Sinopse Ewan McCabe, o mais velho, é um guerreiro determinado a eliminar seu inimigo. Agora, com a hora da batalha se aproximando, seus homens estão prontos e Ewan está certo de que tomará de volta o que é seu – até que uma tentação de olhos azuis e cabelos negros é jogada sobre ele. Mairin pode ser a salvação do clã de Ewan, mas para um homem que sonha apenas com vingança, assuntos do coração são um território estranho a ser conquistado. Embora seja filha ilegítima do rei, Mairin possui uma propriedade muito desejada o que a transforma em um peão – e desconfiada do amor. Seu pior medo se torna realidade quando ela é resgatada de um perigo apenas para se ver forçada a se casar com seu carismático e exigente salvador, Ewan McCabe. Mas a atração que sente por seu poderoso marido, a faz desejar o surpreendentemente terno toque dele; seu corpo se torna vivo sob a sua sensual maestria. E, enquanto a guerra se aproxima, a força, espírito e paixão de Mairin desafiam Ewan a conquistar seus demônios – e a abraçar um amor que significa mais do que vingança e terras.
Capítulo 1 Mairin Stuart ajoelhou-se no chão de pedra ao lado de seu leito e inclinou a cabeça em sua oração da noite. Sua mão escorregou para a pequena cruz de madeira presa no cordão de couro, pendurada em seu pescoço. Seu polegar traçou um caminho sobre a superfície agora lisa. Por longos minutos, ela sussurrou as palavras que aprendeu quando ainda era uma criança e então terminou como sempre fazia. Por favor, Deus. Não deixe que eles me encontrem. Levantou-se do chão, os joelhos raspando nas pedras irregulares. A vestimenta marrom que usava era simples e indicava seu lugar entre as noviças. Embora estivesse ali há muito mais tempo que as outras, nunca fez os votos que completariam sua jornada espiritual. E essa nunca foi sua intenção. Dirigiu-se para a bacia no canto onde derramou a água que estava no jarro. Quando pegou o pano, sorriu ao se lembrar das palavras da Madre Serenity. A Limpeza está próxima da Piedade. Enxugou o rosto e começou a remover seu vestido para se limpar, quando ouviu um barulho terrível. Assustada, deixou o pano cair e correu para a porta fechada. Assustada, ela correu e se lançou pelo corredor. Em torno dela, as outras freiras corriam pela sala, com murmúrios consternados. Um ruidoso estrondo ecoou pelo corredor da entrada da abadia. Um grito de dor seguiu-se ao estrondo e o coração de Mairin congelou. Madre Serenity. Mairin e o resto das irmãs correram em direção ao som. Algumas ficaram para trás e outras corriam decididas. Assim que chegaram à capela, Mairin ficou paralisada pela visão diante dela. Havia guerreiros por toda a parte. Pelo menos uns vinte, todos vestidos com roupas de batalha, seus rostos encharcados de suor, sujos da cabeça aos pés. Mas não de sangue. E decididamente não vieram atrás de refúgio ou de preces. O líder segurava Madre Serenity pelo braço e de longe Mairin via a expressão de dor desenhada no rosto da freira. — Onde ela está? – o homem exigia, com uma voz fria. Mairin deu um passo para trás. Era um homem de aspecto feroz. O mal. A raiva brilhou em seus olhos quando a freira não respondeu e foi sacudida como uma boneca de pano. Mairin fez o sinal da cruz e sussurrou uma rápida oração. As freiras ao seu redor também se juntaram nas orações. — Ela não está aqui. – Madre Serenity arfou. – Já lhe disse que a mulher que procura não está aqui. — Você está mentindo! – ele rugiu. Ele olhou com frieza para o grupo de freiras. — Mairin Stuart. Diga-me onde ela está. Mairin suou frio, com o medo crescendo em seu estômago. Como ele a encontrou? Depois de todo esse tempo, seu pesadelo não acabou. Estava, de fato, apenas começando.
Suas mãos tremiam tanto que teve que escondê-las nas dobras de seu vestido. O suor porejou em sua testa e sentiu-se enjoada. Engoliu em seco, disposta a não desmaiar. Quando não encontrou nenhuma resposta, o homem sorriu, enviando um arrepio a espinha de Mairin. Ainda olhando para elas, ergueu Madre Serenity pelo braço. Indiferente, entortou o dedo indicador da freira, até Mairin ouviu o estalo do osso. Uma das freiras gritou e correu para frente apenas para ser bloqueada por um dos soldados. As demais freiras soltaram um murmúrio de ultraje. — Esta é a casa de Deus. – Madre Serenity disse com voz esganiçada. – Você peca por trazer violência para este chão santo. —Cale a boca, velha. – o homem gritou. – Diga-me onde está Mairin Stuart ou vou matar cada uma de vocês. Mairin prendeu a respiração e apertou as mãos em punho ao lado do corpo. Ela acreditava nele. Havia muita maldade, muito desespero nos olhos do homem. Foi enviado a serviço do diabo e não queria ser contrariado. Ele forçou ainda mais dedo da Madre e Mairin correu para frente. — Por caridade, não! – Serenity chorou. Mairin ignorou. — Eu sou Mairin Stuart. Agora, deixe-a ir! O homem soltou a mão da Madre e empurrou a mulher para trás. Olhou para Mairin com interesse, vagando sugestivamente seu olhar por todo o seu corpo. As bochechas de Mairin ficaram coradas, mas ela não se deu por vencida, e encarou-o como a mesma ousadia. Ele estalou os dedos e dois homens avançaram e a agarraram antes que ela pudesse pensar em fugir. Jogaram-na no chão em questão de segundos e buscaram a bainha de seu vestido. Mairin chutou violentamente, sacudindo os braços, mas sua força não era páreo para eles. Seria estuprada ali, no chão da capela? Os olhos se encheram de lágrimas à medida que sua roupa era empurrada para cima ao longo dos quadris. Giraram-na para a direita e dedos tocaram seu quadril, exatamente onde a marca descansava. Oh, não. Ela baixou a cabeça enquanto as lágrimas de derrota deslizavam por seu rosto. —É ela! – um deles disse animadamente. Mairin foi deixada de lado imediatamente e o líder inclinou-se para examinar a marca por si mesmo. Tocou-a também, delineando a insígnia real dos Alexander. Emitindo um grunhido de satisfação, ele segurou-a pelo queixo e o ergueu até que os olhos dela o enfrentaram. Seu sorriso a revoltou. — Nós a procuramos por muito tempo, Mairin Stuart. — Vá para o inferno. – ela cuspiu. Em vez de golpeá-la, seu sorriso ampliou-se.
— Tsc, tsc, tal blasfêmia na casa de Deus. Ele se levantou rapidamente e antes que Mairin pudesse piscar, foi jogada por cima do ombro de um homem. Os soldados saíram da abadia para o frescor da noite e sem perder tempo, montaram em seus cavalos. Mairin foi amordaçada, os pés e mãos amarrados e jogada sobre a sela na frente de um dos homens. Saíram, o trovejar dos cascos ecoando pela noite silenciosa, antes que ela tivesse tempo de reagir. Eram tão meticulosos quanto implacáveis. A sela empurrava sua barriga e ela saltava para cima e para baixo até que estava quase para vomitar. Gemeu com medo de engasgar com a mordaça presa em sua boca. Quando pararam, Mairin estava quase inconsciente. Uma mão agarrou sua nuca, circulando facilmente a esbelta coluna. Foi arrastada para cima e caiu no chão sem a menor cerimônia. Ao redor, montaram o acampamento, enquanto ela tremia no ar úmido. Finalmente, ouviu alguém dizer: — É melhor você olhar essa moça, Finn. Laird Cameron não ficará feliz se ela morrer de hipotermia. Seguiu-se um grunhido irritado, mas um minuto depois, Mairin foi desamarrada e a mordaça removida. Finn, provavelmente o líder do sequestro, inclinou-se sobre ela com seus olhos brilhando na luz do fogo. — Não há ninguém para ouvi-la gritar e se você fizer qualquer barulho, quebro seus dentes. Ela acenou a cabeça sinalizando que compreendeu, arrastou-se e deitou no chão. Ele a cutucou no traseiro com a bota e riu quando Mairin se virou indignada. — Há um cobertor perto do fogo. Vá até lá e durma um pouco. Sairemos na primeira luz do dia. Mairin se enrolou agradecida pelo calor do cobertor, indiferente que as pedras e galhos no chão machucassem sua pele. Laird Cameron. Ela ouviu falar sobre ele nas conversas dos soldados que iam e vinham na abadia. Era um homem cruel. Ganancioso e ansioso por aumentar seu crescente poder. Havia rumores de que seu exército era um dos maiores de toda a Escócia e que David, o rei escocês, o temia. Malcolm, filho bastardo de Alexander – e seu meio-irmão - já levantara uma insurreição contra David, em uma tentativa de conquistar o trono. Se Malcolm e Duncan Cameron se aliassem, seriam uma força quase insuperável. Mairin engoliu em seco e fechou os olhos. A posse de Neamh Alainn tornaria Cameron invencível. — Querido Deus, ajude-me. – ela sussurrou. Não podia permitir que ele ganhasse o controle de Neamh Alainn. Era seu legado, a única coisa que tinha de seu pai. Era impossível dormir, então ficou ali, enrolada no cobertor, a mão ao redor da cruz de madeira enquanto rezava por força e sabedoria. Alguns dos soldados dormiam e outros se mantinham cuidadosamente vigilantes. Não era tão tola para pensar que teria qualquer oportunidade para escapar. Não quando valia mais que seu peso em ouro. Mas eles não poderiam matá-la, então tinha uma vantagem. Não tinha o que temer tentando escapar e tudo a ganhar.
Depois de uma hora em sua vigília de oração, uma comoção atrás dela a fez sentar-se e olhar fixamente para a escuridão. Ao redor dela, soldados sonolentos levantavam-se com as mãos em suas espadas, quando o grito de uma criança rasgou a noite. Um menino, chutando e esperneando, foi arrastado para dentro do círculo de homens. Ele se agachou e olhou em torno, de forma selvagem, enquanto os homens riam ruidosamente. —O que é isso? – Finn perguntou. — Peguei-o tentando roubar um dos cavalos. – o captor da criança disse. A raiva transformou o rosto de Finn, tornando-o mais demoníaco a luz do fogo. O menino que não tinha mais que sete ou oito anos, ergueu seu queixo provocadoramente, como se desafiasse o homem a fazer o que ele quisesse. — Você é um insolente, filhote de cachorro. – Finn rugiu. Ele levantou a mão e Mairin voou através do chão, jogando-se na frente da criança, quando o punho acertou seu rosto. Cambaleou, mas rapidamente se lançou de volta sobre a criança, protegendo-a o máximo possível. O menino lutou descontroladamente debaixo dela, gritando obscenidades em gaélico. A cabeça dele a atingiu no queixo e Mairin viu estrelas. — Fique calmo – disse no idioma dele. - Fique quieto. Não deixarei que eles o machuquem. — Saia de cima dele! – Finn rugiu. Ela apertou o pequeno menino que finalmente parou de chutar e bater. Finn se abaixou e enrolou suas mãos nos cabelos de Mairin, puxando-a brutalmente, mas ela se recusou a abandonar seu protegido. — Você terá que me matar primeiro. – ela disse friamente quando ele a forçou a encará-lo. Soltou os cabelos de Mairin, então recuou e chutou-a nas costelas. Ela se curvou de dor, mas teve o cuidado de manter a criança protegida do bruto maníaco. — Finn, é o suficiente. – um homem gritou. – O laird a quer inteira. Murmurando uma maldição, ele recuou. — Deixe-a ficar com o mendigo imundo. Uma hora terá que soltá-lo. Mairin levantou seu pescoço e encarou Finn. — Se tocar mais uma vez nesse menino, eu corto minha garganta. A risada de Finn cortou a noite. — Isso é um blefe louco, moça. Se estiver tentando negociar, precisa aprender a ser crível. Lentamente, ela se levantou até ficar a centímetros do homem muito maior. Encarou-o até que os olhos dele cintilaram e Finn desviou o olhar. — Blefe? – ela disse suavemente. — Não penso assim. Na verdade, se eu fosse você, estaria escondendo de mim todos os objetos cortantes. Você acha que não sei qual é o meu destino? Deitar-me com aquele laird bruto até que minha barriga fique inchada com uma criança e ele possa reivindicar Neamh Alainn. Eu prefiro morrer. Finn estreitou os olhos.
— Você é maluca! — Sim, pode ser, e nesse caso eu estaria preocupada que um daqueles objetos pontiagudos pudessem achar um caminho entre suas costelas. Ele acenou com a mão. — Fique com o menino. O laird lidará com ele e com você. Nós não somos gentis com ladrões de cavalos. Mairin o ignorou e voltou-se para o menino encolhido no chão, olhando para ela com uma mistura de medo e adoração. — Venha. – ela disse suavemente – Se ficarmos bem juntos, há cobertor suficiente para nós dois. Ele foi ansiosamente para ela, dobrando seu pequeno corpo contra o dela. —Onde é sua casa? – perguntou assim que ele se acomodou ao lado dela. — Não sei. – disse tristemente. Devo estar longe. Pelo menos dois dias. — Shh. – ela disse ternamente. – Como veio parar aqui? —Fiquei perdido. Meu pai disse para nunca deixar o castelo sem seus homens, mas estava cansado de ser tratado como um bebê. Eu não sou. — Não, você não é. – ela sorriu. – Então você deixou o castelo? Ele balançou a cabeça. — Eu levei um cavalo. Só queria ir ao encontro do tio Alaric. Ele era esperado de volta e pensei em ficar na fronteira para cumprimentá-lo. — Fronteira? — De nossas terras. — E quem é seu pai, pequeno? — Meu nome é Crispen, não pequeno. – o desgosto era evidente em sua voz e Mairin sorriu de novo. —Crispen é um bom nome. Agora, continue a sua história. —Qual é o seu nome? – ele perguntou. — Mairin. – ela respondeu suavemente. — Meu pai é Laird Ewan McCabe. Mairin tentou lembrar-se do nome, mas havia tantos clãs que não conhecia. Sua casa estava nas Highlands, mas ela não via o País de Deus há dez anos. — Então, você foi encontrar seu tio. E o que aconteceu? — Fiquei perdido. – ele disse tristemente. – Então um soldado McDonald encontrou-me e quis me levar ao seu laird, que pediria um resgate por mim. Não podia deixar isso acontecer. Desonraria meu pai e ele não pode se dar ao luxo de pagar pelo meu resgate. Isso prejudicaria nosso clã. Mairin acariciou seus cabelos enquanto sua respiração soprava sobre o peito dela. Ele parecia muito mais velho que seus tenros anos. E tão orgulhoso.
— Escapei e me escondi na carroça de um comerciante ambulante. Fiquei ali por um dia até que ele me descobriu. Crispen balançou a cabeça, batendo em seu queixo dolorido novamente. — Onde estamos, Mairin? – ele sussurrou. – Estamos muito longe de casa? — Não tenho certeza onde é sua casa. – ela disse com tristeza – Mas estamos nas planícies e apostaria que estamos a uns dois dias de viagem de seu castelo. — As planícies? – ele cuspiu. – É de onde você é? Ela sorriu pela sua veemência. — Não, Crispen. Eu sou uma highlander. — Então, o que está fazendo aqui? – ele insistiu – Você foi sequestrada de sua casa? — Essa é uma longa história. – Mairin suspirou. – Que começou bem antes de você nascer. Quando Crispen pensou em outra pergunta, ela o silenciou com um gentil aperto. —Durma agora, Crispen. Devemos manter nossas forças se quisermos escapar. — Nós vamos escapar? — Claro que sim. É isso que os prisioneiros fazem. – ela disse em um tom alegre. O medo na voz dele a fez sentir pena. Como deve ser aterrorizante estar tão longe de casa e dos que ama. — Você vai me levar de volta para meu pai? Farei com que ele a proteja de Laird Cameron. Ela sorriu pela ferocidade em sua voz. — Claro, farei com que chegue a sua casa. — Promete? — Eu prometo. — Encontrem meu filho! O rugido de Ewan McCabe podia ser ouvido no pátio inteiro. Todos os seus homens estavam atentos, com expressões solenes. Algumas demonstrando compaixão. Acreditavam que Crispen estava morto, entretanto ninguém ousava proferir essa possibilidade para Ewan. O próprio Ewan considerou a ideia, mas não descansaria até encontrar seu filho, vivo ou morto. Ewan voltou-se para seus irmãos, Alaric e Caelen. — Não tenho condições de enviar todos os homens à procura de Crispen. – disse em voz baixa. – Ficaríamos vulneráveis. Confio em vocês dois a vida de meu filho. Quero que cada um leve um contingente de homens e tomem direções diferentes. Tragam Crispen de volta para casa, por mim. Alaric, o segundo dos irmãos McCabe, balançou a cabeça. — Você sabe que não descansaremos até o encontrarmos. — Sim, eu sei. - Ewan disse. Ewan viu quando os dois se afastaram, gritando ordens para seus homens. Ele fechou os olhos, as mãos apertadas, com raiva. Quem ousaria tomar seu filho? Por três dias ele aguardou alguém pedir um
resgate, mas nada aconteceu. Por três dias, vasculhou cada centímetro das terras McCabe e além. Isso era um sinal de um ataque? Seus inimigos estavam conspirando para atacá-lo quando estivesse vulnerável? Quando cada soldado disponível estivesse envolvido na busca? Ele cerrou os dentes enquanto olhava ao redor de seu decadente castelo. Por oito anos,Ewan lutou para manter seu clã vivo e forte. O nome McCabe sempre foi sinônimo de poder e orgulho. Oito anos atrás eles resistiram a um ataque que quase os despedaçou. Traídos pela mulher que Caelen amava. O pai de Ewan e sua jovem esposa foram mortos. Seu filho só sobreviveu porque foi escondido por um dos empregados. Quase nada sobrou quando ele e seus irmãos retornaram. Apenas um monte de ruínas, seu povo disperso ao vento, o exército quase todo dizimado. Não havia nada para Ewan assumir quando se tornou laird. Levou um longo tempo para reconstruir tudo. Seus soldados foram os mais treinados nas Highlands. Ele e seus irmãos trabalharam horas brutais para garantir que não faltasse comida aos idosos, mulheres e crianças. Muitas vezes, os homens ficaram sem alimento. E, silenciosamente, eles cresceram, aumentaram seus números, até que finalmente, o clã voltou a lutar. Logo, Ewan pôde pensar em vingança. Não. A vingança foi o que o sustentou por oito anos. Não houve um dia em que ele não pensasse nisso. — Laird, trago notícias de seu filho. Ewan olhou ao redor para ver um de seus soldados correndo até ele, com a túnica empoeirada como se tivesse acabado de descer de seu cavalo. — Fale. – ele ordenou. — Um dos McDonalds encontrou acidentalmente seu filho três dias atrás ao norte da fronteira de suas terras. Levou-o com intenção de entregá-lo ao seu laird para que ele pudesse pedir um resgate pelo menino. Mas, o garoto fugiu. Ninguém o viu desde então. Ewan tremia de raiva. — Leve oito soldados e vá até McDonald. Entregue a ele esta mensagem. Ele apresentará o soldado que pegou meu filho na entrada de minha fortaleza ou assinará a sua sentença de morte. Se ele não concordar, irei eu mesmo até ele e o matarei. E não será rápido. Não deixe nenhuma palavra minha fora da mensagem. — Sim, meu laird. O soldado fez uma mesura, virou-se e correu, deixando Ewan com uma mistura de alívio e raiva. Crispen estava vivo, ou pelo menos esteve. McDonald era um tolo por quebrar o tácito acordo de paz. Entretanto, os dois clãs dificilmente poderiam ser considerados aliados, McDonald não era estúpido o suficiente para incitar a ira de Ewan McCabe. Sua fortaleza poderia estar se desintegrando e seu povo poderia não estar bem alimentado, mas seu poder se restabeleceu em dobro. Seus soldados eram uma força de combate mortal. Mas os olhos de Ewan não estavam voltados para seus vizinhos. Eles estavam pousados em Duncan Cameron. Ewan não ficaria feliz até que o sangue de Cameron escorresse por toda a Escócia.
Capítulo 2 Mairin olhou exaustivamente para a fortaleza que surgia à sua frente enquanto cavalgavam pela última muralha de pedra e entravam no pátio. A ideia de fugir se enfraquecia quando olhou sem esperanças para a sólida construção. Era impenetrável. Homens estavam em toda a parte, a grande maioria treinando, outros consertando algumas paredes e outros ainda descansando e bebendo água de um balde a poucos passos do castelo. Como se estivesse lendo seus pensamentos, Crispen olhou para cima com seus olhos verdes brilhando de medo. Mairin mantinha os braços ao redor dele e as mãos juntas na frente do menino, tentando tranquilizá-lo. Mas na verdade, tremia por dentro. O soldado que levava seu cavalo parou e ela teve que lutar para ficar na sela. Crispen segurou-se, agarrando a crina do cavalo. Finn montava ao lado deles e puxou Mairin de sua montaria. Crispen veio junto com ela, gritando surpreso quando caiu no chão. Finn desceu-a do cavalo com os dedos apertando seu braço. Mairin conseguiu se soltar e correu até Crispen para ajudá-lo a se erguer. Ao redor deles, toda a atividade cessou, como se todos parassem para examinar os recém-chegados. Algumas mulheres do castelo olhavam curiosamente à distância, sussurrando atrás de suas mãos. Ela sabia que seu aspecto devia ser terrível, mas estava mais preocupada que Laird Cameron chegasse para ver sua prisioneira. Que Deus a ajudasse. E então, ela o viu. Apareceu no topo da escada que conduzia ao castelo, com seu olhar penetrante procurando-a. Os rumores de sua ganância, de sua crueldade e ambição, levaram-na a esperar pela imagem do próprio diabo. Para sua surpresa, era um homem extremamente bonito. Sua roupa era impecável, como se nunca tivesse visto um dia no campo de batalha. Que ela conhecia muito bem. Costurou muitos soldados que cruzaram o caminho dele. Vestia calças de couro macio, uma túnica verde e botas que pareciam novas. Ao seu lado, sua espada brilhava à luz do sol, com a lâmina afiada com uma agudez mortal. Ela levou automaticamente suas mãos para a garganta, engolindo em seco. — Você a encontrou? – Duncan Cameron perguntou do alto da escada. — Sim, Laird. – Finn a empurrou para frente, como se Mairin fosse uma boneca de pano. — Esta é Mairin Stuart. Duncan estreitou os olhos e franziu a testa, como se tivesse se enganado no passado. Ele a tinha procurado por tanto tempo? Mairin estremeceu e não deixou que o medo a dominasse. — Mostre-me. – Duncan vociferou. Crispen moveu-se na direção dela quando Finn puxou-a. Ela bateu em seu peito com força suficiente para cortar sua respiração. Outro soldado apareceu ao seu lado, e para sua humilhação, levantou a barra de seu vestido até a altura de seus quadris.
Duncan desceu os degraus com o rosto concentrado, aproximando-se. Algo selvagem faiscou em seus olhos, iluminando-se em triunfo. Seu dedo acariciou o contorno da marca e ele abriu um amplo sorriso. — O brasão real de Alexander. – ele sussurrou. – Todo esse tempo pensávamos que estava morta, que Neamh Alainn havia se perdido para sempre. Agora ambos são meus. — Nunca. – ela rosnou. Ele pareceu surpreso por um momento e então recuou, olhando para Finn. — Cubram-na. Finn puxou a roupa para baixo e soltou seu braço. Crispen voltou imediatamente para seu lado. — Quem é este? – Duncan trovejou quando pôs os olhos em Crispen. – Quem é este pirralho? É dela? Não pode ser! — Não, laird. – Finn rapidamente explicou. – A criança não é dela. Nós o pegamos tentando roubar um de nossos cavalos. Ela o defendeu. Nada mais. — Livre-se dele. Mairin envolveu os braços em torno de Crispen e olhou para Duncan com todo o seu ódio. — Toque-o e lamentará o dia em que nasceu. Duncan olhou para ela com o rosto vermelho de surpresa e raiva. — Você se atreve a me ameaçar? — Vá em frente, mate-me. – ela disse calmamente. — Isso serviria bem ao seu propósito. Ele se virou e a esbofeteou. Mairin caiu por terra, levando a mão ao maxilar. — Deixe-a em paz! – Crispen gritou. Mairin lançou-se para ele, puxando-o e abraçando-o. — Shhh. – acautelou. – Não faça nada para irritá-lo ainda mais. — Vejo que você recuperou o bom senso. – Duncan disse. – Cuide para que isso não aconteça outra vez. Ela não disse nada, apenas ficou sentada ali no chão, segurando Crispen e fixando os olhos nas imaculadas botas de Duncan. Ele nunca deve ter trabalhado, ela pensou. Até as mãos dele eram macias contra seu rosto. Como poderia um homem ter construído tanto poder com a força bruta dos outros? — Levem-na para dentro e entreguem-na às mulheres para lavá-la. – Duncan disse com desgosto. — Fique perto de mim. – ela sussurrou para Crispen. Não acreditava que Finn não fosse machucá-lo. Finn puxou-a e levou-a para dentro do castelo. Embora o exterior brilhasse, por dentro estava sujo e bolorento, com cheiro de cerveja inglesa velha. Os cães latiam animadamente e Mairin torceu o nariz com o cheiro de fezes. — Suba. – Finn rosnou, empurrando-a em direção às escadas. – E não tente qualquer coisa. Haverá guardas em sua porta. Seja rápida. Não vai querer deixar o laird esperando. As duas mulheres incumbidas de dar banho em Mairin olharam-na com um misto de simpatia e curiosidade.
— Você quer que o menino tome banho também? – uma delas lhe perguntou, enquanto lavava seus cabelos. — Não! – Crispen exclamou de onde estava. — Não. – Mairin suavemente ecoou. – Deixe-o assim. Depois de lavarem o cabelo de Mairin com sabão, ajudaram a se lavar na banheira e a cobriram com um lindo vestido azul com elaborados bordados no pescoço, nas mangas e na barra. Mairin compreendeu porque estava sendo vestida com as cores de Duncan. Quão facilmente ele a considerava como sua conquista. Quando as duas mulheres se ofereceram para arrumar seus cabelos, Mairin balançou a cabeça. Assim que estivesse seco, ela mesma faria uma trança. Encolhendo os ombros, as duas mulheres saíram do quarto, deixando-a para aguardar a convocação de Duncan. Ela se sentou na cama, ao lado de Crispen, aconchegando-o na curva de seu braço. — Vou sujá-la – ele sussurrou. — Não me importo. — O que vamos fazer, Mairin? A voz dele demonstrava medo e Mairin beijou-lhe no topo da cabeça. — Nós pensaremos em algo, Crispen. Pensaremos em algo. A porta se abriu e Mairin instintivamente empurrou Crispen atrás dela. Finn estava ali, com um olhar triunfante. — O laird a quer. Ela voltou-se para Crispen e segurou seu rosto com as mãos, até que ele olhou diretamente em seus olhos. — Fique aqui. – sussurrou. – Não saia do quarto. Prometa-me. O menino movimentou a cabeça com os olhos arregalados de medo. Ela se levantou e foi até onde Finn estava. Quando ele segurou seu braço, Mairin puxou-o de volta. — Sou capaz de andar sem sua ajuda. — Cadela arrogante. – ele grunhiu. Ela o seguiu escada abaixo, com o pavor crescendo a cada segundo. Quando viu o sacerdote de pé ao lado da lareira no grande salão, soube que Duncan não queria arriscar. Queria se casar, deitar-se com ela e selar o seu destino e o de Neamh Alainn. Quando Finn a empurrou para frente, rezou para encontrar força e coragem para fazer o que devia. — Aqui está minha noiva. – Duncan disse quando a viu, dirigindo-se ao padre com quem conversava. Seu sorriso não alcançou os olhos e ele a estudava atentamente, quase como se a advertisse das consequências caso se recusasse. Deus, ajude-me.
O padre limpou a garganta e olhou com atenção para Mairin. — Você está disposta a se casar, moça? O silêncio caiu enquanto todos aguardavam sua resposta. Então, lentamente ela negou com a cabeça. O padre virou-se para Duncan, com um olhar de acusação. — O que é isso, laird? Você me disse que ambos estavam ansiosos por esse casamento. A expressão no rosto de Duncan fez o padre recuar. Benzeu-se apressadamente e colocou-se a uma distância segura de Duncan. O laird olhou para ela e seu pulso acelerou. Para um homem tão bonito, naquele momento ele parecia muito feio. Ele foi na direção de Mairin e agarrou seu braço, apertando-o até que ela sentiu que seus ossos estalariam. — Perguntarei apenas uma vez. – disse com uma voz ilusoriamente suave. —Você está disposta? Ela sabia. Sabia que quando expressasse sua negação, ele a retaliaria. Poderia até matá-la se seu plano para conquistar Neamh Alainn não desse certo. Mas Mairin não havia ficado isolada por todos esses anos para se render no primeiro sinal de adversidade. De alguma maneira, tinha que encontrar um jeito de sair dessa confusão. Ela endireitou os ombros, mantendo a coluna ereta como uma espada de aço. Em voz clara e distinta, ela proferiu sua negação. — Não. O rugido de ira dele quase ensurdeceu suas orelhas. Seu punho a mandou voando a vários metros e Mairin encolheu-se, ofegante. Bateu com tanta força as costelas que era incapaz de respirar. Ela ergueu o olhar chocado e sem foco até vê-lo elevando-se sobre ela, sua raiva transformando-se em uma coisa tangível, terrível. Naquele momento, percebeu que fez a escolha certa. Mesmo que ele a matasse em seu frenesi, o que seria de sua vida como sua esposa? — Renda-se. - ele exigiu, com o punho erguido em advertência. — Não. A voz de Mairin não saiu tão forte quanto antes. Parecia mais um suspiro do que qualquer outra coisa. Mas se fez ouvir. No grande salão, os murmúrios cresceram e o rosto de Duncan corou até ela pensar que ele explodiria. A lustrosa bota chutou seu corpo. O grito de dor que ela soltou foi silenciado pelo golpe seguinte. Mais e mais ele a chutava e então, puxou-a para bater em seu rosto. — Laird, o senhor irá matá-la. Ela estava quase inconsciente. Não tinha ideia de quem o advertiu. Cada respiração lhe causava uma dor insuportável. Duncan a soltou, com desgosto.
— Tranque-a em seu quarto. Ninguém lhe dará comida ou água. Nem ao pirralho. Vamos ver quanto tempo leva para ceder quando o garoto começar a chorar de fome. Novamente foi arrastada para cima sem nenhuma consideração pelo seus ferimentos. Cada passo, cada degrau, era uma agonia. A porta do quarto se abriu e Finn jogou-a para dentro. Mairin bateu contra o chão, lutando para não perder a consciência. — Mairin! Crispen se debruçou sobre ela e suas pequenas mãos a seguraram dolorosamente. — Não, não me toque... —ela sussurrou. Se ele a tocasse, tinha certeza de que iria desmaiar. — Você deve ir até a cama. – ele disse, desesperadamente. – Vou ajudá-la. Por favor, Mairin. Ele estava quase chorando e só o pensamento de como o menino sobreviveria a Duncan se ela morresse, impediu-a de fechar os olhos. Despertou o suficiente para rastejar em direção à cama, cada movimento enviando dores à espinha. Crispen ajudou-a conforme seu tamanho o permitia e juntos conseguiram levantá-la até a cama. Fundiu-se ao colchão de palha. Lágrimas quentes deslizavam pelo seu rosto. Crispen deitou ao seu lado, seu corpo quente e doce em busca de conforto que Mairin não poderia oferecer. Em vez disso, ele a abraçou com seu pequeno corpo. — Por favor, não morra, Mairin. – ele implorou. – Estou com muito medo. — Senhora. Minha senhora, acorde. Deve acordar. O sussurro urgente despertou Mairin e quando ela voltou-se, buscando o que a perturbou, a dor atravessou seu corpo até que ofegou. —Sinto muito. – disse a mulher ansiosamente. – Sei que está ferida, mas deve se apressar. — Apressar-me? A voz de Mairin estava arrastada e seu cérebro estava confuso. Ao lado dela, Crispen se mexeu e levou um susto quando viu a sombra de pé sobre a cama. — Sim, rápido. – a voz impaciente repetiu. — Quem é você? – Mairin conseguiu perguntar. — Não temos tempo para conversar, senhora.O laird está dormindo bêbado. Ele acha que você está muito ferida para fugir. Temos que ir agora, se quisermos fazer isso. Ele planeja matar a criança, se não ceder. Diante da palavra fuga, a confusão desapareceu. Tentou se sentar, mas a dor apunhalava seu corpo. — Aqui, deixe-me ajudá-la. Você também, rapaz. – disse a mulher para Crispen. – Ajude-me com sua senhora. Crispen se mexeu na cama e deslizou para a extremidade. — Por que está fazendo isso? – Mairin perguntou depois que conseguiu se sentar. — O que ele fez foi uma vergonha. – a mulher murmurou. – Bater em uma moça como você. Ele é louco. Você tem sido sua obsessão. Temo que sua vida não importará, rendendo-se ou não. Ele matará o
menino. Mairin apertou a mão dela com a pouca força que tinha. — Obrigada. — Devemos nos apressar. Existe uma passagem secreta no próximo quarto. Vocês terão que fugir sozinhos. Não posso correr riscos. Fergus estará no final, esperando-os com um cavalo. Ele porá você e o rapazinho em cima. Sim, vai doer, mas terá que suportar. É sua única saída. Mairin acenou com aceitação. Fugir em agonia ou morrer no conforto. Não parecia ser uma decisão difícil. A mulher abriu a porta do quarto, voltou-se para Mairin e pôs um dedo sobre os lábios. Ela fez sinal para a esquerda, para Mairin saber que havia guardas ali. Crispen deslizou sua mão na dela e novamente ela apertou-a, para confortá-lo. Centímetro por centímetro, sem respirar, penetraram na escuridão do corredor. Mairin prendeu a respiração por todo o caminho, com medo de que o mínimo sopro pudesse alertar os guardas. Finalmente chegaram ao próximo quarto. A poeira ergueu-se em torno de seu nariz quando entraram e Mairin precisou segurar o nariz para não espirrar. — Por aqui. – a mulher sussurrou na escuridão. Mairin seguiu o som de sua voz até que sentiu o frio emanar de uma parede de pedra. — Deus esteja com vocês. – a mulher disse assim que conduziu Mairin e Crispen para o pequeno túnel. Mairin parou apenas o suficiente para apertar sua mão em um rápido agradecimento e então impulsionou Crispen na passagem estreita. Cada passou enviava uma onda de agonia pelo corpo de Mairin. Ela temeu que suas costelas estivessem quebradas, mas agora não existia nada que pudesse ser feito. Apressaram-se pela escuridão, Mairin arrastando Crispen atrás dela. — Quem vem lá? Mairin deteve-se ao ouvir a voz, mas lembrou-se que a mulher disse que Fergus os aguardava. — Fergus? – ela chamou suavemente. – Sou eu, Mairin Stuart. — Venha, senhora. – apressou. Ela correu até o fim e pisou no chão frio e úmido, estremecendo quando seus pés descalços pisaram as pedras ásperas. Olhou ao seu redor e viu que a passagem saía atrás do castelo onde havia apenas uma muralha entre o castelo e a encosta que se projetava para o céu. Sem dizer nada, Fergus sumiu na escuridão e Mairin correu para alcançá-lo Moveram-se ao longo da encosta até as árvores no perímetro da propriedade de Duncan. Um cavalo estava amarrado em uma das árvores e Fergus rapidamente o libertou, tomando as rédeas. — Erguerei você primeiro e depois o rapaz. – ele disse, apontando para a distância. – Daquele lado fica o norte. Deus esteja com vocês.
Sem outra palavra, ele a ergueu, lançando-a sobre a sela. Lágrimas tomavam conta de seus olhos e curvou-se de dor, lutando para não desmaiar. Ajude-me, Deus, por favor. Fergus ergueu Crispen e sentou-o na frente dela. — Pode cuidar das rédeas? – ela sussurrou para Crispen. — Eu protegerei você. – Crispen disse ferozmente. – Segure-se em mim, Mairin. Vou levar-nos para casa, eu juro. Ela sorriu ao ouvir a determinação em sua voz. — Eu sei que vai. Fergus deu um tapa no cavalo e ele seguiu adiante. Mairin mordeu o lábio contra o grito de dor que ameaçava sair. Não poderia fazer isso até estarem longe. Alaric parou seu cavalo e ergueu seu punho ordenando que seus homens parassem. Eles cavalgaram durante toda a manhã buscando trilhas sem fim, rastreando pegadas em vão. Todos eram becos sem saída. Desceu da sela e caminhou adiante para ver as marcas no solo. Ajoelhado, tocou as fracas pegadas e a grama pisada. Parecia que alguém sofreu uma queda de cavalo. Recentemente. Examinou a área ao redor, viu uma pegada em um pedaço de terra a poucos metros de distância e ergueu o olhar para a área onde a pessoa seguiu. Lentamente, levantou-se, tirou a espada e fez sinal para seus homens se espalharem pela área. Cuidadosamente, entrou por entre as árvores, espreitando com cautela procurando qualquer sinal de emboscada. Viu o cavalo primeiro, pastando a uma distância pequena, com as rédeas suspensas e a sela retorcida. Franziu o cenho. Seguramente era um pecado tal descuido com um cavalo. Um sussurro leve à direita chamou sua atenção e ele se viu olhando para uma pequena mulher, com as costas prensadas contra uma enorme árvore. Suas saias esvoaçavam, como se tivesse uma ninhada de gatinhos escondida debaixo delas, e seus grandes olhos azuis estavam cheios de medo e fúria. Seus longos cabelos negros desciam, desordenados, até a cintura e foi quando percebeu as cores de sua túnica e o brasão bordado na barra. A raiva temporariamente o cegou e ele avançou com a espada erguida acima de sua cabeça. Ela lançou um braço para trás, empurrando algo mais contra a árvore. Suas saias esvoaçaram novamente e Alaric percebeu que ela protegia uma pessoa. Uma criança. — Fique atrás de mim. – ela sussurrou. — Mas Mair... Alaric congelou. Conhecia a voz. Seus dedos tremiam, pela primeira vez em sua vida a sua mão ficou instável ao redor do cabo. O inferno seria um lugar frio antes que ele permitisse que as mãos de um Cameron tocassem alguém de sua família. Com um grunhido de raiva, avançou, pegou a mulher pelos ombros e jogou-a de lado. Crispen permaneceu contra a árvore com a boca aberta. Então, o menino viu Alaric e tudo o que fez foi cair em seus braços.
A espada caiu por terra – outro pecado de negligência – mas naquele momento, Alaric não se importou. Estava aliviado por encontrar o sobrinho. — Crispen. – disse, com voz rouca, quando abraçou o menino. Um grito agudo agrediu seus ouvidos ao mesmo tempo em que foi atingido pela mulher. Ele ficou tão surpreso que tropeçou e soltou Crispen. Ela se colocou entre os dois e lançou um joelho na virilha de Alaric. Ele se curvou, amaldiçoando enquanto a dor tomava conta de seu corpo. Caiu de joelhos e agarrou sua espada ao mesmo tempo em que assobiava para seus homens. A mulher era louca. Pela névoa de dor, Alaric a viu agarrar um resistente Crispen e tentar fugir. Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Dois de seus homens a cercaram. Ela se deteve e Crispen bateu em suas costas. Quando ela começou a correr na direção oposta, Gannon levantou um braço para detê-la. Para o espanto de Alaric, ela voltou-se, pegou Crispen e se jogou no chão, com seu corpo protetoramente sobre o menino. Gannon e Cormac congelaram e olharam para Alaric, assim como o resto dos homens que apareceram através das árvores. Para confundir ainda mais o inferno ao redor deles, Crispen finalmente balançou a cabeça e se jogou em cima dela, olhando com cara feia o tempo todo para Gannon. — Você não vai atingi-la. – ele gritou. Cada um de seus homens piscou, surpresos pela ferocidade de Crispen. — Rapaz, eu não ia bater na moça. – Gannon disse. – Estava tentando impedi-la de fugir. Com você. Por Deus, estávamos procurando-o há dias. O laird está doente de preocupação por você. Alaric caminhou até Crispen e arrancou-o de cima da mulher encolhida. Quando estendeu a mão para colocá-lo de pé, Crispen explodiu novamente, empurrando-o. Alaric olhou fixamente para o sobrinho com a boca aberta. — Não toque nela. – Crispen disse. – Ela está muito machucada, tio Alaric. Crispen mordeu seu lábio inferior e parecia que o menino ia começar a chorar. Quem quer que fosse a mulher, era óbvio que Crispen não a temia. — Não a machucarei, rapaz. – Alaric disse suavemente. Ele se ajoelhou, afastou os cabelos de seu rosto e percebeu que ela estava inconsciente. Havia um hematoma na face, mas fora isso, não parecia estar ferida. — Onde ela está machucada? – perguntou a Crispen. Lágrimas encheram os olhos de Crispen e ele limpou-as apressadamente com as costas da mão suja. — Seu estômago e suas costas. Dói muito se alguém a toca. Cuidadosamente, para não alarmar o menino, Alaric puxou sua roupa. Quando seu abdômen e costas apareceram, ele respirou fundo. Ao redor dela, seus homens alternadamente amaldiçoaram e murmuraram sua piedade pela moça. — Deus do céu, o que aconteceu com ela? – Alaric perguntou.
Sua caixa toráxica estava toda roxa e feias contusões marcavam suas costas lisas. Ele poderia jurar que uma delas tinha a forma da bota de um homem. — Ele bateu nela. – Crispen murmurou. – Leve-nos para casa, tio Alaric. Eu quero meu papai. Não querendo que o menino perdesse a compostura na frente dos outros homens, Alaric concordou e deu um tapinha no braço de Crispen. Haveria tempo de sobra para o sobrinho contar sua história mais tarde. Ewan gostaria de ouvir tudo. Olhou fixamente para a mulher inconsciente e franziu a testa. Ela havia protegido Crispen com o próprio corpo, e ainda assim usava as cores de Duncan Cameron. Ewan ficaria fora de controle se Cameron tivesse qualquer envolvimento no desaparecimento de Crispen. Guerra. Finalmente, a guerra seria declarada. Fez um sinal para Cormac cuidar da moça e estendeu a mão para Crispen, pretendendo que o menino viesse com ele. Havia várias perguntas que poderiam ser respondidas na volta para casa. Crispen sacudiu sua cabeça obstinadamente. — Não, você vai levá-la, tio Alaric. Ela tem que voltar com você. Prometi a ela que papai a manteria segura, mas ele não está aqui, então você tem fazer isso. Tem que ser você. Alaric suspirou. O menino não estava sendo razoável, e justo agora que ele estava tão feliz por encontrá-lo vivo, cederia a suas exigências ridículas. Mas tarde, puxaria a orelha do pirralho por ter questionado sua autoridade. — Eu também quero ir com você. – Crispen disse, olhando nervosamente para a mulher. Ele avançou mais perto dela como se não pudesse suportar a ideia de ficarem separados. Alaric olhou para o céu. Ewan não teve uma mão firme o suficiente com o menino. Crispen era tudo. Tudo o que sobrou para ele. E assim, Alaric encontrou-se montado em seu cavalo com a mulher na sela na frente dele, seu corpo deitado na curva de seu braço, e Crispen sentado sobre sua perna, com a cabeça deitada no peito dela. Olhou para seus homens, desafiando qualquer um que ousasse rir. Inferno, ele teve que deixar sua espada para cuidar de duas pessoas a mais, não importando se o peso deles não se igualasse a um único guerreiro. Era melhor Ewan ficar agradecido. O irmão decidiria o que fazer com a mulher, tão logo Alaric a deixasse em seu colo.
Capítulo 3 Assim que cruzaram a fronteira das terras McCabe, um grito ecoou através das colinas e à distância, Mairin ouviu o grito ser retransmitido. Logo o laird saberia do retorno de seu filho. Ela torceu as rédeas nervosamente em seus dedos enquanto Crispen quase pulava na sela em seu entusiasmo. — Se continuar puxando as rédeas, moça, você e o cavalo acabarão voltando para onde vieram. Ela olhou culpada para Alaric McCabe, que andava à sua direita. Sua advertência havia saído como uma provocação, mas na verdade o homem dava-lhe medo. Ele parecia selvagem com seus cabelos negros longos e despenteados e as tranças penduradas em cada lado de suas têmporas. Quando ela acordou em seus braços, quase jogou os dois para fora da sela, com pressa de fugir. Ele colocou Mairin e Crispen no chão, até que a coisa toda pudesse ser resolvida. Ele não ficou contente com sua teimosia, mas Mairin ficou feliz por ter Crispen solidamente ao seu lado, não quebrando a promessa de não dizer a ninguém o seu nome. Ambos ficaram mudos quando Alaric exigiu respostas. Oh, ele vociferou e acenou com seus braços. Até ameaçou sufocar a ambos. No final, murmurou blasfêmias contra mulheres e crianças antes de retomar sua jornada para levar Crispen para casa. Alaric insistiu então que ela montasse com ele pelo menos outro dia, porque seria um pecado abusar de um cavalo com Mairin naquelas condições. A viagem que normalmente duraria dois dias, levou três, graças à consideração de Alaric pelo estado dela, parando frequentemente. Ela soube que era por consideração porque ele disse a ela. Várias vezes. Após o primeiro dia, Mairin estava determinada a andar sem a ajuda de Alaric, pelo menos para tirar a presunção do rosto dele. Obviamente não tinha paciência com as mulheres, e ela suspeitou, que com exceção de seu sobrinho, também não tinha paciência com crianças. Ainda assim, considerando o fato de que ele não sabia nada sobre ela, a não ser que protegeu Crispen, a tratou muito bem, e seus homens foram educados e respeitosos. Agora que se aproximavam da fortaleza de Laird McCabe, o medo voou em sua garganta. Não seria capaz de manter-se muda. O laird exigiria respostas e ela seria obrigada a dá-las. Mairin se debruçou até sussurrar perto da orelha de Crispen. — Você se lembra da promessa que fez, Crispen? — Sim. – ele sussurrou de volta. – Não direi a ninguém seu nome. Ela movimentou a cabeça, sentindo-se culpada por pedir tal coisa a uma criança, mas se fingisse ser alguém sem importância, apenas alguém que salvou o menino e ajudou a trazê-lo em segurança para casa, talvez o laird ficasse grato o suficiente para lhe fornecer um cavalo e algum alimento para partir. — Nem mesmo ao seu pai? – ela insistiu. Crispen solenemente levantou a cabeça e assentiu. — Só direi que você me salvou.
Ela apertou seu braço com sua mão livre. — Obrigada. Não poderia ter melhor protetor. Crispen voltou-se para ela com um sorriso largo, cheio de orgulho. — O que vocês estão sussurrando? – Alaric perguntou irritado. Mairin olhou para o guerreiro, estreitando os olhos. — Se quisessemos que você soubesse, teriamos falado mais alto. – disse calmamente. Ele se afastou murmurando algo que ela tinha certeza de ser mais blasfêmias sobre mulheres irritantes. — O padre deve ficar cansado em ouvir suas confissões. – ela disse. Alaric arqueou uma sobrancelha. — Quem disse que confesso alguma coisa? Ela balançou a cabeça. O arrogante homem provavelmente pensava que o caminho para o céu já estava assegurado e que para agir de acordo com a vontade de Deus bastava respirar. — Olhe, lá está ele! – Crispen gritou enquanto apontava ansiosamente para frente. Subiram a colina e olharam para o castelo de pedra aninhado na lateral da próxima colina. A muralha estava desmoronada em diversos lugares e havia alguns homens trabalhando sem parar, substituindo as pedras. Ela pode ver que as paredes externas pareciam enegrecidas por um incêndio antigo. O lago espalhava-se à direita do castelo, a água brilhando ao sol. Um dos braços serpenteava em torno da frente da torre, proporcionando uma barreira natural para o portão da frente. A ponte sobre ele, no entanto, estava partida ao meio. Um caminho temporário foi adaptado ao lado, que permitia passar um cavalo de cada vez. Apesar do óbvio estado de abandono, a terra era bonita. Espalhadas por todo o vale à esquerda da torre, ovelhas pastavam, conduzidas por um homem mais velho ladeado por dois cachorros. Ocasionalmente, um dos cães corria para longe, trazendo o rebanho de volta para a fronteira imaginária. Então, retornava ao seu mestre e recebia um tapinha de aprovação na cabeça. — O que aconteceu aqui? – perguntou a Alaric. Mas ele não respondeu. Uma profunda carranca tomou seu rosto e seus olhos escureceram. Mairin apertou as rédeas e estremeceu sob a intensidade de seu ódio. Sim, ódio. Não poderia haver outro termo para o que viu nos olhos de Alaric. Alaric esporeou seu cavalo e ela automaticamente o seguiu. Cavalgaram colina abaixo com seus homens acompanhando protetoramente ao lado deles. Crispen estava tão inquieto na sela que ela teve que segurá-lo para não cair. Quando chegaram ao caminho improvisado, Alaric parou para atendê-la. — Irei primeiro. Você vem logo atrás de mim. Ela assentiu. De qualquer maneira, não queria ser a primeira a entrar no castelo. De certa forma, foi mais assustador chegar ali do que no castelo de Cameron. Pelo menos, nas mãos de Cameron, ela tinha
certeza de qual era seu destino. Assim que atravessaram, um grande grito ecoou e Mairin levou um tempo para perceber que foi Alaric quem o emitiu. Olhou para vê-lo ainda montado, com o punho erguido no ar. Todos ao redor dela, soldados – e havia centenas – ergueram suas espadas para alto e começaram a gritar, levantando e abaixando suas lâminas em celebração. Um homem entrou no pátio correndo, seus cabelos esvoaçando com os largos passos que dava. — Papai! – Crispen gritou e desceu da sela antes que ela pudesse impedi-lo. Ele tocou o chão correndo e Mairin olhou fascinada para o homem que imaginou ser o pai de Crispen. Seu estômago embrulhou-se e ela se controlou para que o pânico não tomasse conta dela outra vez. O homem era enorme e se parecia muito com Alaric.Ela não sabia dizer por que, mas mesmo com tanta alegria em seu rosto quando tomou Crispen em seus braços, ele a assustava de uma maneira que Alaric não fez. Os irmãos eram bem parecidos em musculatura e estatura. Ambos tinham cabelos escuros que caiam abaixo dos ombros, e usavam tranças. Porém, quando olhou ao redor, ficou claro que todos os homens usavam os cabelos da mesma maneira. Longos, bárbaros e selvagens. — Estou muito feliz em vê-lo, rapaz. – seu pai murmurou. Crispen agarrou-se ao laird com os braços pequenos. Sobre a cabeça de Crispen, seu olhar encontrou o de Mairin e seus olhos imediatamente se endureceram. Ele a olhou detalhadamente, deixando-a desconfortável com seu escrutínio. Começou a descer de seu cavalo, porque se sentia um pouco boba, quando todos ao redor já haviam desmontado. Alaric correu até ela, suas mãos a alcançando para ajudá-la a descer. — Calma, moça. – ele a acautelou. – Seus ferimentos estão melhores, mas ainda precisa se cuidar. Alaric soou quase preocupado, mas quando olhou para ele, viu que ainda estava com a mesma expressão feroz. Irritada,Mairin fez uma careta. Ele piscou, surpreso, então a empurrou em direção ao laird. Ewan McCabe olhou muito mais ameaçador agora que Crispen estava longe de seus braços. Mairin recuou um passo apenas para colidir com a montanha que era Alaric. Ewan primeiro olhou para Alaric, ignorando-a como se ela fosse invisível. — Tem meus agradecimentos por trazer meu filho para casa. Tinha toda confiança em você e Caelen. Alaric limpou a garganta e empurrou Mairin para frente. — Você tem que agradecer a esta moça pelo retorno de Crispen. Eu meramente forneci a escolta. Ewan estreitou os olhos e estudou-a ainda mais. Para o espanto dela, seus olhos não eram escuros e ferozes, mas de um estranho verde pálido. Quem poderia imaginar que os olhos dele eram tudo, menos uma negra combinação, quando ele seu rosto estavam sombrios como nuvens de uma tempestade? Espantada com a revelação, Mairin voltou-se abruptamente e olhou para Alaric. Ele piscou e então a observou como se ela fosse uma perfeita idiota;
— Seus olhos são verdes, também. – ela murmurou. A expressão de Alaric tornou-se preocupada. — Tem certeza de que não sofreu um golpe na cabeça? — Você vai olhar para mim. – Ewan rugiu. Ela pulou e voltou-se, novamente dando instintivamente um passo para trás, mais uma vez contra Alaric. Ele murmurou um palavrão e se curvou, mas Mairin estava preocupada com Ewan para dar atenção às maldições de Alaric. Sua coragem e sua determinação a não sentir dor tinham acabado. Suas pernas tremiam, suas mãos tremiam, a dor espetava através de seu corpo, fazendo-a ofegar suavemente a cada respiração. O suor banhou sua testa, mas ela não se permitia recuar ainda mais. O laird estava zangado com ela e não sabia dizer por quê. Não deveria estar grato por ter salvado seu filho? Não que ela realmente tenha feito qualquer coisa heróica, mas ele sabia disso. O pátio inteiro estava em silêncio. — Alaric? – ela murmurou, afastando o olhar do laird. — Sim, moça. — Você me amparará se eu desmaiar? Acho que cair no chão não será bom para minhas lesões. Para sua surpresa, ele a segurou pelos ombros, firmemente. Suas mãos tremiam um pouco e Alaric emitiu um estranho som. Estava rindo dela? Ewan avançou, com aquela carranca novamente. Será que ninguém sabia sorrir no clã McCabe? — Não, nós não fazemos. – Alaric disse divertido. Ela percebeu tarde demais que pensou em voz alta e se preparou para a censura do laird. Ewan parou a um passo dela, forçando-a a levantar o pescoço para olhar para ele. Era difícil ser corajosa quando estava imprensada entre dois guerreiros enormes, mas seu orgulho não permitiria que se jogasse aos seus pés e implorasse por misericórdia. Não, ela enfrentou Duncan Cameron e sobreviveu. Este guerreiro era maior e mais vil e provavelmente poderia esmagá-la como um inseto, mas ela não morreria como uma covarde. — Você vai me dizer quem é, por que está vestindo as cores de Duncan Cameron e, como diabos, meu filho ficou com você. Ela balançou a cabeça, apoiada contra Alaric, apenas para ouvi-lo proferir outra maldição quando Mairin pisou em seu pé ao recuar, para depois se lembrar de seus votos de ser corajosa. Ewan franziu a testa ainda mais. — Você vai me desafiar? Havia uma nota de incredulidade em sua voz que ela acharia divertido se não estivesse tomada de dor e prestes a desmaiar. Seu estômago fervia e ela rezou para não vomitar em suas botas. Não eram tão brilhantes como as de Duncan, mas ele ficaria ofendido de qualquer maneira.
— Não o estou desafiando, laird. – ela disse em uma voz que a deixou orgulhosa. — Então, explique o que quero saber. E faça isso agora. – acrescentou com uma voz mortalmente suave. — Eu... Sua voz estava engasgada e engoliu a náusea que subiu pela garganta. Foi salva por Crispen que não podia ficar mais em silêncio. Ele correu, colocando-se entre ela e seu pai e passando o braço em torno de suas pernas, enterrando o rosto em seu abdômen contundido. Um gemido escapou e Mairin abraçou Crispen, afastando-o de suas costelas. Ela teria deslizado para o chão se Alaric não a firmasse pelos braços. Crispen olhou fixamente para seu pai, que parecia estar lutando contra o choque e a impaciência. — Deixe-a em paz! – Crispen exclamou. – Ela está ferida e eu prometi que iria protegê-la, papai. Eu prometi. E um McCabe nunca quebra sua palavra. Você me disse. Ewan olhou para o filho com espanto. — O menino está certo, Ewan. A mulher precisa urgentemente de uma cama e um banho quente. Surpresa com o apoio de Alaric, mas mais agradecida do que ela poderia expressar, observou o laird apenas para vê-lo olhar incrédulo para Alaric. — Cama? Banho? Meu filho foi devolvido a mim por uma mulher vestindo as cores do homem que mais detesto nesta vida, e você me sugere para dar-lhe banho e cama? O laird parecia perigosamente prestes a explodir. Ela recuou e desta vez Alaric afastou-se para que Mairin pudesse por uma distância de Ewan. — Ela salvou a vida dele. – Alaric disse. — Ela levou uma surra por mim. – Crispen gritou. A expressão de Ewan vacilou e olhou novamente para ela como se tentasse ver por si mesmo a extensão de seus ferimentos. Crispen e Alaric olharam esperançosos para ele. Seus músculos incharam em seus braços e pescoço, e respirou várias vezes como se tentasse manter a paciência. Mairin sentiu pena dele. Se fosse seu filho, ela também exigiria todos os detalhes. E se fosse verdade – e Ewan não tinha nenhum motivo para mentir – que Duncan Cameron era seu inimigo mortal, ela podia entender porque a olhava com tanta desconfiança e ódio. Sim entendia bem o seu dilema. Mas não significava que iria, de repente,cooperar. Reunindo toda a coragem e orgulho, encarou o laird. — Salvei seu filho, laird. Ficaria grata se me ajudasse. Não pedirei muito. Um cavalo e talvez alguma comida. Sairei de seu caminho e não serei mais um incômodo. Ewan não olhou para ela. Não, virou o rosto para o céu como se implorasse por paciência ou libertação. Talvez os dois. — Um cavalo. Comida. Ele disse as palavras ainda olhando para o céu. Então, lentamente baixou sua cabeça até que aqueles olhos verdes a queimassem.
—Você não vai a lugar nenhum, moça.
Capítulo 4 Ewan olhou fixamente para a mulher diante dele e era tudo o que podia fazer para não sacudi-la até deixá-la sem sentidos. A pequena atrevida era audaciosa, ele tinha que reconhecer. Não sabia que tipo de controle tinha sobre seu filho, mas descobriria. Até Alaric parecia enfeitiçado por ela. Embora pudesse entender isso, afinal a mulher era bela, ficou extremamente irritado com seu irmão defendendo-a dele. Mairin ergueu seu queixo em desafio e a luz refletiu em seus olhos. Não eram apenas azuis, mas de uma tonalidade brilhante que lembrava o céu na primavera, um pouco antes do verão chegar. Seus cabelos estavam sujos, mas os cachos rebeldes caiam até a cintura, uma cintura que ele podia medir com as mãos. Sim, suas mãos se encaixam muito bem na curva entre os quadris e os seios. E se deslizasse as mãos um pouco mais para cima, ele poderia segurar seus generosos seios. Ela era linda. E também um problema. A dor que sentia não era mentira. Seus olhos estavam escuros e sombras os rodeavam. Ela tentava ser valente, mas era possível ver seu desconforto. Seu interrogatório teria que esperar. Levantou a mão e apontou para uma das mulheres que estava por perto. — Veja suas necessidades. – ele ordenou. – Dê-lhe o banho desejado. Peça a Gertie para preparar um prato de comida. E, pelo amor de Deus, dê-lhe outra roupa para vestir que não tenha as cores de Cameron. Duas mulheres McCabe correram e cada uma tomou um braço da mulher que ainda estava em pé ao lado de Alaric. — Cuidado. – Alaric acautelou-as. – Seus ferimentos ainda lhe causam dor. As mulheres afastaram as mãos e gesticularam para ela, apontando em direção do castelo. Ela olhou nervosamente ao redor sem nenhum desejo de entrar. Ewan suspirou. — Não estou ordenando sua morte, moça. Você pediu banho e comida. Está questionando minha hospitalidade, agora? Mairin franziu o cenho e seus olhos se estreitaram quando olhou bruscamente para ele. — Pedi um cavalo e comida. Não quero sua hospitalidade. Preferia que respeitasse os meus desejos o mais rápido possível. — Não tenho cavalos sobrando e , alem disso, você não irá a lugar nenhum até que eu tenha ordenado. Se não quiser tomar banho, tenho certeza que as mulheres ficariam felizes em mostrar-lhe a cozinha e dar-lhe algo para comer. Ele encolheu os ombros demonstrando que não se importava se ela tomasse banho ou não. Aquilo tinha sido ideia de Alaric, mas as mulheres não adoravam a ideia de se enfiar em uma banheira de água quente? Ela franziu os lábios como se fosse discutir, mas evidentemente decidiu mudar de ideia.
