Random Access Memories O aguardado álbum do Daft Punk
Sinto como se eu tivesse 17 anos Prestes a completar 50 anos, Fatboy Slim traz ao Brasil sua consagrada festa Big Beach Boutique
Kraftwerk A lendária banda percussora da música eletrônica mundial que influencia artistas até hoje Metronome • Maio 2013
O mundo da música eletrônica Especial conta toda a história do gênero, desde os primeiros sintetizadores até os dias atuais.
Metronome • Maio 2013
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XXXPerience 16 anos Nos dias 18 e 19 de novembro acontece a Edição Especial de 16 anos da XXXPerience, um dos eventos eletrônicos mais importantes do Brasil. O festival acontece desde 1996 e já percorreu o país com mais de 100 edições, contando com mais de 2 mil artistas e mais de um milhão de pessoas. A Edição Especial que tem como tema o AMOR vai acontecer na Arena Maeda em Itu, São Paulo. Mais de 60 atrações serão divididas em três palcos para os dois dias de evento. O Love Stage vai apresentar nomes como David Guetta, Armin Van Buuren e Infected Mushroom. Dubfire e Solomun são os grandes produtores que tocarão no Union Stage. O Infected Mushroom faz dobradinha tocando também no Peace Stage.
Pacha festival 2013 no Brasil Mais um festival inteiramente eletrônico desembarca em terras brasileiras no ano que vem. A segunda edição do Pacha Festival está prevista para acontecer no dia 13 de abril de 2013 no país. O evento da famosa rede de boates espanhola deve acontecer em São Paulo no autódromo de Interlagos e terá assinatura da Indústria de Entretenimento, responsável pela administração da Pacha de toda a América Latina. A primeira edição do Pacha Festival aconteceu em uma ilha próxima à cidade de Amsterdam e contou com cerca de 25 atrações internacionais, tendo no line up
artistas como Goldfish Live, Bob Sinclair, entre outros. O investimento para o evento brasileiro deve chegar a 5 milhões de reais, mas não há informações concretas até o momento. A Pacha é hoje uma das mais conceituadas boates de todo o mundo, tendo sua sede na ilha espanhola de Ibiza. No Brasil, ela está presente em São Paulo, Búzios, Goiânia e também na capital carioca, sendo responsável por trazer djs de renome internacional durante todo o ano. O festival promete ser uma celebração da presença da Pacha no país.
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Metronome • Maio 2013
Sinto como se eu tivesse 17 anos Prestes a completar 50 anos, DJ britânico traz ao Brasil sua consagrada festa Big Beach Boutique, em Balneário Camboriú, no dia 3 de janeiro
Norman Cook não é mais um garoto. O DJ britânico, mais conhecido como Fatboy Slim , que deixou sua marca na cultura pop com hits como “ Praise You ” e “ Weapon of Choice ”, vai completar 50 anos em 2013. Seu espírito festeiro, no entanto, continua intacto. “Sempre que subo ao palco, sinto como se eu tivesse 17 anos de novo”, garante ele em entrevista ao iG por telefone, de sua casa em Londres. O segredo para a juventude eterna, Norman explica, é a energia do público, que se renova todos os anos e parece nunca envelhecer. “Não me enjoo de tocar”, diz. No dia 3 de janeiro o Brasil recebe pela primeira vez, em Balneário Camboriú (SC), a Big Beach Boutique , consagrada festa organizada por Norman desde 2001 em Brighton, no Reino Unido. Ele ainda fará outros seis sets, incluindo um no Réveillon em Arraial D’Ajuda (BA). “[O Brasil] é meu lugar favorito para tocar depois da Inglaterra. E eles continuam a me convidar, não entendo porque”, brinca. Norman já perdeu as contas de quantas vezes se apresentou no País, mas guarda ótimas lembranças de suas festas, em especial a apresentação que fez na praia do Flamengo, em 2005. “A maior da minha carreira”, se recorda.
Afastado dos estúdios desde 2008, quando lançou um álbum com o ex-Talking Head David Byrne e o rapper Dizzee Rascal , Norman conta que não pretende voltar a gravar algo tão cedo. “Vou esperar até o momento em que eu me sentir inspirado. Enquanto isso, vou continuar me divertindo com os shows”, diz. Mas mesmo sem músicas inéditas em seu repertório, o britânico sempre consegue se manter na elite da eletrônica. A maior prova disso é que, em junho passado, Norman foi eleito o 12º DJ mais bem pago do mundo , com faturamento de R$ 45 milhões, segundo a revista “Forbes”. Ele também foi o único de sua categoria escolhido para representar o Reino Unido durante o encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres . Diante de uma nova leva de artistas da música eletrônica comercial, que cresceram ouvindo Fatboy Slim, como Calvin Harris e David Guetta , Norman comemora a explosão do gênero nas paradas musicais. “Fico contente porque a música eletrônica se tornou tão grande que acabou abrindo portas para artistas alternativos.” Leia a entrevista na íntegra.
Metronome • Maio 2013
Como se sente em trazer a “Big Beach Boutique” ao Brasil pela primeira vez? Sinto como se a festa já tivesse
acontecido. A maior festa de praia da minha carreira foi no Rio em 2005, na praia do Flamengo. E foi muito maior que a de Brighton, com 360 mil pessoas. Então eu acho que já fiz essa festa aí, já toquei em muitas praias. O que aconteceu agora é que, como estamos fazendo a Big Beach Boutique no mundo inteiro, as pessoas querem transformá-la em um festival. Está animado para o Ano Novo na Bahia? Sim! Eu
já fiz o Carnaval e já fiz festivais, mas nunca fiz o Ano Novo. Estou ansioso. A família vem junto? Não, infelizmente não. Minha
filha é muito pequena e meu filho está na escola. É um pouco longe, então eles vão ficar em casa.
O que você mais gosta na música atualmente?
