TFG | Respiro Urbano: da praça ao parque

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RESPIRO URBANO DA PRAÇA AO PARQUE

Gizele Facchinetti



RESPIRO URBANO DA PRAÇA AO PARQUE

Gizele Facchinetti



UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

RESPIRO URBANO DA PRAÇA AO PARQUE

Gizele Facchinetti sob orientação do PROF. DR. ROBERTO ALFREDO POMPÉIA

São Paulo Dezembro/2015



AGRADECIMENTOS Ao meu Deus, Senhor da minha vida. Minha fé, meu maior tesouro e que me mantém rme. ‘‘Porque Dele e por Ele são todas as coisas; glória pois a Ele eternamente. Amém.’’ Romanos 11:36 À Maria, minha mãe e ao Henrique, meu pai, por tudo e mais um tanto. Por todo amor incondicional, apoio, conança e aconchego nas horas mais difíceis. Por darem asas aos meus sonhos. Este trabalho também é de vocês! Ao meu orientador, Roberto Pompéia, por se tornar uma referência pra mim e por ter aceito fazer parte deste projeto, agregando todo seu conhecimento da melhor maneira. Ao Programa de Iniciação Cientíca, que possibilitou a realização da ideia que deu início a este trabalho. À Maria Angela, por ter acreditado no projeto de pesquisa e contribuído grandemente neste processo. Aos professores Leonardo Loyolla, Roberto Sakamoto, José Rollemberg e José Geraldo, por todo ensinamento e conversas valiosas. Às minhas amigas, Camila Miranda, Mo Xiaofeng e Raquel Marcelino, companheiras desde o início desta jornada, trazendo alegria e leveza aos meus dias. Amigas pra vida! Minha turma, hoje, MA10. Agradeço pelas manhãs inesquecíveis. Ao Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo UAM, pela oportunidade única e que me fez crescer muito. Não apenas me preparou para a vida prossional, mas, sim foi uma verdadeira lição de vida. Me tornei melhor. Aprendi a cada dia o que é a verdadeira Faculdade e que existe muito além da sala de aula. Sou muito abençoada e realizada por ter feito parte disto. Também, pelas amizades que me proporcionou. À Giovanna Addis e ao Fernando Furlan, por compartilharem das mesmas loucuras e torna-las mais especiais. Ao Elio Batista, meu carinho e admiração. À Isabella Solero, que chegou de maneira inesperada. Obrigada pela parceria de sempre e contribuições no início deste trabalho. À Angélica Mondeck, Caroline Marques, Felipe Gonçalves e Victória Christina, por estarem sempre presentes de alguma forma e pelo apoio. Por tudo o que vivi e aprendi nestes 5 anos. Gratidão!



Tarde? O dia dura menos que um dia. O corpo ainda não parou de brincar e já estão chamando da janela: É tarde. Ouço sempre este som: é tarde, é tarde. A noite chega de manhã? Só existe a noite e seu sereno? O mundo não é mais, depois das cinco? É tarde. A sombra me proíbe. Amanhã, mesma coisa. Sempre tarde antes de ser tarde. BRINCAR NA RUA Carlos Drummond de Andrade


SUMARIO ´ 11 13

APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO

TEMA 16 17 20 24 27 30

ESPAÇOS PÚBLICOS ORIGENS PRAÇAS BRASILEIRAS APROPRIAÇÃO PARQUES URBANOS CONCLUSÕES

LOCAL 36 38 44 45

ZONA LESTE ITAQUERA CONCLUSÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO

PROJETO 60 61 62 77 81 84

OBJETIVOS DIRETRIZES PROCESSO REFERÊNCIAS PROJETUAIS REASSENTAMENTOS SISTEMA VIÁRIO SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




~ APRESENTACAO O interesse em estudar a região de Itaquera, Zona Leste de São Paulo, surgiu depois da conrmação, em 2011, de que o estádio a ser construído na região pelo Sport Clube Corinthians abriria os jogos da Copa do Mundo 2014. A escolha repercutiu na população, produzindo grande expectativa sobre os efeitos que as obras e a movimentação dos jogos poderiam trazer ao local. Foi quando, no segundo semestre de 2013, durante o 6° semestre do Curso, a região estudada nas matérias de Urbanismo e Projeto, foi Itaquera. Os conhecimentos obtidos durante todo este período, despertaram ainda mais o interesse num aprofundamento nas discussões referentes às transformações da região. Partiu-se então de algumas das mudanças na área e sua repercussão, para desenvolver um Projeto de Iniciação Cientíca e avaliar as transformações na área decorrentes da construção do estádio, possibilitando uma reexão a respeito das prioridades que o planejamento urbano deve considerar quando estabelece suas diretrizes. Constatou-se através do contraste social na paisagem e a supervalorização pretendida com a construção do estádio e sua participação na Copa do Mundo 2014, as evidências da atual maneira de se planejar as cidades, que muitas vezes estimula a especulação imobiliária e privatiza os espaços de interesse público. Este foi o ponto de partida para o Trabalho Final de Graduação. Com a pesquisa sobre o surgimento dos espaços públicos e sua função social na história e atualidade, busca-se compreender suas diferentes congurações e estimular o debate sobre sua importância dentro da cidade.

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~ INTRODUCAO A área escolhida para intervenção, ca a aproximadamente 2 km da Arena Corinthians, no distrito de Cidade Líder, em Itaquera. O processo de ocupação desta região, é marcado pela distribuição desigual entre o intenso crescimento populacional e oportunidades de emprego, provocando longos percursos diários de deslocamento a população. Com a chegada da estrada de ferro em 1875, atividades comerciais passaram a se consolidar ao redor da estação e com o início das obras do Metrô e CPTM, a presença de loteamentos periféricos se intensicou. A construção da Arena Corinthians intensicou as mudanças na paisagem de Itaquera e gerou um processo imediato de especulação imobiliária. Dentre as propostas de intervenção, a maior ameaça para os moradores da região é a implantação do Parque Linear do Rio Verde. No projeto do parque, é considerada a remoção integral de todos os assentamentos nas margens do rio. A supervalorização de Itaquera, ampliou o olhar para os arredores da região, que por um tempo, não recebeu evidência no planejamento urbano. Semelhante a situação do Rio Verde, as margens do Córrego Guaiaúna, possui um potencial para se transformar em uma área de preservação e lazer. Atualmente, a área é densamente ocupada por habitações irregulares e em áreas de risco, sendo também um local com forte presença de galpões e depósitos. A proposta elaborada a partir dos diagnósticos que serão aqui apresentados, visa unir a integração entre moradia, trabalho e lazer. De forma que todos os reassentamentos sejam feitos de maneira integrada aos novos espaços propostos. Dentre os limites e objetivos deste trabalho, serão propostas estratégias para a requalicação da área em estudo, que foi desenvolvida para potencializar os usos existentes, partindo da reestruturação dos espaços livres públicos, permitindo novas relações da escala humana entre os espaços livres e construções.

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TEMA


´ ESPACOS PUBLICOS CONCEITO

Uma possível denição segundo o Ciudades y su ordenación¹ é que o espaço público se congura em ordenamento, desenvolvimento e gestão. Acrescentando ainda mais três aspectos importantes:

1. criar âmbitos de segurança;

2. a proximidade nas relações;

3. o bom ambiente, o ambiente cidadão, a qualidade do entorno.

Com base em SERT (1955 apud ABRAHÃO, 2008), que arma que qualquer espaço aberto pode se converter a um lugar de reunião e apropriação cultural, ABRAHÃO (2008) destaca o fato de que para o local ser considerado ‘‘coração’’, não basta apenas ser um espaço aberto, é preciso ser um espaço que apresente uma escala humana entre o espaço livre e o espaço construído. As intensas transformações nas cidades, fazem com que novos usos e ocupações surjam, interferindo nas ocupações já existentes e consequentemente, na expressão dos lugares e comportamento das pessoas que nele habitam. Nesse contexto, acompanhamos cada vez mais a privatização dos espaços públicos, assim como arma ROLNIK (2000): Até o momento, viemos caminhando de acordo com um modelo de cidade que nega a possibilidade de uso do espaço público e intensica a privatização da vida, o fechamento da homogeneização dos espaços e que está nos levando à desorganização social e ao caos urbano. (ROLNIK, 2000)

¹ Artigo originalmente publicado no Café de las Ciudades, ano 5, nº 42, em abril de 2006 <http://www.cafedelasciudades.com.ar/politica_42_1.htm> traduzido por Vitruvius 16


ORIGENS PRAÇAS: CONTEXTO HISTÓRICO O termo praça é comumente usado para associar áreas livres e ajardinadas. Mesmo havendo diversas denições, praças são caracterizadas como espaços públicos destinados à convivência e livres de edicações, assim como arma MACEDO (2010). Praças são espaços livres de edicação, públicos e urbanos, destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadões e livres de veículos. (MACEDO, 2010)

Os primeiros espaços livres públicos urbanos tiveram seu surgimento no entorno de Igrejas. Ao redor, eram construídos edifícios públicos, palacetes e comércios, se tornando um local de encontro e convivência para a comunidade. Para os gregos, a Ágora (gura 1) era o espaço público da antiguidade clássica para se encontrar e exercer cidadania. Haviam debates e discussões democráticas, onde eram discutidos negócios e rumos da cidade. O espaço era delimitado por edicações ou por um conjunto de pórticos ou colunatas abertos ao público. Para os romanos, os Fóruns (gura 2), caracterizavam-se como áreas centrais, onde aconteciam as relações sociais, como as práticas comerciais e religiosas. Diferente da Ágora, o Fórum era cercado por edifícios públicos e as discussões políticas aconteciam no interior desses edifícios.