— Gostaria de um banho. — Então sugiro que você siga as mulheres até o andar de cima antes que eu mude de ideia. Ela virou-se, murmurando baixinho algo que ele não entendeu. Seus olhos se estreitaram. A moça estava testando sua paciência. Ewan olhou em volta para seu único filho para vê-lo correndo atrás das mulheres. — Crispen. – ele chamou. Crispen voltou-se, com a expressão ansiosa por ter sido afastado da mulher. — Venha cá, meu filho. Depois de hesitar um momento, o menino aproximou-se de Ewan, que o pegou em seus braços mais uma vez. Seu coração disparou freneticamente com o alivio de ver o filho a salvo. — Você me assustou muito, menino. Nunca mais faça isso com seu pai. Crispen agarrou-se a Ewan e enterrou o rosto no pescoço do pai. — Não irei, papai. Prometo. Ewan segurou-o por um longo tempo, mais que o necessário, até que Crispen pediu para ser libertado. Ele não pensou em ver o filho novamente e se Alaric estivesse certo, devia agradecer a mulher por isso. Ele olhou para o irmão, exigindo respostas. Alaric deu de ombros. — Se está querendo respostas, está olhando para a pessoa errada. – fez um gesto impaciente para o menino.- Ele e a moça se recusaram a dizer qualquer coisa. O pirralho atrevido exigiu que eu a trouxesse para que você pudesse protegê-la. Ewan franziu a testa e olhou Crispen nos olhos. —É verdade, filho? Crispen parecia decididamente culpado, mas a determinação faiscou em seus olhos verdes. Torceu os lábios e ficou tenso, esperando que Ewan lançasse sobre ele um discurso inflamado. — Dei minha palavra. – Crispen disse com obstinação. – Você disse que um McCabe nunca quebra sua palavra. Ewan agitou a cabeça. — Estou começando a lamentar por dizer as coisas que um McCabe não faz. Venha, vamos nos sentar na sala para você me contar suas aventuras. Ewan lançou um olhar para Alaric, pedindo silenciosamente sua presença. Então, virou-se para Gannon. — Pegue seus homens e vá para o norte ao encontro de Caelen. Diga que Alaric encontrou Crispen. Retornem o mais depressa possível. Gannon curvou-se e saiu correndo, gritando ordens. Ewan manteve Crispen preso pelos ombros enquanto se dirigiam ao salão. Entraram em meio a um coro de gritos e exclamações. Crispen foi abraçado por cada mulher que passava e ganhava dos homens do clã um tapinha nas costas.
Ewan sentou-se à mesa e bateu levemente no banco ao lado. Crispen pulou para o lugar, enquanto Alaric sentava-se à mesa com eles. — Agora me diga o que aconteceu. – Ewan ordenou. Crispen olhou para suas mãos, com os ombros inclinados. — Crispen. – Ewan disse suavemente. – O que mais eu disse que os McCabe sempre fazem? — Dizem a verdade. – Crispen respondeu a contragosto. Ewan sorriu. — Realmente. Agora comece sua história. Crispen suspirou dramaticamente antes de dizer. — Escapei para encontrar tio Alaric. Pensei em esperá-lo na fronteira e surpreendê-lo quando chegasse a casa. Alaric olhou através da mesa para Crispen, mas Ewan ergueu a mão. — Deixe ele continuar. — Devo ter ido longe demais. Um dos soldados McDonald me disse que me levaria ao seu laird para pedir resgate. Ele virou os olhos suplicantes para Ewan. — Não podia deixá-los fazer isso,papai. Seria uma vergonha para você e nosso clã não podia pagar por um resgate. Então escapei e me escondi na carreta de um comerciante ambulante. Ewan ficou tenso de raiva pelo soldado McDonald e seu coração se apertou ao ouvir o orgulho na voz de seu filho. —Você nunca poderia me envergonhar, Crispen. – Ewan disse calmamente. – Agora, termine sua história. O que aconteceu a seguir? — O comerciante me descobriu depois de um dia e me expulsou. Não sabia onde estava. Tentei roubar um cavalo de homens que estavam acampando, mas me pegaram. M..., quero dizer, ela me salvou. — Quem salvou você? – Ewan perguntou. — Ela me salvou. — Quem é ela? – Ewan voltou a perguntar, engolindo sua impaciência. Crispen se mexeu desconfortavelmente. — Não posso dizer. Eu prometi. Ewan e Alaric trocaram olhares frustrados e Alaric ergueu uma sobrancelha, como seu dissesse “eu disse”. — Tudo bem, Crispen, o que exatamente prometeu? — Que não contaria a você quem é ela. Sinto muito, papai. — Entendo. O que mais você prometeu? Crispen pareceu confuso por um momento e, atrás da mesa, Alaric sorriu quando compreendeu a direção que Ewan seguia.
— Só prometi que não ia dizer o nome dela. Ewan sufocou um sorriso. — Tudo bem, então continue sua história. A senhora o salvou. Como ela fez isso? Estava acampando com os homens dos quais tentou roubar o cavalo? Eles a estavam escoltando a algum lugar? Crispen enrugou a testa como se lutasse para descobrir como divulgar informações sem quebrar sua promessa. — Eu não vou perguntar o nome dela. – Ewan disse solenemente. Parecendo aliviado, Crispen apertou os lábios e então disse. — Os homens a levaram de uma abadia. Ela não queria ir com eles. Vi quando a trouxeram para o acampamento. — Por Deus, ela é uma freira? – Ewan exclamou. Alaric agitou sua cabeça. — Se aquela mulher é uma freira, então eu sou um monge. — Você pode casar-se com uma freira? - Crispen perguntou. — Por que está me perguntando isso? - Ewan exigiu. — Duncan Cameron quis casar com ela. Se ela for uma freira, ele não pode, não é? Ewan endireitou-se e lançou a Alaric um olhar feroz. Então voltou-se para Crispen, tentando manter sua reação tranquila de forma que não assustasse seu filho. — Os homens de quem tentou roubar o cavalo... Eles eram soldados de Cameron? Eram as pessoas que tomaram a mulher da abadia? Crispen solenemente movimentou a cabeça. — Eles nos levaram para Laird Cameron. Ele tentou se casar... com ela. Mas ela recusou. Quando o fez, ele bate nela. Lágrimas molharam seus olhos e Crispen adotou uma expressão feroz. Novamente, Ewan olhou Alaric observando a reação do seur irmão com a notícia. Quem podia ser esta mulher para Duncan Cameron tirá-la de uma abadia? Ela era uma herdeira escondida ? — O que aconteceu depois dele bater na moça? - Ewan retomou. Crispen passou uma mão em seu rosto, deixando uma trilha de sujeira acima de sua bochecha. — Quando ela voltou para o quarto, mal podia ficar em pé. Tive que ajudá-la a subir na cama. Mais tarde uma mulher nos despertou e disse que o laird estava dormindo bêbado e que ele planejou matarme se ela não fizesse o que ele queria. Disse que nós tínhamos que escapar antes dele despertar. A senhora tinha medo mas prometeu que me protegeria. E então, prometi que a traria aqui para você cuidar dela. Você não deixará Duncan Cameron casar-se com ela, não é, papai? Você não o deixará machucá-la novamente? Ele olhou ansiosamente para Ewan, muito sério. Parecia mais velho que seus oito anos naquele momento, como se assumisse uma grande responsabilidade, uma muito grande para sua idade, mas que estava determinado a realizar.
— Não, filho. Não permitirei que Duncan Cameron faça mal a moça. O alívio inundou expressão de Crispen e de repente ele pareceu extremamente cansado. Balançou-se em sua cadeira e aconchegou-se no braço de Ewan. Por um momento longo, Ewan olhou fixamente para a cabeça do seu filho, resistindo ao desejo de correr seus dedos por suas tranças. Ewan não podia ajudar, mas sentia uma onda de orgulho pelo modo como Crispen lutou pela mulher que o salvou. De acordo com Alaric, Crispen intimidou Alaric e seus homens para trazê-la para os McCabe. E agora estava enfrentando o pai para manter uma promessa. —Ele está dormindo. - Alaric murmurou. Ewan cuidadosamente passou as mãos sobre a cabeça de seu filho e o segurou solidamente contra seu peito. — Quem é esta mulher, Alaric? Por que estava com Cameron? Alaric deu um suspiro frustrado. — Gostaria de poder dizer. A moça não falou nenhuma palavra o tempo que esteve conosco. Ela e Crispen ficaram tão mudos quanto dois monges que fizeram votos de silêncio. Tudo que sei é que quando a encontrei, estava muito ferida. Nunca vi uma moça tão maltratada como ela. Virou meu estômago, Ewan. Não existe nenhuma desculpa para um homem tratar uma mulher como ele fez. E ainda, mesmo ferida, enfrentou a mim e meus homens quando achou que éramos uma ameaça para Crispen. — Ela não disse nada o tempo inteiro que esteve com você? Nenhum deslize? Pense, Alaric. Ela deve ter dito algo. Simplesmente não é da natureza de uma mulher ficar muda por longos períodos. Alaric grunhiu. — Alguém devia dizer isso a ela. Estou dizendo, Ewan, ela não disse nada. Olhou fixamente para mim como eu fosse algum tipo de sapo. Pior, ela fez Crispen agir como se eu fosse o inimigo. Os dois sussurraram como conspiradores e olharam para mim quando ousei intervir. Ewan fez uma carranca e bateu os dedos na madeira sólida da mesa. — Por que Cameron quis casar-se com ela? Além disso, o que uma mulher das Highlands estava fazendo em uma abadia nas Terras Baixas? Os highlanders guardam suas filhas como ouro. Eu não posso me imaginar enviando uma filha para longe, em uma abadia. — A menos que a moça estivesse sendo castigada. - Alaric assinalou. - Talvez ela tivesse sido pega por uma indiscrição. Mais de uma moça foi cortejada entre os arbustos fora da santidade de casamento. — Ou talvez uma megera com um pai desesperado. - Ewan murmurou, quando se lembrou o quão difícil e obstinada ela havia sido momentos antes. Nisso ele podia acreditar. Mas ela teria que ter cometido um pecado muito grave para um pai enviá-la para longe. Alaric riu. — Ela é bem espirituosa. Mas protegeu Crispen. Colocou seu corpo entre ele e outros homens mais de uma vez e sofreu por isto. Ewan ponderou por um momento longo. Então olhou para Alaric novamente.
— Você viu estes ferimentos? Alaric movimentou a cabeça. — Sim, Ewan, o bastardo a chutou. Existiam impressões de uma bota nas costas dela. Ewan amaldiçoou e sua voz ecoou por todo o salão. — Gostaria de saber qual é a sua ligação com Cameron. E por que ele a quer tanto a ponto de sequestrá-la de uma abadia e agredi-la por se recusar a casar-se com ele. Por que então pensaria em usar meu filho para influenciá-la? — E teria funcionado. Alaric disse em uma voz apavorada. - A moça estava muito protetora com Crispen. Se Cameron o ameaçou, ela teria consentido. Tenho certeza disto. — E isso representa um problema para mim. - Ewan disse taciturno. - Cameron a quer. Meu filho quer que eu a proteja. A moça só quer ir embora. E ainda existe o mistério de quem ela é. — Se Cameron descobrir seu paradeiro, ele virá buscá-la. - Alaric advertiu. Ewan movimentou a cabeça. — Então ele virá. Os irmãos trocaram um olhar e se levantaram. Alaric acenou com a aceitação da declaração silenciosa de Ewan. Se Cameron queria uma briga, os McCabes estariam mais do que dispostos a dar-lhe. — E a moça? - Alaric finalmente perguntou. — Decidirei assim que ouvir a história inteira dela. - Ewan disse. Ewan podia ser um homem razoável, e uma vez que a moça percebesse isso, cooperaria.
Capítulo 5 Mairin despertou sabendo que não estava sozinha no quarto minúsculo onde dormiu. Sua nuca arrepiou-se e cuidadosamente abriu um olho para ver Ewan McCabe de pé na entrada. A luz do sol entrava pela janela, penetrando pelas frestas das cortinas. A luz de alguma maneira o fez mais ameaçador como se estivesse envolto pela escuridão. Na luz, ela podia ver o quanto ele era grande. Era um retrato ameaçador, emoldurado pela porta onde estava. — Perdoe-me a intrusão. - Ewan disse em uma voz áspera. — Estava tentando localizar meu filho. Foi então que seguiu o olhar dele e viu alguém ao lado dela. Crispen deve ter vindo para sua cama durante a noite. Estava firmemente aconchegado ao seu lado, as cobertas apertadas contra seu pescoço. — Sinto muito. Eu não sabia… - ela começou. — Ele também se enfiou na minha cama ontem à noite, estou certo que você não percebeu. - ele secamente disse. – Aparentemente, veio para cá durante a noite. Mairin começou a se mover, mas Ewan levantou uma mão. — Não, não o desperte. Você precisa descansar. Pedirei a Gertie um desjejum para você. — Obrigada. Mairin olhou fixamente para ele, insegura do que fazer com sua generosidade súbita. Ontem ele tem sido tão feroz, sua carranca tinha sido suficiente assustar um guerreiro feroz. Depois de um pequeno aceno com a cabeça, Ewan saiu do quarto e fechou a porta atrás dele. Mairin franziu o cenho. Não acreditava em tal mudança. Então olhou para o menino dormindo próximo a ela. Suavemente, tocou em seus cabelos, maravilhada com os cachos que emolduravam seu rosto. Com o tempo, ficaria como o de seu pai. Talvez o laird tenha se acalmado ao ver seu filho seguro. Talvez estivesse grato e arrependido por sua grosseria. A esperança tomou seu peito. Ele poderia estar mais receptivo e ajudá-la com transporte e alimentos. Não tinha nenhuma ideia para onde fugir, mas sabendo que Duncan Cameron parecia ser inimigo jurado de Ewan McCabe, não era uma boa idéia permanecer lá. A tristeza tomou conta de seu coração e ela abraçou Crispen. A abadia, que foi sua casa por tanto tempo, e a presença confortante das irmãs, não estavam mais disponíveis para ela. Estava sem uma casa e um porto seguro. Fechando seus olhos, sussurrou uma fervorosa oração por misericórdia e proteção de Deus. Seguramente, Ele a ajudaria na necessidade. Quando acordou, Crispen havia desaparecido de sua cama. Ela esticou e dobrou seus dedos do pé, e imediatamente estremeceu quando a dor serpenteou por seu corpo. Nem um banho quente e uma cama confortável a libertaram de seu desconforto. Ainda assim, podia se mover consideravelmente melhor que na véspera e estava certamente bem o suficiente para montar sozinha um cavalo. Jogando de lado as mantas, ela colocou seus pés no chão de pedra e encolheu-se com o frio. Levantou-se e foi para a janela abrir as cortinas e permitir que a luz do sol entrasse.
Os raios deslizaram sobre ela como âmbar líquido. Fechou seus olhos e virou seu rosto para o sol, ávida por calor. Era um dia bonito como só um dia de primavera nas Highlands podia ser. Olhou ao longo das encostas, desfrutando do conforto de ver uma casa pela primeira vez que em muitos anos. Neamh Álainn. Um dia, olharia seu legado – o legado de seu filho. A única parte de seu pai que ela teve. Apertou as mãos. — Eu não falharei. - sussurrou. Sem querer desperdiçar mais tempo naquele quarto, cobriu-se com o vestido simples que uma das mulheres deixou para ela. O decote era bordado com flores, e no meio, em verde e ouro, estava o que ela presumiu ser o brasão dos McCabes. Contente por estar vestindo algo diferente que as cores de Duncan Cameron, apressou-se em direção à porta. Quando se aproximou do andar inferior, hesitou, sentindo-se de repente insegura. Mairin foi salva de fazer uma entrada desajeitada no salão quando uma das mulheres McCabe a viu. A mulher sorriu e se apressou a saudá-la. — Boa tarde. Está se sentindo melhor hoje? Mairin estremeceu. — É tarde? Não quis dormir o dia inteiro. — Você precisava descansar. Meu nome é Christina, a propósito. Qual é o seu ? Mairin corou, sentindo-se de repente uma tola. Perguntou-se se devia inventar um nome, mas odiou a idéia de ter que mentir. — Não posso dizer. – ela murmurou. Christina arqueou as sobrancelhas rapidamente, mas para sua sorte, não perguntou mais nada. Então, colocou seu braço no de Mairin. — Pois bem, Senhora. Vou levá-la à cozinha antes que Gertie dê sua refeição aos cães. Sentindo-se aliviada porque Christina não a pressionou, deixou que a menina a levasse para a cozinha, onde uma mulher mais velha estava acendendo o fogo do fogão. Mairin esperava encontrar uma mulher corpulenta, por isso não teve certeza de quem era. As mulheres encarregadas das cozinhas não deviam ser robustas? Gertie era muito magra, seus cabelos grisalhos estavam presos com um laço apertado na nuca. Fios escapavam por todos os lados sobre seu rosto, dando a mulher um ar selvagem. Ela olhou demoradamente para Mairin, desconfiada. — Já era tempo de se levantar, moça. Ninguém aqui fica deitado por tanto tempo, a menos que esteja morrendo. Não acho que você não esteja morrendo,porque está aqui na minha frente sã e forte. Não faça disso um hábito, pois não vou guardar sua comida novamente. Surpresa, o primeiro instinto de Mairin foi rir, mas não queria ofender a mulher. Em vez disso, dobrou as mãos solenemente na frente da mulher e prometeu que nunca mais faria isso novamente. Uma promessa que cumpriria, pois não planejava passar outra noite no castelo.
— Sente-se, então. Há um banquinho no canto. Você pode tomar sua refeição lá. Não há nenhum sentindo em arrumar a mesa da sala apenas para uma pessoa. Mairin humildemente obedeceu e logo ocupou a vasilha com comida. Gertie e Christina observavam enquanto comia e Mairin podia ouvi-las sussurrando quando achavam que não estava olhando. — Não vai dizer seu nome, moça? – Gertie exclamou com voz alta. Ela voltou-se em direção a Mairin e articulou um hmmph. — Quando as pessoas não dizem seu nome, é porque tem algo a esconder. Quem você é, moça? Não pense que nosso laird não descobrirá. Ele é muito correto para aceitar tal absurdo vindo de uma mulher como você. — Então discutirei esse assunto com seu laird, e apenas com ele. – Mairin disse com firmeza. Gertie revirou os olhos e retomou seu trabalho no fogo. — Você pode me levar até ele? – Mairin perguntou a Christina enquanto se levantava do banquinho. – Preciso falar-lhe, imediatamente. — É claro, senhora. – Christina respondeu com sua voz doce. – Eu tenho ordens de levá-la até ele assim que terminasse de comer. Mairin sentia náuseas, a comida se revirava em seu estômago, como cerveja azeda. — Você está nervosa? – Christina perguntou enquanto desciam os degraus da torre. — Fique calma. O laird parece ser rude e pode ser severo quando contrariado, mas é justo e imparcial com nosso clã. Mas Mairin não era parte do clã McCabe o que significava que as políticas sobre o justo e imparcial não se aplicavam a ela. Mas protegeu seu filho e estava claro que ele amava seu filho. Mairin pensava nisso a medida em que chegava ao pátio. Arregalou os olhos ao ver tantos homens treinando. O choque de espadas e escudos quase a ensurdeceu. A luz do sol refletia no metal e a fez piscar. Tentou focar seus olhos longe dos reflexos que dançavam no ar. Quando percebeu o que estava vendo, ofegou. Sua mão escorregou para seu peito e a visão ficou confusa. De repente, percebeu que parou de respirar. Inspirou profundamente, mas isso não a ajudou. O laird estava lutando com outro soldado usando apenas suas botas e suas calças. Seu tórax nu cintilava com o brilho de suor e um filete de sangue deslizava por seu corpo. Oh, céus de misericórdia. Ela assistia fascinada, incapaz de desviar o olhar, não importando que fosse um pecado cobiçá-lo daquela forma. O laird tinha ombros largos. Seu enorme peito ostentava várias cicatrizes. Um homem não chegava à sua idade sem adquirir cicatrizes de batalha. Eram as marcas de honra de um highlander. Um homem sem elas era considerado fraco, sem coragem. Os cabelos estavam grudados em suas costas e suas tranças balançavam quando girava para atacar o oponente. Seus músculos eram rígidos e flexionavam-se enquanto ele balançava a pesada espada no ar. Seu oponente protegia-se com o escudo, mas não era capaz de escapar dos golpes.
O homem mais jovem foi desarmado, sua espada caindo com um estrondo no chão. Ele teve presença de espírito para proteger-se com o escudo e ficar ali parado, ofegante. O laird franziu a testa, mas estendeu a mão para ajudar o soldado mais novo. — Você durou mais tempo desta vez, Heath, mas ainda está permitindo que suas emoções o controlem. Se não aprender, será um alvo fácil nas batalhas. Heath fez uma careta como se não apreciasse muito a crítica do laird. Ignorou a mão estendida e se pôs de pé, com o rosto vermelho de raiva. Foi então que o laird olhou para cima e viu Mairin com Christina. Seus olhos se estreitaram e ela sentiu o peso daquele olhar. Ele fez um sinal para que Alaric jogasse a túnica. Vestiu-a às pressas, puxando-a sobre o peito nu e fez um sinal para Mairin se aproximar. Sentindo-se estranhamente desapontada por ele ter vestido a túnica, ela se aproximou arrastando os pés no chão. Que bobagem. Era uma mulher adulta e agia como uma criança na frente daquele homem. — Venha caminhar comigo, moça. Temos muito a discutir. Ela engoliu em seco e deu uma olhada para Christina, que fez uma reverência na frente do laird e saiu pelo mesmo caminho que vieram. — Venha. –ele disse novamente, num lampejo de sorriso. – Não irei mordê-la. O rasgo de humor a pegou de surpresa e ela sorriu, completamente inconsciente de seu efeito sobre os homens que viam tal cena. — Muito bem, laird. Já que me convidou, eu assumo o risco de acompanhá-lo. Saíram do pátio e tomaram um caminho pela encosta que dava para o lago. Lá em cima, o laird parou e olhou para as águas. — Meu filho diz que tenho muito que lhe agradecer. Mairin cruzou as mãos na frente e juntou um pouco do tecido do vestido entre os dedos. — Ele é um bom menino. Ajudou-me tanto quanto eu o ajudei. O laird assentiu. — Foi o que ele me disse. E trouxe você para mim. Mairin não gostou da maneira como ele disse isso. Havia muita posse em sua voz. —Laird, devo partir hoje. Se não puder me arrumar um cavalo, eu entendo. Seguirei a pé, embora gostaria de receber uma escolta até a fronteira. Ewan voltou-se para ela com uma sobrancelha erguida. — A pé? Você não deve fazer isso, moça. Seria sequestrada por alguém assim que saísse de minhas terras. Ela franziu o cenho. — Não, se eu me cuidar. — Com o mesmo cuidado que teve quando foi sequestrada pelos homens de Duncan Cameron?
O calor subiu pelo rosto de Mairin. — Isso foi diferente. Eu não estava esperando... Faíscas divertidas brilharam nos olhos dele. —Alguém espera ser raptado? — Sim. – ela sussurrou. — Diga-me uma coisa, moça. Você parece acreditar nas promessas feitas. Aposto como espera que as pessoas sejam fieis à sua palavra? — Oh, sim. – ela disse, com fervor. — E assim fez meu filho prometer, não é mesmo? Ela olhou para baixo. — Sim, eu fiz. — E espera que ele cumpra a promessa, não é? Mairin se contorceu desconfortavelmente, mas acenou com a cabeça cheia de culpa. — Como vê, Crispen também me fez prometer algo. — O que? – ela perguntou. — Proteger você. — Oh... Ela não soube o que dizer. De alguma maneira acabou caindo em uma armadilha. Sabia disso. — Eu diria que é difícil proteger uma mulher se ela sair correndo por todas as Highlands, você não acha? Mairin fez uma careta, infeliz com o rumo que a conversa estava tomando. — Eu posso libertá-lo de sua promessa. – ela declarou. Ele balançou a cabeça, com um sorriso erguendo-se nos cantos de sua boca. Chocada, ela olhou paralisada como o gesto mudou suas feições. Ewan era muito bonito. Realmente belo. E parecia ser mais jovem, não tão endurecido. Por ter visto as cicatrizes, ela sabia que era tudo, menos suave. Não, ele era um guerreiro. Não havia como dizer quantos homens matou em batalha. Ora, ele provavelmente poderia tirar o pescoço de alguém com uma mão. Talvez o dela. — Só Crispen pode me libertar desta promessa, moça. Como tenho certeza de que ele lhe disse, um McCabe sempre mantém sua palavra. Melancolicamente, lembrou-se de Crispen dizendo exatamente isso. Também se lembrou da promessa que fez a ela, que seu pai iria protegê-la. — Você está dizendo que não posso partir? – ela sussurrou. Ewan pareceu considerar sua pergunta por um momento, sem nunca afastar o olhar dela. — Seu soubesse que tem um lugar seguro para ir, é claro que permitirei que parta. Para sua família, talvez?
Ela não ia mentir e dizer que não tinha família. Então permaneceu em silêncio. O laird suspirou. — Diga-me seu nome, moça. Diga-me por que Cameron quis tanto se casar com você. Prometi a Crispen protegê-la, e quero, mas não posso fazê-lo, a menos que tenha todos os fatos. Oh, Deus, ele ficaria furioso de novo quando ela se recusasse a obedecer a sua ordem. Esteve a ponto de estrangulá-la no dia anterior. A noite de sono não aplacou sua ira, não importando o quão paciente ele parecia estar naquele momento. Em vez de desafiá-lo como fez no dia anterior, ela permaneceu muda, apertando as mãos na sua frente. — Veja, logo eu descobrirei. Seria melhor se você simplesmente dissesse o que quero saber agora. Não gosto de ficar esperando. Não sou um homem paciente. Principalmente quando sou desafiado por aqueles que estão sob meu comando. —Não estou sob seu comando. – ela deixou escapar antes que pudesse pensar melhor. — Desde o momento em que entrou em minhas terras você está sob meu comando. E prometi ao meu filho colocá-la sob minha proteção. Você me obedecerá. Mairin ergueu o queixo, olhando direto para aqueles penetrantes olhos verdes. — Sobrevivi nas mãos de Duncan Cameron. Sobreviverei a você. Não pode me fazer dizer qualquer coisa. Bata em mim se quiser, mas eu não direi nada a você. A indignação faiscou nos olhos de Ewan e sua boca se abriu. — Acha que eu bateria em você? Acha que eu a trataria da mesma maneira que Cameron? A fúria em sua voz a fez dar um passo para trás. Mairin o ofendeu e a raiva tomava conta do laird. Ele quase rosnou sua resposta para ela. — Não tive a intenção de insultá-lo. Nem sei o tipo de homem você é. Mal o conheço e tem que admitir que nossos encontros não são nada amigáveis. O laird voltou-se, sua mão passando por seus cabelos. Mairin não saberia dizer se ele estava frustrado ou se segurando para não apertar os dedos no pescoço dela. Quando ele se virou, seus olhos brilhavam com um propósito. Ewan avançou, se aproximando dela. Mairin rapidamente deu um passo para trás, mas ele pairou sobre ela cheio de indignação. — Nunca, nunca tratei homem ou mulher da maneira como Cameron a tratou. Os cães são tratados com mais consideração. Nunca cometa o engano de comparar-me com ele. — S-sim, laird. Ele levantou a mão e tudo o que ela poderia fazer era não vacilar. Como estava impassível, não demonstrou medo de que ele batesse nela. Em vez disso, Ewan tocou um fio de seu cabelo que caia pelo rosto. — Ninguém vai machucá-la aqui. Confie em mim. — Não pode obrigar ninguém a confiar em você. — Sim, posso. E você terá até amanhã para decidir se confia suficientemente em mim para dizer o quero saber. Sou o laird e você me obedecerá como todos aqui me obedecem. Estamos entendidos?
— Isso... Isso é ridículo. – ela disse, esquecendo seu medo de irritá-lo ainda mais. – Essa é a coisa mais absurda que já ouvi. Mairin virou-lhe as costas, dizendo sem palavras o que achava de suas ordens. Quando ela se afastou,não pôde ver o sorriso divertido que se desenhou no rosto de Ewan.
Capítulo 6 Mairin passou a tarde estudando as defesas do castelo e procurando uma rota de fuga,já que o laird não lhe dera nenhuma escolha. Enquanto observava o que acontecia ao seu redor, considerou para onde ela viajaria. Duncan vasculharia as outras abadias. Então, era uma escolha óbvia. A família de sua mãe vivia nas ilhas ocidentais, mas ela abandonou seu clã quando se tornou amante do rei. E, sinceramente, Mairin não podia contar com eles ao saberem de Neamh Alainn. Ela se encontraria casada com o primeiro homem que descobrisse sua herança. Precisava de tempo. Tempo para considerar o melhor caminho. A madre Serenity estava estudando com Mairin uma lista de possíveis candidatos para casamento. Mairin não queria um guerreiro, mas reconheceu a necessidade de ter um como seu marido. A partir do momento em que reivindicasse seu legado, seu marido teria que passar o resto de sua vida defendendo-o de gananciosos homens sedentos de poder. Entretanto, não era assim que o mundo girava? Só os fortes sobreviviam. Os fracos pereciam. Ela franziu o cenho. Não, isso não era verdade. Deus protege os mais fracos. Talvez seja por isso que ele criou os guerreiros, para proteger as mulheres e as crianças. O que significava que Duncan Cameron só poderia ser o diabo. Com um suspiro, colocou as mãos no chão aquecido pelo sol, com a intenção de levantar-se e voltar para o quarto. Antes que pudesse fazê-lo, viu Crispen subindo a encosta, acenando para ela. Mairin sentou-se novamente no chão e esperou ele se aproximar. Um sorriso estampava-se no rosto do menino quando sentou-se ao seu lado. — Você está se sentindo bem hoje? – ele perguntou educadamente. — Estou melhor. Ele se aconchegou ao seu lado. — Fico feliz. Você falou com papai? Mairin suspirou. — Sim. Crispen sorriu para Mairin. — Eu disse que ele ia cuidar de tudo. — É verdade, você disso isso. – ela murmurou. — Então, você vai ficar? A expressão esperançosa no rosto dele fez o coração de Mairin derreter. Ela o envolveu em seus braços e o apertou. — Não posso ficar, Crispen. Você deve saber. Há outros homens além de Duncan Cameron que me raptariam, se souberem que eu sou. Crispen olhou para ela.
— Por quê? — É complicado. – ela murmurou. – Gostaria que fosse diferente, mas a madre Serenity sempre me disse que precisamos fazer o melhor com o que temos. — Quando você partirá e para onde irá? Eu a verei de novo? Mairin precisava ter cautela. Não poderia fazer Crispen correr até seu pai e dar a notícia de sua partida. — Eu não sei, ainda. Estou planejando. Ele virou o queixo para cima para olhar nos olhos dela. —Você vai me dizer antes de partir, para que eu possa dizer adeus? O coração de Mairin doía com a idéia de deixar o menino de quem aprendera a gostar nos últimos dias. Mas não iria mentir. — Não posso prometer, Crispen. Talvez devêssemos dizer o nosso adeus agora para termos certeza de dizermos tudo o que queremos dizer. Ele se levantou e arremessou os braços ao seu redor, quase a derrubando no chão. — Eu te amo. Não quero que você vá. Mairin o abraçou e pressionou um beijo em sua cabeça. — Eu também amo você, querido. Vou mantê-lo sempre perto de meu coração. — Promete? Ela sorriu. — Isso eu posso prometer. — Será que você pode se sentar ao meu lado no jantar desta noite? Como ela não planejava partir até que todos estivessem deitados, o pedido do menino lhe pareceu razoável. Ela assentiu com a cabeça e Crispen sorriu para ela. Mairin e Crispen ouviram um grito ecoando do pátio. Ela se virou na direção do barulho para ver uma procissão de soldados montados em cavalos e marchando sobre a ponte do castelo. Crispen soltou-se dela e correu vários metros antes de parar. —É tio Caelen! Ele está de volta! — Então é claro que você deve ir cumprimentá-lo. – Mairin disse com um sorriso. Ele correu de volta para ela e segurou-lhe uma das mãos, tentando puxá-la. — Você também vem! Mairin balançou a cabeça e puxou a mão. — Ficarei aqui. Vá em frente. Logo me juntarei a você. A última coisa que precisava era conhecer outro irmão McCabe. Ela estremeceu. Provavelmente era tão irritante quanto Ewan e Alaric. Ewan chegou para cumprimentar Caelen assim que este desceu do cavalo e caminhou em direção ao irmão mais velho.
— É verdade? Crispen voltou? – Caelen perguntava. — Sim, é verdade. Alaric o trouxe para casa ontem. — Bem, e onde está o pirralho? Ewan sorriu quando Crispen chegou ao pátio gritando “tio Caelen” a plenos pulmões. Caelen ficou branco e cambaleou para trás antes de segurar o menino que se atirou em seus braços. — Deus seja louvado. – Caelen ofegava. – Você está vivo. Crispen jogou os braços ao redor do pescoço do tio. — Sinto muito, tio Caelen. Não queria assustá-lo. Mas não se preocupe. Mairin cuidou muito bem de mim. Ewan ergueu as sobrancelhas. Ao lado dele, Alaric também notou o deslize de Crispen. Caelen fez uma careta e olhou para Ewan. — Quem diabos é Mairin? Crispen ficou rígido nos braços de Caelen. Lutou até que o tio o colocasse de volta no chão. Então, virou-se para Ewan, com tormento em seu olhar. — Oh, não, papai. Eu quebrei minha promessa. Quebrei! Ewan chegou perto de seu filho e o apertou seus ombros para confortá-lo. — Foi sem querer, meu filho. Se isso o fizer sentir-se melhor, peço para Alaric e Caelen esquecerem imediatamente. — E você, papai? – Crispen perguntou ansiosamente. — Também vai esquecer? Ewan abafou uma risada e depois olhou para seus irmãos. — Faremos um esforço para esquecermos. — Será que alguém pode me dizer o que está acontecendo? – Caelen perguntou. – É alguma coisa a ver com a mulher estranha que está sentada na colina? Ewan seguiu o olhar de Caelen e viu Mairin sentada na colida ao lado do castelo. Caelen notou imediatamente que havia uma estranha na fortaleza. Sempre foi extremamente cauteloso sobre quem tinha acesso às terras. Uma lição aprendida da maneira mais difícil. — Ela não vai ficar. – Crispen disse, infeliz. Ewan virou-se bruscamente na direção do filho. — Por que você diz isso? — Ela disse que não podia. — Ewan? Vou ter que lhe bater para conseguir essa informação? – Caelen perguntou. Ewan ergueu a mão para silenciar Caelen. — Ela disse qualquer outra coisa, Crispen? Crispen franziu a testa e abriu a boca, mas depois a fechou de novo. — Já quebrei minha promessa. – ele murmurou. – Não deveria dizer mais nada.
Ewan suspirou e balançou a cabeça. Toda essa confusão foi suficiente para dar-lhe uma enorme dor de cabeça. Deus o salvasse das mulheres teimosas e reticentes. Pior, ganhou o coração de seu filho , agora não poderia partir tão rápido. Ewan franziu o cenho. Não era que quisesse que ela ficasse. Não queria Crispen magoado. Mas também não queria uma mulher difícil ou os problemas que ela trouxe. — Por que você não vai na frente? Tenho algumas coisas que preciso discutir com Caelen e Alaric. Em vez de ficar ofendido, os olhos do menino brilharam. Ele correu direto para onde Mairin estava sentada. — Mairin? Quem diabos é Mairin e o que ela tem a ver com Crispen? Além disso, o que ela está fazendo aqui? Ewan apontou o dedo para Alaric. — Ele a trouxe. Como esperado, Alaric imediatamente negou sua participação na confusão toda. Caelen estava perto de perder a paciência, não que tivesse muita, por isso Ewan disse-lhe tudo o que sabia. Alaric preencheu com algumas informações e quando terminaram, Caelen olhou para Ewan com descrença. — Ela não lhe contou nada? E você permitiu? Ewan suspirou. — O que você quer que eu faça? Bater nela como Cameron fez? Dei-lhe até amanha para decidir se confia em mim. — E o que fará se ela se recusar? – Alaric sorriu. — Ela não irá recusar. — O importante é que temos Crispen de volta. – disse Caelen. – O que a mulher faz ou diz é irrelevante. Se Cameron procurar briga, ficarei muito feliz em dar-lhe uma e enviar a mulher de volta. — Vamos, está escurecendo e Gertie nos espera para o jantar. Ela não gosta de servir uma refeição fria, vocês sabem. – Ewan disse. – Deixem o assunto de Mairin comigo. Os dois não precisam se preocupar. — Como se quiséssemos. – Caelen murmurou.
Capítulo 7 Mairin puxou o xale para mais perto de seu corpo e andou por cima do muro em ruínas. Escolheu o caminho mais próximo do lago porque havia poucos guardas ali naquele lado. Afinal, um inimigo dificilmente atacaria vindo das águas. O ar da primavera estava frio e, de repente, a decisão de deixar o calor de seu pequeno quarto não pareceu tão maravilhosa. A refeição da noite foi um evento estressante. Deu uma olhada no irmão mais novo do laird e pensou melhor na sua promessa de se sentar ao lado de Crispen na mesa. Ele fez uma careta para ela. Já havia enfrentado as carrancas dos outros irmãos McCabe, mas havia uma escuridão em Caelen que a enervou. Ela deu uma desculpa sobre não se sentir bem e correu para seu quarto. Sem se intimidar com sua partida, Crispen trouxe um prato de alimentos até sua porta e os dois sentaram de pernas cruzadas em frente ao fogo para comer. Depois disso, Mairin alegou cansaço e pediu a Crispen que fosse para seu quarto. E esperou. Durante horas, ouviu os sons do castelo diminuirem. Quando teve certeza de que todos estavam deitados, sorrateiramente desceu as escadas e saiu pelo caminho que dava para o lago. Sua respiração ficou mais calma quando entrou no bosque de arvores que dividia parte do lago do castelo. Ali ela poderia se mover com certa obscuridade e seguir o lago até partir. Um forte barulho de água a surpreendeu e ela voltou-se. Prendeu a respiração enquanto olhava através das árvores as águas escuras. Havia apenas a fraca luz da lua sobre a superfície ondulante, mas foi o suficiente para ver três homens nadando. Também foi o suficiente para ver quem estava tomando banho. Ewan McCabe e seus irmãos estavam no lago, e, Deus tenha misericórdia dela, eles não tinha nenhuma roupa sobre o corpo. Ela imediatamente cobriu os olhos com ambas as mãos, mortificada ao ver os traseiros de três homens adultos. Eles eram loucos? A água do lago devia estar incrivelmente fria. Estremeceu com o mero pensamento do quanto estaria gelado para nadar. Durante alguns minutos ela se sentou, agachou-se atrás de uma árvore, as mãos cobrindo os olhos, até que finalmente os descobriu para ver Ewan McCabe sair da água. Seus olhos se arregalaram em choque e suas mãos pendiam, enquanto olhava fascinada a visão do homem totalmente nu. Ele se levantou, enxugou-se com a toalha e cada movimento só chamava mais a atenção para seu corpo musculoso. E ... e... ela não queria nem pensar sobre a área entre as pernas. Quando se deu conta que estava olhando muito descaradamente para sua... sua masculinidade... de novo colocou as duas mãos sobre os olhos e mordeu o lábio inferior para abafar um gemido Sua única esperança era que eles terminassem seu banho e voltassem para o castelo. Não correria o risco de mover-se entre as árvores, atraindo a atenção, mas também não podia ficar ali sentada, olhandoos sem pudor. O calor queimou suas bochechas e embora mantivesse os olhos firmemente cobertos, a imagem de Ewan McCabe sem roupa queimava através de sua mente com clareza espantosa. Não importava o que fizesse, não conseguia se livrar da imagem dele de pé, na água, completamente nu. Levaria pelo menos três confissões para expiar este pecado.
— Você pode olhar agora. Asseguro-lhe que estou completamente vestido. A voz seca do laird deslizou em seus ouvidos. A vergonha caiu sobre ela e seu rosto ficou corado com a humilhação. Talvez se ela desejasse com muita fé, o laird estaria muito, muito longe. — Não é provável. – veio a resposta divertida Ela deixou cair uma mão para a boca, onde deveria ficar o tempo todo para não dizer mais nada de estúpido, como o fato de querer o laird bem longe. Quando descobriu os olhos,deu uma olhada nele para ver se estava mesmo vestido. Ewan estava de pé, pernas afastadas, braços cruzados sobre o peito e, claro, uma carranca no rosto. — Quer me dizer o que fazia rondando no escuro? Seus ombros cederam. Aparentemente, Mairin nem conseguia realizar uma fuga direito. Como poderia saber que ele e seus irmãos gostavam de nadar tão tarde? — Tenho que responder? – ela murmurou. O laird suspirou. — Que parte você não entendeu sobre eu ter que protegê-la? Não vejo com bons olhos minha autoridade sendo descaradamente ignorada. Se fosse um de meus soldados, eu a mataria. Não soava como uma ameaça. Nem como se tivesse dito para impressioná-la. Deus, ele dizia a verdade e isso serviu para assustá-la ainda mais. Mas, mesmo assim, Mairin o enfrentou. — Não estou sob sua autoridade, laird. Não estou sob a autoridade de ninguém, exceto a minha e a de Deus. O laird sorriu para ela, seus dentes brilhando ao luar. — Para uma moça determinada a fazer seu próprio caminho, está indo mal. Agora, sugiro que volte para o castelo, de preferência direto para seu quarto antes que meu filho vá procurá-la. Ele parece ter certa afinidade para dormir com você. Não quero imaginar a reação dele quando encontrar sua cama vazia. Oh, isso era injusto e o laird sabia disso. Estava manipulando suas emoções e se esforçando para fazê-la se sentir culpada por deixar Crispen. Ela franziu o cenho fortemente para fazê-lo saber de seu desagrado, mas Ewan a ignorou e tomou-lhe o braço entre as mãos fortes. Mairin não tinha escolha a não ser permitir que ele a conduzisse de volta a torre. Caminhou com ela e entrou no pátio, onde fez uma pausa para emitir um forte comando a um dos guardas para não permitir que ela escapasse de novo. Em seguida, insistiu em acompanhá-la até o quarto. Abriu a porta e empurrou-a para dentro. Então, ficou parado na porta, olhando-a ferozmente. — Se você pretende me intimidar olhando-me assim, está destinado a fracassar. – ela disse, alegremente. Ewan olhou para cima por um momento e Mairin poderia jurar que ele estava contando em voz baixa. Levou um segundo, como se estivesse tentando buscar paciência, o que a divertiu, considerando que ele não parecia ter nenhuma. — Se precisar trancar a porta, eu o farei. Posso ser um homem afável, moça, mas você está provando minha boa vontade. Dei-lhe até amanhã para confiar em mim, depois disso, posso garantir que você não
gostará de minha hospitalidade por mais tempo. — Eu não gosto agora. – ela disse irritada.- Você pode sair, pois vou me deitar. Ele apertou a mandíbula e flexionou os dedos da mão. Mairin se perguntava se ele não estaria imaginando esses dedos em seu pescoço. Então, Ewan se aproximou, olhou nos olhos dela e tocou-a na ponta do nariz. — Você não faz as regras aqui, moça. Eu faço. Seria muito interessante você se lembrar disso. Ela engoliu em seco, sentindo-se de repente esmagada pelo tamanho dele. — Vou me esforçar para lembrar. O laird deu um aceno curto e então voltou-se e saiu do quarto, batendo a porta com um estrondo. Mairin se jogou sobre o colchão de palha e suspirou com desgosto. As coisas não saíram como planejadas. Naquele momento, deveria estar bem longe das terras McCabe ou, no mínimo, na fronteira. Seu plano era partir para o norte, porque não haveria nada para ela ao sul. Agora, estava presa no castelo com um laird prepotente que pensava que podia obrigá-la a confiar nele tão facilmente como se fosse um de seus soldados. Mairin mostraria a ele no dia seguinte que não era tão fácil assim.
Capítulo 8 — Laird! Laird! Ewan franziu o cenho e olhou por cima da mesa para ver Maddie McCabe correr pela sala, com o rosto corado de esforço. — O que é isso, Maddie? Estou em negociações aqui. Maddie ignorou a reprimenda e parou a poucos metros de distância. Estava tão agitada que retorcia as mãos. — Com sua permissão, laird. Há algo que eu devo dizer. – ela olhou sorrateiramente ao redor e então sussurrou. – Em privado, laird. É muito importante! A cabeça de Ewan começou a doer. Até aquele momento, a manha tinha sido dramática. Assim como na noite anterior, quando se lembrou de seu encontro com Mairin. A moça ainda não lhe dera uma resposta e ele tinha certeza de que estava sendo propositalmente difícil. Assim que terminasse com Alaric e Caelen, ele planejava confrontá-la e dizer que seu tempo acabou. Ewan ergueu a mão e fez um gesto para seus homens saírem. Olhou para Alaric e Caelen e acenou para que ficassem. Maddie nada tinha para dizer que não pudesse ser feito na frente de seus irmãos. Assim que os soldados saíram, Ewan voltou sua atenção para Maddie. — Agora, o que é tão importante para interromper uma reunião com meus homens? — É sobre a moça. – começou e Ewan gemeu. — E agora? Ela se recusou a comer? Ameaçou atirar-se pela janela? Ou talvez desapareceu? Maddie enviou-lhe um olhar intrigado. — Claro que não, laird. Ela está em seu quarto. Eu mesma levei seu café da manhã. — Então, o que acontece com ela? – Ewan rosnou. Maddie deixou escapar um suspiro como se tivesse percorrido o caminho inteiro. — Posso sentar-me, laird? A história não é curta. Caelen revirou os olhos, enquanto Alaric parecia entediado. Ewan apontou-lhe o lugar para sentar. Ela se sentou e apertou as mãos sobre a mesa à sua frente. — A moça é Mairin Stuart. Ela deixou cair o anúncio e esperou que Ewan reagisse de alguma forma. — Eu sei que o nome da moça é Mairin. Não sabia seu sobrenome, mas é um nome bastante comum nas Highlands. A questão é como você conseguiu esta informação? Ela se recusou a dizer quem é. Se Crispen não deixasse escapar, eu não saberia. — Não, ela não me disse. Eu sabia, você não entende? — Não,não entendo. Talvez seja melhor me dizer. – Ewan disse pacientemente. — Quando subi para levar a refeição, ela estava se vestindo. Foi tudo muito estranho e pedi desculpas, é claro, mas antes que se cobrisse, eu vi a marca.
A voz de Maddie se ergueu novamente, então sentou-se, com os olhos brilhando de emoção. Ewan olhou para ela com expectativa, esperando que continuasse. Senhor, a mulher amava uma boa história. Seus irmãos se recostaram, resignados a ouvir a animada narrativa. — A moça é Mairin Stuart. – disse novamente. – Ela tem a marca real de Alexander. Eu vi. Ela é a herdeira de Neamh Alainn. Ewan balançou a cabeça. — Isso é um monte de bobagens, Maddie. É apenas uma lenda que circulou na língua dos bardos. — Que lenda? – Alaric perguntou assim que se sentou. – Nunca ouvi falar de nenhuma lenda como essa. — É porque nunca ouve os bardos. – Caelen disse, secamente. – Está sempre ocupado levantando as saias de alguma meretriz. — E você ouve esses poetas e cantores? – Alaric zombou. Caelen encolheu os ombros. — É uma boa maneira de manter-se a par das fofocas. Os olhos de Maddie brilharam quando voltou sua atenção para Alaric. — A história diz que o rei Alexander teve um filho depois de seu casamento com Sybilla, uma menina. E que em seu nascimento, ele marcou a coxa da criança com o brasão real para que sua identidade não fosse questionada. Mas tarde, legou Neamh Alainn ao primogênito dela. – ela se inclinou e sussurrou – Dizem que fez isso para garantir a ela um bom casamento, considerando que era bastarda e sua mãe era sua amante apenas. Alaric bufou. — Todos sabem que Alexander nunca gerou uma filha. Ele não tinha filhos legítimos e apenas um bastardo, Malcolm. — Ah, ele teve sim uma filha. Mairin Stuart. E está logo acima dessas escadas, em seu quarto. – Maddie insistiu. – Estou dizendo. Vi a marca. Não estou errada. Ewan permaneceu em silêncio enquanto refletia sobre as observações de Maddie e de seus irmãos. Não estava totalmente certo se acreditava neste absurdo, mas certamente explicaria por que Duncan Cameron estava tão determinado a se casar com a moça. E também explicaria porque ela estava tão desesperada para escapar. — E por que não reconhecer a moça? – Alaric argumentou. – Um bastardo do rei não teria dificuldades em garantir um bom casamento. Haveria uma fila de homens para pedir favores à coroa. — Ele não queria que ninguém soubesse. – disse Maddie. – Lembro-me há alguns anos atrás de ter ouvido que Alexander esperou por cinco anos antes de fazer a doação à filha. Ele valorizava seu casamento com Sybilla e Malcolm nasceu antes. Não se sabe como ele explicou o legado, mas logo depois de sua morte começaram a correr por aí os boatos sobre a existência da moça. — Com Malcolm ainda preso, a existência de outro descendente de Alexander poderia dar suporte aos seguidores dele. – Ewan disse, pensativo. – Poderia ser, de fato, um grande motivo para a determinação de Cameron em desposá-la. Assumir sua herança lhe daria mais poder do que tem
atualmente. Muito mais poder. A Escócia estaria em guerra de novo e David teria de enfrentar uma nova ameaça. Se Alexander não deixou um, mas dois possíveis candidatos ao trono, a posição de David ficaria enfraquecida. Ele não pode permitir outra longa guerra que só iria dividir a Escócia, mais uma vez. — Mas um bastardo não pode herdar. – Caelen lembrou. – Isso nunca seria aceito. — Pense, Caelen. Se Duncan Cameron tivesse o controle de Neamh Alainn, ele seria invencível. Não importa as circunstâncias do nascimento dos filhos de Alexander. Com esse tipo de riqueza e poder, se Cameron optar em aliar-se a Malcolm, qualquer um poderia tomar o poder. — Você está dizendo que acredita nesse lixo? – Alaric perguntou com espanto. — Não estou dizendo nada. Ainda. – Ewan disse calmamente. — Você não vê, laird? – Maddie falou, com a empolgação borbulhando em sua voz. – Ela é a resposta às nossas orações. Se você se casar com ela, então seu herdeiro ficaria com Neamh Alainn. Dizem que traz um rico dote com seu casamento, além da doação das terras para seu primogênito. — Casar com ela? Os três irmãos gritaram a pergunta ao mesmo tempo. Ewan escancarou a boca e olhou para Maddie com espanto. Ela concordou enfaticamente. — Você tem que admitir, é um bom plano. Se casar com ela, Duncan Cameron a perderá. — Nisso você tem razão. – Caelen apontou. Alaric virou-se para Caelen, com uma expressão interrogativa. — Agora você irá se juntar a essa loucura? Ewan ergueu a mão para silenciá-los. Sua cabeça latejava. Olhou para Maddie, depois de ouvir tudo com atenção. — Pode ir agora, Maddie. Realmente espero que tudo o que foi dito aqui seja estritamente confidencial. Se a fofoca correr o castelo, saberei onde se originou. Maddie levantou-se e fez uma reverência. — Claro, laird. Ela saiu em seguida e Ewan voltou-se para seus irmãos. —Diga-me que você não esta considerando essa loucura? – Alaric perguntou antes que Ewan pudesse dizer alguma coisa. — Em que loucura você acha que estou pensando? – Ewan perguntou suavemente. — No casamento. Acreditando que essa moça é a filha bastarda de Alexander, o que a faz sobrinha de nosso atual rei. Para não mencionar meia-irmã do homem que passou dez anos tentando usurpar o trono de David. — Acredito que eu e essa moça teremos uma longa conversa. E pretendo ver essa marca. Dada a relação entre nosso pai e Alexander, vi seu selo real em mais de uma ocasião. Saberia dizer se a marca na perna é verdadeira. Caelen bufou.
— E você acha que ela levantará a saia para mostrar-lhe? É provável que ganhe uma joelhada nos testículos pela ofensa. — Posso ser persuasivo quando a situação exige. – Ewan disse com uma fala arrastada. — Isso eu adoraria ver. – Alaric disse. Ewan ergueu as sobrancelhas. — Você não verá nada do tipo. Se eu pegá-lo mesmo de vislumbre sob as saias de Mairin Stuart, irei pendurá-lo na parede com minha espada. Alaric levantou as mãos em defesa. — Esqueça o que eu disse. Está muito sensível por uma mulher que você afirma que o irrita sem parar. — Se a moça for quem Maddie afirma, pretendo casar com ela.- Ewan disse severamente. – Nosso clã precisa das moedas que este dote daria. Simultaneamente, os irmãos ficaram boquiabertos. Caelen amaldiçoou em voz alta e Alaric balançou a cabeça enquanto olhava para cima. — Pense no que está fazendo. – disse Caelen. — Acho que sou único que está pensando. – Ewan respondeu. – Se for verdade que o primogênito herda Neamh Alainn, pense no que isso significaria para o nosso clã. Poderíamos controlar as melhores terras de toda a Escócia. Não ficaríamos sonhando com o dia em que nos vingaremos de Duncan Cameron. Dizimaríamos ele e a seu nome. Seria apagado da história. Nosso nome seria vingado. O clã McCabe ficaria atrás apenas do rei. Ninguém, eu repito, ninguém jamais teria o poder de nos destruir como Duncan Cameron fez há quase oito anos. Seu punho bateu contra a mesa e todo o seu corpo tremia de raiva. — Fiz uma promessa no túmulo de nosso pai que não descansaria até ver restaurada a glória de nosso clã e faria Duncan Cameron pagar por seus crimes contra nós. O rosto de Caelen congelou e Ewan podia ver o reflexo da dor nos olhos de seu irmão. Mas ele balançou a cabeça, seus lábios se apertaram. — Nisto estamos de acordo. — Neamh Alainn encontra-se ao norte. Apenas as terras McDonalds estão entre nós. Ser formarmos uma aliança forte com eles, teríamos um vasto controle sobre a região. A excitação agitou as veias de Ewan enquanto seus planos dos últimos oito anos ganharam vida em sua mente. Finalmente, ele via uma maneira de cumprir a promessa feita ao pai. — A moça é corajosa e protege ferozmente Crispen. Será uma boa mãe para ele e para o resto dos filhos que ela puder ter. Em troca, terá a minha proteção e nunca mais precisará se preocupar com Duncan Cameron. — Não é a nós que você tem que convencer. – Alaric disse. – É a moça que precisa ser convencida. Caelen e eu estamos sempre do seu lado. Você também sabe disso. Minha lealdade é para você. Sempre. E também à mulher com quem se casar, não importa quem seja. Ela é uma mulher corajosa. Eu mesmo
vi isso. E se traz um dote como Neamh Alainn, então não vejo nenhuma desvantagem em se casar com ela. Caelen balançou a cabeça, mas não disse nada sobre Mairin. Ewan não esperava que ele dissesse. Seria uma surpresa sabendo que Caelen deixou de confiar nas mulheres. Se pensasse em ter filhos, Ewan teria pena da mulher com quem Caelen casaria. Certa vez, seu irmão entregou-se sem reservas. Uma loucura da juventude. E jurou nunca mais fazer isso. Ewan colocou as mãos na mesa e levantou-se. — Parece que tenho muito coisa para discutir com Mairin Stuart. Alaric, quero que você prepare uma escolta e busque o padre McErlroy. Ele está nas terras McDonalds para administrar os últimos sacramentos aos doentes. Precisarei dele aqui para realizar o casamento. Se a mulher for quem Maddie diz ser, não quero esperar. Vamos casar imediatamente.
Capítulo 9 Ewan parou na porta do quarto de Mairin e sorriu ao perceber que era bem perto de seus próprios aposentos. Ela provavelmente não ficaria satisfeita se soubesse como estava perto dele. Bateu educadamente na porta, mas não esperou pela resposta para abri-la e entrar. Mairin estava na janela quando se virou, seu cabelo ondulando sobre seus ombros. A cortina estava afastada permitindo que o sol brilhasse. Estava encantadora, com a luz refletindo o tom brilhante de seus olhos. Sim, de fato era uma mulher muito bonita e não seria difícil se casar com ela e engravidá-la. Na verdade, agora que estava decidido, não via à hora de ter Mairin em sua cama. Mairin olhou-o indignada com sua intrusão, mas antes que pudesse reclamar, ele ergueu a mão. A moça não aceitava sua autoridade sobre ela, mas isso mudaria rapidamente. Quando fosse sua esposa, teria prazer em aconselhá-la sobre seu dever para com ele e, o mais importante, sua obediência irrestrita. — Vai me dizer agora o que quero saber? – ele perguntou. Para ser justo, e Ewan era um homem justo, queria dar a ela a oportunidade de confiar-lhe sua identidade antes de contar que já a conhecia. Mairin levantou o queixo demonstrando desafio e balançou a cabeça. — Não. Eu não vou. Não pode me obrigar. Ewan sentiu que ela esta a ponto de proferir críticas acerbadas, então fez a única coisa que sabia para silenciá-la. Rapidamente aproximou-se dela, tomando-a em seus braços e puxou-a. Seus lábios encontraram os dela, enquanto ela, com um suspiro de indignação, aceitou-o. Mairin ficou rígida contra ele, empurrando-o, na tentativa de afastá-lo. Ewan roçou sua língua nos lábios dela, provando a doçura, exigente. A respiração de Mairin saiu como um suspiro. Entreabriu os lábios e se derreteu contra o peito dele como mel quente. Ela era suave, encaixava-se nele perfeitamente. Deslizou sua língua sobre a dela. Mairin ficou rígida novamente e seus dedos se enroscaram em seu peito como punhais minúsculos. Ele fechou os olhos e imaginou aqueles dedos em suas costas enquanto empurrava entre as coxas dela. Senhor, ela era doce. Sim, seria muito boa na cama. A imagem dela inchada com seu filho surgiu em sua mente. Ficou satisfeito com a ideia. Muito feliz, de fato. Quando finalmente se afastou, ela tinha os olhos vidrados, os lábios deliciosamente inchados. Ela piscou várias vezes e depois franziu a testa fortemente. — Por que fez isso? — Foi a única maneira de silenciá-la. — Silenciar-me? Você tomou liberdades com minha... meus... meus lábios para me fazer calar? Isso foi muito impertinente de sua parte, laird. Eu não permitirei que faça isso de novo. Ele sorriu e cruzou os braços sobre o peito. — Ah, sim. Você vai. Mairin escancarou a boca, espantada, e olhou-o de cima abaixo.
— Asseguro-lhe que não vou. — Garanto que sim. Ela bateu o pé e Ewan abafou o riso olhando a fúria nos olhos dela. — Você é um idiota! Isso é algum truque? Uma tentativa de seduzir-me para dizer quem eu sou de verdade? — De jeito nenhum, Mairin Stuart. Ela recuou em estado de choque. Se ele tinha dúvidas sobre as afirmações de Maddie, agora já não as tinha mais. A reação de Mairin era genuína. Ela estava totalmente horrorizada por ele saber a verdade. Mairin também percebeu que sua expressão a entregou, porque não tentou negar. Lágrimas brotaram em seus olhos e ela voltou-se, levando a mão à boca. Uma sensação desconfortável surgiu no peito dele. Vê-la aflita o perturbou. A moça já tinha sofrido bastante e agora parecia totalmente derrotada. A luz desapareceu de seus olhos no momento em que ele pronunciou seu nome. — Mairin, - ele disse e a tocou gentilmente nos ombros. Ela tremeu debaixo de seu toque e percebeu que seu corpo sacudia-se com soluços. – Moça, não chore. Isso não é tão mal. — Não? – ela sussurrou e afastou-se das mãos dele, aproximando-se da janela outra vez. Baixou a cabeça e seus cabelos caíram sobre o rosto, obscurecendo sua visão. Ewan não era muito bom com lágrimas. Elas o desconcertavam. Sentia-se mais confortável quando Mairin estava brigando. Então fez a única coisa que sabia que iria enfurecê-la. Ordenou que parasse de chorar. Como previsto, ela se voltou e gritou. — Eu vou chorar se quiser. Você não manda em mim! Ewan arqueou as sobrancelhas. — Como se atreve a falar assim comigo? Mairin corou, mas pelo menos não estava mais chorando. — Agora, diga-me sobre esta marca em sua coxa. O selo de seu pai. Eu gostaria de vê-la. Ela ficou vermelha e recuou um passo até ficar na beira da janela. — Não vou fazer algo tão indecente como mostrar-lhe minha perna! — Quando estivermos casados, verei mais do que isso. – ele disse suavemente. — Casar? Eu não vou me casar com você, laird. Não me casarei com ninguém. Pelo menos, ainda não. Claramente a mulher não desconsiderava a ideia de se casar. Era sensata o suficiente para perceber a importância disso. Ela nunca daria um herdeiro a Neamh Alainn se não se casasse. Mairin se sentou na cama e esticou as pernas. — Diga-me, por que não? Claro que você já pensou em casamento. — Sim , várias vezes. Ao longo de todos esses anos. – ela deixou escapar. – Tem ideia de como foram os últimos dez anos para mim? Vivendo com medo, tendo que me esconder de homens que queriam me forçar à sua vontade, para conseguir vantagens casando-se comigo? Homens que querem apenas plantar
sua semente em minha barriga e me descartar quando eu der a luz? Eu era apenas uma criança quando fui forçada a me esconder. Uma criança. Precisava de tempo para formular um plano. A madre Serenity me sugeriu encontrar um homem, um guerreiro, com força para proteger minha herança, mas também um homem com honra. Alguém que me tratasse bem. – ela sussurrou. – Um homem que valorizaria o presente que teria com meu casamento. E que me valorizaria. Ewan ficou impressionado com a vulnerabilidade em sua voz. Os sonhos da jovem mulher soavam como um conto. Olhou para ela e viu o medo que sentia de encontrar um homem que se casasse com ela, deixasse-a grávida e a dispensasse quando não servisse mais a seus propósitos. Ele suspirou. Mairin queria ser amada e desejada. Ewan não poderia oferecer tais coisas, mas poderia dar-lhe sua proteção e respeito. Era muito mais do que Duncan Cameron daria. — Eu nunca vou machucá-la, moça. Será respeitada como esposa do laird do clã McCabe. Eu a protegerei e a qualquer filho meu que você carregar. Você queria um homem com força para protegê-la e defender seu legado. Eu sou esse homem. Mairin o observou, o ceticismo brilhando em seus olhos. — Não quero insultá-lo, laird, mas sua casa está desmoronando ao seu redor. Se não pode defender seu próprio castelo, como posso esperar que defenda Neamh Alainn? Ele enrijeceu-se com o insulto, intencional ou não. — Você não precisa se irritar com tal observação. – ela continuou. – É meu direito questionar as qualificações do homem com quem irei me casar e em cujas mãos colocarei minha vida. — Passei os últimos oito anos fortalecendo minhas tropas. Não há em toda a Escócia força mais bem treinada. — Se isso é verdade, por que o castelo parece ter desabado em uma batalha? — E desabou. – disse sem rodeios. – Oito anos atrás. Desde então meu foco tem sido manter o meu clã alimentado e meus homens bem treinados. Reparar o castelo foi a prioridade menor. — Não quero me casar com ninguém, ainda. – disse com voz triste. — Sim, posso entender isso. Mas parece que você não tem escolha. Foi descoberta, moça. Se acha que Duncan Cameron vai desistir de tudo, quando Neamh Alainn está em jogo, está maluca. — Não precisa me insultar. – ela retrucou. – Não sou idiota. Ewan encolheu os ombros, impaciente com o rumo da conversa. — Do jeito que vejo as coisas, você tem apenas duas escolhas. Duncan Cameron. Ou eu. Mairin empalideceu e torceu as mãos. — Talvez você devesse pensar logo. O sacerdote estará chegando dentro de dois dias. Vou esperar por uma resposta até lá. Ignorando o olhar confuso dela, Ewan se virou para sair do quarto. Parou na porta e voltou-se para encará-la. — Não tente escapar de novo. Vai descobrir que não tenho paciência para perseguir mulheres desobedientes por toda a minha terra.