Estou realmente contente com essa explosão que está acontecendo da música eletrônica comercial, como o Swedish House Mafia e o David Guetta . Fico contente que isso se tornou tão comercial que acabou abrindo portas para artistas alternativos. O que o David Guetta conquistou é muito legal. Mas é a parte ”underground” disso tudo é o que mais me excita. Mas você gosta de artistas como o LMFAO, Pitbull e Flo Rida? Como eu disse eles são muito mais comerciais
do que o que eu faço. Mas ao mesmo tempo eles abrem portas para outros artistas e outros DJs “underground” de techno. Esse efeito de causa e consequência do sucesso significa que globalmente as pessoas estão ouvindo o nosso tipo de música e acaba sendo positivo para todos. O que você acha que falta na música atualmente?
Depois de tanto tempo tocando, como você mantém seu set atual? Acho que o público faz isso por mim.
Todos os anos eu fico um ano mais velho, mas o público parece que não, está sempre se renovando. Eu tento sentir a energia da galera. Sempre que subo ao palco, sinto como se tivesse 17 anos de novo. Isso é demais! É o segredo da juventude eterna.
Discos. E a excitação que as pessoas têm por discos, pelo encarte, pelo toque. Hoje em dia escutar música ficou fácil. Talvez eu seja antiquado, mas acho que hoje as crianças ficam mais animadas com jogos de computadores que com a música. É muito fácil apertar “download” e simplesmente ouvir, não existe mais a sensação de descoberta.
Metronome • Maio 2013
Você sempre usou música pop nos seus sets e inclusive já foi muito criticado por isso. Como se sente em relação a isso hoje? Minha música sempre foi mais
sóbria, comparada a do Calvin Harris, por exemplo. Mas ao mesmo tempo tem que ser acessível e é por isso que eu misturo faixas pop. Gosto de tocar músicas que são muito fáceis de se reconhecer e outras difíceis. Mas eu não tocaria One Direction , por exemplo (risos). Se eles fizessem uma música falando sobre praias e o Brasil talvez eu tocaria.
“Não me enjoo de tocar. Mas odeio aeroportos e ficar longe de casa.” Você acha que os jovens ouvem sua música?
Os jovens que me ouvem como DJ talvez não conheçam minha história como produtor. Mas eu não ligo porque hoje em dia eu sou mais um DJ que um artista. Estou feliz que ainda tenho um lugar na indústria musical como DJ.
Você às vezes fica entediado com seu trabalho?
Não me enjoo de tocar. Mas odeio aeroportos e ficar longe de casa. Ainda assim, as duas horas que fico no palco compensam tudo isso. Ultimamente eu não sou muito da festa, eu não bebo mais, por exemplo. Mas mesmo assim me divirto muito todas as vezes que estou no palco. Você gosta da Rihanna? Porque todo mundo só fala dela hoje em dia. Pra dizer a verdade o hit do momento
nos meus sets é tocar Adele . Ela minha vizinha de porta e é o máximo de pop que eu toco agora. Pretende voltar para o estúdio em algum momento?
Esses shows ao redor do mundo tomam todo meu tempo, e eu viajo o ano inteiro. Eu estou me divertindo muito apenas tocando e não estou animado em fazer um álbum agora. Quando eu ouço o David Guetta e o Calvin Harris, penso que não quero fazer um disco como aqueles. Então vou esperar até o momento em que eu me sentir inspirado. Enquanto isso, vou continuar me divertindo com os shows. Tem uma música que nunca envelhece pra você?
Acho que “Right Here Right Now”. Eu tenho que tocar em todos os sets e eu nunca enjoo dela.
Metronome • Maio 2013
Qual é o melhor equipamento de um dj? Por Deejay Sgarbi
Muito se discute sobre isso, na minha opinião o toca-disco é o que mais da mobilidade ao dj, apesar de caro e os discos hoje só importados, ainda acho que seu som é superior aos digitais. Mais a gente não pode ignorar os cdj que são hoje os mais usados por deejays, existem tambem mesas geradoras de som, e os computadores, que tem ganhado um espaço consideravel no quadro do dj. Vou falar sobre dois equipamentos que são realmente de peso.
O tão sonhado Fone DJ 1200
O Technics DJ 1200, tem um sobrenome de peso, afinal Technics é referência e sinônimo de equipamento para djs. A Technics nunca tinha feito anteriormente um phone exclusivo para djs com um design arrojado, moderno e uma flexibilidade até então inédita. E por ser um Technics existe uma familiaridade com as toca discos da marca - suas cores podem ser: prata e preto (dj 1200a) como o sl 1200 mkii (outra inovação para o mercado, que até então só tinha phones pretos) ou somente preto (dj 1200), assim como o sl 1210 mkii. Graças ao seu design inovador podemos ter diferentes posições do phone, uma vez que suas hastes são flexíveis. Esse foi um grande diferencial para os djs migrarem para este phone, pois muitos reclamavam que os phones antigamente, ficavam tortos ou não tinham um ajuste confortável, já que não foram projetados para uma orelha ficar para fora durante as mixagens. Metronome • Maio 2013
O som do Technics é surpreendente para seu tamanho. Possui um grave excepcional, nítido com freqüência de respostas de 8hz-30khz. suas conchas são relativamente pequenas, este phone é do tipo que fica por cima da orelha do dj, e não acomoda a orelha dentro da concha. Outro ponto é a estrutura de plástico dele que tem um bom caimento, ajuste das hastes e um revestimento superior de couro, onde está escrito em letras enorme a marca. sem falar na sua angulação fechada, ou seja, fica bem firme na cabeça, alguns dj’s não gostam deste tipo de phone por causar dores de cabeça. Se você prefere um phone bem fixo à cabeça, este é o modelo. O DJ 1200 tem seu cabo em espiral, além de acompanhar um case bag de couro com um tingimento prata para acomodálo. É estéreo e vem com conectores 1/8” e 1/4” (adaptador) banhados a ouro 24k.
