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Não só de Pão

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As 3 mais importantes

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Nas próximas linhas refletiremos sobre a gestão daquilo que entendemos serem as 3 variáveis mais importantes que afetam a pós-colheita de grãos e sementes. Asaber: TEMPO - TEMPERATURA - UMIDADE. Falar de cada um daria por um tratado.

Sempre dizemos que o TEMPO é a variávelmais importante, já que podemos ingressar qualquer grão no silo, mas dependendode suas características teremos um certo TEMPO SEGURO. Por este motivo, o conceito de TAS (Tempo de Armazenagem Seguro) foi desenvolvido, considerando 3 variáveis: 1) Perda de peso seco (normalmente0,5%) - 2) Perda de poder de germinação e energia - 3) Início de deterioraçãoda qualidade (evidente desenvolvimento de fungos). Sempre que algo é armazenado, vamos perder, mesmo nas melhores condições, algo se perde. Além das três variáveis já mencionadas, outras que afetam diretamente o TAS são: variedade, danos, história anterior, corpo estranho, etc.. Quantomais alta a umidade e a temperatura, maior a perda ao longo do TEMPO. A primeira coisa que se perde são o PG e o EG, por isso dizemos que o ideal seria trabalhar o grão como se fosse semente, se conseguirmos preservar a capacidade de germinação, tudo o resto é preservado.

O desenvolvimento de fungos, insetos, aquecimento é tão inexorável que se devemos secar, devemos secar o mais rápido possível.

Quando esfriar? O mais brevepossível.

Quando fazer uma boa pré-limpeza? O mais breve possível.

Quando fazer os tratamentos sanitários? O mais breve possível.

O TEMPO sempre joga contra nós. Por estemotivo, além da perda de secagem, manuseio e peneira, temos que considerar aperda de voláteis (perda de peso seco gerada pela respiração das variáveis bióticas), sempre relacionada ao TEMPO.

E se não esfriarmos o mais rápido possível? Os insetos que vêm do campo (gorgulhos - besourinhos - carunchos) vão continuar seu desenvolvimento, consumindo o grão e fazendo com que percamos qualidade.

Aqueles que possuem sistemas de aeração(que, como sabemos, não estão dimensionados para o clima prevalecente na América Latina) levarão de 2 a 3 semanas para chegar ao ponto, na melhor dashipóteses a 20-25°C. Tempo e temperatura suficientes para o inseto (Sitophilus sp) que entra no grão completar seu ciclo e emergir gerando a picada e a partir daí começa uma multiplicação logarítmica, o que torna o combate químico essencial.

Os esporos de fungos estão por toda partee talvez sejam mais perigosos do que os próprios insetos, principalmente emprodutos com alto conteúdo oleico, como girassol, soja, milho e outros. Se não esfriarmos imediatamente (o mesmo com os produtos secos), os danos podem ser ainda piores do que os causados pelos insetos, afetando os níveis de proteína, óleo e finalmente acidez, ao longo do tempo, por simples resultado da atividade, neste caso moderado porque o produto está seco.

E se não secarmos omais rápido possível? Quanto aos fungos (principal causa da perda de peso seco e qualidade) quanto mais tempo os administrarmos em boas condições (temperaturas de 25 a 35ºC) e atividade de água maior que 0,65, melhor será seu desenvolvimento e pior será para nossa pós-colheita. Sem desconsiderar o problema das micotoxinas.

Por esses e muitos outros motivos, há uma grande diferença no manuseio (perdas -qualidade - economia - etc.) entre quem esfria a 17ºC no dia em que recebe ogrão e quem espera semanas e tem dificuldade em atingir as temperaturas limite dos fatores deletérios. Por isso é recomendável que os equipamentos de refrigeração tenham capacidade equivalenteà recepção diária.

E se não fizermos uma pré-limpeza o mais rápido possível? Costumamos dizer que poucas coisas são menos discutíveis do que fazer uma boa pré-limpeza o mais rápido possível. Com isso podemos controlar melhor as pragas, reduzir a contaminação por fungos, trabalhar melhor com limpeza, expurgo, aeração e secagem; graças a uma boa pré-limpeza, o desgaste dos condutos por gravidade,etc., etc., é significativamente reduzido. Esclarecemos que se trata deequipamentos de pré-limpeza que

funcionam por aspiração e não necessariamentepelo uso de peneiras.