Capítulo 10 Casar com o laird. Mairin estava tão agitada em seu quarto que pensou que enlouqueceria. Parou na janela e olhou para fora, inalando um pouco de ar. A tarde estava quente. Tomando uma decisão, pegou o xale e saiu do quarto. Mal saiu do castelo e um dos guerreiros McCabe estava caminhando ao lado dela. Observou-o cautelosamente e lembrou-se que era um dos homens que estava com Alaric no dia em que a encontraram com Crispen. Tentou lembrar seu nome, mas tudo o que havia acontecido era apenas um grande borrão em sua mente. Mairin sorriu, achando que ele queria apenas cumprimentá-la, mas continuou ao seu lado enquanto se dirigia até a muralha. Antes que pudesse levantar a bainha do vestido para subir nas rochas, o soldado educadamente pegou sua mão e a ajudou. Mairin parou e ele quase colidiu com ela, de tão perto que a estava seguindo. Voltou-se e olhou para ele. — Por que está me seguindo? — Ordens do laird, minha senhora. Não é para você andar pelo castelo sem uma escolta. Estou encarregado de sua proteção quando o próprio laird não estiver com você. Mairin bufou e pôs as mãos nos quadris. — Ewan está com medo de que eu tente escapar novamente e encarregou você de garantir que isso não aconteça. O soldado não piscou. — Eu não tenho a intenção de deixar a fortaleza. O laird já me disse as consequências de tal ação. Simplesmente preciso caminhar um pouco e respirar ar fresco, portanto, não há razão para você deixar suas tarefas e me escoltar. — Meu único dever é com sua segurança. – ele disse solenemente. Mairin deu um suspiro descontente. Tinha certeza de que os homens do laird eram tão estúpidos e teimosos quanto ele. — Muito bem. Por qual nome devo chamá-lo? — Gannon, minha senhora. — Diga-me, Gannon, você é meu guarda permanente? — Eu compartilho meu dever com Cormac e Diormid. Somos homens de confiança do laird, ao lado de seus irmãos. Ela seguiu o caminho entre as pedras em direção ao pastoreio. — Imagino que esse dever não foi muito bem vindo. – ela disse ironicamente. — É uma honra. – disse Gannon gravemente. – O laird confia muito em nós. Não confiaria a segurança da senhora do castelo a nenhum outro soldado. Mairin parou e voltou-se, apertando os lábios para evitar que um grito escapasse. — Não sou a senhora do castelo!
— Mas será, em dois dias, logo que o sacerdote chegar. Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. Nunca antes tinha bebido, mas agora uma banheira inteira de cerveja seria bem-vinda. — O laird lhe deu uma grande honra. – disse Gannon, como se sentisse a inquietação dela. — Pois eu penso o contrário. – Mairin murmurou. — Mairin! Mairin! Ela voltou-se para ver Crispen subir a colina tão rápido quanto suas pernas permitiam. Gritava seu nome por todo o caminho e quase caiu quando colidiu com ela. Só a mão firme de Gannon impediu sua queda. — Rapaz, tenha cuidado. – disse Gannon com um sorriso. – Você machucará a moça. — Mairin, é verdade? É verdade? Crispen estava muito excitado. Seus olhos brilhavam como estrelas. — O que é verdade, Crispen? – ela perguntou, segurando-o cuidadosamente pelos ombros. — Você vai se casar com papai? Você será minha mãe? A raiva cresceu rapidamente dentro dela. Como ele pôde? Como pôde fazer aquilo com Crispen? Mairin iria partir seu coração se negasse. A manipulação a chocou. Achava que ele era mais honrado que isso. Era um arrogante, isso sim! Mas nunca imaginou que brincasse com a emoção de uma criança. Furiosa, olhou para Gannon. — Minha senhora, o laird está com os homens, treinando. Ele nunca é perturbado durante o treinamento, a menos que seja uma questão de urgência. Mairin avançou sobre ele, empurrando um dedo contra seu peito. Forçou-o a dar um passou para trás. — Você vai me levar a ele de uma vez ou vou colocar este castelo de cabeça para baixo até encontrálo. Acredite em mim, pois é uma questão de vida ou morte. Sua vida ou sua morte! Quando viu a negação nos olhos de Gannon, Mairin jogou as mãos para cima e soltou um grande suspiro de exasperação. Virou-se e começou a descer a colina. Ela mesma encontraria o laird. Se estivesse treinando com seus homens, isso significava que estava no pátio. Então se lembrou de Crispen. Não queria que o menino escutasse o que tinha para dizer ao laird. Virou-se para Gannon e apontou um dedo. — Você fica aqui, com Crispen. Entendeu? Com a boca aberta ao ouvir a ordem, ele olhou alternadamente para ela e para Crispen como se não soubesse o que fazer. Finalmente se curvou, disse alguma coisa para o menino e, em seguida, empurrouo na direção do pastor de ovelhas. Mairin desceu a colina, mais irritada a cada passo. Quase tropeçou em uma pedra e caiu de cara no chão, se Gannon não a segurasse pelo cotovelo. — Devagar, minha senhora. Irá se machucar! — Eu não. – ela murmurou. – O seu laird, provavelmente.
— Como? Sinto muito, eu não a escutei. Mairin mostrou os dentes e deu de ombros. Ao chegar ao pátio do castelo, ouviu o barulho das espadas pesadas, misturadas com palavrões. O cheiro de suor e sangue subiu por suas narinas. Procurou entre a massa de homens até que finalmente encontrou sua fonte de fúria. Antes que Gannon pudesse impedi-la, entrou na briga, com o olhar focado exclusivamente no laird. Ao seu redor, gritos ecoaram. No meio do pátio, o laird parou suas atividades e voltou-se para ela. Quando a viu, seu rosto ficou tenso e fez uma careta. Não apenas para demonstrar seu usual desprazer. Ewan estava furioso. Bem, isso era bom, porque ela também estava. Somente quando parou em frente ao laird, Gannon a alcançou. Ele estava sem fôlego e o olhava para o laird como se temesse a morte. — Perdão, laird. Não consegui pará-la. Estava determinada. O olhar irritado do laird encontrou Gannon e arqueou uma sobrancelha em clara descrença. — Como não pôde parar uma mulher de marchar através de um pátio onde qualquer um dos meus homens poderia tê-la matado? Mairin bufou, incrédula, mas quando se virou para ver a quantidade de homens que agora estavam de pé, em silêncio, engoliu em seco. Cada um deles levava uma arma. Se tivesse pensado nisso antes, perceberia que ir pelo canto teria sido mais seguro. Estavam todos olhando com raiva para ela, provando sua teoria de que eram todos estúpidos e teimosos como o laird. Determinada a não demonstrar remorso pelo seu erro, voltou-se para o laird e olhou-o com toda a raiva. Ewan poderia estar furioso, mas ela estava muito mais. — Ainda não lhe dei uma resposta, laird. – quase gritou. — Como você pôde? Como pôde fazer algo tão... tão... traiçoeiro e desonroso? A carranca em seu rosto se transformou em uma expressão de espanto total. Ele a olhou com tanta incredulidade que Mairin se perguntou se havia entendido o que disse. Então,apressou-se a informá-lo precisamente o que a deixou tão furiosa. — Disse a seu filho que eu ia ser sua mãe. — Mairin andou até ele , cravando um dedo em seu peito. – Você me deu dois dias. Até o padre chegar. Dois dias para tomar minha decisão. Mas mesmo assim contou a todos no castelo que serei sua nova mulher. Ela continuava e cutucá-lo no peito. O laird olhou para seus dedos como se estivesse prestes a espantar um inseto inconveniente. Então, olhou para ela, um olhar tão gelado que Mairin estremeceu. — Já terminou? – perguntou. Mairin deu um passo para trás, acalmando seu ímpeto de fúria. Agora que desabafou sua raiva, a realidade assomou. Ewan avançou, não dando a ela oportunidade de colocar qualquer distância entre eles. — Nunca, nunca questione minha honra. Se você fosse um homem, estaria morta. Se voltar a falar comigo como fez agora, garanto que não gostará das consequências. Você está em minhas terras, e minha palavra é lei. Você está sob minha proteção. Irá me obedecer, sem sombra de dúvidas. — De jeito nenhum. – ela murmurou.
— O quê? O que você disse? – gritou para ela. Mairin olhou para ele serenamente, com um sorriso sem graça no rosto. — Nada, laird. Absolutamente nada. Ewan estreitou os olhos e ela pode ver suas mãos se contorcendo de novo, como se estivesse se segurando para não estrangulá-la. Será que Ewan saía por aí querendo sufocar todos ou apenas ela,em especial? — Receio que você seja especial. – o laird disse. Ela apertou a boca e fechou os olhos. A madre Serenity lhe avisou que um dia sua propensão em deixar escapar seus pensamentos em voz alta ainda a colocaria em apuros. Hoje só podia ser um desses dias. As carrancas dos homens ao seu redor foram substituídas por olhares de diversão. Mairin não gostou de ser a fonte da piada e olhou-os de cara feia. Mas isso só serviu para fazê-los rir mais ainda. — Vou explicar mais uma vez. – o laird disse com uma voz ameaçadora. – Não contei de nosso casamento para ninguém, a não ser para os homens que foram buscar o padre McElroy. Graças a você, no entanto, a notícia de nossas núpcias foi espalhada para meu clã inteiro. Mairin olhou em torno, inquieta ao ver que uma multidão se reunia. Eles olhavam para o laird e para Mairin com interesse indisfarçável. Apertou os lábios e olhou para ele, cheia de indignação. — Então, como seu filho sabe? E por que tenho uma escolta que me diz que é seu dever cuidar da senhora do castelo? — Está me chamando de mentiroso? A voz dele estava mortalmente baixa, tão baixa que ninguém, a não ser ela, podia ouvir. Mas o tom enviou-lhe uma onda de medo. — Não. – ela disse apressadamente. – Apenas gostaria de saber como tantas pessoas sabem de um casamento que pode ou não acontecer, sem que ninguém dissesse. Ewan estreitou os olhos. — Primeiro, o casamento vai acontecer. Assim que você recuperar o juízo e perceber que esta é a única opção sensata. Quando ela abriu a boca para contestar, Ewan a chocou colocando a mão sobre sua boca. — Fique em silêncio e permita-me terminar. Duvido que você um dia conseguiu ficar em silêncio. – ele resmungou. Mairin bufou, ainda com a mão dele sobre sua boca. — Só posso supor que meu filho me ouviu falando com meus homens sobre nosso casamento. Se quando ele fez a pergunta você tivesse advertido-o a ficar quieto, tudo ficaria bem. Mas agora, você anunciou nosso casamento para todo o clã. Alguns podem até considerá-lo uma proposta. E neste caso, eu aceito. Ewan terminou de falar com um sorriso e então libertou sua boca. — Por que... você... – ela gaguejou. Tentou dizer algo, mas nada saía.
A multidão ao redor se alegrava. — Um casamento! Muitos gritaram parabéns. Espadas foram erguidas. Os homens batiam nas costas de seus escudos com o punho das espadas. Mairin estremeceu ao ouvir o ruído e olhou impotente para o laird. Ewan olhou para trás, cruzou os braços sobre o peito com um sorriso satisfeito no rosto demasiadamente bonito. — Eu não pedi para você se casar comigo! Ele não se intimidou por sua veemência. — É costume selar o noivado com um beijo. Antes que pudesse lhe dizer que achava a ideia idiota, ele a puxou. — Abra a boca. – exigiu com voz rouca. Seus lábios entreabriram-se e Ewan deslizou a língua sensualmente sobre a dela. Seus sentidos a abandonaram. Por um momento, esqueceu-se de tudo, a não ser do fato de estar sendo beijada e de que tinha a língua de Ewan dentro de sua boca. Novamente. E ele acabava de anunciar ao seu clã que estavam se casando. Ou, talvez, ela tenha anunciado. Percebeu que quanto mais a beijava na frente de Deus e de todos, mais difícil ficava negar o seu pedido. Mairin lhe deu um forte empurrão. Para sua vergonha, Gannon a segurou e a ergueu enquanto ela limpava a boca com as costas de seu braço. Oh, mas o laird tinha um olhar presunçoso, agora. Seu sorriso era satisfeito enquanto a observava. — Beijo? Eu não irei beijar você. Quero bater em você! Ela se virou e fugiu. O riso do laird a seguiu pelo caminho. — Tarde demais, moça. Já a beijei. De volta ao quarto, de onde nunca deveria ter saído, Mairin ficou andando de um lado para o outro em frente à janela. O homem era impossível. Ele a fizera de estúpida. Arrogante. Bonito. E beijava como um sonho. Gemeu e bateu com a mão na testa. Ele não beijava como um sonho. Ewan fez tudo errado. Ela tinha certeza que a madre Serenity nunca falou sobre línguas quando se está beijando. A madre explicou isso muito bem em suas conversas com Mairin. Ela não queria que a jovem fosse ignorante para o seu leito conjugal. Afinal, Mairin, um dia, iria se casar. Mas línguas? Não, madre Serenity não falou nada sobre o assunto das línguas. Mairin teria se lembrado de tal coisa. Ela achou que a primeira vez que o laird a beijou foi uma aberração. Um erro. Sua boca estava aberta. As línguas se encontram por acaso. Mairin franziu a testa com o pensamento. A madre poderia ter se enganado? Com certeza, não. Ela era muito bem informada sobre todas as coisas. Mairin confiava nela. Mas, na segunda vez? Não foi coincidência, porque desta vez ele mandou que ela abrisse a boca e, idiota como era, abriu e deixou-o deslizar dentro dela. Apenas a lembrança a fez estremecer. Foi... Foi indigno. Isso é o que era. E ela diria isso se ele tentasse outra vez.
Sentindo-se um pouco melhor agora que tinha resolvido este assunto, ela levou seus pensamentos para a questão do casamento. Seu casamento. O laird apontou argumentos fortes que ela e a madre já haviam pensado. Era verdade que tinha um grande exército. Bastava olhar para os homens no pátio durante o treinamento. O casamento talvez fosse mais benéfico para ele. Sim, contaria com a proteção dele e Ewan tinha o poder de defender Neamh Alainn. Mas ele ganharia riquezas e terras que só rivalizavam com as do rei. Será que podia confiar a ele tal poder? Mairin não teve a intenção de duvidar de sua honra. Estava com raiva, mas não acreditava que ele fosse um homem desonesto. Se pensasse assim, estaria tentando fugir dali. Não, estava considerando seriamente a proposta. Não temia Ewan McCabe. Oh, ela temia sim, mas não os maus tratos. Ele teve oportunidade de estrangulá-la e ainda assim controlou seu temperamento. Mesmo quando ainda não estava convencido de qual era o papel dela no rapto do filho, Ewan não fez nada para prejudicá-la. Mairin acabou concluindo que ele não era tão feroz assim. Era tudo fanfarronice. O pensamento a fez sorrir. Os homens McCabe eram mal humorados. Alaric, que ficou com ela mais tempo, vivia resmungando blasfêmias contra ela e todas as mulheres. Caelen... bem, até agora eles tinham um acordo mútuo para evitar um ao outro. Ele a assustava. Caelen não gostava muito dela e não se importava se percebesse isso ou não. Estava louca para considerar o casamento com o laird? Estava perto da janela e viu quando as sombras escuras das colinas rodeavam o castelo. Ao longe, cães latiam enquanto traziam as ovelhas. A cor avermelhada do crepúsculo caia sob a terra. Sob o chão, o nevoeiro subia, cobrindo os morros como uma mãe que aconchega o filho na noite. Esta seria sua vida. Seu marido. Seu sustento. Seu clã. Já não teria medo de ser raptada e forçada a se casar com um bruto que não se importava com nada, a não ser com as riquezas que traria quando nascesse o herdeiro. Ela teria uma família, uma vida que nunca sonhou em ter. Crispen. O laird. Seus irmãos. Seu clã. Oh, o anseio era grande dentro dela. Olhou para o céu e murmurou uma prece fervorosa. Por favor, Deus. Que seja a decisão certa.
Capítulo 11 A moça estava submersa em uma banheira cheia de água, com a cabeça jogada para trás, os olhos fechados e uma expressão de pura felicidade em seu rosto. Ewan a observava da porta, em silêncio para não perturbá-la. Devia fazê-la perceber sua presença. Mas não o fez. Apreciava a vista. Os cabelos dela estavam presos em cima de sua cabeça, mas fios caíam soltos pelo pescoço, grudando na sua pele. Ele estava particularmente fascinado pelas curvas de seus seios. Seios bonitos. Bonitos como o resto dela. Suas curvas eram suaves e agradáveis de se olhar. Mairin se mexeu e por um segundo pensou que tinha sido descoberto. Mas ela não abriu os olhos. Arqueou-se o suficiente para que as pontas rosadas de seus mamilos se erguessem através da água. Sua boca ficou seca. Seu pênis se enrijeceu e apertou-se contra suas calças. Ewan mexeu os dedos, inquieto com a reação feroz que ela provocou dentro dele. Estava duro e dolorido. Um sentimento selvagem dentro de si. Não havia ninguém para impedi-lo de correr para o outro lado da sala, arrancá-la de dentro da banheira e jogá-la na cama. Era sua para tomar. A partir do momento em que pisou em suas terras, ela era sua. Independente se casasse com Mairin ou não. Ainda assim, a parte perversa da sua natureza queria que fosse até ele. Queria que aceitasse seu destino e viesse por vontade própria. Sim, era muito mais gratificante quando a moça estava disposta. Um suspiro assustado ecoou pela sala. Ele franziu a testa enquanto olhava para os olhos abertos. Não queria que a moça tivesse medo dele. Mas Mairin não ficou com medo. Faíscas de indignação surgiram em seu rosto. — Como se atreve! Ela se levantou, tremendo na água, sem uma peça de roupa para obstruir uma visão completa de seu corpo. Ah, ela era uma visão deliciosa, cuspindo fúria,com o peito estufado. Cachos escuros situados no ápice de suas pernas guardavam o doce mistério. De repente, percebendo que dera à ele mais coisas para olhar, afundou-se de volta na banheira. Cobriu os seios com os braços e se curvou para frente, tentando esconder o máximo possível. — Saia! – ela gritou. Ewan piscou, surpreso, e depois abriu um sorriso. Ela era uma pestinha, enganosamente inofensiva, mas tinha uma força que não podia ser ignorada. Bastava perguntar a seus homens, já que todos estavam compreensivelmente cautelosos. Ela mandava em Gannon, Diormid e Cormac o tempo todo. E no final do dia, Ewan escutava uma lista de queixas sobre seus deveres. Cormac sugeriu que ela devesse assumir o treinamento de suas tropas. Ela mandava neles o tempo todo. E se questionada, simplesmente dava um sorriso doce e inocente e dizia que logo seria a senhora do castelo. Então, era dever deles obedecê-la. Logo o padre McElroy chegaria e então Mairin daria sua resposta e faria seus homens pararem de se lamentar como mulheres. Era vergonhoso ver guerreiros reclamando assim.
— Eu já vi tudo o que há para ver. – Ewan zombou. Um rubor surgiu em seu rosto e Mairin olhou para ele com desaprovação. — Não devia entrar sem bater. Isso é inadequado. Ewan arqueou uma sobrancelha e continuou a olhar para ela. — Você estava dormindo na banheira, moça. Não ouviria nem um exército passar. Ela bufou e balançou a cabeça em negação. — Nunca dormiria na banheira. Ora, eu poderia me afogar. Isso seria estúpido, e eu não sou estúpida, laird. Ewan sorriu novamente, mas não discutiu o fato de que ela estava dormindo profundamente quando entrou no quarto. Limpou a garganta e foi direto ao assunto. — Precisamos conversar, moça. Já é tempo de me dar uma resposta. O padre deverá chegar a qualquer momento. — Não falarei com você até que esteja fora da banheira e vestida. — Poderia ajudá-la neste assunto. – ele disse, sem sequer pestanejar. — É muito atencioso... – de repente percebeu o que ele havia proposto. Seus olhos se estreitaram e ela abraçou as pernas. – Não cederei até que saia deste quarto. Ewan suspirou mais para sufocar o riso do que mostrar exasperação. — Você tem dois minutos. Sugiro que se apresse. Ewan poderia jurar que Mairin rosnou quando ele se virou para sair pela porta. Sorriu novamente. Ela estava provando ser digna de uma noiva e esposa de um McCabe. Dependendo das circunstâncias, poderia se comportar como um rato assustado, mas era tão feroz quanto um de seus guerreiros. Senhor, mas ela era bonita. E, caramba, estava ansioso para levá-la a frente do padre. Mairin saiu da banheira e se enrolou firmemente em uma toalha. Lançando olhares furtivos por cima do ombro, ficou na frente do fogo para se secar e colocar o vestido. Seus cabelos ainda estavam bastante molhados, então vestiu sua roupa e sentou-se na frente do fogo para secá-los e penteá-los. Estremeceu quando um ar frio vindo das janelas soprou sobre os cabelos úmidos. Quando a batida na porta soou, Mairin pulou e se virou para vê-lo entrar. Os olhos dele pousaram sobre ela como brasas. De repente, já não sentia o frio. Na verdade, Ewan decididamente deixava seu quarto muito mais quente. Ela o olhou em silêncio, com a boca seca e, pela primeira vez, sem palavras. Havia algo diferente nele e não tinha certeza do que. Ele a estudava. Não. Ewan não a estudava. Devorava-a com os olhos. Como um lobo faminto se aproximando de sua presa. Mairin engoliu em seco e cobriu o pescoço com as mãos como se quisesse proteger-se de seus dentes. Ewan percebeu o gesto e a diversão brilhou intensamente em seus olhos. — Por que você tem medo de mim agora, moça? Não demonstrou nenhum medo quando chegou. Não consigo imaginar o que fiz para mudar isso. — Acabou. – ela disse calmamente.
Ewan inclinou a cabeça para o lado e, em seguida, aproximou-se dela. — O que acabou, moça? — O tempo. – ela murmurou. – Fiquei sem tempo. Era tola por querer me preparar melhor. Na verdade, esperei por muito tempo. Já deveria ter escolhido um marido, mas fiquei quieta, na abadia. Estava atraída por uma falsa sensação de segurança. A madre Serenity sempre falava do futuro, mas a cada dia que passava, o futuro ficava mais perto. Ewan balançou a cabeça e olhou para ela, intrigado. — Você apenas fez a coisa certa, Mairin. Esperou. Confusa, ela franziu o nariz e perguntou. — O que esperei, laird? Ewan sorriu e Mairin viu a arrogância gravada em cada parte de seu rosto. — Você esperou por mim. Oh, mas o homem sabia como arruinar seu humor. Na verdade, ela achava que fazia isso de propósito. Suspirou. Sabia que se casaria com ele. Não havia outra escolha. Mas Ewan queria ouvir as palavras. — Eu me casarei com você. Os olhos dele brilhavam em triunfo. Mairin pensou que ele iria provocá-la um pouco mais. Mas não fez nada. Simplesmente a beijou. Num minuto, ele estava a uma distância respeitável. Em outro, estava tão perto que ela podia sentirse envolvida pelo seu cheiro. Ewan segurou seu queixo e inclinou-o para que pudesse colocar a boca sobre a sua. Morno... não... quente, cada vez mais quente, seus lábios moviam-se como veludo. Era impressionante como ele a deixava quando a beijava. Para um homem que estava sempre lembrando que ela deveria ter juízo, Ewan parecia ter prazer em fazê-la perdê-lo. Sua língua roçou os lábios, mas como ela os mantinha bem fechados, ele insistiu. Provocou a linha da boca, lambendo, mordiscando. Desta vez não mandou que ela abrisse a boca e, apesar a determinação de não fazê-lo, Mairin acabou cedendo. Assim, com os lábios entreabertos, a língua dele deslizou para dentro, investigando e acariciando com delicada precisão. Cada carícia incitava uma resposta profunda que ela não conseguia explicar. Como podia um simples beijo fazer seus seios doerem e seu corpo formigar e inchar até quase sentir dor? Ewan provocou-lhe uma inquietação que a fez querer sumir. E quando ele ergueu as mãos para deslizá-las sobre seus braços, Mairin tremia, tremia por todo o corpo, até os dedos dos pés. Quando ele se afastou, ela estava atordoada e o olhou com absoluta confusão. — Ah, moça, o que você faz comigo. – sussurrou. Mairin piscou rapidamente quando tentou ficar de pé. Aquele beijo a transformou em uma idiota. — Você não beija da maneira correta. – deixou escapar.
Envergonhada pelo que disse, Mairin fechou os olhos e se preparou para a censura. Quando abriu, tudo o que viu foi um olhar divertido. O homem estava quase rindo. Seus olhos se estreitaram. Era óbvio que ele precisava de instrução sobre o assunto. — Então, me conte. Como é a maneira correta? — Você deve manter a boca fechada. — Sei. Mairin balançou a cabeça para reforçar sua afirmação. — Sim, não há línguas envolvidas no beijo. Isso é indigno. — Indigno? Novamente ela concordou. Estava indo melhor do que imaginava. Ewan estava entendendo suas orientações muito bem. — A madre Serenity me disse que os beijos são para o rosto e ou para a boca, mas só em situações muito íntimas. E não devem durar muito. Apenas o suficiente para transmitir a emoção adequada. Ela nunca mencionou nada de língua. Não pode ser bom para você me beijar e enfiar a língua dentro de minha boca. Os lábios dele se contraíram. Colocou a mão sobre a boca e esfregou firmemente por alguns instantes. — E sua madre Serenity é uma autoridade em beijar, não é? Mairin balançou a cabeça vigorosamente. — Oh, sim. Ela me disse tudo o que precisava saber para a eventualidade de meu casamento. Levou seu dever muito a sério. — Talvez você deva me ensinar pessoalmente sobre beijar. – ele disse. – Poderia me mostrar como se faz. Mairin franziu a testa, mas depois se lembrou que este era o homem que seria seu marido. Nesse caso, achou que poderia ser adequado, e mesmo esperado, que ela o ensinasse sobre o amor. Foi muito decente da parte dele agir assim. Ora, ficariam muito bem. Sentindo-se muito melhor sobre seu casamento iminente, Mairin se inclinou e apertou os lábios contra os dele. Assim que o tocou, Ewan a segurou pelos ombros e puxou-a ainda mais perto. Ela se sentiu engolida. Consumida. Como se ele estivesse absorvendo sua essência. E apesar de todo o seu discurso, ele usou a língua.
Capítulo 12 — Levante-se, minha senhora! Hoje é seu casamento. Mairin abriu os olhos e gemeu com a visão das mulheres reunidas em seu pequeno quarto. Ela estava exausta. Uma das mulheres afastou as cortinas que cobriam as janelas e a luz do sol entrou machucando seus olhos. Ela gemeu mais alto quando ouviu uma risadinha pelo quarto. — A nossa senhora não parece animada para se casar com o nosso laird. — Christina, é você? – Mairin resmungou. — Sim, senhora, sou eu. Trouxemos água quente para um banho. — Tomei banho na noite passada. – Mairin disse. — Oh, banho no dia do casamento é uma obrigação. Vamos lavar seus cabelos e banhá-la com óleos. Maddie mesma os preparou e o perfume é divino. O laird gostará. O laird não era importante naquela manhã. Seu sono era. Outra risadinha correu pelo quarto e Mairin percebeu que mais uma vez ela pensou em voz alta, — E trouxemos seu vestido de casamento. – outra mulher disse. Mairin olhou, tentando lembrar o nome da jovem que estava radiante diante dela. Mary? Margaret? — Fiona, minha senhora. Mairin suspirou. — Desculpe. Há muitas de vocês. — Não tomei como ofensa. – Fiona disse alegremente. – Agora gostaria de ver o vestido que fizemos para você? Mairin se apoiou nos cotovelos e olhou para as mulheres reunidas ao seu redor. — Vestido? Vocês costuraram um vestido? Mas concordei em casar com o laird apenas na noite passada. Maddie abriu um sorriso enquanto levantava o vestido. — Oh, nós sabíamos que era só uma questão de tempo para ele convencê-la, moça. Não está feliz pelo vestido? Demorou dois dias inteiros até altas horas da noite, mas acho que você vai gostar do resultado. Mairin olhou para a bela criação a sua frente. Lágrimas rolaram pelo seu rosto e ela piscou para tentar afastá-las. — É tão lindo. E realmente era. De brocado e veludo verde e ouro. Todo o corpete bordado com fios de ouro que brilhavam à luz do sol. — Nunca vi outro tão lindo quanto este. – ela disse. As três mulheres sorriram radiantes atrás dela. Maddie então puxou as cobertas para trás.
— Não quer fazer o laird esperar. O padre chegou nesta madrugada e o laird está muito impaciente para a cerimônia começar. Durante a hora seguinte, as mulheres lavaram, limparam e esfregaram Mairin dos pés à cabeça. Depois do banho, deitaram-na na cama e a banharam com óleos perfumados. Estava tão bom que Mairin quase caiu no sono outra vez. Escovaram seus cabelos até brilharem, deixando-os cair pelas costas. Mairin tinha que admitir, elas sabiam como fazer uma mulher se sentir melhor no dia de seu casamento. — Pronto. – Christina anunciou. – Agora é a vez do vestido e então você poderá se casar. Uma batida na porta soou e a voz de Gannon surgiu através da madeira pesada. — O laird quer saber se já está pronta. Maddie revirou os olhos e depois abriu um pouco a porta, cuidando para que Gannon não visse nada dentro do quarto. — Diga ao laird que a levaremos assim que estiver pronta. Não pode ser apressado com essas coisas! Não gostaria de ver a noiva linda no dia de seu casamento? Gannon murmurou um pedido de desculpas e depois recuou, prometendo que daria a notícia ao laird. — Agora, vamos vesti-la e depois desceremos . – Maddie disse, quando se voltou para Mairin. — Elas estão há horas naquele quarto. – Ewan murmurou. – Por que demoram tanto? — Assim são as mulheres. – Alaric disse, como se isso explicasse tudo. Caelen acenou com a cabeça e virou sua caneca para beber o último gole de cerveja. Ewan estava sentado na cadeira de espaldar alto e balançava a cabeça. Dia de seu casamento. Havia uma diferença marcante neste dia do dia em que se casou com a primeira esposa. Ele não pensava em Celia, exceto em alguns momentos. Alguns dias ele tinha dificuldade de se lembrar da imagem da jovem esposa. Os anos se passaram e, a cada ano, ela desaparecia mais de sua memória. Era muito jovem quando se casou com Celia. Ela também era jovem. Vibrante. Disso ele se lembrava. Sempre tinha um sorriso no rosto. Foram amigos de infância. Anos mais tarde, seus pais vislumbraram que um casamento entre os clãs seria muito bom. Ela lhe deu um filho no segundo ano do casamento. No terceiro ano, ela morreu, suas terras estavam em ruínas e seu clã quase dizimado. Sim, o dia de seu casamento tinha sido uma ocasião alegre. Eles festejaram e celebraram durante três dias. Seu rosto brilhava com alegria e ela o olhava o tempo todo. Será que Mairin sorriria? Ou viria para o casamento com o mesmo olhar ferido com o qual tinha chegado? — Onde ela está, papai? – Crispen sussurrou ao seu lado. – Você acha que ela mudou de ideia? Ewan voltou a sorrir para o filho. Acariciou os cabelos do menino de forma tranquilizadora.
— Ela está apenas se vestindo, filho. Logo estará aqui. Mairin deu a sua palavra e você sabe o quanto ela a preza. As mulheres gostam de se arrumar melhor para ficarem bonitas no dia de seu casamento. — Mas ela já é linda. – Crispen protestou. — Isso é verdade. – Ewan disse. E era verdade. A moça não era apenas bonita. Era encantadora. – Mas elas gostam de ter uma aparência especial para essas ocasiões. — Ela tem flores? Deveria ter flores. Ewan quase riu ao ver o olhar consternado no rosto de Crispen. Seu filho estava mais nervoso do que ele. Ewan não estava nervoso. Estava apenas impaciente. — Você não tem flores? – Crispen perguntou. Ewan olhou para seu filho. Ele parecia tão chocado que Ewan franziu o cenho. — Nem pensei em flores. Mas talvez você esteja certo. Por que não resolve esse assunto com Cormac? Do outro lado da sala, Cormac evidentemente ouviu a conversa. Parecia tão chocado quanto Crispen e rapidamente deu um passo para trás. Mas Crispen foi muito rápido e imediatamente estava na frente do homem, exigindo que o homem colhesse flores para Mairin. Ele lançou um olhar descontente para Ewan e então saiu do grande salão. — Que diabos está acontecendo? – Caelen perguntou, inquieto na cadeira. – Estamos desperdiçando um bom dia de treinamento. Ewan riu. — Não considero desperdício de tempo o dia de meu casamento. — É claro que não. – Alaric disse. – Enquanto o resto de nós estaremos trabalhando duro, você estará desfrutando da moça, quente e doce. — Ele também estará dando duro. – Caelen disse maliciosamente. – Não da mesma forma que o resto de nós, é claro. Ewan ergueu a mão para calar os irmãos desbocados antes que o resto dos homens escutasse. A última coisa que precisava era de uma noiva envergonhada. Então Maddie entrou correndo, com as bochechas rosadas e seu peito arfando enquanto tentava recuperar o fôlego. — Ela está vindo, laird. Ewan acenou para o sacerdote, que estava degustando uma caneca de cerveja. Quando Mairin surgiu na entrada, a sala inteira ficou em silêncio. Ewan ficou momentaneamente mudo. A moça não estava apenas bonita. Estava magnífica. A menina tímida e desajeitada tinha ido embora. Em seu lugar estava uma senhora que caminhava como uma descendente da realeza. Ela parecia a princesa que era. Entrou na sala com a cabeça erguida, um olhar sereno em seu rosto. Seus cabelos estavam parcialmente presos em um coque logo acima da nuca e o resto caía solto até a cintura.
Havia um ar tão régio em sua presença que Ewan de repente se sentiu indigno. Crispen irrompeu na sala segurando um maço de flores com tanta força que as hastes já estavam se quebrando e as flores murchando. Ele correu até Mairin e colocou o ramalhete em suas mãos, espalhando as pétalas no chão. A expressão dela mudou completamente. Os olhos se aqueceram e sorriu ternamente. Inclinou-se e depositou um beijo na testa do menino. — Obrigada, Crispen. Elas são lindas. Algo torceu no coração de Ewan. Ele se adiantou e colocou-se atrás de Crispen. Colocou a mãos sobre os ombros do filho enquanto olhava para os olhos azuis de Mairin. — O padre está esperando, moça. – ele disse rispidamente. Ela balançou a cabeça e olhou para Crispen. — Vem conosco, Crispen? Afinal, você é uma parte importante desta cerimônia. Crispen estufou o peito até que Ewan pensasse que ele poderia estourar. Então,colocou a mão na de Mairin. Ewan ficou do outro lado. Ela entregou as flores para Maddie antes de deslizar seus dedos pelos dedos dele. Para Ewan, parecia certo. Ali estava sua família. Seu filho e a mulher que seria uma mãe para ele. Levou-a até onde o sacerdote aguardava, com seus dois irmãos ao lado. E sob a proteção de sua família, ele e Mairin trocaram seus votos. Ela nunca vacilou, nunca deu qualquer indício de que não estava disposta a se casar. Olhou o padre e então voltou-se para Ewan, enquanto recitava sua promessa de honrar e obedecer. Quando o sacerdote declarou-os casados, Ewan inclinou-se para selar a aliança com um beijo. Ela hesitou por um momento e sussurrou. —Você não vai usar a língua! A risada dele ressoou pela sala. Seu clã olhou ansiosamente para a fonte de seu riso, mas ele só tinha olhos para sua esposa. Ewan encontrou os lábios dela, tão doces e quentes, e em pouco tempo devastou sua boca. E, oh sim, usou a sua língua. Quando a soltou, Mairin olhava ferozmente para ele. Ewan sorriu e pegou a mão dela, puxando-a contra ele enquanto se virava para o clã. Então, levantou a mão dela e a apresentou como a nova senhora do castelo. O rugido do clã ecoou tão alto no salão que Mairin estremeceu. Mas permaneceu orgulhosamente ao lado de Ewan, com um sorriso encantador nos lábios. Um a um, os homens de Ewan aproximaram-se a ajoelharam-se para oferecer sua lealdade à nova senhora. Mairin ficou perplexa com a demonstração. Estremeceu, querendo desaparecer no chão. Ewan sorriu enquanto a observava compreender sua nova posição. Mairin levou uma vida isolada. Agora, pela primeira vez, encarava seu destino. Quando os últimos soldados se curvaram diante de Mairin, Ewan segurou-a pelo cotovelo para guiála em direção à mesa que Gertie e as outras mulheres prepararam para a festa do casamento. No canto, um pequeno grupo de músicos se reuniu para tocar cantigas animadas.
Ewan compartilhou com Mairin seu lugar na cabeceira da mesa. Queria vê-la sentada ao seu lado em uma posição de honra. Pediu uma cadeira para ser colocada ao lado dele, e quando serviram o primeiro prato, ofereceu o melhor pedaço de sua porção para ela. Aparentemente satisfeita com o seu respeito, Mairin lhe permitiu ser alimentada por um pedaço de carne espetada em sua adaga. Sorriu tão fascinada para Ewan que por um momento esqueceu-se de respirar. Alaric e Caelen sentaram-se em ambos os lados de Ewan e Mairin. Assim que as últimas pessoas se sentaram e todos estavam servidos, Alaric levantou-se e pediu silêncio. Então, ergueu a taça e olhou para Ewan e Mairin. — Ao laird e à sua senhora. – ele saudou. – Que seu casamento seja abençoado com saúde e muitos filhos. — Ou filhas. – Mairin murmurou tão baixo que Ewan quase não a escutou. Sorriu enquanto ouvia o rugido de seu clã. Ergueu a taça e inclinou a cabeça em direção a Alaric. — E que nossas filhas sejam tão bonitas quanto sua mãe. Mairin ofegou suavemente e voltou seus olhos brilhantes para Ewan. Seu sorriso iluminou a sala inteira. Para o espanto dele, de repente Mairin se levantou, segurou seu rosto entre as mãos e deu-lhe um beijo sensual. A sala toda explodiu em um coro de aplausos. Mesmo Caelen parecia divertido. Mairin aproximou-se mais, pressionando suas curvas contra ele. O corpo de Ewan reagiu imediatamente. Ficou rígido e na sua atual posição não conseguia aliviar o desconforto crescente. Então se sentou, mas continuou desconfortável. No meio da festa, o flautista começou uma música especialmente alegre. Alegre, rápida e dezenas de pés começaram uma batida rítmica no chão. Mairin juntou as mãos e soltou um som de puro deleite. — Você dança, moça? – Ewan perguntou. Ela balançou a cabeça melancólica. — Não, nunca houve dança na abadia. Provavelmente sou desajeitada nisso. — Eu também não sou tão bom assim. – Ewan disse. – Vamos ter que nos virar. Mairin o premiou com outro sorriso e impulsivamente apertou sua mão. Ele prometeu a si mesmo que, independente de quão tolo parecesse dançando, dançaria com ela todas as vezes que desejasse. — Laird! Laird! Um de seus guardas corria pelo hall com a espada desembainhada. Ewan levantou-se e automaticamente colocou as mãos sobre os ombros de Mairin em um gesto de proteção. O soldado estava sem fôlego quando parou frente a Ewan. Alaric e Caelen também se levantaram esperando pela notícia. — Um exército se aproxima, laird. Recebi a notícia momentos atrás. Eles carregam a bandeira de Duncan Cameron. Vêm pelo sul e estão a duas horas de nossa fronteira.
Capítulo 13 Ewan soltou uma maldição. As expressões de Alaric e Caelen se endureceram, mas outra coisa brilhava em seus olhos. Antecipação. Ewan pegou as mãos de Mairin e segurou-as tão apertadas que ela estremeceu de dor. — Reúna as tropas. Preparem-se no pátio. Esperem por mim. – Ewan ordenou. Começou a tirar Mairin da mesa quando Alaric perguntou. — Onde diabos você está indo, Ewan? — Tenho um casamento para consumar. Boquiaberta, Marin se viu transportada em direção à escada. Ewan subiu os degraus, forçando-a correr atrás do ritmo dele. Ele a empurrou para dentro do quarto e bateu a porta para fechá-la. Mairin assistiu assustada quando começou a se despir. — Tire seu vestido, moça. – ele disse quando jogou de lado sua túnica. Completamente desnorteada, Mairin caiu na beira da cama.Ewan queria que ela se despisse? Estava ocupado tirando as botas, mas era dever dela despi-lo. Pensando em corrigir seu erro, se levantou e correu para ajudá-lo, mas ele parou e olhou para Mairin como se fosse uma estúpida. — É meu dever despi-lo, laird. Dever da esposa. – ela corrigiu. – Estamos casados agora. Eu deveria despi-lo em nosso quarto. O olhar de Ewan se suavizou e estendeu a mão para tocá-la no rosto. — Perdoe-me, moça. Desta vez será diferente. O exército de Duncan Cameron se aproxima. Não tenho tempo para enchê-la de palavras doces e um toque suave. – ele enrugou a testa e fez uma careta. – Terá que ser rápido. Ela o olhou, confusa. Antes que pudesse questioná-lo ainda mais, Ewan começou a puxar os cordões de seu vestido, tirando-o impacientemente. — Laird, o que está fazendo? – balbuciou. Mairin ofegou, surpresa, quando o tecido foi arrancado e jogado no chão. Tentou segurar o vestido, mas Ewan a impediu, deixando-a apenas com as peças íntimas. —Laird. – começou, mas Ewan puxou-a pelos ombros e pressionou seus lábios contra os dela. Quando a deitou sobre a cama, conseguiu retirar o resto de suas roupas. Suas calças cairiam no chão e ela sentiu algo quente e duro roçar sua barriga. Quando olhou para baixo e viu o que era, sua boca se escancarou. Olhou horrorizada para o apêndice saliente. Ewan segurou-a no queixo e fez com que erguesse seus olhos novamente. Cobriu os lábios dela com sua boca e deitou-a de costas na cama, pairando logo acima dela. — Abra suas pernas, Mairin. – disse asperadamente contra seus lábios.
Ela relaxou suas coxas e suspirou,desanimada, quando as mãos de Ewan escorregaram entre suas pernas e acariciaram através das dobras delicadas. Ewan deslizou a boca pelo pescoço dela. Arrepios percorreram os ombros e seios dela, enquanto ele apertava os lábios contra sua carne. Sentiu-se estranhamente agitada, sem fôlego...não sabia como descrever isso. Mas gostou. — Sinto muito, moça. – a voz dele estava carregada de arrependimento. – Sou um triste condenado. Mairin franziu a testa enquanto se segurava nos ombros dele,com Ewan cobrindo-a com seu calor e sua dureza. Por que ele estava triste? Não parecia apropriado pedir desculpas durante o ato de amar. Sentiu-o duro como aço enquanto sondava entre suas coxas. Levou um tempo para perceber o que ele buscava. Abriu os olhos e apertou os dedos na pele dele. — Ewan! — Perdoe-me. – ele sussurrou. Empurrou para frente e a euforia que ela tinha experimentado momentos antes desapareceu, dando lugar a uma dor que a rasgou ao meio. Gritou e bateu nos ombros com os punhos cerrados. Lágrimas caíram por seu rosto e ele as afastou com a boca, com uma chuva de beijos sobre sua face. — Shhh, moça. – ele murmurou. — Dói! — Sinto muito. – ele disse novamente. – Eu sinto muito, Mairin. Mas não posso parar. Devemos acabar com isso. Ele se moveu por um momento e Mairin bateu nele novamente. Ele a tinha rasgado em duas. Não havia outra explicação para isso. — Eu não a rasguei. – ele disse rispidamente. – Fique quieta um momento. A dor irá embora. Ele se retirou e Mairin encolheu-se. Então,Ewan empurrou para frente de novo. Ela gemeu. Um grito no corredor a fez ficar paralisada. Ewan amaldiçoou e então começou a mover-se novamente. Mairin estava em estado de choque, incapaz de processar a sensação desconfortável que nascia dentro dela. Uma, duas, e mais vezes empurrou dentro e então ficou tenso contra ela, tão imóvel que podia sentir o bater violento de seu coração. De repente, ele rolou para longe e Mairin sentiu a umidade pegajosa entre as pernas. Não tinha qualquer ideia do que era ou o que deveria fazer em seguida. Deitou-se ali, tremendo enquanto seu marido corria para se vestir. Assim que calçou as botas, voltou para a cama e passou os braços por baixo dela. Talvez agora dissesse as palavras ternas que um marido deveria dizer depois de amar. Mas ele simplesmente a pegou e segurou-a em seus braços por um momento. Então, levou-a ao banco em frente ao fogo. Mairin observou-o tirar a roupa de cama e examinar a mancha de sangue no meio dos lençóis. Enrolou-o em suas mãos e observou-a, com os olhos cheios de culpa. — Preciso ir, moça. Mandarei uma das mulheres para cuidar de você.
Ele deixou o quarto, fechando a porta atrás de si. Mairin ficou olhando, totalmente descrente com o que tinha acabando de acontecer. Um momento depois, Maddie entrou apressada, olhando-a com simpatia. — Calma, calma moça. – disse Maddie, abraçando Mairin. – Você está muito pálida. Trarei água quente. Isso vai ajudá-la a aliviar suas dores. Mairin estava muito envergonhada para fazer a Maddie qualquer uma das perguntas que rodeavam sua mente. Sentou-se ali, entorpecida, enquanto um grito de guerra levantou-se no pátio, seguido do som de centenas de cavalos atravessando a terra. O olhar dela caiu sobre o vestido jogado no chão. Ewan rasgou o vestido. Seu vestido de casamento. Depois de todas as coisas que aconteceram naquele dia, o vestido devia ser o que menos importava para ela. Mas lágrimas brotaram em seus olhos, escorrendo em trilhas quentes pelo rosto. Maddie terminou de trocar a roupa de cama. Movimentava-se pelo quarto, embora fosse claro que não tinha nenhuma tarefa para fazer. — Por favor. – ela sussurrou. – Quero ficar sozinha. Maddie a olhou com dúvida, mas quando Mairin reforçou seu pedido, saiu relutante do quarto. Mairin ficou sentada no banco por um longo momento. Com os joelhos encolhidos contra o peito, olhando o fogo diminuir. Então, levantou-se para lavar a viscosidade de seu corpo. Assim que terminou, arrastou-se para a cama e se jogou debaixo das cobertas limpas, muito cansada e perturbada para se preocupar com o exército de Duncan Cameron. Ewan levou seus homens ao longo das colinas até o limite íngreme ao sul de suas terras. Seus dois irmãos o acompanhavam. Os homens de Cameron estavam se aproximando rapidamente. Não haveria tempo para preparar um ataque surpresa. Na verdade, Ewan não desejava um. Estava com a força de um exército inteiro, salvo um pequeno contingente que ficou para trás para guardar o castelo. Não havia dúvidas de que estavam em desvantagem, mas os soldados McCabe eram muito mais fortes. — Eles estão no topo da próxima colina, laird. – Gannon disse assim que surgiu com seu cavalo na frente de Ewan. Ewan sorriu. A vingança era seu guia. — Vamos saudar Cameron! – Ewan disse a seus irmãos. Alaric e Caelen levantaram suas espadas no ar. À sua volta, os gritos de seus homens ecoaram fortemente por toda a terra. Ewan esporeou o cavalo e todos correram morro abaixo. Assim que começaram a subir a próxima colina, Ewan viu o poder reunido do exército de Cameron. Ewan varreu o olhar entre os soldados inimigos até encontrar sua presa. Duncan Cameron sentava-se na sela mais alta, vestindo trajes de batalha. — Cameron é meu. – ele gritou para seus homens. Então olhou de soslaio para seus irmãos. – Algum conselho? — Matar todos eles? – Alaric perguntou suavemente. — Cada um deles. – Ewan respondeu.
Caelen girou a espada na mão. — Então, faça-se. Ewan deu o grito de guerra. Ao seu redor, seus homens repetiram o grito e logo o vale ecoava com o trovejar dos cascos dos cavalos. Os McCabes avançaram com sede de vingança, seus gritos eram selvagens o suficiente para amedrontar as almas dos mortos. Depois de certa hesitação, os homens de Cameron correram para o confronto. Ewan encontrou o primeiro homem e o atacou com um movimento hábil de sua espada. Ele pode ver o medo e a surpresa nos olhos do homem. Não estava preparado para encontrar uma força de combate como aquela. Ewan olhou rapidamente para verificar seus homens. Não precisava se preocupar. Caelen e Alaric estavam cortando uma trilha através dos homens de Cameron, enquanto o resto de seus soldados atacava seus inimigos com velocidade e agilidade. Ewan fixou-se em Cameron, que ainda não tinha desmontado de seu cavalo. Ficou para trás, vendo seus homens e gritando ordens. Ewan se concentrou em abrir caminho através dos homens de Cameron, até que havia apenas dois soldados entre ele e seu inimigo. Ele despachou o primeiro com um corte no peito. O sangue carmesim brilhava sobre sua espada quando avançou para o segundo. O soldado olhou cautelosamente para Ewan e depois de volta para Cameron. Ele ergueu a espada para atacar, mas no último momento, voltou-se e fugiu. Os lábios de Ewan se curvaram em um sorriso satisfeito ao ver o pavor repentino nos olhos de Cameron. — Desça de sua montaria, Cameron. Eu odiaria derramar o sangue de um cavalo tão bom como este. Cameron ergueu a espada, pegou as rédeas nas outra mão e esporeou seu cavalo para frente. Atacou Ewan, deixando escapar um grito de gelar o sangue. Ewan desviou-se do golpe e sua espada avançou, levantando a de Cameron. Esta saiu voando pelo ar e pousou com um baque nauseante em um dos corpos caídos a uma curta distância. Cameron esporeou o cavalo e correu rapidamente pelo terreno. Longe de seus homens e da batalha. Ewan rilhou os dentes com fúria. Covarde. Covarde sanguinário. Ele abandonou seus homens, deixando todos para morrer e salvando o próprio rabo. Ewan ordenou aos seus homens que parassem o ataque e seguiu em direção aos seus irmãos. Os soldados de Cameron lamentavelmente foram superados. O comandante do exército inimigo evidentemente chegou à mesma conclusão. Ele gritou para seus homens se retirarem. Eles fugiram. O comandante, ao contrário de Cameron, não era um covarde. Ele não fugiu. Mandou os homens baterem em retirada e ficou bravamente na retaguarda, oferecendo sua proteção. Ewan sinalizou para seus homens prenderem o comandante. Quando Ewan ergueu sua espada e deu um passo para frente, o homem presumiu que morreria. Estava fraco. Uma ferida aberta sangrava. Olhou para Ewan e aceitou sua derrota. Caiu de joelhos e inclinou a cabeça. Ewan olhou para ele com a raiva queimando sua garganta. Será que foi assim com seu pai? Cameron o matou dessa forma? Seu pai teve que lutar até o fim? Ou sabia que a derrota era inevitável?
Por um longo momento, Ewan segurou a espada sobre sua cabeça. Então, assobiou para seu cavalo e o comandante olhou para cima, com surpresa. Quando o cavalo parou bem perto, Ewan foi buscar o lençol que continha o sangue virgem de Mairin. Estendeu-o como uma bandeira, as extremidades soprando ao vento. Então, enrolou-o em sua mão e jogou-o sobre o rosto do comandante. — Leve esse lençol para Cameron. – Ewan disse, entre dentes. – Leve minha mensagem. O comandante tomou a peça devagar e depois acenou com aceitação para Ewan. — Diga a Duncan Cameron que Mairin Stuart é agora Mairin McCabe. Ela é minha esposa. O casamento foi consumado. Diga-lhe que Neamh Alainn nunca será dele.
Capítulo 14 Quando Ewan e seus homens voltaram ao pátio do castelo, já era meia-noite. Estavam sujos de sangue , cansados, mas felizes com a fácil vitória. A comemoração iria acontecer, mas Ewan não sentia vontade de celebrar. Duncan Cameron fugiu e aquilo queimava como cerveja azeda em seu estômago. Queria matar o filho da puta, não apenas pelo que fez oito anos antes, mas por causa do que fez com Mairin. Ordenou aos homens que aumentassem a vigilância. Havia muito que fazer depois de seu casamento com Mairin. Manter as defesas fortalecidas e novas alianças, como com os McDonalds, era mais importantes do que nunca. Mesmo com tudo isso pesando sobre ele, seu pensamento principal estava em Mairin. Lamentou a pressa com que a tomou na cama. Não gostava de sentir culpa. Culpa era para os homens que cometem erros. Ewan não gostava da ideia de cometer erros ou admitir seus fracassos. Sim, ele falhou com a moça. Banhou-se no lago com os outros homens. Se não fosse pelo fato de que uma moça doce estava em sua cama, teria se arrastado para debaixo das cobertas com botas e tudo, sem se preocupar com nada até amanhã de manhã. Depois de lavar a sujeira e o sangue de seu corpo, rapidamente secou-se e subiu os degraus que levavam ao seu quarto. Calmamente abriu a porta do quarto e entrou. O quarto estava envolto em trevas, apenas as brasas do fogo reluziam. Mairin estava aninhada no meio da cama, com os cabelos esparramados como um véu de seda. Deslizou um joelho em cima da cama e se inclinou sobre Mairin, preparado para acordá-la, quando viu um corpo ao lado dela. Franzindo a testa, viu Crispen aninhado em seus braços, com a cabeça apoiada nos seios dela. Um sorriso aliviou a censura quando viu como Mairin tinha os dois braços protetoramente envoltos em torno dele. A moça tinha assumido seu papel de nova mãe de Crispen. Estavam tão aconchegados como gatinhos em uma noite fria. Com um suspiro, ele se deitou ao lado dela, resignado pelo fato de que não iria despertar sua esposa com beijos ou toques esta noite. Puxou-a para seus braços, embalando-a. Então, rolou um braço ao redor dela e de Crispen, enterrando o rosto no cabelo cheiroso de Mairin e adormeceu rapidamente. Algumas horas mais tarde, levantou-se com cuidado para não acordar Mairin ou Crispen. Vestiu-se na escuridão e tentou caminhar em direção à porta, mas sua bota se prendeu em alguma coisa. Abaixouse e pegou o tecido, percebendo que era o vestido que Mairin usou para casar-se. Lembrando-se que o tinha rasgado em sua pressa para deitar-se com ela, Ewan olhou para a peça em suas mãos por um momento. A imagem de Mairin, seus olhos chocados e a dor que se refletia neles o fez franzir a testa. Era apenas um vestido. Enrolando-o em suas mãos, ele o levou consigo quando desceu as escadas. Mesmo tão cedo, o castelo já fervia com a atividade das pessoas.
Caelen e Alaric terminavam seu café quando Ewan entrou no salão. — O casamento o transformou em um dorminhoco. – Caelen zombou. – Já faz mais de uma hora que estamos esperando por você. Ignorando o irmão, Ewan tomou seu lugar na cabeceira da mesa. Uma das mulheres que serviam correu trazer tigelas de alimentos e colocá-las em frente a Ewan. — No que diabos está pensando, Ewan? – Alaric perguntou. Ewan olhou para baixo, percebendo que ainda estava carregando o vestido de Mairin. Ao invés de responder ao irmão, ele chamou a menina que estava servindo. — Maddie está por aí? — Sim, laird. Gostaria que eu fosse chamá-la? — Imediatamente. Ela fez uma reverência e saiu correndo. Alguns minutos mais tarde, Maddie entrou correndo. — Você me chamou, laird? — Sim. – entregou o vestido para a mulher, que, surpresa, pegou-o. – Você pode consertar isso? Maddie examinou o tecido em suas mãos. — Sim, laird. Preciso apenas de agulha e linha. Poderei fazê-lo em um momento. — Faça, então. Gostaria que minha esposa o tivesse inteiro novamente. Maddie sorriu e seus olhos brilharam, sabendo que o irritava. Ewan fez uma careta para ela e acenou. Ainda sorrindo, ela enfiou o vestido debaixo do braço e deixou o salão. — Você rasgou o vestido de sua noiva? – Caelen sorriu. — Pelo jeito você tem jeito com as mocinhas. – Alaric disse, balançando a cabeça. – Carregou-a escada acima para uma rápida consumação e ainda rasgou o vestido dela. — Ela não é uma mocinha. – Ewan disse, irritado. – Ela é sua irmã agora e deve falar dela com respeito, como esposa de seu laird. Alaric ergueu as mãos em sinal de rendição e se recostou na cadeira. — Não quis ofendê-lo. — Está sensível hoje, não é? – Caelen disse. O olhar de Ewan silenciou o irmão mais novo. — Temos muito a fazer hoje. Alaric, preciso de você para ser meu emissário a McDonald. Alaric e Caelen se olharam com incredulidade. — O quê? Ewan, o bastardo tentou sequestrar seu filho. – Alaric resmungou. — Ele nega o conhecimento das ações de seus soldados. E o soldado está morto agora. – Ewan disse, sem rodeios. – Não será mais uma ameaça para meu filho. E McDonald quer uma aliança. Suas terras se juntariam a Neamh Alainn. E quero que você faça esse acordo. Alaric. — Certo. – disse Alaric. – Partirei dentro de uma hora.
Alaric caminhou para fora do salão para se preparar para a viagem. Ewan rapidamente terminou sua refeição e então ele e Caelen foram para onde seus homens estavam treinando. Ficaram no pátio, observando como os outros soldados lutavam. — É imperativo que Mairin fique sob constante vigilância.- Ewan disse em voz baixa para Caelen. – Duncan Cameron não vai desistir só porque casei com ela. Há muito a ser feito e Mairin deve permanecer dentro do castelo sob vigilância cuidadosa. Caelen lançou um olhar cauteloso para Ewan. — Não acho que essa tarefa deve ser minha. Ela é sua esposa. — Mairin é o futuro de nosso clã. – Ewan disse com uma voz perigosamente macia. – Seria bom ter isso em mente quando me disser o que você deve ou não fazer. Espero que a sua lealdade a mim se estenda a ela, também. — Mas ser uma babá, Ewan? – Caelen perguntou com voz triste. — Tudo o que você precisa fazer é mantê-la segura. Isso parece muito difícil? – Ewan perguntou. Então, acenou para seus comandantes, quando seus homens terminaram a rodada de treino. Instruiu Gannon, Cormac e Diormid sobre Mairin ser vigiada o tempo todo. — Como quiser, laird. Mas ela não vai gostar muito. – disse Gannon. — Não estou preocupado com o que ela vai gostar ou não. – Ewan respondeu. – Minha preocupação é mantê-la segura. Os homens assentiram, em acordo. — Não há necessidade de alarmá-la. Não quero que ela se sinta insegura em minhas terras. Quero-a bem protegida, mas que isso pareça “natural”. — Pode contar conosco para manter Lady McCabe em segurança, laird. – Cormac prometeu. Certo de que seus homens compreenderam a importância de manter estreita vigilância sobre Mairin, Ewan convocou seu mensageiro e escreveu uma carta ao rei, informando-o de seu casamento com Mairin e solicitando a liberação de seu dote. Pela primeira vez em muitos anos, sentia seu coração bater em um ritmo constante dentro de seu peito. Não por vingança. Não, ele sempre soube que esse dia chegaria. Com o dote de Mairin, seu clã poderia prosperar novamente. Os alimentos seriam abundantes. Suprimentos em suas mãos. Deixariam para trás sua existência espartana. Apesar da intenção em tirar uma hora do dia para falar com Mairin, ele passou o dia envolvido em várias atividades. Duncan Cameron mandou embora o espírito de tranquilidade que havia no castelo. Um incidente com seus homens o impediu de jantar com Mairin e quando subiu as escadas indo em direção ao seu quarto, estava muito cansado. Pelo menos estava limpo depois de um mergulho no lago. Abriu a porta devagar e viu que ela já estava deitada, com a respiração tranquila, indicando que dormia. Ewan começou a avançar, com a intenção de acordá-la, quando viu mais uma vez Crispen aconchegado nela. Ele suspirou, amanhã faria questão de dizer que Crispen tinha seu próprio quarto do outro lado do corredor.