Figura 2. Ilustração - Fórum Romano

Figura 1. Ilustração - Ágora Grega

Fonte: http://arte-hca.blogspot.com.br/2012/12/ modulo-ii-cultura-do-senado.html

Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/

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Segundo ALEX (2008), a praça estruturada dentro da malha urbana se tornou denitiva a partir do Renascimento, com a Piazza Italiana, a Plaza Mayor Espanhola e a Place Royalle Francesa, quando passou a ser referência de lugar e boa ‘‘arquitetura’’ ou bom desenho urbano. A Plaza Mayor (gura 3 e 4) é a principal praça de Madri e está localizada no centro da cidade. Em formato retangular, é rodeada por edifícios de no máximo 3 pavimentos. Essa determinação vigora desde sua última reforma, realizada em 1854. Possui 120 m de largura por 90 m de comprimento. São quase 300 varandas distribuídas nos prédios que circundam a praça, que é protegida por pórticos de entrada.

Figura 3 e 4. Plaza Mayor, Madrid/Espanha Fonte: Google Earth Pro e img.rtvslo.si/_up/upload/2014/12/21/65171910_plaza_mayor-madrid_.jpg

Em forma de leque, a Piazza del Campo (gura 5 e 6) foi construída sob um antigo Fórum Romano e é considerada o coração da cidade. É dividida por riscos que demarcam 9 territórios, onde cada um representa um membro do Conselho dos Nove que governava Siena. Seus edifícios mais imponentes são o Palazzo Pubblico e o Museu Cívico. Segundo SEGAWA (1996) as piazzas italianas abrigavam rituais de variada natureza, religiosos ou seculares: casamentos e funerais, execuções, comemorações, torneios, corridas, encenações teatrais.

Figura 5 e 6. Piazza del Campo, Siena/Itália Fonte: Google Earth Pro e irvingcommons.org/wp-content/uploads/2013/11/

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As places royales francesas são, segundo SEGAWA (1996), importante modelo de praça constituída no século 17. A Place des Vosges de Paris (1605-1612), segundo ele é tida como o arquétipo das places royales: Um quadrilátero formado por um conjunto de construções repetidas com pórticos, formando um pátio, com a entrada camuada nas fachadas uniformes. A Place des Vosges (gura 7 e 8) é um quadrado delineado por um complexo de 36 casas. Seus jardins, que já foram palco de duelos e torneios, hoje são muito utilizados para passeios e descanso. Sua infraestrutura possui cafés e o Museu de Victor Hugo.

Figura 7 e 8. Place des Vosges, Paris/França Fonte: Google Earth Pro e conexaoparis.com.br/2013/06/22/a-placedes-vosges-em-paris-1/

Outro modelo de espaço é a Square. Segundo SEGAWA (1996) após o grande incêndio de 1666 em Londres, a cidade passou por um processo de expansão e o surgimento de novas áreas livres resultantes da nova urbanização promovida por proprietários de grandes terras e que não faziam parte de nenhum plano ocial, deram origem ao padrão Squares. A Times Square (gura 9 e 10) é a maior intersecção comercial de Nova York e se localiza no centro de Manhattan, composta por vários cruzamentos e esquinas, pode ser denida como uma grande praça ou largo.

Figura 9 e 10. Times Square, Nova York/EUA Fonte: Google Earth Pro e 7mais.com.br/os-7-lugares-mais-visitados-do-mundo/

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PRACAS BRASILEIRAS

ORIGENS, REFERÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES Os primeiros espaços urbanos livres e públicos no Brasil segundo MACEDO e ROBBA (2010), foram os adros das Igrejas Coloniais (gura 11 e 12), que conguravam-se como espaços abertos em frente as Igrejas e posteriormente, se tornavam praças. O espaço crescia junto à população e se tornava seu principal ponto de encontro. Consequentemente, os edifícios mais importantes passavam a se localizar em seu entorno.

Figura 11. Igreja de São Pedro, Recife/PE

Figura 12. Adro da Igreja de São Pedro

Fonte: Google Earth Pro

Fonte: https://helenadegreas.les.wordpress.com

Com o passar do tempo, novas referências surgiram e consequentemente, as praças brasileiras foram se transformando, dando origem ao modelo chamado Ecletismo. A partir deste novo modelo, as práticas antes exercidas nos espaços abertos, passaram a acontecer em edifícios especícos e as praças tornam-se locais de contemplação e recreação. As primeiras mudanças nos espaços públicos brasileiros tiveram início na década de 40, quando as praças e parques passam a englobar atividades de recreação infantil e esportivas, como quadras e pistas para caminhadas. O lazer contemplativo permanece e o cultural é uma inovação, com a implantação de complexos culturais (MACEDO; ROBBA, 2010).

TIPOLOGIAS E ESTRUTURAÇÃO A tabela 1 ilustra as características dos modelos de praças brasileiras, de acordo com as diferentes funções tidas, desde os tempos coloniais até os dias de hoje. 20


COLONIAL

Convívio social Uso religioso Uso militar Comércio e feiras Circulação Recreação

ECLÉTICO

Contemplação Passeio Convívio social Cenário

MODERNO

CONTEMPORÂNEO

Contemplação Recreação Lazer esportivo Convívio social Cenário

Contemplação Recreação Lazer esportivo Convívio social Comércio Serviços Circulação Cenário

Tabela 1. Função social das praças Fonte: MACEDO e ROBBA (2010), adaptado pela autora

MACEDO e ROBBA (2010) denem que as praças se organizam em três tipos de estrutura interna: Praças Jardim, Praça Azul ou Praça Seca. Praça Jardim (guras 13) - Estilo importado da Europa; - É o mais popularmente conhecido; - Espaço ajardinando destinado ao passeio e contemplação; - Elementos característicos: Canteiros ajardinados, coretos, quiosques e fontes. Praça Azul (gura 14) - É geralmente associado ao estilo Praça Jardim; - Presença de água; - Elementos característicos: Lagos, chafariz ou espelhos d’água. Praça Seca (gura 15) - Não possui vegetação; - Áreas amplas, caracterizadas por uxo intenso de pessoas.

Figura 13. Praça Jardim

Figura 14. Praça Azul

Figura 15. Praça Seca

Praça Costa Pereira, Vitória/ES Fonte: legado.vitoria.es.gov.br/diario/ 2008/0919/arvore.asp

Praça da Liberdade, Belo Horizonte/MG Fonte: img1.mundi.com.br/images/ Praca-da-Liberdade-photo520031-5.jpg

Largo do Pelourinho, Salvador/BA Fonte: upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/8/84/Pelourinho,_Salvador.jpg

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Figura 16 e 17. Praça da Liberdade, Belo Horizonte/MG Foto: Silvio Macedo Desenhos: MACEDO e ROBBA (2010)

Figura 18 e 19. Praça Santos Dumont, Goiânia/GO Foto: Silvio Macedo Desenhos: MACEDO e ROBBA (2010)

Figura 20 e 21. Praça Belmar Fidalgo, Campo Grande/MS Foto: Martin Daniel Desenhos: MACEDO e ROBBA (2010)

LINHA ECLÉTICA - Inuência francesa e inglesa; - Se deu a partir do séc. XVIII na Europa e se difundiu; - Importado pela burguesia brasileira. Exemplo: A Praça da Liberdade em Belo Horizonte/MG (gura 16) é rigorosamente estruturada a partir de marcos visuais e pontos focais com a presença de esculturas, fontes e coretos (gura 17). Ao seu redor estão localizados edifícios signicativos para a história da cidade, dentre eles, o Palácio da Liberdade, Secretarias de Estado e um edifício residencial modernista, projeto de Oscar Niemeyer. Atividade: Contemplação. LINHA MODERNA - Inuência do tropicalismo e Roberto Burle Marx; - Vinculadas ao projeto arquitetônico: são caracterizadas pela relação com os edifícios. Exemplo: A Praça Santos Dumont em Goiânia/GO (gura 18), tem o programa voltado para práticas esportivas e um traçado articulado, conectado à ciclovia e toda sua circulação interna (gura 19). Atividades: Contemplação e esportes. LINHA CONTEMPORÂNEA - Liberdade de criação, mais possibilidades; - Estilo em constante transformação. Exemplo: Em Campo Grande/MS, a Praça Belmar Fidalgo (gura 20) possui um desenho direcionado às práticas de esportes e serviços de apoio, como sanitários e lanchonetes (gura 21). Atividades: Comércio, serviços, contemplação, esportes e recreação infantil. 23


~ APROPRIACAO O ESPAÇO PÚBLICO INFORMAL É comum encontrar nas áreas periféricas das cidades, terrenos em sua maioria planos, ocupados por campos de futebol. O espaço, mantido pela própria comunidade, funciona como uma verdadeira praça. Nele, podem ser praticados esportes, ser palco para brincadeiras e são, em muitos casos, o único espaço público de convívio da população local. Na gura 22, a presença do campinho de futebol no desenho urbano é marcante e assim como as praças, caracteriza e dá identidade ao local. Assim como arma QUEIROGA (2001) muitos espaços livres são tomados pela apropriação pública como espaços de convívio e lazer, devido a escassez de espaços adequados ao cotidiano, estabelecendo importantes ‘‘vínculos sociais de identidade, solidariedade e ação comunicativa’’. A escassez revela a distribuição desigual de equipamentos públicos para as áreas mais carentes de infraestrutura. A maior ou menor formalidade na produção de “espaços livres públicos” potencializa uma maior diversidade de usuários: do improvisado “campinho” à praça projetada com participação comunitária. (QUEIROGA, 2001)

As várzeas tem seu papel marcante neste contexto também. Para SANTOS (2007) a paisagem garante uma visibilidade para prática social e cultural, tendo signicado simbólico como produtor de identidade e memória. Ressalta que pensar em várzea, é pensar nos campos, encontros e práticas do futebol. Mas como arma SFCIFONI (2013) estas áreas são frágeis e sofrem com a constante pressão do mercado imobiliário.