Hot point : através de um slot no aparelho, o dj pode levar seus pontos de cue e outras funções em cartões de memória. Motor driven active platter: o jog de 19cm de diâmetro gira realmente, tem uma sensibilidade e movimento muito parecido com os toca-discos. Cada vez mais estamos próximos de conseguir simular 100% o comportamento do vinil num cd player. 2 in 1 alpha track: o aparelho consegue “mixar” duas faixas do mesmo cd. ele consegue tocar as faixas independentes ou simultaneamente. Hot disc: o dj pode ejetar o cd, que a faixa continuará tocando por mais 35 segundos. 3 way scratch: o dj pode selecionar onde quer fazer o scratch: no aparelho em geral, na função alpha track ou no sampler. Saídas digitais (coaxial e spdif) e RCA. Quando utilizadas as saídas digitais, os efeitos continuam funcionando, diferente do CDJ-100s da Pioneer. BPM automático ou manual (opção tap).
Seu preço, assim como todos os phones que falarei nesta reportagem, está na faixa de R$ 600,00 no Brasil e US$ 100,00 nos EUA. Vale lembrar que não existe nenhum importador oficial da Technics. O S5000 compete diretamente com o Pioneer CDJ-1000, que até então dominava o mercado de cd players com scratch real time e vários efeitos. Seu visual é bem parecido com os modelos da linha CDJ, da Pioneer, com um grande jog sobre o painel frontal, botões de comando bem posicionados e sem tampa. O cd é introduzido por uma abertura frontal, como nos cdjs. Seus principais recursos são: Metronome • Maio 2013
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A história do Kraftwerk (usina de energia, em alemão) teve início em em meados de 1970 na cidade de Düsseldorf - Alemanha, embora sua origem remonte ao ano de 1968 e o pouco conhecido Organisation (banda erudito-experimental alemã), antecessor direto do Kraftwerk. Em 1970, Ralf Hütter e Florian Schneider-Esleben membros fundadores do Organisation fundaram então o Kraftwerk, incluindo em 1971 em sua formação os multi-instrumentistas Klaus Dinger e Michael Rother. A origem do nome Kraftwerk (Usina de Energia/Força, Complexo Elétrico) vem do local onde eram feitos os ensaios e experimentos do grupo, uma Refinaria (Complexo) em Düsseldorf. Com influências do rock-progressivo (leia-se Pink Floyd e toda sua “psicodelia”) o Kraftwerk tornou-se o percursor da música eletrônica.
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bahn o Kraftwerk consegue antecipar vinte anos de música eletrônica, criando a beleza glacial da música cibernética. Os integrantes embrarcam num Volkswagen para uma viagem em uma auto-estrada alemã. Com paradas obrigatórias nas faixas Autobahn e Kometenmelodie 2. O álbum teve uma vendagem significativa, provocando uma grande empatia tanto nos apreciadores de música séria quanto nos frequentadores de pistas de dança, causando assim o rompimento com a atual gravadora e assinando com a Capitol. O ano de 1975 marcou o Kraftwerk com “um passo” (ou vários se preferir) na frente em termos de direção artística e musical, sem dúvidas é um álbum conceitual, no que se diz respeito a “música eletrônica”. Após a saída de Klaus Roader e a chegada de Karl Bartos, o Kraftwerk lança o primeiro álbum a dispensar formalmente o uso da guitarra, tornando-se o primeiro LP totalmente eletrônico da história. Nomeado Radio-Activity (1975, título em alemão RadioAktivität), um trabalho além de conceitual, minimalista. Após essa fantástica viagem pela auto-estrada é hora de embarcarmos em um trem expresso: Trans-Europe Express (1977, título em alemão Trans Europa Express), que tem escalas em Showroom Dumies (Schaufensterpuppen) e nas letras profundas da pérola tecno-existêncial de 7’50” The Hall of Mirrors (Spiegelsaal). O Kraftwerk possui uma “trilogia evolutória” iniciada com Trans-Europe Express, fase essa em que a banda soava como “homens normais” com sentimentos e emoções humanas. É neste clima industrial tendo ao fundo a ruminação mecânica das fábricas que o Kraftwerk grava seus primeiros trabalhos, fundindo ruído, sonoridade, poesia e folclore industrial. Nestes primeiros momentos gravados em LP’s no estúdio privado, o Kling Klang Studio, o Kraftwerk inaugura o Technopop com o álbum Kraftwerk 1 (1971), Kraftwerk 2 (1972), Kraftwerk (1972 - 2LP - Compilação UK) e Ralf und Florian (1973, apenas os dois músicos).
Ao vivo
A progressão da sonoridade do grupo veio gradualmente assimilada a tecnologia e seus elementos. É importante ressaltar que a maioria dos “instrumentos” usados por eles são máquinas criadas por Wolfgang Flür em parceria com os demais, utilizando reciclagem tecnológica da época pré-informatizada em que viviam, tais como samples, computadores, calculadoras, ritimos pré-programados, sintetizadores, gravações aleatórias, microprocessadores arquitetados eletrônicamente por eles mesmos. Essa dedicação mesclada com “genialidade” deu origem a obra-prima Autobahn (1974), álbum que já conta com a presença de Wolfgang Flür e Klaus Roader. Com o Auto-
Na sequência dessa “trilogia evolutória” temos o álbum The Man-Machine (1978, título em alemão Die MenschMaschine), este álbum contém quatro sigles oficiais (The Robots, Spacelab, The Model e Neon Lights). O álbum conta com grandes influências no filme Metropolis (1927) de Fritz Lang e mostra uma fase de transição “homemmáquina” dos integrantes. Fase essa em que se percebe como Kraftwerk influenciou toda uma geração (leia-se synthpop, ectro, EBM e muitos outros) com faixas como o hino The Robots (título em alemão Die Roboter), a incrivelmente “atual” Spacelab, Metropolis e suas batidas mostram porque lapidaram o conceito de EBM. The Model(título em alemão Das Modell) foi o single nº 1 no Reino Unido em 1982 e um dos sucessos mais “comerciais” do banda sendo regravada por vários artistas, assim como Neon Lights (título em alemão Neonlicht) que por ser uma das melhores e mais “experimentais” faixas foi regravada por artistas como OMD e Simple Minds. Fechando com “chave de ouro” o álbum, temos a faixa-título The Man-Machine (título em alemão Die Mensch-Maschine) mostrando que a transição para “máquinas” está completa, solidificando o estilo “robótico” (porém com sentimentos) e impulsionando o próximo álbum.