No outro dia, Ewan não teve chance de fazer o que prometeu. Desde o momento em que Mairin acordou, não teve oportunidade de falar com ela. Mais tarde, já impaciente, mandou chamá-la. Quando ficou sem resposta, enviou Cormac para buscá-la. Cormac retornou com a notícia de que Mairin estava visitando outras mulheres e que falaria com o laird mais tarde. Ewan fez uma careta e Cormac parecia desconfortável dizendo ao laird que sua esposa se recusou a vê-lo. Claramente eles teriam que discutir certos assuntos enquanto seu filho dormia. Ou seja, discutir a ideia de não desobedecer a uma ordem direta. Ele fez questão de jantar com Mairin naquela noite. Ela parecia cansada e nervosa. Seu olhar corria na direção dele quando pensava que ele não estava olhando, como se temesse que a carregasse brutalmente para o seu quarto. Ewan suspirou. Supunha que não era um medo irracional, considerando o ocorrido no dia de seu casamento. A moça estava inquieta. Cabia a ele acalmar seus medos e suas preocupações. Proteção era algo que ele poderia facilmente oferecer. Sua lealdade para com a mulher seria inabalável. Mas ternura e compreensão? Palavras doces para ajudar a aliviar preocupações?A mera ideia o apavorou. Seus pensamentos deviam transparecer em seu rosto, porque Mairin o olhou assustada e então se levantou, desculpando-se. Sem esperar pela permissão do marido, ela murmurou algo para Crispen. O menino engoliu a comida rapidamente e levantou-se para segui-la. Ele a segurou pela mão e ambos deixaram a sala em direção as escadas. Ewan estreitou os olhos quando percebeu o que estava acontecendo. Mairin propositalmente levou Crispen para sua cama em um esforço para evitar Ewan. Se não estivesse tão irritado, poderia ficar impressionado com sua astúcia. Levantou-se da mesa e acenou para Caelen. Preferia ir para a guerra a subir as escadas e enfrentar aquela situação com sua nova esposa. Ele não tinha nem ideia de como resolver aquilo. Um bom começo seria fazer um sermão sobre obedecer às ordens dele. Depois disso, simplesmente mandaria que ela não ficasse tão receosa. Sentindo-se confiante sobre seu plano de ação, ele subiu até seu quarto e abriu a porta. Mairin virouse, olhando-o surpresa. — Você precisa de algo, laird? Ewan arqueou uma sobrancelha. — Não posso entrar em meu próprio quarto? Mairin corou. — Sim, é claro. É que você não costuma vir para a cama tão cedo. Ou seja, eu não esperava que você... Ela calou-se,avermelhando ainda mais. Apertou os lábios firmemente como se recusando a dizer mais uma palavra. Ewan não resistiu a provocá-la. — Não percebi que você estava tão familiarizada com meus hábitos de sono, moça.
Ela o olhou com descontentamento. Determinado a definir suas regras, apontou um dedo para Crispen, chamando-o. O menino se separou a contragosto de Mairin e se aproximou do pai. Ewan colocou as mãos sobre os ombros do filho. — Esta noite você vai dormir no seu próprio quarto. Quando Mairin ameaçou protestar, Ewan a silenciou com um olhar severo. Crispen também queria discutir, mas era muito disciplinado para isso. — Sim, papai. Posso dar um beijo de boa noite em mamãe? Ewan sorriu. — É claro. Crispen correu de volta para Mairin e deixou-se abraçar por ela. Ela o beijou na cabeça e depois o abraçou apertado. Crispen voltou e ficou solenemente na frente de Ewan. — Boa noite, papai. — Boa noite, meu filho. Ewan esperou até que seu filho saísse do quarto antes de se voltar para Mairin. Ela ergueu o queixo, provocando-o com desafio em seus olhos. Estava preparada para a batalha. O pensamento o divertiu, mas sufocou o sorriso que ameaçava. — Quando eu der uma ordem para vir até mim, espero que obedeça. – ele disse. – Espero, não. Exijo obediência. Não vou aceitar que você me desafie. Mairin apertou os lábios, e Ewan pensou que a tinha assustado novamente, mas olhando melhor, viu que estava furiosa. — Mesmo quando suas exigências são ridículas? – ela perguntou com um soluço. Ele levantou uma sobrancelha. — Quando uma ordem de apresentar-se a mim tornou-se ridícula? Eu tinha assuntos para discutir com você. Meu tempo é valioso. Ela abriu a boca e depois a fechou imediatamente. Mas murmurou algo em voz baixa que ele não entendeu. —Agora que temos esse assunto resolvido, quero dizer que aprecio sua devoção ao meu filho. Mas ele tem seu próprio quarto que compartilha com outras crianças do castelo. — Ele deve dormir com sua mãe e seu pai. – ela deixou escapar. — Sim, haverá momentos em que realmente acontecerá. – Ewan concordou. – Mas logo após nosso casamento não é um deles. — Não consigo ver o que ser recém-casado tem a ver com isso. – ela murmurou. Ewan suspirou e tentou controlar sua impaciência. A moça ainda ia matá-lo. — É difícil me deitar com minha mulher, se meu filho partilha a cama conosco. – falou lentamente. Mairin desviou o olhar e torceu suas mãos. — Se você não se importar, prefiro não ter você... na cama... comigo.
— E como planeja engravidar, moça? Mairin enrugou o nariz e lhe lançou um olhar cauteloso, mas esperançoso. — Talvez sua semente já tenha enraizado. Devemos esperar para ver se isso aconteceu. Você não tem nenhuma habilidade para amar e eu, obviamente, sei muito pouco sobre o assunto. Ewan escancarou a boca. Ele não tinha certeza se tinha ouvidi corretamente. Nenhuma habilidade? Fechou a boca e então apertou a mandíbula com a força de sua incredulidade. Mairin encolheu os ombros. — Todos sabem que um homem ou é qualificado na arte de amar ou nos assuntos da guerra. É obvio que sua habilidade é lutar. Ewan estremeceu. A mocinha estava acabando com sua virilidade. Seu membro estava sendo humilhado por suas críticas. A raiva guerreou com a exasperação. Mas ele suspirou. — Ah, moça. É verdade que eu a tomei com a habilidade de um cavalariço com sua primeira mulher. As faces dela ficaram coradas e Ewan amaldiçoou-se pela sua grosseria. Enroscou os dedos em seus cabelos. — Você era virgem. É improvável que qualquer coisa que eu fizesse tornasse tudo perfeito. Mas há muitas coisas que posso fazer para tornar mais agradável. — Eu gostaria que fosse mais agradável. – ela disse, pensativa. Ewan quase perdeu a paciência. Quanto ele a machucou? Sabia que não tinha dado prazer ou a paciência que ela merecia. No momento, tudo o que sabia era que tinha que consumar o casamento com toda a pressa. Não houve tempo para seduzir uma virgem tímida. Só que agora sua virgem tímida se transformou em uma mulher teimosa, que não queria ser sua esposa. — Mairin, o casamento não era válido até que eu me deitasse com você. Não poderia correr o risco de algo acontecer antes que tivesse a chance de fazer isso. Se você tivesse sido capturada, Cameron poderia tê-la tirado de mim e pedir a anulação do casamento. Ele se deitaria com você até ter um filho para fortalecer a sua reivindicação. Os lábios dela tremeram e Mairin olhou para baixo. Ewan aproveitou a distração momentânea e se aproximou dela, tomando-lhe as mãos. Suas mãos eram pequenas e macias. Delicadas. A lembrança de ter sido áspero com ela, machucando-a, deixou-o perturbado. A imagem de seus olhos cheios de lágrimas apunhalou seu estômago. — Será diferente a partir de agora. Mairin levantou os olhos para ele e sua expressão tornou-se pensativa. — Será? — Sim, será. —Por quê? Ewan segurou sua impaciência e lembrou-se que ela precisava de suavidade agora. — Porque sou muito hábil no amor. – ele disse. – Pretendo mostrar-lhe. Os olhos dela se arregalaram.
— Você é? — Sim, eu sou. Ela abriu a boca e tentou dar um passo para trás. Ewan a segurou nas mãos, com força, puxando-a para junto dele até colá-la ao seu peito. — Na verdade, eu pretendo mostrar a você o quanto sou habilidoso. — Você fará isso? — Sim, farei. Mairin engoliu em seco e olhou para ele, confusa. —Quando você pretende me mostrar isso, laird? Ele se curvou e roçou sua boca sobre a dela. — Agora.
Capítulo 15 Mairin colocou as mãos sobre o peito de Ewan para se firmar, senão teria caído sob o ataque implacável de seus sentidos. Ela suspirou e inclinou-se mais perto para o beijo e nem mesmo protestou quando a língua dele deslizou sensualmente sobre o lábio inferior, como se tentasse persuadi-la a abrilos. O homem podia não ser hábil no amor, mas ela poderia se afogar em seus beijos. Talvez Ewan pudesse se contentar em apenas beijá-la e renunciar ao resto. — Beije-me de volta. – ele murmurou. – Abra sua boca. Deixe-me sentir seu gosto. Suas palavras deslizaram como veludo sobre sua pele. Mairin estremeceu quando sentiu seus seios incharem. Uma dor começou no fundo do seu corpo, em partes que ela não se atrevia mencionar. Como ele era capaz de fazê-la sentir-se assim quando tudo o que estava fazendo era beijá-la? Ewan deslizou as palmas das mãos até sua cintura e em seguida por cima dos ombros até o pescoço. O calor de seu toque a marcava. Incapaz de negar a sondagem de sua língua, Mairin relaxou sua boca e lhe permitiu deslizar dentro. Quente e áspera. Tão pecaminosa. Era uma sensação indecente, que tinha certeza que devia negar, mas não podia. A tentação de prová-lo era forte. Tão forte que ela não conseguia controlar. Timidamente,roçou a língua nos lábios dele. Ewan gemeu e imediatamente ela recuou, com medo de ter feito algo errado. Mas ele a puxou de volta e capturou sua boca mais uma vez, de forma voraz que a deixou sem fôlego. — Faça isso de novo. – ele sussurrou. – Sinta-me. Mairin tentou novamente, lambendo o lábio inferior. Ele relaxou a boca contra a dela, abrindo-a mais para ela ter acesso. Sentindo-se mais corajosa, empurrou a língua para frente, quente e úmida. Estremeceu ao sentir a carnalidade pura de algo tão simples como um beijo. Sentiu-se vulnerável, enquanto ele saciava seu desejo mais e mais. Dessa vez, Mairin queimava por ele. Ela o queria em cima dela, seu corpo cobrindoa. Sentiu-se agitada e ansiosa, sua pele se arrepiando. —Desta vez eu vou despi-la da maneira correta. – ele sussurrou, enquanto caminhava para a cama. Mairin franziu a testa, confusa. Ewan não estava fazendo direito, de novo. Será que sempre teria que ensiná-lo? — Eu deveria despir você. É meu dever. – ela disse. Ele sorriu. — Só será seu dever quando eu disser que é. Esta noite tenho a intenção de despi-la e aproveitar cada momento. Você merece ser cortejada lentamente, moça. Será sua noite de núpcias outra vez. Seu eu pudesse voltar e fazer tudo diferente, eu faria. Mas lhe darei o melhor, e darei esta noite. A promessa em sua voz a fez tremer. Mairin piscou quando ele baixou seu vestido sobre um ombro e em seguida beijou a curva do pescoço. Cada centímetro de sua pele que ele descobria, beijava, deslizando seu vestido, deixando-a nua sob seu olhar. Então retirou o resto de suas roupas e jogou aos seus pés.
— Você é linda. – ele murmurou, seu hálito quente sussurrando ao longo de sua carne. Ewan segurou um dos seios, apertando-o. Os mamilos se contraíram, enviando ondas através de seu ventre. Então ele se inclinou e passou sua língua sob o mamilo ereto. Os joelhos dela se dobraram e Mairin caiu contra a cama. Ewan riu levemente e a seguiu. Com um pequeno empurrão, pairou sobre ela, grande e forte. Olhou tão descaradamente para sua nudez que Mairin puxou os lençóis para não sentirse tão vulnerável. Ele segurou a mão dela, e olhou-a nos olhos. — Não se cubra, moça. Você é um espetáculo. Nenhuma outra se compara a você. – Ewan passou um dedo sobre a curva de sua cintura até os quadris. Voltou então até esfregar os mamilos endurecidos. – Você tem a pele suave como a mais fina seda. E seus seios... eles me lembram melões maduros à espera de serem provados. Ela tentou respirar, mas seus pulmões queimaram com o esforço. Cada respiração ficava mais difícil. Ofegou superficialmente, sentindo-se mais tonta a cada minuto que passava. Ele se afastou da cama e, por um momento, Mairin entrou em pânico. Onde estava indo? Mas Ewan começou a tirar as roupas de forma mais impaciente do que quando a despiu. Tirou as botas, a túnica e as calças, jogando-as por todo o quarto. Inevitavelmente, ela o olhou. Não poderia desviar o olhar mesmo se quisesse. Havia algo intensamente hipnotizante sobre os contornos do corpo dele. Cicatrizes, algumas antigas, outras muito mais recentes riscavam caminho em sua pele. Não havia um único pedaço de carne fora de sua visão. Duros músculos sobre o peito e até mesmo o abdômen, onde tantos homens ficam flácidos com a idade. Este era um homem forjado no fogo da batalha. Engolindo em seco, deixou seu olhar cair sob a junção das pernas dele, curiosa para ver a parte que lhe tinha causado tanta dor. Arregalou os olhos com a visão dele se projetando tão duro e tão... grande. Começou a dar passos para trás, de volta para a cama, antes de sequer perceber o que estava fazendo. — Não tenha medo. – ele murmurou. – Não vou machucá-la desta vez, Mairin. — Você não vai? Ele sorriu. — Não. E você vai gostar. — Eu? — Sim, moça, você vai. — Tudo bem. – sussurrou. Beijou seus lábios, ternos e quentes. Era uma ideia ridícula, mas Ewan a fez se sentir tão protegida e acarinhada. Ele continuou a beijá-la, deslizando sua boca para baixo da linha de sua mandíbula e depois para o pescoço e a pele sensível abaixo da orelha. Parou ali um momento e sugou antes de roçar os dentes no lóbulo. — Oh!
Sentiu-o sorrir contra seu pescoço, mas nunca afastou a boca. Ao contrário, baixava ainda mais, traçando um caminho até ficar perigosamente perto de seus seios. Lembrando-se de sua reação quando Ewan lambeu seu mamilo,Mairin encontrou-se arqueando-se para ele. Ele não hesitou. Seus lábios fecharam-se em torno de um mamilo e ele chupou lentamente. Ela curvou as costas e suas mãos voaram para agarrar os cabelos dele. Oh, santos, e sensação era maravilhosa. Ele mamou, dando voltas no rígido botão e depois suavizou-se. Sua língua circulou a carne sensível e os dentes mordiscavam levemente, persuadindo o botão a ficar ainda mais duro. — Doce. Tão doce. – ele disse, enquanto movia a boca para o outro seio. Mairin suspirou e som que saiu de sua garganta parecia truncado. O frio do quarto já não a incomodava mais. Quando ele chupou seu outro seio, seus dedos deslizaram para baixo, acariciando-a por um momento antes de cuidadosamente seguir até o encontro de suas coxas. No momento em que o dedo dele deslizou através de suas dobras, Mairin ficou tensa. — Shhh, moça. Relaxe. Só lhe darei prazer. Seu dedo encontrou um ponto particularmente sensível onde começou a esfregar levemente em um movimento circular. Ela engasgou e então apertou os olhos quando foi bombardeada pelo prazer mais intenso. Assim como ele prometeu. Sentiu uma dor curiosa correr pelo seu corpo. Seus músculos ficaram tensos. Débil. Era assim que se sentia. Como se estivesse prestes a cair da montanha mais alta. — Ewan! Seu nome saiu de seus lábios e nos recantos de sua mente embaçada, ela percebeu que era a primeira vez que o usou. Ele se jogou sobre seu mamilo e a mão dela se apertou nos cabelos dele. Percebeu que ainda segurava a cabeça dele com muita força. Mas precisava segurar alguma coisa. Ewan pressionou a língua na pele dela e lentamente foi descendo, fazendo um rastro úmido pela sua barriga. Ele traçou uma trilha preguiçosa em torno do umbigo e então, para a total surpresa dela, desceu ainda mais, movendo seu corpo para baixo, aproximando-se do local onde os dedos a tinham acariciado. Ewan não faria isso. Certamente que não. Uma coisa tão indecente. Oh, mas ele fez..., Sua boca encontrou seu calor em um beijo forte e carnal, que fez todos os músculos de seu corpo se contorcerem e convulsionarem como se tivesse sido atingida por um raio. Mairin tinha que dizer a ele que não deveria. Deveria dizer que não podia. Ensiná-lo a maneira correta de fazer as coisas, mas céus, ela não podia pensar em qualquer outra coisa além de continuar. Por favor, não pare. — Não vou parar, moça. – ele murmurou contra sua carne mais íntima. Mairin posicionou as pernas rígidas ao redor dele, mas Ewan gentilmente as colocou de volta ao seu lado. — Relaxe. Mairin tentou. Oh, ela tentou, mas a boca continuava deixando-a tonta. E então, a língua lambeu-a, tão quente e erótica. O prazer indescritível subiu pelo seu ventre enquanto Ewan lambia sua entrada.
Sua visão ficou turva e ela torceu os dedos, segurando o lençol. Já não tinha mais controle sobre seu corpo. Arqueou-se, irracionalmente, e suas pernas tremiam, perdida nas sensações. —Ah, moça. Você está pronta para mim. A voz dele estava rouca e quase desesperada. Mairin olhou para baixo para vê-lo observando-a com olhos selvagens e brilhantes. — Estou? – ela ofegava. — Sim, você está. Moveu-se para cima do corpo dela com uma velocidade que a surpreendeu. Ewan segurou suas nádegas com uma mão e se colocou entre suas pernas. Podia senti-lo, quente e incrivelmente duro, aninhado contra sua abertura. Então, inclinou-se e fundiu seus lábios com os dela. Desta vez, Mairin não hesitou, nem pensou em ensiná-lo a beijar da maneira correta. Abriu a boca e o devorou antes que ele tivesse chance de pedir. — Segure-se em mim. – Ewan disse asperadamente entre os quentes beijos de boca aberta. Mairin colocou os braços em torno de seus ombros e cavou seus dedos em suas costas. Beijou-o. Provou-o. Absorveu a respiração dele com cada fôlego. Antes que percebesse, Ewan ergueu seus quadris e deslizou dentro dela alguns centímetros. Mairin sentiu-se esticar para acomodá-lo e depois se perguntou como foi capaz de fazê-lo. Ele a beijou novamente e então descansou sua testa contra a dela. Seus olhos estavam tão próximos que tudo o que ela podia ver era o fino círculo verde que rodeava as pupilas escuras. — Relaxe. – ele disse novamente. – Não vou machucá-la. Mairin ergueu os lábios para ele. Desta vez, suas bocas se encontraram em uma dança delicada, com toques de ternura. — Eu sei. E ela sabia. De alguma forma, sabia que dessa vez seria diferente. Não havia pressa. Nenhum choque desagradável para seus sentidos. O corpo dela se fundia ao dele, rendendo-se ao seu poder e sua necessidade. Ewan avançou os quadris lentamente. Abrindo-a, deslizando mais fundo. A plenitude a oprimia, mas não era dor ou surpresa que abalavam seu corpo. — Quase lá. – ele sussurrou. Mairin arregalou os olhos quando o sentiu ainda mais fundo e depois parou, tão enterrado dentro que ela sequer conseguia respirar. Cercou-a, envolvendo-a em seus braços, segurando-a tão perto quando começou a se mover em um ritmo lento e sedutor. Os músculos das costas dele ondulavam a cada arremetida. Os dedos de Mairin dançaram por toda a pele de Ewan, procurando algo para ancorar como se estivesse a deriva em uma tempestade. Ele aumentou os movimentos, mais forte, mais rápido. Seus gemidos se misturavam no ar pesado com o cheiro de amor. — Enrole suas pernas em volta de mim. – ele orientou. – Abrace-me forte, moça.
Mairin envolveu seu corpo inteiro em torno dele, até que teve certeza de estavam tão entrelaçados que nunca mais se separariam. A sensação de queimação aumentou até que ela se mexeu inquieta, frenética por... liberação. A respiração doía, então não respirava, e seu peito protestava. Viu-se atingida por algo que não sabia explicar. E então, se desfez. Gritou, ou tentou gritar, mas sua boca estava fechada. Os lábios de Ewan estavam contra os dela e ele engoliu seu grito frenético. Mairin não tinha nenhum controle sobre seu corpo. Não conseguia pensar. Só podia sentir, impotente para fazer qualquer outra coisa, a não ser deitar-se nos braços de Ewan enquanto ele murmurava palavras suaves contra seus ouvidos. Totalmente perplexa com o que tinha acontecido, fixou os olhos em seu marido que tinha agora uma expressão de agonia. Ele deu mais um poderoso impulso, enterrando-se profundamente dentro de seu corpo. Em seguida, caiu em cima dela, pressionando-a contra o colchão enquanto lhe dava sua semente. Mairin aninhou seu rosto contra a garganta dele, ficando ali por um tempo, completamente saciada. Ewan descansou sobre ela por mais alguns minutos até que finalmente ergueu-se e rolou para o lado. Ele a puxou entre seus braços e acariciou seus cabelos. Então pressionou um beijo em sua têmpora e descansou sua face contra a cabeça de Mairin. A mente dela estava ainda confusa e não conseguia entender o que tinha acontecido. Só uma coisa martelava fortemente em seus pensamentos. — Ewan? – ela sussurrou. Ele levou um tempo para responder. — Sim, moça? — Eu estava errada. Ewan se mexeu, esfregando o rosto contra o dela. — Estava errada sobre o quê? — Você é muito hábil no amor. Ele riu e abraçou-a apertado contra ele. Bocejando amplamente, Mairin se aconchegou mais em seus braços e fechou os olhos.
Capítulo 16 Quando Mairin acordou, estava momentaneamente desorientada. Ela piscou, afastando a imprecisão. Ainda sentia a cabeça pesada, mas seu corpo, embora um pouco duro e dolorido, estava surpreendentemente quente e saciado. Como ela gostaria de uma imersão prolongada em uma banheira de água. A luz entrava através da janela que já estava com as cortinas abertas. A altura do sol lhe dizia que dormiu mais do que pretendia. Gertie não ficaria satisfeita e Mairin teria que esperar até a refeição do meio-dia. Aliás, parecia que já era meio-dia. Lembrou-se da noite passada. O calor que sentia embaixo de seu abdômen a queimava até fazer suas faces corarem. Sentou-se e então percebeu que estava completamente nua. Mairin agarrou as cobertas da cama e puxou-as até o queixo, deitando-se. Estava sozinha no quarto. Ninguém iria vê-la. Ainda assim, pulou da cama e vestiu apressadamente suas roupas. Seu cabelo estava em desordem e uma sensação em suas faces mostrava-lhe que ainda estava corada. Ela realmente disse ao laird que ele não era um amante hábil. Sim, e ele mostrou que ela estava errada. Fez coisas que Mairin nunca imaginou duas pessoas fazendo. Sua boca... sua língua. Ela corou mais uma vez e fechou os olhos de vergonha. Como poderia encará-lo novamente? Mairin adorava a madre Serenity. Confiava mais nela do que nas outras. A abadessa foi muito boa para ela. E paciente. Sim, ela teve paciência de Jó quando Mairin lhe pediu que tirasse certas dúvidas. Mas estava claro que a abadessa deixou de fora certas coisas sobre o amor. E sobre o beijo. Mairin franziu a testa enquanto pensava nas diferenças entre o que mulher lhe ensinou e a realidade surpreendente da cama. Se a abadessa ensinou errado sobre beijar... e amar... o que mais poderia ter errado? Mairin se sentiu ignorante e lamentavelmente mal informada. Nunca esteve chocada com a própria ignorância, então decidiu procurar saber sobre o assunto. Christina... Bem, ela era muito jovem. E solteira. Gertie. Mairin se assustou pelo modo como reclamava a todo o momento. Além disso, ela provavelmente só riria de Mairin e a expulsaria da cozinha. Talvez Maddie. Ela era mais velha, e conhecia mais do mundo. Alem disso, tinha um marido, então certamente poderia dar algumas dicas sobre o amor. Sentindo-se melhor, escovou seus cabelos e os trançou. Saiu do quarto e desceu as escadas. Para sua decepção, Cormac a estava esperando no corredor. Assim que Mairin entrou, ele se levantou e saiu atrás dela. Ela lhe lançou um olhar decepcionado, mas ele simplesmente sorriu e ofereceu-lhe um cumprimento. Decidiu fingiu que o homem não estava lá e se dirigiu para a cozinha para enfrentar a ira de Gertie. Quando chegou à porta, ouviu um barulho e o horrível bater de panelas. A voz de Gertie subia acima do barulho, gritando de descontentamento com uma das empregadas. Talvez tivesse chegado a tempo de conseguir um pequeno almoço tardio.
— Cormac? — Sim, senhora. — É hora do almoço? Confesso que dormi até mais tarde esta manhã. Não dormi bem na noite passada. – ela se apressou a dizer. Não queria que Cormac tivesse ideia do motivo de seu atraso. Ele sufocou um sorriso com as costas da mão e depois a olhou com uma expressão mais séria. Mas seus pensamentos estavam claramente escritos em seu olhar complacente. — Ele provavelmente se vangloriou para todos. – ela murmurou. — Desculpe, minha senhora? – Cormac disse enquanto se inclinava para frente. — Nada. — Já é quase hora do almoço. Se você quiser, peço a Gertie alguma coisa para comer agora. Seu estômago roncou com a sugestão de comida, mas Mairin olhou cautelosa para a cozinha. — Não, posso esperar. Tenho outras coisas para fazer. Saiu com passos determinados, esperando que Cormac entendesse a dica para desaparecer. Mas ele a perseguiu com passos firmes, acompanhando-a quando desceu para a torre. Foi recebida por cintilantes raios de sol que a aqueceram, apesar do frio. Não se lembrou do xale que Maddie deixou para ela e relutante resolveu voltar para buscá-lo. A menos que... Virou-se para Cormac com um doce sorriso. — Deixei meu xale no quarto do laird e agora estou com frio. Você poderia buscá-lo para mim? — Claro, minha senhora. Você não pode ficar resfriada. O laird não gostaria nada disso. Espere aqui e voltarei em um momento. Mairin ficou parada até o momento que ele desapareceu dentro do castelo. Então, correu rápida, cuidando para evitar o pátio. No caminho, parou duas mulheres e perguntou se sabiam onde encontrar Maddie. Depois de saber que Maddie estava em sua casa, Mairin correu para a fileira de cabanas que ladeavam o lado esquerdo da torre. Quando parou na porta de Maddie, respirou fundo e bateu. Um momento depois, a mulher abriu a porta surpresa ao vê-la. — Minha senhora! Existe algo que eu possa fazer para ajudá-la? Mairin olhou por cima do ombro para se certificar de que Cormac não estava atrás dela. — Não. Quero dizer, eu esperava que você pudesse me explicar certas coisas. – Mairin disse em voz baixa. – Em particular. Maddie recuou e fez um sinal para Mairin entrar. — É claro. Entre. Gostaria de um refresco? Estava aquecendo um ensopado de coelho sobre o fogo. Meu marido gosta de uma boa tigela de sopa quente para seu almoço, mas não chegou ainda. A barriga roncando a lembrou que perdeu o café da manhã. — Se não for incomodar. Dormi demais nessa manhã. – Mairin disse. Maddie sorriu e gesticulou para Mairin segui-la. — Ouvi dizer que Gertie está com um péssimo humor esta manhã.
Mairin assentiu. — É verdade. Temia pela minha vida se me aventurasse a pedir o café da manhã. Maddie puxou uma cadeira e pediu para Mairin se sentar. Entregou a ela uma tigela com cozido e sentou-se à mesa. — Agora, minha senhora, o que gostaria de saber? Antes de Mairin abrir a boca, uma batida soou na porta da frente. Maddie franziu a testa mas se levantou para ver quem era. Um momento depois, ela voltou com Christina e Bertha, que arregalaram os olhos quando viram Mairin sentada à mesa de Maddie. — Oh, minha senhora. – Christina exclamou. – Nós estávamos vindo saber se Maddie sabia de seu paradeiro. Cormac está colocando o castelo de pernas para o ar tentando encontrá-la. Mairin soltou um suspiro. — Eu o convenci a buscar meu xale para que pudesse procurar Maddie e pedir alguns conselhos. É assunto particular. E não é apropriado aos ouvidos de Cormac. Bertha sorriu amplamente. — Então, precisamos dizer-lhe onde você está. Mairin acenou concordando e esperou que as duas mulheres partissem, mas ambas sentaram-se à mesa de Maddie e Bertha inclinou-se com interesse. — O que gostaria de saber, minha senhora? Estamos todas dispostas a ajudá-la. Agora é nossa senhora. — Mas nossa senhora quer conversar em particular. – Maddie repreendeu. Mairin concordou. — Sim, é um assunto delicado. O calor tomou seu rosto e ela teve certeza que estava com as faces em chamas. — Ah, assunto de mulher. – Bertha disse conscientemente. – Pode nos dizer, moça. Somos muito discretas. Maddie concordou enquanto Christina a olhava com perplexidade. — Bem. – Mairin começou com relutância. – Talvez fosse melhor ter mais de uma opinião sobre o assunto. Na verdade, estou um pouco confusa com informações inconsistentes. Vejam, a madre Serenity me ensinou sobre as formas de amar. — Oh, Senhor. – Bertha murmurou. – Moça, não me diga que você recebeu instruções de uma abadessa velha. Mairin olhou assustada para a outra mulher. — Para mim, a madre Serenity conhecia todas as coisas. Não mentiria para mim. Acho que, talvez, eu tenha confundido algumas de suas instruções. Havia tantas, sabem como é. Maddie balançou a cabeça e emitiu um ‘tsc’ através dos dentes. — Diga-nos o que você quer saber, filha. Posso assegurar que sua madre Serenity, embora bem intencionada, não poderia ter dito tudo.
— Bem, ela me ensinou sobre o beijo, e o laird... – ela interrompeu-se, envergonhada com a ideia de dizer em voz alta seus pensamentos. — Vá em frente. – desta vez, Christina se inclinou para frente, com os olhos arregalados de curiosidade. — Bem, ele usou a língua. A madre Serenity nunca disse nada sobre o uso da língua no beijo. Ela foi bastante explícita sobre o assunto. Maddie e Bertha riram e trocaram olhares. — Diga-me, moça, você gostou de beijar o laird, não é? – Maddie perguntou. Mairin assentiu. — Sim, eu gostei, tenho que admitir. Eu também usei a minha. Foi muito... ardente. Eu não entendo nada disso. —Beijos de língua? – os olhos de Christina se arregalaram. Maddie franziu a testa e olhou para Christina. — Moça, você é muito jovem para essa conversa. Por que não fica lá fora e vigia Cormac. Mairin viu Christina se entristecer, mas não discutiu. A jovem se levantou e saiu da sala. Somente quando ouviu o som da porta fechando-se, elas voltaram a atenção para Mairin. — Isso é tudo o que você quer saber? – Maddie perguntou. Mairin mexeu-se em sua cadeira e perguntou-se se não devia abandonar a ideia e voltar para o castelo. — Vamos, moça. – Bertha disse com uma voz gentil. – Pergunte-nos o que você quiser. Nos não inventaremos histórias para você. Mairin limpou sua garganta. — Bem, disse ao laird que ele não era um amante habilidoso. Ambas as mulheres pareciam tão chocadas que Mairin lamentou ter contado isso. Em seguida, elas caíram na gargalhada. Riram durante um longo tempo até enxugarem as lágrimas que escorriam pelo rosto. — E como o laird reagiu? – Maddie perguntou tentando tomar fôlego. — Não muito bem. – Mairin resmungou. – Mais tarde eu lhe disse que estava errada. Bertha sorriu. — Ah, e você estava errada, não estava? Maddie concordou. — Ele provou que você estava errada, não foi? Não fique chateada com ele por causa do dia do casamento, moça. Foi sua primeira vez. Não havia muito que ele pudesse fazer para ajudá-la. Foi melhor resolver tudo logo. — Mas ele... — Ele o quê? – Bertha perguntou. — Foi indecente. – Mairin murmurou.
Maddie sufocou o riso com a mão, mas seus olhos brilhavam alegremente. — Mas você gostou, não é? — Sim. – Mairin admitiu. – Ele fez coisas... —Que tipo de coisas? — Bem, ele usou a sua boca. – Mairin se inclinou e sussurrou. – Lá embaixo. E nos meus... — Seus seios? – Bertha perguntou. Mairin fechou os olhos, envergonhada e assentiu. As duas mulheres riram e se recostaram em suas cadeiras. — Parece que o rapaz fez direito, então. – Maddie disse, com aprovação em sua voz. – Você é uma moça de sorte por ter um homem hábil em sua cama. Nem todas as mulheres conseguem isso. Mairin franziu o cenho. — Não? Bertha sacudiu a cabeça. — Não diga a ninguém o que vou lhe contar, mas meu Michael, bem, ele levou alguns anos para aprender alguma coisa. Se não fossem algumas conversas com mulheres mais velhas, não estou certa de que teria conseguido. — Oh, sim, foi a mesma coisa com o meu Ranold. – Maddie disse. – Ele estava sempre com tanta pressa... Não mudou até eu ameaçar não deitar mais com ele. A cabeça de Mairin estava girando. Assuntos tão íntimos não pareciam incomodar as duas mulheres. Mairin,por outro lado, pedia para que a terra a engolisse. Maddie alcançou a mão de Mairin. Apertou-a e ofereceu à moça um sorriso. — Deixe-me dar alguns conselhos, moça. Se não se importar que uma velha os ofereça. Mairin apenas balançou lentamente a cabeça. — Não basta seu homem ser habilidoso na cama. Você também precisa saber algumas coisas. Bertha acenou a cabeça com veemência. — Sim. É verdade. Se mantiver seu homem satisfeito no quarto, ele não terá nenhum motivo para desviar-se. — Desviar-se? – Mairin olhou para elas com horror. – Vocês estão sugerindo que o laird pode ser infiel? — Não, claro que não. Mas é fato que é melhor prevenir do que remediar. Não quer ver seu laird satisfeito? Os homens são muito mais obedientes quando estão saciados. Maddie deu um tapinha no ombro de Bertha e riu. — Sim, isso é verdade. O melhor momento para pedir algo é logo após uma noite de amor. Obediente. Isso era bom. Mairin gostou dessa ideia. E agora que a sugestão da infidelidade de Ewan perturbava seus pensamentos, ela não podia se abalar. — Que coisas eu deveria saber? – Mairin perguntou.
— Bem, ele usou a boca em você. Sabe, lá embaixo. – Bertha disse com um brilho nos olhos. – Você pode fazer o mesmo com ele, moça. Garanto que ele se tornará selvagem. Mairin teve certeza que sua ignorância estava estampada em seu rosto. E seu horror. Começou a dizer algo, mas a imagem do que Bertha descreveu apareceu diante de seus olhos e ela não conseguiu falar. — Como...? – não poderia terminar a pergunta. O que devia perguntar? — Você já chocou a moça. – Maddie disse com censura. Bertha deu de ombros. — Para não desperdiçar tempo temos que ir direto ao ponto. A moça tem que aprender com alguém. Sua madre Serenity certamente não lhe fez nenhum favor. Maddie colocou a mão em Mairin. — O que Bertha quis dizer é que um homem gosta de ser beijado... lá embaixo. Em seu pênis. Bertha bufou. — Diga a ela direito, Maddie. Um homem gosta de ser chupado. Mairin tinha certeza que ficou roxa de vergonha. Beijar? Chupar? — Você gostou bastante, não gostou, moça? – Bertha perguntou. – Para um homem não é diferente. Ele gosta de ser tocado e acariciado com as mãos de uma moça, com sua boca e sua língua. Era verdade. Mairin havia gostado de sentir Ewan tocando-a. E seus beijos. Ele era muito habilidoso com a língua. Sim, gostava de sua língua, mesmo quando fez coisas indecentes com ela. — Colocar minha... minha... na boca... – ela não teve coragem de dizer. – Isso não é decente, com certeza! Bertha revirou os olhos e Maddie riu. — Não há muita decência em fazer amor. Se for decente, não é tão bom. Bertha balançou a cabeça, os lábios se apertando enquanto olhava para cima e para baixo. — Não há nada de errado com uma brincadeira agradável e obscena. Mairin mal podia acreditar no que estava ouvindo. Pensaria sobre este assunto. Antes que pudesse agradecer a Maddie e Bertha pelos seus conselhos, uma batida na porta assustou as mulheres. Maddie levantou-se e foi até a porta e Mairin e Bertha foram atrás dela. Mairin já imaginava quem poderia estar do lado de fora, mas quando Maddie a abriu, era pior do que temia. Não era Cormac quem a esperava. Ewan estava com Caelen, os braços cruzados sobre o peito, uma carranca sombreando suas feições. Christina ficou ao lado, com os olhos na defensiva. — Espero que você possa se explicar. – Ewan exclamou.
Capítulo 17 Em vez de atender o marido, Mairin virou-se para Maddie e Bertha, oferecendo uma educada reverência. — Obrigada pelos seus conselhos. Quando se virou novamente, Ewan ainda a olhava com hostilidade enquanto Caelen estava irritado por ter sido chamado para localizá-la. Ela tentou andar, mas Ewan a barrou na porta da casa de Maddie. Mairin o empurrou, mas nada conseguiu. Finalmente, ela recuou. — Queria falar comigo, laird? Ewan suspirou e pegou o braço dela em suas mãos não tão gentis, puxando-a para ele. Mairin tropeçou e teve que correr para acompanhá-lo, senão seria arrastada por seu marido furioso. Olhou por cima do ombro e viu Caelen seguindo-os de perto. Lançou-lhe um olhar descontente na esperança de que ele desaparecer, mas Caelen não parecia impressionado com seu silencioso pedido de privacidade. Finalmente Ewan parou há alguns metros da casa. Pairava sobre ela como um guerreiro vingador em busca de sangue. Embora o enfrentasse bravamente, uma parte dela sentiu-se minúscula. Ele estava com raiva. Não apenas zangado. Mas furioso. Levaram alguns instantes e repetidos tentativas antes de ser capaz de repreendê-la. Abriu e fechou a boca várias vezes, e desviou o olhar, como se tentasse controlar seu temperamento. Mairin esperou recatadamente, com as mãos juntas e olhou para ele com os olhos arregalados. — Nem sequer olhe para mim dessa maneira. – Ewan rosnou. – Você me desobedeceu. Novamente. Penso em trancá-la em nosso quarto. Para sempre. Quando ela não respondeu à ameaça, Ewan estourou. —Bem? Que explicação vai me dar para fazer Cormac prontamente deixar sua escolta? — Eu precisava falar com Maddie. – Mairin disse. Ewan olhou para ela por um longo momento. — Só isso? Você não só ignorou meu pedido, mas agiu com total desconsideração por sua segurança, porque precisava falar com Maddie? — Era um assunto delicado. – Mairin se defendeu. Ewan fechou os olhos e seus lábios moviam-se em silêncio. Ele estava contando? Não fazia sentido praticar matemática àquela hora. — E não poderia ter levado Cormac até a casa de Maddie? Ela o olhou com horror. — Não! Claro que não. Não era uma questão para um homem ouvir. Era um assunto particular que não queria discutir na frente dos outros. Ewan olhou para o céu.
— Ele poderia ter esperado fora da casa. — Ele poderia ter ouvido através da janela. – Mairin murmurou. — Meu tempo é valioso demais para gastar vasculhando o castelo cada vez que você decidir que precisa ter uma conversa particular com outras mulheres. – Ewan declarou. – A partir de agora, você será escoltada por um de meus irmãos ou meus comandantes. Se persistir com suas ações, será confinada ao quarto. Compreendeu? Caelen não parecia mais satisfeito que ela com o que Ewan disse. Era evidente que ficou horrorizado com o fardo que Ewan lhe deu. — Eu perguntei se você entendeu? Mairin relutantemente concordou. Ewan virou-se e apontou para Caelen. — Você fica com Mairin. Tenho assuntos urgentes para atender. Caelen lançou um olhar irritado para Mairin e ela lhe mostrou a língua enquanto Ewan se dirigia ao pátio. O cunhado cruzou os braços sobre o peito e olhou para Mairin. — Talvez fosse melhor você voltar ao castelo e almoçar. — Oh, mas não estou mais com fome. – Mairin disse alegremente. – Maddie gentilmente me serviu um delicioso prato de guisado de coelho. Caelen fez uma careta. — Então, talvez devesse ir para seu quarto tirar uma soneca. Uma longa soneca. — Mairin! Mairin! Mairin voltou-se na direção da voz de Crispen para vê-lo correndo com outras três crianças. — Mairin, venha brincar conosco. – Crispen disse, puxando sua mão. – Nós estamos apostando corrida e precisamos de você para julgar. Ela sorriu e o seguiu. Caelen suspirou alto e acelerou seu passo para acompanhá-los, mas Mairin não lhe deu atenção. Se ele tivesse que vigiar cada passo seu, então faria de tudo para fingir que não estava lá. Riu com a ideia de ignorar a presença de um homem do tamanho de Caelen. Ele era tão feroz e musculoso quanto qualquer outro dos guerreiros de Ewan e pairava atrás dela como uma árvore gigante. Não, ela não conseguiria fingir que ele não a estava seguindo, mas poderia ignorá-lo. Olhou para a expressão zangada no rosto dele e se sentiu culpada. Mairin franziu o cenho. Não poderia sentir-se culpada. Não por querer um pouco de liberdade, agora que estava fora da abadia. Mas, assim mesmo a culpa cresceu até que estava torcendo as mãos enquanto seguia Crispen e as outras crianças. Parou de repente e se virou para Caelen. — Decidi cooperar e deixar você me escoltar pelo castelo.
Caelen arqueou uma sobrancelha em descrença. — E espera que eu acredite que você vai humildemente se submeter às ordens de Ewan? Ela balançou a cabeça pesarosamente. — Fui injusta. Ofereço minhas desculpas. Não é sua culpa se o laird não é razoável. A culpa é minha. Você está apenas cumprindo o seu dever. Eu deveria me esforçar para tornar mais fácil e não mais difícil esta tarefa para você. Tenho consciência do fardo que sou. Se esperava que ele refutasse a ideia de que era um fardo, ficou muito desapontada. Caelen simplesmente olhou para ela com uma expressão entediada. — De qualquer forma, dou minha palavra que não recorrerei a nenhum outro truque, outra vez. – ela disse solenemente. Voltou-se para as crianças que estavam discutindo sobre quem seria o primeiro na corrida. Ela entrou na briga, rindo e movendo as mãos ansiosamente. Uma hora depois, Mairin estava exausta. Quem diria que as crianças poderiam cansá-la assim? Mairin correu atrás de Crispen e inclinou-se de forma inapropriada para uma mulher. As crianças a cercaram gritando e ela voltou-se para encontrar Caelen levantando-se para encontrá-la com uma careta. — Eu deveria fazer você persegui-los. – ela gritou. – E você deveria estar me protegendo. — Protegendo, não bancando a babá de crianças. – foi a resposta concisa de Caelen. — Acho que devemos atacá-lo. – Mairin murmurou. — Oh, vamos sim! – Crispen sussurrou. — Sim, sim! – as crianças em torno deles gritavam. Mairin sorriu como a ideia. A imagem do guerreiro no chão implorando misericórdia seria um espetáculo para ser visto. — Tudo bem. – ela sussurrou. – Mas temos que ser rápidos. — Como guerreiros! – Robbie exclamou. — Sim, como guerreiros. Como o pai de vocês. – acrescentou. Os meninos estufaram o peito, mas as meninas pareciam descontentes. — E quanto a nós, Mairin? – Gretchen, uma menina de oito anos, perguntou. – Meninas também podem ser guerreiros? — Não, elas não podem. – Crispen respondeu com uma voz chocada. – Lutar é para homens. Meninas devem ser protegidas. Meu pai disse isso. Os olhares das meninas eram assassinos. Para evitar uma guerra civil entre as crianças, Mairin as reuniu por perto. — Sim, as meninas também podem ser guerreiros. Prestem atenção no que vamos fazer. Juntou as crianças e sussurrou instruções. Os meninos não ficaram felizes com seus papeis nos ataque. As meninas ficaram encantadas com os delas. Assim que entenderam tudo, as garotas correram em direção ao castelo. Depois voltaram silenciosamente deslocando-se por trás de Caelen. Este estava
distraído com os meninos fazendo arruaça na sua frente. Ele olhou desconfiado para Crispen e depois para Mairin. Ela sorriu inocentemente e esperou. Caelen nunca soube o que o atingiu. Gritando, elas o acertaram por trás. Pularam nas costas de Caelen e voaram sobre ele como uma horda de gafanhotos. Gritando de surpresa, Caelen caiu em meio a um emaranhado de braços e pernas. Os meninos não ficaram atrás e também saltaram em cima do cunhado de Mairin. Depois da surpresa inicial, Caelen revidou com graça. Ele riu e lutou com as crianças, mas finalmente foi forçado a pedir misericórdia. Jogou os braços para cima, rindo, oferecendo rendição. Mairin ficou surpresa com a mudança no guerreiro. Não tinha certeza se já o tinha visto sorrir, muito menos gargalhar com prazer. Ela olhou e viu como Caelen era bom com as crianças. E pensar que imaginou que teria de intervir rapidamente para salvá-las de sua raiva. — Caelen, Crispen disse que as meninas não podem ser guerreiros. Que isso é coisa de meninos. Que os guerreiros devem proteger as meninas. – Gretchen disse com desgosto. – Mas Mairin disse que as meninas também podem ser guerreiros. Quem está certo? Caelen riu. — Crispen está certo quando diz que um guerreiro deve proteger sua mulher e os mais fracos. No entanto, a senhora sabe criar uma estratégia de defesa como um guerreiro. Ela talvez veja a todos nós implorando por misericórdia antes que o mês termine. — Acho que você fala a verdade, irmão. Mairin voltou-se para ver Ewan e seus comandantes em pé a uma curta distância, olhando com diversão para a derrota de Caelen nas mãos das crianças. Mairin engoliu em seco, nervosa, certa de que estava prestes a ouvir outro sermão sobre seus deveres, mas Ewan aproximou-se e pegou uma das crianças. Gretchen sorriu para Mairin quando sentou-se no peito largo de Caelen. —Quero ser um guerreiro como nosso laird. Ora, eu bati em Robbie na semana passada. — Não! – Robbie rugiu. — Sim! Para o horror de Mairin, Robbie voou para cima de Gretchen, derrubando-a do peito de Caelen. No entanto, ela não precisava se preocupar. A menina, pelo visto, não se gabava em vão. Ela bateu mais ainda em Robbie, segurando seus braços contra o chão. Mairin suspirou e tentou evitar a guerra entre as meninas e os meninos. Ewan chegou ao mesmo tempo. Ele estendeu a mão para Robbie, enquanto ela se agachava para tirar a menina de cima do garoto. Uma dor atravessou seu corpo. Em seguida, para sua surpresa, uma flecha atingiu o chão ao lado das crianças. Ora, passou muito perto dela e Ewan! Ficou horrorizada, chocada em como esteve perto de atingir uma das crianças. Virou-se para localizar o arqueiro, mas encontrou-se com Caelen que a derrubou no chão, deitando-se sobre ela.
— Deixe-me! – ela exclamou, batendo no ombro do cunhado. – Que diabos você está fazendo? Cuide das crianças! — Fique quieta! – ele ordenou. – Ewan está cuidando das crianças. — Isso é imperdoável! – Mairin exclamou. — Como puderam ser tão descuidados? As crianças poderiam ter sido mortas! Caelen cobriu sua boca e lentamente soltou o corpo dela. Olhou ao redor e Mairin pode ver Ewan com os braços cheios de crianças enquanto ele mesmo varria a área com olhos penetrantes. Gannon e Cormac tomaram posições ao lado das demais crianças e ficaram imóveis, aguardando as ordens do laird. Ewan soltou palavrões e Mairin franziu a testa para ele por proferir blasfêmias na frente das crianças. Elas foram enviadas de volta ao castelo sob guarda pesada, enquanto Ewan olhava para Mairin. Caelen levantou-se do chão assim que Ewan chegou ao seu lado, deslizando os braços ao redor de Mairin, ajudando-a a se levantar. Antes que um deles pudesse fazê-lo, ela se abaixou e puxou a flecha do chão. Então, deu um tapa no peito de Ewan, a fúria tomando o lugar do susto. — Como pode ser tão descuidado? Eles poderiam ter matado uma de nossas crianças!
Capítulo 18 Ewan estava tão furioso com o incidente que não estava disposto a deixar que Mairin o repreendesse na frente de seus homens. — Você vai ficar calada. Ela arregalou os olhos e deu um passo para trás. Bom, a moça finalmente entendeu qual era o seu lugar. Mas, então, ela estreitou os olhos e fez uma careta feroz para ele. — Não ficarei calada. – ela disse em voz baixa. – Você deve ter um lugar seguro para as crianças brincarem e correrem livres. Não é conveniente que eles fiquem trancadas no castelo se seus guerreiros não são capazes de nos defender. Ewan tomou a flecha das mãos dela e examinou as marcas. Então, olhou novamente para Mairin. — Até eu descobrir quem é o responsável, você deixará de insultar meus homens e a mim, por pensar que eu permitiria que uma coisa dessas acontecesse. Você pode voltar ao castelo e ficar com as crianças. Cormac irá acompanhá-la. Os olhos dela brilharam de dor, mas voltou-se e saiu correndo, balançando as saias na pressa. Então, Ewan virou-se furioso para Gannon. — Você vai encontrar o homem que atirou esta flecha e trazê-lo para mim. Não só poderia ter matado uma criança, como poderia ter matado minha esposa. Embora a flecha não fosse longa, em alguém do tamanho de Mairin, poderia ser mortal. Seu olhar caiu no chão, onde Mairin esteve apenas momentos atrás. Ele franziu a testa e caiu de joelhos, tocando o solo com os dedos. Sua garganta se fechou, seu coração disparou. Havia sangue ao lado das pegadas que seguiam o caminho de Mairin. — Jesus. – ele murmurou. — O que é Ewan? – Caelen perguntou abruptamente. — Sangue. Ele se levantou e olhou para trás. — Mairin! Mairin já estava perto da escada que levava ao castelo quando ouviu o grito de Ewan. Ela estremeceu e se virou. O único problema era que o mundo não parava de girar. Balançou-se precariamente e piscou para tentar se equilibrar. Estranho, mas os joelhos tremiam e sentia-se fraca. Antes que percebesse, estava ajoelhada no chão, olhando para o marido correndo até ela como um anjo vingador. — Oh, querido. – ela murmurou. – Agora realmente o deixei irritado. Mas ele não parecia zangado. Parecia... Preocupado. Correu até ela e caiu de joelhos na sua frente. Gannon veio logo atrás do laird, também demonstrando preocupação. Até Caelen tinha algo diferente em sua expressão usual de tédio. Suas sobrancelhas estavam unidas e olhava para Mairin como se procurasse algo. — Por que estamos ajoelhados no chão, laird? – ela sussurrou.
— Preciso levá-la ao quarto, moça. – Ewan disse como se estivesse falando com uma criança. Mairin franziu o cenho quando sentiu uma dor esfaqueando-a. Tentou colocar as mãos onde sentia o desconforto, mas o laird pegou-a pelos ombros com as mãos gentis. — Mas, por quê? Certamente você não pode... - ela se inclinou e sussurrou com urgência. – Não é hora para amar, Ewan. Estamos na luz do dia. Ora, é pouco mais de meio dia. Ele a ignorou e se inclinou para levantá-la do chão. Mairin caiu com um baque contra ele, sentindo outra pontada de dor. Ofegou e lágrimas brotaram de seus olhos. — Sinto muito, moça. – ele disse rispidamente. – Não quis machucá-la. Talvez não fosse má ideia levá-la para o quarto porque subitamente se sentia tão cansada que não conseguia manter os olhos abertos. — Se você parasse de gritar, eu poderia dormir. – disse irritada. — Não, moça. Não pode dormir agora. Ainda não. Preciso que fique acordada para que eu possa avaliar seu ferimento. Ewan voltou-se novamente, desta vez ordenando a alguém para buscar a curandeira. Curandeira? Ela não precisava de curandeira. Precisava era de um bom e longo cochilo. Já havia dito isso ao laird. Mas ele a ignorou, levando-a para seu quarto onde a deitou na cama. Mairin estava quase fechando os olhos quando Ewan começou a tirar suas roupas. Abriu os olhos e bateu nele com as mãos. — O que está fazendo? Ewan parecia sombrio enquanto olhava para ela. — Você foi ferida. Agora, deixe-me tirar sua roupa para ver onde. — Ferida? Bem, ela sentia uma forte dor no lado de seu corpo. — A flecha deve ter atingido você. – ele disse. – Havia sangue no chão onde você estava. Sente dor em algum lugar? — Aqui do lado. Dói muito, agora que você mencionou. Quando Ewan colocou os dedos no local que ela indicou, Mairin soltou um gemido. Ele fez uma careta. — Tenha paciência. Sinto muito, mas tenho que ver como está esse ferimento. Pegou uma faca da cintura e rasgou a lateral do vestido. — Você está sempre arruinando minhas roupas. – ela disse, tristemente. – Em pouco tempo, não terei nada para vestir a não ser minha camisola. — Darei um vestido novo para você. – murmurou. Rapidamente abriu o vestido com a faca e virou-a de lado para examinar a ferida. — Ah, moça, você foi atingida por uma flecha. — Fui atingida? – ela gritou – Mas como um de seus homens atirou em mim? Gostaria de sabe quem é. Planejo colocar seu traseiro nas panelas de Gertie.
Ewan riu. — Não é tão ruim, mas você ainda está sangrando. Vai precisar de pontos. Ela ficou completamente imóvel. — Ewan? — Sim, moça. — Não deixe que ninguém use uma agulha em mim. Por favor. Você disse que não é tão ruim. Não pode apenas limpar e colocar um curativo? Mairin odiava parecer tão fraca e tola, mas a ideia de uma agulha mergulhando em sua carne era pior do que uma flecha cortando através de sua pele. Ewan pressionou a boca em seu ombro e permaneceu assim por um longo momento. — Sinto muito, moça, mas terá que ser feito. O corte é muito profundo para apenas um curativo. A ferida deve ser limpa e fechada. — Será que você... Você vai ficar comigo? Ewan acariciou seu braço com a mão e depois roçou seu rosto com os dedos. Afastou os cabelos do rosto e colocou a mão em sua nuca. — Estarei aqui, Mairin.
Capítulo 19 — O que quer dizer com ‘a curandeira não está aqui’? – Ewan perguntou incrédulo. Cormac estava apavorado em dizer ao laird que a curandeira não estava no castelo. — Encontre nossa curandeira e traga-a aqui. – Ewan disse com os dentes cerrados. — Não posso laird. – Cormac disse com um suspiro pesado. – Os McLaurens perderam sua curandeira e Lorna foi ajudá-los a dar a luz ao filho do Laird. Você mesmo deu permissão a ela. Ewan suspirou, frustrado. É claro. Lorna era uma parteira qualificada e McLauren fez um apelo desesperado para Ewan ajudá-lo quando sua esposa tivesse o bebê. Na época, ele pensou que nenhum dos McCabes precisaria dos serviços de Lorna. Só que agora sua esposa precisava! — Traga-me cerveja, a mais forte que encontrar. – ele murmurou para Cormac. – E peça a Gertie as misturas para lesões e sedação. Preciso de agulha, água e linha para costurar feridas. Seja rápido. Quando Cormac saiu, Ewan voltou-se para Mairin que estava deitada na cama, com os olhos fechados. Estava estranhamente pálida. Ele balançou a cabeça com a direção de seus pensamentos. A ferida não era grave. Certamente não morreria. Desde que pudesse impedir uma febre. Gannon e Diormid estavam perto da cama, aguardando ansiosamente. Enquanto Ewan esperava Cormac trazer o que tinha pedido, virou-se para seus homens e falou em voz baixa. — Quero que questione cada pessoa no castelo. Alguém deve ter visto algo. Recuso-me a acreditar que se trata de um acidente. Meus homens são muito cuidadosos. Descubram quem estava praticando arco e flecha. — Você acha que alguém tentou machucar a moça? – Gannon perguntou incrédulo. — Isso é o que eu gostaria de descobrir. – Ewan disse. — Tenho certeza que ninguém tentou me matar. – Mairin balbuciou. – Foi um acidente. Só isso. — O que quer que eu faça. Ewan? – Caelen perguntou, com uma expressão tensa. — Fique comigo. Preciso de ajuda para segurá-la. Cormac entrou com os braços cheios e os dedos segurando firmemente um frasco de cerveja. Ewan pegou as coisas de Cormac e colocou-as ao lado da cama. Não queria que ninguém tocasse Mairin, mas sabia que era incapaz de fazer tudo sozinho. Se a curandeira não podia costurá-la, ninguém mais faria isso, além dele. Então, precisaria de alguém para segurá-la e certificar-se de que ele não faria mais danos. Olhou para Cormac. — Veja se as crianças estão bem. Certifique-se que Crispen está sendo cuidado. Ele vai se preocupar quando descobrir o que aconteceu com Mairin. Maddie e as outras mulheres precisam mantê-lo lá embaixo até eu terminar. Cormac curvou-se e saiu do quarto, deixando Ewan e Caelen com Mairin.
Segurando um frasco nas mãos, Ewan sentou-se na cama, perto da cabeça de Mairin e passou um dedo em seu rosto. — Moça, preciso que você beba isso. Mairin abriu os olhos desfocados e encontrou os dele. Ewan ergueu-a o suficiente para colocar a caneca em seus lábios. Assim que o liquido atingiu sua boca, Mairin se encolheu, como uma expressão intensa de desagrado. — Está me envenenando? – ela perguntou. Ele conteve o riso e colocou a caneca próxima de sua boca novamente. — É cerveja. Você vai precisar de ajuda para relaxar. Também ajudará com a dor. Mairin mordeu os lábios e voltou os olhos preocupados para ele. — Dor? Ewan suspirou. — Sim, moça. Dor. Gostaria que não fosse assim, mas a agulha irá lhe causar dor. Se beber isso, não sentirá tanto. Prometo. — Você provavelmente não sentirá nada depois que beber essa coisa. – Caelen murmurou. Mairin suspirou profundamente quando Ewan voltou a colocar cerveja em sua boca, que ela bebeu, engasgando-se um pouco. Quando ele abaixou a caneca, sua pele tinha um tom esverdeado, o que o deixou preocupado que pudesse ficar enjoada com a cerveja. — Respire fundo. – ele disse. – Pelo nariz. Ela caiu para trás sobre o travesseiro e logo soltou um arroto grosseiro seguido de uma série de soluços. — Você não ouviu isso! – ela disse. Caelen arqueou uma sobrancelha e lançou a Ewan um olhar divertido. — Ouvi o quê? — Você é um bom homem, Caelen. – Mairin disse de forma dramática. – Mas não é tão feroz quanto parece. Devia sorrir mais de vez em quando, pois fica mais bonito. Caelen fez uma careta ao ouvir isso. Ewan esperou vários minutos e inclinou-se para Mairin. — Como se sente moça? — Maravilhosa. Ewan, por que existem dois de você? Posso assegurar que um é o suficiente. Ewan sorriu. — Você está pronta. — Estou? Pronta para quê? Ewan mergulhou um dos panos em uma bacia de água morna que Cormac havia preparado. Depois de torcer, cuidadosamente limpou o sangue seco da ferida. Fez um sinal para Caelen tomar posição ao lado de Mairin. Caelen andou ao redor da cama e cuidadosamente puxou o braço dela, para que Ewan pudesse costurá-la.
