REVISTA BRASIL-PORTUGAL NO CEARÁ JUL-AGO-SET-2010

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Presidente da ADIT Brasil fala sobre mercados imobiliário e turístico

A reflexão das relações entre Brasil e Portugal

Bacalhau: a tradição vinda dos mares coloniais

BRASILPORTUGAL NO CEARÁ

Ano II - # 4 - Julho-Agosto-Setembro de 2010

UM NOVO TURISMO PARA O CEARÁ INAUGURAÇÃO DOS RESORTS VILA GALÉ CUMBUCO E DOM PEDRO LAGUNA COLOCAM O CEARÁ EM POSIÇÃO PRIVILEGIADA NA CONQUISTA DE NOVO PERFIL DE TURISTA Jul-Ago-Set 2010 1


2 Brasil-Portugal no Cearรก


nesta edição

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eleições Com a reeleição do empresário Roberto Macêdo, a Fiec aposta na ampliação do comércio internacional e no fortalecimento da indústria para gerar mais divisas

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gestão Experiências culturais e econômicas marcam a terceira edição da Missão Brasil-Portugal e fazem parte da geração de grandes negócios

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investimento O Vila Galé Cumbuco e o Dom Pedro Laguna entram em operação neste semestre e já estão aptos a receber a nova demanda de turistas

breves

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editorial Braços dados em prol de resultados positivos

negócios III Missão Brasil-Portugal

história Relações entre Portugal e Brasil: tanto a navegar!

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entrevista Abrindo portas para o Brasil

informecial Banco do Nordeste

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política Repensando o Ceará

Acordo ortográfico: igual na pronúncia, diferente na escrita

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espaço ibef

evento Ceará Pão

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página econômica A agricultura familiar e modelos de desenvolvimento sustentável

com Felipe Cavalcante, presidente da ADIT Nordeste

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informecial Aquiraz Riviera

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gestão De olho no futuro

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informecial V Seminário SEP de Logística e Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste

feira Facim 2010

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investimento Paraíso cearense

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40

diplomas Diálogo intercultural

página jurídica Os desafios do Brasil para a Copa de 2014

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gastronomia Sabor que transcende os mares

informecial Martifer

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cultura Dicas de livros

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agenda

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acordos Relações internacionais

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informecial Vivo

internacionalização Mercado em expansão

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consulado

CBP-CE estimula Inscrição Consulares

breves | notícias

Visando uma plena integração dos lusitanos residentes no Ceará à comunidade em que estão inseridos, a Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) tem estimulado seus associados a realizar suas respectivas Inscrições Consulares. Além de auxiliar a campanha do ViceConsulado de Portugal em Fortaleza – que com o processo tem como acompanhar o fluxo de residentes lusitanos em terras alencarinas –, o ato da Inscrição Consular também beneficia os próprios inscritos com uma série

de facilidades e serviços. Para fazer a inscrição é preciso ter em mãos: bilhete de identidade português; passaporte (não obrigatório); uma fotografia tipo passe, atual e em cores (3,5cm x 4,5cm); certidão de nascimento (válida) ou certificado de nacionalidade portugueses (para os menores de 10 anos que não possuam Bilhete de Identidade). SERVIÇO: Mais informações no Vice-Consulado de Portugal em Fortaleza (Av. Santos Dumont, 2727, Sala 506), pelo fone (85) 3261 7420, das 8h30 às 12h30, ou pelo email fortaleza@mne.pt

navegação

Acadêmico português lança projeto antropológico na Amazônia O professor, escritor e navegador português Antonio Abreu Freire está à frente do projeto “Via Amazônia”, com o objetivo de estudar as componentes históricas e recentes da descoberta e da interação humana pelo espaço da bacia amazônica, desde as sucessivas ocupações pelas nações indígenas ancestrais até a realidade dos tempos atuais. O fio condutor da investigação será o dos périplos

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que, a partir do século XVI, revelaram aos povos do velho mundo, um mundo novo até então inimaginável. Desde Francisco Orelhana até Oswaldo Cruz, dezenas de aventureiros, missionários, militares, cientistas e investidores dedicaram coragem, conhecimento, capital e muitos anos de vida à descoberta e desenvolvimento em um dos últimos recantos verdes do planeta a ser revelado.

A entidade organizadora do projeto é a Associação Científica e Cultural Navegantes de Saturno com a colaboração de outras instituições e universidades de Portugal e Brasil. Para tornar o projeto possível, foi adquirido um veleiro de 22 metros que já está sendo equipado para a primeira viagem de estudos entre 2011 e 2013 e servirá para outras iniciativas do gênero. A preparação do trabalho prevê a estruturação das questões técnicas (preparação do barco), científicas (biblioteca de referência e meios de investigação), divulgação (criação de sites e ferramentas de comunicação) e construção das equipes de pesquisa. A previsão é que o veleiro possa atravessar o Atlântico rumo ao norte do Brasil em novembro de 2011, dando início à viagem pelo espaço amazônico, a partir de Belém (PA), com duração entre 18 e 22 meses. Em 2014, está prevista a edição dos dois principais documentos de divulgação resultantes do Projeto: um álbum ilustrado e um filme de longa metragem, ambos editados em cinco línguas.


reconhecimento

IBEF-CE premia empresários que apostam na geração de emprego e renda O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (IBEF-CE) entregou no último dia 21 de setembro, no Hotel Gran Marquise, em Fortaleza, o prêmio Executivo de Finanças do Ano, que confere ao vencedor o troféu “O Equilibrista”. O evento foi prestigiado por personalidades do cenário político e empresarial cearense. A abertura da cerimônia contou com um breve discurso do presidente do IBEF-Ceará, Sérgio Melo, seguida

por palestra proferida pelo presidente do Instituto Atlântico, Paulo Rabello de Castro, que teve como tema “O que esperar do Brasil no pós Lula”. A premiação contemplou com o prêmio Empresa Padrão 2009 o grupo M. Dias Branco, que tem como controlador o empresário Ivens Dias Branco, sócio da Câmara BrasilPortugal no Ceará. O grupo recebeu o maior número de votos dos filiados ao IBEF. A homenagem foi entregue por Sérgio Melo e recebida pelo Diretor de Relações com Investidores da M. Dias Branco, Álvaro de Paula. Outro destaque da noite foi o empresário Beto Studart, que está à frente do Grupo Empresarial BSPar, e com negócios em tecnologia da informação, finanças, mercado imobiliário e tecnologia médica. O empresário foi o escolhido para receber o troféu Equilibrista.

Acima, o diretor de Relações com Investidores da M. Dias Branco, Álvaro de Paula, e o empresário Beto Studart recebem o prêmio das mãos do presidente do IBEF-CE, Sérgio Melo. Ao lado, o presidente do Instituto Atlântico, Paulo Rabello de Castro; o empresário Beto Studart; o presidente do IBEF-CE, Sérgio Melo; e o diretor de Relações com Investidores da M. Dias Branco, Álvaro de Paula

novidades

Câmara Brasil-Portugal no Ceará: novos sócios e novos serviços Com o objetivo de melhor atender seus associados, que a cada mês crescem em número e variedade, a Câmara Brasil-Portugal no Ceará disponibilizará em breve seu Cartão de Identificação do Associado. O documento, que carrega informações sobre o associado e o identifica como tal, também concederá uma série de vantagens ao seu usuário/portador, entre elas descontos na aquisição de bens e serviços junto a parceiros credenciados. Com arte elaborada pela SG Propag, o Cartão de Identificação do Associado será distribuído até dezembro entre os associados da CBP-CE. Conheça os recém-associados à Câmara:

Advocacia - Carlos Alberto Cavalcante Bandeira Agronegócios e Alimentos - Natucoco Comércio Atacadista de Água de Coco Ltda. Consultoria e Assessoria - Rodrigo Santos de Melo Imóveis - Júlio de Sá Guedes Pinto Pesquisa e Extensão - Ângela Maria Matos Mesquita Jul-Ago-Set 2010 5


vinhos

breves | notícias

Domaine Montes Claros apresenta o Festival de Vinhos 2011 O Festival de Vinhos é muito mais do que uma simples feira. Com um formato amplo e diferenciado, o evento permite ao público formador de opinião não apenas provar diferentes rótulos, mas possibilita ainda aos apreciadores uma oportunidade rara de conhecer e conversar pessoalmente com enólogos e proprietários de vinícolas, muitos deles considerados verdadeiras “celebridades do mundo do vinho”, além de ser uma excelente oportunidade de descobrir o que há por trás de cada garrafa e safra. Nesta sétima edição, que conta com apoio da Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) e do Vice-Consulado de Portugal em Fortaleza, o evento está convidando grandes produtores de vinhos de diferentes regiões portuguesas e brasileiras, além de renomados chefs de cozinha, que coordenarão os jantares harmonizados juntamente com os sommeliers convidados. “São even-

tos como este que nos fazem crescer como enófilos e oportunidades únicas que permitem aos produtores um contato mais próximo com o mercado mais emergente no universo do vinho”, reforça Adalberto Benevides, diretor da Domaine Montes Claros, empresa sócia da CBP-CE e responsável pela organização do evento.

SERVIÇO: VII Festival de Vinhos De 23 a 26 de junho de 2011, em Fortaleza. Mais informações: (85) 3258 9000 ou www.festivaldevinhos.com.br

divulgação

IN’s Brasil investe em novas ferramentas de comunicação O Estado do Ceará festejou, este ano, a entrada oficial no mercado de imóveis Premium com a chegada da IN’s Brasil em terras alencarinas, trazendo consigo a marca Christie’s Great Estates – braço imobiliário da renomada casa de leilões Christies. Mais que tornarse uma nova opção neste setor para investidores nacionais e internacionais, a empresa – sócia da Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) – tem buscado inovações e passa a contar com novas ferramentas de comunicação que mostram ao público o potencial do Ceará no setor imobiliário e como o Estado já se encontra bem servido de imóveis que aliam requinte, bom gosto e sofisticação. Para mostrar que os esforços são contínuos e diários,

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pensando sempre na evolução deste segmento do mercado de luxo, a IN’s Brasil atualmente investe em três frentes de relacionamento nas áreas das mídias digitais: Facebook, Twitter e Newsletter. Na primeira, o objetivo é levar informação sobre o ramo de imóveis, lazer e entretenimento aos membros de seu perfil na rede social. O Twitter, por sua vez, funcionará não só como um espaço para divulgação de notícias, mas também de contato direto e mais dinâmico com as pessoas que se interessam pelos imóveis da empresa. “Buscamos, com essas duas redes sociais, estreitar o relacionamento, disseminar informações de qualidade e esclarecer todas e quaisquer dúvidas.”, explica o empresário

português radicado no Ceará, Francisco Próspero, diretor da IN´s Brasil. Já a newsletter é enviada quinzenalmente a uma lista de clientes e contatos e apresenta em seu conteúdo soluções inovadoras e sofisticadas de imóveis tendo como foco o bemestar e a qualidade de vida das pessoas, além de informações sobre cultura e arte. Nas edições iniciais, pintores como Di Cavalcanti e a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva receberam destaque neste novo espaço. “Queremos mostrar também os grandes nomes cearenses e outros brasileiros no mundo das artes, reforçar o país como fonte rica de uma refinada cultura artística”, reitera Próspero.


energia

Porto Alegre recebe a V Eracs em maio de 2011 A Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Rio Grande do Sul realizará o Fórum e Exposição Energias Renováveis e Alternativas no Cone Sul (Eracs) nos dias 11, 12 e 13 de maio de 2011, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre (RS). O evento conta com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. As quatro edições passadas aconteceram em Fortaleza (CE) e obtiveram enorme êxito e repercussão, tanto no meio empresarial como no meio relacionado à pesquisa de novas tecnologias em energias renováveis. Para a edição deste ano, a Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) e o Conselho das Câmaras Portuguesas no Brasil entraram em acordo com a Câmara de Comércio Brasil-Portugal/ Rio Grande do Sul e decidiram internacionalizar o evento. Dessa forma, o Eracs será realizado no estado gaúcho e valer-se-á do elevado potencial energético de todo o Cone Sul - área que engloba a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e o Chile, juntamente com os estados brasileiros de Santa Catarina, Paraná e São Paulo - para conceder novas oportunidades de negócios às empresas. A realização de um evento cujo tema é pauta de grandes discussões mundiais acerca da busca de alternativas para as fontes esgotáveis de energia permite que os mais diversos setores envolvidos discutam e encontrem meios de apresentar o seu potencial de geração de negócios. Os empresários contarão com Rodadas de Negócios, que possibilitarão a prospecção de novos mercados e a construção de novas parcerias comerciais, a fim de consolidar sua presença no mercado de energias renováveis. É neste cenário que o Eracs abre caminho para um novo desafio, de realizar uma edição que objetiva o desenvolvimento e a atração de investimentos nacionais e internacionais, consolidando-se como o maior evento de energias renováveis da América Latina. SERVIÇO: Para inscrições e mais informações, basta acessar o site www.eracs.org.br

bússola

Guia de Investimentos Nordeste é lançado em Portugal Em uma visão internacional louvável, ampliando horizontes e chegando a um público ainda maior, o Guia de Investimentos para o Nordeste brasileiro foi lançado em Lisboa, no hotel Pestana Palace, no dia 13 de setembro, numa iniciativa do Grupo de Comunicação O Povo. O objetivo foi divulgar as potencialidades dos estados da região, ampliando as oportunidades de geração de negócios. Com apoio do Conselho das Câmaras Portuguesas do Comércio no Brasil e da Câmara de Comércio e Indústria LusoBrasileira de Portugal, o evento de apresentação do Guia de Investimentos Nordeste contou com a presença do embaixador do Brasil no País, Celso Vieira Sousa, e também com dirigentes da Câmara Brasil Portugal no Ceará (CBPCE) e com o presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas no Brasil, Rômulo Alexandre Soares. O Guia, de 268 páginas, traz dados estatísticos, entrevistas com personagens importantes, referências das 41 melhores cidades para se investir, históricos, eventos e atividades turísticas de destaque em cada localidade. Informações importantes para empresários interessados em investir no território nordestino. A publicação foi editada em inglês e português com o

apoio institucional do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Para ampliar a divulgação do Guia internacionalmente, o Grupo de Comunicação O Povo firmou parceria com diversas entidades nacionais e internacionais, dentre elas estão a Ceará Trade Brasil, embaixadas e escritórios de representação em Brasília, como da Arábia Saudita, Omã, Jordânia e Angola; a Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Ministério das Relações Exteriores, Câmaras bilaterais e até mesmo a União Europeia no Brasil. SERVIÇO: O conteúdo do Guia de Investimentos do Nordeste em breve já encontra-se disponível gratuitamente no site da Câmara BrasilPortugal: www.brasilportugal.org.br/ce/ conteudo/127,links-uteis.html

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diversão

breves | notícias

Fantasia e sofisticação são apostas de sucesso do Alegrare Buffet Infantil Investindo nos caminhos da fantasia que só o universo infantil pode proporcionar, a empresária Emília Buarque, proprietária da Dinâmica Eventos, empresa focada no segmento de promoções e eventos e sócia da Câmara Brasil-Portugal no Ceará, abre as portas de seu novo empreendimento, que une o lúdico e o sofisticado no buffet infantil Alegrare, localizado em Fortaleza. O Alegrare possui, em uma área de três mil metros quadrados, um salão principal, sala de games, sala infantil, sala de artes, boate, berçário e um camarim com fantasias e penteadeiras. As crianças e pais têm à disposição ainda um espaço com um palco para apresentações musicais e teatrais e diversos brinquedos, como barco viking, carrossel de xícaras e até uma parede de escalada

SERVIÇO: Alegrare Buffet Infantil Av. Maestro Lisboa, 2222, esquina com Rua Prof. Solon Farias. Mais informações pelo fone (85) 3274 1761

para os pequenos. O Alegrare aposta em um novo conceito de festa e oferece cardápio diferenciado e cenários encantadores para pais e filhos. Cada festa possui seu projeto de de-

coração temática, tudo pensado por um departamento de artes e de pesquisa e desenvolvimento, que monta desde o cardápio às lembrancinhas a serem entregues ao final da festa.

parceria

Programa Vínculos gera bons resultados para a Construtora Múltipla A Construtora Múltipla, atuante na manutenção de máquinas de ar condicionado e refrigeração, está atendendo as indústrias Gerdau e Durametal. A parceria surgiu a partir da entrada da construtora no Programa Vínculos, que tem o objetivo de contribuir para a geração de negócios sustentáveis entre grandes empresas compradoras e fornecedores locais. Desde 2009, a Múltipla participa de capacitações para atender de forma ainda mais qualificada e ágil as grandes empresas, ampliando as oportunidades de trabalho e tornando-se ainda mais competitiva. A parceria entre grandes empresas e fornecedores qualificados é fundamental para o

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crescimento de ambos. Pesquisas demonstram que a economia de 5% nas compras representa um crescimento de até 40% na lucratividade das grandes empresas, tornando a política de compras uma estratégia prioritária.


editorial A Câmara Brasil-Portugal no Ceará - Indústria, Comércio e Turismo (CBP-CE) surgiu em junho de 2001. Atualmente, a entidade conta com cerca de 130 associados entre sócios pessoa física e pessoa jurídica. O objetivo principal da entidade é apoiar as atividades empresarias e influir nas políticas públicas vinculadas às relações luso-cearenses no âmbito das áreas de atuação da Câmara. DIRETORIA Presidente

Jorge Duarte Chaskelmann 1º Vice-Presidente

José Maria McCall Zanocchi 2º Vice-Presidente

Antonio Roberto Alves Marinho 3º Vice-Presidente

José Augusto Pinto Wahnon Diretora Tesoureira

Huga Mendes de Oliveira Diretor de Energias Renováveis

Armando Leite Mendes de Abreu Diretor de Agronegócios

Carlos Manuel Subtil Duarte Diretor de Comunicação

Cliff Freire Villar da Silva Diretora de Assuntos Jurídicos

Fernanda Cabral de Almeida Gonçalves Diretor de Construção Civil

Francisco Eugênio Montenegro Diretor de Meio Ambiente

José Euber de Vasconcelos Araújo Diretora de Tecnologia da Informação (Brasil) Marluce B. Aires de Pina Diretor de Tecnologia da Informação (Portugal) Miguel Costa Manso Av. Barão de Studart, 1980 - 2º Andar Ed. Casa da Indústria (FIEC) Fortaleza-CE - CEP: 60120-901 Fone e Fax: + 55 85 3261 7423 E-mail: secretariace@brasilportugal.org.br

BRASILPORTUGAL NO CEARÁ

A Revista Brasil-Portugal no Ceará é uma publicação trimestral da Câmara Brasil-Portugal no Ceará Ano 2 - # 4 - Julho-Agosto-Setembro de 2010 Conselho Editorial

Clivânia Teixeira, José Maria McCall Zanocchi, José Wahnon e Cliff Freire Villar da Silva Jornalistas Responsáveis

Mauro Costa (CE01035JP) e Rafaela Britto (PE 3672 JP) Redação

Aloísio Menescal, Aline Romero, Bruno Sampaio, Deborah Duarte, Gabriela Alves, Juliana Lousada, Larissa Viegas, Ludmila Vitorasso, Samira de Castro e Túlio Muniz Concepção Gráfica / Design Editorial

GMS Studio - Glaymerson Moises Produção

(85) 3258 1001 - www.ad2m.com.br Os artigos assinados da revista não necessariamente refletem a opinião da entidade e são de exclusiva responsabilidade dos autores.

