas. Além do quanto diversos sam-

TUDO ESTÁ DITO / BRUNO CAPINAN

Música contemporânea

Bruno Capinan mistura o samba com elementos eletrônicos no CD que gravou em vários países e que traz convidados da nova MPB

“Eu quis pegar aquilo que soava de mais transgressor no samba” BRUNO CAPINAN, cantor e compositor

bistas viveram na marginalidade, na produção independente e na liberdade de criação. Assim Bruno defende seu disco: é tudo samba, transgressor, mas é samba. As ilustrações que compõem o CD, incluindo a capa, foram feitas por Mallu Magalhães. Amigos desde 2010, Bruno aceitou o pedido que a amiga fez, que ainda canta com ele a mú-

sica Sambolento. “A primeira que ela mandou foi a capa do disco. Já tive a certeza de que seria aquela”, conta. Das referências, Madame Satã, Marcel Duchamp e até balé russo numa mistura com a capoeira. “A Mallu sacou bem a coisa dessa liberdade estética, de não ficar preso em regras”, conta Bruno. “Todo o processo

do disco foi muito livre”.

Carreira

Baiano de Salvador, Bruno Capinan começou a compor cedo, escrevia desde os 14 anos. Mas foi cantando entre amigos que seguiu para se apresentar em bares, até que começou a carreira musical. Lançou o primeiro disco em 2010, Gozo, muito bem

Para além da criação, Bruno observa sobre os brasileiros: “O mais incrível do Brasil é que o brasileiro escuta tudo: funk, pagode, proibidão, a cena indie, o samba. Há público para tudo”. Atrelado a esse panorama, completa: “O que está acontecendo que acho tão lindo é que está se misturando cada vez mais e eu, muito otimista, vejo de uma maneira nítida”. Mistura essa que está presente não só no que ele escuta, mas na própria criação, que está mais liberta. Talvez, como afirma Bruno, atualmente na música brasileira os artistas estejam se permitindo mais a criar livremente. Então, que nos perdoe Paulinho da Viola, mas andaram alterando o samba. Parece, no entanto, que ficou bom. Nos resta escutar, pois Tudo Está Dito.

II Encontro de Blues da Chapada Diamantina é neste fim de semana, no Vale do Capão Malforea / Divulgação

Daganja free

Vista nesta coluna em agosto, a banda Restgate Blues está assumindo um papel de protagonista no fortalecimento da cena blueseira local. Além de organizar shows gratuitos mensais em seu bairro (Resgate), a rapaziada promove este fim de semana o II Encontro de Blues da Chapada Diamantina. O evento, organizado de forma independente e viabilizado através de crowdfunding (via Catarse), rola sexta-feira e sábado na adorável vila do Vale do Capão, com shows de bandas da capital e do interior à noite e oficinas musicais e ecológicas durante o dia. A programação de shows traz as bandas Distintivo Blue (Vitória da Conquista), Mendigos Blues (Itabuna), Três de Vinte, Meia Noite no Alí (Itaberaba),

Noite Vermelha e a anfitriã, Restgate Blues. O vocalista da Restgate, Wylsel Jr., conta que foi a banda de Conquista que o inspirou a organizar o festival. “Um dia, a Distintivo Blue criou uma catalogação de bandas de blues do Nordeste no (finado) Orkut. Cadastrei a Restgate Blues e fiquei surpreso com a quantidade de bandas que tem aqui na Bahia”, relata. Na época, Wylsel, que morava no Capão, resolveu fazer um festival de blues no local. “Comecei a me comunicar e, como estava no Vale, e não imaginava que fosse sair de lá, falei com o dono do Circo do Capão e planejamos o projeto por lá: shows do circo e jam em um café da vila”, conta. Só que, depois de algum tempo, ele teve de voltar a morar em Salvador. No ano passado, o guitarrista da Restgate estava por lá e avisou Wylsel que haveria uma oportunidade, durante a festa do padroeiro da vila. “Em questão de um mês fizemos um evento pequeno, mas que deu bastante gente, com a Restgate, Três de Vinte e o gaitista

DA DO

QUEEN

CHARLES AZNAVOUR

JAM DA SILVA

HUMBERTO E RONALDO

SAM SMITH

Música instrumental brasileira de primeira qualidade, é o que se ouve neste quinto CD do saxofonista e flautista Da Do. Acompanhado de feras como João Parahyba (percussão) e Zeli (baixo), ele passeia pelo choro, samba e jazz com desenvoltura e arte.