— Você terá que segurá-la. – Ewan disse pacientemente. – Não quero que ela se mova quando eu colocar a agulha em sua carne. Relutantemente, Caelen subiu na cama para segurá-la mais firmemente contra seu corpo. Mairin despertou e olhou silenciosamente para Caelen. — Caelen, seu laird não gostará de vê-lo em minha cama. Caelen revirou os olhos. — Acho que ele entenderá desta vez. — Bem, eu não. Isso é indecente. Ninguém deveria vir à minha cama, a não ser meu marido. Você sabe o que eu disse a ele? Ewan arqueou uma sobrancelha. — Talvez seja melhor guardar esse assunto para você, moça. Mas ela o ignorou. — Eu lhe disse que não era um amante habilidoso. Acho que ele não gostou disso. Apesar do brilho no olhar de Ewan, Caelen caiu na gargalhada. — Oh, não é educado rir de seu laird. – Mairin disse em uma voz solene. – Além disso, não é verdade. Eu estava completamente errada. Ewan moveu uma mão para cobrir sua boca para que não deixasse escapar qualquer outra coisa em seu estado de embriaguez. — Acho que já disse o suficiente. Caelen fez uma careta e algo muito parecido com simpatia brilhou em seus olhos quando Mairin gemeu com a primeira picada da agulha. E outro, quando Ewan colocou o segundo ponto. — Rápido. – ela sussurrou. — Sim, moça, farei rápido. Na batalha, nunca sentiu suas mãos tremerem. Sempre manteve-se estável em torno de sua espada. Nunca falhou. Nem uma vez. No entanto, ali, fazendo uma tarefa tão simples quanto costurar uma pele, Ewan teve que buscar todo o controle para manter seus dedos firmes. Quando fez o último ponto, Mairin tremia incontrolavelmente debaixo de sua mão. Os dedos de Caelen estavam brancos por causa da pressão que fazia nos ombros dela. — Pode soltá-la. – Ewan disse em voz baixa. – Acabei. Caelen soltou-a e depois de um aceno de Ewan, saiu do quarto. Ewan aproximou-se de Mairin e tocou sua face para encontrá-la molhada de lágrimas. — Sinto muito, moça, mas foi necessário. Mairin abriu os olhos e as lágrimas brilhavam no fundo azul. — Não doeu tanto. Ewan sentiu uma onda de orgulho por sua coragem. — Por que não descansa um pouco, agora? Vou pedir para Maddie trazer-lhe algo para a dor.
— Obrigada, Ewan. – ela sussurrou. Ele se inclinou e roçou um beijo em sua testa. Esperou até que ela fechasse os olhos e saiu do quarto. No corredor, seu comportamento voltou novamente a ser o de um guerreiro. Foi em busca de Maddie em primeiro lugar e deu-lhe instruções para não deixar a cabeceira de Mairin. Então, encontrou Cormac, Diormid e Gannon no pátio interrogando seus homens. — Já descobriram alguma coisa? – ele perguntou. — Precisamos interrogar a maioria dos homens, ainda, laird. Vai demorar algum tempo. – disse Gannon. – Havia muitos homens praticando arco e flecha, mas ninguém assumiu que errou um tiro. — Isso é inaceitável. Alguém atingiu Lady McCabe, seja por acidente ou intencionalmente. Eu quero este homem. – virou-se para Diormid. – Você não estava supervisionando o exercício de arco e flecha? — Sim, laird. Assumo toda a responsabilidade. Cada homem sob meu comando será longamente interrogado. Encontrarei o responsável. Ewan balançou a cabeça tristemente. — Não quero ver nossos filhos desprotegidos. É como Mairin disse. Eles deveriam ter um lugar seguro para brincarem e serem crianças sem que suas mães fiquem preocupadas se podem ou não serem mortos por uma flecha perdida. A partir de hoje, as crianças brincarão atrás do castelo, na encosta, bem longe de onde os homens treinam. — Mas eles estavam brincando muito longe do pátio. – disse Cormac com uma carranca feroz – O que aconteceu hoje não deveria ter ocorrido. — Sim, mas aconteceu. – Ewan disse um pouco atrás. – Não quero que ocorra outra vez. Reúna os homens. Eu mesmo quero interrogá-los. Antes da meia-noite Ewan foi cansado para o quarto. Eles interrogaram cada membro do clã, mesmo as crianças, e ninguém se lembrava de ter visto algo diferente. Os homens que praticavam arco e flecha juraram que nenhum deles foi o responsável, e ainda assim a flecha era uma das armas McCabe. Não havia dúvidas disso. Depois, ele chamou a atenção dos homens para serem mais cuidadosos durante os treinos. Se eles não conseguissem manter o povo de seu clã seguro dentro do castelo, como poderiam protegê-los de ameaças externas? Ewan entrou no quarto, encontrando Maddie sentada em frente ao fogo. — Como ela está? – Ewan perguntou com voz baixa. Maddie levantou-se e caminhou silenciosamente até ficar de frente para Ewan. — Está descansando, agora. Sentiu dores, mas dei-lhe um chá e ela acalmou-se. Troquei suas roupas há uma hora. O sangramento parou. Você fez um bom trabalho, laird. — Algum sinal de febre? —Ainda não. Está fria ao toque, apenas um pouco inquieta. Acho que vai ficar bem. — Obrigado, Maddie. Pode ir à sua casa, agora. Muito obrigado por ter ficado com Mairin. — Foi um prazer, laird. Se precisar de alguma coisa, é só me chamar. Ela fez uma reverência e saiu do quarto.
Ewan despiu-se e deitou-se ao lado de Mairin, cuidando para não acordá-la. Assim que seu corpo a tocou, ela se mexeu e aconchegou-se em seus braços. Soltou um suspiro profundo contra seu pescoço e enroscou as pernas em torno dele. Ele sorriu. Mairin era muito possessiva na cama. Considerava o corpo dele seu território e não tinha escrúpulos em reclamá-lo para perto dela. Não que ele se importasse. Na verdade, ter a moça enrolada nele de forma doce e quente despertava algo que pensava não ser possível. Tocou-a no cabelo. Não era um homem dominado pelo medo, mas quando percebeu que Mairin tinha sido atingida, experimentou um terror diferente de tudo o que já tinha sentido. A ideia de perdê-la não o fez se sentir bem. Ewan poderia usar muitas desculpas, caso ela morresse. Que Neamh Alainn não seria seu. Que seu clã nunca seria reconstruído. Que não teria sua vingança. Tudo isso seria verdade. Mas a simples verdade era que ele não poderia perdê-la. Não se lembrou de nenhuma das outras coisas quando a viu ferida. Apenas dela. Sim, a moça estava entrando dentro dele. Estava certo disso desde a primeira vez que a viu. Mairin era, definitivamente, um problema.
Capítulo 20 Quando Mairin acordou, a dor em sua cabeça ofuscava a dor em seu corpo. Passou a língua sobre os lábios rachados, mas não foi o suficiente para livrá-la do gosto horrível na boca. O que, afinal de contas, o laird fez com ela? Tudo o que se lembrava era de Ewan ordenando que bebesse um líquido fétido e ter se engasgado. Lembrar-se disso fez seu estômago revirar. Ela rolou, sentindo-se sensível. Mas notou um corpo quente e aconchegante ao seu lado. Sorriu e envolveu o braço ao redor de Crispen, abraçando-o fortemente. Ele abriu os olhos e se aconchegou mais perto dela. — Você está melhor, mamãe? — Sim, querido, estou perfeitamente bem. Quase não sinto dor. Foi apenas um pequeno corte. — Eu estava com medo. — Lamento que ficasse com medo. — Doeu? Maddie me disse que papai precisou dar pontos em você. Achei que isso iria doer muito. — Sim. Ele fez isso. Mas não doeu tanto. Seu pai tem uma mão boa, firme e foi rápido. — Papai é o melhor. – Crispen disse com toda a confiança que um jovem tem em seu pai. – Sabia que ele cuidaria de você. Mairin sorriu e beijou sua cabeça. — Preciso sair dessa cama. Se ficar mais tempo aqui meus músculos ficarão todos duros e doloridos. Você gostaria de me ajudar? Crispen pulou da cama e ajudou Mairin a se levantar. —Você deve ir ao seu quarto e se vestir. Vou encontrá-lo lá embaixo, perto da escada. Talvez Gertie tenha alguma comida para nós dois. Ele deu um grande sorriso e depois correu para fora, batendo a porta atrás de sí. Mairin se esticou, mas logo estremeceu. Realmente sentia um pouco de dor. Mas certamente não o suficiente para mantê-la na cama. Virou-se para buscar um vestido em seu guarda-roupa, mas algo chamou sua atenção. Seu olhar foi atraído para uma pequena mesa perto da janela. Em cima dela, havia um tecido dobrado. Era seu vestido de noiva. Esquecendo-se de sua lesão, Mairin pegou a roupa e correu os dedos sobre o tecido. Então, levantou-o. Ora, estava como novo. Não havia qualquer evidencia de que fora rasgado. Ela abraçou o tecido e fechou os olhos com prazer. Que bobagem ficar tão emocionada por causa de um vestido, mas uma mulher só se casava uma vez, não? Ela franziu o cenho. Bem na maioria das vezes. Não conseguia imaginar o laird morrendo e deixando-a viúva. Acariciou o vestido, desfrutando da suavidade que deslizava sob seus dedos. Então, cuidadosamente guardou-o para a próxima ocasião em que poderia usá-lo.
Ansiosa para deixar seu quarto, Mairin pegou o primeiro vestido que viu e colocou-o com gestos desajeitados. Escovou os cabelos e deixou-os soltos, uma vez que era difícil trançá-los com apenas uma mão. Quando se convenceu de que estava bem, deixou o quarto esperando não ser tarde demais para o café da manhã. Já era tempo de assumir os deveres de senhora do castelo. Certamente, isso a manteria longe de problemas com Ewan. Já haviam passado vários dias de seu casamento. Com exceção de conhecer as outras mulheres do clã, Mairin não tinha feito mais nada no castelo, a não ser fugir de seus cães de guarda. Bem, chega de tudo isso. Era hora de conduzir as coisas. Alem do mais, depois de se ferir com a flecha, não estava disposta a se aventurar fora da fortaleza. Quando entrou no salão, foi recebida com olhares de horror por seu clã. Gannon e Cormac estavam envolvidos em um debate acalorado, mas quando a viram, interromperam a conversa e a olharam como se Mairin tivesse duas cabeças. Maddie, que estava passando por ali, imediatamente jogou as mãos para o alto e correu até onde ela estava. — Minha senhora, deveria estar na cama. – Gannon exclamou quando ele e Cormac correram até ela. — Sim. – Maddie concordou. – Não deveria descer. Eu estava prestes a levar uma bandeja para você comer na cama. Mairin levantou as mãos para silenciá-los. — Aprecio a preocupação de vocês. Mas estou bem, de verdade. Ficar deitada não vai ajudar em nada, exceto fazer-me sentir uma imbecil. — O laird não vai gostar disso. – Cormac murmurou. — O que o laird tem a ver com isso? – Mairin perguntou. – Ele deveria ficar feliz por saber que estou de pé e pronta para assumir minhas funções como senhora deste castelo. — Deve descansar, moça. – Maddie disse, suavemente, enquanto conduzia Mairin na direção da escada. —Não gostaria de agravar sua lesão. Mairin soltou-se de Maddie e voltou ao salão, só para ver Gannon correndo. — Agora, minha senhora, você deveria estar na cama. – ele disse firmemente. — Estou bem. – ela insistiu. – Ora, eu sinto apenas um pouco de dor. Talvez uma pontada ou duas, mas não é razão para ficar na cama. Permitirei que vocês dois me acompanhem. – ela disse a Cormac e Gannon. — Você vai permitir? – Gannon perguntou com uma carranca. Ela balançou a cabeça e sorriu serenamente. — Sim, vou. Não serei nenhum problema. Você vai ver. — Só acredito vendo. – Cormac murmurou. — Maddie, preciso de sua ajuda. Maddie parecia confusa.
— Claro que eu a ajudarei, minha senhora. Mas acho que deve ir para seu quarto. Talvez possa me dizer no que posso ajudá-la, enquanto come sua refeição na cama. Mairin olhou para todos tentando demonstrar seu desagrado. — Não há absolutamente nenhuma razão para eu ir para a cama. — Há todas as razões, esposa. Cormac e Gannon deram um salto e Maddie soltou um suspiro. Mairin virou-se para ver o marido atrás dela, com um olhar de leve aborrecimento no rosto. — Por que é que não posso esperar pelo menos um pouco de cooperação de você? Mairin abriu a boca. — É... é... bem, isso é uma coisa muito rude de dizer, laird. Está insinuando que sou difícil. Eu não sou difícil. – ela se virou para os outros. – Sou? Cormac olhou-a, como se tivesse engolido um mosquito e Gannon fixou seu olhar na parede. Maddie soltou uma gargalhada. — Por que você não está na cama, Mairin? – Ewan perguntou. Ela se voltou para enfrentá-lo. — Estou muito bem. Estou me sentindo muito bem mesmo. Bem, exceto pela dor de cabeça. O que me fez beber? — Algo para torná-la mais receptiva. E estou tentado a pedir que Gertie prepare outro frasco. Mairin não tinha resposta para aquilo. — Vamos para cima comigo para que eu possa ver seu ferimento. – Ewan disse, enquanto a conduzia em direção às escadas. — Mas... eu estava prestes a ... Ewan continua a empurrá-la em direção a seus aposentos. — Seja o que for que você estava prestes a fazer, pode esperar até eu ver sua lesão. Se me convencer de que está realmente bem, vou reconsiderar seu confinamento. — Meu confinamento? Mas isso é ridículo... Ewan parou e antes que ela pudesse continuar a falar, colou sua boca sobre a dela em um beijo ardente. Não foi um beijo terno. Foi exigente... e apaixonado. E, Deus, Mairin não queria que parasse. Quando se afastou, foi difícil para ela recuperar seus sentidos. Eles se beijaram fora de seu quarto? — O que estava dizendo, moça? Com a sobrancelha franzida, Mairin abriu a boca, mas tornou a fechá-la novamente. — Eu não me lembro. Ewan sorriu e abriu a porta, puxando-a para dentro do quarto. Começou a tirar o vestindo, mas ela o interrompeu. — Vai rasgar outro vestido. – ela murmurou. Ewan suspirou.
— Pedi para Maddie arrumar seu vestido. Aquilo foi um acidente. Mairin arregalou os olhos. — Você que mandou costurá-lo? Os lábios dele se apertaram e Ewan desviou o olhar, ignorando a pergunta dela. — Laird, você ordenou que costurassem minha roupa? — Claro que não. – ele disse rispidamente. — Isso é assunto de mulher. Os homens não se preocupam com essas frescuras. Mairin sorriu e então se jogou contra o peito de Ewan antes que ele pudesse afastá-la com as mãos. — Obrigada. – ela disse, colocando os braços em torno da cintura dele. Ewan deixou escapar um suspiro profundo e empurrou-a para longe de seu corpo, com reprovação em seu olhar. — Moça, quando você vai demonstrar algum juízo? Você está ferida e fica se jogando em cima de mim dessa maneira... Mairin sorriu para o rosto severo e inclinou-se, segurando seu rosto entre as mãos. Então, puxou-o para baixo e lhe deu um longo beijo até ficar sem fôlego. Ela não tinha certeza de quem estava mais afetado. Ela ou ele. — Estou realmente bem, Ewan. – ela sussurrou. – A madre Serenity costumava erguer as mãos a Deus por cuidar de mim, pois não importava o quanto doente eu ficasse, sempre me recuperava com velocidade incrível. Claro que ainda sinto um pouco de dor, mas não é nada excessivo. É mais um incômodo que uma dor de verdade. Não há razão para me deixar na cama o dia inteiro. — Tire seu vestido, Mairin. Gostaria de ver por mim mesmo como está sua ferida. Com um suspiro descontente, ela desamarrou as cordas de seu corpete e cuidadosamente soltou o tecido. Pelo canto do olho, viu a expressão de Ewan ficar tensa enquanto olhava para seus ombros nus. Fascinada pelo efeito que causou, Mairin demorou um pouco mais para tirar o vestido de seu corpo. Seus cabelos se espalharam sobre seus seios. Apenas os mamilos apareciam através deles e Ewan olhava fixamente para eles. — Devo me deitar? – ela perguntou com voz baixa. Ewan limpou a garganta. — Sim. Seria bom. Você ficará confortável. Isso não vai demorar mais que um minuto. Mairin deitou-se na cama, mas não tirou os olhos de Ewan. Enquanto ele a examinava e trocava o curativo de seu ferimento, o olhar quente se arrastava pelo resto de seu corpo. Ela se remexeu inquieta quando ele terminou de soltar a bandagem. A ação fez seus seios roçarem os braços firmes. Os mamilos imediatamente ficaram rígidos. — Moça, não tenho tempo para amar você. – ele sussurrou. – Mas você me tenta. Sim, você me tenta como nenhuma outra mulher já o fez. Mairin circulou o pescoço dele com os braços e se encararam por um momento em um longo silêncio. Os olhos de Ewan eram tão lindos que a lembraram das colinas das Highlands na primavera.
Tão verdes e tão vivas. Ele desceu a boca sobre a dela, suavemente a princípio. Um beijo delicado, carne contra carne. Beijou-a no canto da boca e em seguida o outro. — Você tem gosto de sol. O peito dela se apertou com as palavras doces. Podia senti-lo entre suas pernas, duro e pulsante. Apertou-se contra suas calças, com impaciência. Ela o queria. Sim, queria muito. — Ewan. – ela sussurrou. – Tem certeza que não temos tempo para amar? Ele gemeu baixo em sua garganta. — Sim... você é uma mulher muito sedutora. Mairin ergueu o corpo para se encaixar ao dele, sem saber o que exatamente estava fazendo. Sentia-se quente e molhada e precisava de algo que tinha certeza que apenas ele poderia lhe dar. — Beije-me. – ela murmurou. — Oh, sim, vou beijá-la, moça. Vou beijá-la até você pedir para parar. Seus lábios se fecharam em torno de um dos mamilos e puxou-o enquanto o sugava mais forte com sua boca. Suas mãos acariciaram seu corpo e Mairin se arqueou como um gato que procura o toque de seu dono. — Calma, moça. – ele murmurou. – Não quero machucá-la. Machucar? Ela ficaria machucada se ele não continuasse a beijá-la. Ewan deslizou as mãos entre suas coxas e acariciou sua carne. Roçou o trêmulo ponto enquanto seus dedos procuravam sua úmida abertura. Apesar de sua advertência, ela se arqueou impotente, incapaz de controlar sua resposta frenética. O fogo se espalhou rapidamente pela sua virilha, apertando cada vez mais quando os dedos a penetraram. Não era assim que deveria ser feito, era? Mas Mairin não se importou. Tudo o que ele estava fazendo era maravilhoso e queria pedir para que nunca mais parasse. E pediu. Mais e mais, as palavras iam saindo entre soluços. Ewan chupou cada seio, alternado enquanto a tomava com os dedos. Ela estava quente e lisa ao seu redor e rapidamente alcançou o êxtase. Gemeu e se agarrou em seus ombros, enquanto erguia os quadris, querendo mais. Ewan acrescentou um segundo dedo até o fundo e seu polegar pressionou ainda mais seu latejante botão. Ela teria gritado, e gritou, mas o marido afastou a boca de seu seio para capturar a sua, engolindo assim, seu grito selvagem. Esqueceu-se de sua ferida, do curativo, de qualquer dor ou desconforto. Havia apenas uma onda de prazer intenso, até que cedeu em cima da cama, mole e fraca, procurando recuperar o fôlego. Ewan rolou para o lado e puxou-a cuidadosamente em seus braços. Seus lábios roçaram seus cabelos. Acariciou cada centímetro de sua pele. — Durma, moça. – ele murmurou. – Você precisa descansar.
Muito confusa para discutir, Mairin fechou os olhos antes de sequer perceber. Seu Ăşltimo pensamento coerente era que ele era muito melhor que cerveja para fazĂŞ-la relaxar e dormir.
Capítulo 21 Mairin bocejou e esticou os braços sobre a cabeça. Estava tão satisfeita por ter feito amor com Ewan que nem se lembrava da dor. Então, percebeu que, apesar de sua determinação em sair do quarto, passou metade do dia deitada. Com uma careta, levantou-se, resmungando sobre os truques do marido. Estava convencida que tinha feito isso de propósito. Levou-a para o quarto e com a desculpa de cuidar de sua ferida e a distraiu com amor. E pensar que achava que ele não era habilidoso em tais assuntos. Ele era muito habilidoso. Desta vez, quando deixou o aposento, Gannon a encontrou na porta. Ela olhou para ele com espanto. — Você ficou na minha porta durante toda a tarde? — Sim, minha senhora. É meu dever cuidar de sua segurança. Você tem o hábito de desaparecer, por isso eu e Cormac estamos nos revezando na guarda de seu quarto. Mairin franziu a testa, não gostando da ideia de ser um fardo para eles. Foi em direção às escadas, determinada a ver Maddie, sem qualquer interferência do marido ou dos vigias. Cormac foi ao salão para beber uma caneca de cerveja com os homens mais velhos do clã. — Você viu Crispen? – ela perguntou a Cormac. — Não, minha senhora. A última vez que o vi, estava brincando com as outras crianças. Gostaria que eu fosse buscá-lo? — Oh, não. Deixe-o brincar. Não preciso dele neste momento. Cormac se levantou e começou a seguir Mairin, mas ela ergueu a mãos. — Só estou indo ver Maddie. Gannon pode me acompanhar. Não pode, Gannon? — Sim, minha senhora. Se for tudo o que estiver pensando. — É claro. Está ficando tarde e logo estará escuro. Gannon relaxou. Balançou a cabeça em direção a Cormac e então seguiu Mairin. Ela andava com passos rápidos, determinada a mostrar a todos que estava recuperada do acidente. Quando chegou à casa de Maddie, estava sem fôlego e encostou-se na porta para se apoiar enquanto respirava. Então, educadamente bateu na porta e esperou. Franziu o cenho quando não obteve resposta. — Maddie não está em casa, minha senhora. – uma das mulheres gritou da janela de uma das casas. Está ajudando Gertie na cozinha. — Obrigada. – Mairin agradeceu. — Gostaria de ir a cozinha? – Gannon educadamente perguntou. A ideia de encontrar Gertie foi o suficiente para persuadir Mairin a esperar para falar com Maddie. Virou-se na direção da torre e parou para olhar o tumulto no meio do caminho. Dois homens mais velhos conversavam com ânimos acirrados e os punhos balançando ferozmente. — Que diabos estão discutindo, Gannon?
— Oh, não é nada que precise se preocupar, minha senhora. – disse Gannon. – É só Arthur e Magnus. Ele tentou conduzi-la pelo caminho, mas Mairin permaneceu enraizada em seu lugar quando as vozes dos homens ficaram mais altas. — Parem de gritar como cabras velhas! Mairin piscou surpresa com a mulher inclinada para fora da janela gritando para os dois homens. Arthur e Magnus não lhe deram atenção e continuaram a discutir. Rapidamente, Mairin entendeu que o motivo da briga era uma égua que estava entre os dois homens. — De quem é a égua? – Mairin sussurrou. – E por que eles brigam tanto por causa dela? Gannon suspirou. — É uma velha briga, minha senhora. Eles gostam de uma boa discussão. Se não fosse a égua, seria outra coisa. Um dos homens se virou e começou a caminhar, gritando por todo o caminho, dizendo que iria falar com o laird. Pensando rapidamente, ela o alcançou, bloqueando sua passagem. — Preste atenção por onde anda, moça! Agora, afaste-se, se não se importa. Tenho assuntos a tratar com o laird. — Tenha mais respeito e segure sua língua, Arthur. – Gannon rosnou. – Você está falando com sua senhora. Arthur apertou os olhos e então inclinou a cabeça para o lado. — Sim, é você. Não deveria estar acamada após o acidente? Mairin soltou um suspiro. A notícia se espalhou por toda a fortaleza, sem dúvida. Ela não queria parecer fraca quando assumisse suas funções de senhora. Calculou mentalmente o que precisava ser feito. Com ou sem a ajuda de Maddie, estava na hora de administrar o castelo. — Fique fora do caminho. – Magnus declarou. – Você se comporta como um burro, Arthur. Ele sorriu para Mairin e então fez uma reverência. — Não fomos devidamente apresentados. Meu nome é Magnus McCabe. Mairin retribuiu o sorriso, sem se esquecer de incluir Arthur, para que não usasse isso como desculpa para outra briga. — Não pude deixar de ouvi-los discutir sobre a égua. – ela começou hesitante. Arthur bufou. — Isso porque Magnus tem a boca do tamanho de uma montanha. Mairin levantou uma mão. — Em vez de incomodar o laird com um assunto tão inconsequente, talvez eu possa ajudar. Magnus esfregou as mãos e lançou um olhar triunfante em direção a Arthur. — Viu? A moça dirá quem está certo.
Arthur revirou os olhos e não se impressionou com a oferta de Mairin. — Não há certo ou errado. – Arthur disse com naturalidade. – A égua é minha. Sempre foi. Gannon sabe. Gannon fechou os olhos e balançou a cabeça. — Percebo. – disse Mairin. Então olhou para Magnus. – Você está disputando a égua com Arthur? — Sim. – ele disse enfaticamente. – Há dois meses, ele ficou enfurecido porque a égua o mordeu no... — Não há necessidade de dizer onde a égua mordeu. – Arthur apressadamente interrompeu. - Basta dizer que ela me mordeu. Magnus se inclinou e sussurrou. — Ela o mordeu na bunda, minha senhora. Seus olhos se arregalaram. Gannon emitiu uma repreensão para Magnus por falar com sua senhora de forma tão indelicada, mas o homem não parecia arrependido. — De qualquer forma, depois que a égua mordeu Arthur, ele ficou tão furioso que espancou-a como um ingrato. –ele parou e limpou a garganta. – Bem, ele disse para ela nunca mais voltar. Estava frio e chovendo. Peguei a égua e dei-lhe um pouco de aveia. Então, você vê, ela me pertence. Arthur a abandonou. — Minha senhora, o laird já ouviu esta queixa. – Gannon sussurrou para ela. — E o que o laird decidiu? – ela sussurrou de volta. — Ele disse para eles resolverem isso entre si. Mairin emitiu um som exasperado. — Isso não ajudou muito. Aquilo seria um ponto de partida para afirmar sua autoridade e mostrar ao clã que era uma companheira digna de seu laird. Ewan era um homem muito ocupado e questões como esta deveriam ser resolvidas sem incomodá-lo com uma discussão mesquinha. Voltou-se para os homens que já tinham recomeçado a brigar. Erguem as mãos pedindo silêncio, mas isso não funcionou. Então, colocou os dedos entre os lábios e emitiu um assobio agudo. Os homens encolheram-se e olharam para ela, espantados. — A senhora não deve assobiar. – Arthur repreendeu. — Sim, ele está certo, minha senhora. — Oh, então agora vocês dois concordam cm alguma coisa. – Mairin murmurou. – Foi a única forma de acalmá-los. — E o que quer? – Magnus perguntou. Mairin cruzou as mãos e olhou-os, convencida de que tinha a solução perfeita para o problema. — Pedirei para Gannon cortar a égua no meio e dar a cada um uma parte igual. É a maneira mais justa.
Arthur e Magnus olharam para ela e então um para o outro. Gannon fechou os olhos novamente e não disse uma palavra. — Ela é estúpida. – Arthur disse. Magnus concordou. — Pobre laird. Ele deve ter sido enganado. Casou-se com uma moça maluca. Mairin colocou as mãos nos quadris. — Eu não sou maluca! Arthur sacudiu a cabeça, com a pena brilhando em seus olhos. — Talvez maluca e estúpida sejam palavras muito fortes. Confusa. Sim, talvez confusa. Você sofreu uma lesão na cabeça recentemente? — Não, eu não! — Quando criança, então? – Magnus perguntou. — Estou perfeitamente bem de minhas faculdades mentais. – ela retrucou. — Então, em nome de Deus, por que você sugere cortar o animal em dois? – Arthur perguntou. – Essa é a coisa mais idiota que ouvi falar. — Ela funcionou para o rei Salomão. – ela murmurou. — O rei Salomão ordenou que cortasse um cavalo ao meio? – Magnus perguntou com voz confusa. — Quem é o rei Salomão? Ele não é nosso rei. Aposto que é inglês. Fazer isso só pode ser coisa dos ingleses. – disse Arthur. Magnus assentiu com a cabeça. — Sim, os ingleses são todos estúpidos. – então voltou-se para Mairin. – Você é inglesa, moça? — Não! Por que está perguntando isso? — Talvez ela tenha um pouco de sangue inglês. – disse Arthur. – Isso explicaria muitas coisas. Mairin segurou a cabeça e sentiu o desejo repentino de puxar violentamente os cabelos. — O rei Salomão sugeriu que cortasse um bebê pela metade quando duas mulheres alegaram ser sua mãe. Até Gannon olhou-a horrorizado. Magnus e Arthur olharam para Mairin e balançaram a cabeça. — E os ingleses dizem que nós somos os bárbaros. – Arthur resmungou. — O rei Salomão não era inglês. – ela disse pacientemente. – O ponto era que a mãe real ficou tão horrorizada em pensar no filho cortado no meio que preferiu dar o bebê para a outra mulher, para poupar a vida da criança. Ela olhou incisivamente para eles, esperando que entendessem a moral, mas os dois ainda a olhavam como se tivesse vomitado uma ladainha de blasfêmias. — Oh, não importa. – ela retrucou. Caminhou até onde estava a égua, pegou as rédeas e puxou o animal enquanto rumava de volta para o castelo.
— Minha senhora, o que está fazendo? – Gannon perguntou. — Ei, ela está roubando nosso cavalo! – Magnus gritou. — Nosso cavalo? O cavalo é meu, seu burro. Mairin ignorou os dois homens, enquanto eles começavam a brigar novamente. — Está claro que nenhum dos dois merece o pobre cavalo. – Mairin disse. – Vou levá-lo para Ewan. Ele saberá o que fazer. O olhar de Gannon mostrava que estava apavorado em levar o cavalo para seu laird. — Não se preocupe, Gannon. Direi que você tentou me impedir. — Dirá? O tom esperançoso em sua voz a divertiu. Parou no meio do pátio e percebeu que não havia nenhum treino ou sinal de Ewan. — Bem, onde ele está? – ela perguntou, exasperada. – Oh, não importa. – disse quando Gannon não respondeu imediatamente. – Vou levar o cavalo para seu estábulo. Eu realmente deveria me familiarizar com tudo o que acontece nas terras McCabe. Estive em todo o castelo e ainda não conheço tudo. Amanha vamos corrigir isso. Gannon piscou. — Vamos? — Sim, nós o faremos. Agora, os estábulos? Gannon suspirou e apontou para o outro lado do pátio. Mairin partiu novamente, levando a égua atrás dela. Seguiu pelo caminho até chegar do outro lado da torre, onde viu uma velha estrutura que imaginou ser o estábulo. Irritou-se ao ver Magnus e Arthur em pé, na frente do arco que dava para a área dos cavalos do laird. Eles viram quando Mairin se aproximou com cautela e fez uma careta para mostrar seu descontentamento. — Vocês não receberão o cavalo de volta. – ela gritou. – Entregarei ao encarregado dos estábulos para que ele cuide do animal adequadamente. — Eu sou o encarregado dos estábulos, moça estúpida. – Arthur gritou. — Dirija-se com mais respeito à sua senhora. – Gannon rugiu. Mairin ficou boquiaberta e virou-se para Gannon. — Encarregado dos estábulos? Esse cretino... Este... é o encarregado dos estábulos? Gannon suspirou. — Isso é ridículo! – Mairin gritou. — Eu faço um bom trabalho. – Arthur disse. – E faria melhor se não ficasse perseguindo pessoas que roubam o meu cavalo. — Está dispensado de seu dever, senhor. — Você não pode me dispensar! – Arthur guinchou. – Somente o laird pode fazer isso.
— Eu sou a senhora do castelo e digo que você está dispensado. – Mairin disse beligerante. Ela se virou para Gannon. – Diga a ele. Gannon parecia um pouco incerto, mas apoiou sua senhora. Mairin assentiu com aprovação quando Gannon informou ao homem que ele tinha sido de fato dispensado de suas funções. Arthur saiu pisoteando e resmungando todo o tipo de blasfêmias, enquanto Magnus o olhava com um sorriso presunçoso. — Não me admira que o cavalo mordesse sua bunda. – Mairin murmurou quando Arthur desapareceu. Ela entregou as rédeas a Gannon. — Coloque-a em uma das baias e certifique-se de ela seja bem alimentada. Ignorando o olhar descontente de Gannon, Mairin se virou para trás, na direção da torre. Estava satisfeita consigo mesma. Não só conseguiu andar fora do castelo sem incomodar seu marido, como resolveu uma situação difícil. Seu primeiro dever como senhora do castelo. Ela sorriu e subiu apressadamente os degraus, entrando no grande salão. Mairin acenou para Cormac. — Só vou me trocar para o jantar. Gannon não demorará a chegar. Está cuidando de um cavalo para mim. Cormac se levantou com o rosto confuso. — Um cavalo? Mairin seguiu para as escadas. O dia não tinha sido um completo desperdício. Na verdade, foi muito lindo. E estava progredindo em sua tentativa de tomar parte nas atividades da fortaleza. Pois tomou uma decisão e sequer incomodou Ewan com um assunto tão frívolo. Era o mínimo que poderia fazer. Ele tinha deveres importantes e quanto mais Mairin facilitasse para ele, mais Ewan seria capaz de se concentrar em seus assuntos. Ela jogou água no rosto e espanou a poeira do vestido. Sim. Tinha sido um dia bom e seu ferimento nem doía mais. — Mairin! Ela se encolheu com o rugido do laird que veio de baixo e atravessou a porta do quarto. Ewan gritou alto suficiente para abalar as vigas. Com um aceno de cabeça, ela pegou o pente e fez um rápido trabalho nos cabelos emaranhados. Não conseguia mover o braço esquerdo por causa do ferimento, então demorou um pouco mais para trançar seus cabelos. — Mairin, venha rápido! Ela soltou o pente e fez uma careta. Senhor, o homem era impaciente. Depois de mais uma ajeitada no vestido, desceu as escadas. Quando ela chegou ao andar de baixo, viu Ewan em pé no meio da sala, com os braços cruzados sobre o peito e uma profunda carranca. Ao seu lado, estavam Arthur e Magnus junto de Gannon e Caelen. Outros homens de Ewan estavam sentados em torno das mesas e olhando com grande interesse para a confusão. Mairin parou na frente de Ewan e sorriu recatadamente para ele.
— Você me chamou, laird? Ewan olhou para ela mais sério ainda. Então, passou a mão pelos cabelos e olhou para o céu. — No decorrer da última hora, você roubou um cavalo e de alguma forma deixou meus estábulos sem um encarregado. Gostaria de explicar isso, moça? — Eu acabei com uma briga. – ela disse. – E quando descobri que o homem que cuidava de seus cavalos era o mesmo que maltratava animais, laird, eu resolvi a situação. — Você não tem autoridade para resolver nada. – Ewan disse, firmemente. – Suas funções são muito simples. Obedecer-me e não interferir com o funcionamento da fortaleza. O peito dela se apertou. A humilhação queimou suas faces quando Mairin voltou o olhar para todos os homens ali reunidos. Ela viu simpatia na expressão de Gannon, mas não encontrou nenhum apoio em Caelen. Não querendo ser mais humilhada, voltou-se e caminhou rigidamente para fora do salão. — Mairin! – Ewan rugiu. Ela o ignorou e caminhou mais rápido. Contornou as escadas e saiu por uma das portas que levava ao exterior. Odiosos. Impossíveis. Intratáveis. Todos eles. Eles a acusaram de ser maluca, mas este era o clã mais estúpido que conheceu. Lágrimas de raiva queimaram seus olhos. O crepúsculo já havia caído sobre o castelo, cobrindo-o com tons de lavanda e cinza. O frio a abrangia, mas Mairin nem sentia e se afastou do pátio vazio. Um dos guardas chamou sua atenção, mas ela acenou e disse que não tinha a intenção de ir longe. Só precisava caminhar um pouco. Longe dos gritos de Ewan e da censura em seu olhar. Manteve-se perto da parede da torre, procurando um lugar que oferecesse privacidade e segurança. Lembrou-se da velha casa de banhos atrás da torre. Entrou por uma porta baixa e sentou-se em um dos bancos. Finalmente, um lugar longe do resto do clã, onde poderia chorar e lamentar o vergonhoso comportamento de seu marido.
Capítulo 22 Era importante que Ewan não corresse atrás de sua esposa, especialmente na frente de seus homens. Era óbvio que a moça não tinha ideia do que tinha aprontado. Resolveu dar-lhe um tempo para se acalmar e então explicaria as coisas. Ewan voltou-se para os homens que estava atrás dele. Gertie já estava colocando o jantar na mesa e, a julgar pelo cheiro, havia carne fresca que um dos homens trouxe da caçada. — Tenho minha posição de volta, laird? – Arthur perguntou. Ewan concordou, cansado. — Sim, Arthur. Você é um dos melhores com meus cavalos. No entanto, já tive brigas suficientes entre você e Magnus e é obvio que isso perturba a minha senhora. Arthur não parecia feliz, mas balançou a cabeça e correu para tomar seu lugar à mesa. Magnus quis zombar de Arthur, mas o olhar de Ewan o deteve. Ele também tomou seu lugar ao lado de Arthur. Ewan então se sentou e foi seguido por seus homens. Quando Maddie começou a colocar comida nos pratos, ele a deteve. — Quando terminar de servir os homens leve uma bandeja até sua senhora. Ela está em seu quarto e não quero que fique sem jantar. — Sim, laird. Farei imediatamente. Meia hora depois, no entanto, Maddie correu para dizer que sua esposa não estava no quarto. Ewan percebeu que foi um erro acreditar que sua impulsiva esposa faria algo tão simples como ir para o quarto. Ela o fez sentir-se incompetente em seus esforços de mantê-la segura no castelo. Estava zangado, pois não se sentia assim desde que era um rapaz. Ele podia treinar um exercito inteiro. Podia ganhar uma batalha, mesmo que estivesse em menor número de guerreiros. Mas não conseguia controlar a moça. Ela desafiava toda a sua razão. Levantou-se e seguiu a direção que Mairin tinha tomado. Era claro que ela não subiu as escadas, então tomou a direção da porta que conduzia para fora do castelo. —Você viu sua senhora? – perguntou a Rodrick, que estava de vigia. — Sim, laird. Faz uma meia hora. — E para onde ela foi? — Para a sala de banhos. Gregory e Alain estão cuidando dela. Ela estava chorando muito. Ewan estremeceu e soltou um suspiro. Preferia enfrentar um animal zangado às lágrimas de uma mulher. Seguiu na direção da sala de banhos. Gregory e Alain estavam fora dos muros e pareciam aliviados quando viram Ewan se aproximando. — Graças a Deus você está aqui, Laird. Tem que fazê-la parar. Ela vai ficar doente de tanto chorar. – disse Alain. Gregory franziu o cenho.
— Não é bom para uma moça chorar muito. Ela vai se afogar! Ewan ergueu a mão. — Obrigado por sua proteção. Podem ir, agora. Eu cuidarei de sua senhora. Os soldados não esconderam o alívio de seus rostos. Quando saíram, Ewan ouviu os soluços vindos de dentro. Droga, ele odiava a ideia de vê-la chorar. Entrou no interior escuro e olhou ao redor, ajustando os olhos para ver na escuridão. Seguiu os sons até que a encontrou sentada em um banco ao longo da parede mais distante. A luz da lua parcialmente iluminava sua silhueta. — Vá embora. – ela disse com voz abafada. — Ah, moça. – ele disse enquanto se sentava ao lado dela. – Não chore. — Eu não estou chorando. – ela disse em uma voz que indicava claramente o contrário. — Mentir é um pecado. – ele disse, sabendo que estava provocando-a. — Pode ser, mas gritar com sua esposa também é. – ela disse tristemente. – Você prometeu me amar. Sim, você prometeu. Mas não me sinto muito amada. Ewan suspirou. — Mairin, você testa a minha paciência. E imagino que vai continuar a fazê-lo nos próximos anos. Posso dizer que essa não será a única vez que gritarei com você. Se disser o contrário, estarei mentindo. — Você me envergonhou na frente de seus homens. – ela disse com voz baixa. – Na frente do cretino de seu encarregado dos estábulos. Ele é um asno e deveria ser proibido de se aproximar de um cavalo. Ewan tocou-lhe o rosto e roçou atrás de sua orelha. Estremeceu quando sentiu a umidade em sua pele. — Ouça, carinho. Arthur e Magnus têm brigado desta forma desde antes de eu nascer. No dia em que pararem de brigar, será o dia em que os enterramos no chão. Vieram falar comigo sobre o cavalo, mas me recusei a prestar um julgamento, porque isso os manteve ocupados. Se eu resolvesse o assunto, eles encontrariam outro motivo para brigar. Pelo menos, o cavalo era uma coisa bastante inofensiva. — Eu tirei a égua de ambos. – ela disse. – Essa briga pode ser antiga, mas o animal merece algo melhor do que ser disputado por dois velhos estúpidos. Ewan riu. — Sim, eles me contaram que você roubou o cavalo e dispensou Arthur de suas funções. Mairin se moveu em seu lugar e segurou as mãos de Ewan entre as suas. — Como pode um homem tão deplorável cuidar dos cavalos? Por que, Ewan, ele colocou seu próprio cavalo no frio, sem comida ou abrigo? Você confiaria em um homem que trata seu próprio cavalo assim? Um cavalo que um dia poderá ir para a batalha? Ewan sorriu pela sua veemência. — Aprecio sua determinação em assegurar melhores condições para meus cavalos. Mas, na verdade, Arthur é um mágico com os animais. Sim, ele é hostil e briguento. Também não é muito respeitoso. Mas ele cuida dos cavalos desde o tempo em que meu pai era o laird. Ele não maltratou sua égua, moça. Eu
mesmo o teria repreendido, se fosse esse o caso. Ele inventou essa historia para livrar sua cara depois de ser mordido no traseiro pelo animal. Ele ama seus cavalos. São seus bebês, embora morresse antes de admitir isso. Se importa mais com cada um deles do que com outro ser vivo. Mairin deixou os ombros caírem e olhou para seus pés. — Fiz papel de boba, não é? — Não, moça. Mairin retorceu os dedos no colo. — Eu queria apenas achar meu lugar aqui. Ser parte de um clã. Ter meus deveres. Ser respeitada. Costumava sonhar em ter um lar e uma família. Não passava um dia na abadia sem imaginar como seria viver assim, sem medo, capaz de seguir meu próprio caminho. Mairin olhou para ele e Ewan pôde ver a vulnerabilidade brilhando em seus olhos. — Isso era apenas um sonho, não era, Ewan? O coração dele se apertou dentro do peito. Nunca pensou no que Mairin tinha passado. Foi sequestrada de sua abadia onde vivia apenas na companhia de freiras. Cresceu esperando que sua vida fosse difícil e incerta, quando tudo o queria era liberdade e alguém para amar e ser amada. Todas as suas ações e desrespeito à sua autoridade faziam sentido, agora. Ela estava apenas sentindo o gosto de ter uma casa e uma família e divertindo-se com isso. Estava experimentando a liberdade pela primeira vez em sua vida. Ewan a apertou afetuosamente em seus braços. — Não, moça. Não era um sonho. Isso é o que esperava de um clã e de um lar. Você está aprendendo. Ainda vai cometer erros. Isso tudo é novo para nós dois. Proponho um acordo. Seja paciente comigo e prometo não tentar gritar tanto. Mairin ficou em silêncio por um momento e então ergueu a cabeça para olhá-lo novamente. — Isso parece justo. Peço desculpas por interferir em coisa que não me dizem respeito. Você estava certo. Essa não é minha obrigação. A mágoa e a derrota em sua voz despertou algo profundo nele. — Moça, olhe para mim. – ele disse gentilmente, inclinando o queixo dela com seus dedos. — Esta é a sua casa e seu clã. Você é a senhora e sua autoridade aqui vem apenas depois da minha. Quero vê-la durante muitos anos cuidando desta casa, planejando, para fazer deste castelo um lugar mais confortável. Não precisa fazer tudo em apenas um dia. Ela concordou com a cabeça. — Você está gelada, moça. Vamos voltar para dentro onde eu possa aquecê-la. Então, desceu seus lábios sobre os dela e a beijou, derretendo sua boca fria. Gelo contra fogo. Em alguns momentos, Mairin correspondia com um beijo sensual, quente, abrindo a boca. Senhor, a moça aprendeu rápido a arte de beijar e usar a língua. — Venha. – ele disse excitado. – Antes que eu a tome aqui mesmo. — Você é uma lição de pecado, laird. – ela disse com tom de desaprovação.
Ewan sorriu e olhou-a de forma carinhosa. — Pode ser verdade, moça, mas você também não é nenhuma santa. Mairin observava o marido enquanto comia a comida que Maddie levou ao quarto. Ele a olhava enganosamente preguiçoso, esparramado na cama, com as mãos atrás da cabeça e as pernas cruzadas. Mairin achou difícil se concentrar na comida, enquanto ele ficava ali, deitado, olhando-a de modo ardente. Quando comeu a última porção, lembrou-se de sua conversa com Maddie. Abaixou a cabeça para Ewan não ver que corava. Não queria dizer-lhes seus pensamentos. Não quando eram deliciosamente indecentes. Mas, agora com a ideia fixa na mente, ela o estudou pelo canto do olho e se perguntou se teria coragem de fazer o que Maddie sugeriu. — Já está terminando, esposa? – Ewan perguntou. Mairin olhou para o vazio e lentamente afastou o prato. Sim, este era o momento ideal para testar sua coragem. Não querendo parecer demasiadamente óbvia, demorou um pouco se preparando para deitarse. Despiu-se mais lentamente do que costumava fazer, com movimentos leves e sensuais. Olhou duas vezes na direção de Ewan, para ver se ele estava assistindo. Quando ficou completamente nua, aproximou-se da bacia de água e se lavou. Ficou em uma posição que dava a Ewan uma boa visão de seu perfil e ouviu-o respirar fundo, quando os mamilos dela se endureceram ao passar o pano úmido. Reunindo coragem suficiente, Mairin deixou o pano de lado e se moveu para a cama. — Você ainda está vestido, marido. – ela murmurou enquanto se sentava sobre ele. Embora ainda usasse calças, não fez nada para disfarçar a protuberância entre suas pernas. — Sim,moça. Mas posso remediar isso. Ewan começou a empurrar o quadril par cima e ela se abaixou, colocando as mãos sobre o peito dele. — É meu dever despir você. Ele se recostou na cama quando os dedos dela foram para suas calças. Assim que ela soltou-as o suficiente, sua ereção se projetou para cima. Mairin não tinha certeza se já estava acostumada com seu tamanho. E não conseguia sequer imaginar como ficaria na sua boca. Quando teve dificuldade para puxar o tecido sobre os quadris, ele se levantou e ajudou-a a empurrar as calças para baixo de suas pernas. Então, voltou a se sentar e ela o seguiu até encontrar seus lábios. Beijou-o, provando o sabor de sua boca. Suas mãos vagaram pelo peito e ela ficou maravilhada ao sentilo tão duro e sólido. — O que você está fazendo, moça? – ele murmurou contra sua boca. Mairin sorriu e beijou-o no queixo, depois descendo pelo pescoço, exatamente como ele tinha feito com ela. A julgar pela tensão repentina, ele deve ter gostado do que ela fez. — Tenho uma teoria. – sussurrou, enquanto pairava perto de um dos mamilos do peito dele. Então, lambeu o ponto até que endureceu e se projetou para fora. Ewan gemeu. — Qual é a sua teoria, moça?
Colocando as duas mãos sobre o peito, ela arrastou a língua sobre sua pele, até mergulhar em seu umbigo. Ewan se encolheu e arqueou-se, roçando a ereção em seu ventre. — Minha teoria é que os homens gostam de ser beijados... lá... tanto quanto as mulheres gostam... — Ah, inferno. – Ewan arfou. Mairin colocou suas mãos em torno da grossa masculinidade e enfiou a cabeça do membro entre seus lábios. Ewan parecia prestes a explodir. Seu corpo estava tão tenso e curvado... Suas mãos voaram para a cama , agarrando com força os lençóis. Oh, sim, ele gostou. Encorajada pela reação do marido, Mairin o tomou mais profundo, passando a mãos para cima e para baixo em seu eixo enquanto chupava mais forte. — Mairin. – ele suspirou. – Oh, céus, doce moça. Tenha misericórdia. Ela sorriu e baixou os dedos para acariciar seu saco inchado. Ele arqueou seus quadris, empurrando mais forte para que ela o tomasse tão profundamente quanto podia. Ewan estava tão duro, tão túrgido, que ela se perguntou se não rasgaria a pele. Ele latejava em sua mão, áspero, mas suave, como uma espada de aço envolto em seda. — Moça, eu não vou aguentar muito tempo. Você precise parar antes que eu goze em sua boca. Ainda segurando-o entre suas mãos, Mairin ergueu a cabeça e olhou nos olhos do marido. Seus cabelos caíram para frente e ele aproximou-se para afastar os fios de seu rosto. — Gostaria de gozar em minha boca? – ela perguntou timidamente. — Ah, Mairin. É como perguntar a um doente se ele quer viver. Ela segurou seu rosto entre as mãos e baixou sua boca para beijá-lo. Longa e docemente, lambeu os lábios, roçou a língua sobre a dele, provou-o e provocou-o. — Gosto da ideia de sentir seu gosto. –ela sussurrou. Ewan segurou os seios dela, erguendo a cabeça para tomar seus mamilos na boca. Mairin apoiou-se nele. Mas ela não queria dar a ele a chance de virar o jogo e seduzi-la. Ela se afastou e beijou seu queixo, outro beijo descendo, fazendo novamente o caminho sobre o peito, sobre o ventre firme, até chegar ao ninho onde se projetava a ereção, dura e ousada. Primeiro Mairin lambeu, traçando a veia saliente na parte inferior do membro. Então, aproximou-se da cabeça, onde já havia uma gota de liquido escorrendo pela fenda. Sugou suavemente, bebericando, sentindo o gosto salgado. Ewan deixou escapar um gemido alto e quando ela baixou a boca para tomar todo seu comprimento, ele pareceu perder todo o controle. Contorceu-se na cama, com movimentos desesperados. Ela o segurou com força, usando a língua para deixá-lo ainda mais selvagem. Ewan colocou uma mão sobre a dela e puxou-a para cima de seu pau, apertando enquanto conduzia para cima e para baixo. Mairin entendeu o que ele queria e começou a fazer o movimento com sua mão e sua boca. — Ah, assim, moça. Assim. – ele gemeu. Ele a segurou pelos cabelos e arremeteu para cima. Levou-o até o fundo da garganta e então o liquido quente explodiu, enchendo a boca em um fluxo aparentemente interminável.
Foi a coisa mais erótica que ela poderia ter imaginado. Amar o marido dessa forma a deixou tão selvagem quanto ele. Sentiu-se poderosa, como se ela pudesse dar tanto prazer quanto Ewan lhe deu. Ele desabou na cama e deixou a boca de Mairin. Ela engoliu a última gota de sua paixão e então limpou os lábios com as costas da mão. Ewan ainda arfava quando deslizou seu olhar sobre ela. — Venha aqui, moça. – ele disse com voz rouca. Ele a puxou para cima dele, para que seus corpos se encontrassem, quentes e suados. Abraçou-a e a segurou firmemente enquanto pousava um beijo em seus cabelos. Lembrando-se do que Mairin disse, que os homens ficam muito mais receptivos depois de amar, Mairin levantou a cabeça e olhou para o marido. — Ewan? Ele a acariciou sobre os ombros e abaixou as mãos até agarrar suas nádegas. Apertou-as e acariciouas suavemente. — Sim, moça. — Prometa-me uma coisa. Ele inclinou a cabeça para o lado. — O que você quer que eu prometa? — Sei que estamos recém-casados e ainda não nos conhecemos direito, mas descobri que sou uma mulher possessiva. Quero que me prometa que será fiel. Sei que alguns homens costumam ter uma amante... Ewan a interrompeu com uma careta. Então suspirou. — Moça, você acabou com minhas energias agora há pouco. Você se importa de me dizer onde no mundo eu encontraria energia para ter outra mulher na cama? Mairin franziu o cenho. Não era isso que queria ouviu. Ele suspirou de novo. — Mairin. Eu já prometi ser fiel. Fiz os votos, lembra? E desde que você seja uma boa esposa, não há nenhuma razão para eu procurar outra mulher. Eu não a trairia. Minha lealdade é para você e todos os filhos que tivermos. Levo minhas responsabilidades muito a sério. Lágrimas surgiram nos olhos dela. — Também serei fiel a você, Ewan. — Acho bom. – ele rosnou. – Pois matarei qualquer homem que tocar em você. — Você gostou que eu o beijei... lá embaixo? Ewan sorriu e a beijou. — Gostei muito. Talvez eu ordene que me beije lá todas as noites antes de nos deitarmos. Mairin franziu a testa e socou-o no estômago. Ele riu e fingiu que sentiu dor. Segurou-a pelos pulsos e rolou por cima dela, com cuidado para não atingir seu ferimento. Ficaram tão próximos, abraçados, tão perto que ela podia sentir sua respiração. Ele a tocou no rosto e acariciou-a com a ponta dos dedos.
— E agora, moça, estou pensando em enchê-la de beijos. De língua. Ela prendeu a respiração. — Língua? Laird, já lhe disse que ultimamente sua língua tem sido indecente? — Não mais indecente que a sua há alguns minutos atrás. – ele disse. Então, começou a mostrar a ela que ele poderia ser muito mais indecente do que jamais poderia imaginar.
Capítulo 23 Ewan acordou com uma forte batida na porta de seu quarto. Antes que pudesse se levantar para atender, a porta se abriu. Ewan saltou da cama no mesmo instante para segurar sua espada. — Jesus, Ewan, sou somente eu. – Caelen disse. – Você parecia estar dormindo o sono dos mortos. Ewan sentou-se na cama e puxou as cobertas para esconder a nudez de Mairin e a própria. — Saia daqui! – ele disse, irritado. — Se minha presença ofende seu pudor, vou virar as costas até você se vestir. – Caelen disse. — Não é comigo que estou preocupado. – Ewan rosnou. — Bem, inferno, Ewan! Não posso ver a moça daqui e nem desejo. É muito importante, ou não teria entrado em seu quarto. — Ewan? A voz sonolenta de Mairin surgiu embaixo das cobertas. Ela colocou sua cabeça para fora, com o cabelo todo desgrenhado. Ewan inclinou-se, afastou o cabelo do rosto e beijou-a na testa. — Ouça-me, carinho. Quero que volte a dormir. Você precisa descansar. Ela murmurou algo que ele não pode entender e voltou para debaixo das cobertas. Então Ewan rolou da cama e ordenou a Caelen que o esperasse no salão. Terminou de calçar as botas e pegou sua espada. Com um último olhar na direção de Mairin, caminhou até o salão onde Caelen o aguardava. — Carinho? Você precisa dormir? – Caelen o imitou, zombando. – Acho que você está ficando frouxo, irmão. Ewan deu um soco na mandíbula de Caelen. Este cambaleou e se segurou na parede para não cair da escada. — Droga, Ewan. Só quis dizer que o casamento não combina com você. – Caelen disse esfregando o queixo. — Pois acho que combina muito bem. Assim que entraram no hall, Ewan viu Alaric avançando rapidamente, com as roupas empoeiradas e traços de fadiga no rosto. — Você me tirou de uma cama quente para ver a chegada de Alaric? – Ewan perguntou. — Ele disse que era muito importante. Enviou um mensageiro na frente para convocá-lo para uma reunião. – Caelen defendeu. — Ewan. – Alaric disse, quando se aproximou. — O que é tão urgente que enviou um mensageiro à sua frente? — McDonald está vindo para cá. Ewan franziu o cenho. — Para cá? Por quê? O que aconteceu, Alaric?
— Você se casou. Foi isso o que aconteceu. Laird McDonald tinha a intenção de casar você com a filha dele. Não ficou muito feliz ao descobrir que você já não é mais uma opção. Ele insistiu em vê-lo. Não importa se você está recém-casado, como tentei explicar. Informou-me que, se você realmente quer uma aliança, irá se encontrar com ele. Ewan amaldiçoou. — Não estamos em posição de receber ninguém. Mal podemos alimentar nosso próprio clã e agora teremos que acolher McDonald e seus homens? Precisamos de semanas para nos prepararmos para um evento como este e não meros dias. Alaric fez uma careta e fechou os olhos. — O quê? – Ewan perguntou abruptamente. — Não dias. Dia. Maldiçoes brotaram dos lábios de Ewan. — Dia? Quando ele chegará? Alaric suspirou e enxugou a testa, cansado. — Por que acha que eu corri tanto com meu cavalo. McDonald chegará amanhã. — Ewan? Ewan voltou-se para ver Mairin em pé a uma curta distância, com olhar interrogativo. — Tenho permissão para falar? Ele levantou uma sobrancelha, surpreso por ela pedir para falar. Mas também viu como Mairin parecia nervosa na frente de seus irmãos. Estendeu sua mão para ela e Mairin correu para segurá-la. — Você precisa de algo, Mairin? — Escutei vocês dizendo sobre a vinda de Laird McDonald. Há algum problema? A preocupação nublava seus olhos azuis enquanto olhava para ele. — Não, carinho, sem problemas. Laird McDonald e eu estamos em negociação. Não há nada para você se preocupar. — Ele estará aqui amanhã? — Sim. Mairin franziu a testa e depois ergueu os ombros. — Há muito a ser feito, Ewan. Você vai ficar falando sobre meu ferimento e me mandar ficar deitada ou vai me deixar fazer meu dever, para que eu não fique envergonhada na frente de convidados tão importantes. — Envergonhada? Marini bufou, exasperada. — A torre não está em condições de receber visitas. Há limpeza para fazer, comida para cozinhar, dar instruções. Porque, se alguém chegar hoje, pensaria que o laird casou-se com a mais incompetente das mulheres. Não só eu estaria envergonhada, mas você também.
Ela parecia tão horrorizada em trazer vergonha para ele, que seu olhar se suavizou. Ewan apertou as mãos dela entre as suas. — Se prometer ir com calma se sentir qualquer dor, não me importarei em ver você cuidando do castelo. No entanto, espero que deixe as tarefas mais difíceis para as outras mulheres. Não quero que rasgue seus pontos. O sorriso dela iluminou a sala inteira. Seus olhos dançaram e ela apertou seus dedos. Mairin ficou exultante, querendo se jogar nos braços dele, mas se contentou em apenas segurar suas mãos. — Obrigada, laird. Não irei decepcioná-lo. Ela fez uma rápida reverência e correu. — Seja bem vindo ao lar, Alaric. – ela disse de repente. Então, parou e voltou-se para onde o cunhado estava, segurando-o pela mão. – Desculpe-me. Nem sequer pensei em perguntar se você gostaria de um refresco. Você está bem? Estamos contentes em tê-lo em casa. Alaric olhou confuso enquanto Mairin lhe apertava a mão. — Estou bem, moça. — Gostaria que eu enviasse água quente até seu quarto para que tome um banho? Alaric olhou-a, horrorizado com a sugestão e Ewan sufocou o riso. — O lago será suficiente. Mairin franziu a testa novamente. — Oh, mas o lago é tão frio. Será que você não prefere água quente? Caelen riu. — Vá em frente, Alaric. Tenha um agradável mergulho na banheira. Alaric enviou a Caelen um olhar mortal. Então, sorriu suavemente para Mairin para não ferir os sentimentos da esposa de Ewan. — Muito obrigado por se importar comigo, mas não há necessidade de levar água para cima. Prefiro um mergulho no lago. Mairin sorriu brilhantemente para ele. — Muito bem, então. Se me der licença, laird,ocuparei-me de minhas tarefas. Há muito a ser feito. Ewan fez sinal para Mairin ir e ela saiu correndo, seus pés mal tocando no chão em sua pressa. Alaric virou-se para Ewan. — Que história é essa de descansar e abrir os pontos? Que diabos você fez com ela? — Venha. – Ewan disse. – Vamos comer. Contarei tudo o que aconteceu desde que você partiu e você me conta tudo sobre os McDonalds. Mairin examinou o castelo, levantando tudo o que precisava ser feito em um dia. Meia hora depois, convocou Maddie e Bertha, informando-as que precisava de sua ajuda e de orações para fazer um milagre. Maddie e Bertha reuniram as mulheres e Mairin dirigiu-se a elas do topo da escada que levava ao pátio.