Braços dados em prol de resultados positivos

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e vez em quando, usarei o editorial da nossa revista para que acompanhem mais de perto o trabalho que vimos fazendo. Como primeira grande atividade da nova Diretoria da Câmara, tivemos a iniciativa de organizar os cafés da manhã com os candidatos a Governador do Ceará como forma de transmitir aos mesmos as preocupações dos nossos associados e do empresariado em geral. O objetivo maior foi criar melhores condições de diálogo e a resolução de problemas que preocupam todos nós e que possam manter o estímulo de investimento estrangeiro no Ceará. Os eventos tiveram um grande sucesso e conquistaram atenção e prestígio à instituição, a primeira no Ceará a tomar esta iniciativa. A missão empresarial a Portugal avançou com nossa coordenação após o recuo da participação do Centro Internacional de Negócios, que entendeu não ser este o momento de empreender esta Missão, o que exigiu de nós adaptar o modelo que antes contemplava a vertente empresarial para se tornar eminentemente institucional. A missão a Angola e Moçambique teve efeito com o nosso Vice Presidente Roberto Marinho. Recentemente, ampliamos nossa estrutura administrativa com vistas a ampliar o atendimento aos nossos associados, bem como desenvolver novos projetos, buscando novas alternativas de recursos, a fim de atender a demanda crescente que chega à nossa Câmara. Assim, gostaria de sensibilizar todos vocês que a Câmara continua investindo para que se criem mais e melhores condições de negócios para todos e que os nossos Diretores têm demonstrado um empenho e entusiasmo louvável para o trabalho voluntário que lhes é pedido para poder concluir as tarefas que se propõem. No entanto, não posso deixar de passar o alerta de que o sucesso da nossa instituição requer uma participação maior de nosso associado. O Boletim semanal e esta Revista são os vossos fóruns, e para os mesmos estamos sempre aguardando as notícias relevantes de vossas empresas sobre novos investimentos, serviços e produtos que queiram divulgar. Atualmente, temos 150 associados, todos são importantes e demonstram crescimento. Apelo para todos vós que usem melhor as ferramentas de networking dos contatos e mailings dos associados para marcarem reuniões para a apresentação e venda dos vossos produtos. Desta forma, caros associados, a Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará é um coletivo que depende do empenho de todos e não só dos Diretores e ela só será dinâmica e produtiva desde que se tenha o apoio de cada um. Jorge Duarte Chaskelmann

Presidente

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entrevista Felipe Cavalcante, Presidente da ADIT Brasil

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ABRINDO PORTAS PARA O BRASIL PRESIDENTE DA ADIT BRASIL, FELIPE CAVALCANTE DESTACA O ATUAL PANORAMA DOS INVESTIMENTOS NOS SETORES IMOBILIÁRIO E TURÍSTICO NO BRASIL E NO NORDESTE E OS DESAFIOS A SEREM ENCARADOS PELOS INVESTIDORES PARA O ACESSO AO MERCADO INTERNACIONAL Há quatro anos à frente da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Nordeste Brasileiro (ADIT Nordeste), o alagoano Felipe Cavalcante, que atua desde 1995 nos setores de construção civil e mercado imobiliário, assumiu o desafio, ao lado de um grupo de empresários de todo o Nordeste, de pensar e criar uma entidade representativa para a captação de investimentos para esses setores na região. Fortalecendo a ligação entre o turismo e o mercado imobiliário, a Associação tem desempenhado um importante papel ao promover ações que ajudam e orientam os empresários brasileiros e estrangeiros a fazer negócios seguros e lucrativos. Graças em grande parte aos esforços de entidades como a ADIT Nordeste, hoje é possível enxergar uma nova fase e a chegada de diferentes investimentos para os setores imobiliário e turístico. Em entrevista à Revista Brasil – Portugal no Ceará, o presidente da Associação ressalta as ações que consolidaram o Nordeste brasileiro como segundo destino mais procurado pelos investidores estrangeiros e garante que o mercado não está saturado. Durante este ano, a partir dos crescentes resultados desses setores, os desafios para Felipe Cavalcante, que hoje também preside a Vivendi

Empreendimentos, também foram aumentando. Um dos principais foi a necessidade da nacionalização da entidade que, em maio deste ano, passou a ser chamada ADIT Brasil e a focar no desenvolvimento imobiliário-turístico em todo o País. O empresário destaca as mudanças da ADIT Invest, evento internacional que antes era voltado para os investimentos na região Nordeste e que, na edição do próximo ano, ampliará seu universo de atuação e terá como sede Fortaleza, a capital do Ceará, estado que Cavalcante avalia como um dos mais promissores nos próximos anos. Com a experiência de ter sido secretário de Turismo de Barra de São Miguel, município alagoano com destaque pelas praias paradisíacas com formações de corais e por abrigar uma infraestrutura hoteleira de referência, e também presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), o presidente da ADIT Brasil, Felipe Cavalcante, lembra os problemas que já foram superados na área tanto pelo poder público quanto pela iniciativa privada e não deixa de reforçar os pontos que ainda precisam ser mais costurados na relação entre os empresários brasileiros e os investidores estrangeiros. Jul-Ago-Set 2010 11


entrevista | Felipe Cavalcante

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Nos últimos anos, o mercado imobiliário brasileiro ganhou fôlego, o que tem atraído significativamente o capital estrangeiro. Por sua vez, o turismo se consolidou como uma das mais importantes atividades econômicas brasileiras, em especial em destinos localizados nos estados do Nordeste. Para o Senhor quais os fatores decisivos que têm levado os investidores internacionais a fazer negócio no Brasil? O que se percebe é uma mudança no apetite dos investidores, não só no Ceará, mas também no Brasil nesses últimos anos. Inicialmente focado em segunda residência, cada vez mais os investidores mudaram o foco de interesse para os setores que exploram o mercado imobiliário de outras bases. Ultimamente tem aumentado consideravelmente o interesse pelo programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida” e por hotéis em centros urbanos. Hoje, comenta-se que Fortaleza é uma das melhores oportunidades de investimentos em hotéis no Brasil. Também existe uma grande procura por empreendimentos residenciais, comerciais, shopping centers e logísticos. No Ceará, existe um grande interesse pelo setor eólico também. O que temos de ter cuidado é para que o crescimento do setor eólico não aconteça em detrimento do setor turístico, ou seja, é necessário haver uma compatibilização entre a ocupação da faixa eólica e esse outro setor.

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O Sr. tem atuação direta nos setores da construção civil e mercado imobiliário desde 1995. Que deficiências já foram superadas durante este período e quais são ainda os desafios do setor? O setor mudou bastante de lá para cá. Até 2005, nós tínhamos um 12 Brasil-Portugal no Ceará

Não existe nenhum risco de saturação (do investimento hoteleiro no Nordeste). No cenário econômico que se deslumbra para os próximos anos existem muitas oportunidades a serem preenchidas, o que é potencializado com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas.”

mercado extremamente difícil, sem financiamento imobiliário e crescimento econômico. Todos aqueles que passaram por esse período são sobreviventes. De 2005 para cá mudou bastante, especialmente pela conjuntura econômica e social do país, principalmente após as reformas do marco regulatório do mercado imobiliário, que deram maior segurança jurídica para os bancos financiarem e, ao mesmo tempo, com a redução da taxa de juros que tornou viável o crescimento do crédito habitacional. O mercado ficou competitivo para os consumidores e, ao mesmo tempo, para os bancos que antes aplicavam esses recursos em setores públicos. Em relação às deficiências, entendo que agora é lidar bem com o sucesso. Boa parte dos problemas já foi superada, e a tendência, nos próximos quatro e cinco anos, é que seja “um céu de brigadeiro”. As preocupações que temos se referem à oferta de mão de obra e equipamentos de materiais, mas não acredito que seja algo tão apreensivo, já que o ritmo de crescimento irá diminuir nos próximos anos, pois não vai repetir os 7% deste ano. Caso mantivesse esse número, o país poderia entrar em colapso, mas, com crescimento anual de 4,5%, esses problemas não serão tão graves como se tem colocado. Outro fator que merece atenção é o crescimento exagerado de algumas empresas de âmbito nacional que, por terem maior objetivo para atingir suas metas, deixam, em alguns casos, a desejar a qualidade da obra, o serviço ao cliente e o cumprimento dos prazos. Isso tem se mostrado não só um problema, mas uma oportunidade para pequenas e médias empresas que poderão ocupar um espaço deixado por essas grandes empresas.

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Ainda há mercado para o investimento hoteleiro no Nordeste ou já


se apresenta algum quadro de saturação? E quanto deste investimento corresponde à presença estrangeira nesse setor na região? Nas outras regiões brasileiras, o número de grupos internacionais equivale ao da região Nordeste? Não existe nenhum risco de saturação. No cenário econômico que se vislumbra para os próximos anos, há muitas oportunidades a ser preenchidas, o que é potencializado com a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas em 2016. No setor hoteleiro temos visto um grande potencial na hotelaria econômica e em resorts. Hoje em dia existem pouquíssimos resorts no Nordeste e temos percebido grande interesse de operadores internacionais desse tipo de empreendimento pela região. Óbvio que o surgimento de uma classe média forte também impulsionou esse mercado, já que essa classe tem entre as principais prioridades, além da casa própria e do carro, planejar uma viagem para um resort no Nordeste. Também é grande o interesse de fortes bandeiras internacionais por hotéis urbanos de quatro e cinco estrelas. Isso será realidade em pouco tempo. Todas as redes hoteleiras internacionais estarão presentes no Nordeste em cinco anos. Em relação aos investimentos, não existem dados consolidados, o que existe é a certeza que o perfil do investidor estrangeiro mudou, agora são fundos de investimentos e redes hoteleiras que estão querendo explorar o potencial da região, que antes era de compradores de áreas de apartamentos. Em relação ao número de grupos internacionais em outras regiões do Brasil, na verdade não podemos nos comparar com os grandes centros econômicos. Mas o Nordeste aparece como o segundo colocado, principalmente devido ao trabalho da ADIT nesses últimos quatro anos, em atrair o investidor internacional para o Brasil, especialmente para o Nordeste brasileiro.

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O que os investidores internacionais esperam dos empresários e do mercado brasileiros, em especial neste momento histórico de destaque do país no cenário mundial? Como o Sr. avalia a relação dos empresários brasileiros com os investidores internacionais? Quais os pontos positivos e negativos observados? Eles esperam encontrar segurança jurídica e projetos formatados da maneira adequada, de maneira profissional e que atendam aos padrões de exigências do mercado mundial. Existe uma inexperiência dos empresários locais com investidores financeiros e, hoje, a maior meta da ADIT é capacitar os empresários brasileiros para receber investimentos dos investidores internacionais, já que o Brasil é a “menina dos olhos” deles. Falando da relação dos empresários brasileiros com os investidores, tem havido muitos casos de sucesso, mas é necessário respeitar as diferenças culturais de cada país. A entrada dos investidores na empresa traz coisas boas, mas também traz mudanças obrigatórias. É fundamental obedecer aos critérios básicos, como os da língua, até a questão de governança, transparência e tomada de decisão. Sem respeitar esses critérios, nenhum investidor irá investir em algum projeto ou empresa brasileira, ou seja, o empresário terá de dividir as decisões, se acostumar a ter um sócio e ter profissionalismo na gestão.

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Como surgiu a necessidade de nacionalizar a Associação de Desenvolvimento Imobiliário e Turístico, que inicialmente tinha atuação bem direcionada para a região Nordeste? A ADIT sempre foi focada na atração de investimentos que eram, em sua maioria, voltados ao mercado

de segunda residência. Com a crise internacional, o mundo mudou e a ADIT precisou acompanhar o mercado que passou a se interessar por outros produtos de base imobiliária. Além disso, sofremos uma forte pressão dos nossos parceiros, como APEX-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e Ministério do Turismo, para representar o mercado no país e não em apenas uma região, como fazíamos. Por fim, várias outras entidades estavam começando a querer repetir a experiência da ADIT em outras regiões e chegou-se ao consenso que era melhor ter uma entidade única e não segmentada. E assim surgiu a ADIT Brasil.

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Quais as principais ações que a Adit Brasil tem executado para a promoção do País e a atração dos investimentos? Hoje, a ADIT tem participado de dezenas de eventos internacionais como feiras, missões técnicas e comerciais, além disso, temos realizado vários seminários em cidades como Londres, Barcelona, Cannes, Xangai, Lisboa, Madrid e Nova

“No setor hoteleiro temos visto um grande potencial na hotelaria econômica e em resorts. Hoje em dia existem pouquíssimos resorts no Nordeste e temos percebido grande interesse de operadores internacionais desse tipo de empreendimento pela região (...) Todas as rredes edes hoteleiras internacionais estarão presentes no Nordeste nos próximos cinco anos.” Jul-Ago-Set 2010 13


entrevista | Felipe Cavalcante York. Temos ainda como grande destaque a contratação de assessorias internacionais de Relações Públicas e Matchmaking, que fazem aproximação com os investidores internacionais. Temos assessorias nos Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e Espanha, e essas assessorias têm dado grande destaque ao Brasil na mídia internacional. Desenvolvemos também os projetos “Imagem” e “Investidor”, que já trouxeram mais de 70 jornalistas e 100 investidores internacionais para conhecerem “in loco” o Brasil.

dica para os investidores, bem como investir em infraestrutura e capacitação da mão de obra. Acredito que estamos andando bem na parte de infraestrutura, em um ritmo que nunca tínhamos visto antes. Melhoramos também na parte da promoção, mas ainda falta muito. Quanto à segurança jurídica, no que refere ao investimento financeiro, ainda faltam estímulos. Quando falamos do setor imobiliário e turístico, tem um gargalo maior, que deve ser encarado de frente pelo poder público. Falo da indefinição dos licenciamentos ambientais e de um melhor posicionamento ideológico, principalmente por parte dos ambientalistas, para que possamos ter um desenvolvimento sustentável nesses setores.

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O Nordeste Invest, que a partir do próximo ano será chamado de ADIT Invest, já se consolidou como o maior encontro de investimentos imobiliários e turísticos do País. Como o senhor analisa a trajetória histórica do evento e os resultados alcançados? O evento, sem sombra de dúvidas, é reflexo do mercado pelo país. Tem sido um grande sucesso, tem gerado grandes negócios e acredito que boa parte das pessoas que conheceram a ADIT desde o início não achava que o evento ganharia a proporção que tomou. Hoje o evento está consolidado no calendário nacional e internacional de eventos de investimentos. Com a nacionalização da ADIT, não temos dúvidas que o evento, realizado no próximo ano em Fortaleza, será ainda maior e terá alcançado um novo patamar.

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A legislação brasileira é atraente para os investimentos imobiliários, sejam eles nacionais ou internacionais? Sim. Temos hoje muita clareza sobre como investir, transferir recursos. Temos também instrumentos modernos como Fundos de Investimentos em Participação, Fundos de Investimentos Imobiliários, Sociedades em Propósitos Específicos e Sociedades de Contas de Participação, todas essas ferramentas apresentam soluções adequadas para os investidores, inclusive em termos tributários.

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Junto a entidades como a ADIT Brasil, qual deve ser o papel do poder público para a promoção do turismo em outras regiões do País e, consequentemente, para a atração do capital estrangeiro? E como vem sendo realizada essa parceria para a consolidação desse setor na região Nordeste? O principal papel do poder público é sempre criar marcos regulatórios que ofereçam segurança jurí14 Brasil-Portugal no Ceará

“Existe uma inexperiência dos empresários locais com investidores financeiros e, hoje, a maior meta da ADIT é capacitar os empresários brasileiros para receber investimentos dos investidores internacionais, já que o Brasil é a ‘menina dos olhos’ deles.”