UM NOVO TERMO: PRACIALIDADE QUEIROGA (2001) denomina “pracialidade” quando um lugar adquire funções e características de uma praça, sem ter sido pensado como uma. Isto pode acontecer segundo ele, em ruas, avenidas e até em edicações. Para ele, o que dene esta pracialidade é o que se realiza no espaço, o livre acesso voltado ao encontro e convívio. Aborda também outras denições para compreender a pracialidade dos lugares. Denomina “praça-edifício”, como praças fortemente edicadas, constituídas muitas vezes sobre lajes e “edifício-praça”, como espaços edicados que, a despeito de serem cobertos, permitem um uso que se aproxima aos usos característicos das praças. (QUEIROGA, 2001) 24


Figura 22. Campinho de Futebol em Itaquera, Zona Leste de SĂŁo Paulo Fonte: Imagem do Google Earth Pro abril/2014


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Fazer a cidade, refazer a nos mesmos A escassez reetida na distribuição desigual dos equipamentos sociais e urbanos, caracteriza o desenvolvimento desordenado das cidades, devido à falta de planejamento adequado e compreensão de suas reais necessidades. Para contrapor-se a isso, é fundamental que os projetos sejam frutos da produção coletiva, junto às comunidades organizadas. É preciso compreender a função social dos espaços compartilhados e o papel do arquiteto urbanista como agente ativo, que trabalha junto com a comunidade. Nas guras 23, 24 e 25, durante a atuação de Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo em conjunto com comunidades de Florianópolis, como prática destes princípios, estão retratadas atividades em conjunto para a apropriação e construção de espaços de convívio e lazer, unidas na luta pelo direito à cidade. Nas guras 26, 27 e 28, algumas características da vida coletiva na cidade são registradas, no campinho de futebol, na vizinhança.

Figura 23, 24 e 25. Atividades de apropriação do espaço público durante o SeNEMAU Floripa 2014 Fonte: Acervo pessoal, julho/2014

Figura 26, 27 e 28. Vivência nos espaços públicos durante o SeNEMAU Floripa 2014 Fonte: Acervo pessoal, julho/2014

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PARQUES URBANOS NECESSIDADE OU IMPOSIÇÃO?

O parque urbano no Brasil, ao contrário do modelo europeu, não surge da urgência social de atender às necessidades das massas urbanas da metrópole do século XIX. Nesta época, nenhuma cidade brasileira possuía o porte de grandes cidades europeias. O parque é criado como uma gura complementar ao cenário das elites emergentes, que buscava se aproximar dos modelos internacionais, em especial ingleses e franceses. Assim como arma MACEDO e SAKATA (2002) é um elemento urbano alheio às necessidades sociais da massa urbana contemporânea de então, que usufruía de outros espaços, como terreiros e várzeas. As cidades brasileiras, durante todo o séc. XIX e mesmo séc. XX, em especial na sua primeira metade, expandiram-se de um modo não-contínuo, sempre dotadas de vazios urbanos, sendo o parque considerado equipamento desnecessário para o lazer mediato e cotidiano da população. Nas várzeas, fundos de cale, banhados e riachos, o hábito do passeio, do banho, do jogo e do piquenique sempre foi muito popular. (MACEDO e SAKATA, 2002)

Os vazios urbanos foram durante anos, antecessores das áreas de lazer urbana formais, do tipo praticado em praças ou parques (MACEDO e SAKATA, 2002). Mas, a partir da segunda metade do séc. XX, estes vazios começaram a diminuir e as áreas utilizadas para o lazer da população menos privilegiada, passaram a ser cada vez menos encontradas. Somente com esta escassez, os parques urbanos se tornaram uma real necessidade social dentro das cidades.

EVOLUÇÃO DAS LINHAS DE PROJETO Segundo MACEDO e SAKATA (2002) as alterações nas linhas projetuais podem ser identicadas em dois aspectos: o programa e a forma. Armam que a ‘‘elaboração do programa de um espaço público, a escolha dos equipamentos que o comporão e a própria construção do parque obedecem a parâmetros como a disponibilidade de espaço físico, as características desse espaço (porte, declividade, presença de recursos naturais etc.), a acessibilidade, a proximidade de outros equipamentos de lazer, o número de usuários, os interesses políticos e da comunidade e a disponibilidade de verbas para sua implementação.’’

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Figura 29 e 30. Bosque Rodrigues Alves, Belém/PA Foto: Silvio Macedo Desenho: MACEDO e SAKATA (2010)

Figura 31 e 32. Parque do Ibirapuera, São Paulo/SP Foto: Silvio Macedo Desenho: MACEDO e SAKATA (2010)

Figura 33 e 34. Parque da Juventude, São Paulo/SP Foto: Alex Villalón Desenho: MACEDO e SAKATA (2010)

LINHA ECLÉTICA - Estruturação por grandes maciços arbóreos, extensos relvados e águas sinuosas - semelhança dos parques europeus; - Espaços de lazer contemplativo, caminhos e pontos focais; - São comuns viveiros de plantas, aves e pequenos zoológicos; - Água presente em fontes, chafarizes, lagos e espelhos d'água; - Formas orgânicas ou padrão geométrico clássico; - Vegetação bem elaborada. Exemplo: Bosque Rodrigues Alves em Belém/PA Atividades: Contemplação, zoológico, eventos culturais e recreação infantil. LINHA MODERNA - Linhas mais geométricas, denidas e limpas; - Caminhos passam a ser aproveitados para práticas esportivas; - Vegetação tropical predomina, podendo ser nativa ou exótica; - A água, ainda de caráter contemplativo, possui desenho ortogonal ou em curva, mas sempre assimétrico; - Subdivisão em áreas denidas funcionalmente; - Presença de jardineiras, anteatros, arquibancadas e bancos. Exemplo: Parque do Ibirapuera em São Paulo/SP Atividades: Contemplação, recreação infantil, esporte eventos culturais e feiras. LINHA CONTEMPORÂNEA - Tendência de preservação de ecossistemas naturais antes considerados menos dignos de conservação, como charcos, manguezais, remanescentes de mata nativa, velhas pedreiras e aterros. - Atividades relacionadas com a educação ambiental; - Podem ser temáticos; - O uso da vegetação segue a ideologia de preservação dos ecossistemas ou acompanha a tematização do espaço; - A água permanece, na forma de lagos já existentes, nascentes, espelhos d'água, fontes, jorros e bicas; - Tudo pode ser experimentado, tudo é possível. Exemplo: Parque da Juventude em São Paulo/SP Atividades: Contemplação, esporte, recreação infantil e eventos culturais.

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CONCLUSÕES É possível armar que a principal característica dos espaços públicos mais conhecidos e movimentados, é a quantidade de atividades que possibilitam ao convívio social das pessoas. A qualidade dos espaços é também um critério essencial para avaliar a funcionalidade, conforto e proteção. Com base nestes critérios GEHL (2013) elaborou um quadro com 12 critérios importantes sobre a qualidade da paisagem na escala humana (gura 29). As praças e parques desempenham papéis estruturadores dentro da cidade e assim como arma JACOBS (2000), são espaços que: ‘‘...normalmente se destinam ao uso trivial geral, como pátios públicos, seja a localidade predominantemente ligada ao trabalho, predominantemente residencial ou uma grande mistura. A maioria das praças enquadra-se nessa categoria de uso geral como pátio público; o mesmo ocorre com a maioria dos usos do solo projetados; e o mesmo ocorre com boa parte das áreas verdes que se aproveitam de acidentes naturais, como margens de rios ou topos de morros.’’ (JACOBS, 2000)

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Figura 35. 12 critĂŠrios de qualidade com respeito Ă paisagem do pedestre Fonte: GEHL (2013)

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LOCAL


Figura 36. Localização da área de intervenção na Região Metropolitana de São Paulo Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014


Itaquera, Cidade Líder Zona Leste de São Paulo

0

9 km


ZONA LESTE DADOS GERAIS

A Zona Leste é a região com o mais alto índice populacional de São Paulo. Historicamente, a região teve sua ocupação dada por tribos indígenas e recebeu a chegada de muitos migrantes em busca de melhores condições de vida, que passaram a se instalar em loteamentos de periferia. Com o início das construções de grandes conjuntos habitacionais em meados dos anos 70, o crescimento populacional nesta região se intensicou. Seu rápido desenvolvimento com o passar dos anos foi se expandindo, principalmente, através de projetos viários que conectaram a região a outras áreas da cidade. A partir dos mapas de distribuição da população entre os anos 50 e 2000, nota-se o alto índice de crescimento da Zona Leste (gura 37), enquanto os empregos são concentrados nas áreas centrais e Sudoeste (gura 38). Marcando um modelo de desenvolvimento desigual, onde as regiões mais afastadas dos grandes centros, sofrem com os longos percursos de deslocamento.