O que acontece se nãorealizarmos as tarefas sanitárias o mais rápido possível? A praga, além de estar nas instalações, vem inevitavelmente do campo (escondida,dentro do grão, ou indetectável) então para que a mercadoria fique no silo deve ser tratada o mais rápido possível (depois do grão está condicionado). Se conseguirmos um resfriamento, excelente, (nada melhor do que lutas físicas), senão devem ser usados os resíduaes (organofosforados –piretróides) ou fumigantes aprovados em cada país. O TEMPO é decisivo no desenvolvimento de pragas, assim como está na escolha da dose do residual ou na exposição do fumigante, o TEMPO é sempre a base de tudo que sedesenvolve no mundo biológico.

Em algumas áreas, principalmente com grãos de baixo peso específico, como o girassol, muitos gestores preferem que o grão passe e não entre no armazém, dessa forma a variável TEMPO é eliminada da interação dos fatores.

Porém, em termos gerais, é impossível comercializar ou consumir tudo na época da colheita, por isso o benefício davariável TEMPO, dado pelo armazenamento, é essencial. Hoje grandes estoques estão nos silos bolsa, esperando o momento certo de comercialização, os países importadores precisamter seus estoques para segurança alimentar e, sem dúvida, a pandemia reforçou aideia de ter a matéria-prima necessária para não limitar o abastecimento decidadania e indústria.

Um velho ditado fala que a diferença entre um agricultor bom e outro ruim são 2 semanas; algo similar passa em nossa especialidade.

TEMPERATURA (medida do calor doscorpos), sem dúvida, é o motor de toda deterioração, cada ser vivo tem umatemperatura ótima para se desenvolver, mas se olharmos o ecossistema do PC como um todo vemos que a cada grau que a TEMPERATURA aumenta,o manuseio de grãos e sementes se faz mais complicado para nós. Em geral, dizemos que para cada aumento de 5ºC na TEMPERATURA a perda durante o armazenamento dobra. Isso significa que aquele que armazena a 25ºC ao invés de 20ºC tem o dobro da perda e aquele que armazena a 20ºC ao invés de 15ºC tem o dobro da perda; Você que tem o grão a 25ºC perdera quatro vezes mais do que quem tem a 15ºC, o resto dos parâmetros sendo semelhantes.

E se eu não consegui resfriar? Terei que secar mais o grão.

As civilizações antigas, que “inventaram” o armazenamento, mantinham os cereais com 8-9% de umidade, para essa cifra, além de estarem livres de problemas de fungos ou da própria respiração do grão, também eram livres de insetos.

Tradicionalmentena conservação e comercialização trabalhamos com grãos sadios, secos e limpos e com a chegada da aeração e refrigeração o conceito de frio é incorporado.Infelizmente na América Latina os sistemas de aeração norte-americanos foram copiados, o que impossibilita um trabalho eficiente, temos menos frio e o que émais importante menos horas frias, então com a aeração americana estamos em total desvantagem e isso implica perdas milionárias em nosso setor. Felizmente,nos últimos anos pode-se observar que novas instalações passam a incorporarsistema de aeração com melhores taxas unitárias, o que de alguma forma ajuda amelhorar a aeração com o ar ambiente.

UMIDADE apresenta duas abordagens muito diferentes, mas igualmente importantes. Por um lado, a UMIDADE é a principal variável que determina o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos presentes na Pós-Colheita e também atua como fator limitante de outras variáveis. Isso afeta o TAS, perda de peso e qualidade, etc. Por outro lado, como vendemos na base úmida, a umidade implica em peso. Água que se paga como grão. Por exemplo, se a base de comercialização é de 14,5% e entregamos um grão com 13,5% (1% abaixo da base) e nenhum bônus é recebido por isso, estamos praticamente perdendo 100% do lucro possível do armazém, uma perda equivalente a 30-40% das despesasenvolvidas no manuseio de grãos. Por isso, nada mais significativo do que trabalhar tentando estar perto da base de comercialização, cuidando da qualidade do grão. Práticas como misturas (racionais) e recuperação de umidade (bem feita) buscam atender a esse objetivo básico de manejo. Certamente, um bom cálculo das quebras técnicas, a partir de amostras representativas, também são aspectos que afetam o universo da UMIDADE.

Infelizmente,existem milhares de armazéns em nosso continente que não possuem tecnologia adequada para amostragem, classificação, pré-limpeza, secagem otimizada,armazenamento refrigerado, tecnologia de mistura e recuperação de umidade, e as perdas são novamente na casa dos milhões. Por exemplo, quantos armazéns na América Latina possuem sensor de umidade relativae temperatura do ar servido? Praticamente nenhum, tema que já era recomendadoem nossa

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