Dentro de alguns anos, como o Sr. vislumbra o mapa de investimentos imobiliários no Ceará? Acho que vai acontecer no Ceará o que está acontecendo no Brasil: a chegada de projetos imobiliários e turísticos como o Vila Galé Cumbuco, bem como projetos estruturais que estão sendo anunciados para o Estado. Sem sombra de dúvidas, o Ceará é um estado que qualquer investidor deveria prestar atenção e estar presente nos próximos anos.


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Aquiraz Riviera Torneios de golfe promovem esporte no Ceará

O

Ocean Golf Course, principal campo de golfe em funcionamento no Ceará, tem atraído cada vez mais praticantes. O crescimento é gradual, mas em firme ascendência e, a cada dia, a modalidade aparece mais como pauta – não só na mídia, mas em conversas informais. Segundo o diretor de Turismo do Aquiraz Riviera, José Wahnon, “é muito interessante testemunhar o crescente volume de cearenses que procuram o golfe para experimentar ou para começar curso de aprendizagem”. De acordo com Wahnon, o fluxo de inscrições no Clube de Golfe do Aquiraz Riviera segue um bom ritmo para uma atividade tão nova no estado. “Neste momento contamos com mais de 60 sócios, o que é excelente para um Clube que tem apenas um ano de funcionamento”, comenta, lembrando que há clubes com mais de 10 anos que não ultrapassam 200 sócios. Quanto à evolução dos atletas cearenses no esporte, o diretor de Turismo do empreendimento lembra que o golfe exige muita prática e adverte: “só é vantajoso ser sócio quando já se sabe jogar suficientemente bem para ir para o campo – é preciso praticar muito antes de chegar a esse nível”. O elogio de Wahnon é confirmado pelo monitor de golfe do Aquiraz Riviera, Max Lima, que diz perceber que é questão de tempo para que os golfistas cearenses possam se destacar no cenário nacional. “Um aluno já fala em disputar um torneio no fim do ano em Miami”, comenta. Segundo Max, uma característica típica dos jogadores do Ceará é sua competitividade, pois “sempre às vésperas de um torneio, aparecem golfistas querendo corrigir algo ou aperfeiçoar suas tacadas”.

Os eventos esportivos promovidos com regularidade no Aquiraz Riviera – principalmente a Copa Aquiraz Riviera de Golfe, com final marcada para 27 de Novembro – têm sido marcados pela receptividade por parte do público. Além da Copa de Golfe, o campo do empreendimento recebeu o Torneio Aberto de Golfe do XIV Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida; o Torneio de Caddies; o Torneio de Pitch & Putt; entre outros. Com a conclusão do campo de golfe, com os 18 buracos, programada para os próximos 12 meses, Wahnon espera viabilizar eventos de âmbito interestadual e nacional. “Podemos até pensar em um ou dois eventos internacionais”, conclui. “Nossos aficionados e sócios aparecem em bom número, com frequência, mas gostaríamos de ter mais espectadores”, revela Wahnon. Max faz leitura semelhante: “a cada mês aparecem mais pessoas querendo aprender a jogar golfe e a maioria continua a jogar após o final do curso”. Em relação aos torneios, o monitor de golfe contabiliza uma média de 30 golfistas por evento, “o que é muito bom, pois a maioria é de empresários que viajam muito”. SERVIÇO: Clube de Golfe Aquiraz Riviera Inf.: (55 85) 4118 0160 ou 3244 4164 E-mail: golfe@aquiraz.com

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gestão | fiec

por Samira de Castro

DE OLHO NO FUTURO

EXPORTAÇÃO E INOVAÇÃO SÃO FOCOS DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO CEARÁ

16 Brasil-Portugal no Ceará

A

proveitar a localização estratégica do estado para ampliar o comércio internacional, fortalecendo a indústria e gerando mais divisas. Este é o principal pilar do novo mandato do empresário Roberto Proença de Macêdo à frente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Reeleito num processo histórico de votação direta dos associados da entidade, ele defende também a consolidação da cultura da inovação, em âmbitos local e nacional, por meio do Movimento Empresarial pela Inovação (MEI). E reconhece como fundamental a parceria desenvolvida com a Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBPC), entidade que considera co-irmã da Fiec. “No primeiro mandato, mantivemos, por circunstância do mercado internacional, o nível de nossas exportações em torno de US$ 1,1 bilhão. Nos pró-


Nova diretoria toma posse em cerimônia no auditório da Fiec

Nova diretoria da FIEC Presidente Roberto Proença de Macêdo Vice-presidentes Ivan Bezerra (1º vice) Carlos Prado Jorge Alberto Vieira Studart Gomes Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho

ximos quatro anos, deveremos chegar a US$ 2 bilhões. Isso sem considerar a entrada e o funcionamento da siderúrgica que, sozinha, deverá superar os US$ 4 bilhões em exportações”, anuncia Macêdo. De acordo com ele, o grande desafio da gestão que se inicia será a consolidação da cultura de exportação, buscando inserção da média e pequena empresa no mercado internacional. “Nos dedicaremos ao fortalecimento das cadeias produtivas, buscando reforçar os diversos segmentos”, frisa. Conforme Macêdo, a Fiec fez parte da criação da Câmara Brasil-Portugal no Ceará, tanto que a sede da CBP-CE funciona na própria Federação. “Ela trabalha como irmã gêmea do Centro Internacional de Negócios (CIN) e todas as iniciativas que se referem a Portugal e ao grupo dos países de língua portuguesa são tomadas a quatro mãos”, com-

pleta. Desta forma, muitas parcerias continuarão sendo desenvolvidas. Vale destacar que o CIN não só tem conseguido estimular a cultura exportadora como tem sido um elemento motivador para a adoção de novas tecnologias e modelo de gestão nas empresas, contribuindo para uma postura mais proativa nas relações dos empresários locais com compradores do exterior. O setor industrial cearense vem se modernizando rapidamente. Hoje, é responsável por 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e por 70% das vendas externas – que até meados de 1990 eram lideradas pelo setor primário, conforme dados do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), ligado à Fiec. São aproximadamente 12 mil estabelecimentos – sendo 95% de micro e pequeno portes – que empregam mais de 309 mil trabalhadores.

Diretores Antonio Lúcio Carneiro Fernando Antonio Ibiapaba Cunha Francisco José Lima Matos Frederico Ricardo Costa Fernandes Geraldo Bastos Osterno Júnior Hélio Perdigão Vasconcelos Hercílio Helton e Silva Ivan José Bezerra de Menezes José Agostinho Carneiro de Alcântara José Alberto Costa Bessa Júnior José Dias de Vasconcelos Filho Lauro Martins de Oliveira Filho Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque Marcus Venícius Rocha Silva Ricard Pereira Silveira Roseane Oliveira Medeiros Conselho Fiscal Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão Delegados na CNI Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macedo e Carlos Roberto Carvalho Fujita Jul-Ago-Set 2010 17


Roberto Macêdo, presidente reeleito, discursa sobre o papel da Federação e a nova postura do empresariado para ampliar a capacitação da mão-de-obra em diversos setores

Embora representem cerca de 1% do setor, as grandes indústrias respondem por mais de 40% dos empregos formais. Assim, o Ceará é o estado nordestino com maior percentual de postos celetistas na indústria, superando pólos de produção consolidados como a Bahia (20,53%) e Pernambuco (20,91%). “Por isso, também vamos implantar o Marketing Corporativo, que dará maior integração interna entre as casas do Sistema Fiec, alinhado com as demandas dos sindicatos e das empresas. Faremos o marketing institucional para melhorar a imagem da Federação, de modo que seja percebida como real agente de mudanças do setor empresarial industrial”, adianta Macêdo. Conforme disse, sua gestão “vai dar continuidade ao esforço que vem sendo feito de fortalecimento dos sindicatos, buscando o maior numero possível de associados para os mesmos, a fim de termos uma representatividade político-social que permitirá ações compartilhadas com a sociedade”.

NOVO PROCESSO ELEITORAL As novas regras para escolha do presidente da Fiec colocaram o Ceará na 18 Brasil-Portugal no Ceará

vanguarda democrática entre todas as federações de indústria do país – modelo que deve ser adotado, gradualmente, por outras federações. Isto porque ela foi a primeira entidade a instituir o voto direto para escolha do seu dirigente máximo, um projeto da visão futurista do empresário José Flávio Costa Lima, que a presidiu de 1977 a 1986. Para Roberto Macêdo, o percentual de 67,2% ou 703 votantes, entre 1.046 credenciados, já nesta primeira experiência, mostrou o quanto os industriais estão desejosos de participar diretamente da sua instituição maior. O trabalho de consolidação do fortalecimento sindical, que vem sendo seguido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi um dos pilares da primeira gestão de Macêdo na Federação. “Temos feito todo um esforço para alcançar esse objetivo. O primeiro passo foi a reforma dos estatutos, que permitiu a democratização do voto para escolha dos dirigentes da Fiec, ampliando o leque de votantes, saindo de um grupo fechado do delegado de cada sindicato para a totalidade dos associados aos sindicatos em condições de votar”, comenta.

Passado o pleito, Macêdo diz que se orgulha de ter hoje apenas “uma só Fiec”. “E dentro dela estão todos, na diversidade de suas ideias, mas respeitando as regras da convivência democrática, tratando de construir hoje o melhor futuro para a nossa entidade”. Fundada em 12 de maio de 1950, a Fiec tem sido protagonista do processo de desenvolvimento do Estado, que culmina com a implantação de projetos estruturantes como a Companhia Siderúrgica do Ceará (CSC) e a Zona de Processamento de Exportações (ZPE), entre outros. Assim, seu presidente destaca que “a trajetória da Federação se confunde com as conquistas alcançadas pelo Ceará e pelo Brasil”. “O momento exige nova postura do empresariado, além de mão de obra treinada e cada vez mais especializada. Cabe à Fiec atuar nas duas pontas do processo”, afirma. Macêdo acrescenta que o Ceará está com muitas oportunidades para dar um salto no seu desenvolvimento. “E isso exigirá da nossa instituição, por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), uma contribuição efetiva para a formação da mão de obra e gestão para as empresas no volume e no tempo que atendam à velocidade requerida para o nosso crescimento”, completa. Para garantir que o empresariado local participe efetivamente do bom momento da economia cearense, a nova gestão da Fiec aposta na capacitação – do chão de fábrica à gerência. O IEL atua na capacitação empresarial. O Senai, além de apoiar a indústria na área de inovação tecnológica, é referência em educação profissional. Já o Sesi dá assistência complementar ao operariado em educação, saúde e lazer, auxiliando as empresas na valorização de seus colaboradores. Para fazer frente aos desafios, o Senai está sendo reestruturado, para atuar em áreas como metalurgia, siderurgia, petróleo, gás e energia eólica. Também está recebendo investimentos na ampliação da capacidade de atendimento à construção civil, têxtil, confecção e tecnologia da informação.


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V Seminário SEP de Logística e Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste

É preciso discutir logística

“A

economia de uma nação depende da capacidade de logística que possui. A eficiência dessa logística diz a forma e o nível de crescimento de determinado país.” Com essas palavras, o ministro dos Portos, Pedro Brito, enfatiza a relevância do assunto que não é novo, mas é atual. É preciso discutir a melhor maneira de transportar em menos tempo, com segurança e menor custo. Há oito anos, o país tinha a soma das exportações e importações na ordem de US$ 100 bi. Hoje, esse valor chega a US$ 460 bi, o que mostra um crescimento na corrente de comércio de quase 500%. E a expectativa é positiva, os valores devem continuar crescendo. A estimativa do Governo Federal é de um aumento de 15 a 20% ao ano. Se aumentam as exportações e importações ao mesmo tempo, aumenta também a movimentação de cargas e a necessidade de integração para que o país possa ser competitivo. Portos, rodovias, ferrovias, hidrovias e aeroportos precisam ser interligados, ter infraestrutura adequada e a capacidade ampliada. São esses modais que fazem com que a logística de um país seja mais ou menos eficiente. “Acho que o Brasil demorou a discutir logística mais profundamente. A secretaria dos Portos, no que compete a ela, está fazendo esse papel”, diz o secretário executivo da Secretaria dos Portos, Augusto Wagner Padilha Martins, se referindo ao V Seminário SEP de Logística. “O seminário é a oportunidade de discutir, treinar, e aprender sobre o assunto.” No seminário, especialistas brasileiros e estrangeiros falam sobre suas experiências de integração logística e revelam como melhorar o sistema portuário e a logística nacional. Na palestra do dia 9 de dezembro, o ministro Pedro Brito falará sobre Inteligência Logística. Ainda serão debatidos temas como Plataformas Logísticas e Oportunidades de Financiamento para Infraestrutura.

A Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste, a se realizar simultaneamente, trará um verdadeiro Show Room do que se tem no mercado. É a oportunidade de ver de perto a qualidade dos serviços oferecidos, e não apenas no Norte e no Nordeste, mas em todo o país, para que os visitantes possam ter paradigmas e comparem os serviços oferecidos. No total, já confirmaram presença: Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados; Associação Brasileira de Empresas Operadoras de Regimes Aduaneiros; Associação Nacional das Empresas Permissionárias de Portos Secos; Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias - Companhia Docas do Rio de Janeiro; Companhia Docas do Ceará; Secretaria de Portos da Presidência da República-SEP; Companhia Docas do Pará; Log-in Logística Intermodal; Empresa Maranhense de Administração Portuária - Porto do Itaqui; Companhia Docas do Espírito Santo - Codesa; Porto de Suape - Complexo Industrial Portuário - PE; Banco do Nordeste; Transpetro; e Secretaria do Turismo de Fortaleza. O V Seminário SEP de Logística e a Feira de Tendências são direcionados ao produtor, transportador, seja ele marítimo, rodoviário, ferroviário ou aéreo, ao consumidor e ao público interessado no assunto. Participam ainda agentes de armazenagem e portuários. O evento acontecerá de 8 e 11 de dezembro, no Centro de Negócios do Sebrae, em Fortaleza. Além da programação técnica de alto nível, teremos a área comercial com a presença de expositores da cadeia de logística de vários estados brasileiros. Uma boa oportunidade para mostrar e conhecer o que há de melhor e mais moderno no setor. SERVIÇO: Informações sobre a reserva e compra de estandes com a Prática Eventos: (85) 3433 7684 e 3433 7685 praticaeventos@praticanet.com.br

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acordo | áfrica

por Samira de Castro

RELAÇÕES INTERNACIONAIS CÂMARAS PREPARAM ACORDOS DE COOPERAÇÃO COM PAÍSES AFRICANOS

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o topo das oportunidades, países do continente africano, sobretudo os de língua portuguesa, vêm estreitando relações bilaterais com o Ceará, por meio da forte atuação das câmaras de comércio Brasil-Portugal (CBP-CE) e Brasil Angola (CBA-CE). Um novo trabalho está prestes a render outros frutos, com os acordos de cooperação com as câmaras Moçambique-Brasil, Sotavento-Cabo Verde, de Comércio e Indústria de Angola, a Associação Industrial de Angola e Prestígio – Liga dos Jovens Empre20 Brasil-Portugal no Ceará

sários de Angola. Em fase de elaboração, estes acordos deverão ser assinados até novembro de 2010. “Definimos os interesses mútuos de acordos bilaterais entre todas estas entidades para serem aprovados nas reuniões de diretoria das duas câmaras aqui no Ceará. Depois de aprovados, os mesmos seguem para assinatura e se iniciarão, assim, as ações conjuntas no Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde e Moçambique, gerando um grande mercado para as empresas sócias das câmaras e as associações dos países envolvidos”,

explica Roberto Marinho, presidente da CBA-CE e vice-presidente da CBP-CE. Como a área de abrangência das câmaras vai muito além de comércio, os acordos de cooperação vão englobar também as áreas de indústria e serviços. "Não podemos esquecer que os relacionamentos entre povos se dá também pela cultura, educação e turismo. O Brasil, o Nordeste e, em especial, o Ceará, têm muito a contribuir com a educação e junto de todas as ações, divulgar nossa cultura na África e a deles por aqui,


como música, literatura, teatro, intercâmbio de programas de TV", diz Marinho. "Nosso projeto é ousado, mas é factível, pois visa a força do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Ceará liderando no Nordeste, neste movimento de relacionamento comercial com intercâmbio de tecnologia, transferência de conhecimento", diz o presidente da Câmara Brasil Angola. Ele lembra que o Ceará está implantando a Universidade da Lusofonia Afro Brasileira (Unilab), iniciativa de grande relevância no processo de intercâmbio.