Metronome • Maio 2013
Autobahn
Anos à frente de seu tempo, logo após o confronto Man x Machine, a Máquina venceu, em 1981 lançam o Computer World (título em alemão Computerwelt) conta apenas com recursos eletrônicos e vocais, usando como tema o surgimento dos computadores na sociedade. Este álbum possui também vários singles como Computer World (Computerwelt), Computer Love (Computerliebe), Pocket Calculator (Taschenrechner) e Home Computer (Heimcomputer). Além de ser considerado por muitos críticos o “auge” da banda este é sem dúvidas um álbum extremamente moderno, mesmo para a atualidade. Eles já cantavam em
1981, sobre namoro virtual, comunicação por computadores, chats, isso, vários anos de tudo isso existir. Descrevem neste álbum, uma rede de computadores que no futuro iria unir todas as pessoas mesmo em casa, do seu ‘homecomputer’ podendo conversar com outras. Isso 15 anos antes de pensarem em invetar os ‘chats’! Não é à toa que dizem que muitos até falam que eles são os primeiros viajantes do futuro, a trazer o que seria o futuro da humanidade, e como seria a música dos anos 80, já em 70, 71. Visionários, futuristas. Simplesmente gênios ou embarcaram numa viagem no tempo para nos brindar com a música dos anos 80?
Metronome • Maio 2013
Em uma era na qual milhares de músicas cabem no bolso do casaco, encher estantes e armários de discos pode não parecer muito lógico. Não é o que pensam os colecionadores de vinis, que tratam com carinho especial cada item da sua coleção. Curiosamente, o número de gente que lota suas prateleiras com músicas no formato analógico vem crescendo cada vez mais, e engloba tanto aqueles que viveram a era de ouro do disco quanto os que cresceram em meio à CDs e à tecnologia digital.
O País, entretanto, já não conta mais com uma fábrica de discos ativa, obrigando os cantores a contratarem indústrias estrangeiras para o processo de fabricação dos discos.
Prova disso é que os Long Plays, ou LPs, como são conhecidos os discos de vinil, vem sofrendo um crescente aumento nas suas vendas, anos depois de serem considerados obsoletos pela indústria fonográfica. Segundo a Associação de Gravadoras da América (Record Industry Association of América), as vendas de LPs aumentaram de 900 mil, em 2006, para cerca de 1,3 milhão, em 2007.
A crescente procura fez com que grandes gravadoras aumentassem sua oferta de vinis. Há três anos, a poderosa Warner reavivou o formato ao abrir a loja virtual de LPs Because Sound Matters (www.becausesoundmatters.com), que comercializa reedições e lançamentos. Mas para os colecionadores, o grande local para se comprar e pesquisar sobre vinis são os sebos, ou lojas de discos usados. Rafael Fonseca da Silva, que trabalha há 16 anos em uma loja de discos, afirma que constantemente atende colecionadores. Na sua maioria, eles procuram álbuns de rock clássico, como Led Zepellin, Beatles, Jefferson Airplane e Bob Dylan, entre outras raridades dos anos 60 e 70, afirma Rafael.
Seguindo essa onda, cada vez um número maior de bandas estão lançando suas músicas em vinil. Grupos como Radiohead, Metallica, Oasis e Coldplay apostaram no formato em seus últimos lançamentos. No Brasil, a cena não é diferente, e artistas como Maria Rita, Caetano Veloso e Los Hermanos também optaram pelo vinil em alguns de seus trabalhos.
Getúlio Costa, dono da Boca do Disco, uma das lojas de vinil mais tradicionais de Porto Alegre, concorda com seus clientes sobre a preferência pelo disco. “Em comparação com o LP, escutar um CD é como ouvir a música dentro de uma lata de azeite. Não tem graves, não tem peso, não tem nada”, explica Costa.
Metronome • Maio 2013
Disco de vinil: mania antiga cada vez mais atual O músico e produtor musical Beto Machado, conhecido como Bob Mac, afirma que a qualidade do vinil vai além do som. “O som do vinil na maioria das vezes é ruim, principalmente os nacionais mais antigos. Mas é estranho que esse som ruim às vezes é legal. Tem uma alma, um calor que a mídia digital ainda não tem. É diferente, pode ser até nostalgia”, afirma. “Na verdade a principal diferença sem dúvida é o processo de gravação. Os discos de vinil foram lançados em uma época onde as gravações eram analógicas. Gravava-se em fita, microfones valvulados e tudo mais, por isso o som dos instrumentos tem um timbre característico, os graves são mais macios, quentes, velados, e os agudos tem um brilho um pouco mais áspero, mas não estridente”, completa o produtor. Entre as raridades da coleção de Bob Mac, está uma edição do ‘Álbum Branco’, famoso trabalho dos Beatles. “Pertence à primeira tiragem brasileira do disco e ele tem um defeito, a música ‘Revolution 1’ está sensivelmente mais lenta, com sua rotação alterada. Foram feitas 2 mil cópias e dias depois, quando descobriram o erro, retiraram do mercado os exemplares que ainda não tinham sido vendidos”, diz. Apesar de reconhecer a praticidade de CD e do MP3, Natália admite que sua relação com os discos de vinil é diferente. “Escutar um disco é um ótimo ritual. Um CD ou MP3 eu simplesmente deixo tocando. Mas com o disco é diferente. Metronome • Maio 2013
Tenho o trabalho de tirar o disco da capa, do plástico, limpar com uma flanela, limpar a agulha, e só assim curtir o lado A e depois o lado B. É um momento prazeroso”, explica a estudante, que afirma já ter “catado” discos até no lixo de seus amigos. O que despertou o interesse por vinis do colecionador Paulo Touron Martinez Júnior, 24 anos, foi o preço relativamente mais em conta do disco em relação ao CD no início dos anos 2000. “Essa vantagem do bom preço sumiu quando a experiência chegou. Quanto mais conhecimento musical um colecionador adquiri, mais gêneros ele conhece e mais raridades ele busca. E discos raros são bem mais caros do que qualquer CD”. Mas se o vinil conquista a cada dia um número maior de adeptos, quem presenciou os anos de grande popularidade dos LPs também possui motivos para nutrir um certa paixão pelos discos. É o caso do carioca Jorge Cavalcante, 60 anos. “Fui criado com o vinil e me interessei mais por ele quando surgiram os CDs e decretaram o fim dos LPs, afirma Cavalcante, que possui cerca de 1,2 mil discos. “Não há nenhuma vantagem prática no vinil, a meu ver, mas afetivamente é tudo de bom. É a sua vida revista através das músicas que pontuaram seus dias”, explica o carioca. Apesar do grande número de itens, o exemplar mais raro da coleção de Cavalcante custou um valor irrisório. “Minha raridade é Vinícius, Drummond e Bandeira declamando suas poesias. Me custou R$ 1, pois quem me vendeu não tinha a mínima noção do que tinha em mãos”, afirma Cavalcante. Já para o colecionador Luciano Correia, que já conta com cerca de 11 mil discos em suas prateleiras, a questão raridade tem outro sentido. “Tenho um disco do Raul Seixas, chamado ‘Metrô Linha 743’, que não é exatamente uma
