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Evidências mostram que Trump sabia que não podia tirar sigilo de documentos

CNN obteve acesso a carta escrita em 16 de maio por arquivista que era chefe em exercício dos Arquivos Nacionais

Os Arquivo Nacionais dos Estados Unidos informaram a Donald Trump que irão entregar ao advogado especial Jack Smith 16 registros que mostram que o ex-presidente e seus principais conselheiros tinham conhecimento do processo correto para retirar o sigilo de documentos enquanto ele era chefe de Estado. A informação foi con irmada com várias fontes.

Trump já disse várias vezes que tinha o poder de “desclassi icar” documentos, o que foi negado pelas autoridades. O advogado especial Smith foi designado para auditar o caso pelo Departamento de Justiça (equivalente a ministério) em novembro do ano passado.

A CNN teve acesso a uma carta escrita em 16 de maio pela arquivista Debra Steidel Wall, chefe em exercício dos Arquivos Nacionais (NARA, na sigla em inglês), a Trump.

“Os 16 registros em questão re letem comunicações envolvendo conselheiros próximos ao presidente, alguns delas direcionadas diretamente ao senhor, falando sobre se, como e por que o senhor deve desclassi icar [retirar o sigilo] de certos documentos sigilosos”, pontuou.

Os 16 documentos da presidência, que foram apreendidos numa operação de busca no início deste ano na casa de Trump na Flórida, podem trazer evidências críticas que provam a consciência do ex-presidente do processo de sigilo.

O fato de ele estar ciente dos trâmites é uma parte fundamental da investigação criminal sobre o manuseio incorreto de documentos pelo empresário.

Os registros também podem conter informações sobre as intenções de Trump e se ele deliberadamente desconsiderou os protocolos claramente estabelecidos, de acordo com uma fonte familiarizada com o caso na justiça.

Trump e seus aliados insistiram que, como presidente, ele não precisava seguir um processo especí ico para retirar o caráter con idencial dos documentos.

No “Town Hall”, programa especial da CNN transmitido na semana passada, Donald Trump repetiu a alegação de que o fato de remover os documentos sigilosos da Casa Branca era su iciente para tirar sua con idencialidade.

“E, a propósito, eles se tornaram automaticamente desclassi icados quando eu os levei”, disse o ex-presidente.

De acordo com a carta da arquivista, Trump tentou impedir o conselho especial de acessar os 16 registros sob alegação de “privilégio com base constitucional”. O argumento foi rejeitado por Wall.

Segundo ela, o gabinete do advogado especial a irmou que “está preparado para demonstrar com detalhes a um tribunal por que é provável que os 16 registros contenham evidências que seriam importantes para a investigação do grande júri”.

O conselho especial também disse ao NARA que a evidência “não está disponível por outra fonte”. A carta também a irma que os registros serão entregues em 24 de maio de 2023 “a menos que isso seja proibido por uma ordem judicial de intervenção”.

Uma fonte próxima à equipe jurídica de Trump disse à CNN que o ex- presidente recebeu várias cartas como esta dos Arquivos Nacionais ao longo da investigação.

Segundo a fonte, os advogados do ex-chefe de Estado podem contestar os fatos da carta no tribunal. No entanto, em ocasiões anteriores, o NARA entregou documentos antes que a equipe de Trump conseguisse impedir judicialmente sua divulgação.

A equipe jurídica não revela o que está nos 16 registros, mas a fonte disse que a tentativa do ex-presidente de impedir que o conselho especial os acesse é “mais uma luta estratégica sobre proteções constitucionais e presidenciais do que uma tentativa de não enviar evidências ao conselho especial”.

O escritório do advogado especial e o NARA não quiseram comentar a notícia. Um porta-voz de Trump também não respondeu a um pedido de comentário.

Jamie Gangel/Zachary Cohen/Evan Perez/Paula Reid/CNN

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