1950

1980

1960

1991

2000

Figura 37. Distribuição da população no município de São Paulo por década Fonte: PMSP – Olhar São Paulo, pg. 10 e 11 (in: Peabiru, 2014)

Figura 38. Concentração dos empregos formais em São Paulo (2000) Fonte: IBGE. Censo Demográco 2000; Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – Rais 2004

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Figura 39. Mapa de São Paulo - Divisão por Subprefeituras Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth abril/2014

SUBPREFEITURA 01. PERUS 02. PIRITUBA 03. FREGUESIA-BRASILÂNDIA 04. CASA VERDE-CACHOEIRINHA 05. SANTANA-TUCURUVI 06. TREMEMBÉ-JAÇANÃ 07. VILA MARIA-VILA GUILHERME 08. MOOCA 09. PENHA 10. ARICANDUVA 11. VILA PRUDENTE-SAPOPEMBA 12. ERMELINO MATARAZZO 13. SÃO MIGUEL 14. ITAQUERA 15. ITAIM PAULISTA 16. GUAIANAZES 17. CIDADE TIRADENTES 18. SÃO MATEUS ZONA 19. SÉ 20. LAPA 21. BUTANTÃ CENTRO 22. PINHEIROS 23. VILA MARIANA LESTE 24. IPIRANGA 25. JABAQUARA 26. CAMPO LIMPO NORTE 27. SANTO AMARO 28. CIDADE ADEMAR OESTE 29. M’BOI MIRIM 30. SOCORRO 31. PARELHEIROS SUL 0

10 KM


ITAQUERA CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO A região, que já vinha se transformando desde a chegada da estrada de ferro (1875), consolidando ao redor da estação um importante centro comercial, teve alavancado o seu desenvolvimento entre 1973 e 1986, quando tiveram início as obras da Estação Corinthians-Itaquera do Metrô e da CPTM (D'ANDREA, 2012 apud DELIAS, 2012). Entre 1952 e 1962, há uma intensicação de loteamentos, com forte presença de fazendas. A partir de 1973 as favelas começam a se formarem e em 1994, o sistema viário se consolida e as favelas tornam-se cada vez mais presentes, quando a COHAB 1 – Itaquera é instalada (gura 40).

1952

1962

1973

1994

Figura 40. Transformação urbana em Itaquera - Crescimento ocupacional Fonte: LASERE FELCH-USP (in: DELIAS, et al. 2012)

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Subprefeitura

de Itaquera

LEGENDA LIMITE SUBPREFEITURA LIMITE DISTRITO AV. DO CONTORNO LINHA FÉRREA AV. JACU PÊSSEGO RADIAL LESTE AV. ITAQUERA ÁREA DE INTERVENÇÃO

0

Figura 41. Subprefeitura de Itaquera - Divisão por distritos e vias estruturais Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

39

1 km


O impacto da chegada da estrada de ferro foi enorme, propiciando o transporte de seus moradores a outras regiões e das mercadorias produzidas em Itaquera para o centro de São Paulo (D'ANDREA, 2012 apud DELIAS, 2012). O comércio passou a se consolidar ao redor da estação. No entanto, observa-se o desenvolvimento de um modelo urbano desigual e segregado, onde afasta os locais de trabalho e moradia das classes mais baixas, tornando o deslocamento mais longo e demorado. As análises das imagens de satélite obtidas reforçam o fato de que o período de maior transformação do bairro ocorreu da década de 70 para 80 (guras 42 e 43), quando se iniciaram as obras da estação Corinthians Itaquera do Metrô e CPTM. Foi visto que os maiores investimentos na região envolveram obras viárias (gura 44), com novas aberturas, ligações e alargamento de vias. Com isso, verica-se a grande necessidade em conectar o bairro a outras regiões, visto que o desenvolvimento de oportunidades e equipamentos de infraestrutura não acompanhou o crescimento populacional da região.

1

1

1

5 4

6

4

3 3

5 2 2

7

2

Figura 42. Itaquera (Área do Figura 43. Itaquera (Área do Polo Institucional). Fonte: Polo Institucional). Fonte: Gegran, 1986 – SMDU Gegran, 1973 – SMDU

Figura 44. 2008 (Intervenções propostas). Fonte: SMDU

LEGENDA 1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

6 7

LEITO FERROVIÁRIO: ESTRADA DE FERRO CENTRAL DO BRASIL PEDREIRA ÁREA NÃO OCUPADA OBRAS DA ESTAÇÃO CORINTHIANS-ITAQUERA DO METRÔ E CPTM OBRAS DO PÁTIO DE MANOBRAS DO METRÔ

LIGAÇÃO AV. ÁGUIA DE HAIA – Av. Itaquera (Projeto Siurb) LIGAÇÃO AV. ITAQUERA – Av. Miguel Inácio Curi (Empreendimento Privado) NOVA VIA DE CONEXÃO NORTE SUL (Diretriz do PRE Itaquera) ADEQUAÇÕES NA AV. RADIAL LESTE E TRANSPOSIÇÃO EM DESNÍVEL DA AV. ADERVAN MACHADO ACESSIBILIDADE GERAL E FLUXO VIÁRIO INTERNO DA RODOVIÁRIA ALAGAMENTO DA AV. RADIAL LESTE BINÁRIO DA AV. ITAQUERA

40


POLO INSTITUCIONAL O projeto do Polo Institucional Itaquera (2008/2010) estruturou e previu novos usos para os espaços que contemplam o entorno da Arena Corinthians (gura 45). Entre 2011/2012 passou por uma revisão e compatibilização para a realização da Copa do Mundo 2014. O Polo Institucional Itaquera está sendo construído numa área próxima das estações Itaquera do Metrô e da CPTM e ao lado do Shopping Itaquera. A proposta junta a rodoviária, Fórum Regional da Justiça e o estádio de futebol Arena Corinthians, que sediou jogos da Copa do Mundo de 2014. Conta com um conjunto de escolas técnicas, pavilhão de exposições, centro de convenções, hotel e ainda laboratórios e incubadora do Parque Tecnológico de São Paulo – Leste. As unidades do Senai, da Fatec, da Etec e de uma escola técnica voltada à produção de eventos serão responsáveis pela formação de mão de obra qualicada na região.

Figura 45. Polo Institucional Itaquera Fonte: SMDU, adaptado pela autora sob imagem do Google Earth abril/2014 LEGENDA 1. Estação Corinthians Itaquera (Metrô/CPTM) 2. Poupatempo Itaquera 3. Shopping Metrô Itaquera 4. Arena Corinthians 5. Antiga Pedreira 6. Pátio de manobras do Metrô 7. Fórum 8. Rodoviária 9. FATEC (Faculdade de Tecnologia) e ETEC (Escola Técnica)

41

10. Senai 11. Centro de Convenções e Eventos 12. Batalhão da Polícia Militar 13. Obra Social Dom Bosco 14. Parque Linear do Rio Verde 15. Incubadora e Laboratórios para o Parque Ecológico da Zona Leste


COPA

DO

MUNDO 2014

MEGAEVENTO - NOVOS INVESTIMENTOS O bairro de Itaquera foi escolhido para sediar jogos da Copa do Mundo 2014, quando após diversas discussões e vistorias em estádios, a Federação Internacional de Futebol (FIFA), Confederação Brasileira de Futebol (CBF), governo e diretoria do Sport Club Corinthians, entraram em acordo de que a abertura da Copa seria realizada no estádio a ser construído. A escolha justicou-se com o argumento de que a Zona Leste é a região com a maior densidade populacional de São Paulo e requer um desenvolvimento rápido e intenso. As obras da Arena Corinthians foram iniciadas em maio de 2011 (gura 46), gerando um processo imediato de especulação imobiliária. Com a intensicação da especulação imobiliária nos arredores do estádio, fortes transformações ocorreram. Segundo Guilherme Boulos – coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) em entrevista concedida a MARTINS (2014), a demanda aumentou e com isso os preços dos imóveis. O mercado passou a propagar-se por regiões periféricas e, assim, houve a expulsão de locatários para regiões mais distantes. Arma que não foi a Copa que causou este processo, mas que agravou o problema, pois, os investimentos associados ao Mundial potencializaram a valorização imobiliária. No entanto, pode-se dizer que a supervalorização em Itaquera, ampliou o olhar das pessoas para os arredores, que por um tempo, não recebeu evidência no planejamento urbano. Na gura 47, as obras da construção da Arena aos fundos.

Figura 46. Polo Institucional - Antes

Figura 47. Polo Institucional - Depois

Foto: Meu Timão

Foto: Portal da Copa

42


HOSPITALIDADE URBANA Segundo DE LA HABA; SANTAMARÍA (2004, in: GRINOVER et al. 2009), não é possível falar de espaços hospitaleiros, nem de lugares hospitaleiros, mas de “usos e ocupações hospitaleiras do espaço”, o que revela o caráter hospitaleiro do espaço construído. Dias antes da abertura dos jogos da Copa do Mundo na Arena Corinthians, o entorno do estádio recebeu novas intervenções. Calçadas da av. Radial Leste, a principal via de acesso para o estádio, foram pintadas com as cores da bandeira pela Prefeitura de São Paulo. Também as paredes da COHAB de Itaquera, receberam pinturas em sete prédios que cederam suas fachadas para os desenhos. A medida visou tornar a paisagem local mais colorida e convidativa, principalmente, para os turistas, como nas gura 48 e 49. Por outro lado, apesar das discordâncias e intensas lutas populares, foi possível encontrar pelas ruas da região, intervenções feitas por moradores, demonstrando receptividade ao evento. Estas ações, possibilitam aproveitar o espaço público, utilizando-o como suporte para as intervenções, que criam identidade para os espaços urbanos, que se tornam lugar de demonstração cultural, como as que são vistas nas gura 50 e 51.