raridade. Porém esse exemplar pertencia a uma rádio e, por ter sido lançado na época da Ditadura, uma das faixas está marcada com fita crepe, uma forma de evitar que a música fosse tocada. Esse disco para mim é uma raridade. Um disco do Raul censurado e marcado pela Ditadura eu não dou, não vendo e não troco”, explica Correia. Para Correia, um dos principais motivos para se colecionar discos é colaborar para a valorização da cultura do nosso País. “Uma boa parte do nosso registro musical está deixando o País. Os compradores estrangeiros, por saberem valorizar mais a cultura e a arte, estão levando todo o nosso acervo para fora do Brasil, o que é muito triste. Colecionar discos de vinil também é uma forma de manter a nossa rica e impagável cultura musical dentro dos limites da nossa fronteira”, afirma. “Fiz vários contatos com gravadoras internacionais e tive a grata oportunidade de participar do projeto de reedição em LP e CD com uma gravadora americana e a com participação do próprio Leno. Coloquei gravadora e artista em contato e elaborei o livreto que acompanha a edição. Isso descortinou essa nova atividade. Já fiz o mesmo com a banda Liverpool, cujo disco já foi lançado, e com A Bolha, que está programado para breve. Agora me dedico a contatar músicos de bandas antigas para promover mais reedições”, afirma o colecionador. Para os fãs do LP, todas as desvantagens dos discos de vinil compensam a sua magia. “Acho que hoje em dia as desvantagens do vinil em relação aos formatos digitais são bem maiores. O preço, os impostos, a demora que às vezes tem para chegar e o peso para carregar em viagens. Mas mesmo assim eu continuo comprando. Confesso que tem horas que eu acho que sou louco em ainda estar gastando com discos, mas eu amo demais”, confessa o DJ e colecionador Eduardo Morais.
Metronome • Maio 2013
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Random Access Memories “Nós queríamos fazer o que estáv mos acostumados a fazer com máquinas e samplers, mas com pessoas” Disse Thomas, intergante da dupla Daft Punk sobre seu novo álbum.
Metronome • Maio 2013
Metronome • Maio 2013
“A música eletrônica no momento está em uma zona de conforto e não move uma polegada.”
Random Access Memories começou a ser feito em 2008 sem um plano claro. Thomas disse que, depois de três álbuns, ele e Guy-Manuel tinham uma vontade de procurar por um disco que eles ainda não haviam feito. “Nós queríamos fazer o que estávamos acostumados a fazer com máquinas e samplers, mas com pessoas”, explicou ao dizer que o duo estava se sentindo no piloto automático com seus equipamentos. Thomas revelou que, tirando um trecho no início da última canção do álbum, “Contact”, o Daft Punk deixou de lado os samples, limitou o uso de caixa de ritmos para duas das 13 faixas do disco e os únicos eletrônicos utilizados são um sintetizador que a dupla tocou ao vivo na gravação e alguns aparelhos vintage que manipulam a voz. Sobre o título do novo trabalho, Thomas explicou: “Nós estávamos desenhando um paralelo entre o cérebro e o HD – a forma aleatória com que as memórias são armazenadas”. Em relação à participação de Pharrel Williams, que canta em “Get Lucky” e “Lose Yourself to Dance”, a matéria revela como isso aconteceu com palavras do próprio músico: Nós estávamos em uma festa do último álbum da Madonna e eu disse algo como: “Vocês deveriam produzir isso! Porque não fazer isso acontecer? Madonna com os robôs seria inacreditável!”. E eles disseram: “Nós estamos trabalhando em algo”, e eu disse: “Qualquer que seja a coisa que vocês estejam fazendo, me chamem – eu tocarei tamborim”. Eles se olharam e disseram: “Você vai ser chamado”. Bangalter também comentou sobre a cena da EDM (eletronic dance music) que o próprio Daft Punk ajudou a inspirar e como esse disco tenta se afastar da sonoridade computadorizada em que a cena se encontra: A música eletrônica no momento está em uma zona de conforto e não move uma polegada. Isso não é o que os artistas devem fazer. Há uma crise de identidade: você ouve uma música e se pergunta de quem é. Não há uma assinatura. Skrillex teve sucesso pois ele tem um som reconhecido:
você ouve uma música dubstep e, mesmo que não seja dele, você acha que é. Além do estúdio da dupla em Paris, as músicas do Random Access Memories foram trabalhadas em estúdios em Los Angeles e Nova York. Segundo Thomas, algumas faixas do disco passaram por cinco estúdios durante dois anos e meio. Sobre turnê, Bangalter disse que não há planos. “Nós não vemos uma turnê como um acessório de um álbum”, disse e revelou também que, quando eles foram fazer shows, o set virá com os hits da carreira da dupla e não só com o material novo. De Saint Laurent Hedi Slimane tem um amor pela música que o levou a colaborar com nomes como Marilyn Manson, Kim Gordon, Ariel Pink e Courtney Love. Para o seu mais recente empreendimento na sua sérieSainr Laurent Music Project, recrutando e fotografando o Daft Punk para uma série de anúncios em preto-e-branco, mostrando o estilo das suas novas roupas que serão usadas durante a divulgação e apresentações do seu novo álbum “Random Access Memories”. O duo electro francês pela primeira vez com volta Slimane em outubro de 2012, proporcionando uma trilha sonora de 15 minutos para sua Laurent desfile de estréia santo. Agora, o designer está retornando o favor, dando Punk uma reforma lançando suas linhas de assinatura para icônica lantejoulasmergulhado Le Smoking terno smoking de Saint Laurent. Originalmente concebido como uma alternativa para um vestido de noite, o smoking é um item de moda andrógina que borra sexo com seu brilho. Desenhado por Hedi Slimane, os ternos brilhantes são dadas uma vantagem adicional emparelhado com marcas brilhantes capacetes de estilo robô do punk contra um pano de fundo branco gráfico. As modas espumantes podem ser cena em movimento no anúncio de seu novo “Get Lucky” só com Pharrell Williams, que estreou na TV durante o “Saturday Night Live”.