Álbum duplo remasterizado em algumas faixas, reúne aos clássicos da banda as inéditas Let me in Your Heart Again, e There Must Be More To Life Than This, dueto de Freddie Mercury com Michael Jackson. Queen é para sempre. QUEEN

Em seu segundo álbum, o percussionista e cantor pernambucano Jam da Silva foi do Recife a Reykjavik, coletando ideias, talentos e sons. O resultado é um CD que conjuga Nordeste com nórdico, sem perder o prumo. Interessante. NORD / JAMUEIRO /

Terceiro disco da dupla dos goianos traz participações de Wesley Safadão, da banda Garota Safada, e da dupla Bruno e Davi. A música de abertura dá nome ao CD, que traz canções inéditas, além de sucessos da carreira. HUMBERTO E

No seu primeiro álbum, o cantor înglês traz marcas do pop e do soul em seus dois principais singles, Stay With Me e Money On My Mind. No mais, o disco é uma boa estreia. Vale para os fãs de música romântica. SAM SMITH / IN

FOREVER (DE LUXE)/ UNIVERSAL / R$ 39,90

Sinatra francês, Aznavour tem aqui reunido seus 20 maiores sucessos cantados em inglês, como as inescapáveis She, La Bohème e outras. O chato é essa mania de dueto. OK, tem o próprio Sinatra, mas Céline Dion e Josh Groban, ninguém merece. SINGS IN ENGLISH - GREATEST

RONALDO / CANTO, BEBO E CHORO / SOM

THE LONELY HOUR / CAPITOL /

ZANZANDO / TRATORE / R$ 19,90 CCJR.

SIMONE RIBEIRO

HITS / UNIVERSAL / R$ 32,90 CCJR.

PREÇO NÃO DIVULGADO CCJR.

LIVRE / R$ 16,90 GISLENE RAMOS

R$ 29,90 DEBORA REZENDE

Coletânea Chico Castro Jr. Jornalista e repórter do Caderno 2+

O rapper Daganja faz show gratuito quinta-feira no Dubliner’s, com o coletivo hip hop Família Ugangue. 22 horas, grátis.

Alumínio também O reggaeman Alumínio lança seu novo CD, Eu Sou o Barro, em show gratuito sexta-feira, no Largo Quincas Berro D´Água. 20 horas, grátis.

A banda Distintivo Blue, de Vitória da Conquista, é atração do II Encontro de Blues da Chapada

Luiz Rocha”, relata.

Independente, o festival foi viabilizado através de doações no Catarse e apoio dos comerciantes locais

Planos para 2015

No festival deste ano, a turma conseguiu ampliar o leque de atrações – e promete um evento ainda maior para 2015. “Estamos aprendendo, tomando as porradas, encaixando as peças. (Ano que vem) Queremos fazer em agosto. O dia 1º,

um sábado, é o dia mundial do blues, então vamos tentar chamar atenção para isso”, conta. “Já temos o projeto pronto para inscrever em um edital. Vai ser mais planejado”, promete. II ENCONTRO DE BLUES DA CHAPADA DIAMANTINA / SEXTA-FEIRA E SÁBADO, 19 HORAS / OFICINAS: 10 E 15 HORAS / VALE DO CAPÃO (PALMEIRAS) / GRATUITO

Festival metal local O I Bahia Metal Festival é sábado, com Keter, Rattle, Malefactor, Headhunter D.C. e Trepanator. Boa mostra do som local. 18 horas, Alto do Andu. R$ 40 (Foxtrot, Midialouca).

Les Royales na sexta Sexta tem Les Royales no Dubliner’s. 23 horas, R$ 15.


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