Figura 48. Muros da COHAB

Figura 49. Muros na Radial Leste

Foto: Sergio Gandolphi

Fonte: Isto é, Junho de 2014

Figura 50. Rua sendo pintada em Itaquera

Figura 51. Decoração verde e amarela

Foto: Renata Asp

Foto: Vander Ramos

43


CONCLUSÕES A realização dos jogos da Copa do Mundo na região atraiu as atenções da população para a existência de comunidades que nos planos ociais devem ser removidas do local para a ampliação de um parque linear, reforçando a ideia de MARICATO (1996) de que a “cidade ilegal” inexiste, frequentemente, para o planejamento urbano ocial. A tolerância pelo Estado, em relação à ocupação ilegal, pobre e predatória de áreas de proteção ambiental ou demais áreas públicas, por camadas populares, está longe de signicar, o que poderia ser argumentado, uma política de respeito aos carentes de moradia ou aos direitos humano, já que a população aí se instala, sem contar com nenhum serviço público ou obras de infraestrutura urbana. Em muitos casos os problemas de drenagem, risco de vida por desmoronamentos, obstáculos à instalação de rede de água e esgotos, torna inviável, ou extremamente cara, a urbanização futura. (MARICATO, 1996)

A maioria dos projetos de infraestrutura urbana apresentados, visaram atender as demandas entre aeroportos, hotéis e estádios, tornando evidente as prioridades deste planejamento, que não atende as reais necessidades da população residente e a falta de comunicação e transparência nas informações para com as comunidades locais. O visível contraste social na paisagem e a supervalorização pretendida com a construção do estádio e sua participação na Copa do Mundo 2014, evidenciam que enquanto essa maneira de planejar as cidades vigorar, a população que se instala irregularmente por sofrer com este padrão de desenvolvimento, será cada vez mais afastada e desconsiderada.

44


´

~ AREA DE INTERVENCAO JUSTIFICATIVA

Uma das áreas impactadas pela Copa do Mundo 2014 foi a região da Arena Corinthians, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Algumas das mudanças dessa área e o impacto gerado, leva a uma reexão a respeito das prioridades que o planejamento urbano deve considerar quando estabelece suas diretrizes. É de fundamental importância o cuidado com o espaço público. WATANABE (1991 apud WATANABE, 1995) arma que os equipamentos sociais e urbanos ocupam signicativamente o espaço urbano e interferem diretamente nas condições de vida da população, sendo em muitos casos, os únicos espaços onde se desenvolvem atividades coletivas, representando de forma prática o resultado das inúmeras lutas populares contra a distribuição desigual de benefícios de renda. A área escolhida, no distrito Cidade Líder em Itaquera, apresenta uma série de características que ilustram estas condições desiguais. Situada entre as margens do Córrego Guaiaúna e com uma ocupação desordenada, a presença de áreas residuais e ociosas é nítida. Em 2012 o Córrego sofreu com a poluição e teve suas águas tomadas por um despejo irregular de corantes (gura 52). Situações como esta são alarmantes e justicam a necessidade de se recuperar e preservar o curso d'água. Nesse contexto, o potencial de criar um sistema de espaços livres públicos será o partido do projeto de planejamento, garantindo o direito à moradia de todas as famílias atingidas. A seguir, na gura 53, está o mapa de localização da área.

Figura 52. Notícia sobre a poluição no Córrego Guaiaúna Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/vc-no-g1sp/noticia/2012/11/poluicao-deixa-corrego-comagua-colorida-na-zona-leste-de-sao-paulo.html

45


ARTUR ALVIM CORINTHIANS-ITAQUERA

Figura 53. Mapa de localização do entorno Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014


ITAQUERA

LEGENDA METRÔ TREM TERMINAL DE ÔNIBUS/ PÁTIO DE MANOBRAS SHOPPING PARQUE RIO VERDE POUPA TEMPO FATEC E ETEC COHAB ARENA CORINTHIANS AV. ITAQUERA R. DR. LUÍS AIRES RADIAL LESTE EIXO DE INTERVENÇÃO CÓRREGO GUAIAUNA RIO VERDE 0

500 m


ZONEAMENTO A área está localizada entre Zonas mistas de baixa densidade (ZM-1) e Zonas mistas de média densidade (ZM-2) - tabela 2. As Zonas Mistas, são as zonas constituídas pelo restante do território de Itaquera excluídas a Zona Predominantemente Industrial (ZPI), as Zonas Centralidades e Macrozona de Proteção Ambiental. São zonas com diversidade de uso e intensidade de aproveitamento do solo, sendo: ZM-1 – Zona Mista 1, onde se pretende incentivar o uso misto, residencial, comércio e serviços de pequeno porte, estabelecendo gabaritos de altura das edicações; ZM-2 — Zona Mista 2, onde se pretende incentivar o uso misto, residencial, comércio e serviços nas vias estruturais, estabelecendo gabaritos de altura das edicações.

Tabela 2. Características de aproveitamento, dimensionamento e ocupação dos lotes das Zonas Mistas. Fonte: PRE Itaquera Notas: (f) incluindo garagens e cobertura para autos (g) (largura da via + recuo frontal) / 2 (h) (largura da via + recuo frontal) / 1,5

As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) são demarcadas em dois tipos: ZEIS-1 e ZEIS-2, para quais são estabelecidas as seguintes diretrizes: I. Executar obras de saneamento básico e de infraestrutura urbana em áreas críticas; II. Promover a organização e a mobilização da comunidade visando à gestão dos planos de urbanização; III. Adequar os conjuntos habitacionais existentes de forma a integrá-los com o entorno e, quando houver, às medidas mitigadoras apontadas por EIA-RIMA e EIV-RIV. 48


ZEIS-1

ZEIS-2

1

IS-

ZE

ZEIS-2

0

Figura 54. Mapa de Zoneamento do perímetro de estudo Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

LEGENDA ZM-1 - ZONA MISTA DE BAIXA DENSIDADE

ZEIS-1 - ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL 1

ZM-2 - ZONA MISTA DE MÉDIA DENSIDADE ZEIS-2 - ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL 2

PARQUES E ÁREAS MUNICIPAIS

ÁREA DE INTERVENÇÃO

49

100 m


~ USO E OCUPACAO DO

SOLO

A área se caracteriza como uma zona predominantemente residencial (gura 55), com concentração de estabelecimentos comerciais nas Av. Itaquera e Av. Osvaldo Valle Cordeiro. Na Av. Osvaldo Valle Cordeiro há também uma instituição de ensino e uma unidade de saúde. Os condomínios residenciais verticais são encontrados apenas na Av. Itaquera e Rua Morubixaba. Também na Av. Itaquera podem ser vistos conjuntos habitacionais da Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB). Nas margens do córrego Guaiaúna, que beira a Av. Osvaldo Valle Cordeiro, há forte presença de galpões industriais, habitações irregulares e áreas residuais. Segundo dados do HABISP, nas margens do córrego estão as favelas Usina de Asfalto, Monteiro de Faria, Osvaldo Valle Cordeiro, Ponche Verde e Vilar do Paraíso. Existe ainda a presença de outras habitações em áreas próximas do córrego. Os espaços livres urbanos mais signicativos são em geral, áreas verdes sem uso especíco.

50


0

100 m

Figura 55. Mapa de Uso e Ocupação do Solo do perímetro de estudo Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

LEGENDA PREDOM. RESIDENCIAL (horizontal)

INDUSTRIAL

ÁREA DE INTERVENÇÃO

FAVELAS (segundo HABISP)

INSTITUCIONAL

CÓRREGO GUAIAÚNA

HABITAÇÕES EM ÁREA DE RISCO

COMÉRCIO E SERVIÇOS

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL (vertical)

SAÚDE

COHAB

ÁREA VERDE SIGNIFICATIVA

51


MOBILIDADE URBANA O transporte da área (gura 56) é estruturado a partir das avenidas principais – Av. Itaquera, Av. Líder, Av. Osvaldo Valle Cordeiro, Av. Gameleira Branca, seguindo pela Rua Morubixaba. A Av. Itaquera é a principal via de acesso ao metrô e trem. As linhas de ônibus se concentram nas Av. Itaquera e Av. Osvaldo Valle Cordeiro.

52


0

Figura 56. Mapa de Mobilidade Urbana do perímetro de estudo Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

LEGENDA AV. LÍDER

PONTO DE ÔNIBUS

AV. ITAQUERA

ÁREA DE INTERVENÇÃO

AV. OSVALDO VALLE CORDEIRO AV. GAMELEIRA BRANCA AV. ALZIRO ZARUR RUA MORUBIXABA

53

100 m


Situação atual MAIO, 2015 A seguir são dispostas algumas fotos da situação atual da área em que ca evidente a subutilização da área de intervenção, um grande vazio urbano. Bem próximo ao córrego, na Av. Osvaldo Valle Cordeiro, existe um estacionamento ao lado de um galpão na esquina com a Rua Pedro de Labatut (gura 57). Nas margens do córrego são vistas muitas áreas residuais (gura 58 e 59) e uma ponte que moradores da área utilizam para transpor o córrego e cortar caminho (gura 60). No dia do levantamento, enquanto algumas pessoas transitavam pela área, foi questionado sobre a falta de infraestrutura daquela área e a ausência de iluminação pública e segurança foram os principais fatos apontados. Seguindo para Rua Pedro de Labatut um dos pontos que chamam atenção é a vista da Av. Líder do outro lado da rua (guras 61 e 62). Nota-se também a proporção da área livre em relação ao entorno construído (guras 63 e 64). Ao lado da área existe ainda um lugar destinado para práticas esportivas de uma ONG chamada Projeto Povo da Periferia (gura 65). Nas fotos panorâmicas buscou-se mostrar a relação da paisagem entre o entorno e área de intervenção. Na gura 66 entre a Av. Itaquera e a área, na gura 67 a Av. Osvaldo Valle Cordeiro.