— Amanhã teremos convidados muito importantes. – ela explicou para a multidão reunida. – E nenhum de nós quer decepcionar nosso laird. Houve murmúrios de vários nãos e as mulheres assentiram com a cabeça. Mairin formou vários grupos e dividiu as tarefas. Ela ainda tinha que tratar das crianças. Logo o castelo tornou-se vivo com as mulheres correndo para lá e para cá. Em seguida, Mairin falou com os homens que foram designados para os reparos naquele dia. Ela instruiu-os a limpar os estábulos e baias para os cavalos dos McDonalds. Finalmente, foi procurar Gertie para enfrentar a questão dos alimentos. A cozinheira não ficou satisfeita ao descobrir que precisava preparar um verdadeiro banquete para convidados inesperados. Protestou muito, mas depois olhou para Mairin e disse que ficar reclamando não ajudaria em nada. — Não faço milagres, minha senhora. – Gertie resmungou. – Não há comida suficiente para alimentar nosso clã, muito menos uma horda de McDonalds. — Quais são nossas opções? – Mairin perguntou. – O que podemos fazer para ajudar? Gertie fez um sinal para Mairin seguí-la até a despensa. As prateleiras estavam assustadoramente vazias. Havia pouco mantimento e um único pedaço de carne da última caçada. — Alguns caçadores saíram para caçar. Se eles não voltarem com comida, não teremos nada para servir. E se não repormos nosso estoques, nos próximos meses o inverno chegará e será muito mais difícil. Mairin franziu a testa. Tinha esperanças de que seu dote fosse entregue muito antes disso ou seu clã passaria fome novamente. Doeu-lhe imaginar as crianças sem ter o que comer. Esfregou a testa. — E se enviarmos os homens para caçar? Se trouxerem alguma coisa ainda esta noite, você seria capaz de preparar um jantar para amanhã? Gertie esfregou o queixo, pensativa. — Se eles trouxerem alguns coelhos, eu poderia fazer um ensopado e usar um pouco da caça que ainda nos sobrou. Ficará muito bom, mesmo se não houver muita carne. Eu posso usar o resto da farinha para fazer pães e bolos. — Parece maravilhoso, Gertie. Vou procurar o laird e pedir para enviar alguns homens para caçar. Com alguma sorte, eles trarão carne suficiente para fazer uma ceia enorme. Gertie assentiu. — Faça isso, moça. Enquanto isso, começarei com o pão. Mairin saiu em busca de Ewan. Encontrou-o no pátio supervisionando um grupo de homens mais jovens enquanto eles realizavam uma série de exercícios. Lembrando-se do que aconteceu na última vez, ela aguardou pacientemente até que Ewan a viu. Mairin lhe deu um sinal. Ele falou algumas palavras aos homens e foi ao encontro dela. — Ewan, precisamos de coelhos. O quanto conseguir. Existe alguma maneira de enviar alguns homens para caçar? Ewan olhou através do pátio para onde seus irmãos estavam treinando. Ambos enfrentavam-se valentemente para provar que um era melhor que o outro.
— Eu irei. – Ewan disse. – E levarei Caelen e Alaric. Traremos os coelhos de que você precisa. Mairin sorriu. — Obrigada. Gertie vai ficar aliviada. Estava em pânico sobre como alimentar os McDonalds. Os olhos de Ewan ficaram sombrios e ele apertou os lábios. — Garantirei que o clã fique suprido. Sempre fiz isso. Mairin pôs a mão em seu braço. — Eu sei que vai, Ewan. E quando meu dote chegar, não precisará mais se preocupar com a comida. Ele a tocou no rosto por um longo momento até traçar os dedos pela mandíbula. — Você é um milagre para este clã, moça. Ficaremos fortes novamente, graças a você. Mairin corou até a raiz dos cabelos, aquecida pela ternura do toque dele. — Partirei agora. Espere-me de volta antes do anoitecer. Ela viu quando Ewan atravessou o pátio e chamou Alaric e Caelen. Então voltou-se e correu de volta a fortaleza. Havia ainda muita coisa para ser feita antes da chegada dos McDonalds. E teria sorte se conseguisse dormir esta noite.
Capítulo 24 Mairin estava cansada quando apreciou o salão. Era quase de manhã e as mulheres tinham trabalhado toda a noite. Mairin dispensou as que tinham filhos, mas um pequeno grupo ficou com ela para os preparativos finais. O resultado foi surpreendente. Não que Mairin desejasse fazer uma coisa dessas outra vez, mas estava satisfeita com os resultados. O interior da torre brilhava. Os pisos e as paredes foram lavados. As velas das luminárias no teto foram substituídas por novas e a luz dançava ao longo do teto. Flores perfumadas afastaram o odor de mofo e sujeira. Mairin preparou os quartos, colocando lençóis e cobertas novas e preparando as lareiras. O fantástico cheiro de guisado torturou Mairin durante as últimas horas. Gertie preparou os coelhos que Ewan e seus irmãos trouxeram quando voltaram da caça. Ela babava pela ideia de um pedaço de pão fresco saindo direto do forno. Ewan tentou convencer Mairin a descansar durante algumas horas, mas ela queria terminar algumas tarefas, uma vez que não sabia quando Laird McDonald chegaria. — Ficou maravilhoso, minha senhora. – Maddie disse com orgulho. Mairin olhou para Bertha e Maddie e então sorriu. — Sim, ficou. Mesmo com os reparos que precisam ser feitos, ninguém poderá falar mal de nosso trabalho. — O laird ficará orgulhoso em receber os convidados. Você realizou um milagre. – Bertha disse. — Obrigada por me ajudarem. – Mairin agradeceu. – Você e Maddie podem dizer às outras mulheres para irem se deitar e não se preocupar em levantarem antes do meio-dia. As outras mulheres poderão assumir seus deveres enquanto vocês descansam. Ambas assentiram com gratidão e saíram, deixando Mairin sozinha no salão. Ela olhou novamente para o trabalho que tinham feito e então voltou-se, dirigindo-se à escada. Não manteve a palavra dada a Ewan. Seu ferimento estava dolorido e esperava não ter rasgado qualquer um dos pontos. Sentia grande satisfação por seu papel. As mulheres trabalharam muito. E trabalharam bem. Pela primeira vez, ela se sentiu em casa. Sua casa. E sentiu-se verdadeiramente parte do clã McCabe. Entrou em silêncio no quarto, mas Ewan já estava acordado e se vestindo, terminando de colocar as botas. Ele franziu a testa quando a viu e imediatamente se levantou. — Você veio se deitar muito tarde. – a advertiu. – Está com dor? Algum ponto se soltou? Mairin encostou a testa no peito do marido, e permaneceu ali por um longo momento. Ele a acariciou seus braços e ombros. — Vai direto para a cama, moça. Não quero nenhuma desculpa. Senão, não estará bem quando os McDonalds chegarem. Estamos entendidos? — Sim. – ela murmurou.
— Venha, deixe-me ver sua ferida. Ele a guiou para a cama e com mãos suaves, despiu-a de seu vestido. — É um pecado o modo como habilmente tira a roupa de uma mulher. – Mairin resmungou. Ewan sorriu enquanto a virava de lado. Examinou os pontos e franziu a testa quando ela se encolheu. — Está vermelho e inchado. Não esta se cuidando direito, Mairin. Se não for mais cuidadosa, acabará na cama com febre. Mairin bocejou e lutou para manter os olhos abertos. — Há muito que fazer para perder tempo na cama com uma febre. Ewan se inclinou e beijou sua testa, deixando seus lábios repousarem ali por um momento. — Você não está quente. Ainda. Durma. Pedirei para as mulheres trazerem água quente para o banho, assim que chegar a notícia que os McDonalds atravessaram a fronteira. — Isso seria ótimo. – ela murmurou, sonolenta, se entregando à escuridão. Mairin despertou com uma batida na porta de seu quarto. Piscou para espantar o sono, mas sentiu como se os olhos estivessem cheios de areia. — Lady McCabe, trouxemos água para o banho. – falou uma voz vinda da porta. – Os McDonalds estão chegando. Isso a fez acordar. Empurrou as cobertas de lado e correu para atender a porta. As mulheres transportavam baldes e logo Mairin estava imersa na água quente. Duas criadas ficaram para ajudá-la a secar e escovar os cabelos. Mairin estava inquieta e nervosa. Este seria seu primeiro teste como a nova senhora do castelo. Não queria que nem Ewan, nem laird McDonald a achassem incapaz. Desceu as escadas uma hora depois, usando seu elegante vestido de noiva. O salão estava agitado e Ewan falava com seus irmãos perto da mesa principal. Assim que Mairin entrou, Ewan ergueu os olhos e a viu. A aprovação em seu olhar fez soar sinos dentro dela. Ele fez um sinal para que ela se aproximasse e permanecesse ao lado dele. — Chegou bem a tempo de cumprimentar nossos hóspedes. – ele disse. – Eles chegarão a qualquer momento. Ewan deixou a sala, com seus irmãos atrás dele. Quando chegaram ao pátio, os soldados McDonalds estavam atravessando a ponte. Ewan parou nos degraus com Mairin ao seu lado, enquanto o homem na frente dos soldados desmontou e acenou. — É bom vê-lo novamente, Ewan. Faz muito tempo. A última vez que estive aqui, era seu pai quem me recebia. Sinto pelo seu falecimento. — Como todos nós. – Ewan disse. – Posso apresentar minha esposa, Mairin McCabe? Ela fez uma reverência ao outro laird. Laird McDonald pegou sua mão e curvou-se, pressionando um beijo em seus dedos.
— É um grande prazer conhecê-la, lady McCabe. — A honra é minha, laird. – ela disse. – Há um refresco preparado para você e seus homens, se entrarem no salão. O laird abriu um grande sorriso e então gesticulou por trás dele. — Posso apresentar minha filha, Rionna McDonald? A jovem estava relutante a vir para frente. Então era esta a mulher que Laird McDonald queria que Ewan desposasse? Mairin se controlou para manter-se impassível. A moça era bonita. Na verdade, os cabelos dela brilhavam ao sol como fios de ouro. Seus olhos eram de uma cor de âmbar peculiar que se destacava junto com seus cabelos. Mairin lançou um rápido olhar sobre Ewan para observar a reação dele. A última coisa que queria era que ele se sentisse arrependido por perder a oportunidade de se casar com esta mulher. Os olhos de Ewan brilhavam, divertidos. Provavelmente sabia o que Mairin estava pensando. Mairin virou-se para a outra mulher e sorriu. — Vamos entrar, Rionna. Tenho certeza que você deve estar cansada de sua viagem. Pode se sentar ao meu lado para nos conheceremos melhor. Rionna deu um sorriso vacilante e permitiu que Mairin a tomasse pelo braço para levá-la para dentro. A refeição foi motivo de festa. Laird McDonald era um homem alto e turbulento. Comia com um entusiasmo que deixou Mairin chocada. Por que, se ela tivesse que alimentar este homem regularmente, os caçadores McCabe teriam que caçar todos os dias. Gertie franziu sua testa em desaprovação quando servia o prato do laird pela terceira vez. Mairin chamou sua atenção e balançou a cabeça. Não insultaria o laird. A conversa estava centrada em torno de temas mundanos. Caça. Invasão. Preocupações sobre proteção das suas fronteiras. Depois de um tempo, Mairin estava distraída, lutando para não bocejar. Ela tentou, em vão, envolver Rionna na conversa, mas a moça olhava fixamente para a comida, com a cabeça baixa durante toda a refeição. Quando finalmente os homens terminaram de comer, Ewan fez um sinal para Mairin e ela se levantou. Tinha chegado a hora dos homens discutirem o assunto que motivou aquela reunião. Sem dúvida, não desejavam que as mulheres estivessem presentes. Mairin pensou em convidar Rionna para um passeio pelo castelo e talvez conhecer as crianças, mas assim Mairin levantou-se, Rionna afastou-se apressadamente. Encolhendo os ombros, ela foi procurar Crispen. Quando as mulheres deixaram o salão, Laird McDonald apontou para Ewan. — Deve ter orgulho de sua esposa. A refeição estava magnífica e fomos muito bem recebidos. — Minha esposa é um presente para o nosso clã. – Ewan concordou. — Fiquei consternado ao saber de seu casamento. – o laird continuou. – Tinha esperança de unir você e Rionna. Selaria uma aliança e uniria nossos clãs.
Ewan ergueu a sobrancelha, mas não disse nada. Olhou para McDonald tentando entender onde ele queria chegar. McDonald olhou para Alaric e Caelen antes de voltar-se para Ewan. — Gostaria de falar claramente com você, Ewan. Ewan fez sinal para seus homens deixarem a mesa. Alaric e Caelen permaneceram no lugar, junto com Ewan. — Eu quero essa aliança. – disse McDonald. Ewan apertou os lábios, pensativo. — Diga-me, Gregor. Por que você quer esta aliança? Benevolência não é algo que pode ser associado ao nosso relacionamento, desde a morte de meu pai. Embora você tenha sido fiel a ele e ele a você. McDonald suspirou e se recostou em seu assento. — Agora é necessário. Duncan Cameron ameaça minhas propriedades. Nós nos envolvemos em algumas disputas nos últimos meses. Acho que ele está testando a força de meu exército e vou ser honesto, não estou preparado para a batalha. — Filho da puta. – Ewan murmurou. – Suas terras são vizinhas de Neamh Alainn. O bastardo está planejando tirar as terras de Mairin. — Sim, e eu posso ajudá-lo. — O que você está propondo? É obvio que não posso me casar com sua filha. — Não. – McDonald disse. Então, olhou para Alaric. – Mas ele pode.
Capítulo 25 Alaric quase engasgou com sua cerveja. Caelen parecia aliviado por não ter sido o alvo de McDonald, mas olhou para o irmão com simpatia. Ewan olhou para Alaric e então voltou sua atenção para McDonald. — Por que é tão importante selarmos uma aliança com o casamento? Certamente há fatores mais importantes para nos aliarmos em um objetivo comum. — Rionna é minha herdeira. Minha única herdeira. Não tenho filhos para assumir meu lugar quando eu morrer. O homem que se casar com ela deverá estar disposto a assumir as funções de laird, bem como ser forte o suficiente para proteger as terras de ameaças como Duncan Cameron. Se nossos clãs se unirem, não só através de um acordo, mas por um casamento, sua lealdade para com seu irmão não permitira que você rompa o nosso acordo. Ewan enrijeceu-se e olhou para o homem mais velho, indignado com o insulto. — Está dizendo que não acredita em minha palavra? — Não, estou dizendo que me sentiria mais seguro se, em nossa aliança, houvesse algo mais em jogo do que mútua proteção. Não quero que minhas terras caiam nas mãos de um homem como Duncan Cameron. Ele é ganancioso, sedento de poder. O bastardo trairia sua própria mãe para continuar sua causa. Há rumores, Ewan, agora mais do que nunca, que Duncan conspira contra o rei. E ouvi dizer que ele pode se unir a Malcolm para outra revolta contra o trono. Ewan tamborilou os dedos sobre a mesa e olhou novamente para Alaric, que parecia triste e resignado. — Falarei com meus irmãos. Não tomarei qualquer decisão que afete Alaric, sem antes ouvi-lo. McDonald balançou a cabeça. — É claro. Não esperaria menos. Separadamente, somos clãs fortes. Juntos, porem, seríamos invencíveis. Você acha que o clã McLauren se juntaria à nossa causa? O clã McLauren, embora pequeno, tinha soldados bem treinados. Juntamente com os McCabes e os McDonalds, formariam uma aliança formidável, que só seria reforçada quando os McCabes controlassem Neamh Alainn. — Sim. Eles se juntarão a nós. – Ewan respondeu. – Com os três clãs unidos, também poderemos influenciar Douglas. Ele controla o norte e o oeste das terras de Neamh Alainn. — Se ele descobrir que Duncan Cameron quer tomar Neamh Alainn, ficará ao nosso lado. Cameron não terá a menor chance contra o nosso poder. — Duncan Cameron não tem a menor chance contra mim. – Ewan disse, suavemente. McDonald ergueu uma sobrancelha,surpreso. — Você é orgulhoso, Ewan. Lembre-se, não são tão numerosos quanto ele. Ewan sorriu.
— Meus homens estão bem treinados. São mais fortes. São mais disciplinados. Não quero esta aliança para derrotar Cameron. Vou derrotá-lo, com ou sem aliados. Quero esta aliança para consolidar o futuro. Sob o olhar incrédulo de McDonald, Ewan se recostou em seu assento. — Gostaria de uma demonstração, Gregor? Talvez quisesse ver em primeira mão aqueles com quem vai se aliar. Os olhos de McDonald se estreitaram. — Que tipo de demonstração. — Seu melhor homem contra meu melhor homem. Um sorriso lento se espalhou pelo rosto do homem mais velho. — Gosto de uma boa disputa. Você também. O que vamos apostar? — Comida. – Ewan disse. – Estoque de três meses de carne e especiarias. — Por Deus, você torna isso difícil. Não posso me dar ao luxo de perder esse tipo de prêmio. — Se está preocupado em perder, podemos naturalmente cancelar a aposta. Sabia que a fraqueza de Gregor McDonald era o desafio. Sugerindo que ele estava com medo de perder uma aposta, Ewan o provocava. — Feito. – McDonald disse. Ele esfregou as mãos de alegria e seus olhos brilhavam triunfantes. Ewan se levantou. — Não há tempo a perder. McDonald saltou da cadeira e apontou para um de seus comandantes. Então, olhou desconfiado para Ewan. — Você e seus irmãos não estão autorizados a participar. Apenas seus homens. Soldado contra soldado. Ewan sorriu, preguiçosamente. — Se é o que quer. Eu não teria um homem sob meu comando se ele não fosse tão bom quanto eu com uma espada. — Ficarei feliz em invadir seus depósitos, quando meus homens provarem seu valor. – McDonald proclamou. Ewan manteve seu sorriso e fez sinal para McDonald seguir na sua frente pelo corredor. Quando McDonald saiu com seus homens, Alaric ficou para trás. — Ewan, você está levando a sério esse negócio de casamento? Ewan olhou para seu irmão mais novo. — Você está me dizendo que não está? Alaric fez uma careta. — Não, não estou dizendo nada. Mas, inferno, Ewan. Não quero me casar.
— Esta é uma boa oportunidade para você, Alaric. Será laird de seu próprio clã. Terá suas terras, que serão herdadas pelos seus filhos. — Não. – Alaric disse calmamente. – Este é o meu clã. Não os McDonalds. Ewan colocou a mão no ombro de Alaric. — Nós sempre seremos seu clã. Mas pense. Você será nosso vizinho. Seremos aliados. Se ficar aqui, nunca poderá ser laird. Seu herdeiro nunca será laird. Agarre esta oportunidade com as duas mãos. Alaric suspirou. — Mas casamento? — Ela é uma moça bonita. – Ewan disse. — Acho que sim. – Alaric resmungou. – Não consegui ver seu rosto durante a refeição porque ficou o tempo todo olhando para baixo. — Haverá muito tempo para ver seu rosto. Alem disso, não é com o rosto que você precisa se preocupar. É com o resto. Alaric riu e olhou rapidamente ao redor. — É melhor não deixar sua esposa ouvir isso. Senão, você pode acabar dormindo com seus homens esta noite. — Está pronto, Ewan? – McDonald gritou do pátio. Ewan ergueu a mão. — Sim. Estou prono. — Que diabos eles estão fazendo? – Mairin perguntou quando ouviu o barulho do pátio. Crispen agarrou a mão dela e puxou-a para a colina. — Vamos subir o morro para que possamos ver! As outras crianças seguiram o exemplo e logo estavam no topo da colina. Mairin protegeu os olhos com a mão para que pudesse ver melhor. — Eles estão brigando! – Crispen exclamou. Mairin arregalou os olhos com a visão de tantos guerreiros reunidos em um círculo apertado. No meio estavam dois soldados, um deles McCabe e o outro McDonald. — É Gannon. – ela sussurrou. – Por que Gannon está lutando com um McDonald? — Por que assim são as coisas. – Crispen vangloriou-se. – Os homens lutam. As mulheres acendem lareiras. Gretchen apertou o braço de Crispen e lançou-lhe um olhar feroz. Robbie, por sua vez, empurrou Gretchen. Mairin franziu a testa e olhou para ele. — Sem dúvida, foi seu pai quem lhe disse isso. — Não. Foi o tio Caelen. Mairin revirou os olhos. Por que não estava surpresa?
— Mas por que estão lutando? – ela insistiu. — É uma aposta, minha senhora! Mairin voltou-se para ver Maddie subindo o morro com várias mulheres atrás, trazendo uma cesta. — O que estão apostando? – ela perguntou, quando as mulheres se aproximaram. Maddie colocou a cesta no chão e o cheiro de pão fresco encheu o ar. Apesar de ter comido uma esplêndida refeição, Mairin sentiu o estômago roncar. As crianças se inclinaram para frente com entusiasmo. — Nosso laird e laird McDonald apostaram sobre qual dos homens são os melhores guerreiros. – Maddie explicou, enquanto distribuía pão entre as mulheres que agora estavam sentadas no chão. Em seguida, deu um pedaço para cada criança. Ela fez sinal para Mairin. — Junte-se a nós, minha senhora. Pensamos em fazer um piquenique e torcer pelos guerreiros McCabe. Mairin sentou-se no chão, espalhando suas saias sobre as pernas. Crispen se sentou ao lado dela e começou a devorar o pão. Quando Mairin colocou um pedaço de pão na boca, franziu a testa. — O que eles apostaram? Maddie sorriu. — Nosso laird é astuto! Apostou três meses do estoque de comida. Se os McCabe ganharem, teremos carne e especiarias do deposito de McDonald. Mairin escancarou a boca. — Mas não temos três meses de comida estocada! Bertha acenou com a cabeça, sabiamente. — Exatamente. Ele apostou a coisa que mais precisava. Foi brilhante e bem pensado. — Mas, e se perdermos? Não podemos nos dar ao luxo de dispor de tais riquezas. Alias, nem sequer as temos para perder. Uma das mulheres balançou a cabeça, com desgosto. — Nossos guerreiros não irão perder. Seria deslealdade pensar isso deles. Mairin fez uma careta — Não estou sendo desleal. Apenas pensei que é estranho o laird apostar algo que não temos. — Já que não iremos perder, isso não é realmente um problema. – Maddie disse, dando um tapinha no braço de Mairin. — Oh, olhem, Gannon venceu sua luta. Agora é a vez de Cormac. – Christina exclamou. – Ele é tão bonito, não é? As mulheres ao redor de Christina sorriram com indulgencia. Maddie se inclinou e sussurrou para Mairin. — Nossa Christina tem uma queda por Cormac. Mairin viu como as faces de Christina ficaram vermelhas quando Cormac caminhou para o círculo. Ele estava sem camisa e seus músculos perfeitos ondulavam em seus braços. Sim, ele era bonito.Mas não como o seu Ewan.
Christina engasgou quando Cormac levou um duro golpe e caiu. Cobriu a boca com as mãos e olhou para o guerreiro encolhido. Ele se levantou e atacou novamente, o som dos mentais ecoando pelo ar. Mais alguns segundos e Cormac fez a espada do adversário voar pelo ar. Cormac levantou sua espada e então a abaixou ate o queixo do outro homem. O homem ergueu as mãos em sinal de rendição e Cormac estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar. — Nossos homens estão acabando com os guerreiros McDonald. – Bertha disse presunçosamente. De fato, os soldados McCabe rapidamente despachavam os adversários. Mais um guerreiro McDonald entrou no ringue usando armadura e capacete. — Ele é pequeno! – Maddie exclamou. – Ora, não pode ser mais que um menino. Evidentemente, Diormid também percebeu isso, pois tinha um olhar perplexo no rosto. Quando o pequeno guerreiro ergueu a espada, Diormid balançou a cabeça e caminhou para frente. Embora fosse menor que Diormid, provou ser extremamente ágil. Habilmente evitava os golpes que poderiam tê-lo jogado no chão. Os guerreiros McDonald deram passos para frente e gritavam incentivos ao rapaz. Ele era muito rápido e Diormid encontrou dificuldade para permanecer de pé. Mairin prendeu a respiração, impressionada com a coragem do homenzinho. Inclinou-se para frente quando Diormid evitou diversos golpes e quando o rapaz saltou para evitar um chute. — Isso é tão excitante. – Gretchen sussurrou ao seu lado. Mairin sorriu para a menina que estava tão extasiada com o espetáculo na frente delas. — Sim. Parece que Diormid está tendo trabalho com o rapaz. A luta continuava e era evidente que Diormid estava frustrado por sua incapacidade de vencer o homem muito menor. Seus movimentos tornaram-se mais desesperados e selvagens.Era claro que ele queria terminar a luta e que o rapaz não estava nem um pouco preocupado com isso. Então, uma coisa incrível aconteceu. Diormid abriu as pernas e em um instante o rapaz pulou em cima dele com um grito digno de um guerreiro mais experiente. Com a espada erguida, deu seu golpe que descansou contra a carne vulnerável de Diormid. Este olhou para o jovem, mas finalmente deixou a espada cair em rendição. — O rapaz venceu nosso Diormid. – Maddie sussurrou. Lentamente, o rapaz se levantou e estendeu a mão. Diormid se levantou, quase derrubando o menino, que lutava para apoiar um guerreiro muito maior. Em seguida, o soldado McDonald embainhou sua espada. Então, arrancou o capacete da cabeça e uma massa de cabelos dourados caiu sobre os ombros. Rionna McDonald ficou na frente dos homens com o cabelo brilhando ao sol. As mulheres ao lado de Mairin engasgaram, com espanto. — É uma moça! – Gretchen exclamou em deleite. Ela se virou para Robbie, com os olhos brilhando. – Vê? Eu lhe disse que as mulheres poderiam ser guerreiros! Crispen e Robbie olharam para Rionna com uma mistura de espanto e admiração.
O pai de Rionna estava em choque. Empurrou a multidão de homens com o rosto desfigurado pela raiva. Agitava os braços e gritava para Rionna. Mairin se esforçava para ouvir suas palavras. Rionna baixou a cabeça, mas Mairin ainda conseguiu ver um lâmpejo de raiva em seu rosto. Com as mãos em punho ao lado dela, afastou-se do pai que vociferava. Mairin ficou de pé e pensou em sair em socorro da mulher, apesar do fato de estar vestida com trajes de homem e humilhado um guerreiro McCabe. Diormid estava furioso. Mas, ainda assim, Mairin se viu correndo em direção ao pátio para resgatar a moça de uma horda de homens furiosos. Murmurando desculpas, ela passou por entre os homens. Foi difícil empurrar aquela massa humana. Mairin cutucou e empurrou sem sucesso e finalmente chutou a parte de trás do joelho de um deles. O soldado se virou com um rosnado ate que viu quem estava atrás dele. Com a expressão de choque, rapidamente deu passagem a Mairin. Assim que chegou ao seu destino, percebeu que não tinha nenhum plano. Ewan não gostou de sua presença ali, encarando-a. Mairin segurou a mão de Rionna, ignorando o olhar de surpresa da moça. — Faça uma reverência. – Mairin sussurrou. — O quê? — Reverência. E então, venha comigo. E sorria. Realmente, um grande sorriso. — Peço perdão, lairds. Estamos indo embora. Nossas crianças precisam de nossa atenção e precisamos decidir a refeição de hoje à noite. – Mairin disse. Ela deu um sorriso deslumbrante e fez uma reverência. Rionna também sorriu e Mairin se impressionou de como a moça ficava maravilhosa sorrindo. Rionna também fez uma reverência e deixou que Mairin a tirasse dali. Os homens começaram a mover-se para abrir o caminho para as duas mulheres, enquanto Mairin distribuía doces sorrisos. Ela arrastou Rionna para fora, esperando pelo rugido de Ewan a qualquer momento. Quando conseguiram sair do pátio, deu um suspiro aliviado. — Para onde vamos? – Rionna perguntou. — Há uma menina que adoraria conhecê-la. – Mairin disse alegremente. – Ela ficou impressionada com seu desempenho. Rionna lhe lançou um olhar perplexo, mas deixou que Mairin a levasse até o alto da colina onde os outros a aguardavam, com ávido interesse. Gretchen não se conteve mais. Assim que Mairin e Rionna se aproximaram, a menina pulou e dançou ao redor de Rionna. Fez uma reverência e começou a bombardear a mulher com inúmeras perguntas. Vendo que Rionna estava confusa, Mairin colocou uma mão no ombro de Gretchen e explicou. — Gretchen quer ser uma guerreira. – Mairin explicou. – Disseram a ela que as mulheres não podiam ser guerreiros e agora ela descobriu que é mentira, depois que viu você derrotar Diormid. Rionna sorriu e se ajoelhou na frente de Gretchen. — Vou compartilhar um segredo com você, Gretchen. Embora a maior parte das pessoas pense o contrário, acho que as mulheres podem ser o que quiserem, basta acreditarem.
O sorriso de Gretchen iluminou seu rosto. Mas então olhou para o pátio. — Seu pai não ficou muito contente por ter lutado com Diormid. Os olhos de Rionna se entristeceram. — Meu pai se desespera tentando fazer de mim uma senhora. Ele não se impressiona com minhas habilidades como guerreiro. — Mas eu me impressionei. – Gretchen disse timidamente. Rionna sorriu novamente e pegou Gretchen pela mão. — Você gostaria de segurar a minha espada? A menina abriu a boca e arregalou os olhos. — Posso? Rionna guiou a mão dela para baixo até que a colocou sobre o cabo incrustado de pedras preciosas. — É menor que uma espada normal. Mais leve, também. Fica mais fácil para mim. — É incrível. – Gretchen murmurou. — Eu também quero ver! – Robbie exclamou. — Podemos tocar? – Crispen sussurrou. Embora reticente durante a refeição, Rionna era aberta e amigável com as crianças. Mairin concluiu que ela deveria ser extremamente tímida. Enquanto as crianças se reuniram ao redor de Rionna, conversando e admirando a espada, Mairin voltou o olhar para o pátio para ver Ewan em pé a poucos metros, com as mãos na cintura, olhando para ela. Por um momento, eles apenas trocaram um olhar. Então, ela voltou sua atenção para a jovem mulher. Quando as crianças se afastaram de Rionna, Mairin perguntou. — Você gostaria de tomar um banho antes do jantar? Rionna encolheu os ombros. — Eu costumo nadar no lago, mas acho que isso poderia horrorizar meu pai. Mairin arregalou os olhos. — Você está louca? A água está gelada! Rionna sorriu. — É um bom treinamento para a mente. Mairin balançou a cabeça. — Não entendo por que alguém renunciaria as alegrias de uma banheira cheia de água quente por um mergulho em um lago de gelo. — Já que nadar no lago está fora de cogitação, aceito sua gentil oferta de banho quente. – Rionna disse com um sorriso. Então, inclinou a cabeça para o lado e olhou para Mairin com uma expressão estranha no rosto.
— Gosto de você, Lady McCabe. Eu não a deixo assustada, como faço com os outros. E foi muita coragem ter enfrentado os homens para me resgatar. — Oh, chame-me de Mairin. Se vamos ser amigas, será melhor me chamar assim. Maddie limpou a garganta atrás de Mairin. Ela se virou, horrorizada por ter esquecido suas boas maneiras. — Rionna, quero que você conheça as mulheres de meu clã. Cada uma das mulheres deu um passo à frente, conforme Mairin as apresentava. Maddie ajudou-a com os nomes que não se lembrava. Assim que terminaram, Maddie mandou as mulheres de volta ao castelo para aquecer a água do banho de Rionna. Depois de mostrar o quarto que Rionna iria ocupar, Mairin desceu as escadas para verificar os detalhes do jantar. Estava quase na cozinha quando Ewan entrou no salão. Laird McDonald o acompanhava e Mairin apressou o passo. — Onde está a minha filha? – Laird McDonald exigiu. Mairin parou onde estava e voltou o rosto para o intratável laird. — Ela está em seu quarto, banhando-se e vestindo-se para o jantar. Aparentemente aliviado com a ideia de que sua filha não estava lutando contra guerreiros, o laird acenou com a cabeça antes de se voltar para Ewan. Mairin esperou por um momento, imaginando que Ewan a repreenderia por interferir, mas ele apenas olhou por trás de Laird McDonald e deu uma piscada. Foi tão rápido que ela não tinha certeza se viu bem. A ideia do laird fazendo algo assim era difícil de acreditar. Com certeza,ela tinha imaginado. Então, dirigiu-se à cozinha, mais uma vez.
Capítulo 26 Mairin já estava dormindo quando Ewan entrou no quarto naquela noite. Ele ficou ao lado da cama e a observou enquanto dormia enrolada nas cobertas, apenas com o nariz de fora. A conversa com McDonald se perdia rapidamente quanto mais cerveja consumiam. Em vez de falar de casamento e alianças, os homens bebendo ao redor da mesa se envolveram em conversas obscenas sobre as prostitutas das tavernas e cicatrizes de batalhas. Ewan desculpou-se, mais interessado em se deitar na cama quente com sua esposa do que falar e se vangloriar de coisas indecentes. Devia incomodá-lo saber que, mesmo uma mulher dormindo tinha tanto poder sobre ele que a única coisa que podia imaginar era subir para sua cama, ao invés de ficar com os homens. Mas descobriu que isso não o incomodava nem um pouco. Enquanto o resto do salão passaria a noite lembrando-se das noites passadas nos braços de uma mulher, ele estaria no andar de cima segurando uma. Despiu-se e cuidadosamente puxou as cobertas da cama. Mairin imediatamente despertou, franziu a testa e então puxou as mantas para trazê-las de volta. Ele riu e deslizou para a cama ao lado dela. O choque do corpo quente contra o dele o despertou imediatamente. Ela se mexeu de novo, murmurando algo em seu sono. Sua camisola caiu por um ombro, expondo a curva do pescoço e a pele suave. Incapaz de resistir, ele pressionou a boca em sua pele e mordiscou um caminho em seu pescoço. Ele amava seu gosto, adorava como cheirava. Mairin gemeu sobre sua orelha. — Ewan? – ela perguntou, sonolenta. — Quem mais você estava esperando,moça? — Oh, não sei. Parece que cada vez que eu acordo, há pessoas em nosso quarto. Ewan riu e mordiscou sua orelha. — Você não está zangado comigo? Ele recuou e olhou para ela. — O que você fez, agora? Marini bufou e seus lábios se retorceram. — Não fiz nada. Estava me referindo a hoje cedo. Quando ajudei Rionna. Sei que não devia ter interferido, mas... Ele colocou um dedo sobre os lábios. — Não, você não devia. Mas estou descobrindo rapidamente que você faz muitas coisas que não devia. Foi bom ter salvado Rionna como fez. O pai dela estava com raiva, e você contornou a situação. Minha única reclamação é que colocou-se no meio de uma atmosfera potencialmente explosiva, para não falar do grupo de homens que estavam excitados por uma batalha. Mairin deslizou as mãos mais para baixo, até encontrar sua dureza. Seus dedos circundaram o seu eixo e ele gemeu, crescendo dentro de seu suave afago. — Mas você não está com raiva. – ela disse com voz suave.
Ewan estreitou os olhos ainda mais e pressionou a mão dela. — Não pense que não sei o que está prestes a fazer, moça. Ela arregalou os olhos inocentemente enquanto acariciava-o desde o escroto até a ponta de seu pênis. Ele se inclinou para beijá-la, respirando sua essência. Inalou, explorou, saboreou o ar que saia dela. — Isso não vai livrar você de problemas. – ele alertou. Ela sorriu. — Mas me ajudará, na maioria das vezes. Ewan estava prestes a perder o controle. Sua suave exploração estava levando-o à beira da insanidade. Precisava tê-la. Agora. Estendeu a mão e agarrou a bainha de sua camisola. — Não chore... O som de tecido se rasgando abafou seu aviso. Ele empurrou o tecido ao longo de seus quadris e rolou até ficar entre as coxas abertas. Encontrou seu calor sedoso espalhando-se sobre a cabeça de seu pau e com um empurrão estava dentro dela. Mairin ofegou e arqueou-se para ele, trêmula. Ela estava tão apertada em torno dele, segurando-o tão intimamente que Ewan mal conseguia resistir. — Ah, moça, me desculpe. — Pelo quê? Ela arrastou as mãos sobre os ombros, as unhas raspando sua carne. Ewan fechou os olhos, sabendo que não iria durar muito. — Perco todo o controle quando estou com você. Isso vai ser rápido. Não posso me segurar. Mairin ergueu os quadris e envolveu suas pernas ao redor da cintura do marido. Era demais para Ewan suportar. Empurrou duro e sentiu que ia gozar. Novamente empurrou, mergulhando sem pensar naquele corpo quente. Sua semente a encheu e ele continuou empurrando, mais e mais, até que sua a passagem dela ficasse lisa com sua paixão. Ele se retirou, mas não queria privar-se de sua doçura ainda. Colocou seu membro de volta e empurrou, enquanto Mairin tremia em torno dele. Ewan se inclinou para frente, apoiando o peso sobre ela e permaneceu dentro do sexo quente. Ela ainda respirava com dificuldade, ofegando sobre o pescoço de Ewan. Seus corpos estavam emaranhados, pernas e braços entrelaçados, como se Mairin não quisesse que se afastassem. Ele gostava disso. Sim, gostava muito. Finalmente rolou para o lado, mas manteve-se entrelaçado com ela. Queria que Mairin fosse parte dele. Gostava da visão do corpo dela enrolado no dele. Era sua. Mairin bocejou, saciada, e aconchegou-se contra Ewan. Sabia que ela estaria dormindo em questão de minutos, mas permaneceu acordado, apreciando a sensação de tanta doçura em seus braços. Quando finalmente dormiu, teve o cuidado para mantê-la apertada contra ele o máximo possível. No dia seguinte, Mairin se ocupou com as mulheres no preparo da refeição do meio-dia, enquanto Ewan dava atenção a Laird McDonald. Os dois homens tinham ido caçar naquela manhã e para a
tristeza de Rionna, ela foi deixada de fora do grupo de caça. Ela se sentou na sala vestindo seus trajes masculinos, olhando aborrecida para a agitação ao redor. Rionna era um mistério para Mairin. Ela queria perguntar a moça sobre seu fascínio aparente com os deveres de um homem, mas tinha medo de insultar a mulher. Mairin ouviu Maddie contar que Laird McDonald tentava casar a filha com Alaric para selar a aliança com o clã McCabe e, que os lairds já estavam em negociação para tal arranjo. Mairin sentiu pena, pois parecia que Rionna não queria se casar e podia imaginar a reação de Alaric com o acordo proposto. O que esperar de uma moça que se envolvia em atividades chocantes e que trazia a ira de seu pai por isso? Alaric, certamente, não desejava que sua esposa se envolvesse em esgrima. Ewan ficaria chocado e Alaric não pensava diferente. Todos os irmãos McCabes tinham ideias firmes sobre o papel de uma mulher. Rionna precisava de alguém que a compreendesse. Embora Mairin não conseguia imaginar qualquer guerreiro permitindo a sua esposa esse tipo de liberdade. Mairin balançou a cabeça e ficou observando Rionna deitada de costas em uma das cadeiras e assistindo as atividades ao redor. — Está tudo preparado? – Mairin perguntou a Gertie quando ela entrou na cozinha. — Sim, acabei de preparar o pão e o cozido já está fervendo. Assim que os homens retornarem, serviremos a comida. Mairin agradeceu Gertie e então refez seus passos no corredor. Um ruído na entrada avisou que seu marido havia retornado e ela foi cumprimentá-lo. Ficou atrás, aguardando até que ele entrasse. Laird McDonald vinha logo depois dele, com Caelen e Alaric. — Bem-vindo, marido. Se você e o laird tomarem seus lugares na mesa, a refeição será servida. Ewan assentiu e Mairin se retirou para dizer a Gertie que a refeição poderia ser posta. As três mesas se encheram rapidamente com soldados McCabe e McDonald. A refeição foi um evento barulhento, com as histórias sobre as caças de manhã. Pratos de alimentos eram servidos por toda a parte e Mairin acabou se confundindo sobre qual era sua taça. Então, pegou a de Ewan e tomou um gole. Torceu o nariz para o sabor amargo e esperava que o resto da cerveja servida não estivesse tão ruim quanto aquela. Fez sinal para Gertie trazer ao laird outra taça para o caso dele querer beber. Laird McDonald manteve Ewan envolvido em assuntos de negociações, proteção de fronteiras, aumento de patrulhas, fortalecimento de alianças. Mairin dava pouca atenção à conversa, enquanto olhava Rionna comer. Queria muito puxar assunto com a mulher, quando uma cãibra atravessou sua barriga. Ela franziu o cenho e colocou uma mão sobre seu estômago. Será que a comida estava estragada? Mas, certamente, ainda era cedo para sentir os efeitos e a carne era fresca. Ela olhou para os outros, mas ninguém demonstrava sinal de desconforto. Na verdade, todos comiam com grande satisfação. Mairin pegou a taça de cerveja quando outra cãibra atingiu violentamente seu estômago. Ofegou para respirar, mas a dor era tão intensa que ela se dobrou. Outro nó a apunhalou. Sua
visão ficou turva e ela sentiu vontade de vomitar. Levantou-se rapidamente e, na pressa, derrubou a taça de Ewan. O liquido se esparramou sobre a mesa, caindo no colo do marido. Ewan virou-se, já pronto para reclamar. Mairin balançou-se e depois se dobrou, com um grito escapando de suas entranhas que queimavam como fogo. Rionna saltou e correu até Mairin, com o rosto cheio de preocupação. Em torno dela, os murmúrios cresciam enquanto todos observavam a senhora e seu obvio sofrimento. — Mairin! Ewan estava de pé, segurando-a. Ela teria caído se ele não a tivesse puxado contra ele. Estava mole, as pernas já não eram capazes de sustentar seu pelo. — Mairin, o que está errado? – Ewan perguntou. — Doente. – ela suspirou. – Oh, Deus. Ewan, acho que estou morrendo. A dor... Ela cedeu novamente e Ewan a deitou no chão. Acima dela, Alaric surgiu, preocupado. — Que diabos está acontecendo, Ewan? – Alaric perguntou. Ele empurrou Ewan e Rionna permaneceu ao redor Mairin virou a cabeça e vomitou no piso. O som era terrível até mesmo para seus ouvidos. Foi como se tivesse engolido um milhão de pedaços de vidro e eles estivessem rasgando suas entranhas. Mairin se enroscou como uma bola no chão de tanta dor e, em um momento de fraqueza, rezou pela morte. — Não! – Ewan rugiu. – Você não vai morrer. Não vou permitir. Você me ouviu, Mairin? Não vou permitir. Você vai me obedecer, porra! Pela primeira vez, vai me obedecer! Ela choramingou quando Ewan a levantou do chão. Estremeceu quando ele gritava enquanto subia os degraus. Gritava ordens e a sala se movimentava para atendê-lo. Ela se segurava nos braços de Ewan, enquanto ele subia escada acima. Entrou dentro do quarto, o tempo todo gritando ordens para o resto do clã. Não foi gentil quando a deitou na cama. Ela sentiu o estômago revirar quando o cheiro do próprio vômito entrou pelas suas narinas. Seu vestido! Estava arruinado. Agora ela nem poderia ser enterrada com ele. Ewan tomou o rosto entre as mãos e se inclinou até que seus narizes quase se tocaram. — Ninguém vai enterrar, você, moça. Está me escutando? Vai viver ou então, que Deus me ajude, vou segui-la até o inferno para trazê-la de volta chutando e gritando por todo o caminho. — Dói muito.- ela choramingou. Ele a tocou suavemente nos cabelos. — Eu sei, moça. Sei que dói. Mas precisa suportar. Prometa que irá lutar. Prometa! Ela não tinha certeza contra o que deveria lutar, mas tentou. — Ewan, o que há de errado comigo? – ela sussurrou,sentindo outra dor que a subjugava. Ele ficou com o rosto sombrio. — Você foi envenenada.
Capítulo 27 Fazia muitos anos que Ewan tinha rezado. A última vez foi no nascimento de seu filho, quando rezou sobre o leito de sua esposa enquanto ela lutava para trazer a vida que estava dentro dela. Mas então, encontrou-se em fervorosa oração ao lado da cama de Mairin. Maddie entrou correndo, com Bertha logo atrás. — Você precisa fazê-la vomitar, laird. – Bertha disse. –Não podemos perder tempo. Nem sabemos o quanto de veneno ela ingeriu. Ewan se curvou e segurou Mairin pelos ombros, rolando-a até a beira da cama para sua cabeça pender pelo lado de fora. Tomou seu rosto delicadamente entre as mãos e pressionou sua boca com o polegar. — Ouça-me, Mairin. – ele disse, com urgência.- Temos que livrar todo o conteúdo de seu estômago. Tenho que fazê-la vomitar. Sinto muito, mas não tenho escolha. Assim que seus lábios se separaram, ele enfiou os dedos na parte de trás de sua garganta e Mairin engasgou, convulsionando-se. Com apenas um braço para segurá-la, era difícil. — Ajude-me a abraçá-la. – ele pediu a Maddie. – Se não conseguir, chame um de meus irmãos. Bertha e Maddie saltaram, pressionando seus pesos contra o corpo de Mairin. Ewan repetiu o processo e ela vomitou no chão. — Mais uma vez, laird. – Bertha insistiu. – Sei que é difícil vê-la com tal dor, mas para ela sobreviver, deve ser feito. Ewan faria qualquer coisa para não deixá-la morrer, mesmo que isso causasse sua agonia. Segurou a cabeça e a forçou a vomitar. Uma vez e outra vez, até que não tinha mais nada no estômago. Ela estava com o corpo tão rígido que era um milagre não ter quebrado nenhum osso. Ainda assim, ele continuou, determinado a mantê-la viva. Bertha finalmente tocou-o no braço. — Pronto. Pode soltá-la agora. Maddie levantou-se e pegou um pano molhado no lavatório para entregá-lo a Ewan. Ele limpou a boca de Mairin e então sua testa, coberta de suor. Cuidadosamente, deitou-a na cama e depois retirou sua roupa. Jogou-as de lado e instruiu as mulheres para limpar o quarto e livrá-lo do cheiro nocivo. Ewan se sentou ao lado de Mairin e puxou as cobertas para proteger sua nudez. Observava-a ansiosamente, sentindo-se tão impotente que uma raiva profunda o queimava por dentro. Podia escutar o barulho do lado de fora do quarto. Conhecia seus irmãos e sabia que eles estavam lá, mas não queria se afastar de Mairin. As mulheres rapidamente limparam a bagunça do quarto e retiraram a roupa estragada. Momentos depois, Maddie voltou, fechando a porta com firmeza atrás dela. — Laird, deixe-me cuidar dela. – disse com voz baixa. – Ela já esvaziou o estômago. Não há nada a fazer a não ser esperar. Ewan balançou a cabeça.
— Eu não vou deixá-la. Ele passou um dedo pelos cabelos e tocou seu rosto, alarmado ao sentir como estava fria a pele. Sua respiração era fraca, tão leve que muitas vezes ele se inclinou, com medo de que não houvesse ar saindo pelo nariz. Mairin adormeceu, inconsciente. Não se mexia, nem gemia. Ewan não sabia o que era pior. Ouvir seus gritos desamparados ou vê-la tão imóvel quanto a morte. Ambos o assustavam como o inferno. Maddie ficou ao lado da cama por um longo momento e depois, com um suspiro, virou-se e saiu do quarto. Antes que Ewan pudesse reclinar-se na cama ao lado de Mairin, seus irmãos entraram no quarto. — Como ela está? – Alaric perguntou. Caelen não perguntou. Mas a tempestade estava lá em seus olhos quando olhou para Mairin. Ewan tocou a face da esposa novamente e passou os dedos debaixo de seu nariz até que sentiu o ar saindo. Havia tanta confusão dentro dele. Fúria. Medo. Desamparo. — Não sei. – ele disse, finalmente. A admissão de que ignorava como estava a esposa retorceu como uma faca em seu ventre. — Quem fez isso?- Caelen perguntou. – Quem poderia tê-la envenenado? Ewan olhou para Mairin, sentindo o peito apertar-se de ódio. As narinas se inflaram e ele apertou os punhos. — McDonald. – ele disse através dos dentes cerrados. Um maldito McDonald. Alaric recuou surpreso. — Um McDonald? Ewan olhou fixamente para seus dois irmãos. — Quero que vocês fiquem com ela. Os dois. Chamem-me se houver qualquer mudança. Agora não confio em mais ninguém até descobrir quem está tentando matar minha mulher. — Ewan, onde você está indo? – Caelen perguntou. Ewan voltou-se, quando abriu a porta. — Vou ter uma palavra com McDonald. Ele desceu as escadas com a espada desembainhada quando entrou no salão onde a maioria dos soldados estavam reunidos. Ficaram atentos quando viram Ewan com a espada erguida. McDonald estava de lado, rodeado por seus guardas. Rionna estava ao lado dele e os dois estavam conversando em um tom urgente. A tensão enchia o ar, tão intensa que a pele de Ewan ficou eriçada. Rionna ficou alarmada quando viu Ewan. Ela puxou a espada e deu um passo na frente de seu pai, mas Ewan a empurrou de lado e ela cambaleou. O salão explodiu em caos. Os homens McDonald se aproximaram de Ewan e os homens McCabe reagiram ferozmente em defesa de seu laird.
— Protejam a mulher. – Ewan gritou para Gannon. Ewan foi para cima de McDonald antes que ele pudesse desembainhar sua espada. Segurou o homem mais velho pela túnica e jogou-o contra a parede. O rosto de McDonald ficou vermelho de raiva quando Ewan apertou seu pescoço. — Ewan, o que significa isso? — Quanto você queria que eu me casasse com sua filha? – Ewan perguntou com uma voz perigosamente baixa. McDonald piscou,confuso, antes de responder com indignação. — Você está me acusando de envenenar Lady McCabe? — Você fez isso? McDonald estreitou os olhos com fúria. Empurrou as mãos de Ewan tentando se soltar, mas Ewan o empurrou contra a parede novamente. — Isso é guerra. – McDonald cuspiu. – Não deixarei esse insulto sem resposta. — Se você quer a guerra,ficarei feliz em dá-la a você. – Ewan sibilou. – E quando eu tiver limpado a terra com seu sangue, suas terras e tudo o que tem será meu. Você quer falar em insultos, laird? Entra em minha casa, partilha minha hospitalidade e tenta matar minha esposa? McDonald empalideceu e olhou fixamente para Ewan. — Não fiz nada disso, Ewan. Você tem que acreditar em mim. Sim, queria que Rionna se casasse com você, mas um casamento com seu irmão também é aceitável. Eu não a envenenei. A mandíbula de Ewan se contraiu e suas narinas se inflaram. O suor escorria pela testa de McDonald, enquanto olhava para a direita e para a esquerda, mas seus homens foram facilmente mitigados pelos soldados de Ewan. Rionna ficou há vários metros de distância, com os braços seguros por Gannon. Ela esperneava feito uma louca, dando trabalho para seu comandante contê-la. Não havia culpa nos olhos de McDonald. Será que ele dizia a verdade? A chegada de McDonald e o envenenamento de Mairin foram uma coincidência? Ewan relaxou e soltou McDonald da parede. — Desculpe minha grosseria, mas quero você e seus homens fora de minhas terras. Minha esposa está mortalmente doente e não sei se ela sobreviverá. Fique sabendo, McDonald. Se ela morrer e eu descobrir que você tem algo com isso, não haverá pedra em toda a Escócia para você se esconder. — E a nossa aliança? – McDonald balbuciou. — Tudo o que me preocupa agora é a minha esposa. Vá para casa. E reze para que ela viva. Falaremos de nossa aliança em outro dia. Ele quase jogou todos os McDonalds através da porta principal do salão. — Ewan! A moça está doente de novo. Está vomitando muito. Nada que eu ou Caelen fizemos pôde ajudar. Ewan moveu-se depressa em direção a Alaric, na entrada do salão, com expressão abatida.
— Cuide da partida deles. – Ewan disse para Gannon. – Acompanhe-os até nossa fronteira e garanta que partam. Em seguida, Ewan saiu correndo, empurrando Alaric de lado e subiu as escadas. Invadiu o quarto para ver Caelen segurando Mairin ao lado da cama, enquanto ela vomitava. Seu irmão parecia desesperado, mas mesmo assim, amparava Mairin de forma protetora. — Ewan, graças a Deus está aqui. Não posso fazê-la parar e isso vai matá-la! Ewan segurou o corpo mole de Mairin e o embalou em seus braços. — Shh, carinho. Respire comigo. Pelo nariz. Você deve parar de vomitar. — Dói. – ela choramingou. – Por favor, Ewan, deixe-me morrer. Dói muito. Ele a abraçou apertado contra seu corpo. — Apenas respire. – ele sussurrou. – Respire para mim, Mairin. A dor irá embora. Eu juro. Ela segurou a túnica tão apertada que o tecido ficou desconfortável em seu braço. Seu corpo ficou tenso, mas desta vez ela conseguiu segurar o impulso de vomitar. — Isso mesmo, moça. Segure-se em mim. Não vou deixá-la. Estou aqui. Ela escondeu o rosto contra o pescoço dele e ficou mole. Ewan a deitou na cama e então olhou para Caelen que estava ao lado, com o rosto tomado pela fúria. — Umedeça um pano para que eu possa limpar seu rosto. Caelen se apressou até o lavatório e torceu o pano para entregá-lo a Ewan. Este enxugou a testa de Mairin e depois passou o pano sobre sua boca. Ela suspirou, mas não abriu os olhos. Mairin parecia sentir espasmos em seu estômago. Aconchegou-se ao lado do marido e envolveu um braço ao redor dele. Então, soltou um suspiro e caiu em sono profundo. Ewan ergueu-a pela nuca e apertou os lábios em sua testa. O fato de que ela tivesse despertado era um bom sinal, mas odiava vê-la sentir tanta dor. Seu corpo estava tentando se livrar do veneno e ela valentemente combatia seus efeitos. — Viva. – ele sussurrou. – Não vou deixá-la morrer. Alaric, que tinha seguido Ewan de volta ao quarto, e Caelen pareciam desconcertados pela demonstração de emoção tão atípica de seu irmão. Nesse momento, Ewan não se importava se o vissem como um fraco. — Você se importa com ela. – Alaric disse, rispidamente. Ewan sentiu algo dentro dele se romper. Sim, ele a amava e não podia suportar a ideia de perdê-la. Por Deus, ela acordaria, insolente como sempre, e então ele a seduziria, dizendo-lhe as palavras que mais queria ouvir. Sim, ela viveria, e o amaria da mesma forma como Ewan a amava. Ele olhou para seus irmãos. — Preciso da ajuda de vocês. Tentaram matá-la. Isso me dói muito, mas acho que é alguém de nosso clã. Há um traidor em nosso meio e temos que encontrá-lo ou Mairin nunca estará segura. Não posso perdê-la. Nosso clã não pode perdê-la. Ela representa a nossa salvação e a minha. Se vocês não fizerem isso por ela, sua irmã, então faça isso por mim, seu irmão.
Alaric caiu de joelhos ao lado da cama e estendeu a mão, colocando os dedos na mão flácida de Mairin. Caelen endireitou os ombros e também ficou de joelhos ao lado de Alaric. Ele tocou o ombro de Mairin e seu olhar se suavizou, enquanto olhava para ela. — Você sempre teve a nossa lealdade, Ewan. – Alaric disse com uma voz grave. – Ela pertence a você. Agora prometo minha lealdade a Mairin também. Irei protegê-la como sua esposa e minha irmã. Colocarei a segurança dela acima da minha. A declaração solene de Alaric enviou uma onda de orgulho a Ewan. — Ela é uma boa mulher. – Caelen disse com voz rouca. – É uma boa mãe para Crispen e uma esposa leal. É um presente para você, Ewan. Eu a protegei com minha vida e buscarei justiça para o que foi feito contra ela. Ela sempre terá um lugar de honra em meus pensamentos. Ewan sorriu, sabendo como deve ter sido difícil para Caelen fazer tal promessa. — Obrigado. Isto significa muito para mim. Devemos ter certeza que ela estará segura a partir de hoje. E não será fácil vigiá-la, quando se levantar. — Você parece ter certeza de sua recuperação. – disse Caelen. Ewan olhou para baixo novamente enquanto a esperança queimava suas entranhas. — Sim, tenho certeza. A moça é muito valente para ceder à morte. Ewan se reuniu com seus irmãos até tarde da noite. Sentaram-se na sala, com apenas uma vela para iluminar o aposento escuro. — Interrogamos todas as mulheres que serviram, todos na cozinha, todo mundo que entrou em contato com o alimento e os que estavam reunidos no salão. –relatou Caelen. — Gertie está perturbada. – Alaric disse severamente. – Está doente por Mairin ter sido envenenada. Não acredito que Gertie está por trás disso, mesmo que tivesse oportunidade. Ela pertence ao nosso clã desde antes de nascermos. Sempre foi leal ao nosso pai e tem sido firme, desde sua morte. Ewan não podia imaginar alguém de seu clã tentando matar Mairin. Por quê? Ela representava a esperança. Era a esperança deles e não havia quem não soubesse disso. Mas alguém fez isso. Gannon e Cormac entraram no salão com expressões sombrias. O cansaço vincava seus rostos. — Laird, temos um relatório. Ewan fez um gesto para que eles se sentassem. Cormac tomou um assento, mas Gannon ficou em pé, com evidente agitação. — Nós descobrimos a origem do veneno. – disse Gannon. — Diga-me. – Ewan ordenou. — Não estava na comida. Testamos todos os pratos que restaram, incluindo o de Lady McCabe. O veneno estava em uma taça. Ainda estava quase cheia, então ela não bebeu muito. — Graças a Deus. – Ewan respirou. Havia esperança ainda. — Laird. – disse Cormac dolorosamente. – Não acreditamos que a taça era de Lady McCabe. Ewan bateu seus punhos sobre a mesa e se inclinou para frente.
— De quem era, então? Gannon deu um forte suspiro. — Acreditamos que era a sua, laird. Alaric e Caelen quase caíram da cadeira. — Que diabos você quer dizer? – Caelen perguntou. — Conversamos bastante com as mulheres que serviram. Havia três taças. Uma delas foi a que Lady McCabe derrubou quando se levantou da mesa. Era a sua taça, mas não foi colocada corretamente na mesa e achamos que ela bebeu dela. Ela pegou sua taça e bebeu um pouco. Devia ter um gosto ruim porque empurrou para o lado e pediu a uma das mulheres para trazer outra taça para você. Logo depois, ela passou mal. — Mas, por que...? – a voz de Ewan foi sumindo e olhou para seus homens mais confiáveis e seus irmãos. – A flecha. Não foi destinada a Mairin. Era para mim. — Jesus! - Alaric disse agitado. – Alguém está tentando matá-lo, Ewan. Não Mairin. — Faz sentido. – Caelen disse severamente.- Ninguém ganha se Mairin morrer. Mas seria diferente se Ewan morresse e deixasse Mairin viúva e sem filhos. — Cameron está por trás disso, de alguma forma. De alguma maneira tem alguém infiltrado em nosso clã. Alguém que está trabalhando para ele. Por duas vezes tentou matar-me e Mairin quase morreu por isso. – Ewan golpeou a mesa com tanta força que chegou a rachá-la. — Sim, mas quem? – Alaric perguntou. — Isso é o que temos que descobrir. – Ewan disse.- Até lá, Mairin deverá ser vigiada o tempo todo. Não quero vê-la ferida em outra tentativa contra minha vida.
Capítulo 28 Um grito severo interrompeu o sono nebuloso de Mairin. Ela não podia estar certa de era realmente um sonho, mas se sentia bem e flutuava, sem qualquer dor. E como estava agradável, ficou quieta. Então, parecia que havia um guizo dentro de sua cabeça. A dor estava de volta quando ouviu a voz de Ewan. Oh, mas o homem amava gritar. Parecia gostar de falar sem parar, principalmente quando o assunto era ela. — Você é a moça mais desobediente que já tive a infelicidade de conhecer. – Ewan rosnou. – Eu ordeno, moça, não morra. Você não é a leoa que defendeu meu filho. Ela nunca desistiria como você está desistindo. Mairin franziu a testa com seu insulto. Ewan agia de forma tão vergonhosa quando ela estava doente e morrendo. Ela o ouviu rir. — Não, moça. Você pode estar doente, mas não morrendo. Vai me obedecer agora ou Deus será minha testemunha, vou deitá-la sobre os meus joelhos. Mairin o olhou, ou pelo menos achou que o fez. A sala estava incrivelmente escura e sentia como se alguém tivesse colocado pedras sobre suas pálpebras. De repente, o pânico tomou conta dela. Talvez estivessem preparando-a para o enterro. Será que não colocam pedras sobre os olhos dos mortos para mantê-los fechados? Ou eram moedas? De qualquer maneira, ela não queria morrer. — Shh, moça. – Ewan a acalmou. – Abra seus olhos. Você pode fazer isso por mim. Ninguém vai enterrá-la, eu juro. Abra seus olhos e olhe para mim. Deixe-me ver seus belos olhos azuis.Reuniu todas as suas forças, mas ela conseguiu abri-los. Estremeceu quando a luz bateu neles e prontamente os fechou novamente. — Cubra a janela. – Ewan ordenou. Mairin franziu o cenho. Com quem ele estava falando? Estava virando um hábito ter tantas visitas em seu quarto. Mairin ouviu uma risada e abriu os olhos só para ver uma forma difusa que se assemelhava a Ewan. Ela piscou rapidamente e então olhou para trás dele para ver Alaric e Caelen de frente para a janela coberta. — É bom tê-lo de volta em casa, Alaric. Ewan precisaria de você para o funeral. Alaric fez uma careta. — Funeral de quem, moça? — O meu. – ela disse. Mairin tentou levantar a cabeça, mas logo descobriu que estava muito fraca. Caelen riu e ela voltou-se para fazer uma careta de desagrado. — Não ria. Ewan ficaria muito infeliz se eu morresse. — E é exatamente por isso que você não irá morrer. – Ewan reclamou.