EVENTOS Os acordos de cooperação resultam da participação de empresários e entidades cearenses em pelo menos quatro grandes feiras internacionais na África. Capitaneadas por Roberto Marinho, que já possui know how em negociações com os países africanos da CPLP – por meio de sua empresa, a Ceará Trade Brasil, sócia da Câmara Brasil-Portugal –, as câmaras de comércio bilateral agora esperam dar novo salto às relações internacionais do Estado. Trabalho de fomento que vem dando tão certo que Roberto Marinho já prepara a participação na FIC 2010, em novembro, na cidade de Praia, capital do arquipélago de Cabo Verde. “Em julho último, levamos 30 empresários de sete estados brasileiros para a FILDA 2010 (Feira Internacional de Luanda), num trabalho de consultoria para o Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN-CE), ligado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), com o apoio do Sebrae-CE”, comenta Marinho. No início da missão à Filda, ele ministrou o seminário “Oportunidade de Negócios em Angola”, mostrando aos participantes o ambiente de negócios naquele país, com seus entraves e incentivos. “Diversas autoridades se fizeram presentes e nos prestigiaram com suas palestras; fizemos visitas técnicas, participamos do Fórum Empresarial da CPLP, realizado durante a Filda 2010, e culminamos com a apresentação do

Centro de Distribuição da Ceará Trade Brasil, que será criado em Luanda, com a finalidade de vender e distribuir produtos brasileiros em Angola”, relata Marinho. O Centro resulta de uma parceria com empresas angolanas, com o apoio da CBA-CE e da Associação Industrial de Angola. “A grande maioria dos participantes manifestou interesse em se fazer presente e o projeto está em fase final de concretização”, acrescenta. Em seguida, Marinho esteve na Feira Internacional de Negócios da África do Sul (Saitex 2010) e Big Seven 2010 (evento que agregava as sete maiores feiras de produtos alimentícios do continente), em Johanesburgo (África do Sul), como convidados do Sebrae/SP, para analisar as características, oportunidades e desafios do mercado daquele país. “Assim como em Angola, a Embaixada Brasileira deu total suporte à iniciativa, apoiando em visitas técnicas e contatos importantes. O Sebrae, por meio de parcerias com a Seda, seu congênere sulafricano, nos apresentou a diversos empresários ávidos por parcerias brasileiras, nos levou a visitar uma incubadora de empresas, aumentando o leque de oportunidades de negócios para as micro, pequenas e médias empresas na África do Sul, a despeito da ideia que temos de extrema dificuldade”, informa. Na sequência, o presidente da CBA-CE participou da Feira Internacional de Comércio e Indústria de Maputo (Facim 2010), realizada em Moçambique, como contratado dos Sebrae Nacional e do Espírito Santo. “O que vimos foi um país em transformação, com crescimento sustentado, muitas obras, oportunidades e também desafios. Há, no momento, uma crise localizada de alta do custo de vida, que segundo os analistas, deve-se à acomodação após a crise internacional de 2009. Levamos 27 empresários do Espírito Santo e todos se sentiram extremamente motivados para os negócios naquele país”, comenta. As oportunidades apresentadas no Pavilhão Brasileiro, conforme Marinho, levaram a decidir que, em 2011,

a área da Facim dedicada às companhias brasileiras terá o dobro do espaço atual. “Logo na abertura tivemos a presença do presidente da República, Armando Guebuza, que elogiou o pavilhão brasileiro e ganhou vários presentes dos expositores nacionais”. Foram apresentados três grandes projetos de relações com Moçambique, entre eles, o de implantação de um CD da Ceará Trade Brasil, a exemplo do de Angola. “Percebemos que há uma grande demanda para os produtos brasileiros e é necessário que eles cheguem ao país para facilitar a venda. Já recebermos três pretendentes a parceiros para o CD, que será implantado em caráter de urgência”.

LOGÍSTICAS Numa outra frente, Roberto Marinho está elaborando um estudo sobre logística portuária e aeroportuária dos terminais do Nordeste do Brasil para os países africanos, como contratado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com o apoio da Associação Brasileira dos Sebrae Estaduais (Abase). “Conheci in loco diversos portos africanos, coletando informações e analisando as melhores opções para melhorar a logística entre nosso país e aquele continente. A pesquisa incluiu visitas a Angola, Cabo Verde, África do Sul e Moçambique. No Porto da Beira, em Moçambique, há uma plataforma giratória que aumenta a produtividade e intensifica o sistema multimodal”, comenta. Em Cabo Verde, o presidente da CBA-CE visitou o Porto Grande, em Mindelo, e o Porto da Praia, nos quais esteve reunido com diversos órgãos que forneceram informações decisivas para um trabalho firme e detalhado. “Além de prospectar mercado para produtos brasileiros, montamos parcerias que viabilizem um CD da Ceará Trade Brasil, tal qual em Luanda, para vender e distribuir produtos brasileiros no arquipélago, com apoio de empresários locais e entidades de Cabo Verde. Tivemos uma excelente receptividade para que nosso projeto seja posto em prática imediatamente”. Jul-Ago-Set 2010 21


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Vivo O jeito Vivo de ser sustentável

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ara a Vivo, sustentabilidade é a ponte para garantir resultados consistentes, gerindo aspectos econômicos, tecnológicos, sociais e ambientais de forma responsável e saudável, de modo a obter recursos suficientes para promover o crescimento sustentável da empresa, do setor e da sociedade. Sustentabilidade também é uma grande fonte de inovação e redução de custos, porque inspira as pessoas a fazerem muito mais e melhor com menos, hoje e no futuro. Buscar a sustentabilidade é parte fundamental em nossas operações, mas não nos limitamos a isso. Pela natureza e pelo alcance de nosso negócio temos condições de ampliar nossa atuação como um grande articulador e disseminador da causa, criando condições para que os indivíduos conectados possam se organizar e amplificar sua voz na rede. Nós amamos conectar pessoas e acreditamos na força e no poder que os indivíduos conectados em rede têm de mudar o mundo. Um dos programas que bem traduzem esta crença é o Vivo Recicle seu Celular, criado em 2006, com o objetivo de coletar aparelhos celulares, bate-

22 Brasil-Portugal no Ceará

rias e acessórios e encaminhar para o descarte correto. No início o projeto piloto foi implementado nas lojas próprias da Vivo nas capitais do DF, RJ e SP. Dois anos depois, em comemoração ao dia Mundial do Meio Ambiente, já atingia todas as lojas próprias e revendas exclusivas Vivo, totalizando mais de 3.400 pontos de coleta em todo o país. O projeto promove ações para a conservação da biodiversidade no país, pois toda a renda arrecadada com as doações é encaminhada para o Instituto Ipê, uma instituição dedicada à conservação da biodiversidade em bases científicas. O Instituto Ipê atua em pesquisas, formação de profissionais, educação ambiental e programas de geração de renda e negócios sustentáveis que ampliem a responsabilidade socioambiental de comunidades, empresários e formadores de opinião. Em 2009, foram coletados 593.451 aparelhos, itens e baterias nas lojas e revendas da Vivo. No primeiro trimestre

deste ano a coleta já passa dos 40.000 itens. Desde o começo do programa, a operadora já enviou mais de 2,3 milhões de itens para a reciclagem. A Vivo acredita que é sua responsabilidade avaliar os possível impactos ambientais vinculados ao nosso negócio e promover condições para que eles sejam minimizados. Porém, o protagonista desse objetivo é o cidadão que, consciente da importância do descarte correto destes materiais, estimula a economia e a geração de empregos através da reciclagem destes materiais e incentiva o desenvolvimento de projetos socioambientais mantidos com a verba gerada por este processo. Conheça o jeito Vivo de ser sustentável! Acesse o site www.vivo.com.br/ sustentabilidade.


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negócios | câmaras

por Aloísio Menescal

III MISSÃO BRASILPORTUGAL ESTREITANDO LAÇOS, ENCURTANDO DISTÂNCIAS E AMPLIANDO O DIÁLOGO ENTRE INSTITUIÇÕES E EMPRESÁRIOS DOS MAIS DIVERSOS SEGMENTOS 24 Brasil-Portugal no Ceará

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ividir experiências é uma das maneiras mais didáticas de amadurecer e aprender. Embora algumas barreiras, como a geografia e a língua, tendam a obstruir boa parte destas trocas nos mais diversos campos de atuação humana – incluindo o mundo dos negócios –, algumas medidas conseguem superá-las e proporcionar grandes oportunidades. Uma


iniciativa que obteve êxito em superar tais obstáculos foi a organização das Missões Brasil-Portugal, promovidas em conjunto pelo Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (CCPCB), Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) e Câmara Brasil-Angola no Ceará (CBA-CE). De acordo com a coordenadora da Secretaria Executiva da CBP-CE, Clivânia Teixeira, “após a

realização das duas primeiras edições da Missão Brasil-Portugal (em 2004 e 2007), identificamos a necessidade de aprimorar a sinergia entre nossa instituição e outras que, por meio de seus interlocutores, se relacionam conosco”. Realizada de 12 a 17 de setembro, a III Missão Brasil-Portugal foi dividida em cinco etapas, o que possibilitou a ampliação do diálogo

entre instituições e empresários dos mais diversos segmentos. Os participantes visitaram as cidades portuguesas de Moura (Primeira Comitiva Empreendedorismo, Negócios Sustentáveis e Geminação, a convite do Instituto Hidroambiental Águas do Brasil - Ihab); Aveiro (Associação Industrial do Distrito de Aveiro - Aida); Lisboa (Câmara de Comércio e Indústria de Lisboa, Conselho Jul-Ago-Set 2010 25


Barragem do Alqueva, em Moura, é o maior lago artificial da Europa, com áreas inundadas até a Espanha, com mais de 110 km de margens. Com a hidroelétrica, serão irrigados mais de 110.000 ha de terras

Visita à Vínicula Ervideira. Da esq. para dir.: Fernando Pessoa, diretor de Agronegócios da Adece; Armando Abreu, diretor de Energias da CBP-CE e presidente da Martifer; Clivânia Teixeira, secretária executiva da CBP-CE; Duarte Leal da Costa, diretor e proprietário da Ervideira; Carlos Duarte, diretor de Agronegócios da CBP-CE

Presidente José Maria Pós de Mina, da Câmara Municipal de Moura, recepciona delegação cearense

Empresarial da CPLP e Associação Industrial Portuguesa, Aicep, Anemm, entre outras); Reguengos de Monsaraz (Adega Ervideira); e Figueira da Foz. Ao longo da Missão, foram promovidos encontros tanto em grupo quanto individuais, de acordo com os interesses e disponibilidade de cada participante. "Os encontros contaram com a representatividade institucional da CBP-CE e do Conselho das Câmaras, o que possibilitou estabelecer sinergias que contribuem para a efetivação de um relacionamento ainda mais próximo entre as instituições e as empresas envolvidas",

considera Clivânia Teixeira, que esteve presente na comitiva cearense. O diretor de Agronegócios da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Fernando Pessoa, relata que "as reuniões foram bastante objetivas, sempre com empreendedores e instituições portuguesas já amadurecidos em relação ao mercado brasileiro e cearense – inclusive com planejamento de operação em curto/médio prazo” do lado de cá do oceano. Como exemplos de segmentos que podem ser beneficiados por estas trocas, Pessoa cita os setores de: Energia Solar – que pode se-

guir o modelo de Moura, aplicável em Tauá, na região dos Inhamuns cearense; Vinicultura – a experiência com espumantes da Adega Ervideira, que poderia ser aplicada em regiões montanhosas do Ceará; Leiteiro – produtores da Proleite e da Associação Nacional dos Industriais de Laticínios de Portugal, demonstraram interesse em investir nos distritos irrigados do Ceará. As impressões de Pessoa são confirmadas pelo diretor de Agronegócios da CBP-CE e sócio da Terra Quente Agropecuária, Carlos Duarte. "Foi gratificante constatar que os empresários porWorkshop no auditório da Cooperativa Mourense de Interesse Público de Responsabilidade Limitada (Comoiprel)

26 Brasil-Portugal no Ceará


Reunião com membros da CBP-CE, Instituto Hidroambiental Águas do Brasil e presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Brasileira, Antônio Bustorff

tugueses encaram com grande otimismo e responsabilidade a possibilidade de se internacionalizarem em direção ao Brasil e demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, comenta. Mas Carlos adverte: “é imprescindível a realização de estudos de mercado e manter um estreito diálogo com instituições como a CBP-CE e a Adece". Segundo a presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará (Senge), Thereza Neumann Freitas, fazer parte da Primeira Comitiva Empreendedorismo, Negócios Sustentáveis e Geminação de Moura (uma das etapas na III Missão Brasil-Portugal) foi um privilégio. “Tivemos a oportunidade de participar de visitas técnicas, de nos relacionarmos com empresários de variados setores produtivos e do poder público, além de conhecermos novas possibilidades de

negócios e parcerias que proporcionarão trocas de experiências e grandes oportunidades", explica. Quem também avaliou positivamente o esforço foi o diretor de Energias Renováveis da CBP-CE – também presidente do Grupo Braselco e da Martifer Energias Renováveis do Brasil –, Armando Abreu, que ressaltou “o bom trabalho da Câmara Brasil-Portugal no Ceará, que cumpriu seu papel de incentivadora de negócios entre Portugal e o Brasil em terras lusitanas”. Apesar do momento difícil das economias europeia e portuguesa, a iniciativa “coloca a possibilidade e o desejo de pequenas e médias empresas portuguesas virem ao Brasil como uma prioridade e uma consequência natural da posição geoestratégica dos dois países”. Ainda segundo Armando Abreu, criou-se uma enorme expectativa da possibilidade de, a

curto e médio prazo, algumas dessas empresas virem a se estabelecer e expandirem as suas atividades para o Brasil. “Compete a nós, da CBP-CE, não deixarmos passar as oportunidades e continuarmos o nosso trabalho de facilitadores destes negócios", concluiu. Clivânia Teixeira conclui, afirmando que a posição oficial da Câmara Brasil-Portugal no Ceará é de que “a concretização da III Missão e Encontro de Negócios Brasil Portugal é consequência natural das estratégias e do trabalho desenvolvido previamente pelo Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, devidamente apoiado pelas câmaras associadas”. Reunião da Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas (Anemm). Da esq. para a dir.: Carlos Duarte, diretor de Agronegócios da CBP-CE; Fernando Pessoa, diretor de Agronegócios da Adece; João Elias, diretor da Anemm; Thereza Neumann Freitas, diretora presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará; Clivânia Teixeira, secretária executiva da CBP-CE; João Reis, vicepresidente executivo da Anemm; Maria Luís, diretora geral da Anemm; Clodionor Carvalho Araújo, presidente do IHAB

Jul-Ago-Set 2010 27


informe publicitário

Banco do Nordeste BNB é o terceiro banco de grande porte que mais cresceu em 2009

O

Banco do Nordeste é o terceiro maior banco de grande porte brasileiro que mais cresceu em operações de crédito, entre 2008 e 2009, tendo alcançado uma variação positiva de 46,5% no período analisado. A constatação está no ranking das 1000 maiores empresas brasileiras, promovido pelo jornal Valor Econômico, por meio do Prêmio Valor 1000. No quesito "crescimento em depósitos totais", o BNB ocupa o 4º lugar entre os grandes bancos. No que se refere à "rentabilidade sobre o patrimônio", também ocupa boa posição, a 6ª, superando a de alguns dos maiores bancos privados do País. Ainda segundo a publicação, o BNB subiu duas posições no ranking dos maiores bancos brasileiros, e agora ocupa

28 Brasil-Portugal no Ceará

o 13º lugar. Outro destaque diz respeito à "rentabilidade operacional, sem a equivalência patrimonial", no qual ocupa o 7º lugar entre os grandes bancos brasileiros. Além disso, a participação atual do BNB no Sistema Financeiro do Nordeste é de 33,4%. No caso específico das operações de longo prazo, ela é ainda maior e representa mais da metade do total (66%). Somente nos primeiros seis meses deste ano, as contratações globais do Banco do Nordeste somaram R$ 8,4 bilhões. Os setores mais beneficiados foram Comércio e Indústria, que ficaram com 30,8% e 28,9% das operações, respectivamente; seguidos pelos setores Rural (19,5%), Ser-

viços (9,9%), Infraestrutura (7,8%) e Mercado de Capitais (3,1%). No ano passado, o BNB aplicou R$ 20,8 bilhões, dos quais R$ 9,2 bilhões oriundos do FNE, seu principal funding. De 2003 a 2010, o Banco contratou três milhões de operações no âmbito do Pronaf e, especificamente em relação ao Agroamigo (Pronaf B), alcançou, em cinco anos, um milhão de financiamentos e R$ 1,3 bilhão contratados. No Crediamigo, maior programa de microcrédito da América do Sul, foram investidos desde 1998 R$ 8,2 bilhões, beneficiando 1,3 milhão de microempreendedores com 6,8 milhões de operações. Hoje, o BNB ocupa o oitavo lugar no ranking nacional, detém 65% da carteira de longo prazo e 36,5% de todo o crédito no Nordeste, tornando-se o segundo banco rural no País por saldo líquido da carteira. Criado por Getúlio Vargas para fomentar o desenvolvimento da Região Nordeste e estruturar sua economia, o Banco do Nordeste está completando 58 anos de atuação, fato que constitui oportunidade para algumas reflexões. Ao longo dessas décadas, o BNB atingiu uma maturidade que se revela no apoio decisivo às políticas desenvolvimentistas e no compromisso com a população e com o País.


política| eleições

por Aloísio Menescal

REPENSANDO O

CEARA

O

período que compreende as Eleições para o Governo do Estado do Ceará, auge do exercício do poder democrático para o cidadão cearense, é marcado pelos balanços de governo, críticas mútuas entre os oponentes e promessas de campanha. Todos os setores da sociedade são mobilizados por este momento e esperam melhorias nos serviços que lhes assistem. No mundo dos negócios, não é diferente. Com o objetivo de clarear a visão dos próximos quatro anos nos três mais prováveis cenários a partir do resultado destas Eleições, a Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) promoveu, em agosto, o projeto “Café com Política: Repensan-

do o Ceará”, uma iniciativa pioneira entre entidades do gênero e que foi muito bem recebida pelos sócios. A ação consistiu em três encontros (um por semana) ao longo do mês de agosto, cada um com um dos três candidatos com melhor colocação nas pesquisas de intenção de voto. Os encontros foram realizados no dia 12, com Lúcio Alcântara (PR); no dia 19, com Marcos Cals (PSDB), estes dois primeiros no Hotel Gran Marquise, e, no dia 24, com o candidato Cid Gomes (PSB), desta vez no Hotel Luzeiros. De acordo com o presidente da Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE), Jorge Chaskelmann, “este foi um excelente momento de troca de ideias e uma forma de

PROJETO CAFÉ COM POLÍTICA RECEBE OS TRÊS CANDIDATOS MAIS COTADOS AO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ dar aos associados da Câmara uma visão aprofundada das propostas de cada candidato”. Para manter o foco dos discursos e perguntas dentro do leque de interesses dos associados à CBP-CE, foram sugeridos como temas: segurança jurídica para investidores; licenciamento ambiental; turismo e infraestrutura; assessoria internacional no Governo do Estado; participação das entidades representativas da comunidade internacional no Conselho de Desenvolvimento Econômico; e desburocratização do registro de empresas. Cada encontro seguiu as mesmas regras, com um tempo máximo de 20 minutos de discurso livre para cada candidato e uma hora Jul-Ago-Set 2010 29


Governador Cid Gomes rebateu as críticas dos opositores e reiterou sua política em prol do desenvolvimento e requalificação do turismo no Estado

O evento foi uma oportunidade ímpar para que os nossos associados pudessem conhecer mais de perto as propostas dos principais candidatos ao Governo do Estado, além de apresentar sugestões de políticas públicas voltadas para o estímulo ao investimento estrangeiro e ao comércio internacional no Ceará. A CBP-CE mostrou mais uma vez a sua capacidade de articulação com os poderes públicos, contribuindo assim para a criação de uma agenda positiva para o Estado e a internacionalização da economia cearense.”