Metronome • Maio 2013
Metronome • Maio 2013
Especial:
O mundo da música eletrônica Hoje, a música eletrônica é um dos mais importantes pilares da indústria fonográfica. Desde seus gigantescos festivais até a influência na composição da música contemporânea, a EDM (Electronic Dance Music) é a vertente musical que mais cresceu nos últimos anos. O alinhamento com as tendências de mercado e a evolução da tecnologia trazem cada vez mais sucesso econômico, reconhecimento crítico e uma popularização comparada ao rock nos anos 60 e 70. Esse especial mostrará a história, explicará os termos e dissecará os estilos mais conhecidos deste mundo cada vez mais presente no nosso cotidiano. Nesta primeira parte, mostraremos onde tudo começou, de onde vieram as principais influências e quais músicos começaram a história deste som que, mais do que um estilo musical se tornou um estilo de vida.
Metronome • Maio 2013
Um início erudito
Antes de ser sinônimo de balada e tecnologia, a música eletrônica foi algo rústico e até erudito. Os primórdios deste estilo são conectados à Thomas Edison, renomado inventor estadunidense, que entre inúmeras criações, fez o fonógrafo, primeiro aparelho a conseguir reproduzir eletricamente sons previamente gravados - algo que ainda é o cerne da EDM atual.
Pierre Schaeffer
Tal inveção mudou a música como um todo. A partir dali, iniciou uma fase de reprodução e disseminação das inúmeras obras artísticas envolvidas com o som. Já no final da década de 1940, com essa possibilidade de gravar e reproduzir sons cada vez mais expandida, o francês Pierre Schaeffer começou a unir diferentes instrumentos e gravações em uma só música. Os ruídos gerados pelos toca-discos de vinil, unidos a manipulação da velocidade ou do sentido da leitura feita nas gravações, deu origem as primeiras mixagens. Naquele mesmo período, a e-music começava a tomar forma também na Alemanha. Werner Meyer-Eppler, Herbert Eimert e Robert Beyer se uniram para criar o primeiro estúdio totalmente dedicado ao estilo. Enquanto na França os experimentos eram feitos com objetos sonoros e instrumentos musicais, as técnicas alemãs eram aplicadas a sons gerados por osciladores elétricos. Ambas vertentes traziam um caráter experimental e ainda clássico, para um tipo de música que dali a alguns anos se tornaria tão popular quanto o rock’n’roll.
Da mistura à popularização
Pink Floyd
Kraftwerk
Foi na década de 60 que o gênero entrou na cultura mundial, ao ganhar o cenário da música estadunidense. O uso de vertentes da música eletrônica teve grande influência nos trabalhos de bandas como The Beatles e Beach Boys, que deixavam de lado o uso de instrumentos acústicos, para usar sintetizadores e outros equipamentos eletrônicos. No entanto, nenhuma outra banda, integrou tal vertente com tanta maestria quanto a inglesa Pink Floyd. Seu rock psicodélico e progressivo, principalmente dos discos iniciais, como The Piper at The Gates of Dawn, mostrava uma mistura coesa dos elementos eletrônicos, edições assimétricas e efeitos de teclado que, mais tarde, virariam sua marca registrada. Até ali, a e-music era vista como um sub-gênero, algo que se aproveitava em estilos mais consagrados como o rock ou o jazz. Em meados dos anos 70, o Kraftwerk inverteu este cenário. O grupo alemão começou com trabalhos experimentais, onde unia instrumentos comuns, como baixo, guitarra e violinos, a sintetizadores e osciladores; formando, àquela época, um som único. A popularidade veio com os discos lançados entre 1975 e 1978, cujos conceitos influenciaram a música contemporânea dali em diante. Metronome • Maio 2013
Com a rápida popularização do estilo, mas ainda com um estigma de vanguarda atrelado a si, a música eletrônica começou a ter no ambiente undergound seu refúgio. As criações independentes começaram a surgir com maior frequência, principalmente pelo aparecimento dos computadores. Com eles, os primeiros aparelhos de armazenamento e mistura de músicas, os samplers, surgiram - assim como a possibilidade de alterar e emular as funcionalidades de instrumentos por meio da manipulação virtual. Com essa liberdade, era natural a aparição de novos estilos musicais, tendo em vista as possibilidades oferecidas pela evolução tecnológica. O ressurgimento em âmbito mundial veio novamente com uma mistura atrelada a outros estilos. O synthpop, exemplificado por obras de bandas como Depeche Mode, Pet Shop Boys e New Order, usava os sintetizadores eletrônicos e tendências dance music, totalmente influenciadas pelos conceitos criados pelo Kraftwerk. E, assim como toda moda que se preze, bastou a música eletrônica chegar a uma grande mídia, neste caso o cinema, para que a popularização se concretizasse de uma vez. Os Embalos de Sábado À Noite, com John Travolta, firmou a ascensão das discotecas e da dança misturada ao estilo eletrônico, na chamada Era do Disco. Dessa junção, surgem os sub-gêneros mais conhecidos como o house, o techno e o trance. A partir desse momento, estes sub-gêneros ganharam força na cena mundial, cada um com sua história e seus representantes. Eles cresceram de forma rápida e disseminaram pelo mundo uma sonoridade que marcaria o estilo de boa parte dos músicos contemporâneos. A próxima parte do especial mostrará um pouco mais destes inúmeros gêneros, além do histórico dos artistas que influenciaram a atual geração da música eletrônica.