54


55


Figura 57. Área sendo utilizada como estacionamento Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 58. Condições atuais das margens do Córrego Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 59. Áreas residuais nas margens do córrego Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 60. Ponte para transposição do Córrego Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 61. Av. líder, vista da Rua Pedro de Labutat Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 62. Viela, vista da Rua Pedro de Labutat Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 63. Vista Rua Pedro de Labatut Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 64. Vista pela Rua Pedro de Labatut Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 65. Projeto Povo da Periferia Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 66. Vista panorâmica - Av. Itaquera Fonte: Autora, Maio de 2015

Figura 67. Vista Panorâmica - Av. Osvaldo Valle Cordeiro Fonte: Autora, Maio de 2015

56


66

ERA

U AV. ITAQ

R. PEDRO DE

LABATUT

63

62 61

65 64

AV. O SVAL DO

60 VALL E

COR D

EIRO

58 59 67

Figura 68. Localização da visita na área Fonte: Elaborado pela autora, sob base do Google Earth Pro 2014

57 R. M

ORU

BIXA

0

BA

100 m



3

PROJETO


O projeto parte da armação de TARDIN (2008) de que os espaços livres devem ser tratados como guias para a intervenção urbanística: Busca-se tratar o espaço livre como o guia da intervenção urbanística, dentro de territórios altamente urbanizados eles são os espaços que restam, é preciso enxerga-lo não como uma área não urbanizada, mas sim como um agente ativo da construção do território. (TARDIN, 2008)

Para chegar aos primeiros estudos foi necessária uma leitura cuidadosa do lugar, não somente de suas características físicas atuais, mas, sobretudo sua dinâmica durante a história e seu processo de ocupação. As necessidades cam evidentes nos diagnósticos obtidos e a análise da temática da proposta reforça a importância dos espaços públicos e vida coletiva nas cidades. As intervenções propostas contemplam as ocupações que atualmente estão em áreas de risco, com reassentamentos e liberação das margens do Córrego Guaiaúna. Para estas áreas estão previstos espaços de lazer e uso público. Assim, as áreas verdes passam a ser agentes catalizadores das intervenções, com integração das áreas institucionais existentes, espaços públicos a serem criados, obras de saneamento ambiental, reordenação das áreas industriais, melhoria no sistema viário e provisão habitacional. As famílias a serem removidas dos loteamentos devem ser reassentadas em construções implantadas junto aos espaços livres criados. A proposta visa fortalecer os potenciais urbanísticos da área, estabelecendo diretrizes e. estratégias para solucionar os décits diagnosticados.

60


DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO A principal diretriz para intervenção foi partir dos espaços livres públicos como estruturadores do projeto, visando atender diferentes escalas: RUA – Demandas de uso local; BAIRRO – Equipamentos de uso cotidiano; CIDADE – Equipamentos que concentrem o maior número de pessoas. PROBLEMÁTICAS x Áreas livres sem uso especíco; x Áreas residuais nas margens do Córrego; x Desconexão; x Falta de infraestrutura; x Habitações irregulares; x Forte presença de galpões e depósitos nas margens do córrego. POTENCIALIDADES + Espaços públicos ativos; + Recuperação do córrego e preservação ambiental; + Conexão de vias na escala do pedestre; + Áreas de convívio e equipamentos de lazer; + Reurbanização de assentamentos precários; + Reestruturação dos galpões.

61


PROCESSO

ESTUDOS INICIAIS A partir das diretrizes urbanas traçadas, foram realizados diversos ensaios projetuais para a área, englobando os principais eixos de relação e conexão para o projeto (gura 69 e 70). Desde o princípio, as ideias partiram de estruturar a área a partir de seus espaços livres e interligar as vias de acesso, que atualmente são desconexas e dota-la de infraestrutura, com equipamentos públicos de lazer e convívio. Para auxiliar no processo de entendimento do local, foi feita uma maquete de estudos (gura 71) da área em que está sendo proposta a implantação do Parque Urbano. Esta área, sofre com um desnível de 45 metros, sendo o ponto mais alto na Av. Itaquera e o mais baixo na Av. Osvaldo Valle Cordeiro, onde passa o Córrego Guaiaúna. No desenvolvimento do projeto, o Parque foi estruturado inicialmente como um eixo único de caminho, com grandes decks de parada para estar e lazer. No entanto, para aproveitar as partes mais planas da área, o eixo único foi desmembrado.

Figura 69. Croquis - Ideias iniciais e processo Fonte: Autora

62


PRESERVAÇÃO

CINEMA AO AR LIVRE

área consolidada

CULTURA PRESERVAÇÃO

favela

TRANSPOSIÇÃO

QUADRA POLIESPORTIVA

ÁREA PARA FEIRAS

HIS

favela

INFRAESTRUTURA

área consolidada

PRESERVAÇÃO

TRANSPOSIÇÃO HIS

favela PRESERVAÇÃO

área consolidada

Figura 70. Diagramas conceituais do projeto durante o 9° semestre Fonte: Autora

Figura 71. Maquete topográca da área Fonte: Autora

63

PRESERVAÇÃO



^ REFERENCIAS

PROJETUAIS


BATISTINI SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

PEABIRU 2014

O projeto de urbanização da Peabiru para os assentamentos Batistini é uma referência importante, que inclui uma série de propostas envolvendo habitações, comércio, equipamentos comunitários, recuperação ambiental, regularização fundiária e desenvolvimento social. Como mostra a gura 76 algumas remoções foram necessárias para a viabilização do projeto, mas, todas habitações e equipamentos retirados foram repostos na nova estruturação da área. O projeto prevê ainda a criação de três novas praças: Praça da Memória: é um talvegue com recuperação ambiental onde havia uma das nascentes encaminhando as águas pluviais para drenagem subterrânea (gura 72); Praça do Olho D'água: o córrego canalizado ca a céu aberto neste trecho (gura 73); Praça Institucional: articula os novos equipamentos comunitários e abriga uma arquibancada para o campo de futebol e uma pista de skate (gura 74) e espaços de convívência (gura 75).

Figura 72. Praça da Memória Fonte: peabirutca.org.br/?painel_projetos=batistini

Figura 73. Praça do Olho D’água Fonte: peabirutca.org.br/?painel_projetos=batistini

Figura 74. Praça Institucional Fonte: peabirutca.org.br/?painel_projetos=batistini

Figura 75. Espaços de convivência Fonte: peabirutca.org.br/?painel_projetos=batistini

66


Figura 76. Planta de remoções e Implantação Fonte: peabirutca.org.br/?painel_projetos=batistini

67


ESPAÇO PÚBLICO TEATRO LA LIRA RIPOLI, GIRONA, ESPANHA

RCR Arquitectes + PUIGCORBÉ arquitectes 2011

Um grande vazio surgiu no bairro, após a demolição do Teatro la Lira em Ripoli em frente ao Rio Ter (gura 77). Este vazio, que possui vocação para uma praça, teve como partido manter o espíritodo teatro, transformando-se em uma praça coberta, com terraço sobre o rio, mirando a paisagem da cidade. O projeto parte do traçado irregular do lugar, ocupando o espaço atrás das muralhas antigas próximo ao rio e agrega a trama de aço que ltra luz, ar e vegetação, permitindo a vedação lateral de vidro que se prolonga à passarela, opaca em um dos lados, permitindo a visão da água (gura 78). Na gura 79, o mobiliário integrado ao desenho da passarela.

Figura 77. Implantação do projeto Fonte: archdaily.com.br/br/01-137758/espaco-publico-teatro-la-lira-slash-rcr-arquitectes-plus-puigcorbe -arquitectes

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Figura 78. Espaço público Teatro La Lira Fonte: archdaily.com.br/br/01-137758/espaco-publico-teatro-la-lira-slash-rcr-arquitectes-pluspuigcorbe-arquitectes

Figura 79. Mobiliário integrado ao desenho da passarela Fonte: archdaily.com.br/br/01-137758/espaco-publico-teatro-la-lira-slash-rcr-arquitectes-pluspuigcorbe-arquitectes

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Figura 80. Plantas do projeto Fonte: archdaily.com.br/br/01-137758/espaco-publico-teatro-la-lira-slash-rcr-arquitectes-plus-puigcorbe -arquitectes

70


Figura 81. Cortes e detalhes estruturais Fonte: archdaily.com.br/br/01-137758/espaco-publico-teatro-la-lira-slash-rcr-arquitectes-plus-puigcorbe -arquitectes

71


TIQUATIRA 2 SÃO PAULO-SP

CONCURSO RENOVA SP 2011

A proposta visou criar uma articulação, que partiu do viário existente de transportes, praças, áreas a serem preservadas e equipamentos urbanos, para propor um sistema de espaços livres. Com a implantação do parque, além dos equipamentos propostos, os riscos ambientais existentes foram minimizados. O plano de intervenções (gura 82) prevê conjuntos de reassentamentos, parque linear, conjunto condominial, uma grande praça e espaços livres para preservação da nascente do rio.