José Maria Zanocchi

Vice-Presidente da Câmara Brasil-Portugal no Ceará

Queria registrar meus parabéns à CBP-CE pela realização do Café com Política. A iniciativa conseguiu criar um espaço que aproximou dois universos: o dos três principais candidatos ao Governo do Estado e o dos empresários associados. Este contato foi fundamental para que os associados pudessem ouvir, compreender e questionar diretamente os candidatos. Além disso, criou uma oportunidade de expressão de números, dados e inquietações da parte dos empresários, que certamente contribuíram com os candidatos.”

Humberto Ary Sanford

Proprietário da Sanford Imobiliária

A confiança no mercado e nas instituições é a chave de sucesso na internacionalização de qualquer empresa e a CBP-CE tem sido exemplar no enquadramento das empresas que vêm ao Ceará – notadamente através do “networking” criado entre potenciais fornecedores e parceiros, poupando tempo e recursos. A garantia do acesso às instituições e à informação formal é outro fator de segurança essencial que a Câmara promove de forma continuada.”

Pedro Garcez

Sócio Proprietário da Time Incorporações 30 Brasil-Portugal no Ceará

para as respostas aos questionamentos elaborados pelo público presente. No Café com Política do dia 12, o candidato Lúcio Alcântara fez um relato de sua trajetória política e críticas ao atual governador Cid Gomes. “Os mais importantes projetos ligados ao turismo e ao incentivo de investimentos estrangeiros no Ceará foram executados durante minha gestão, de 2003 a 2006”, afirmou. Em resposta aos questionamentos dos participantes, o candidato afirmou ter “sofrido muito” com as dificuldades de relacionamento com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, em seu primeiro mandato. “Mas isso é passado, hoje temos um bom relacionamento. A gente amadurece nesses cargos”, considerou. O candidato seguinte, Marcos Cals, recebido no dia 19, declarou em seu discurso inicial que seu foco de campanha era se tornar mais conhecido no interior, e que, para isso, conta com o apoio do senador Tasso Jereissati (PSDB). “Não tenho nenhuma dúvida de que vou para o segundo turno das eleições, só não sei com quem”, afirmou. Questionado sobre investimentos

em turismo, o candidato não poupou críticas ao Acquário, projeto do atual governador Cid Gomes: “Claro que eu quero o Acquário, mas esse tipo de equipamento deve contar com investimento privado, não do governo”. O candidato frisou que “o Ceará precisa de melhorias na Superintendência do Meio Ambiente (Semace), na estrutura portuária e de mais investimento em estradas para escoar a produção e investimento tecnológico para o agronegócio”. No último encontro do programa, no dia 24, o Café com Política recebeu o governador candidato à reeleição, Cid Gomes, que fez sua defesa em relação às críticas dos opositores: “As críticas ao Acquario são demagógicas, pois eles sabem que o projeto vai gerar empregos diretos e indiretos – que naturalmente proporcionam educação e saúde aos beneficiados e aos seus familiares”. O governador também lembrou que “equipamentos desta natureza atraem o turismo familiar e qualificado”. Sobre o fim da assessoria para assuntos internacionais, Cid rechaçou as críticas e reiterou que pessoalmente “tem cuidado dessa questão, ajudado a buscar os investimentos internacionais para o Ceará”. O projeto chamou a atenção da imprensa cearense, que fez ampla cobertura em todas as edições. “Consideramos o projeto um sucesso e chegamos ao final com um saldo positivo”, afirma o presidente da Câmara, Jorge Chaskelmann. Segundo a Secretaria Executiva da Câmara, mais de 150 pessoas – entre empresários associados à CBP-CE, autoridades, convidados e demais interessados – participaram dos encontros e avaliaram positivamente a iniciativa.

Candidato Lúcio Alcântara focou o discurso em sua trajetória política

Marcos Cals criticou o financiamento público da obra do Acquario


ESPAÇO IBEF

O Ceará estará sofrendo um processo de desindustrialização, como se diz estar acontecendo no Brasil?

O

Brasil assiste hoje a uma discussão muito importante que trata da “desindustrialização” que, segundo alguns, está em curso no País. Conforme análise da FGV (Conjuntura Econômica, Vol. 64, No. 08, Agosto de 2010) não há comprovação empírica de que tal hipótese seja verdadeira. Mas o articulista deixa um alerta sobre tal possibilidade. E no caso do Ceará, como estamos? Tomados os últimos três anos, não restariam dúvidas que tanto o Brasil como o Ceará apresentam queda da participação do PIB na economia brasileira e na economia cearense, respectivamente, o que poderia caracterizar uma “desindustrialização”. Para o Ceará, em particular, este fenômeno parece mais intenso se analisamos as estatísticas mais pretéritas. De fato, conforme mostrado na Tabela 1, abaixo, a média da participação do PIB industrial no PIB total do Brasil, até 2002, era de, aproximadamente, 27%. A partir de 2003, começa a apresentar maior participação, chegando em 2004 a 30,1%. A partir daquele ano começa a apresentar menores participações. Para o caso do estado do Ceará, era conhecido que o PIB industrial cearense até 2003, na média, participava com algo em torno de 37% do PIB total do Estado. A partir de 2004, essa participação caiu para uma média de 24%.

Por que esta variação tão brusca? Tudo começou quando o IBGE, em 2005, mudou a metodologia de medição do PIB. Esta mudança teve como consequência novos percentuais para a participação do setor industrial no PIB. Por outro lado, uma importante constatação histórica observada é que a participação do setor industrial no sistema econômico, em praticamente todos os países industrializados, tem caído ao longo do tempo. E o Brasil não é exceção. Nem o Ceará. Portanto, a “desindustrialização” é um fenômeno universal e não uma característica das economias do Brasil e do Ceará. Pedro Jorge Ramos Vianna Diretor do IBEF

Participação (%) Setorial no valor adicionado a preços básicos Setor

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Agropecuária 5,8 Brasil

5,4

5,5

5,5

5,6

6,0

6,6

7,4

6,9

5,7

5,5

5,6

27,5 26,0 26,1 25,7 25,9 27,7 26,9 27,1 27,8 30,1 29,3 28,8 27,8

Serviços

66,7 68,5 68,5 68,8 68,6 66,7 67,1 66,3 64,8 63,0 65,0 65,8 66,6

Agropecuária 9,7 Ceará

5,5

Indústria

9,6

6,4

5,6

5,7

6,1

5,2

6,1 7,1

6,6 8,4

37

36,8 22,7

37,3 21,8

25,1 23,1 23,5 23,6

57,1 7,2

56,1 69,9

67,8 70,9 69,2 70,2

Indústria

34,5 33,9 38,1 40,1 39,3 38,1

Serviços

55,9 56,5 55,6 54,3 55,0 55,9 57,8

7,1

6,0

7,3

6,2

Fonte: Brasil- IBGE / Ceará - IPECE Metodologia antiga Nova metodologia

Jul-Ago-Set 2010 31


internacionalização | bancos

por Samira de Castro

MERCADO EM

EXPANSÃO BANCOS FIRMAM PARCERIA PARA ATUAR NO CONTINENTE AFRICANO

O investimento dos bancos brasileiros no continente africano é justificado com base nos números dos últimos sete anos

32 Brasil-Portugal no Ceará

V

isto pelos empresários e governo como celeiro de oportunidades, a África é o mais novo foco dos bancos brasileiros. O Banco do Brasil (BB) e o Bradesco firmaram memorando de entendimento com o português Banco Espírito Santo (BES) para realizar estudos sobre uma “parceria estratégica”, com o objetivo de atuar no continente africano, onde ainda existem muitos países com baixo índice de bancarização. Segundo comunicado divulgado pelo BB, no início, a parceria se concentrará nas operações que o Banco Espírito Santo já possui na região, por meio da holding BES África, que terá as três instituições financeiras como principais acionistas. Esta holding deve coordenar a eventual aquisição de participação em bancos no continente, além do estabelecimento de operações do BB e do Bradesco na África.

A investida na área financeira é mais do que justificada. Nos últimos sete anos, as exportações do Brasil para a África cresceram 267%, embora, em termos absolutos, os negócios brasileiros ainda sejam pequenos no continente. Em 2009, o grupo dos países africanos comprou US$ 8,9 bilhões do Brasil, enquanto chineses forneceram US$ 50,5 bilhões em produtos, e a Índia, cerca de US$ 15 bilhões. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que a África é a nova fronteira de expansão para bancos e empresas brasileiras. “Há países com baixíssima bancarização”, afirmou, durante entrevista concedida à imprensa para comentar a assinatura do memorando de entendimentos. Em comunicado, o BB anunciou ao mercado que “as três instituições financeiras consideram a eventual parceria um meio importante para apoiar o movimento de internacionalização das empresas brasileiras e portuguesas”. A parceria também visa “assistir ao crescente intercâmbio comercial com o referido continente”, informou o comunicado. O BES, com sede em Lisboa, é o segundo maior banco comercial privado de Portugal e está presente em 18 países e quatro continentes. De acordo com o comunicado, a efetivação da operação está sujeita à realização de estudos técnicos, jurídicos, financeiros, à negociação satisfatória dos documentos definitivos e ao cumprimento das formalidades legais e regulatórias aplicáveis em cada país. O Bradesco é um dos líderes do setor financeiro privado e um dos maiores empregadores na categoria. Além disso, apresenta o melhor índice de eficiência entre os bancos de varejo. Possui mais de 8,6 milhões de acionistas. No


primeiro semestre de 2010, o Bradesco encerrou com R$ 558,1 bilhões em ativos totais. Na área de crédito, o saldo foi de R$ 244,7 bilhões das operações de crédito consolidadas, incluindo adiantamento sobre contratos de Câmbio e Arrendamento Mercantil. O Banco tem ainda sob gestão R$ 263,2 bilhões em fundos de investimento e carteiras administradas. O Banco do Brasil possui mais de 50 milhões de clientes e administra carteira de ativos superiores a R$ 756 bilhões. Conta com cerca de 106 mil funcionários, rede física com quase cinco mil agências e mais de 43 mil terminais de autoatendimento distribuídos por todo o país. Além disso, o Banco do Brasil tem ampliado sua presença internacional e já conta com mais de 40 pontos de atendimento no exterior, divididos em agências, subagências, unidades de negócios/escritórios e subsidiárias. O BB oferece aos seus clientes 18.286 pontos de atendimento e está presente em mais de três mil municípios brasileiros. Possui cerca de 29 milhões de cartões de crédito e mais de 57 milhões de débito. Seus cartões integram serviços bancários e instrumentos de acesso ao crédito.

Ligando o Ceará com o Mundo. Linking Ceará to the world. Exportação e Importação Atração de investimentos Internacionais Criação de parcerias para a internacionalização de empresas

MADE IN BRAZIL

Assessoria, Missões empresariais e feiras Internacionais Telefone: Brasil + 55.85.3246.4283 Brasil + 55.85.4141.6830 Angola + 244. 933 326082 Cabo Verde + 238. 5932 645 Moçambique + 258. 8204 03966 Portugal + 351. 913 841755 parcerias@cearatradebrasil.com.br Msn: cearatradebrasil@hotmail.com Skype: ceara.tradebrasil twitter.com/cearatradebrasi

www.cearatradebrasil.com.br Jul-Ago-Set 2010 33


feira | exportações

por Bruno Sampaio

Ao lado, Pavilhão Brasil na 46ª edição da Feira Internacional de Maputo (Facim 2010); à direita, o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, e o gestor do Sebrae/ES, Rafael Nader, em visita ao Stand Brasil

FACIM 2010 FEIRA DE NEGÓCIOS EM MOÇAMBIQUE ESTREITA RELAÇÕES ENTRE CEARÁ E ÁFRICA

O

papel do Ceará como uma das maiores janelas para ligar os negócios brasileiros a outras partes do mundo foi reforçado em setembro, por ocasião da 46ª edição da Feira Internacional de Maputo (Facim 2010), evento realizado na capital de Moçambique e que reuniu 488 empresas de 14 países diferentes. A empresa Ceará Trade Brasil, sócia da Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) e contratada

Embaixadores Antônio Souza e Silva, Murade Murargy, e o presidente da Câmara Brasil-Angola, Roberto Marinho 34 Brasil-Portugal no Ceará

para prestar assessoria internacional ao Sebrae/Nacional e ao Sebrae/Espírito Santo, levou para a feira de negócios 32 empresários capixabas e quatro gestores do Sebrae, sendo um do Sebrae/Ceará. Dada a relevância do evento, o próprio presidente do país, Armando Guebuza, comandou a abertura da Feira. Diversas empresas brasileiras interessadas em investir no continente africano levaram para a Facim os mais variados produtos, como cosméticos, melhoramento genético de bovinos, higiene e limpeza, mobiliário para escolas, colheitadeiras e até sincronizadores de semáforos. “Com esta participação conseguimos introduzir os produtos brasileiros naquele mercado, que por estar do outro lado da África, na costa do Oceano Índico, era tão pouco acessado. Rompemos também a barreira do Atlântico em relação às micro e pequenas empresas, criando um relacionamento muito forte e participando da consolidação comercial e institucional entre o Sebrae, o Ipeme (congênere do Sebrae em Moçambique) e a Seda (congênere do Sebrae na África do Sul)”, afirma Roberto Marinho, da Ceará Trade Brasil. O número de empresas brasileiras na Facim este ano foi 40% maior que em 2009.

Pelos dados oficiais do governo, a economia de Moçambique cresceu 9,5% nos três primeiros meses deste ano. Esses dados foram constatados pelos representantes brasileiros na Feira. “As oportunidades de negócio em Moçambique são bem amplas para micro e pequenas empresas. A Facim mostrou para os empresários do Espírito Santo a necessidade de estabelecer uma base em Maputo. O mercado é bem interessante e apresenta condições para diversos segmentos. No geral, a participação empresarial foi considerada excelente tendo em vista a postura imprimida e a identificação de negócios”, revela Rafael Nader, gestor do Sebrae/ES. Outra conquista na Feira foi a instalação do Centro de Distribuição de produtos brasileiros, em parceria com investidores locais que, segundo os participantes brasileiros, se mostraram muito interessados no Brasil. “A Ceará Trade Brasil fechou parceria para o início do Centro de Distribuição de produtos Brasileiros em Moçambique, complementando os que deverão ser iniciados em Angola e Cabo Verde, já em avançado estágio de aprovação junto às Agências de Investimentos dos três países. Para a efetivação dos Centros, abriremos filiais nos três países”, finaliza Marinho.


Jul-Ago-Set 2010 35


investimento | turismo

por Gabriela Alves

PA RAÍSO CEA RENSE DOIS GRANDES RESORTS DOS MAIORES GRUPOS HOTELEIROS PORTUGUESES ABREM AS PORTAS AINDA NESTE SEMESTRE NO LITORAL DO CEARÁ

36 Brasil-Portugal no Ceará


O

turismo no Ceará está prestes a entrar em uma nova fase de desenvolvimento, com a inauguração dos primeiros empreendimentos hoteleiros com o conceito de resort, colaborando para ampliar o interesse sobre o estado enquanto destino turístico e a qualificação da mão de obra no setor. Ainda neste segundo semestre de 2010, entram em funcionamento no Ceará dois resorts que trazem a marca do investimento português no estado: o Vila Galé Cumbuco e o Dom Pedro Laguna Beach Villas, Golf & SPA Resort. Além de serem hotéis equipados com o que há de mais moderno e confortável dentro do conceito de resorts, os empreendimentos destacam-se por abrirem a possibilidade de atração de novos perfis de turistas, em especial dos praticantes de golfe e de grupos com elevada renda e que costumam viajar em família. O Dom Pedro Laguna é o primeiro empreendimento hoteleiro construído dentro do complexo turístico-imobiliário Aquiraz Riviera, onde se encontra o primeiro campo de golfe do Ceará em funcionamento, com 18 buracos par 72 (já operacional com nove buracos), e traz a experiência de 37 anos do Grupo Dom Pedro Hotels, uma das marcas mais respeitadas em Portugal e com credibilidade internacional. “Juntamente ao Aquiraz Riviera, o Dom Pedro Laguna Resort terá um impacto muito forte na qualificação do turismo do Ceará, por ser um projeto com padrão de altíssima qualidade”, ressalta o

presidente do Grupo Dom Pedro e diretor do Aquiraz Riviera, Stefano Saviotti. Ancorado pela rede de hotéis Vila Galé, segundo maior grupo hoteleiro em Portugal e que está no ranking das maiores empresas do mundo, o resort Vila Galé Cumbuco também será um dos mais importantes equipamentos de padrão internacional cinco estrelas no Ceará e funcionará dentro do Cumbuco Golf Resort, que, no futuro, deverá receber outros quatro equipamentos hoteleiros e um condomínio residencial com apartamentos do tipo segunda residência. A chegada desses dois resorts será mais um grande passo para deixar o Ceará em condição de competir com outros destinos nacionais e internacionais. Os dois projetos arquitetônicos são inovadores, integrando as estruturas à natureza, em um cenário paradisíaco de praias, lagoas e dunas, um dos fatores que mais influenciam a escolha dessas unidades no Estado. “O clima excelente, a baixa pluviosidade e a brisa natural fazem do Ceará um estado com extraordinário potencial turístico”, ressalta Jorge Rebelo de Almeida, presidente da rede de hotéis Vila Galé.

