3 minute read
set · conversa online
O Cinema no Pátio continua a explorar linhas temáticas que atravessam diversas correntes e tempos da História do Cinema, apresentando a singularidade da linguagem cinematográfica no contexto das artes. A edição deste ano parte de uma pergunta com incontáveis respostas: o que faz de um clássico um clássico? Da matéria à forma, da técnica ao espírito, vários são os atributos com os quais o tempo e o modo — aos quais se junta o velho princípio cinéfilo ‘ver, rever, ver outra vez’ — ajudam um filme a definir-se como tal, a inscrever-se no nosso imaginário e no imaginário do próprio cinema. Quatro possibilidades se apresentam então: a vertigem das imagens e da montagem numa incontornável sinfonia de cidade com O Homem da Câmara de Filmar (Dziga Vertov, 1929); a força cinematográfica da sonoplastia de O Carteirista (Robert Bresson, 1959), a adaptação como reinvenção (Macbeth por Kurosawa) em O Trono de Sangue (1957) e a representação do incomunicável em A Noite (Michelangelo Antonioni, 1961).
eduardo brito
Advertisement
This year’s Cinema no Pátio, an open-air film screening in the gnration courtyard, proposes four classics: Dziga Vertov’s ‘Man with a Camera’ (1929), Robert Bresson’s ‘Pickpocket’ (1959), Akira Kurosawa’s ‘Throne of Blood’ (1957), Michelangelo Antonioni’s ‘The Night’ (1961).
4 + 11 + 18 + 25 ago
cinema
qui 21:30 pátio exterior gratuito
4 ago o homem da câmara de filmar dziga vertov união soviética (1929) documentário 68’ · m/12
11 ago o carteirista robert bresson frança, portugal (1959) drama · 73’ · m/12 com martin lasalle, marika green, jean pélégri, dolly scal, pierre leymarie e kassagi
18 ago o trono de sangue akira kurosawa japão (1957) drama · 110’ · m/12 com toshiro mifune, isuzu yamada, minoru chiski e takamaru sasaki
25 ago a noite michelangelo antonioni itália, frança (1961) drama · 122’ · m/12 com marcello mastroianni, jeanne moreau e monica vitti O Homem da Câmara de Filmar é provavelmente o filme que maior influência teve em toda a História do Cinema Documental. Contemporâneo de Eisenstein, Pudovkin e outros grandes mestres do cinema soviético, Dziga Vertov acreditava nas propriedades do olho da câmara como elementos de revelação do real. Com uma montagem bastante ritmada, este documentário mostra-nos o povo de Moscovo no seu quotidiano e a maquinaria que mantém a cidade em movimento.
o carteirista
Em vez de seguir o conselho do seu bom amigo Jacques e procurar um emprego, Michel aventura-se e inicia uma carreira de carteirista. Enquanto carteirista, e apesar das suspeitas do comissário da polícia que o tem em permanente vigilância, Michel vai gradualmente aperfeiçoando as suas técnicas e tornando-se eufórico perante cada novo sucesso.
o trono de sangue
O general Washizu e o general Miki perdem-se na floresta e encontram uma bruxa, que prevê que Washizu será rei e que será sucedido pelos herdeiros de Miki. É então que Washizu mata o seu senhor, Kuniharu Tsuzuki, e Miki. A bruxa prevê agora que ele estará a salvo enquanto a floresta não se puser em movimento. Mas o filho de Miki ataca o castelo de Washizu, usando as árvores da floresta como camuflagem. O filho de Washizu nasce morto, a sua mulher enlouquece e ele é traído pelos seus homens. Adaptação livre de Macbeth de William Shakespeare, O Trono de Sangue introduz pequenas diferenças em relação à peça (uma só bruxa, ao invés de três) e acrescenta novas cenas (quando a floresta se põe em movimento, os pássaros fogem e invadem o castelo).
a noite
Um escritor é confrontado com a desilusão da mulher na sua relação. Entre o lado escuro dos personagens e a ligeireza das festas que por lá há, A Noite é o grande filme de Antonioni sobre a arquitetura moderna, sobre os silêncios e ruídos urbanos, sobre o maneirismo plástico dos interiores, sobre a tensão das linhas que os ligam aos personagens e a tensão da câmara como hábil manipuladora dessas linhas.