72


Figura 82. Projeto Fonte: Concurso Renova SP

73


FASE 1

Figura 83. Fases do projeto Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

0

100m


FASE 2

FASE 3


0

100m

Figura 84. Diretrizes para o plano de reurbanização Córrego Guaiaúna Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

20.076 m²

ZEIS-2

ZEIS-2 Zona Especial de Interesse Social

ÁREA TOTAL DO TERRENO

= aprox. 400 unidades habitacionais

ÁREA DISPONÍVEL PARA LOTEAR

Cálculo para provisão habitacional: ÁREA DO TERRENO = 30.886 m² ÁREA DISPONÍVEL PARA LOTEAR (recuo, viário, lazer, institucional): 65 % = 20.076 m² METRAGEM MÉDIA DE HIS VERTICALIZADA: 50 m² QUANTIDADE MÁXIMA DE HABITAÇÕES: 20.076 / 50 m² = aprox. 400 unidades habitacionais

Figura 85. Diretrizes para os reassentamentos Fonte: Elaborado pela autora

76


REASSENTAMENTOS MORADIAS ATINGIDAS

Assim como arma SANTOS (2005), o próprio poder público estimula a produção de espaços vazios dentro das cidades e “empurra a maioria da população para as periferias”, que não dotadas da infraestrutura adequada, geram longos percursos de deslocamento para áreas de trabalho e lazer. Dessa forma, a proposta é unir a necessidade dos reassentamentos e estímulos ao comércio, serviço e áreas de lazer, conforme gura 84. Habitações irregulares e insalubres ocupam áreas perigosas, com acesso difícil e córrego degradado correndo em suas áreas baixas. O mecanismo de atuação para os reassentamentos será feito de duas formas: remoção das moradias irregulares e em áreas de risco para área prevista como ZEIS-1 no Plano Regional Estratégico e obras de adequação e melhorias habitacionais nas áreas consolidadas. O levantamento das famílias atingidas foi feito a partir das demarcações do HABSIP e contagem das moradias, conforme tabela 3 e na próxima página, o mapeamento das moradias (gura 86). DADOS DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

IDENTIFICAÇÃO DO ASSENTAMENTO

PROVISÃO NECESSÁRIA AOS REASSENTAMENTOS

Tabela 3. Levantamento das moradias atingidas para reassentamento Fonte: Elaborado pela autora, adaptada de Renova SP, a partir de dados do HABISP

As diretrizes para provisão habitacional são de aproximadamente novas 400 unidades habitacionais (gura 85), para reassentamentos das famílias atingidas, podendo ser estruturada por 5 edifícios de 10 pavimentos, contendo 8 unidades cada pavimento.

77


MONTEIRO DE FARIA

USINA DE ASFALTO

OSVALDO VALLE CORDEIRO

FAVELAS (dados HABISP) HABITAÇÕES EM ÁREA DE RISCO

Figura 86. Moradias atingidas para reassentamento Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

0

100m


ZEIS-1

VILAR DO PARAÍSO


EQUIPAMENTOS URBANOS

PARQUE LINEAR

FACHADA ATIVA PARA CÓMERCIOS E SERVIÇOS

Figura 87. Estratégias propostas Fonte: Plano Regional Estratégico de São Paulo, adaptado pela autora

80


SISTEMA VIARIO ´

VIAS ESTRUTURAIS E VIAS PROPOSTAS Partindo do viário existente, pretende-se criar uma articulação entre os espaços e vias de maior uxo de pedestres, tendo como eixos estruturais a Av. Itaquera e Av. Osvaldo Valle Cordeiro. Propõe-se melhorias em 0,23 km da Rua Monteiro de Faria, que atualmente é a via de acesso à Favela Monteiro de Faria e a continuação em 0,1 km da Rua Ponche Verde para conexão com a Rua Mucurepe. Próximo da atual Favela Vilar do Paraíso, propõ-se a criação de uma via para articular o percurso do parque. Estas intervenções são importantes para o uso local da população, que utiliza destes acessos nas condições atuais e servirão de conexão para o sistema de espaços livres proposto. Na tabela 4 estão descritos os perímetros e quilometragem do sistema viário estrutural e proposto e na próxima página, o mapeamento da implantação (gura 88).

Tabela 4. Sistema viário estrutural e proposto Fonte: Elaborado pela autora

81


0,23 km

1,30

AV. ITAQUERA AV. OSVALDO VALLE CORDEIRO RUA MORUBIXABA VIA A MELHORAR VIAS A CONSTRUIR

Figura 88. Sistema viรกrio estrutural e proposto Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

0

100m

km


1,70 km

0,1 km

m

1k

0,1

95

0, km


SISTEMA DE ESPACOS LIVRES PARQUE LINEAR GUAIAÚNA O perímetro de intervenção do Córrego Guaiaúna possui 2 km de extensão. O sistema de espaços livres proposto visa recuperar as áreas verdes degradadas e o córrego, promover a integração com os espaços livres criados, através de caminhos verdes e implantação de equipamentos públicos. Para a reestruturação dos usos e áreas livres nas margens do córrego, foram adotadas as exigências do Código Florestal², que estabelece a distância de proteção de 30 metros, para os cursos d'água naturais de menos de 10 metros de largura. As calçadas, foram ampliadas para 5 metros de largura, permitindo valorizar a escala do pedestre e os percursos de passeio. Na gura 89 estão as denições segundo o Plano Regional Estratégico de São Paulo, das estratégias articuladas ao novo sistema de espaços livres e áreas verdes proposto. PARQUE URBANO área verde na zona urbana com estruturas e equipamentos voltados ao lazer e à fruição ESPAÇOS LIVRES E ÁREAS VERDES: PARQUE LINEAR sistema de espaços fundamentais para a vida urbana, desempenhando importante papel para biodiversidade, paisagem e práticas de lazer e sociabilidade

áreas verdes associadas aos cursos d'água

PRAÇA espaço livre voltado à convivência e atividades de lazer

Figura 89. Instrumentos urbanísticos utilizados na proposta Fonte: Plano Diretor Estratégico de São Paulo, adaptado pela autora

² Atualizado pela Lei nº 12.727/12 84


ATIVIDADES

OS ESPAÇOS E A VIDA COLETIVA A distribuição e denição das atividades ao longo do sistema de espaços livres levou em consideração os usos espontâneos de cada área especíca. A partir dos diagnósticos, foram detectados os seguintes usos: Parquinho com poucos equipamentos e bancos, comércio ambulante e feiras. Bem próximo às margens do córrego, feirantes aproveitam os espaços livres existentes para montagem das tendas (gura 90). A proposta visa estimular que os espaços possam exercer diversas funções, inclusive, para montagens temporárias. A praça existente apresenta poucos mobiliários e equipamentos recreativos (gura 91). O diagrama de atividades representado na gura 92, é um sistema pensado em atender às demandas de uso local e também, para se tornar um polo importante para a cidade.

Figura 90. Feira próxima do córrego

Figura 91. Praça e comércio ambulante

Fonte: Imagem Google Earth Pro fev./2011

Fonte: Imagem Google Earth Pro fev./2011

PASSEIO RECUPERAÇÃO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

ESPAÇOS DE CONVÍVIO EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS

ESCOLAS EQUIPAMENTOS RECREATIVOS SAÚDE

PROVISÃO HABITACIONAL

COMÉRCIO E SERVIÇOS

MELHORIAS HABITACIONAIS

ÁREA PARA FEIRAS

Figura 92. Diagrama de atividades propostas Fonte: Elaborado pela autora

85


765

A

765

775

765

A

B

775

A

775

CALÇADA PISO ÁREA VERDE DE PROTEÇÃO Figura 93. Implantação geral Sistema de Espaços Livres Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

1:5000


815

805

800

795

790

785

785

780

*8$,$Ã’

1$

775

C

785

C

790

795

795

810


A A

MIRANTE ÁREA PARA PIQUENIQUE POSTO DE SAÚDE (EXISTENTE/MANTIDO) ESCOLAS (EXISTENTE/MANTIDO) PRESERVAÇÃO DAS MARGENS CÓRREGO PASSEIO COMÉRCIO SERVIÇOS MORADIAS (EXISTENTES/MANTIDAS) PROVISÃO HABITACIONAL EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS GALPÕES PARA USOS SOCIOCULTURAIS

Figura 94. Proposta de atividades Fonte: Elaborado pela autora, sob imagem do Google Earth Pro abril/2014

1:5000


*8$,$Ã’

1$


0

CORTE AA

0

CORTE BB

90

5m

5m


0

CORTE CC

0

CORTE DD

91

5m

5m



~

CONSIDERACOES FINAIS Para além dos ns acadêmicos, este Trabalho Final de Graduação teve como objetivo ser uma síntese dos aprendizados tidos durante os últimos 5 anos e uma singela contribuição à discussão acerca da importância dos espaços públicos na cidade, sobretudo, no que tratamos como cidade informal. Todo referencial teórico foi estruturado para dar embasamento à justicativa do projeto, que mais do que ser uma proposta de intervenção, teve como objetivo ser uma reexão sobre a forma de se planejar as cidades. Com o desenvolvimento do trabalho, assumir uma postura entre o planejar e o projetar, foi necessária para que a compreensão e atendimento das reais necessidades da área fossem atendidas. Dessa forma, o planejamento urbano foi uma ferramenta necessária e indispensável durante todo o processo. Diante das intensas transformações em Itaquera, a proposta se mostra como uma alternativa, em que a população atingida é considerada integralmente ao projeto. Além das diversas funções que os espaços públicos possam exercer, ressalta-se sua função social. Vivemos um modelo de cidade difusa e dispersa. Pensar em um desenvolvimento menos fragmentado e que aproxima moradia, trabalho e lazer nas áreas mais necessitadas é o caminho para uma cidade mais equilibrada e funcional.