Jul-Ago-Set 2010 37


investimento | turismo Dom Pedro Laguna está situado na praia de Marambaia, a 35 Km do Aeroporto Internacional de Fortaleza. Stefano Saviotti (abaixo), empresário à frente do Grupo Dom Pedro, reforça os diferenciais do projeto, como a possibilidade de se deslocar de barco dentro do hotel

DOM PEDRO LAGUNA Com inauguração prevista para o mês de dezembro deste ano, o Dom Pedro Laguna já registra a procura de alguns dos maiores operadores turísticos internacionais. De acordo com o Grupo Dom Pedro, o empreendimento, que teve o primeiro quarto decorado inaugurado em setembro, teve um investimento que ultrapassou R$ 15 milhões. “Em conjunto com o empresário cearense Ivens Dias Branco, este projeto tornou-se, para mim, uma grande paixão e tem sido um objetivo prioritário para o meu grupo”, confessa o empresário Stefano Saviotti. O primeiro hotel de luxo a ser construído no complexo turístico-imobiliário Aquiraz Riviera é o oitavo hotel do grupo Dom Pedro. O resort, situado na praia de Marambaia, em Aquiraz, a 35 quilômetros do Aeroporto Internacional de Fortaleza, possui uma frente de 200 metros de mar. O hotel tem como um dos diferenciais o fato de estar cercado por lagos artificiais, em um projeto paisagístico e de ambientação que une a beleza natural do local ao conforto pleno para os hóspedes. O resort de cinco estrelas terá 102 apartamentos divididos em 64 quartos com varanda ou terraço; 38 Brasil-Portugal no Ceará

22 water villas com um quarto, salão e amplo terraço; oito water villas com dois quartos, cada um com casa de banho, salão e amplo terraço; seis beach front villas com piscina privada, dois quartos, cada um com casa de banho, salão e amplo terraço sobre a lagoa; duas villas com piscina privada, dois quartos, cada um com casa de banho, salão e amplo terraço sobre a lagoa. “Conheço pessoalmente muitos resorts do Brasil e considero que o Dom Pedro Laguna vem preencher uma lacuna existente. A construção de um lago que liga os apartamentos com as water villas cria uma sensação extremamente agradável. Poder se deslocar de barco dentro do parque do hotel, ligando as diferentes atrações, é algo que só há na Polinésia”, reforça Saviotti. Neste lugar paradisíaco, o room service chegará por barco às water villas, onde os hóspedes poderão desfrutar de café da manhã, almoço ou jantar no seu terraço privado em cima da lagoa. Além da comunicação dentro do resort ser feita por barcos ou carros elétricos, os hóspedes também contarão com rede wireless em todo o hotel e sala de internet, SPA com ampla quantidade de tratamentos, piscina junto à praia, academia com ginásio, kids club, salas de reunião para 200 pessoas e programas e preços especiais para o golfe.


VILA GALÉ CUMBUCO No fim do mês de outubro, os turistas em visita pelo Ceará já poderão se hospedar no resort Vila Galé Cumbuco. De acordo com a rede Vila Galé, o investimento para a etapa inicial do projeto do novo resort foi de R$ 110 milhões. Em parceria com órgãos públicos, foram realizadas capacitações com a mão de obra local. “Já foram gerados 700 empregos, apenas nesta primeira

fase”, afirma Jorge Rebelo de Almeida. Além da praia de Cumbuco, localizada a 41 quilômetros de Fortaleza, já ser conhecida internacionalmente pelos desportistas por conta da prática do kitesurf, o hotel Vila Galé Cumbuco se apresenta como opção para um público alvo de famílias e casais de todas as faixas etárias e ainda de executivos. Este segmento também terá um peso importante na ocupação do complexo de acordo com o grupo. O Vila Galé Cumbuco ocupará uma área de 100 mil metros quadrados, dentro do empreendimento Cumbuco Golf Resort, e terá capacidade para 1.200 pessoas, com o total de 465 apartamentos e chalés, em um sistema de hospedagem all inclusive. Os hóspedes do resort desfrutarão de quatro restaurantes com especialidades gastronômicas brasileiras, asiáticas e portuguesas, cinco bares e um Centro de Convenções para 700 pessoas. Quanto à estrutura de lazer, o resort contará com uma piscina com

2,2 mil metros quadrados, um kids club, chamado Clube do NEP, que promete fazer sucesso entre o público infantil e, para os apreciadores de atividades marítimas, abrigará um clube náutico, com 200 metros quadrados. Entre os diferenciais, está o SPA Satsanga, exclusivo da rede Vila Galé. Com 3 mil metros quadrados, o SPA tem uma estrutura inspirada nos melhores centros wellness da Ásia e Europa e oferecerá atendimento personalizado. Na direção geral do Vila Galé Cumbuco está André Penna, executivo com vasta experiência em hotelaria, tendo passado pelo Iberostar Bahia e pelo navio Iberostar Grand Amazon, do grupo Iberostar Hotels & Resorts, e pelo Club Med Brasil. Além da nomeação de André Penna, a rede Vila Galé anunciou Carlos Maia como diretor operacional. O profissional vem com a experiência em outros empreendimentos do grupo, como o Vila Galé Eco Resort do Cabo e o Vila Galé Mares.

Vila Galé Cumbuco ocupa uma área de 100 mil m², dentro do empreendimento Cumbuco Golf Resort, e tem capacidade para 1.200 pessoas, com o total de 465 apartamentos e chalés, em um sistema de hospedagem all inclusive

Jul-Ago-Set 2010 39


página jurídica | infraestrutura

por Fernanda Cabral de Almeida Gonçalves é advogada e sócia da Trigueiro Fontes Advogados e Diretora Jurídica da Câmara Brasil-Portugal no Ceará

Os Desafios do Brasil para a Copa 2014

P

assados os ânimos do anúncio da escolha do Brasil como país sede para a Copa do Mundo de 2014, as cidades-sede já estão atentas aos desafios que enfrentarão daqui para frente. Afinal, não é somente o futebol e o troféu que estão em jogo, mas a oportunidade de atração de investimentos para o desenvolvimento do país. Dentre os desafios que o Brasil irá enfrentar, o setor do turismo é um dos mais importantes. Essa será a grande oportunidade de o Brasil mostrar a sua capacidade e eficiência na prestação de serviços, propiciando maior segurança aos investimentos privados e demais negócios na área do turismo. Certamente haverá um aumento significativo do fluxo turístico até 2014. E quem poderá lucrar muito com tudo isso são, principalmente, as cidades-sede do Nordeste, que são os destinos mais comuns de turistas estrangeiros. Por outro lado, há outras preocupações não menos importantes, como os investimentos em infraestrutura, que serão necessários nos mais diversos ramos de negócio, tais como: construção civil, energia, turismo, transporte, tecnologia, publicidade, hotelaria, alimentação, hospitais e telecomunicações. Assim, essa será a oportunidade que o país terá para alavancar em termos de modernização e infraestrutura, mostrando a sua força econômica para atrair investimentos que podem transformar o Brasil em um dos mais importantes pólos turísticos do mundo. E o primeiro passo é fomentar a desoneração da carga tributária de diversos setores da economia. Nesse sentido é que o Governo Federal já está na corrida para aprovação de pacotes de incentivos fiscais, com o objetivo de desonerar investimentos voltados para a realização desses eventos. No entanto, até alguns projetos de lei se tornarem realidade, as empresas deverão estar atentas a outros dispositivos legais

40 Brasil-Portugal no Ceará

que concedem incentivos fiscais ligados ao evento. Na esfera federal, se aposta na utilização do Reidi – Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Lei 11.488/07). É beneficiária do Reidi a pessoa jurídica que tenha projeto aprovado para a implantação de obras de infraestrutura nos setores de transporte, portos, saneamento básico e irrigação. Através desse regime, as empresas podem ver garantida a suspensão da exigibilidade do PIS/Pasep, da Cofins, do PIS-Importação e da Cofins-Importação, nas hipóteses definidas pela lei. Já na seara estadual, vigora o Convênio de ICMS 108/08, o qual autoriza os Estados e o Distrito Federal a concederem isenção do ICMS nas operações com mercadorias e bens destinados à construção, ampliação, reforma ou modernização de estádios a serem utilizados na Copa de 2014. O Estado do Ceará partiu na frente e já tem aprovada a Lei Nº 14.305/09, que concede isenção de ICMS para operações e prestações diretamente vinculadas ao referido evento. De fato, o Brasil enfrentará grandes desafios, seja pelas limitações internas, seja crise financeira internacional, que afetou alguns países estrangeiros. Entretanto, a Copa de 2014 certamente trará muitos outros benefícios para a economia do País. O que não se pode é perder o foco para elevar a imagem e a força do País, através de ações que garantam segurança jurídica a todos que, direta ou indiretamente, participarão do Mundial de 2014. Nessa esteira, é importante que não só os setores públicos, mas também os setores privados estejam atentos e bem orientados por profissionais especializados, no momento de fazer suas contratações, parcerias e negociações que necessitem de análise técnico-jurídica, a fim de investirem com segurança e evitarem que essa oportunidade de crescimento traga prejuízos futuros.


informe publicitário

Martifer Impulsionando o mercado de energias renováveis no Brasil

C

otada em Bolsa (Euronext Lisbon) desde junho de 2007, a Martifer é um grupo industrial que conta já com mais de 3.000 colaboradores e está presente em 16 países. Em 2009, os proveitos operacionais das suas atividades principais ascenderam a 606 milhões de euros. A Martifer iniciou a sua atuação em 1990 no setor das estruturas metálicas, conquistando em apenas seis anos a liderança do mercado nacional. A partir de 1996, estendeu a sua atividade para novas soluções de construção, estruturas em inox e alumínio. Atento às necessidades globais de novas soluções de energia, o Grupo inicia trabalhos no setor de energias renováveis, inicialmente no fabrico de torres eólicas, aproveitando o know how e as sinergias com a área de estruturas metálicas. Hoje exerce a sua atividade em três segmentos de negócio: equipamentos para energia no ramo eólico, na engenharia e desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de energia através de fontes renováveis; solar fotovoltaico, com uma das unidades mais automatizadas do

mundo para produção de módulos, com capacidade para 50 MW; e promoção e desenvolvimento de projetos de energias renováveis, onde tem em operação 104 MW de parques eólicos e solares e mais de 3 GW em desenvolvimento. O crescimento e o amadurecimento do mercado de energias renováveis no Brasil permitiram à Martifer Renováveis atuar de forma cada vez mais contundente no país. Além dos 14,7 MW de projetos eólicos já em operação, a Martifer irá agora implementar mais 218 MW. Com um quadro atual de expectativas alcançadas, o Grupo se prepara para novos desafios. Em 2012, iniciará a operação dos parques eólicos com contrato de venda de energia obtido no leilão da ANEEL. Para além das energias renováveis, o Grupo Martifer tem como objetivo estratégico procurar aproveitar o potencial dos grandes projetos previstos no Brasil, com a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos 2016 em destaque. Com 18 unidades industriais em funcionamento em todo o mundo, a Martifer conta com 20 anos de experiência a multiplicar sucessos.

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história | luso-brasileira

por Túlio Muniz

RELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E BRASIL:

TANTO A NAVEGAR!

OS ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE PORTUGAL E BRASIL PODERIAM RENDER UM LIVRO, DIANTE DAS TANTAS REFLEXÕES A SEREM FEITAS E REVISTAS COMO, POR EXEMPLO, AS PREOCUPAÇÕES ACERCA DO DISTANCIAMENTO RECÍPROCO ENTRE OS DOIS PAÍSES QUE TANTAS SEMELHANÇAS GUARDAM ENTRE SI E AS DIFICULDADES QUE TÊM EM APROXIMAREM-SE NAS SUAS DIFERENÇAS 42 Brasil-Portugal no Ceará


O

silêncio sobre si mesmo (a quase negação da cultura árabe pelos portugueses) e sobre o “outro” (o desinteresse do Brasil sobre a História de Portugal) permeia esses discursos de dominação e resistência entre os países, pautados quase sempre na negação da importância do “outro” na constituição do capital cultural do “eu”, limitando ações e trocas entre as partes. Tal reflexão me parece plausível passados 202 anos da chegada da Corte

portuguesa ao Brasil. Prevalece, até hoje em dia, o distanciamento e o desconhecimento sócio-historiográfico entre dois países que, justamente por terem sido tão próximos, se distanciaram demasiadamente, movimento que se dá tanto por parte dos portugueses quanto dos brasileiros, que negam e desconhecem a História do seu antigo e longínquo colonizador. São, em muitos aspectos, preconceitos estabelecidos pelo chamado “senso comum”, que é, para o intelectual portu-

guês Boaventura Sousa Santos, “um conhecimento evidente que pensa o que existe tal como existe e cuja função é a de reconciliar a todo custo a consciência comum consigo mesma. É, pois, um pensamento necessariamente conservador e fixista”. Pois para o preconceituoso “senso comum” brasileiro, Portugal é um país “atrasado”, inspirador de um vasto anedotário. Por outro lado, vigora entre o povo português a desconfiança quanto aos brasileiros imigrantes, associados automaJul-Ago-Set 2010 43


história | luso-brasileira ticamente à criminalidade e à prostituição. Preconceitos forjados ao longo da História. O Brasil, a partir da Independência (1822) e, sobretudo, do estabelecimento da República (1889), desconsideraria o que aconteceria em Portugal e na África do século XIX em diante. De fato, até hoje nas escolas brasileiras, do ensino fundamental ao acadêmico, pouco ou quase nada se lê sobre história contemporânea portuguesa e africana. Assim como Portugal silenciou sua herança moura, o Brasil tratou de fazê-lo com a antiga metrópole. Portugal (e de resto Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné, São Tomé e Príncipe) é tido no Brasil, quando muito, como um território linguístico comum, o que levou Eduardo Lourenço a afirmar que “no Brasil, Portugal está em todo lado e em lado nenhum”. Foi justamente o mutismo do Brasil sobre Portugal que propiciou a um dos mais renomados intelectuais brasileiros a elaboração para o antigo colonizador de uma teoria que justificasse o prolongamento da exploração portuguesa na África, no século XX. O “Lusotropicalismo”, que Gilberto Freyre tece sob encomenda para Salazar, contraiu os diferentes campos territoriais, espaciais e temporais, para concluir que a suposta (e falsa) “colonização desinteressada” empreendida por Portugal na América reproduziu-se igualmente na África. Essa tese foi largamente usada por Salazar. O “Lusotropicalismo” é elaborado sem contestações no Brasil. Freyre não só elaborou o “Lusotropicalismo” como não escondeu sua admiração pela pessoa de Salazar (ditador entre 1928 e 1968), explicitada em “Três Antônios de Portugal”: “O Professor Salazar é homem de aparência sã. Alguma coisa de semita marca-lhe a fisionomia. Alguma coisa de defroqué adoça-lhe também a voz, que é de ordinário calma, suave, embora didacticamente clara. O que é muito português no Professor Salazar é a doçura um pouco triste do seu olhar: um olhar doce, mas não melífluo, de homem virilmente bom. Nem 44 Brasil-Portugal no Ceará

fraco nem sequer sentimental: virilmente bom”. O mutismo acrítico do Brasil sobre si mesmo e sobre o contexto colonial, particularmente sobre o colonialismo português do século XX, endossava as teorias freyreanas. Não se trata aqui de denegar a obra de Freyre, sua leitura é obrigatória por trazer para o texto acadêmico brasileiro a sexualidade, a gastronomia, as relações privadas, entre outros. Mas não criticar ou negar o “Lusotropicalismo” enquanto construção de um intelectual brasileiro e sua utilização pelo regime salazarista demonstra a dificuldade que o “maior país negro fora da África” tem em lidar e se defrontar com seus próprios preconceitos decorrentes de um passado escravagista. Freyre e o “Lusotropicalismo” são exemplos de como o mutismo funciona quan-

do, no Brasil, se trata de evitar os questionamentos de seus próprios mitos (e Freyre é um deles, em que pese sua importância). Porém, legar ao “outro” o espaço do “não dito” quando o “outro” foi o dominador não é exclusividade brasileira, e vem de uma longa tradição “lusófona”. Portugal fez o mesmo com relação aos árabes, que do século VII ao século XIV dominaram a Península Ibérica. Creio que tal negligência deve-se mais ao sentimento lusitano de suplantar a presença do antigo dominador no ‘inconsciente coletivo’ da nacionalidade. As palavras de Abdool Karim Vakil encerram este parêntese necessário sobre a possível origem do conveniente silêncio lusófono sobre seu antigo dominador: “A relação de Portugal com o Islão remonta à fundação da nacionalidade. (…) Esse facto, por si só, já


posição mais condizente com o presente, com as imensas possibilidades de intercâmbio sócioculturais, acadêmicos e comerciais, com suas histórias que, enfim, estão associadas.