Ela voltou-se para olhar para Ewan outra vez e ficou surpresa ao vê-lo tão abatido. Seus cabelos estavam despenteados, seus olhos vermelhos e parecia que não fazia a barba há vários dias. —Sempre sou obediente, marido. Se você ordena que eu não morra, então não vou negar seu desejo. Ewan sorriu quando olhou para ela com alívio. — É pecado mentir, esposa, mas acho que nem eu ou Ele iremos nos preocupar com essa mentira. Ela grunhiu. — Eu tento ser obediente. — Sim, moça. Eu mandei você não morrer e fico feliz que você tenha me obedecido, pelo menos uma vez. Estou tão contente que estou até pensando em não gritar com você da próxima vez que não me obedecer. — Oh, vocês são tão patéticos. – Caelen resmungou. Alaric se aproximou da cama e apertou a mão de Mairin. — Bem vinda de volta à terra dos vivos, irmãzinha. Você nos deu um grande susto. Mairin colocou a outra mão sobre seu estômago. — Não sinto mais dor. Mas estou com fome. Ewan riu e depois se inclinou para beijá-la na testa. — Deve estar mesmo com fome, moça. Ficou três dias aqui depois de esvaziar todo o conteúdo de seu estômago. — Três dias? – ficou estarrecida. Absolutamente chocada. — Sim, moça, três dias. – seu tom de voz ficou mais grave e ele a olhou cansado. Mairin estendeu a mão para traçar as linhas na testa e então acariciou seu rosto. — Parece cansado, marido. Acho que você precisa de um banho. E se barbear. E então, um longo descanso. Ewan colocou sua mão sobre a dela, prendendo-a contra seu rosto. Então, levou-a à sua boca e beijou a palma. — Agora que você acordou, posso dormir. Mas não pense que só porque despertou, vai poder ficar correndo pelo castelo. Você ficará na cama até eu dizer que pode se levantar. Mairin lançou-lhe um olhar de desgosto, mas segurou a língua. Não iniciaria uma discussão com ele agora. Ewan se inclinou e beijou-a novamente. — Sua língua é perfeita! Caelen e Alaric riram e Mairin ficou escandalizada. — Ewan! Morrendo de vergonha, ela puxou os cobertores até cobrir a cabeça. Ewan se uniu às risadas, enquanto ela desejava que o chão se abrisse e levasse todos. Ewan enxotou todos do quarto e ordenou que voltassem com um prato de comida. Provaria cada pedaço de comida antes que chegasse até ela. Mas Mairin não queria que morresse por ela. Ele não
parecia impressionado com sua preocupação. — É meu dever cuidar de você, moça. — Que belo trabalho fará se morrer no processo. – ela resmungou. Depois que comeram, ela se deitou no travesseiro e fechou os olhos. Sentia-se realmente fraca. Depois de três dias sem comer, supunha que fosse natural. De repente a porta se abriu e várias mulheres entraram com baldes de água quente. — Achei que ia gostar de um banho quente. – Ewan disse. Naquele momento ela queria se atirar sobre ele e abraçá-lo até deixá-lo sem fôlego. Quando o último balde foi derramado dentro da banheira, Ewan a levantou da cama e começou a desamarrar os laços da camisola. Mairin não tinha energia nem para protestar. Ewan gentilmente ergueua em seus braços e levou-a até a banheira. Ela gemeu de prazer quando a água quente envolveu seu corpo. Ewan se ajoelhou ao lado da banheira e estendeu a mão para pegar o jarro do chão, enchendo-o de água para molhar os cabelos dela. Quando seus dedos se enroscaram nos fios para lavá-los, Mairin fechou os olhos com o simples prazer de se sentir cuidada. Gemeu quando ele voltou sua atenção para o corpo dela. Demorou algum tempo esfregando os ombros e os braços. Suas mãos mergulharam na água e seguraram seus seios, esfregando o polegar sobre os mamilos rígidos. Não se demorou muito e continuou lavando cada centímetro de seu corpo. Quando ele alcançou seus pés, Mairin tremeu de prazer. Ele fez uma massagem minuciosa, indo de baixo para cima. Ao roçar as pontas dos dedos, ela gritou com a sensação de cócegas. Ewan riu, mas agarrou-a pelo tornozelo para não deixá-la escapar. — Não tinha ideia de que era tão delicada, moça. Segurou seu pé com ambas as mãos e beijou o arco. Acariciou sua perna até chegar em seu joelho. Então, alcançou suas coxas. Suas mãos acariciaram sua pele como se fosse seda. Quando ele terminou, Mairin estava relaxada, com a visão turva. Ewan retirou-a da banheira, enquanto a água escorria de seu corpo. Colocou-a perto do fogo e imediatamente a envolveu em um grande cobertor. — Assim que seus cabelos estiverem secos, vou colocá-la na cama. – ele disse. –Não quero que fique com frio. Ele começou a secar seus cabelos com uma toalha. Suas mãos trabalharam através de suas costas. Quando ele secou o excesso de umidade, começou a desembaraçá-los com um pente. O calor da lareira a envolvia, aquecendo seus ossos. Mairin se viu, então, cochilando contra ele. Assim que terminou, ele a envolveu em seus braços e levou-a de volta para a cama. — Você me assustou, moça. Ela suspirou e se derreteu em seu abraço. — Eu me assustei, laird. Não gostei da ideia de deixar você e Crispen. — Crispen dormiu em sua cama todas essas noites. Ele de um lado e eu do outro. Estava tão determinado quanto eu a não deixá-la morrer.
Mairin sorriu. — É bom ter uma família. — Sim, moça, é. Acho que nós três formamos uma boa família. — Não se esqueça de Caelen e Alaric. – ela disse com uma careta. – E Gannon, Cormac e Diormid, é claro. Eles me irritam, mas sei que tem boas intenções e sempre são tão pacientes. Oh, e Maddie, Bertha e Christina. Ewan riu contra seu ouvido. — Nosso clã, moça. Nosso clã é nossa família. Oh, ela gostou da ideia. Da família. Suspirou satisfeita e inclinou a cabeça sobre seu ombro. — Ewan? — Sim, moça. — Obrigada por não me deixar morrer. Eu estava perto de desistir, mas seus gritos tornaram isso impossível. Ele a apertou,sentindo um tremor percorrer seu corpo. — Quando você estiver bem, teremos uma longa conversa. Mairin tentou se sentar, mas ele a segurou firmemente. — Falar sobre o que, laird? — Palavras, moça. Palavras que pretendo lhe dizer.
Capítulo 29 Ewan deu a ela uma quinzena inteira para repousar, cobrindo-a com afeto e, claro, amor. Ah, a moça se recuperou rapidamente e Ewan passava horas deixando-a louca de prazer. No entanto, ela nunca disse que o amava. Dizia que ele era doce, bonito, ousado, arrogante... Embora não estivesse certo que fossem elogios. Ela estava certamente impressionada com a habilidade dele em fazer amor. E desenvolveu algumas próprias, embora não estivesse totalmente recuperada. Mas Mairin tinha que amá-lo. Ela, com certeza, não era obediente, nem particularmente respeitosa. Mas Ewan percebia como ela o olhava quando pensava que não estava vendo. Via como ela se desmanchava em seus braços, noite após noite, na escuridão de seu quarto. Sim, ela o amava. Não havia outra explicação. Ele só tinha que levá-la a ver isso. O envenenamento fez Mairin ficar mais cautelosa, levando a sério os pedidos de Ewan. Ele acabou sentindo falta de suas discussões, que normalmente ocorriam quando ela ignorava uma ordem. Não gostava que o encanto espontâneo de Mairin houvesse sido reduzido por aquele fato. Apenas Ewan, seus irmãos, Gannon, Cormac e Diormid sabiam a verdade. Mairin não era a vítima. Mas havia inúmeras razões para manter a informação para si mesmo. Primeiro, porque seu clã se tornou ferozmente protetor em relação à Mairin, desde o incidente. Todos observavam-na o tempo todo e nunca a deixavam sozinha. O que, para Ewan, era conveniente, pois independente se alguém estava ou não tentando matá-la, ainda havia a ameaça de Duncan Cameron. Segundo, ele não queria preocupar Mairin contando a ela que ele era a vítima. Não sabia o que a esposa poderia fazer se descobrisse, pois a moça era feroz na proteção das pessoas que considerava suas. E ela o considerava dela, para sua presunçosa satisfação. Mairin podia não ter dito as palavras que ele queria ouvir, mas não havia dúvidas que era possessiva com ele. Bastava lembrar-se do olhar que lhe dera quando Rionna McDonald chegou ao castelo. Ewan esperava ansiosamente o dia em que estariam livres de ameaças. A sombra que pairava sobre o castelo não afetou apenas a Mairin, mas a todos. Mairin...bem, Ewan não recebeu nenhum relatório dizendo que a moça causou algum tumulto desde que se levantou de seu leito. E deveria saber que esta paz não iria durar... — Laird, laird! Você precisa vir rapidamente. – Owain disse, enquanto corria até Ewan. O homem mais jovem ofegava quando parou, como se tivesse corrido o caminho inteiro. Ewan tirou olhos do pastor, que estava lhe dando um relatório detalhado e franziu a testa. — O que há de errado, Owain? — É Lady McCabe. O salão inteiro está um alvoroço. Ela ordenou a um grupo de seus homens que assumissem as tarefas das mulheres! — O quê? – Ewan gritou. – Então, colocou os dedos na ponta do nariz e respirou fundo. – Diga-me exatamente o que se passa, Owain.
— Heath irritou-a, mas não sei o que aconteceu, laird. Ela ordenou que ele e o grupo de homens lavassem e cozinhassem! Deus ajude a todos nós. E a limpeza das cozinhas e o chão. Owen interrompeu para tomar um fôlego e então continuou. — Eles estão prontos para a revolta, porque seus irmãos não podem controlar a moça. Ewan franziu a testa e amaldiçoou em voz baixa. Heath era um jovem soldado impetuoso que chegou recentemente aos McCabes. Era um filho bastardo de Laird McKinley, um dos muitos que não foram reconhecidos antes da morte do laird. O resultado era que não tinha um lar. Ewan reuniu vários homens ao longo dos anos para aumentar seu contingente e preparar-se para o ataque a Duncan Cameron. Ele já teve problemas com Heath e um grupo de jovens, arrogantes soldados que se aliaram a Heath, logo após sua chegada. Se Heath estava envolvido, então não poderia ser coisa boa. — Onde estão meus irmãos? – Ewan perguntou. — Estão no corredor. A situação estava muito tensa, laird. Houve um momento que eu temi pela segurança de Lady McCabe. Era tudo o que Ewan precisava ouvir. Correu para o salão e assim que entrou no pátio, viu seus homens, fora de formação, de pé, com as cabeças inclinadas, ouvindo o barulho que vinha de dentro do castelo. Ewan empurrou todos eles e invadiu o salão. A cena diante dele era um caos. Um grupo de soldados mais jovens estava do outro lado da sala, cercados por seus irmãos, por Mairin e por Gertie. Cormac e Diormid estavam sendo severamente repreendidos por Gertie. Ela estava tão irritada que balançava uma colher para os dois homens, atingindo-os a cada palavra que dizia. Alaric e Caelen estavam com expressões de fúria, tentando colocar Mairin atrás deles. Mas ela lutava contra isso. O que chamou a atenção de Ewan foi o fato de Mairin, no meio do batalhão, ter o rosto tão vermelho de raiva que parecia que ia explodir. Estava na ponta dos pés, gritando insultos a Heath. Gannon que se colocou,valentemente entre eles, tentava mantê-la à distância. O rosto de Heath estava roxo de raiva. A moça não tinha ideia do perigo em que estava. Mas Ewan sabia. Já tinha testemunhado o temperamento impetuoso do jovem mais de uma vez. Começou a atravessar a sala quando viu Heath levantar a mão. Ewan soltou um rugido, sacou a espada e lançou-se. Mairin se abaixou, mas o punho de Heath ainda roçou o queixo da moça e enquanto ela pulava para trás. Mairin caiu no mesmo momento em que Ewan batia em Heath. Se Caelen e Alaric não segurassem seus braços, provavelmente teria matado o jovem. Enquanto isso, Heath estava caído no chão, com sangue escorrendo de sua boca. Ewan lutou para se soltar, mas seus irmãos não o soltaram. — Parem! – ele rugiu. Eles ainda o seguraram até que Ewan conseguiu se soltar. Arrancou o braço das mãos dos irmãos e foi até onde Mairin estava caída, para ajudá-la a se levantar. Segurou-a pelo cotovelo e colocou-a em pé. Então, examinou o queixo dela minuciosamente.
— Ele mal me tocou. – Mairin sussurrou. – É sério, Ewan. Nem está doendo. — Ele não tinha o direito de tocar em você! Irá morrer por esse delito. Soltou o rosto dela e virou-se para o resto da sala. — Alguém pode me dizer o que, em nome de Deus, está acontecendo? Todo mundo começou a falar ao mesmo tempo. Ewan fechou os olhos e então gritou, pedindo silêncio. Virou-se para Mairin. — Diga-me o que aconteceu aqui. Mairin olhou para suas mãos, mas não antes de Ewan ver um tremor trair seus lábios. — Eu vou contar, laird. – Diormid disse em voz alta, dando um passo para frente. – Ela ordenou que Heath, Robert, Corbin, Ian e Mateus assumissem as tarefas das mulheres. A descrença e a indignação que sentia em nome de seus homens eram evidentes. — Ela mandou que todos eles cozinhassem e limpassem os pisos! Ewan viu como a expressão de Mairin mudou. Seus lábios se apertaram e ela simplesmente voltou-se e teria saído da sala se Ewan não segurasse seu braço. — Moça? – indagou incisivamente. Seu queixo tremia e Mairin piscou furiosamente. — Você só vai gritar, laird. E não desejo ser humilhada novamente na frente de meu clã. —Diga-me o que aconteceu. – ele disse com voz severa. Estava determinado a não demonstrar fraqueza diante de seus homens. Mas o queria fazer era puxála em seus braços e beijar seus lábios trêmulos. Ela estava à beira das lágrimas e Ewan faria qualquer coisa para não vê-la chorar. Mas precisava ser disciplinado e justo. Tinha um dever com todos os envolvidos. Ser justo e imparcial, o que significava que se sua esposa tinha planejado mais uma de suas tolas tramóias, ele a faria chorar.Mairin levantou o queixo, o que o aliviou. Preferia sua beligerância às suas lágrimas. Ela apontou para Heath. — Esse... esse idiota bateu em Christina. Ewan enrijeceu-se e foi até Heath que estava se levantando com a ajuda de Diormid. — Isso é verdade? – Ewan perguntou, em voz baixa. — A cadela foi impertinente. – Heath rosnou. – Ela mereceu minha repreensão. Mairin ofegou de indignação. Teria voado em Heath novamente, mas Ewan a segurou pela cintura e puxou-a para seu peito. Seus pés chutaram seus tornozelos, mas ele não a soltou. Virou-se para Alaric e Caelen e empurrou-a para seus braços. — Não a deixe sair. – Ewan ordenou. Alaric a abraçou pela cintura e simplesmente apertou-a contra seu peito, deixando-a centímetros acima do chão. Mairin o olhou, indignada, mas Ewan estava mais interessado na explicação de Heath. — Você vai me contar tudo. – ele disse, olhando ferozmente para Heath. Mairin lutou nos braços de Alaric, mas ele a segurou mais forte.
— Ewan, por favor. – ela implorou. – Eu contarei a você tudo o que aconteceu. Ela estava mais que furiosa. Estava tão enojada com o tratamento dos homens com as mulheres que poderia pegar a espada de Ewan e matar todos. Se pudesse se soltar, faria exatamente isso.Mairin voltouse para Alaric, enquanto Ewan continuava a ignorá-la. — Alaric, pode me emprestar sua espada? Alaric arqueou uma sobrancelha, assustado. — Você poderia me ajudar. Por favor, Alaric. Preciso de um pouco de sangue. Para a surpresa dela, ele deu uma sonora gargalhada que ecoou pelo salão silencioso. Lágrimas molhavam os olhos de Mairin. — Por favor, Alaric. O que ele fez não é certo. Agora dará desculpas a Ewan por seu comportamento vergonhoso. Alaric olhou para ela. — Ewan vai cuidar disso, moça. É um homem justo. — Mas ele é um homem! – ela insistiu. Alaric olhou-a, intrigado. — Sim, eu acabei de dizer isso. Antes de Ewan exigir uma explicação a Heath, o salão irrompeu mais uma vez. Mulheres entraram na sala, com gritos que rivalizavam com os dos guerreiros. Para o espanto de Mairin, elas traziam uma série de armas improvisadas, feitas de varas, pedras e punhais. Ewan escancarou a boca e Alaric finalmente soltou Mairin. Ela aterrissou com um baque no chão e lançou um olhar descontente em direção ao cunhado. Mas ele, como qualquer outro homem, virou-se para olhar espantado as mulheres que entravam. — Moça, você está bem? – Bertha perguntou na frente da multidão de mulheres. Christina correu para Mairin e segurou sua mão, puxando-a para o grande grupo de mulheres armadas. Mairin apertou a mão de Christina quando olhou o hematoma escuro no rosto da jovem. — Você está bem? – Mairin sussurrou. Christina sorriu. —Sim, graças a você, minha senhora. — Laird, queremos dar uma palavra com você. – Bertha gritou. Ela acenou com uma foice para enfatizar, enquanto Ewan continuava a olhar para as mulheres, com espanto. — Que diabos está acontecendo aqui? – Ewan perguntou. – Todo mundo enlouqueceu? — Seus homens se comportaram repreensivelmente. – Mairin disse. As mulheres manifestaram seu acordo agitando suas armas e batendo os pés. Ewan cruzou os braços sobre o peito e olhou severamente para ela.
— O que eles fizeram, moça? Mairin olhou para as outras mulheres, que demonstravam seu apoio. Então, ergueu o queixo e lançou ao laird uma feroz carranca. Devia ter sido digna de olhar, porque Ewan levantou uma sobrancelha enquanto a observava. — As mulheres estavam todas realizando suas tarefas, assim como você espera que os homens realizem as deles. Até que aquele idiota resolveu jogar seus encantos sobre Christina. Mas a moça o recusou. Ele ficou tão furioso com a rejeição que começou a criticar seu trabalho. Veja, ela estava servindo aos soldados sua refeição da tarde. Então, começaram a depreciar e menosprezar o trabalho de cada mulher neste castelo. Fizeram brincadeiras e criticaram ainda mais. Eles berraram para Maddie, dizendo que a comida estava demorando. Reclamaram da comida de Gertie, alegando que não era suficiente, que estava salgada demais, ou muito fria. Ela respirou fundo, antes de derramar todo o restante de sua ira. — E quando Christina tentou apaziguar a situação, Heath a fez tropeçar. Ela derramou toda a cerveja sobre ele. Ele teve a coragem de humilhá-la, gritando que tinha arruinado sua roupa. Quando ela protestou, deu-lhe um tapa no rosto. As mãos de Mairin apertaram-se com fúria, quando ela deu um passo a frente, tremendo de raiva. Apontou para o grupo que acompanhava Heath. — Nenhum deles tentou ajudá-la. Nenhum! Ninguém moveu um dedo para parar o abuso contra Christina. Eles estavam muito ocupados rindo e criticando o trabalho das mulheres. Mairin parou na frente do laird e enfiou um dedo em seu tórax. — Bem, eu disse que se era tão fácil e se eles não achavam o trabalho delas tão importante, então que assumissem os deveres das mulheres e vamos ver se eles executariam melhor essas tarefas. Prendeu a respiração e esperou que Ewan gritasse com ela. — Quero falar, laird. – Bertha gritou tão alto que mais de uma mulher fez uma careta. — Pode falar. – Ewan disse. —Não me alongarei em meus comentários, mas você precisa saber. A partir deste momento, as mulheres não levantarão um dedo neste castelo. E estaremos protegendo Lady McCabe! Ewan ergueu a sobrancelha de novo. — Vocês estão protegendo-a? Bertha assentiu. — Sim, ela irá conosco. Não queremos vê-la sendo castigada porque nos defendeu. Para a surpresa de Mairin, ele sorriu. — Há um problema em relação a isso, Bertha, — Que problema? – Bertha perguntou. — Sou eu quem a está protegendo. Essa declaração causou uma serie de murmúrios através do corredor. Tanto os homens quanto as mulheres se inclinaram para frente para saber qual seria a decisão do laird. Estava claro que ele estava
descontente. — Não cederei a suas chantagens e suas exigências. – ele disse. Quando Bertha estufou o peito e se preparava para lançar outro discurso irritado, ele ergueu a mão para silenciá-la. — Ouvirei ambos os lados antes de julgar. Uma vez que o faça, a questão estará encerrada. Está claro? — Só se você decidir pelo caminho certo. – Mairin murmurou. Ewan lhe lançou um olhar zangado. O laird voltou-se e não ficou satisfeito ao ver Heath e os quatro homens mais jovens que estavam desafiadoramente ao seu lado. Então, olhou para Gannon, que era o mais velho de todos os homens. — Você tem alguma explicação para isso? Gannon suspirou. — Sinto muito, laird. Não estava presente. Estava no pátio com alguns dos soldados. — Sei. – virou-se para Cormac, que estava ao lado de Diormid e Heath. – Cormac? Tem alguma coisa a dizer? O olhar de Cormac era furioso. Olhou para os homens, que também o observavam ansiosamente, enquanto Ewan aguardava uma palavra. — Foi como a senhora relatou, laird. – ele disse com os lábios apertados. – Estava chegando quando Heath derrubou Christina. Não é culpa de Christina. Os homens gritavam insultos e quando ela discordou, Heath a golpeou. Eu mesmo o teria matado, mas Lady McCabe interveio antes que eu pudesse agir, então minha preocupação passou a ser a segurança dela. Ewan assentiu. Então, olhou para Diormid. — E você? Diormid abaixou a cabeça, com remorso por não ser leal aos jovens que estavam sob seu comando. — Não, laird. Apenas contei o que ele disse para mim. — Então, você não estava presente quando tudo aconteceu? – Ewan perguntou. Diormid balançou a cabeça. — Entrei no salão quando Lady McCabe gritava ordens para que os homens assumissem as tarefas das mulheres do clã. — E você ainda está do lado deles? – Ewan perguntou. Diormid hesitou antes de finalmente dizer. — Não, laird. Estou envergonhado por eles. Ewan então voltou-se para Bertha. — Podem ir agora para suas casas. Tirem o resto do dia de folga. Robert, Corbin, Ian e Mateus assumirão seus deveres.
Mairin franziu a testa pela omissão de Heath, mas os aplausos das mulheres a impediram de manifestar seu descontentamento. Igualmente explosivo era o grito desesperado dos quatro jovens que Ewan condenou ao trabalho das mulheres. Pareciam tão chocados que Mairin não pôde sorrir de satisfação. Bertha sorriu para Mairin. — Venha, moça. Você deve celebrar conosco. Mairin virou-se para deixar a sala, mas Ewan limpou a garganta. Lentamente, ela se virou e olhou para o laird. Certamente ele não devia estar zangado com ela. Não depois de ter ouvido a história completa. Sua expressão ainda era severa quando a chamou com um dedo. Suspirando, ela deixou Bertha para ir até o marido. As mulheres ainda ficaram na sala, curiosas sobre o que o laird queria, ou para defender Mairin no caso de uma repreensão. Mairin agradeceu e dispensou-as de seu apoio. Quando elas estavam a uma distância respeitável, cruzou as mãos na frente dela. — Você quer algo de mim? Ewan a chamou com o dedo novamente e ela bufou, aproximando-se dele. Ele esticou o dedo e tocou o queixo, levantando-o até que olhasse para ele. —Alguma ordem para mim, laird? — Sim, moça. Tenho. Mairin inclinou a cabeça mais para trás, aguardando sua ordem. Ewan roçou os dedos onde Heath a atingiu. Então, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela e segurou seu rosto, de forma possessiva. — Beije-me.
Capítulo 30 Mairin estava tão aliviada que se jogou nos braços de Ewan e fundiu a boca calorosamente contra a dele. — Não confia em mim, moça. Sua voz a repreendia enquanto provava seus lábios novamente. — Sinto muito. - ela sussurrou. - Você me olhou como se quisesse gritar comigo de novo. — Laird, não pode estar falando sério sobre fazermos as tarefas das mulheres! Ewan virou-se bruscamente ao ouvir o protesto de Robert. — Na verdade, eu falo. Se minhas ordens são um problema para alguém, então estão livres para deixar o castelo. Heath rosnou e automaticamente Mairin olhou para ele. O homem tinha ódio em seus olhos. — E Heath? - ela sussurrou. - Por que ele foi perdoado do trabalho das mulheres? A carranca que surgiu no rosto de Ewan deixou-a apavorada. — Fique com Alaric. Ele a colocou atrás Alaric e Caelen antes de caminhar até onde Heath estava. Seus cunhados formaram um muro com os ombros na frente dela e Mairin ficou na ponta dos pés, balançando-se para a esquerda e direita, em um esforço para ver mais através dos dois irmãos. Quando Ewan chegou a Heath, não disse uma palavra. Recuou e bateu com o punho no rosto dele. Heath caiu como uma pedra. Ele gemeu pateticamente quando Ewan juntou sua camisa nas mãos e puxou-o para cima novamente. — Isso foi por Christina. - Ewan rosnou. Em seguida, ele bateu com seu joelho direito entre as pernas de Heath. Alaric e Caelen estremeceram. Gannon ficou branco e Cormac recuou e desviou o olhar. — Isso foi por minha esposa. Largou Heath no chão, onde ele se enrolou como uma bola. Mairin poderia jurar que o homem estava chorando. — Eu estaria chorando também, moça. - Alaric murmurou. Ewan voltou-se e falou com Gannon, em um tom gélido. — Ele morrerá. Leve-o embora. Heath empalideceu ao ouvir a sentença de morte e começou a implorar. Os guerreiros reunidos estremeceram com o lamentável comportamento de Heath. — Sim, Laird. Imediatamente. Gannon se curvou e colocou Heath de pé. Ele e Cormac o arrastaram para fora do salão. Ewan então voltou sua atenção para Christina.
— Minhas desculpas, Christina, por sofrer tal injustiça. Eu não desculpo, nem aceitarei tal comportamento de meus homens. Aproveite o seu dia livre de seus afazeres. Duvido que meus homens farão o trabalho tão bem quanto você, mas será feito. O coração de Mairin se encheu de orgulho. Ficou tão emocionado com a sinceridade nas palavras de Ewan que seus olhos marejaram-se com lágrimas. Ela apertou os braços de Caelen e de Alaric até os nós dos dedos ficarem brancos. Caelen soltou cuidadosamente os dedos de seu cotovelo e, em seguida, revirou os olhos, quando percebeu suas lágrimas. — Por que diabos você está chorando, moça? Ela fungou e esfregou seu rosto contra a manga da camisa de Alaric. — Foi maravilhoso o que ele fez. Alaric empurrou a cabeça dela e fez uma careta, até que Mairin parou de enxugar suas lágrimas sobre ele. — Ele é um homem bom - disse ela. — Claro que é - disse Caelen lealmente. Resolvida a questão, Ewan caminhou até onde estava Mairin. Sem se preocupar se a chamou ou não daquela vez, soltou-se de Alaric e Caelen e pulou nos braços de Ewan. Mairin encheu seu rosto de beijos e pendurou-se em seu pescoço. — Deixe-me respirar, moça. - Ewan disse com uma risada. — Eu te amo. - ela sussurrou em seu ouvido. - Eu te amo tanto. E de repente, ele a abraçou tão forte quanto ela. Para sua surpresa absoluta, Ewan se virou e arrastou-a para fora do salão. Subiu a escada de dois em dois degraus, entrando no quarto momentos depois. Depois que chutou a porta para fechá-la com o pé, olhou-a ferozmente, apertando-a ainda mais entre seus braços. — O que você disse? - perguntou ele com voz rouca. Mairin arregalou os olhos surpresa por sua veemência. — Há alguns momentos atrás. No corredor. O que disse no meu ouvido? Ela engoliu em seco, nervosa, agitando-se em seus braços. Em seguida, reuniu sua coragem enquanto ele a segurava. — Eu te amo. — Já era hora! – ele rosnou Mairin piscou,confusa. — Hora de quê? — As palavras. Você finalmente as disse. — Mas só agora eu percebi. - disse ela, confusa.
— Mas eu já sabia. - ele disse, com satisfação presunçosa. — Não sabia. Se nem eu sabia, como você poderia saber? Ewan sorriu. — Então me diga, moça, como é que você pretende passar a sua tarde livre? — Não sei. - admitiu. - Talvez vá encontrar Crispen e brincar com ele e as outras crianças. Ewan balançou, negativamente, a cabeça. — Não? - ela questionou. — Não. — Por quê? — Porque planejei uma tarde muito mais atraente. Ela arregalou os olhos com espanto. — Planejou? —Mmm-hmm. Gostaria de saber se está disposta a ser agradável comigo. — A preguiça é um pecado.- ela sussurrou. — Sim, mas o que eu tenho em mente não tem nada a ver com preguiça. Ela corou furiosamente com a sugestão em sua voz. — Você nunca passou uma tarde longe de seus deveres. — Meu dever mais importante é cuidar das necessidades de minha esposa. - ele tocou a área de seu rosto, onde Heath a atingiu e seu olhar ficou sombrio. — Você realmente vai matá-lo, Ewan? - ela sussurrou. Ewan fez uma careta. — Ele bateu em você, a esposa do laird. Senhora do castelo. Não vou tolerar tal desrespeito . Mairin retorceu suas mãos, com a culpa surgindo em seus olhos. —Eu o provoquei descaradamente. Chamei-o de nomes terríveis. Usei palavras que uma senhora nunca deveria usar. Serenity lavaria minha boca com sabão. Ewan suspirou. — O que quer que eu faça, Mairin? Ele tem sido um problema há muito tempo. Já tinha esgotado as suas chances aqui. Mesmo que ele não batesse em você, não iria tolerar levantar uma mão para outra mulher nesse clã. — Você pode bani-lo? Gostaria de pensar que um homem sem casa e sem meios sofreria muito mais do que dar-lhe uma morte rápida e fácil. Talvez ele morresse de fome ou uma matilha de lobos caísse sobre ele. Ewan recuou, surpreso, e então riu, o som gutural enviando ondas de prazer pelo corpo. — Você é uma moça sanguinária. Ela balançou a cabeça.
— Sim, Alaric disse isso. — Por que é importante não matá-lo, Mairin? É meu direito como laird e como seu marido. — Porque me sinto mal por provocá-lo assim. Se ele não tivesse me agredido, você não teria ordenado sua morte por ter batido em Christina. Não que você não o puniria. - ela se apressou a corrigir. — Então prefere que ele seja devastado por uma matilha de lobos. Mairin balançou a cabeça.Ele riu. — Assim seja, moça. Farei Gannon escoltá-lo para fora de nossas terras com a ordem de nunca mais voltar. Ela jogou os braços ao redor dele e abraçou-o apertado. — Eu te amo. Ewan a afastou e depois se inclinou para beijar a ponta do seu nariz. — Diga isso de novo. Mairin torceu os lábios e fez uma careta para ele. — Você é um homem exigente, Laird. Seus lábios encontraram os dela e ele saboreou-a profundamente, esfregando a língua em sua boca até que Mairin a abriu para deixá-lo entrar. — Diga. - ele sussurrou. — Eu te amo. Com um gemido baixo, Ewan ergueu-a em seus braços e caminhou até a cama.Deitou-a sobre as cobertas e depois rolou até ela. Despiu sua roupa, expondo primeiro os ombros e, em seguida, seus braços. Ewan segurou seu braço e puxou-a contra ele, aninhando-a em seu pescoço. Ah, mas seus lábios eram mágicos. Decidida a não permitir que fosse o único a torturar, Mairin se curvou e passou a língua sobre os grossos tendões no pescoço. Sorriu quando ele se encolheu,e afundou seus dentes em sua carne, inalando seu cheiro masculino. Mairin saboreava o seu gosto, roçando a língua sobre cada linha. — Mairin? Ela se inclinou para que pudesse ver os olhos de Ewan. — Sim, marido? — Você tem um carinho especial por este vestido? Ela franziu o cenho. — Bem, é apenas um vestido de trabalho. — Bom. Antes que ela pudesse pensar, Ewan rasgou o tecido de seu corpete até a cintura, expondo seus seios ao ansioso toque. — Não é justo - ela resmungou. - Não posso rasgar sua roupa.
Ele sorriu. — Gostaria disso, moça? — Sim, gostaria. Rindo, ele rolou para fora da cama e começou a se despir. Tão logo ficou nu, puxou os farrapos restante do vestido dela e, em seguida, deitou-se de costas. — Essa é uma posição estranha, marido. Tenho certeza que você não está correto. Ewan traçou uma linha sobre sua face e lábios. — Sim, moça, estou certo disso. Hoje as mulheres estão no comando e os homens estão fazendo o trabalho. Parece-me certo que fique em cima. Serei seu humilde servo. Seus olhos se arregalaram. Mairin pensou sobre o que ele disse, franziu os lábios e, finalmente, balançou a cabeça. — Não tenho certeza se tal coisa é possível. — Oh sim, moça, é possível. Não só possível, como é uma experiência maravilhosa. Ewan agarrou seus quadris, colocando-a sobre a sua virilha. — Ponha a sua mão por baixo, moça. Guie-me até sua entrada. Mairin tremia de emoção e expectativa. Suas pernas amoleceram quando agarrou a sua dureza. —Oh, sim, moça, exatamente assim. Encaixe-me lá. Deixe-me entrar em você. Moveu-se contra ela, segurando-a enquanto a ponta de seu pênis roçava através de seu calor úmido. Então ele encontrou a entrada e deslizou aos poucos. Mairin ficou tensa quando ele começou a violação de sua abertura. — Relaxe. - ele acalmou. Guiou-a para baixo e ela colocou as palmas das mãos em seu peito. Inclinou-se para frente enquanto os dedos dele deslizaram até suas nádegas. Ewan agarrou a carne enquanto deslizava mais fundo. Com mais um empurrão,Mairin encontrou suas coxas. Foi uma sensação inquietante, ser transpassada pela lança, de forma plena, sem alívio. O corpo dela cantarolou de prazer. Os mamilos endureceram, implorando por seu toque. Ewan soltou seus quadris e roçou os dedos sobre o ventre até segurar os seios em concha em suas mãos. Pequenas faíscas de fogo queimaram através de seu corpo quando ele apertou os botões firmes. Ele brincou e acariciou até que ficaram dolorosamente rígidos. — Cavalgue-me. - disse ele com voz rouca. A imagem que este pedido evocou surgiu em sua mente. Uma quente explosão surgiu em seu sexo, fazendo-a se contorcer e apertando o pau em sua vagina. Ansiosa para chegar à sua liberação, Mairin começou a mover-se, hesitante no começo. Sentiu-se tímida, mas o fogo nos olhos de Ewan deu-lhe toda a confiança que precisava para continuar. Ela balançou, para frente e para trás, erguendo-se e, em seguida, afundando novamente. Ambos gemeram, de forma desesperada e urgente, quando Mairin acertou seu ritmo.
Deliciando-se com a liberdade recém-descoberta, ela começou a conduzi-los para além dos limites da razão. Sorriu sedutoramente para o marido quando ele pediu para parar de atormentá-lo. Com seus lábios fundidos tão firmemente enquanto seus corpos, eles encontraram a sua liberação. Seus dedos cravaram-se em seus quadris e ele puxou-a para baixo, segurando-a até que se esvaziou dentro de seu corpo. Com um suspiro, Mairin caiu emcima dele e se aconchegou em seu calor. Seu coração batia freneticamente contra o dela. Ewan passou os braços em torno dela e beijou sua cabeça. — Eu te amo, Mairin. Por um momento ela achou que não tinha ouvido bem. Sim, ela o amava. Mais do que imaginava ser possível amar um homem. Mas não esperava que ele sentisse a mesma coisa. Ewan era carinhoso com ela. Mas, amor? Nunca esperou que ele lhe oferecesse seu coração. Lágrimas encheram os olhos quando se levantou, com os cabelos caindo sobre os seios, olhando-o com admiração. — Diga isso de novo. – ela pediu, com voz rouca. Ewan sorriu ao ouvir suas próprias palavras jogadas para ele. — Eu te amo. — Oh, Ewan. - ela sussurrou. — Não chore, moça. Eu faria qualquer coisa para não fazê-la chorar tanto. — São lágrimas de felicidade. - ela disse. - Você me fez tão feliz, Ewan. Você me deu um lar e uma família. Um clã pra chamar de meu. E hoje, ficou ao meu lado, mesmo quando temia que me repreenderia na frente de todos. Ewan franziu o cenho e balançou a cabeça. —Eu sempre estarei ao seu lado, mulher.Nem sempre concordo com você, e haverá momentos em que você não concordará com minha decisão, mas sempre estarei ao seu lado. Mairin o abraçou novamente e apertou o rosto contra seu pescoço. — Oh, eu te amo tanto, Ewan. Ele rolou até que ficassem frente a frente. Tocou-a no rosto, acariciando os fios de cabelo que caiam. — Eu esperei um longo tempo para ouvi-la dizer essas palavras, moça. E agora que eu as tenho, nunca me cansarei delas. Mairin sorriu. — Isso é uma coisa boa, laird, pois tenho este problema de dizer em voz alta tudo o que passa por minha mente. E pretendo dizer muitas vezes o quanto eu amo você. — Talvez devesse me mostrar. - disse ele numa voz rouca que a despertou. — Mais uma vez? Ewan sorriu e beijou-a. — Sim, moça, mais uma vez.
Capítulo 31 Mairin arrastou-se lentamente para fora da cama e foi direto para uma bacia onde vomitou o pouco que permaneceu em seu estômago desde a noite passada. Na última quinzena, essa infeliz ocorrência acontecia todas as manhãs, como se fosse um relógio. Só que não parava por aí. Ela vomitava logo após a refeição da manhã, em seguida, novamente após a refeição do meio-dia e, normalmente, pelo menos uma vez antes de dormir. Escondeu sua condição de Ewan o maior tempo possível, mas vomitando desse jeito, como se tivesse sido envenenada de novo, era inevitável que ele descobrisse. Mairin lhe diria hoje sobre suas suspeitas. Não eram realmente suspeitas. Ela estava carregando seu filho, e Deus sabia, Ewan tinha se empenhado na tarefa de engravidá-la. O clã inteiro aguardava a notícia com alegria. Com seu dote a ser entregue a qualquer momento, a prosperidade finalmente voltaria. A criança selaria o controle de McCabe sobre Neamh Alainn. Mairin estava entusiasmada com a idéia de contar a Ewan. Depois de lavar a sua boca e vestir-se, desceu as escadas onde foi recebida por Gannon. Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa quando o viu, porque desde o seu envenenamento, Ewan fez questão de ter, ele próprio ou um de seus irmãos guardando-a a cada momento. Ela já havia se resignado e aceitado o fato de bom grado. — Bom dia, minha senhora. - Gannon disse alegremente. — Bom dia, Gannon. Diga-me, o que você fez para o laird ficar com raiva? Gannon piscou e olhou-a, confuso. Então riu quando percebeu que ela estava brincando sobre o seu dever. — Nada, minha senhora, Na verdade, ofereci-me para a tarefa de cuidar de você hoje. O laird e seus irmãos saíram para cumprimentar McDonald. As sobrancelhas se ergueram. Qualquer conversa com os McDonalds foi encerrada após seu envenenamento. Ora, ela mesma tinha até esquecido o assunto de uma aliança. A partida dos McDonalds não aconteceu em termos agradáveis, então a idéia de que eles tinham voltado a deixou muito curiosa. — Onde eles estão? - ela perguntou. — Descarregando a carga de comida. - disse Gannon com um sorriso. Mairin apertou as mãos de alegria. — Então, eles levaram a sério a ridícula aposta? Gannon revirou os olhos. — É claro. É uma oferta de paz, também. Os dois clãs devem esquecer qualquer discórdia, se quiserem se aliar. — Oh, isso é maravilhoso. Certamente isso irá nos prover para os meses de inverno. Gannon balançou a cabeça. — E além disso, a caça continua a ser bem sucedida.
E se o dote vier, o clã teria roupas quentes para o inverno. As crianças teriam sapatos. Eles comeriam sem se preocupar sobre quando seria a próxima refeição.Esta foi uma notícia muito bem-vinda. — Onde eu poderia encontrar Ewan? - ela perguntou a Gannon. — Tenho ordens para levá-la até ele assim que levantasse. Mairin franziu o cenho. — Bem, então, já me levantei. Vamos. Ele riu e guiou-a para fora, onde estavam as carroças dos McDonalds. Homens estavam descarregando o material e colocando-o na despensa. Ewan estava distraído conversando com McDonald, e Mairin franziu a testa enquanto examinava as pessoas jogando lixo no pátio. Em seguida, seu olhar iluminou-se quando caiu sobre Rionna. Começou a gritar e acenar quando Ewan chamou sua atenção e fez um sinal. Ele puxou-a para o seu lado quando Mairin se aproximou. — Laird McDonald quis dar-lhe os seus cumprimentos. Eles não vão ficar e só vieram para entregar os suprimentos. Uma vez que estamos de acordo sobre o casamento de Alaric e Rionna, vamos nos encontrar no verão para celebrarmos o acordo e anunciar seu noivado. Mairin sorriu para o laird, que pegou sua mão e se inclinou. — Estou aliviado de vê-la bem de saúde, minha senhora. Estou ansioso pela união de nossos clãs, não só pela aliança, mas pelo vínculo matrimonial. — Assim como eu. - disse ela.- Boa viagem para você e ficarei ansiosa para vê-lo quando voltar. Quando um dos homens trouxe a carcaça de um veado, o estômago de Mairin se revolveu. Seu rosto avermelhou-se e ela tentou respirar pelo nariz para não vomitar na frente de Ewan e de Laird McDonald. Já houve drama demais na última vez, e não desejava começar outra briga despejando o conteúdo de seu estômago em suas botas. Rapidamente deu a desculpa de que precisava ver Gertie para que pudesse supervisionar o armazenamento dos suprimentos e correu antes que Ewan pudesse dizer alguma coisa. Uma vez dentro do castelo, respirou fundo e caminhou para a cozinha. Não foi uma completa invenção. Ela queria saber dos planos de Gertie para o súbito aumento de alimentos e também achou que seria uma agradável surpresa planejar uma refeição especial para a ocasião. Previsivelmente, Gertie estava resmungando sobre um grande caldeirão de sopa, quando Mairin entrou na cozinha. Provou o sabor e gemeu, adicionando outro vegetal. Gertie olhou para cima e franziu a testa quando viu Mairin. — Parece indisposta, moça. Guardei uma tigela da refeição da manhã. Você ainda está se sentindo mal cada vez que come? Delicadamente, Mairin colocou uma mão em seu estômago. — Sim, ainda estou. A comida não parece tão apetitosa para mim estes dias. Gertie balançou a cabeça. — Quando vai dizer ao laird que está carregando seu filho?
— Em breve. Eu queria ter certeza. Gertie revirou os olhos. — Moça, ninguém vomita tanto quanto você. Mairin sorriu e colocou uma mão em seu braço. — Sim, é verdade, mas não queria contar ao laird sem ter certeza. A expressão de Gertie suavizou-se. — Você tem um bom coração, moça. Nosso clã tem muito a agradecer desde que veio para nós. Parece quase bom demais para ser verdade . Envergonhada com o elogio da outra mulher, Mairin resolveu mudar de assunto. — Pensei em uma refeição especial, pois Laird McDonald honrou sua aposta. Parece que nós temos comido coelhos até demais. Tenho certeza que os homens adorariam ter caça e legumes frescos. Certamente poderíamos poupar um pouco para a celebração, sem esgotar nossos depósitos a níveis perigosos de novo. Gertie abriu um grande sorriso e estendeu a mão para tocar Mairin no braço. — Estava pensando a mesma coisa , moça. Já tinha em mente fazer carne de veado e tortas, com a sua permissão, claro. Farei uma refeição deliciosa. — Maravilhoso! Vou deixar em suas mãos capazes. Prometi a Crispen que brincaria com ele esta tarde, pulando pedras sobre o lago. — Se esperar mais um momento, prepararei pão para levar. Vai ajudar o seu estômago e dar a você e Crispen um lanche para a tarde. Gertie envolveu vários pães pequenos em um saco de pano e entregou a Mairin. — Cuide de você agora, moça. E divirta-se com Crispen. — Obrigada. - disse Mairin. Com o coração vibrando com a idéia de contar a Ewan sobre sua gravidez, saiu para encontrar Crispen. Os raios de sol brilhavam e ela ergueu o rosto, buscando mais do seu calor. Parou por um instante para assistir à partida dos McDonalds sobre a ponte. Seu olhar procurou Ewan, mas ele já havia se afastado. Seguiu pelas margens do lago, procurando por um sinal de Crispen. Ele estava de pé sobre uma rocha a certa distância, seu pequeno corpo delineado ao sol. Estava sozinho, jogando pedras em toda a superfície da água. Imaginou o dia em que Crispen levaria seu irmão ou irmã para o lago para atirar pedras. Os dois ririam e brincariam juntos. Como uma família. Sorrindo, Mairin seguiu em frente, olhando para o chão de pedras. Abaixou-se e pegou meia dúzia delas antes de chegar ao local onde Crispen estava. — Mama! Não saberia descrever a alegria que tomou conta dela quando ele a chamou de mãe. Ele correu para seus braços, fazendo-a derrubar as pedras que estavam nas mãos.
Rindo, ele se abaixou para ajudá-la a recuperá-las, exclamando sobre a perfeição de uma ou duas pedras, enquanto as examinava. — Quero jogar esta. - disse ele, segurando uma pedra particularmente plana. — Vá em frente, então. Aposto que você não pode fazê-la pular mais de oito vezes. Seus olhos brilharam pois sabia que o menino aceitaria o desafio. — Eu posso fazer nove. - se gabou. — Oh! Como você se vangloria. Ações são muito mais eficazes do que palavras.Deixe-me ver o seu talento em primeira mão. Ele se concentrou, mirou, e jogou a pedra. Ela bateu na água, pulando em rápida sucessão em direção a outra margem. — Uma, duas, três... - ele fez uma pausa para respirar, mas seu olhar nunca deixou a progressão da pedra. – Seis, sete... oito... nove! – ele se virou – Mamãe! Eu consegui! Nove vezes! — Claro que sim! - disse ela, reconhecendo o seu feito. — Agora é sua vez de tentar. - insistiu ele. — Oh, eu não sou tão hábil como você. Crispen estufou o peito e sorriu, pretensioso. Então, animou-se e pegou a mão dela. — Aposto que você faz bem ... para uma mulher. Em resposta, Mairin puxou seu cabelo. — Você tem que parar de ouvir as idéias de seu tio Caelen, Crispen. Isso não vai encantar as senhoras no futuro. Ele franziu o nariz e mostrou a sua língua. —As meninas são terríveis. Exceto você, mamãe. Mairin riu e abraçou-o novamente. — Estou sempre tão feliz que não sou considerada uma garota horrível. Ele colocou uma pedra perfeitamente lisa na mão dela. — Experimente. — Muito bem. Afinal, a honra de todas as mulheres está em minhas mãos. Crispen riu para ela pela frase dramática. Depois de alguns balanços de seu braço, soltou e viu como a rocha voou longe, atingindo a superfície e chutando a água. Ao lado dela, Crispen contava. — Oito! Mamãe, você fez oito! Isso é brilhante! —Uau, eu fiz isso! Eles se abraçaram e ela girou-o em seus braços, até que ambos ficaram tontos.Desabaram no chão em um ataque de risos, e Mairin fez cócegas em Crispen até ele implorar por misericórdia. Na encosta que dava para o lago, Ewan chegou por trás de Gannon e Cormac, que vigiavam Mairin e Crispen. Viu quando eles rolaram no chão, ouvindo o som alegre de seus risos por toda a terra. Sorriu e
ponderou como era afortunado. Ganhou muito em tão pouco tempo. Não importava se as ameaças faziam sombras em sua existência. O amor era muito precioso, de fato. Ewan subiu, exausto, os degraus e foi em direção ao seu quarto. Um pouco do cansaço se dissipou quando contemplou sua mulher dormindo. Ela estava esparramada, de bruços, com os braços espalhados sobre a cama. Ele se despiu e deitou-se ao lado dela. Mairin aconchegou-se em seus braços, sem nunca abrir os olhos. Ela estava exausta, muito mais nos últimos dias, um fato que não passou despercebido a ele. Nem o quanto a moça vomitava ao longo das últimas semanas. Mairin ainda não tinha que lhe contado sobre sua gravidez. Ele não sabia se era porque não queria sobrecarregá-lo por estar se sentindo mal, ou se ela realmente ainda não tinha percebido. Ewan esfregou a mão em seu braço e depois sobre o quadril, deslizando entre seus corpos para descansar sobre o seu ventre ainda plano, onde seu filho descansava. A criança que representava tanta esperança para o futuro de seu clã. Ele beijou a testa de Mairin, sorrindo ao lembrar-se dela e Crispen jogando pedras no lago. Ela se agitou contra ele e abriu os olhos, sonolenta. — Eu não tinha certeza se você vinha para a cama hoje à noite, laird. Ewan sorriu. — Ainda não é tão tarde. Você é que foi dormir muito mais cedo que o habitual. Mairin bocejou e encostou-se mais, entrelaçando as pernas nas dele. — Foi feito o acordo a respeito do casamento de Alaric? Ewan passou a mão pelos cabelos. — Sim. Alaric concordou. — Você vai sentir falta dele. — Sim, eu sentirei sua falta. Ele sempre foi meu braço direito. Mas esta é uma grande oportunidade para governar a sua própria terra e seu clã. — E Rionna? Ela está satisfeito com o arranjo? Ewan franziu o cenho. — Não me preocupo se a filha de McDonald está satisfeita. O casamento está definido. Ela vai fazer seu papel. Mairin revirou os olhos, mas Ewan, sem vontade de discutir com ela naquela noite, beijou-a longa e profundamente. — Eu prefiro discutir outros assuntos, esposa. Mairin olhou-o com ceticismo. — Que assuntos, marido? — Como quando você vai me dizer que nós estamos esperando um filho.
Seus olhos brilharam. — Como você sabia? Ewan riu. — Tem dormido muito mais do que o habitual. Você geralmente está inconsciente no momento em que venho para a cama à noite. E não segura nada do que come em seu estômago. Mairin torceu o nariz, com desgosto. — Eu não queria que você soubesse da minha ânsia de vômito. — Você não pode esconder nada de mim, moça.Tudo que você faz é minha preocupação e eu prefiro ouvir de você quando não está se sentindo bem. — Estou me sentindo muito bem agora - ela sussurrou. Ewan arqueou uma sobrancelha antes de capturar os lábios em um beijo longo. — Está mesmo? – ele murmurou. — Não sei. Eu posso precisar de amor para me sentir completamente bem. Ewan segurou seu rosto ternamente e passou o dedo sobre sua boca. Ele a abraçou com força e suas risadas puderam ser ouvidas através da porta fechada. No corredor, Alaric fechou a porta silenciosamente para que o som não invadisse seu santuário. Sentou-se na beirada da cama e olhou pela janela as estrelas brilhantes no horizonte. Invejava seu irmão. Ele encontrou prazer em seu casamento e em sua esposa. Mairin era uma mulher como nenhuma outra. Era verdade quando disse a seu irmão que não estava pronto para o casamento. Talvez nunca estivesse. Mas não tinha escolha. Seu clã precisava dele. Seu irmão precisava dele. E nunca recusaria nada a Ewan.
Capítulo 32 Nas semanas seguintes, o clima esquentou e Mairin passou tanto tempo fora do castelo quanto podia. Manteve os olhos postos no horizonte, ansiando por saber quando seu dote seria trazido por uma escolta do rei. A carta de Ewan para o rei tinha ficado sem resposta até agora, mas Mairin tinha esperança de que algum dia ouviriam a notícia de que o dote havia sido entregue. Sua barriga tinha inchado um pouco. Não era perceptível sob as saias de seu vestido, mas à noite, nua, sob Ewan, podia ver a pequena bola que abrigava seu filho. Ewan não conseguia manter as mãos ou a boca afastadas. Acariciava e beijava cada centímetro de sua pele. Sua alegria sobre a gravidez trouxe a Mairin grande satisfação. Quando Ewan anunciou a gravidez de Mairin durante a refeição da noite, o salão irrompeu em aplausos. A notícia correu por todo o castelo e uma celebração seguiu-se, se estendendo até a noite. Sim, a vida era boa. Nada poderia estragar o dia para Mairin. Ela acariciou seu ventre, respirou o ar perfumado, e partiu para o pátio, ansiosa para obter um vislumbre do marido em treinamento. Quando desceu a colina, olhou para cima e prendeu a respiração. Seu coração batia furiosamente, enquanto observava os cavaleiros a galope em direção ao castelo McCabe. Trazida pelo cavaleiro da frente, estava a bandeira do rei levando o brasão real. Sua pressa era imprópria, mas ela não se importava. Pegou suas saias e correu para o pátio. Ewan devia ter recebido a notícia da iminente chegada do mensageiro do rei. A notícia correu como fogo em todo o castelo e seu clã apareceu de todos os cantos, lotando o pátio, a torre e a colina com vista para o pátio. O ar de expectativa era denso e provocou murmúrios animados. Mairin ficou para trás, apertou o lábio inferior com tanta força entre os dentes que sentiu gosto de sangue. Seus cunhados ladeavam Ewan, enquanto esperavam a chegada dos cavaleiros. O primeiro cavaleiro atravessou a ponte e puxou seu cavalo na frente do Ewan. Ele deslizou por sua montaria e fez uma saudação. — Trago uma mensagem de Sua Majestade. Ele entregou um pergaminho para Ewan. Mairin observou os cavaleiros restantes.Havia apenas uma dúzia de soldados armados, mas não havia sinal de baús ou qualquer coisa que pudesse sinalizar a chegada de seu dote. Ewan não leu imediatamente a mensagem. Ao contrário, estendeu a hospitalidade para os homens do rei. O resto desmontou e seus cavalos foram levados para os estábulos. As mulheres McCabe trouxeram refrescos para os homens quando eles se reuniram na sala para descansar de sua viagem. Ewan lhes ofereceu hospedagem para a noite, mas eles se recusaram, pois precisavam retornar ao castelo de Carlisle o mais breve possível. Mairin morria de ansiedade , esperando que Ewan abrisse a
mensagem. Somente quando o mensageiro estava acomodado, com bebida e comida, Ewan também se sentou e desenrolou a mensagem. Ela sussurrou para Maddie buscar pena e tinta, sabendo que Ewan precisaria, se fosse necessário responder. Enquanto lia, ele apertou sua mandíbula e sua expressão tornou-se assassina. O peito de Mairin se contraiu de pavor, enquanto observava a raiva em seus olhos. Incapaz de conter-se, ela correu até ele e tocou seu ombro. — Ewan? Algo errado? — Deixe-me. - disse ele asperamente. Mairin imediatamente recuou ao ouvir o tom de fúria em sua voz. A mão dela caiu e afastouse. Ewan ergueu seu olhar para os outros e latiu uma ordem para saírem do salão. Mairin voltou-se e saiu, evitando o olhar de simpatia de Maddie, quando passava por ela. Ewan leu a mensagem, novamente, incapaz de acreditar no que estava diante de seus olhos. Ele examinou a assinatura na parte inferior, observando que era assinado pelo conselheiro mais próximo do rei, não pelo próprio rei. Ele não tinha certeza do que fazer com isso. Independentemente de saber se foi assinado pelo rei ou seu assessor, tinha o selo real e foi levado por um contingente da guarda real. Ewan foi obrigado a obedecer, apesar do fato de que as acusações eram risíveis e um insulto à sua honra. — Ewan, o que aconteceu? - Alaric perguntou. O mensageiro do rei olhou para Ewan cautelosamente enquanto deixava sua taça de lado. — Você vai escrever uma resposta, Laird? Os lábios de Ewan torceram-se e ele mal conteve a vontade de enrolar as mãos em volta do pescoço do homem. Apenas o fato de saber que não era justo matar o mensageiro o impediu de dar vazão à sua raiva. — Você pode levar a minha resposta de volta verbalmente. Diga ao nosso soberano que eu irei. O mensageiro se levantou e, com uma reverência, sinalizou a seus homens e bateu em retirada. A sala estava vazia, exceto por Ewan e seus irmãos. Ele fechou os olhos e golpeou a mesa. — Ewan? – a preocupação em Caelen era evidente. — Fui convocado na corte. - Ewan começou. Ele ainda não podia acreditar no conteúdo da carta. — Corte? Por quê? - Alaric indagou. — Para responder a acusações de rapto e estupro. Duncan Cameron correu para o rei e afirmou que ele se casou com Mairin, consumou o casamento, e eu a sequestrei e abusei dela. Ele pediu o dinheiro de Mairin e agora exige o retorno de sua esposa e liberação imediata do seu dote. — O quê? Caelen e Alaric gritaram a sua indignação.
— Eu serei levado ao tribunal, onde o rei vai decidir a questão. — O que você vai fazer? - Caelen perguntou. —Estou certo de que não quero minha mulher sob o mesmo teto que Duncan Cameron. Ela vai ficar aqui sob guarda, enquanto eu viajo para a corte. — O que quer que façamos? - Alaric perguntou firmemente. — Eu preciso de vocês para vigiarem Mairin. Confio a vocês a vida dela. Vou levar um contingente de meus homens comigo, mas a maior parte do meu exército permanecerá aqui. A segurança de Mairin é primordial. Ela está mais vulnerável do que nunca, agora que carrega meu filho. — Mas, Ewan, essas acusações são graves. Se o rei não ficar ao seu lado, você vai enfrentar sanções duras. Possivelmente até mesmo uma sentença de morte, já que Mairin é sobrinha do rei. - Caelen disse. Você precisa de mais apoio. Se deixar a maioria do seu exército aqui, ficará em desvantagem. — Talvez seria melhor se levasse Mairin com você. - Alaric silenciosamente sugeriu. — E expô-la a Cameron? - Ewan rosnou. Caelen apertou os lábios. — Gostaríamos de ir com o poder do clã McCabe atrás de nós. Podemos não ser tão grandes como um exército de Cameron, mas ele já sofreu uma derrota contra nós, e a julgar pela maneira como ele encolheu o rabo e correu como o covarde bastardo que é, que cometerá suicídio ao nos desafiar. — É muito conveniente que você seja enviado para longe, Ewan. - Alaric acrescentou. - Ele divide a nossa força. Se você vai com poucos homens, pode ser emboscado e morto em seu caminho para a corte.. Se você levar demais, deixa o castelo vulnerável, e Mairin também. Ewan considerou as palavras de Alaric. Tanto quanto lhe doía ter Mairin e Duncan Cameron no mesmo lugar, sabia que o melhor caminho não era deixar a esposa fora de sua vista. — Você está certo. Estou zangado demais para pensar claramente. - Ewan disse cansado. - Pedirei para McDonald e McLauren fornecerem tropas para proteger o castelo na nossa ausência. Mairin precisa estar perto para que eu possa protegê-la em todos os momentos. Não gosto de pensar nela viajando agora que está grávida. — Podemos ir em um ritmo mais lento e levar uma maca para que ela fique confortável. - Caelen sugeriu. Ewan balançou a cabeça e então lembrou-se de ter gritado para Mairin deixá-lo, quando ela perguntou o que estava errado. Ele estava tão furioso que precisava de um momento para processar as acusações ridículas que tinham sido feitas contra ele. — Jesus - ele murmurou. - Preciso encontrar Mairin e explicar. Devo dizer-lhe que temos de ir à corte para responder a uma intimação. O nosso futuro depende do capricho do nosso rei. Seu dote. Neamh Alainn. Meu filho. Minha esposa. Tudo poderia ser tomado em um momento. Alaric ergueu uma sobrancelha e trocou olhares com Caelen. — Você vai permitir isso? Ewan olhou para seus irmãos com toda a intensidade.
— Não. Enviarei mensagens para McLaurens, McDonald e Laird Douglas, no norte. Quero que eles estejam prontos para a guerra. Mairin caminhava no chão de seu quarto pronta para gritar sua frustração. O que a mensagem do rei dizia? Ewan ficou furioso. Ela nunca o tinha visto tão zangado, nem mesmo quando Heath a atingiu. Estava tão doente de preocupação que, pela primeira vez em duas semanas, seu estômago revirou-se e as náuseas subiram em sua garganta. Ela afundou no banquinho em frente ao fogo e segurou a taça de água que Maddie tinha trazido momentos antes. Tomou um gole do líquido em um esforço para acalmar seu estômago, mas a tensão era grande demais. Assim que a água desceu, seu estômago doeu e ela tropeçou para a bacia, vomitando o líquido. Percebeu a porta se abrindo e fechando, mas estava muito envolvida em sua miséria atual. — Ah, carinho, me desculpe. As mãos de Ewan tocaram suas costas enquanto seu estômago convulsionava-se dolorosamente. Ewan prendeu seus cabelos em sua nuca e colocou sua mão sobre seu ventre em um esforço para acalmá-la. O suor escorria de sua testa e Mairin caiu nos braços de Ewan quando finalmente parou. Ele acariciou seu cabelo e segurou-a firmemente contra ele. Deu-lhe um beijo em sua têmpora e ela sentiu a tensão através de seu corpo. Mairin virou-se, tão preocupada que por um momento teve que lutar contra o desejo de vomitar novamente. — Ewan, o que foi? - ela sussurrou. — Estou com tanto medo. Ele segurou seu rosto e olhou para ela, olhos verdes brilhando. — Desculpe-me, eu gritei com você no salão. Fiquei muito perturbado com o conteúdo da carta e joguei a minha raiva em você. Fui injusto. Mairin balançou a cabeça, sem se preocupar com sua explosão de antes. Estava claro que Ewan ficou chateado com a notícia. —Qual foi a mensagem? - ela perguntou de novo. Ewan suspirou e se inclinou para frente até que tocou sua testa . — Primeiro quero que você saiba que tudo vai ficar bem. Essa declaração só a preocupou ainda mais. — Fomos convocados à corte. Mairin franziu o cenho. — Mas por quê? — Duncan Cameron pediu seu dote antes do meu pedido ser recebido pelo rei. Sua boca se abriu. — Baseado em que? — Há mais, Mairin. - ele disse suavemente. - Ele alega que era casada, que se deitaram juntos e que eu a roubei e abusei de você.