93


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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABRAHÃO, Sérgio Luís. Espaço público: do urbano ao político. Annablume Editora, 2008. ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. Senac, 2008. D'ELIAS, J. A Copa do Mundo é nossa? Diretrizes para o reassentamento das famílias atingidas pelas obras da Copa de 2014 em Itaquera. Trabalho Final de Graduação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Tradução Anita Di Marco, São Paulo: Perspectiva, 2013. GRINOVER, L. A hospitalidade na perspectiva do espaço urbano. Revista Hospitalidade, Revista Hospitalidade. São Paulo, ano VI, n. 1, p. 04-16, jan.-jun. 2009. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Martins Fontes, 2000. MACEDO, Silvio Soares; ROBBA, Fabio. Praças brasileiras. São Paulo: EDUSP, 2002. MACEDO, Silvio Soares; SAKATA, Francine Gramacho. Parques urbanos no Brasil. In: Coleção Quapa. Edusp, 2002. MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade, desigualdade e violência. Editora Hucitec, 1996. MARTINS, M. O maior legado da Copa foi a especulação imobiliária. Carta Capital. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sociedade/201co-maior-legado-da-copa-foi-a-especulacaoimobiliaria201d-463.html> Acesso em 14 ago. 2014. QUEIROGA, Eugenio Fernandes. A megalópole e a praça: o espaço entre. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. ROLNIK, Raquel. O lazer humaniza o espaço urbano. LAZER numa sociedade globalizada: Leisure in a globalized society, p. 179-184, 2000. SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. Edusp, 2005. SCIFONI, Simone. Parque do Povo: um patrimônio do futebol de várzea em São Paulo. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 21, n. 2, p. 125-151, 2013. SEGAWA, Hugo M. Ao amor do público: jardins no Brasil. FAPESP, 1996. TARDIN, Raquel. Espaços livres: sistema e projeto territorial. 7Letras, 2008. WATANABE, Mayumi. Arquitetura e Educação. São Paulo: Studio Nobel: 1995.

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INDICE DE FIGURAS FIGURA 1 - Pg. 17 Ágora Grega (Ilustração) FIGURA 2 - Pg. 17 Fórum Romano (Ilustração) FIGURA 3 - Pg. 18 Plaza Mayor, Madrid/Espanha FIGURA 4 - Pg. 18 Plaza Mayor, Madrid/Espanha FIGURA 5 - Pg. 18 Piazza del Campo, Siena/Itália FIGURA 6 - Pg. 18 Piazza del Campo, Siena/Itália FIGURA 7 - Pg. 19 Place des Vosges, Paris/França FIGURA 8 - Pg. 19 Place des Vosges, Paris/França FIGURA 9 - Pg. 19 Times Square, Nova York/EUA FIGURA 10 - Pg. 19 Times Square, Nova York/EUA FIGURA 11 - Pg. 20 Igreja de São Pedro, Recife/PE FIGURA 12 - Pg. 20 Adro da Igreja de São Pedro FIGURA 13 - Pg. 21 Praça Jardim – Praça Costa Pereira, Vitória/ES FIGURA 14 - Pg. 21 Praça Azul – Praça da Liberdade, Belo Horizonte/MG FIGURA 15 - Pg. 21 Praça Seca – Largo do Pelourinho, Salvador/BA FIGURA 16 - Pg. 22 Praça da Liberdade, Belo Horizonte/MG FIGURA 17 - Pg. 22 Praça da Liberdade, Belo Horizonte/MG FIGURA 18 - Pg. 22 Praça Santos Dumont, Goiânia/GO FIGURA 19 - Pg. 22 Praça Santos Dumont, Goiânia/GO FIGURA 20 - Pg. 22 Praça Belmar Fidalgo, Campo Grande/MS


FIGURA 21 - Pg. 22 Praça Belmar Fidalgo, Campo Grande/MS FIGURA 22 - Pg. 25 Campinho de Futebol em Itaquera, Zona Leste de são Paulo FIGURA 23 - Pg. 26 Atividades de apropriação do espaço público durante o SeNEMAU Floripa 2014 FIGURA 24 - Pg. 26 Atividades de apropriação do espaço público durante o SeNEMAU Floripa 2014 FIGURA 25 - Pg. 26 Atividades de apropriação do espaço público durante o SeNEMAU Floripa 2014 FIGURA 26 - Pg. 26 Vivência nos espaços públicos durante o SeNEMAU Floripa 2014 FIGURA 27 - Pg. 26 Vivência nos espaços públicos durante o SeNEMAU Floripa 2014 FIGURA 28 - Pg. 26 Vivência nos espaços públicos durante o SeNEMAU Floripa 2014 FIGURA 29 - Pg. 28 Bosque Rodrigues Alves, Belém/PA FIGURA 30 - Pg. 28 Bosque Rodrigues Alves, Belém/PA FIGURA 31 - Pg. 28 Parque do Ibirapuera, São Paulo/SP FIGURA 32 - Pg. 28 Parque do Ibirapuera, São Paulo/SP FIGURA 33 - Pg. 28 Parque da Juventude, São Paulo/SP FIGURA 34 - Pg. 28 Parque da Juventude, São Paulo/SP FIGURA 35 - Pg. 31 12 critérios de qualidade com respeito à paisagem do pedestre FIGURA 36 - Pg. 34 Localização da área de intervenção na Região Metropolitana de São Paulo FIGURA 37 - Pg. 36 Distribuição da população no município de São Paulo por década FIGURA 38 - Pg. 36 Concentração dos empregos formais em São Paulo (2000) FIGURA 39 - Pg. 37 Mapa de São Paulo – Divisão por Subprefeituras FIGURA 40 - Pg. 38 Transformação urbana em Itaquera – Crescimento ocupacional FIGURA 41 - Pg. 39 Subprefeitura de Itaquera – Divisão por distritos e vias estruturais FIGURA 42 - Pg. 40 Itaquera (Área do Polo Institucional) 1973


FIGURA 43 - Pg. 40 Itaquera (Área do Polo Institucional) 1986 FIGURA 44 - Pg. 40 2008 (Intervenções propostas) FIGURA 45 - Pg. 41 Polo Institucional Itaquera FIGURA 46 - Pg. 42 Polo Institucional – Antes FIGURA 47 - Pg. 42 Polo Institucional – Depois FIGURA 48 - Pg. 43 Muros da COHAB FIGURA 49 - Pg. 43 Muros na Radial Leste FIGURA 50 - Pg. 43 Rua sendo pintada em Itaquera FIGURA 51 - Pg. 43 Decoração verde e amarela FIGURA 52 - Pg. 45 Notícia sobre a poluição no Córrego Guaiaúna FIGURA 53 - Pg. 46 Mapa de localização do entorno FIGURA 54 - Pg. 49 Mapa de Zoneamento do perímetro de estudo FIGURA 55 - Pg. 51 Mapa de Uso e Ocupação do Solo do perímetro de estudo FIGURA 56 - Pg. 53 Mapa de Mobilidade do perímetro de estudo FIGURA 57 - Pg. 56 Área sendo utilizada como estacionamento FIGURA 58 - Pg. 56 Condições atuais das margens do Córrego FIGURA 59 - Pg. 56 Áreas residuais nas margens do Córrego FIGURA 60 - Pg. 56 Ponte para transposição do Córrego FIGURA 61 - Pg. 56 Av. Líder, vista da Rua Pedro de Labatut FIGURA 62 - Pg. 56 Viela, vista da Rua Pedro de Labatut FIGURA 63 - Pg. 56 Vista Rua Pedro de Labatut FIGURA 64 - Pg. 56 Vista pela Rua Pedro de Labatut


FIGURA 65 - Pg. 56 Projeto Povo da Periferia FIGURA 66 - Pg. 56 Vista panorâmica – Av. Itaquera FIGURA 67 - Pg. 56 Vista panorâmica – Av. Osvaldo Valle Cordeiro FIGURA 68 - Pg. 57 Localização da visita na área FIGURA 69 - Pg. 62 Croquis – Ideias iniciais e processo FIGURA 70 - Pg. 63 Diagramas conceituais do projeto FIGURA 71 - Pg. 63 Maquete topográca da área FIGURA 72 - Pg. 66 Praça da Memória FIGURA 73 - Pg. 66 Praça do Olho D'água FIGURA 74 - Pg. 66 Praça Institucional FIGURA 75 - Pg. 66 Espaços de convivência FIGURA 76 -Pg. 67 Planta de remoções e Implantação FIGURA 77 - Pg. 68 Implantação do projeto FIGURA 78 - Pg. 69 Espaço público Teatro La Lira FIGURA 79 - Pg. 69 Mobiliário integrado ao desenho da passarela FIGURA 80 - Pg. 70 Plantas do projeto FIGURA 81 - Pg. 71 Cortes e detalhes construtivos FIGURA 82 - Pg. 73 Projeto FIGURA 83 - Pg. 74 Fases do projeto FIGURA 84 - Pg. 76 Diretrizes para o plano de reurbanização Córrego Guaiaúna FIGURA 85 - Pg. 76 Diretrizes para os reassentamentos FIGURA 86 - Pg. 78 Moradias atingidas para reassentamento


FIGURA 87 - Pg. 80 Estratégias propostas FIGURA 88 - Pg. 82 Sistema viário estrutural e proposto FIGURA 89 - Pg. 84 Instrumentos urbanísticos utilizados na proposta FIGURA 90 - Pg. 85 Feira próxima do córrego FIGURA 91 - Pg. 85 Praça e comércio ambulante FIGURA 92 - Pg. 85 Diagrama de atividades propostas FIGURA 93 - Pg. 86 Implantação geral Sistema de Espaços Livres FIGURA 94 - Pg. 88 Proposta de atividades

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INDICE DE TABELAS TABELA 1 - Pg. 21 Função social das praças TABELA 2 - Pg. 48 Características de aproveitamento, dimensionamento e ocupação dos lotes das Zonas Mistas TABELA 3 - Pg. 76 Levantamento das moradias atingidas para reassentamento TABELA 4 - Pg. 81 Sistema viário estrutural e proposto





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