SEMELHANÇAS INCONFUNDÍVEIS

justificaria uma abordagem mais reflexiva - atenta à forma, por exemplo, como a arqueologia e a história medieval procedendo a uma desconstrução do discurso historiográfico da “Reconquista”, e reconfigurando a narrativa das origens e formação da nação contribuem para a re-imaginação da memória histórica e da imagem da nação que os portugueses têm de si mesmos”. Movimentos de encontros e desencontros ao longo dos séculos fazem de portugueses e brasileiros de hoje uma espécie de colonizados de si mesmos. Ensimesmados, privilegiam uma busca da essência de si em detrimento da busca pelo “outro”. Os portugueses - à deriva nos grandes acontecimentos do passado e numa espécie de sonambulismo da era do Euro - e os brasileiros - conformados

com a ilusória “democracia racial” e o “caos organizado” de suas grandes metrópoles - circunscrevem suas interpretações recíprocas nos discursos ditados pelas instituições governamentais e pela mídia, cujos interesses são estreitos e coniventes. No Brasil prevalece o senso comum pejorativo sobre Portugal que, por sua vez, se sujeita às determinações da União Europeia que, nestes tempos “berluscosarkozianos”, é cada vez mais restrita a cidadãos não-europeus. Ganhariam todos se caísse o véu das (in)diferenças que limita as trocas de experiências no espaço de língua portuguesa, pleno de hibridismos que podem aproximar mais do que afastar, superando definitivamente a condição de países “semiperiféricos” para assumirem e serem aceitos como “semicentrais” (inspiro-me em conceitos de Margarida Calafate Ribeiro),

Pois se no “senso comum” brasileiro prevaleceu o esquecimento de Portugal, a História demonstra que no Brasil permaneceram importantes referenciais portugueses na organização do Estado, na arquitetura urbana (pública e privada), no fanatismo pelo futebol e nas festas populares: as festas juninas (a beleza dos “Arraiais” e do “São João” de cá e de lá), as Cavalhadas no interior de Goiás e os “pastoris” no Ceará e Rio Grande do Norte (encenações da expulsão dos mouros da Península Ibérica que em Portugal são encontrados no Minho). Ou os tantos “bois” do Norte-Nordeste brasileiro e os “rodeios” e “vaquejadas”, que devem suas origens muito mais ao apego dos portugueses por touradas do que ao espetáculo norteamericano, ou os desafios de viola e de repentistas no Nordeste, tão parecidos com os desafios de cantadores e acordeonistas do Norte de Portugal, nas semelhanças entre os saberes e os equipamentos utilizados na agricultura familiar ou na pesca artesanal em comunidades piscatórias: as semelhanças nas festas e crenças religiosas relacionadas à maritimidade, a nomeação das embarcações e dos peixes, sabores que geram saberes - a propósito, em Portugal, saber também tem sentido de sabor, gosto, paladar. Sem alianças institucionais em contextos amplos, e sem o alargamento de perspectivas que extrapolem uma escrita comum, não há acordo linguístico e cultural que leve a aproximação efetiva. Estabelecer pontes com novas e criativas práticas econômicas e de saberes, calcadas nos interstícios aproximadores das diferenças, é ainda um oceano a navegar. Turbulento, é verdade, mas atraente. por Túlio Muniz, brasileiro, jornalista, historiador e doutorando em Pós-Colonialismos e Cidadania Global no Centro de Estudos Sociais da Universidade Coimbra, onde residiu entre novembro de 2007 e junho de 2010 Jul-Ago-Set 2010 45


história | luso-brasileira

Acordo ortográfico: igual na pronúncia, diferente na escrita

N

o dia do centenário da morte de Machado de Assis, 29 de setembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto para a implantação do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no Brasil. O escritor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e Quincas Borba possivelmente ficaria surpreso, para dizer o mínimo, com a acentuação de algumas palavras, como ideia, que perdeu o acento agudo. E o que o escritor acharia da extinção do trema e da sistematização na utilização do hífen? A essas perguntas só é possível responder com suposições. Mas como será que as populações dos países de língua portuguesa reagirão a um acordo ortográfico que visa uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos? Vale lembrar que a língua portuguesa era o único idioma do ocidente

que tinha duas grafias oficiais - a do Brasil e a de Portugal. A divisão ocorreu em 1911, quando Portugal fez, à revelia do Brasil, a primeira normatização oficial da língua portuguesa. Segundo o Ministério da Educação brasileiro, a unificação da ortografia atinge 1,6% do vocabulário escrito utilizado em Portugal e 0,5%, no Brasil, resolvendo em 98% as diferenças ortográficas existentes entre o português dos dois países. O alfabeto passou a ter 26 letras com a inclusão do “k”, do “w” e do “y” e a grafia das palavras ficou mais próxima à forma falada. Um exemplo disso foi a abolição das consoantes mudas no português de Portugal, como nas palavras acção, adopção e óptima, e o “h” inicial de palavras como húmido. É importante destacar que as palavras continuam sendo pronunciadas da mesma forma.

As principais modificações nas regras brasileiras são a eliminação do trema nos substantivos comuns, em palavras como linguiça e consequência, por exemplo, e do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” das paroxítonas, como heroico e assembleia. O mesmo ocorre com “i” e “u” seguidos de ditongo nas paroxítonas, como a palavra feiura. O acento circunflexo deixa de existir no hiato “oo” (enjoo, voo) e nas formas verbais creem, leem, deem, veem e seus derivados (descreem, releem, desdeem, reveem). O hífen deve ser usado com prefixo+h (super-homem), na duplicidade de vogais (semi-interno) e na duplicidade de rr (hiper-requintado). Deixa de ser usado com prefixo terminado em vogal+r ou s, que dobram (aintirreligioso), também com prefixo terminado em vogal diferente da do elemento seguinte (autoestima). Independente de ser contra ou a favor, todos terão que se adaptar. Por enquanto, tanto a grafia velha quanto a nova são aceitas oficialmente, mas a partir do dia 1º de janeiro de 2013, a grafia correta da língua portuguesa será somente a prevista no novo acordo.

Novas grafias Veja como ficou a nova grafia de algumas palavras: • Assembleia • Estreia • Frequência • Heroico • Eloquente • Aguentar • Voos • Minissaia • Antirreligioso 46 Brasil-Portugal no Ceará

• Ideia • Plateia • Apoio • Paranoia • Cinquenta • Tranquilo • Veem • Contrarregra


evento | nordeste

por Aline Romero

Equipe de jurados avaliam a produção dos pães artesanais. O vencedor foi Paulo Roberto Silva, da Companhia do Pão, com o Pão Doce Light com Figo e Amêndoas

CEARÁPÃO EVENTO FIRMA UMA NOVA FASE PARA O SETOR DE PANIFICAÇÃO

A

riqueza econômica e as novidades do universo da panificação movimentaram o mercado cearense durante os dias 24 e 26 de agosto, com a realização em Fortaleza do CearáPão 2010, um dos maiores eventos do setor na região Nordeste. Promovido pela Associação Cearense da Indústria de Panificação (Acip), o encontro teve como tema “Tendências da Padaria no Mundo Gastronômico” e expôs os mais modernos e recentes produtos destinados aos panificadores – desde máquinas e utensílios às mais variadas utilidades. Durante três dias, empresários panificadores, confeiteiros, cozinheiros, doceiros, fornecedores de produtos e serviços da área da panificação trocaram experiências na Fábrica de Negócios, espaço de eventos do Hotel Praia Centro. Cursos, oficinas, palestras, workshops, exposições, concurso de culinária nas

modalidades de pães, tortas e sanduíches foram alguns dos atrativos do evento. Já na “Padaria Show”, o público conheceu produtos e equipamentos de fornecedores e, na “Vila do Pão”, produtos de panificadores locais e artesãos do interior. De acordo com o diretor-executivo da Acip, Everardo Matias, a escolha do tema se deu com o objetivo de adequar as padarias à modernização do público consumidor. “Podemos perceber facilmente que, hoje em dia, as panificadoras passaram por um grande desenvolvimento, tanto é que não vendem somente pães. Os padeiros passaram a investir em construção de espaços para almoço, jantar e, acima de tudo, um local para reunir amigos, empresários e famílias. Com esse entendimento, organizamos cursos, palestras e oficinas explorando esse tema de modernização e tendências dos consumidores”, comenta.

Everardo Matias afirma ainda que o Cearápão superou as expectativas. “Mais de 1.200 profissionais participaram do encontro. Além disso, conseguimos fechar um acordo de cooperação financeira com o Banco do Nordeste (BNB), que abrirá crédito para que os empresários da área possam modernizar e equipar seus estabelecimentos. O grande resultado do evento está possibilitando que pensemos em uma segunda edição”, conclui.

Para a diretoria da Associação Cearense da Indústria de Panificação (Acip), o momento atual reforça a necessidade de adequar as padarias à modernização do público consumidor

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página ecponômica | sustentabilidade

por Carlos Duarte é sociólogo, diretor da Terra Quente Agropecuária, diretor de Agronegócios da Câmara Brasil-Portugal no Ceará e vice-presidente da Câmara Brasil-Angola no Ceará

Agricultura familiar e modelos de desenvolvimento sustentável Objetivos Este artigo tem como principal objetivo promover uma reflexão sobre a importância da agricultura familiar no processo de desenvolvimento das sociedades modernas, enquanto vetor chave de sustentabilidade e crescimento sócio-econômico. Como segundo objetivo, complementar e subsequente, pretende-se evidenciar a pertinência de exportação dos modelos brasileiros de dinamização da agricultura familiar em direção às nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com destaque para a organização cooperativa nas área de produção, processamento e comercialização.

Conceitos principais Definimos agricultura familiar como sendo aquela praticada em pequena escala, em estabelecimento familiar, por recurso a mão de obra do núcleo familiar e não ultrapassando uma determinada área de exploração. Entendem-se como modelos de desenvolvimento sustentável todos os sistemas, de produção e/ou processamento, que promovam o crescimento econômico com garantia de respeito pelo meio ambiente, social e econômico.

O peso e importância da agricultura familiar Considerando a importância da agricultura familiar, no contexto do Brasil e do mundo, e nos tempos atuais, os principais empreendedores empresariais dos setores afins ao agronegócio compreendem a necessidade de se adotarem modelos de desenvolvimento sustentáveis, mais eficazes em rentabilidade desde

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que bem executados e com máxima integração e aproveitamento dos recursos disponíveis. No caso do Brasil observamos que o Nordeste detém cerca de metade do total das unidades de agricultura familiar do país, estimadas em 2.187.295 estabelecimentos. Por sua vez, esta macro-região concentra 35,3% da área total deles, expressos em 28,3 milhões de hectares. No Nordeste, isto representa 89% do total de estabelecimentos e 37% da área. Observando os dez estados brasileiros que possuem mais estabelecimentos de agricultura familiar, constatamos que cinco deles são nordestinos: Bahia (1º lugar, com 665.831 ou 15,2% do total nacional), Ceará (4º com 341.510 ou 7,8% do total), seguindo-se Pernambuco, Maranhão e Piauí, respectivamente em sexto, sétimo e oitavo lugares. Refira-se que a dimensão média de 13 hectares do estabelecimento de agricultura familiar possibilita o desempenho rentável de atividades agropecuárias diversas. (cf. BNB, Etene, Informe Rural ano 4 – 2010 – n. 5) A agricultura familiar é responsável pela produção dos principais alimentos consumidos pela população brasileira: 84% da mandioca, 67% do feijão, 54% do leite, 49% do milho, 40% de aves e ovos e 58% de suínos. No Nordeste, a agricultura familiar é responsável por 82,9% da ocupação de mão de obra no campo. (cf. BNB, Pronaf, agricultura familiar). Para além dos produtos referidos, encontramos produção familiar de arroz, caprinos, algodão, fumo, cana de açúcar, soja, trigo, frutas e produtos diversos provenientes da silvicultura e extrativismo vegetal.


As principais etapas do desenvolvimento sustentável com suporte na agricultura familiar 1º) Revitalização da agricultura familiar e fixação das populações rurais no campo. No Brasil, 12,3 milhões de trabalhadores no campo encontram-se em estabelecimentos de agricultura familiar, representando quase 75% das pessoas ocupadas no meio rural, demonstrando que as atividades do setor primário são uma importante forma de fixar o homem no campo, evitando a sua migração para os grandes centros urbanos e todas as conseqüências nefastas advindas. Em termos simples, trata-se de valorizar a atividade agri-silvi-pastoril, assegurando o desenvolvimento local e regional, de forma a evitar que o homem rural passe da pobreza do campo para a miséria da cidade. 2º) Organização da agricultura familiar sob a forma cooperativa, aos níveis da produção, processamento, crédito e comercialização. Assegurando-se desta forma, a possibilidade de efetuar, com eficácia, extensão rural e capacitação profissional. 3º) Relacionamento da agricultura familiar e cooperativa com a agricultura empresarial e agroindústria. Trata-se de uma relação dualmente benéfica: o produtor rural familiar, de per si ou associado cooperativamente, obtém a garantia de escoamento da sua produção, enquanto a agricultura empresarial se beneficia da segurança de fornecimento da matéria prima agrícola indispensável. 4º) Desenvolvimento sustentável e multiplicação dos agentes no mercados, como garantia de funcionamento equilibrado dos mercados. Através do desenvolvimento sustentável aos níveis social, econômico e ambiental, gera-se emprego e renda, estabelecendose as bases para a elevação dos padrões de consumo da sociedade como um todo: a multiplicação de agentes de consumo e produção garante o funcionamento dos mercados em níveis sucessivamente mais elevados na relação preço – qualidade de bens e serviços. 5º) Pacificação social e tendência para o desenvolvimento harmonioso das sociedades em direção à modernidade. Ainda que o desenvolvimento da agricultura familiar, de forma sustentável e harmoniosamente relacionado com a agricultura empresarial (ou movendo-se na sua direção), não anule a diferenciação entre classes sociais, contribui para a elevação da

condição social das classes desfavorecidas no sentido de padrões de consumo e patamares de qualidade de vida imprescindíveis para a pacificação de qualquer sociedade moderna.

Os desafios atuais dos países africanos da CPLP Sem querermos propor modelos fechados de dinamização da agricultura familiar e subsequente desenvolvimento sócio-econômico mais abrangente, podemos, ainda assim, recomendar a estratégia acima expressa como sendo adequada ao momento que os países africanos da CPLP experimentam. A produção e processamento agrícolas e agroindustriais, neste contexto, são vetores chave de desenvolvimento: fixam as populações rurais nos seus locais de origem; neutralizam os efeitos inflacionários decorrentes da escassez de alimentos; evidenciam uma potencial vantagem competitiva futura das nações africanas no contexto continental e mundial de produção de alimentos... e energia. O Brasil, complementarmente, possui tecnologia em agronegócio e desenvolvimento local e regional passível de ser transferido para os países CPLP, cobrindo todas as áreas de competência: produção agrícola e pecuária, processamento agroindustrial, modelos de financiamento, capacitação profissional, ordenamento rural e urbano. Qualquer que seja a dimensão que o agronegócio possa assumir, desde o nível familiar ao nível empresarial, e igualmente para o sucesso dos processos de transferência de tecnologia e know-how, recomendase o preenchimento dos seguintes conhecimentos: 1º) estudo do mercado; 2º) estudo de viabilidade econômica e financeira; 3º) projeto de financiamento, com capitais próprios e/ou terceiros; 4º) planejamento estratégico e operacional; 5º) implantação e infra-estrutura; 6º) administração e marketing. Em forma de conclusão, é fundamental que se compreenda (e coloque em prática) que o crescimento econômico e social mais sustentável é aquele que, simultaneamente, se afirma como mais justo. E tal propósito só se atinge com a elevação do nível da agricultura familiar, em direção a padrões de eficácia e qualidade mais elevados. Para bem de todos, qualquer que seja o seu nível social.

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diplomas | validação

por Túlio Muniz

DIÁLOGO INTERCULTURAL

PROJETO DE LEI PREVÊ ACEITAÇÃO AUTOMÁTICA DE DIPLOMAS ESTRANGEIROS OBTIDOS POR BRASILEIROS

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contexto universitário brasileiro mantém uma distorção em relação à formação acadêmica de seus próprios cidadãos e de cidadãos estrangeiros no exterior. Trata-se do não reconhecimento automático de diplomas de nível superior obtidos fora do país. Urge uma discussão acerca deste tema, e uma mudança da norma brasileira, defasada diante do contexto mundial. Somente no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, em Portugal, cerca de 70% dos estudantes de pós-gradução são brasileiros, com acesso irrestrito, possibilitando-lhes diálogos interculturais com estudantes e intelectuais de boa parte do mundo, nomeadamente da África. Aproximando suas ciências com as de Portugal e África, através da formação universitária pública, o Brasil pode promover uma importante transição, visando os encontros entre práticas e saberes. A alteração da norma brasileira pode criar inteligibilidade recíproca entre os diferentes espaços culturais de língua portuguesa. Entretanto, tal espaço conta com união institucional ainda incipiente e defasada em relação a outros contextos linguísticos e acadêmicos, como o da francofônia. Valorizando a formação de seus próprios cidadãos e de estrangeiros em universidades públicas e eliminando burocracias que dificultam a inserção desses estudantes nas instituições nacionais, o Brasil daria um passo importante na inserção de profissionais formados fora, brasileiros ou não, no mercado do trabalho interno. Aos muitos brasileiros formados no exterior, será facilitada a reintegração em seu próprio país, onde são, atualmente, o tipo social “estrangeiro em sua própria terra”, de50 Brasil-Portugal no Ceará

finido com perspicácia por Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil”. Em agosto, o deputado federal José Aírton (PT-CE) apresentou à Comissão de Educação do Congresso Nacional projeto de lei que visa o reconhecimento automático de certificados e diplomas de graduação e pós-graduação obtidos por brasileiros e estrangeiros em universidades públicas no exterior, sobretudo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Parece vir a fortalecer propostas como as da Universidade da Integração Luso Afro Brasileira (Unilab), implantada

no Ceará este ano pelo governo federal. Diante da proposta do deputado, a direção do CES reforçou a importância de legitimar a questão: “O reconhecimento e a validação automáticos de graus constitui um pressuposto fundamento de uma cultura acadêmica cosmopolita, e é fator essencial de uma mobilidade baseada em formas de cooperação mútua. A construção da CPLP não poderá nunca fazer-se contra as universidades ou à margem delas. Pelo contrário, cabe às universidades um papel chave na promoção de laços institucionais de laços cada vez mais sólidos”.


