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Editorial
Por Prof. José Abreu
Às mulheres
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O editorial do Grand´olhar começa numa longa viagem aos nossos antí podas, palavra que significa «lugar diametralmente oposto a outro» e que, no caso de Portugal, esse lugar e a Nova Zela ndia. Foi nesse paí s longí nquo do hemisfe rio sul que no dia 19 de Setembro de 1893 foi concedido o direto de voto a s mulheres, tornando-se assim no primeiro paí s do mundo a ter um sufra gio verdadeiramente universal, fruto da luta de mulheres como Kate Sheppard. Cerca de 127 anos depois, chegam-nos, novamente, magní ficas notí cias da Nova Zela ndia, dignas de admiraça o e de alguma inveja: a Nova Zela ndia tornou-se neste ano pande mico de 2021 uma refere ncia mundial de sucesso no combate a covid 19, liderado por uma mulher, a primeira-ministra Jacinda Ardern.
Deixemos o outro lado do mundo e falemos um pouco das mulheres do nosso paí s e contemos um pouco da histo ria da sua caminhada ate a obtença o de direitos polí ticos iguais aos dos homens, o direito ao voto, princí pio fundamental da democracia. Durante a I Repu blica portuguesa (1910-1926), a me dica Carolina Beatriz A ngelo foi a primeira e u nica mulher a votar nas primeiras eleiço es republicanas, tornando-se notí cia a ní vel internacional e colocando Portugal na vanguarda do movimento sufragista. Interpretando de forma correta o co digo eleitoral que atribuí a o direito ao voto a todos os portugueses que a data de 1 de maio de 1911 fossem maiores de vinte e um anos e que residissem em territo rio nacional, soubessem ler e escrever e fossem chefes de famí lia. Beatriz A ngelo, sendo me dica e viu va, ale m de ter formaça o superior era chefe de famí lia, viu assim uma decisa o judicial dar-lhe raza o contra a vontade do ministe rio do Interior e da comissa o de recenseamento, que na o a queriam deixar votar por ser mulher. Claro que a lei foi alterada (1913) para impedir que, de futuro, as mulheres pudessem votar.
As mulheres portuguesas continuaram a lutar durante a I Repu blica, a ditadura militar (1926-1933) e o Estado Novo (1933-1974), obtendo pequenas vito rias legislativas no seu direito ao voto mas que excluí am sempre a esmagadora maioria das mulheres. O sufra gio universal so chegou a Portugal apo s o 25 de Abril de 1974, nas primeiras eleiço es livres de Abril de 1975, em que homens e mulheres foram a s assembleias de voto como iguais. Termino este editorial pedindo-vos que reflitam um pouco naquilo que a humanidade perdeu e perde, em tantas partes do mundo, por na o ter dado e na o dar direitos iguais a homens e a mulheres.