Depeche Mode
Frankie Knuckles
Músicas da Casa, a House Music
Muitos confundem a disco e a house music, principalmente por terem uma ligação histórica muito próxima. Em 1979, após acompanhar o crescimento de movimentos contrários à disco music, a cidade de Chicago, nos EUA, foi palco do nascimento de uma das casas noturnas mais importantes da história da EDM, a The Warehouse. Nela, residia Frankie Knuckles, que ao lado de Larry Levan - um dos precurssores da disco -, era considerado o pai da house music. Enquanto Levan tinha como sua marca registrada as batidas repetidas - as famosas 4x4 - Knuckles acrescentava a isso o R&B, o jazz e o soul, popularizando ainda mais o estilo. O crescimento e o aumento da aceitação do estilo fez com que as pessoas começassem a procurar a fonte para as novas montagens de ritmo. Àquela época, uma loja em especial ficou na história, a Imports Etc. Os fãs - ou mesmo os Metronome • Maio 2013
Ron Hardy
Gerald Simpson
Jamie Principle
Larry Levan
Derrick May
curiosos - iam até o estabelecimento para procurar as faixas que Knuckles e outros DJs tocavam na The Warehouse. A demanda cresceu tanto que mais tarde foi criada uma sessão especial para estas músicas, com o nome de “As Heard At The Warehouse” - aos poucos os consumidores foram modificando a nomenclatura da sessão até se tornar o nome oficial do estilo conhecido até hoje, House Music. Levados principalmente pelo sucesso de Knuckles e Levan, inúmeras rádios (a WBMX e seu “The Hotmix”) e outras boates surgiram em Chicago, fazendo desta cidade um dos símbolos para o crescimento da EDM. Uma casa de shows em especial, chamada Muzic Box, foi o berço de outro grande nome do house, Ron Hardy - um dos primeiros a imprimir o funk em suas mixagens e dar uma pegada ainda mais pesada àquela vertente da e-music. Mesmo com uma popularização cada vez maior, ainda faltava um sucesso arrebatador para que o estilo se tornasse, de uma vez por todas, algo tão importante quanto um single de rock. E o marco zero da house music veio com a música “Your Love”, criada a partir de uma parceria entre Frankie Knuckles e Jamie Principle, outro grande DJ da época. Junto deles, Jesse Saunders e Vince Lawrence emplacaram “On and On” e fixaram a música eletrônica para sempre no conceito de música pop.
Além do forte apelo rítmico e da batida contagiante, estas faixas tinham aspectos técnicos que se tornariam padrão em muitos sucessos de outros DJs. “On and On” e “Your Love” eram produções próprias, com letras e melodias feitas pelos músicos da época - o que os levou a não mais somente tocar e selecionar músicas de outros, mas também criá-las. O advento da bateria eletrônica foi outro fator preponderante para a disseminação da house music; pois não era preciso ser erudito ou ter estudios e pick-ups específicas, bastava agora um surto de criação e a posse daquele instrumento traria a possibilidade de fazer música eletrônica. Após Chicago, no começo da década de 80, era chegado o momento daquela cena tomar conta de outra grande cidade dos EUA: Nova York. Lá, Marshall Jefferson foi responsável pela criação de um dos hinos daquela época, “Move Your Body”. Além dele, outros grandes produtores tiveram relevância como Steve “Silk” Hurley, Scott “Smokin” Sill, Farley Jack Master Funk e DJ Pierre - este, dono de uma série de inovações na música, incluindo a adição de instrumentos novos na mixagem.
A chegada à Europa e os subgêneros
A segunda metade da década de 1980 marcou a ida da house music para o continente europeu. Primeiro ela chegou à Inglaterra e posteriormente à Ibiza, que viria a ser um
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David Guetta
Goldie
Bob Sinclar
Prodigy
dos destinos mais procurados pelos apreciadores da e-music. Um dos maiores produtores e DJs de todos os tempos, Paul Oakenfold, foi um dos responsáveis pela disseminação do estilo estadunidense - principalmente de Chicago - à Europa. Oakenfold e mais alguns amigos elegeram Ibiza como ponto de partida para uma nova etapa da EDM. A cidade turística das classes mais ricas do Velho Continente tinha uma “vibe” inusitada e, até então, inédita - com uma infalível mistura entre natureza, música eletrônica e drogas. A segunda fase foi levar este novo sentimento para a Inglaterra, que se tornou a cidade disseminadora da cultura pop da música eletrônica.
Drum and Bass, a junção da bateria com o baixo
Com presença maciça nos EUA e em grande parte da Europa, o domínio da e-music se tornava global. A evidente popularização do estilo fez com que novas leituras da música eletrônica surgissem dentro dos próprios gêneros criados até ali. Durante o fim dos anos 80 e toda a década de 90, novas tendências musicais foram criadas a partir da house music. Entre eles existem o techno e o drum and bass, por exemplo. Outros subgêneros tão populares quanto estes são o acid, o deep e o tech house, produções comparadas com as composições mais antigas, e que consequentemente têm um apelo maior ao público underground; além dos “hitmakers” do progressive e electro house, onde estão concentrados a maioria dos artistas do mainstream da EDM como David Guetta, Swedish House Mafia, Bob Sinclair e deadmau5.
A aceleração das faixas e a velocidade com que as músicas são mixadas é a principal característica do “DnB”. O ritmo dos sons gira em torno de 170 batidas por minuto (BPM). Para efeito de comparação, a house music fica entre 128 e 130. Como o nome já diz, a principal caracteristica é a união da bateria e do baixo, mesclados a outros tipos musicais.
A disseminação da house music criou gêneros e subgêneros que até hoje perduram nas pistas. Duas destas crias - o jungle e o UK garage - deram origem a um dos estilos mais populares da atualidade, o drum and bass. A cena rave britânica foi o local que gerou o ponta pé inicial para este gênero se desenvolver. Bandas como The Prodigy, Altern8 e Gerald Simpson foram aglumas das responsáveis pela popularização dele ao redor do mundo.