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gastronomia | bacalhau

por Rafaela Britto

SABOR que transcende os MARES “Os meus romances, no fundo, são franceses, como eu sou, em quase tudo, um francês – exceto num certo fundo sincero de tristeza lírica que é uma característica portuguesa, num gosto depravado pelo fadinho, e no justo amor do bacalhau de cebolada!” Eça de Queiroz (carta a Oliveira Martins )

Í

cone da gastronomia lusa, reconhecido em diversas mesas mundo afora, o bacalhau hoje é uma herança saborosa deixada pelos portugueses para nós, brasileiros. A descoberta data do século XV, bem na época das grandes navegações. Em busca de produtos que não fossem perecíveis e capazes de suportar as longas viagens, os

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lusitanos acharam somente em 1497 o que procuravam: o bacalhau. Encontrado em príncipio nas proximidades do Pólo Norte, pouco tempo depois iniciou-se sua pesca na costa do Canadá. Existem registros de que alguns anos depois, em 1508, o bacalhau já correspondia a 10% do pescado comercializado em Portugal. Já em 1596, os portugueses passaram a pescar o bacalhau também na costa da África e, em pouco tempo, se tornaram os maiores consumidores de bacalhau do mundo, chamado carinhosamente de "fiel amigo”. Esse carinho ilustra bem o papel do bacalhau na alimentação portuguesa. Durável e acessível a uma parte da população que raramente podia comprar peixe fresco, imediatamente o alimento passou a fazer parte da cultura daquele povo.


Nas tradições cristãs, os adeptos da religião deveriam manter um regime rigoroso, que excluia o consumo de carnes vermelhas (comidas quentes), devendo seguir uma dieta de comidas frias, como os peixes. O consumo de bacalhau tornou-se substituto dos alimentos proibidos, passando a ter uma ligação estreita também com a cultura religiosa do povo português. Lá, o bacalhau é cozido às vésperas do Natal, para ser transformado no dia seguinte em “Roupa Velha”, receita tradicional da iguaria.

“Devemos aos portugueses o reconhecimento por terem sido os primeiros a introduzir, na alimentação, este peixe precioso, universalmente conhecido e apreciado". Auguste Escoffier, chef-de-cuisine francês, 1903

A CHEGADA AOS MARES DO SUL O bacalhau chegou ao Brasil com os portugueses já na época do descobrimento, mas foi com a vinda da corte portuguesa, no início do século XIX, que esse hábito alimentar começou a se difundir em terras canarinhas. Data dessa época a primeira exportação oficial de bacalhau da Noruega para o Brasil, que aconteceu em 1843. Na edição do Jornal do Brasil de 1891 está registrado que os intelectuais da época, liderados por Machado de Assis, reuniam-se todos os domingos em restaurantes do centro do Rio de Janeiro para comer um autêntico "Bacalhau do Porto" e discutir os problemas

brasileiros. Mais de um século depois, ainda são muito comuns nos restaurantes esses "almoços executivos", onde a conversa sobre negócios é feita saboreando um bom bacalhau. Apesar do preço ainda elevado para torná-lo comum na mesa diária do brasileiro, o bacalhau é facilmente encontrado em supermercados, em restaurantes de culinária contemporânea internacional e até mesmo em alguns restaurantes de comida por quilo (self-services), com receitas que unem a tradição dos pratos da gastronomia portuguesa com ingredientes regionais brasileiros. O Chef Leo Gondim, professor de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e aperfeiçoado em Cordon Bleu (Paris), comenta a chegada e o processo que o bacalhau passou para se adaptar ao paladar e aos hábitos dos brasileiros, de norte a sul. “Aqui passaram a utilizá-lo da forma mais tradicional com o azeite de oliveiras. Com o tempo, cada região brasileira com sua singularidade passou a prepará-lo de uma forma diferente”, explica. A utilização de ingredientes regionais e nacionais uniu-se ao sabor único do bacalhau, originando verdadeiras iguarias luso-brasileiras. “O Nordeste utiliza muito o leite de coco em um ensopado com batatas. Na Bahia, de uma forma geral, utiliza-se o azeite de palma (dendê); em São Luís do Maranhão, faz-se o arroz de bacalhau; as pantaniscas, a brandade, os bolinhos e o bacalhau com batatas e azeite ao forno também são bem utilizados em todo o Brasil”, diz o chef.

Receita do clássico bolinho de bacalhau Ingredientes 1,5kg de Bacalhau da Noruega 1kg de batatas do tipo seca, boa para fritura 1 ramo de salsa Pimenta-do-reino, moída na hora 2 claras Azeite de oliva Óleo de soja para fritura Modo de preparo Dessalgar o Bacalhau. Aferventá-lo e limpar pele e espinhas. Desfiar o Bacalhau com um pano de algodão ou com as mãos. Cozinhar as batatas, amassá-las e misturar ao bacalhau, de preferência com as mãos. Acrescentar a salsa picada, a pimenta, as duas claras batidas em neve e misturar. Untar as mãos com azeite e enrolar os bolinhos. Fritar em óleo abundante e bem quente.

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OS “COMPADRES” E O “FIEL AMIGO”

Em edição do Jornal do Brasil de 1891 está registrado que os intelectuais da época, liderados por Machado de Assis, reuniam-se aos domingos em restaurantes do centro do Rio de Janeiro para comer um autêntico "Bacalhau do Porto" e discutir problemas brasileiros

SERVIÇO: Restaurante João do Bacalhau Rua República do Líbano, 1079 Fortaleza-CE Fone: (55 85) 3267 3029 Blog Portugal sem Passaporte: http://blog.opovo.com.br/ portugalsempassaporte 54 Brasil-Portugal no Ceará

O especialista lembra ainda de uma tradição gastronômica muito comum Brasil afora e que surgiu por conta do difícil acesso ao bacalhau: o falso bacalhau. “Este é feito com peixes como a merluza, muito encontrado no Brasil, e da Amazônia vem o nosso bacalhau, o Pirarucu salgado, o maior peixe dos rios amazônicos”, diz Gondim. No entanto, quando se fala do verdadeiro bacalhau, o chef explica que o brasileiro aprecia mais o do Porto, o Ling, e até mesmo o Saithe, mais barato e mais escuro. Todos esses tipos são provenientes dos pescados na Noruega, regiões próximas e até nos mares canadenses, passando pelo processo de salga na pátria-mãe e exportados para o mundo inteiro. O tempo passou, mas hoje, em pleno século XXI, o bacalhau está vivamente associado à cultura e aos hábitos brasileiros, oferecido em restaurantes nobres, em diversas receitas e servidos em bares e botequins na forma de bolinhos. Seja em festas santas, ao redor da mesa com a família num almoço de domingo ou até mesmo em restaurantes e casas portuguesas, o bacalhau faz histórias e paladares consagrando-se como uma das maiores heranças adquiridas dos “conterrâneos” lusos.

Em 1968, em Johanesburgo, na África do Sul, foi criada a primeira Academia do Bacalhau, espalhada hoje em quase 60 países. A associação foi formada por ex-guerrilheiros com o próposito de promover reuniões para discutir ações solidárias e ajudar os regressos dos combatentes das guerras de Angola e Moçambique. Tudo discutido e conversado em torno do bacalhau, que, presente nos navios de guerra pela sua durabilidade, era o alimento comum de todos. Segundo o vice-presidente da Academia do Bacalhau de Fortaleza, Carlos Alberto Ribeiro, somente Fortaleza e Recife são verdadeiramente ‘batizadas’ pela academia-mãe. Na Academia do Bacalhau de Fortaleza não há ‘sócios’ e sim ‘compadres’. Além dos jantares em torno do ‘fiel amigo’, a Academia organiza cursos de como utilizar o bacalhau na gastronomia; emite diplomas habilitando restaurantes com destaque; premia com a “Jangada do Bacalhau” uma personalidade que se destaque anualmente no meio social luso-brasileiro e promove intercâmbio, nacional e internacional, com as demais Academias. Para ser sócio, a regra é ser, antes de mais nada, convidado de um dos ‘compadres’ e comparecer aos jantares três vezes consecutivas ou cinco vezes alternadas. Sobre os lugares na cidade que recebem a chancela da Academia, o vice-presidente explica que, em Fortaleza, os associados “se sentem à vontade” no João do Bacalhau. “O outro restaurante mais tradicional era Os Lusíadas, que já fechou”, explica Carlos Alberto Ribeiro. No entanto, a forte presença de portugueses no Ceará estimulou o crescimento de locais que servem o “fiel amigo” é comentada também pelo jornalista português radicado em Fortaleza, Graciano Coutinho, responsável pelo blog Portugal sem Passaporte. “Além do já consagrado João do Bacalhau, a capital cearense tem cerca de sete restaurantes e bares especializados na cozinha portuguesa, alguns antigos e com tradição, outros mais recentes; e ainda há expectativa para, até o final do ano, serem inauguradas novas casas”, relata Coutinho.


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cultura | literatura

por Larissa Viegas e Ludmila Vitorasso

Século XVII por um dos seus personagens principais Uma das figuras mais relevantes do século XVII, amigo de reis, dos índios e de tantas causas, o jesuíta português Antonio Vieira já foi alvo de muitos estudos e obras. A mais recente é a segunda edição do livro “Padre Antônio Vieira, História de Um Homem Corajoso contada aos Jovens e lembrada ao Povo”, de Antônio de Abreu Freire. Para quem tem interesse na trajetória e obra do padre, mas acha seus escritos complicados, esse livro é uma excelente opção. O autor explica de forma clara a vida e a obra do padre navegador nascido em Portugal, em 1608, e falecido na Bahia, em 1697, mostrando não só o redator dos sermões que exemplificam a

obra barroca no Brasil, mas aspectos da vida, do legado e da personalidade desse homem político e polêmico, defensor dos índios brasileiros, dos escravos negros e dos judeus, crítico do clero da sua época e da inquisição. O principal narrador da história tem 38 anos e é Gonçalo Ravasco Cavalcanti de Albuquerque, sobrinho do padre. O jesuíta só conheceu o sobrinho em 1681, mas compartilhou com ele diversos mo-

mentos e importantes causas políticas que ocuparam seus últimos anos de vida. Mais do que uma biografia, um registro do contexto histórico e geográfico do século XVII. SERVIÇO: Padre António Vieira, Historia de Um Homem Corajoso contada aos jovens e lembrada ao povo Autor: António de Abreu Freire Editora: Edições Afrontamento Informações para vendas: antonioabreufreire.bloguepessoal.com e vieira400@gmail.com

A descoberta de Portugal A ligação histórica entre Brasil e Portugal pode tranquilamente ser comparada a uma relação entre duas pessoas, marcada por altos e baixos, alegrias, conquistas, brigas, cumplicidade, amizade e pensamentos diferenciados. No livro “Os Portugueses”, a doutora em História e Civilização Ana Silvia Scott apresenta essa relação entre os dois países fugindo do senso comum. Para a autora, independente do que se vem à cabeça quando se pensa em Portugal, o importante é que as culturas estão entrelaçadas.

A obra é dividida em duas partes, além de um epílogo. Em sua primeira parte, “O que faz dos portugueses, portugueses”, são apresentados temas centrais importantes para entender os personagens, citando os relacionamentos contraditórios de Portugal com o Brasil e com os brasileiros: as diferenças dos países e de seus habitantes e a relação que os portugueses têm com o mar e a navegação. Na segunda parte, o leitor é convidado a uma viagem no tempo. Em “Uma história em cinco atos”, os relatos iniciam antes do

surgimento de Portugal. Em seguida, um “Portugal europeu” entra em cena, com destaque para uma nova lusofonia que recria identidades e que ganha papel de destaque. “Os Portugueses” é o resultado de uma extensa pesquisa histórica e o reflexo de algumas experiências vividas pela autora, brasileira que conheceu de perto Portugal por vivência própria. SERVIÇO: Os Portugueses Autora: Ana Silvia Scott Editora: Contexto

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Histórias do mar Na capital cearense, a beleza da orla marítima mescla-se a grandes e modernos prédios. Uma das avenidas com maior valorização imobiliária de Fortaleza já foi ponto de partida e chegada de pessoas e mercadorias. Proporcionando essa viagem ao tempo, o jornalista Rodolfo Espínola traz registros, imagens, fotos, ilustrações, recortes de jornais, documentos e depoimentos sobre a história do ceará em seu livro “Caravelas, jangadas e navios – histórias do Ceará”. Na segunda edição da obra, lançada no final do primeiro semestre de 2010, o au-

tor traz diversas novidades em relação à edição anterior. O livro ganha o subtítulo “Resgates e Contrastes” e mais páginas, além de outras revelações da história cearense mais recente. Entre passado e presente, o leitor passeia por antigos portos com estivadores e conhece a relevância do município de Camocim e entende a industrialização do Ceará. O livro inicia com relatos das navegações dos séculos XV e XVI, passando pela chegada de Vicente Pinzón ao Ceará (mais precisamente ao Mucuripe) antes de Cabral à Bahia e as grandes viagens marítimas e seus navegantes.

Um passeio ensolarado pelas cidades na companhia de Chico Buarque Em seu livro de estreia, a escritora Cristina de Almeida Couto nos leva a seguir as pegadas de um dos maiores gênios da música brasileira por entre ruas, personagens e paisagens dos grandes centros. O livro “As cidades de Chico Buarque” é uma detalhada pesquisa sobre a realidade das cidades contadas através de cinco canções do cantor e compositor compostas entre 1966 e 1984, período em que o Brasil viveu sob a ditadura militar. Em “As vitrines”, é discutida a sociedade do consumo e da sedução.

“Construção” aborda a luta do trabalhador. Já “Geni e o Zepellin” enfoca o lado marginalizado. A chegada da modernidade é abordada em “A Banda”. E, “Vai Passar” trata do Regime Militar e da transformação da cidade com a chegada do Carnaval. Por meio do duplo sentido detectável da obra buarqueana, a autora promove um elo de acontecimentos e consequências entre as canções, revelando fatos da história do país e aspectos das cidades com uma riqueza de detalhes. Um livro para se ler e ouvir.

Rodolfo frisa a importância do Mucuripe para as ocupações no Brasil, apresentando nomes relevantes para o desenvolvimento da região. Histórias de aviação e de escravidão despertam interesse do leitor, sem esquecer da capitania dos portos do Ceará, dos ciclos da carne, do algodão e do café. Sem perder o foco, o autor relaciona histórias à importância dos portos para o desenvolvimento socioeconômico da cidade até os dias atuais. Resultado de pesquisas feitas em Fortaleza, Madri e Lisboa, Rodolfo Espínola transforma a obra “Caravelas, jangadas e navios” em uma verdadeira fonte de pesquisa para quem vive além das fronteiras cearenses, servindo de inspiração para outros portos e cidades. SERVIÇO: Caravelas, Jangadas e Navios Histórias do Ceará - Resgates e Contrates - Autor: Rodolfo Espínola Editora: Expressão Gráfica Editora 510 páginas

SERVIÇO: As cidades de Chico Buarque Autora: Cristina de Almeida Couto Imprece Editorial

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agenda | Câmara

Programação de Eventos

Outubro

Novembro

Dezembro

De 11 a 23 Missão Empresarial Brasileira à China (108º Canton Fair/Expo Shanghai 2010)

Dia 2 Finados

Dia 10 Confraternização CBP-CE (Previsão)

Dia 12 Nossa Senhora de Aparecida De 14 a 17 Constrói Angola De 19 a 29 Barcelona Meeting Point 2010 De 21 a 24 Missão Empresarial a Angola (Luanda e Cabinda) De 22 a 24 Salão Imobiliário de Lisboa De 24 a 26 FICH - 2ª Feira Internacional de Construção e Habitação de Cabo Verde De 27 a 29 VIII Agrinorte Dia 28 5º Portugal Exportador 2010 Dia 28 a 31 Salão da Segurança (Angola)

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De 10 a 12 Recicla Nordeste 2010 Feira de Reciclagem do Nordeste De 10 Brazil Gril 2010 - Investimento e Desenvolvimento Imobiliário no Brasil De 12 a 14 Festival Internacional do Camarão da Costa Negra Dia 15 Proclamação da República De 17 a 21 FestBerro 2010 - VIII Feira de negócios de ovinos e caprinos dos Inhamuns De 24 a 27 XII Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas "Encob" e o I Encontro Estadual de Comitês de Bacias Hidrográficas "Enecob" De 24 a 27 FIC - Feira Internacional de Cabo Verde (Praia) De 25 a 27 Eco Arte Cultura 2010

Dia 20 Início do recesso (Previsão)


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60 Brasil-Portugal no Cearรก


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