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Abraçando os pares - ABC

ABRAÇANDO OS PARES

A Associação Brasileira de Candidatos (ABC) é a entidade representativa dos analistas em formação no Brasil. Somos 515 candidatos associados em 18 institutos distribuídos por cinco regiões do país. O Brasil é um país de dimensões continentais com diferenças regionais significativas. Portanto, a associação promove, além das atividades científicas, Encontros Regionais com o objetivo de acompanhar e compreender as necessidades de cada localidade.

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Ao longo destes 33 anos tivemos 15 diretorias diferentes. As diretorias ficam a frente da associação por um período de 2 anos e são compostas, atualmente, por 07 candidatos (presidente, vice-presidente, primeiro secretário, diretor de comunicação, segundo secretário, diretor de sede e tesoureiro).

A diretoria atual assumiu a associação em abril de 2022. Na época, o projeto do primeiro encontro entre IPSO, OCAL e ABC já estava sendo desenvolvido. As três organizações têm se empenhado no sentido de estreitar as trocas. Compreendendo a importância deste evento e a necessidade de que diretoria e conselheiros estivessem presentes, sugerimos realizar a posse da nossa diretoria no (RE)Encontrando Caminhos. Após dois anos de Pandemia, a construção da nossa diretoria foi um grande desafio, pois encontramos muitos colegas apáticos e isolados dentro do processo de formação ao conversar sobre o momento que vivíamos nos pareceu natural enxergar nas letras da ABC, uma alusão à palavra abraço. Um abraço é capaz de ligar e conter. Sentimos que nos cabia o desafio de reanimar os candidatos a viverem as trocas institucionais.

Portanto, o (Re)Encontrando caminhos veio em um momento precioso, pois saímos do isolamento e nos descobrimos ampliando as fronteiras que compõe o universo da IPA. Fomos muito bem acolhidos pelo Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro. As inscrições presenciais foram totalmente preenchidas de analistas em formação de vários países da américa latina. Alguns viveram, neste encontro, o primeiro contato presencial com os colegas de formação (já que os institutos ainda estavam, em sua totalidade, oferecendo os seminários de forma remota). A nossa diretoria se encontrou pela primeira vez.

No primeiro dia, as três diretivas se apresentaram. Ao final da mesa institucional realizamos a posse da nova diretoria da ABC. Convidamos os colegas da ABC (diretores e conselheiros) para, junto com os colegas das diretivas da IPSO e OCAL, a brincarem com mamulengos que trouxemos de Glória do Goitá (cidade situada no interior de Pernambuco, que carrega o título de Capital Mundial do Mamulengo).

Os mamulengos (fantoches típicos do nordeste brasileiro) levados ao Rio eram duplos: homem/mulher, vida/morte, gente/diabo, mulher/medusa. A proposta era dar movimento e vida aos fantoches através das mãos.

O desafio de sentir como o poeta:

Um convite ao brincar e neste jogo lúdico, dar vida ao que estava inanimado. Um convite a uma integração não só das ambivalências encarnadas nos mamulengos, mas, principalmente, dos pares (psicanalistas em formação). A experiência da pandemia nos atravessou a todos, chegamos ao Rio para viver a alegria do encontro, mas conscientes dos nossos lutos. Com coragem para seguir o percurso da formação, mas advertidos pela experiência do medo. Ao escutar os colegas de formação, foi possível refletir e integrar nossas próprias experiências frente ao longo período de isolamento social e os desafios de manter a clínica e a formação dentro de um cenário de isolamento social. Analistas em formação das três diretivas expuseram, corajosamente, suas experiências através de trabalhos belos e profundos. Mia Couto, em sua conferência, que chamou “Murar o Medo ” declara que:

O trabalho de se tornar analista é um mergulho profundo em si. A formação analítica que nos propomos requer três eixos: análise pessoal, estudo teórico e supervisão clínica. Há ainda um quarto eixo que se dá através da experiência institucional. Esse também é fundamental na constituição da identidade analítica. Acreditamos que a inserção na cultura e o encontro com o diferente são fundamentais na formação do analista, que não deve se limitar em suas certezas se mantendo sempre

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo. "

(Drummond, p.133)

"Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura e do meu território. O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte, vislumbravam-se mais muros do que estradas. sempre aberto para aprender com a experiência. Após citar dois autores de língua portuguesa, me aventuro a transpor as fronteiras de minha língua (ampliando as minhas referências ao agregar um autor do idioma dos nossos colegas da IPSO e OCAL) e finalizo este breve relato com as palavras do colombiano, Gabriel Garcia Marquez:

(...) e se assustou com a suspeita tardia de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites ”

Por Patrícia Paes (Presidente ABC)

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