A chegada do drum and bass ao Reino Unido vinha seguida de uma filosofia de vida ligada a cultura hip hop e ao grafite. O novo som atraía os jovens que entravam na onda urbana, principalmente os que curtiam baladas techno. Deste cenário saiu o inglês Goldie, autor de uma faixa que marcou a época,”Terminator” - uma clara transformação do ritmo hardcore para o DnB.
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As influências jamaicanas que Goldie aplicava em suas faixas vêm do jungle e também da convivência com grandes produtores como Dennis ‘Dego’ McFarlane e Mark ‘Marc Mac’ Clair. Outros DJs também foram importantes na popularização do gênero, como Rebel MC, Ragga Twins, Dextrous e LTJ Bukem - todos considerados estrelas de primeira grandeza do drum and bass.
de libertação espirituosa. Por isso, muito se fala da ligação do trance a raízes religiosas, como é o caso do shamanismo e do hinduísmo. Mesmo que tenha surgido no início dos anos 90, a palavra trance já vinha sendo empregada em muitos trabalhos desde a década de 70. Porém, o termo não era usado para dar nome à um gênero musical, mas sim à forma como as músicas atingiam as pessoas.
Na década de 90, o estilo ganhou o mundo e teve no Brasil um de seus principais locais de expansão. Os DJs brasileiros começaram a ganhar notoriedade quando misturaram MPB e bossa nova às mixagens de DnB. Assim fizeram DJ Patife e DJ Marky, um dos principais nomes da cena eletrônica.
A popularização do trance trazia consigo uma exposição do uso de drogas e entorpecentes nas festas. A polícia britânica e o parlamento nacional agiram contra os eventos que propagavam músicas deste estilo. No entanto, os organizadores e DJs do gênero atuavam cada vez mais no meio undergound e promoviam as festas por meio do “boca a boca”. Não era raro acontecer encontros afastados das cidades, em campos e florestas - assim, um certo ar de Woodstock eletrônico se instalava em boa parte das festas.
Música em transe
No início da década de 1990, um novo estilo da dance music surgia com muita força no cenário europeu. Apesar de ser derivado da techno e da house music, as características eram completamente diferentes, o que o fazia único. O trance aparecia nas pistas apresentando faixas com melodias feitas pelos sintetizadores, mas com uma pegada mais progressiva, usando poucas ou nenhuma forma de vocal. O novo gênero musical, que nasceu na Alemanha, tinha em sua composição sons industriais, com uma sonoridade menos melódica, ritmo acelerado e batidas pesadas. Essas batidas repetitivas levam o ouvinte a um estado de transe, uma espécie
Um dos grandes pioneiros desta nova cena trance foi Klaus Schulze, baterista das primeiras formações do Tangerine Dream. O alemão foi importante ao usar os termos da vertente em projetos antigos, como Trancefer (1981) e En=Trance (1987). Suas músicas tinham elementos industriais e efeitos sonoros hipnóticos, que levavam os ouvintes à euforia ou ao estado espiritual de transe. Schulze também usava algumas composições presentes no Techno, aplicando característica da música alemã daquela época.
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Em meados da década de 90, Frankfurt era considerado o local mais importante do gênero, graças a artistas como DJ Dag, Oliver Lieb, Sven Väth e Torsten Stenzel. A dupla formada por Dag e Rolf Ellmer, que usavam a alcunha de Dance 2 Trance, produziu a música “We Come in Peace”, considerada a pioneira do estilo. Alguns deles ainda fazem sucesso, mesmo na cena underground, como é o caso de Lieb e Väth.
adas do mundo no ramo, o artista que chegou ao topo mais vezes é um representante do gênero, o holandês Armin van Buuren. O DJ conquistou o primeiro lugar da lista cinco vezes. Outros grandes nomes também se destacaram no gênero como Tiesto (que hoje é da turma do electro house), Paul van Dyk, Protoculture, entre outros.
Um pouco mais distante da Alemanha e do Reino Unido, outro local apareceria como importante símbolo do trance e da música psicodélica. Um dos lugares mais espirituais do mundo, a Índia, tinha a onda dos hippies concentrada no estado de Goa. No local, se misturavam elementos da música eletrônica com sons orientais, ritmos tribais e mantras indianos com o objetivo de compôr hinos que valorizassem a natureza. Aquele som iria ganhar popularidade não só naquele país, pois mais tarde chegaria à Europa. Assim nascia o trance psicodélico, hoje conhecido como o psytrance.
No âmbito comercial, há anos o Brasil deixou de ser o país do samba e da MPB. O crescente poder aquisitivo da população torna seus gostos cada vez mais caros, exigentes e, em sua maioria, estrangeiros. O ramo do entretenimento se tornou um dos mais lucrativos setores de negócio do país, trazendo as principais atrações do mundo para shows e até turnês em terras tupiniquins. Dentro deste segmento, um dos mais visados por produtores de eventos nacionais e promoters internacionais, são as festas dedicadas à música eletrônica.
O pioneiro deste estilo foi Gilbert Levey, mais conhecido como Goa Gil. Levey, ao contrário do que se pensa, não era indiano, mas sim um americano da Califórnia, nascido em São Francisco. Aos 18 anos, após se juntar ao movimento hippie, deixou os EUA para ir ao encontro do espiritualismo e a Índia o acolheu. O trance continua sendo um estilo muito popular no mundo todo. No Top 100 da DJMag, uma das revistas mais conceitu-
A nova Meca da música eletrônica
De acordo com os dados divulgados pela Rio Music Conference - um dos maiores congressos de EDM do mundo, realizado no Brasil - em 2011, somente com os valores de ingressos, o cenário brasileiro de e-music movimentou cerca de US$ 515 milhões, ou seja, mais de um bilhão de reais. Se comparado com o desempenho do ano anterior, é evidenciado um crescimento de 56,64%. Estes números fizeram a renomada revista Forbes publicar o artigo “Esqueceram da Bossa Nova: o Brasil agora é o país da música eletrônica”, em fevereiro deste
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