Os olhos de Mairin se arregalaram com indignação. Sua boca abriu e fechou, enquanto ela tentava escolher uma resposta apropriada. — Quando ele descobrir que você carrega uma criança, vai afirmar que gerou o bebê. Mairin apertou o ventre, de repente, apavorada com as implicações. Ewan tinha sido convocado para responder a essas acusações. O rei decidiria o assunto. E se ele decidisse contra Ewan? A idéia de que ela seria entregue a Duncan Cameron levou-a de volta para a bacia. Ewan segurou-a, murmurando palavras de amor e confiança. Quando Mairin terminou, tomou-a nos braços e levou-a para sua cama. Embalou-a contra seu peito. Ela estava apavorada. Totalmente aterrorizada. Ewan ergueu seu queixo até seus olhares se encontrarem. — Quero que você me escute, Mairin. Não importa o que aconteça, nunca vou entregar você para Duncan Cameron. Você entende? — Você não pode ir contra o rei, Ewan. - ela sussurrou. — O inferno que não posso. Ninguém tira a minha esposa e filho de mim. Vou lutar contra o próprio Deus e tenha certeza, Mairin, eu não vou perder. Mairin colocou os braços em volta da cintura de Ewan e deitou a cabeça sobre seu peito. — Ame-me, Ewan. Abrace-me forte e me ame. Ewan rolou até ficar em cima dela, olhando em seus olhos. — Eu sempre vou amar você, Mairin. O rei e Duncan Cameron que se danem. Eu nunca vou deixar você partir. Ewan fez amor, doce e ferozmente, com ela, prolongando o prazer até Mairin ficar sem sentidos. Até que ela acreditasse nas palavras que proferiu. — Eu não vou deixá-la partir. - ele prometeu quando Mairin se desfez em seus braços. Ewan encontrou sua própria liberação e embalou-a contra seu peito, sussurrando seu amor por ela e por seu filho.
Capítulo 33 — Tenho más notícias, laird. - Gannon disse com uma voz sombria. Não gostou do tom do seu comandante. Ewan olhou-o com uma expressão dura enquanto Gannon caminhava em direção a ele, ainda empoeirado de sua viagem. — Você trouxe o padre McElroy? - Ewan perguntou. O tempo era essencial. Ewan tinha enviado Gannon para buscar o padre para que ele pudesse dar testemunho da cerimônia de casamento realizada por Ewan e Mairin. Eles só aguardavam a chegada do padre antes de partiram para a corte. — Ele está morto. - Gannon soltou. — Morto? — Assassinado. Blasfêmias saíram da boca de Ewan. — Quando? — Dois dias atrás. Ele estava viajando entre as terras de McLauren e as de McGregor, indo para o sul, quando foi atacado por ladrões. Deixaram-no apodrecer e ele foi descoberto por soldados McGregor no dia seguinte. Ewan fechou os olhos. Ladrões? Não era provável. Sacerdotes não tinham nada para roubar. Um ladrão não teria se incomodado. Era mais provável que Cameron tivesse assassinado o sacerdote para impedir seu testemunho perante o rei. A carta na manga que Ewan tinha era o fato de Mairin ser sobrinha de David, e com certeza ele levaria em conta o que ela dissesse. As mulheres não eram ouvidas em tais assuntos, mas Ewan não poderia imaginar o rei ignorando a palavra de seu próprio sangue. — Preparem nossos cavalos e os homens. - Ewan ordenou a seus irmãos.- Direi a Mairin que estamos saindo! Duas horas depois, com a chegada de McDonald e McLauren para fortalecer o castelo McCabe, Ewan e seus homens partiram. Mairin caminhava na frente de Ewan. Os membros do clã se reuniram para vêlos partir. A despedida foi sombria e tensa, e orações foram sussurradas pelo retorno seguro de seu laird e sua senhora. Pararam para passar a noite,armar as tendas e acender várias fogueiras em todo o perímetro. Ewan colocou guardas ao redor da área, bem como fora de sua tenda e de Mairin. Mairin não dormiu, nem comeu bem. Estava nervosa e no limite, e quanto mais perto estavam do Castelo Carlisle, mais profundas ficavam as sombras sob seus olhos. Os homens de Ewan estavam tão tensos e em silêncio, como se estivessem se preparando mentalmente para a guerra. Ewan não pôde contestar que eles poderiam muito bem estar indo para a guerra. Não só contra Cameron, mas contra a coroa. Tal ação poderia marcá-los como bandidos para o resto de seus dias. A vida não tinha sido fácil para os McCabes estes últimos oito anos, mas poderia piorar muito se houvesse um preço por as suas cabeças.
No quinto dia de sua jornada, Ewan enviou Diormid à frente para anunciar a sua chegada iminente e também para descobrir se Cameron já havia chegado e o que estava acontecendo na corte. Eles fizeram uma pausa em sua viagem e Mairin comeu algo enquanto esperava o retorno de Diormid. — Não quero que você se preocupe. - Ewan murmurou. Mairin levantou a cabeça até que seus olhares se encontraram. — Eu tenho fé em você, Ewan. Ewan voltou-se quando ouviu um cavaleiro que se aproximava. Ele deixou Mairin para cumprimentar Diormid que tinha retornado do castelo. Seu rosto estava sombrio. — Tenho instruções do homem do rei.Você deve deixar seus homens fora dos muros do castelo. Você e Mairin serão escoltados para dentro e Mairin será colocada sob a proteção do rei até que a situação seja resolvida. Você também terá seu próprio quarto até ser chamado para falar. — E Cameron? - Ewan exigiu. — Também está hospedado em um quarto. Mairin ficará na ala privada do rei, sob severa vigilância. Ewan nem sequer considerou o que ouviu. —Ela não se separará de mim. Ficará em meus aposentos. - virou-se para seus irmãos e seus três comandantes. — Vocês também irão me acompanhar. Haverá momentos em que deverei deixar Mairin para falar com o nosso rei, e não quero vê-la sem proteção. — Sim, laird. Vamos guardá-la com nossas vidas. - prometeu Gannon. Eles montaram, seguiram para o castelo e quando se aproximaram, foram recebidos por um pequeno contingente de soldados do rei que os escoltou até o castelo. No lado leste das muralhas, os homens de Cameron montaram acampamento, suas tendas e insígnias esvoaçando ao vento. Ewan fez um sinal para seus homens montarem o acampamento no lado ocidental e os instruiu para manterem-se alertas. Quando seus homens partiram, apenas Ewan, Mairin, Caelen e Alaric, e três comandantes de Ewanm, responsáveis pela segurança de Mairin foram deixados. Desceram a longa ponte sobre o fosso e seguiram através da arqueada passagem de pedra que conduzia para o pátio. Muitos pararam ao ver Ewan e os seus homens chegarem. Quando o homem de armas do rei revistou os recém-chegados, cumprimentou Ewan com uma carranca. Ewan baixou Mairin até Alaric e depois desceu da sela e puxou a esposa para o seu lado. — Estou aqui para escoltar a Senhora para seus aposentos. - o homem de armas disse enquanto se aproximava. Ewan desembainhou a espada e apontou-a para o homem, que estacou. — Minha esposa fica comigo. — O rei já decidiu sobre o assunto. — Não importa. Minha mulher não vai sair da minha vista. Estamos entendidos? O soldado franziu a testa.
— O rei saberá disso. — Espero que sim. Você pode também dizer-lhe que a minha esposa está grávida, e que viajou um longo caminho para esta farsa. Não estou feliz por tê-la tirado de nossa casa nestas circunstâncias. — Levarei, naturalmente, a sua mensagem até Sua Majestade. - o soldado voltou-se rigidamente. Ele se virou e fez sinal para várias mulheres que estavam aguardando ordens. — Certifiquem-se de que Laird McCabe e seus homens sejam alojados em seus quartos e lhes ofereçam um refresco após a sua viagem. Ewan conduziu Mairin até a ala que abrigava os quartos reservados para os hóspedes. Os demais foram encaminhados até um salão onde havia uma série de camas. Quando chegaram ao quarto, Ewan puxou-a para seus braços e deitou-a na cama. — Descanse, carinho. Devemos estar preparados e fortes durante a nossa estadia aqui. — O que vamos fazer, Ewan? - perguntou ela contra o seu pescoço. —Não quero ficar na corte. Não tenho elegância para participar do jantar. Não posso fingir indiferença, quando a própria ideia de partilhar uma refeição na mesma mesa que Duncan Cameron me deixa doente. — Temos que agir como se estivéssemos certos. Escondendo-se, as pessoas dirão que fizemos algo errado. Se evitarmos Duncan Cameron, as pessoas vão dizer que nós o tememos. Ewan acariciou a face de Mairin e olhou em seus olhos. — Devemos estar atentos e não permitir que se pense nem por um momento que as acusações que Cameron lançou são verdadeiras. Se eu conseguir uma audiência com o rei em breve, tenho fé que tudo isto será esclarecido e poderemos voltar para casa. — Eu entendo. - disse ela calmamente. Mairin se aconchegou nos seus braços e bocejou. Ewan beijou sua testa e pediu a ela que dormisse. A viagem a tinha cansado demais. Mairin precisaria de sua força para o que estava por vir. Uma batida soou na porta do quarto e Ewan despertou do sono. Mairin ainda estava dormindo profundamente, com o rosto enfiado em seu pescoço. Delicadamente, ele próprio a afastou e levantouse, vestindo sua túnica. Quando abriu a porta, um servo inclinou-se e estendeu uma bandeja com um rolo em cima. Ewan pegou o rolo e acenou para o servo. Ele levou a mensagem para o interior do quarto e se sentou na mesa pequena, onde uma vela tremeluzia, lançando sombras na parede. Desenrolou e leu a convocação. Deveria jantar com o rei no grande salão. Ewan olhou para Mairin, que tinha sucumbido à sua exaustão. Não queria que ela suportasse as tensões de uma refeição em que Cameron provavelmente estaria presente, mas também era importante que ela aparecesse em público e mostrasse que não havia nada de errado. Mairin era sua esposa. Sua amada esposa. Ela carregava seu filho. O rei e seus assessores precisavam vê-la para compreender as absurdas acusações contra Ewan.
Com um suspiro ele foi acordá-la. Ewan não tinha jóias para adorná-la, mas o brilho de sua beleza era muito mais intenso que qualquer outra riqueza. Seu vestido era simples, um que as mulheres costuraram às pressas quando foram avisadas sobre a viagem até a corte. Uma criada ajudou Mairin a arrumar os cabelos, fazendo uma trança e depois a enrolando acima de sua cabeça. A criada estava saindo do quarto, mas Mairin segurou-a pela mão. — É impróprio para uma mulher casada mostrar seu cabelo na corte, e eu sou casada com Laird McCabe. Por favor, coloque uma touca em torno de meu cabelo. Ewan sentiu uma onda de orgulho pela forma como sua esposa falou, mesmo sabendo que Mairin estava com medo. Quando a criada terminou, Mairin levantou-se e virou-se para o marido. — Você está pronto para escoltar-me para jantar, laird? —Sim, esposa. Ewan tomou sua mão, enfiou-a debaixo do braço, e a cobriu com a outra, enquanto a guiava para fora do quarto. Seus irmãos esperavam no corredor com Gannon, Cormac e Diormid. Eles ofereciam uma visão impressionante, passando pelos corredores do castelo em direção ao grande salão. De fato, quando entraram na sala, a conversa silenciou-se e todos se voltaram para ver a entrada de Ewan. Quando Ewan levou sua esposa em direção à mesa no alto da tribuna, murmúrios ergueram-se e correram, de mesa em mesa. Mairin ficou rígida contra ele, seu queixo erguido. Seus olhos se estreitaram e uma calma profunda transparecia em suas feições. Como no dia de seu casamento quando ela entrou no salão com ares de uma princesa, agora caminhava ao lado de Ewan, deixando-se guiar pelo marido em direção a seus lugares. Outro burburinho cresceu, desta vez mais alto, e Ewan voltou-se para ver Duncan Cameron caminhando em direção a eles, com uma expressão selvagem no rosto. Ewan colocou Mairin atrás dele e seus irmãos deram um passo à frente, mas Cameron parou e caiu de joelhos aos pés de Mairin. — Minha senhora esposa, finalmente. Depois de tantos meses, eu achei que jamais a veria novamente. Mairin recuou, afastando-se de Cameron e segurando a mão de Ewan ainda mais forte. Ewan viu a especulação e a simpatia que a rejeição de Mairin inspirou no salão lotado. Cameron estava se fazendo de vítima e obviamente ganhou o apoio de muitos, humilhando-se aos pés de Mairin. Cameron se levantou, com a tristeza gravada nas linhas do seu rosto. O homem era um ótimo ator. Ainda conseguiu aparentar palidez quando se retirou, fingindo estar derrotado, para tomar o seu lugar no outro lado da mesa. Ewan e Mairin ainda não tinham se sentado quando a trombeta soou, anunciando a chegada do rei. Todos se levantaram e voltaram sua atenção para a porta, mas não era o rei David que entrou. Eram seus assessores mais próximos, incluindo o primo do rei, Archibald, que havia emitido a convocação para Ewan. Archibald pomposamente, tomou o lugar normalmente reservado para o rei. Primeiro olhou para Duncan Cameron e depois voltou os olhos para Ewan antes de deslizar para Mairin, à direita de Ewan. — Espero que sua viagem não tenha sido muito cansativa, Lady Mairin.Ouvimos falar que espera uma criança.
Ela se inclinou recatadamente. — Eu agradeço a sua preocupação, meu senhor. Meu marido tem cuidado muito bem de mim. — Onde está o rei?- Ewan perguntou sem rodeios. Archibald não gostou da perguntou . Seus olhos se estreitaram, enquanto olhava para Ewan. — O rei tem outros assuntos para atender esta noite. Voltou-se e dirigiu-se para as pessoas sentadas nas mesas. — Vamos comer. - anunciou. Os servos que aguardavam encostados na parede começaram a se mover, enchendo taças de vinho e servindo pratos de alimentos. O aroma era tentador e as bandejas generosas. — Coma. - Ewan sussurrou para Mairin. —Você deve manter suas forças. Ewan e a presença de Duncan na mesma mesa tornaram a tensão tão forte que o restante dos nobres sentados ao redor deles permaneceu em silêncio. Archibald não sofreu nenhum dos efeitos e comeu fartamente o frango assado. Ewan estava pronto para terminar com a refeição, para que ele e Mairin pudessem se dirigir a seus aposentos, mas Archibald manteve um fluxo constante de cansativas conversas que fizeram doer a cabeça do laird. Ele não tinha paciência para jogos de cortesãos. Todo mundo sabia por que ele e seus homens estavam lá e o ar estava carregado de antecipação sobre o confronto que poderia ocorrer. — O rei está pensando sobre o assunto. - disse Archibald, finalmente, se recostando na cadeira. — Ele tem a intenção de convocar vocês dois amanhã. Entende que este é um momento estressante para Lady Mairin e não é saudável para uma mulher em sua condição delicada sofrer tantas pressões. — O nome dela é Lady McCabe. - corrigiu Ewan. Archibald arqueou uma sobrancelha. — Sim, bem, essa parece ser a questão.Sua Majestade vai decidir sobre este assunto amanhã. — Nesse caso, se me desculpar, meu senhor, levarei minha esposa de volta ao nosso quarto para que ela possa descansar. Archibald acenou com a mão. — Por favor. Sei que isto deve ser uma provação para ela. Ewan levantou-se e, em seguida, ajudou Mairin a ficar de pé. Novamente ela irradiava um ar de nobreza. Passou por cada mesa,com a cabeça erguida, até que muitas das pessoas que a observavam evitaram seu olhar,desconfortáveis. — Você esteve bem. - Ewan murmurou. — Isso terminará amanhã e poderemos voltar para casa. — Eu espero que você esteja certo, Ewan. - disse ansiosamente, quando ele fechou a porta de seu quarto. —Duncan Cameron me deixou inquieta. Ele estava muito calmo. E não gosto do homem do rei. - ela disse sem rodeios. —Eu tratarei deste assunto somente com meu tio, o rei. Ouvi dizer que ele é um homem leal e religioso, como foi o meu pai.Certamente fará um julgamento justo, conforme a vontade de Deus.
Ewan não acreditava na piedade dos homens e sua vontade de agir de acordo com as leis de Deus, mas não disse isso para Mairin. Queria que ela continuasse a ter fé. Mas estava silenciosamente se preparando para o pior. Na manhã seguinte, Ewan levantou-se antes do amanhecer. Olhou ao redor do quarto, esperando, preocupado.Conversou com seus irmãos logo após Mairin adormecer e planejaram todas as saídas. Uma batida soou na porta e Ewan foi rapidamente atender para não acordar Mairin. Um dos guardas do rei estava do lado de fora. — Sua Majestade pediu a presença de Lady Mairin em seus aposentos. Ele enviará um guarda para ela em uma hora. Ewan franziu o cenho. — Ela vai ser bem cuidada, Laird. — Eu sou o responsável por sua segurança. - Ewan disse ameaçadoramente. O guarda acenou com a cabeça e depois partiu pelo corredor. — Ewan? Ewan voltou-se para ver Mairin apoiada sobre o cotovelo, com os cabelos sobre os ombros. — O que está acontecendo? Ewan atravessou o quarto e sentou-se na beirada da cama. Incapaz de resistir, passou a mão ao longo de seu corpo e acariciou seu ventre. —Nosso filho já se move? Mairin sorriu e colocou sua mão sobre a dele. — É apenas uma vibração, quase como um roçar sobre a minha pele. Mas sim, eu posso senti-lo. Ewan empurrou para cima sua camisola até ver a pele era nua. Inclinou-se e colocou a boca sobre a curva de sua barriga. O ventre estava firme, uma evidência de que ela abrigava a criança dentro de seu corpo. Ewan tinha certeza que nunca havia visto um espetáculo mais bonito.Estava cativado e totalmente em transe. Poderia passar horas apreciando a pele suave e sedosa e a beleza da mulher que carregava seu filho. Os dedos de Mairin tocaram os cabelos longos de Ewan quando ele beijou seu umbigo. — O que o mensageiro disse? - ela perguntou em voz baixa. Ewan levantou a cabeça e olhou em seus olhos. — Ele a convocou ao quarto do rei, em uma hora. Está enviando um guarda para acompanhá-la e então vai me atender no grande salão. O nervosismo tremulava nos olhos dela e os lábios se apertaram numa linha fina. Mairin ficou tensa sob a mão que repousava sobre sua barriga e Ewan começou acariciá-la, para aliviar um pouco a tensão. —Eu não acho que ele fará qualquer mal a você, carinho. É sua sobrinha, o seu sangue. Não garantir sua segurança pode colocá-lo numa posição delicada. Sua situação é muito frágil com a ameaça de Malcolm e de seus seguidores, para colocar tudo a perder. Mairin se inclinou e segurou o queixo do marido. Seus dedos roçaram as maçãs do rosto.
— Você sempre sabe exatamente o que dizer. Eu te amo por isso, meu poderoso guerreiro. Ele virou-se até sua boca deslizar sobre a palma da mão e depositou um beijo na pele macia. — E eu te amo. Lembre-se disso. — Chame uma criada. Vou precisar de ajuda se quiser estar pronta para ver o rei em uma hora. disse ela com uma careta. Ewan se levantou e ajudou-a a sair da cama. — Vou chamá-la. Mairin ficou ao seu lado e ergueu o rosto, para olhá-lo no fundo dos olhos. — Prometa-me que vamos resolver logo esse assunto. Preciso estar em casa, com o meu clã. — Você tem minha palavra.
Capítulo 34 Mairin andou pelo corredor, cercada por quatro guardas. Estava mais nervosa a cada minuto com a ideia de ficar cara a cara com seu tio. Estava preparada para defender Ewan e dizer-lhe tudo o que Duncan tinha feito. Depois de ouvir o que tinha a dizer, o rei não poderia ficar a favor de Cameron. O guarda bateu e a porta foi aberta por Archibald, que a convidou para entrar. Ele sorriu, pegou a mão de Mairin e guiou-a para uma cadeira confortável na sala de estar luxuosamente decorada. — Receio que o rei não virá hoje. - ele disse suavemente. — Ele foi forçado a se recolher e transmite suas mais profundas desculpas por não falar com você em particular, como esperava. Agirei em seu nome e julgarei o assunto em nome da coroa. O alarme soou no peito de Mairin quando ela se sentou de forma mais confortável na cadeira. Suas mãos tremiam e as escondeu nas dobras de suas saias, de modo a não trair seu mal-estar. — Espero que a doença de Sua Majestade não seja grave. - disse ela educadamente. —Tinha esperança de conhecer meu único parente de sangue. — Isso não é inteiramente correto. - disse Archibald. - Sou o primo do rei, de modo que também estamos ligados pelo sangue. — Sim, é claro. - ela murmurou. — Gostaria de pedir que aguarde aqui, prima, até que seja convocada para o grande salão. Eu, é claro, proporcionarei-lhe um refresco,durante o seu confinamento. A referência casual ao confinamento fez os cabelos na nuca de Mairin se arrepiarem. Ainda assim, ele parecia genuinamente preocupado com seu bem-estar. Então, ela sorriu e agradeceu. — Gostaria de falar com você sobre o assunto, se me permitir, meu senhor. Ele bateu, de leve, no braço de Mairin. — Não é necessário, querida. Certamente tenho bastante experiência e ouvirei os dois senhores. Eu lhe asseguro, serei justo. Ela teve que se segurar para não discutir. A última coisa que queria era a ira do homem que tinha sua vida em suas mãos. — Agora, se me desculpar, devo seguir para o grande salão e convocar os lairds para falarem. Eu, claro, a chamarei no momento certo. Mairin balançou a cabeça e apertou as mãos em seu colo. Quando o primo do rei saiu da sala, ela sussurrou uma fervorosa oração pedindo que a justiça prevalecesse. Ewan ficou fora do grande salão com seus irmãos e seus comandantes, aguardando a convocação. Logo à frente, estava Duncan Cameron com seus homens. Ewan se segurou para não lançar-se sobre o homem e matá-lo ali mesmo. Cameron foi chamado primeiro e passou por Ewan com um olhar de satisfação presunçosa. Não foi apenas o ar de superioridade que incomodou Ewan. Foi a suprema confiança em seu jeito de olhar. Cameron era um homem que não temia o resultado da audiência de hoje. Caelen colocou a mão no ombro de Ewan.
— Não importa o que aconteça, estamos com você, Ewan. Ewan assentiu,e em seguida, murmurou em voz baixa para que somente seus irmãos pudessem ouvir. — Se as coisas forem mal, quero que vocês deixem a audiência, encontrem Mairin e levem-na embora do castelo. Sua segurança é a coisa mais importante. Tudo o que vocês precisarem fazer para protegê-la, façam. Alaric acenou, confirmando sua ordem. Em seguida, Ewan foi chamado para apresentar-se no salão. Quando ele entrou, ficou ombro a ombro com os irmãos atrás dele. Sabia que seus guerreiros pareciam impressionantes. Eram maiores, mais musculosos, mais ferozes que qualquer outro guerreiro no salão. Eles seguiram pelo caminho aberto no meio do salão até o estrado onde Archibald sentou-se. No trono de David. O salão estava repleto de pessoas, todas insaciavelmente curiosas para saber como o rei julgaria a questão. Murmúrios animados saudaram a entrada de Ewan, seus irmãos e seus comandantes. Na frente do povo reunido, Ewan ficou no lado esquerdo e Cameron à direita, esperando a chegada de David. Mas, em vez da chegada do rei, os soldados encheram a sala, cercando o caminho para o estrado. Mais soldados chegaram em torno da plataforma e de pé em uma linha na frente de Archibald. Ewan franziu o cenho. Era como se eles esperassem uma batalha. E, em seguida, sua esposa entrou no salão, ladeada por soldados de David. Ela lentamente fez seu caminho até o corredor em direção ao palanque, onde estava Archibald. Ele gesticulou para que Mairin tomasse a posição ao seu lado direito e ela graciosamente sentou-se. Seu olhar encontrou Ewan instantaneamente, e ninguém na sala poderia ignorar o lâmpejo de emoção que brilhou como um relâmpago entre eles. Archibald ergueu as mãos e se dirigiu à multidão reunida. — Sua Majestade, o rei David, está indisposto hoje. Ele está doente e nossas orações devem estar com o nosso rei. Ele pediu que eu presidisse a audiência de hoje e que a minha palavra deve ser recebida como a sua. Ewan virou-se bruscamente para seus irmãos para ver a incredulidade gravada em seus rostos. Algo estava errado. Estava tudo errado. Ewan apertou seu punho e olhou para Duncan, que só tinha olhos para Mairin. — Laird Cameron, você fez sérias acusações contra Laird McCabe. Venha para a frente. Gostaria de ouvir todas, desde o início. Duncan caminhou com confiança em direção ao palanque e se curvou diante de Lord Archibald. — Mairin Stuart chegou ao castelo Cameron vinda da abadia Kilkirken, onde nos casamos diante do padre que atendeu as almas de meu clã por dois anos. Tenho uma carta escrita por ele ao rei que comprova esse fato. Os olhos de Ewan se estreitaram de indignação ao ver que um homem de Deus teria participado desse engano. Duncan entregou o pergaminho a Archibald, que desenrolou e leu.
— Nosso casamento foi consumado. - Duncan puxou da bolsa que estava pendurada ao seu lado o lençol que continha a mancha de sangue de Mairin. — Ofereço esta prova. Ewan cerrou os punhos com raiva. Sim, o sangue era o de Mairin. Era o lençol que Ewan entregou ao homem de Cameron para levá-lo de volta a seu laird, a prova de que o casamento havia sido consumado. Archibald virou-se para Mairin, cujo rosto estava tão pálido como a morte, o olhar preso ao lençol. Ela olhou para Ewan, confusa, e Ewan fechou os olhos. — Você pode atestar o fato de que o sangue no lençol é seu, Lady Mairin? Você reconhece a roupa? Suas faces se avermelharam e ela olhou para Lord Archibald, claramente insegura quanto a como proceder. — Quero a sua resposta. - Archibald solicitou. —Sim. - ela disse, com voz embargada. – É meu sangue, mas este não é o lençol de Duncan Cameron. Foi tirado do leito de ... — Isso é tudo que preciso saber. - disse Archibald, erguendo a mão no ar para silenciar Mairin. — Precisava de uma resposta, nada mais. Fique em silêncio até eu lhe dar permissão para falar novamente. Ewan sentiu uma fúria subir por seu peito, fervendo, pela forma como Archibald dirigia-se a Mairin. Ele mostrou flagrante desrespeito por ela, tanto como esposa de um laird, como sobrinha do rei. Mairin olhou como se fosse dizer algo, mas Ewan rapidamente balançou a cabeça. Ele não tinha nenhum desejo de vê-la ser punida por falar na corte do rei. A punição para tal coisa era pesada, e mais ainda quando uma mulher se atrevia a falar sem permissão. Ela mordeu o lábio e desviou o olhar, mas não antes de Ewan ver a raiva brilhando neles. — O que aconteceu depois? - Archibald perguntou a Cameron. —Poucos dias após meu casamento com Lady Mairin, ela foi sequestrada do meu castelo por homens sob ordens de Laird McCabe. Ela foi levada e aprisionada nas terras McCabe. A criança que ela carrega é minha. Laird McCabe não tem direitos sobre ela. Nosso casamento é válido. Ele a manteve prisioneira e forçou-a contra a sua vontade. Peço a intervenção de Sua Majestade para que a minha esposa e meu filho sejam devolvidos a mim e seu dote liberado como solicitado na minha missiva ao rei informando-o de nosso casamento. Mairin engasgou com as acusações que saíram dos lábios de Duncan. Ewan avançou, mas Caelen agarrou seu braço e segurou-o. — Primo, por favor. - implorou Mairin. - Deixe-me falar. — Silêncio! - Archibald rugiu. - Se você não consegue segurar a língua, mulher, será retirada deste salão. Ele se virou para Duncan. — Você tem testemunhas que apóiam sua versão sobre o que aconteceu? — Você tem a declaração do padre que nos casou. Que antecede qualquer reclamação que Laird McCabe faz sobre Mairin, de seu dote, ou de suas terras. Archibald assentiu com a cabeça e depois voltou seu olhar frio para Ewan.
— O que você diz sobre essas reivindicações, Laird McCabe? — É um monte de merda, completa e absoluta. - Ewan disse calmamente. As sobrancelhas Archibald se juntaram e suas faces se avermelharam. — Vai usar uma linguagem civilizada, Laird. Você não falaria desta forma com o rei e não vai falar assim na minha presença . — Eu só posso falar a verdade, meu senhor. Laird Cameron mente. Ele roubou Mairin Stuart da abadia onde estava escondida nos últimos dez anos. Quando ela se recusou a se casar com ele, a espancou tanto que ela mal conseguiu andar por dias e teve contusões por uma quinzena inteira. O salão vibrou em uma série de murmúrios. O burburinho ergueu-se e ficou mais alto, até que Archibald gritou. — Que provas você tem a oferecer? - Archibald perguntou. — Eu vi os hematomas. Vi o medo nos olhos dela quando chegou à minha terra, medo que eu a tratasse como foi tratada por Cameron. Meu irmão Alaric cuidou dela em uma viagem de três dias depois que ela fugiu das garras de Cameron, até chegar nas terras McCabe. Ele também viu as contusões e testemunhou a dor da moça. Nós nos casamos alguns dias depois de sua chegada. Mairin veio ao meu leito pura e seu sangue virgem foi derramado em meu lençol, o mesmo que Cameron ofereceu a você como prova hoje. A criança que ela carrega é minha. Ela não conheceu nenhum outro homem. Archibald se recostou em seu assento, seus dedos apertados, enquanto inspecionava os dois homens na frente dele. — Você dá uma versão muito diferente de Laird Cameron. Há testemunhas que possam falar quanto à veracidade de suas palavras? Ewan explodiu, em um rosnado. — Contei a você apenas a verdade. Não preciso de testemunha para provar o que digo. Se você quiser perguntar a alguém, pergunte à minha esposa. Ela irá dizer exatamente o que eu lhe disse. — Gostaria de falar, meu senhor. Ewan voltou-se, surpreso ao ver Diormid dar um passo a frente, seu olhar focado em Lord Archibald. — E quem é você? - Archibald exigiu. — Eu sou Diormid. Tenho estado sob as ordens de Laird McCabe por cinco anos. Estou entre os seus homens de maior confiança e eu mesmo estava carregado da segurança de Lady Mairin em muitas ocasiões, depois de sua chegada nas terras dos McCabe. — Muito bem, diga o que tem para contar. Ewan olhou para Gannon, que balançou a cabeça em silêncio. Diormid deu um passo à frente. Ewan havia instruído para que ninguém dissesse ou fizesse nada durante a audiência. — Não tenho conhecimento do que aconteceu antes de Lady Mairin chegar nas terras McCabe. Só posso falar quanto ao que aconteceu depois. Na verdade ela foi extremamente maltratada nas mãos de Laird McCabe. Ele a guardava zelosamente e ela era muito infeliz durante o tempo que ficou no castelo McCabe. Testemunhei suas lágrimas em mais de uma ocasião.
Um suspiro ecoou da multidão. Ewan viu uma névoa vermelha erguer-se em frente a seus olhos. A raiva o atingiu com uma força brutal. Ele nunca quis matar outro homem, tanto quanto quis matar Diormid naquele momento. Seus irmãos estavam igualmente furiosos. Gannon e Cormac olharam horrorizados a fala calma de Diormid e suas mentiras descaradas. — Durante o tempo em que ela esteve em McCabe, foi atingida por um arqueiro e envenenada. Quase morreu. Também não podemos esquecer que o padre chamado para realizar a cerimônia de casamento do laird e Lady Mairin morreu em circunstâncias suspeitas, menos de duas semanas atrás. Ewan não aguentava mais. Seu rugido sacudiu toda a sala quando ele pulou em Diormid. Mairin gritou seu nome. Seus irmãos saltaram para segurá-lo. O caos reinou enquanto soldados do rei avançavam para separar os dois homens. Foram precisos sete guardas para afastar Ewan de Diormid. — Como pôde nos trair dessa maneira? - Ewan perguntou assim que foi afastado de Diormid. Como pode estar diante de Deus e do rei e dar falso testemunho de eventos que você sabe serem mentira? Que Diabo o leve para o inferno por este pecado. Você me traiu. Você traiu Lady McCabe. Você traiu seu clã. E para quê? Um pouco das moedas de Duncan Cameron? Diormid se recusou a olhar para Ewan. Limpou o sangue de sua boca e voltou o rosto para Archibald. — É como eu disse, Deus é minha testemunha. — Você está mentindo! - Ewan rugiu. Duncan Cameron moveu-se para ficar ao lado de Mairin. Ela cobriu a boca com a mão,chocada. — Isso é preocupante. — declarou Archibald. - Você vai se conter, Laird McCabe, ou vou ter que enviá-lo para o calabouço. Quando Duncan pôs a mão no ombro de Mairin, Ewan irrompeu novamente. — Você não vai tocá-la! — Eu irei proteger minha esposa de sua ira, Laird McCabe. - Duncan disse— Archibald, permita-me levá-la daqui. Archibald ergueu a mão. — Eu acredito que já ouvi o suficiente para julgar este assunto. E julgo em favor de Laird Cameron. Ele é livre para tomar sua esposa e voltar para suas terras. O dote ficará confiado a coroa até Mairin Stuart ser levada por Laird Cameron para suas terras. Um grito soou do outro lado da sala enquanto Mairin se atirava a seus pés. — Não! Ewan estava em estado de choque. Um homem a quem tinha confiado sua própria vida, a vida de Mairin, tinha traído todos eles do jeito mais cruel possível.Também era evidente que Ewan nunca teve uma única chance desde o início. Archibald estava aliado a Duncan Cameron. O que não estava claro era se o rei também se aliou a Cameron, ou se Archibald corajosamente conspirava contra seu primo.
— Meu senhor, por favor me ouça. - soluçou Mairin. —Não é verdade. Nada disso é verdade! Meu marido é Laird McCabe! — Silêncio, mulher! - Duncan rugiu. Empurrou Mairin com tanta força que ela caiu sobre uma cadeira e depois no chão. — Ela está perturbada e não pensa claramente, meu senhor. Por favor, perdoe sua impertinência. Falarei com ela mais tarde. Ewan não pôde ser contido. Quando viu Cameron atingir Mairin, ele foi à loucura. Atravessou toda a sala, acertando Duncan no peito. Os dois homens rolaram no chão e mais uma vez o caos reinou. Desta vez, seus irmãos não fizaram nada para detê-lo. Eles estavam lutando sua própria batalha contra a guarda do rei. Uma batalha que não esperavam vencer. Eles estavam em grande desvantagem numérica. Sem as suas espadas, ficavam em uma desvantagem ainda maior. Quatro soldados tiraram Ewan de cima de Duncan. Eles puxaram seus braços para trás e pressionaram seu rosto contra o chão. Mairin voou para o lado dele e ajoelhou-se, tocando-o. Lágrimas deslizavam livremente por seu rosto. — Prendam Laird McCabe! - Archibald ordenou. — E seus homens. Laird Cameron, pegue sua mulher e saia daqui. Duncan inclinou-se e agarrou Mairin pelos cabelos, puxando-a para cima. Ela lutou como uma selvagem e Ewan rugiu sua fúria quando se soltou e tentou atacar Duncan novamente. Os soldados o agarraram, segurando-o, mesmo que lutasse violentamente contra eles. Mairin estava sendo levada para fora, com os olhos cheios de lágrimas, os braços estendidos para Ewan. — Mairin! - Ewan chamou com voz rouca. — Escute-me. Sobreviva. Você deve sobreviver! Suporte. Não importa o que aconteça, suporte. Você deve sobreviver por mim e pelo nosso filho. Eu voltarei para você. Juro pela minha vida. Eu voltarei para você! — Eu te amo. - disse ela aos pedaços. —Eu sempre vou amar você! O punho de uma espada desabou sobre a cabeça dele. A dor turvou sua visão e sua cabeça tombou para o lado. Deslizou em direção ao chão, a escuridão se fechando em torno dele. A última imagem que viu era de Mairin sendo arrastada do salão por Duncan Cameron, gritando. — Eu também te amo. - ele sussurrou.
Capítulo 35 Mairin se viu arrastada para o quarto de Duncan Cameron. Ele a empurrou violentamente, jogando-a sobre a cama. Quando ele se aproximou da cama onde estava deitada, Mairin se colocou longe dele, preparada para afastá-lo da maneira que fosse necessária. Ele se sentou na beira da cama, com expressão calma, olhando para ela. Um dos servos entregou uma taça na sua mão e depois acenou para Duncan. Um por um, seus homens saíram do quarto até que ele ficou sozinho com Mairin. Ela se apoiou em um cotovelo e afastou-se para colocar mais espaço entre eles. Duncan deu um suspiro de resignação. — Lamento o que aconteceu entre nós a primeira vez que nos encontramos. Sei que minhas ações foram condenáveis e minha habilidade de cortejar é extremamente pobre. Habilidade de cortejar? Condenável? Suas palavras flutuavam em sua mente confusa. Ele estava louco? — Suas ações agora são condenáveis. - disse ela com voz rouca. —Você mentiu. Um dos homens de Ewan mentiu e traiu o nosso clã. Só posso supor que por ordens suas. — Será melhor que fique feliz com sua situação - disse Duncan, sua voz carregando uma mortal e silenciosa advertência. — Por favor. - ela disse, com voz entrecortada. Odiava ficar reduzida à mendicância diante deste homem. Mas, por Ewan, ela não teria orgulho. — Deixe-me voltar para Ewan. Sou verdadeiramente casada com ele. Duncan encolheu os ombros. — Não importa se você é casada com ele ou comigo. Isso não interessa, desde que eu receba o seu dote e o controle de Neamh Alainn. – ele ofereceu sua taça a Mairin. — Agora, beba isso, querida. Isso resolverá nossos problemas imediatos. Lamento que vai lhe causar dor, mas espero que isso não dure muito tempo. Ela olhou para o copo pairando perto de seus lábios. Fungou e recuou ao sentir o cheiro amargo. — O que é isso? Por que isso vai me causar dor? Ele deu um sorriso gentil que enviou um calafrio por seu corpo. — Isso vai livrar seu corpo do bebê que carrega. Não se preocupe, vou dar-lhe tempo suficiente para se curar antes de fazermos amor. Não quero esperar muito tempo, no entanto. É importante que você carregue o meu filho o mais rápido possível. O terror apertou seu estômago. A náusea subiu e ela precisou respirar fundo para não vomitar. Então, escondeu o rosto no travesseiro. — Sinto muito. - ela sussurrou. — Estou cada vez mais doente desde que carrego este bebê.
— As coisas são assim. – Duncan disse, generosamente. — Mas quando você levar meu filho, nao levantará um dedo. Você terá tudo em suas mãos. Será bem cuidada. Até o dia em que der a luz. As palavras não foram ditas, mas elas pairavam pesadas no ar. Sim, ela não tinha dúvida de que seria tratada como uma rainha até o dia em que entregasse o herdeiro de Neamh Alainn. Ele pretendia matar seu filho. O filho de Ewan. E substituí-lo por sua própria semente.O simples pensamento levou-a a sentir náuseas novamente, e ela respirava profundamente através de seu nariz para não vomitar em seu prórprio leito. —Aqui, é melhor fazer rápido. Beba tudo.Chamarei a curandeira do palácio para ajudá-la nos momentos piores. Ela disse que podia ser muito doloroso. Ele estava tão calmo sobre isso. Como poderia discutir o assassinato com um sorriso terno? O homem era um monstro. Um demônio do inferno. Tentou freneticamente planejar algo, qualquer coisa para se salvar e salvar seu filho. — Por que você desperdiça um tempo precioso? – ela sussurrou. Ele franziu o cenho. — O que quer dizer? — Você quer se livrar da criança que carrego no ventre quando estou na metade do caminho. Perder um bebê nesta fase avançada pode tornar uma mulher estéril. Não há nenhuma garantia que irei engravidar novamente. Além disso, você já reivindicou como seu o bebê que carrego. Se não se importa com quem estou casada, por que se importaria com este filho? Quando essa criança nascer, o controle de Neamh Alainn será seu. Por que esperar e arriscar a não me ver grávida outra vez? Sua carranca se aprofundou, como se ele não tivesse considerado essa possibilidade. — Quero que meu filho viva. - disse ela suavemente. — Independentemente de quem ele vai chamar de pai. Faria qualquer coisa para protegê-lo. E sobre isso, você tem a vantagem, Laird. Duncan ficou de pé e andava sem parar em frente à cama. Ele parava, de vez em quando, e olhava-a como se estivesse tentando determinar a verdade de suas palavras. — Já disseram muitas vezes que o amor de uma mãe não conhece limites. Muito bem, Mairin Stuart. Eu concordo com seus termos. Vou poupar a vida de seu filho, mas a partir deste dia você será minha. Não vai brigar comigo quando eu procurar seu corpo. Nunca vai pronunciar uma única palavra para contradizer Lord Archibald. Estamos entendidos? Que Deus me perdoe. — Eu concordo. — Então, prepare-se para sair do castelo. Sairemos em uma hora para voltar para minhas terras. — Ewan! Ewan! Acorde, pelo amor de Deus. Ewan estava ainda atordoado enquanto voltava à consciência. Abriu um olho e observou ao redor para encontrar somente a si mesmo envolto em trevas. — Caelen? - respondeu asperamente. — Graças a Deus.
O alívio na voz de Caelen foi impressionante. — Mairin. Onde ela está? O silêncio era opressor. Ele ouviu a respiração de seus irmãos na escuridão, sabia que eles temiam dizer. — Sinto muito, Ewan. Duncan partiu há algumas horas, levando Mairin com ele. - Alaric disse com uma voz sombria. Ewan sentou-se, a dor rasgando sua cabeça. Seus irmãos seguraram seus ombros e o seguraram, quando ele quase caiu. — Onde estamos? – ele perguntou. — Na masmorra do rei. - disse Caelen, com fúria mesclada em cada palavra. — O pequeno bastardo de Archibald jogou todos nós aqui, após seus soldados baterem em sua cabeça. — Cormac e Gannon? — Aqui, Laird. - Gannon respondeu. — Diormid. Onde ele está agora? - Ewan perguntou em voz mortalmente gélida. — Eu não estou certo, Laird, mas ele terá que fugir daqui. Sabe que qualquer um de nós irá matá-lo na primeira oportunidade. Talvez tenha ido com Cameron, uma vez que parece que estava trabalhando para ele o tempo todo. — As tentativas contra minha vida. A flecha. O veneno. Deve ter sido ele. Tinha ordens de Duncan para me matar. Quando isso não funcionou, Cameron colocou sua petição perante o rei. — Eu suspeito que ele tinha a petição antes mesmo das tentativas de Diormid contra sua vida. - disse Alaric. — Ele tinha tudo planejado desde o ínicio. — A questão é, se David está envolvido com Archibald ou se Archibald age sozinho com Cameron. Caelen ponderou. Ewan colocou as mãos no chão áspero do calabouço e empurrou-se para sentar. — Archibald disse que David estava indisposto e o rumor no castelo confirmou que o rei está muito doente. Eu não ficaria surpreso se Archibald estiver por trás disso também. — Está tudo bem, Ewan? - Alaric perguntou. —Como está sua dor de cabeça? Ewan tocou o lado de sua cabeça, sentiu o calor do sangue, mas estava grosso e já não fluía livremente. — Ficarei bem. O importante é que Mairin não fique mais um minuto ao lado de Cameron. — Mandei uma mensagem para os nossos homens. - disse Caelen. — Minha esperança é que eles venham ao nosso socorro em breve. Ewan olhou em torno do calabouço escuro. — Como você enviou uma mensagem para os nossos homens? — Ameacei um dos guardas que nos jogou aqui. - Caelen admitiu.—Disse a ele que a menos que informasse nossos homens de nosso destino, eu iria cravá-lo na minha espada, castrá-lo e jogar suas bolas para os urubus.
Alaric riu. — O homem não poderia ser mais rápido para levar a mensagem. — Há quanto tempo estamos aqui? - Ewan perguntou enquanto esfregava mais sangue do lado de sua cabeça. Caelen suspirou. — Várias horas. Um dos guardas, que obviamente se sente melhor ficando do meu lado, me informou da partida de Cameron. — Filho da puta - Ewan amaldiçoou. —Não posso acreditar que aquele bastardo permitiu que Mairin caísse nas mãos de Cameron. Isso tudo foi uma armadilha desde o início. Archibald nunca teve qualquer intenção de apresentar este assunto a David, e o maldito nunca teve qualquer intenção de ouvir Mairin ou a mim. O testemunho de Diormid apenas deu-lhe a influência da opinião pública para que, quando proferisse sua sentença, não houvesse nenhuma reação de outros lairds, achando que ele interveio de forma injusta. — Sinto muito, Laird. - disse Cormac, devastado em cada palavra. - Deveria ter percebido. Passei todos os dias na companhia de Diormid. Lutei com ele. Comi com ele. Treinamos juntos. Nós éramos como irmãos. Eu nunca teria sonhado que fosse nos trair. — Não é culpa de ninguém. - Ewan disse friamente. – Eu também confiava nele. Ewan passou a mão sobre o rosto cansado e tentou esquecer a imagem das mãos de Cameron em Mairin. Se lembrasse disso, ficaria louco. E a única maneira de sobreviver seria desligar-se. Desligar suas emoções. Desligar as imagens que corriam através sua mente com precisão torturante. — Cameron vai esperar um ataque em grande escala. - Caelen apontou. - Ele sabe que Archibald não pode manter-nos no calabouço do rei para sempre, e sabe que você buscará Mairin. Então, estará preparado. — Não posso arriscar a segurança de Mairin atacando sua fortaleza com a força do meu exército inteiro. Se ela não estivesse ali, lutaria e não daria a mínima para o que ele espera. Pisaria sobre suas terras como a peste e dizimaria tudo em nosso caminho. Mas não vou correr o risco de ferir Mairin. E se Duncan souber que tudo pode estar perdido, vai matá-la por despeito. — Sim. - Alaric concordou. —O que então devemos fazer? — Sequestramos Mairin do castelo. Caelen soltou um suspiro profundo. — Você faz parecer fácil, Ewan. Cameron vai esperar por um truque como este. —Nós vamos conseguir. Não temos outra opção. Caelen, Alaric, Gannon, e Cormac expressaram seu acordo. O silêncio caiu mais uma vez enquanto eles esperavam. Uma hora depois, um som fora da cela agitou-os. Caelen levantou-se e correu para as barras de ferro quando um guarda jogava para baixo a tocha do corredor. —Vocês precisam ser rápidos. - o guarda sussurrou numa voz urgente. - Seus homens criaram uma distração. Sigam-me. Vou mostrar-lhes a porta do norte.
Alaric ajudou Ewan a ficar em pé e saíram apressados da cela até a escadaria de pedra para o primeiro nível do castelo. O guarda correu pelo longo corredor, após o grande salão, e para além das cozinhas. Eles saíram do castelo pela porta pequena onde o lixo era descartado e se aproximaram de um pequeno portão de madeira esculpido na parede de pedra imponente que se projetava para cima. O guarda usou uma chave e apressadamente abriu o cadeado de metal grande. — Vão. - insistiu ele. Os homens do laird aguardavam do lado de fora da porta e Ewan fez uma pausa. — Você tem meu agradecimento. - disse ao guarda. – Agora, precisa cuidar de seu rei. Parece que Archibald está contra ele. Ouvi boatos que o rei está doente. Examine sua comida e bebida. O guarda acenou com a cabeça. — Vá com Deus, Laird McCabe. Rezarei para o retorno seguro de sua esposa. Ewan abaixou-se para passar pela porta e seguiu seus homens para a noite. Eles correram através do terreno, em direção a floresta.
Capítulo 36 Ewan imitou um suave trinado de pássaro, o som ecoando ao longo da noite. Ao longe, uma resposta soou e Ewan avançou furtivamente, com seus iirmãos logo atrás. Esperaram quatro dias para a lua nova, depois de três dias para chegar às terras de Cameron e cuidadosamente examinaram o castelo. Ewan não podia esperar mais. Não soube nada de Mairin em vários dias, enquanto vigiava e esperava. Duncan a mantinha muito bem presa. Mas depois de descobrir o quarto no qual, provavelmente Mairin estava alojada, Ewan e seus homens circularam o castelo. Junto com seus irmãos, Ewan penetrou no interior da muralha , passando pelos guardas que dormiam. Agora na escuridão,jogou a corda com o gancho até a parede. Teve que fazer cinco tentativas antes de conseguir prendê-la no peitoril. Puxando a corda para se certificar de que estava bem presa, começou uma escalada rápida até a parede da janela. Mairin estava na sua janela e inclinou a cabeça, enquanto a vergonha de sua situação caiu sobre os ombros. A barganha do diabo. A vida de seu filho pela dela. A vida de seu filho pela sua vida com Ewan. Ela não se arrependia da decisão que tinha tomado, mas chorou tudo o que havia perdido. Tudo o que nunca mais teria. A tensão da semana passada foi demais para suportar. Estava no limite. Tinha medo que Duncan mudasse de ideia e voltasse atrás em sua palavra. Temia que ele colocasse uma poção em sua bebida ou alimento que a fizesse perder seu filho. Vivia em constante medo de ter que entregar-se ao homem que agora a chamava de sua esposa. Ela se sentiu cansada e virou-se na direção da cama. Não poderia continuar desta maneira. Não era bom para seu filho, e ainda assim ela não tinha escolha. Lágrimas brilhavam em seu rosto enquanto cedia à dor esmagadora que jorrava das profundezas de sua alma. Como ela poderia viver quando tinha conhecido um amor tão profundo que lhe doía na memória? Como poderia ter boa vontade e se deitar com um homem depois de conhecer o toque de Ewan? Finalmente, em sua exaustão, rastejou debaixo das cobertas e enterrou a cabeça no travesseiro para que ninguém ouvisse seus soluços. Não tinha ideia de quanto tempo passou. Quando sentiu uma mão sobre seu braço e ombro, encolheu-se para se afastar e virou-se, preparada para se defender do ataque de Duncan. — Shh, moça, sou eu, Ewan. - ele sussurrou. Mairin olhou para o marido na escuridão, incapaz de acreditar que ele estava alí, em seu quarto. Ewan tocou o rosto molhado e enxugou o rastro das lágrimas. Sua voz estava torturada e as palavras saiam tortuosas. — Ah, Mairin, o que que ele fez com você? — Ewan?
— Sim, moça, sou eu. Ela se levantou e jogou os braços ao redor de seu pescoço, segurando-se nele como se fosse a coisa mais cara na vida. Se ela estava sonhando, nunca mais queria acordar. Queria ficar nesse mundo de sonhos onde os braços de Ewan estavam em torno dela e podia sentir seu forte cheiro masculino. Esmagou-a contra si, sua mão acariciando sua cabeça, mergulhando os dedos em seus cabelos. — Ewan. - ela murmurava. —Oh Deus, Ewan. Ewan. Seus lábios encontraram os dela e a beijou desesperadamente, como se fosse o último beijo de sua vida. Seus lábios se uniram e as lágrimas dela caíram sobre suas línguas. Mairin respirava em sua boca. Ela sentia-se viva nesse momento, alcançando tudo o que tinha perdido, tudo o que mais queria. — Shh, não chore, moça. Você está partindo meu coração. Nós não temos muito tempo. Eu tenho que levá-la deste lugar. Suas palavras ecoaram em torno dela. Mairin olhou para Ewan, com medo de acreditar que ele era real, que estava lá e não uma alucinação de sua mente. Ele ergueu-a da cama e levou-a em direção à janela. Inclinou-se para fora e ela se agarrou em seus ombros, enquanto olhava para a vertiginosa distância entre a soleira e o solo. — Ouça-me, carinho. - ele disse em uma voz suave. Roçou os lábios sobre sua testa e segurou-a firmemente contra seu peito. – Desceremos por uma corda presa em sua janela. Mairin levantou a cabeça,alarmada. — Ewan, não posso! O bebê. Eu estou muito grande e desajeitada. Ele tocou seu queixo e passou os dedos sobre seu rosto enquanto olhava para ela. — Você irá primeiro. Estarei com você a cada passo. Alaric e Caelen esperam por nós lá embaixo. Se você cair, eles irão pegá-la. Preciso que confie em mim. Mairin estendeu a mão para tocar seu rosto, seu amor e fé crescentes em sua alma. — Eu voaria, se você me pedisse. Ewan a beijou e depois colocou-a no chão. Enrolou a corda em seu pé como um estribo. Em seguida, amarrou em suas mãos, enrolando-a em torno de seus pulsos e palmas para que ela segurasse firme. A outra ponta amarrou na cintura dele e tomou posição perto da janela. — Ande pelo peitoril, carinho. Com muito cuidado, coloque os pés contra a parede e apoie-se, para que você não se raspar enquanto eu a desço. Tente permanecer de pé. Era uma loucura o que ele estava pedindo para fazer, e ainda assim ela subiu na beirada, segurando– se nos ombros dele. Ewan agarrou a corda a apenas alguns centímetros de suas mãos e puxou-a para subir mais. Centímetro por centímetro, Mairin foi baixada, apoiando o pé contra o lado da parede de pedra. — É isso, moça. Vá devagar e com cuidado. Estou segurando você. Não vou deixá-la. Deslizar sobre o peitoril foi a coisa mais difícil que ela já tinha feito. E então, simplesmente se deixou ir. Jogou a cabeça para trás e viu Ewan lutando com todas as suas forças para desacelerar sua descida. A corda devia queimar suas mãos e ele ainda estava pendurado.
Até a metade ela conseguiu controlar sua descida com os pés. Quando finalmente se aproximava do final, Alaric e Caelen estenderam as mãos e agarraram sua cintura. Eles baixaram-na para o chão e rapidamente desamarraram a corda para Ewan poder puxá-la de volta. — Como ele vai descer? - ela sussurrou urgentemente. Ignoraram sua pergunta e olharam para cima, à espera de Ewan. Vários minutos depois, ela viu sua figura descendo na corda, mão sobre mão, seus pés contra a parede. Quando ele chegou a uma distância segura, deixou-se cair com um baque surdo ao lado dela. Mairin olhou para as mãos dele, e como suspeitava, estavam rasgadas e em carne viva. Sua garganta apertou-se e ela beijou cada palma da mão, segurando-as com reverência em suas próprias mãos. — Vamos. - Alaric disse. —Gannon está esperando com os cavalos. Eles correram em direção à muralha. Alaric jogou outra corda e o gancho atingiu a borda de pedra no topo com um tilintar. Sem perder tempo, Alaric escalou a parede e colocou-se na parte superior, a mão estendida para puxar Mairin. Ewan ergueu-a sobre a sua cabeça e pediu que pegasse a mão de Alaric. Seus dedos resvalaram-se antes de Alaric finalmente capturar sua mão e deslizar os dedos para agarrar-lhe o pulso. Ewan empurrou-a para cima e Alaric puxou-a com uma força incrível. — Agarre-se a borda e puxe mais. - Alaric sussurrou. Assim que ele a puxou, Mairin pulou para o topo da muralha e rolou até encontrar Alaric. — Ouça-me - Alaric disse. —Sente-se e fique em cima do muro. O mais silenciosamente possível. Caelen vai escalar agora e depois descerá para ajudá-la a descer. Eu ficarei aqui para ajudar Ewan. Ele está com as mãos muito machucadas para usar a corda. Momentos depois, Caelen subiu e virou-se, para descer no outro lado. — Pegue minha mão que vou baixá-la para o outro lado. Ouça Caelen e quando ele lhe disser para ir, vá. Ele vai pegar você . - instruiu Alaric. Mairin engoliu o medo, segurou a mão de Alaric e deslizou para o lado. Ficou pendurada, com os pés raspando o lado da parede, aguardando o momento. Alaric segurava seu pulso. — Venha. - Caelen ordenou. —Eu seguro você, Mairin. Mairin fechou os olhos, empurrou-se para longe da parede, e soltou a mão de Alaric. Ela não precisava ter se preocupado. Caelen nem sequer cambaleou sob o seu peso quando a segurou contra seu peito. Ainda assim, ela jogou os braços em volta do seu pescoço, abraçando-o com feroz gratidão por não permitir que caísse. Caelen gentilmente afastou seus braços para longe de seu pescoço e colocou-a de pé. Seus joelhos se dobraram e Mairin agarrou a sua mão para que não cair. — Está tudo bem agora. - disse Caelen em voz baixa e reconfortante. Ele ficou ao seu lado, enquanto esperavam por Ewan e Alaric. Ewan desceu primeiro e Mairin se jogou em seus braços. Ela o abraçou tão ferozmente que ele provavelmente não conseguia respirar, mas não importava. Ela estava em seus braços. Ele foi resgatá-la de Duncan Cameron.
— Vamos. - Alaric pediu, quando caiu no chão. —Gannon está esperando com os cavalos. Eles correram para as árvores. No interior da floresta, Gannon estava com seus cavalos e Ewan montou sobre seu corcel. Alaric e Caelen pularam em suas selas. Cormac já estava montado em seu cavalo e Gannon montou o dele. Ewan estendeu a mão e arrancou Mairin do chão, colocando-a na frente dele. Ela deitou a cabeça no peito de Ewan e deslizou os braços em volta de sua cintura.Lágrimas caíam livremente agora, mas Mairin não fez nada para distraí-lo de sua concentração. Se Cameron descobrisse sua fuga, ele os perseguiria com a força de todo o seu exército e Ewan seria retardado por culpa dela. Somente quando estavam a quilômetros de distância que Mairin olhou para ele. — Ewan? Ele plantou um beijo em sua cabeça. — Agora não, carinho. Vamos falar quando chegarmos a terra dos McCabe. Nós não pararemos até chegar a nossa fronteira.Durma agora. Estava na ponta da sua língua para perguntar como Ewan pensou que ela ia dormir agora, mas antes de cavalgarem um quilômetro, sua exaustão venceu. Depois de tantas noites sem dormir por medo do que Duncan poderia fazer, agora estava segura nos braços de seu marido. Mairin apoiou a cabeça contra o peito largo e permitiu que o movimento constante do cavalo embalasse seu sono. Ewan cavalgava com uma mão segurando as rédeas e a outra envolvida firmemente em torno de sua esposa. Ele estabeleceu um ritmo extenuante que seus homens ficaram muito felizes em manter. Não iriam parar para dormir ou comer, até que chegassem à sua fronteira.
Capítulo 37 Fiel à sua palavra, Ewan não parou por mais de alguns minutos até chegarem perto da fronteira das terras McCabe. Eles cavalgaram durante as noites, em um ritmo que Ewan achou desumano. Mairin cavalgava com ele, e quando ela não estava dormindo, Ewan estava alimentando-a com comida de um saco de estopa ligado a sela. Seus homens estavam com olheiras, exaustos, mas ninguém proferiu uma única reclamação. A viagem estava estranhamente silenciosa. Estavam muito focados em ter certeza de não estarem sendo perseguidos. — Ewan, eu preciso parar. - ela sussurrou. — Você pode esperar apenas mais alguns quilômetros? - perguntou ele. - Estaremos em nosso território em breve. Ela fez uma careta. — Acho que não. O bebê torna mais difícil segurar certas necessidades por mais tempo. Seu sorriso era fugaz quando ele ordenou uma parada. Desceu-a ao chão e Gannon estava lá para ampará-la. Ela quase chorou de gratidão quando ele lhe ofereceu um sorriso tranquilizador. Para o choque total de Gannon, ela jogou os braços ao redor dele e abraçou-o ferozmente. Suas mãos subiram e ele gaguejou quando tentou perguntar o que ela estava fazendo. — Obrigada - ela sussurrou. Mairin se afastou e sorriu para ele. — Pelo que, minha senhora? - ele perguntou, confuso. — Por vir até mim. Ela virou-se, então, e foi em busca de um espaço privado para se aliviar. Ewan sorriu e observou enquanto sua esposa se escondia atrás de uma árvore à distância. Ela assombrou Gannon com a sua gratidão. E, pela sua intuição, a partir de agora, seu exército inteiro seria vítima das demonstrações de afeto de Mairin. Um momento depois, Mairin retornou e Ewan absorveu a visão dela segurando uma mão protetora sobre a barriga pequena e redonda. Ele respirou aliviado por estar em casa. Ou quase lá. Empurrou seus homens em uma dura cavalgada, com medo de que Duncan fosse procurá-los e Mairin ferida no meio de uma batalha. Ele a queria segura. Queria-a longe do derramamento de sangue inevitável entre ele e Cameron. O bastardo estava com os dias contados, e não importava se Ewan desafiasse o próprio rei, ele vingaria sua esposa. Enquanto puxava Mairin de volta para a sela, ele percebeu que sua vingança deixou de ser pelo que Cameron fez ao seu clã ou a seu pai. Era pela moça bonita que tinha os olhos azuis mais lindos que ele já tinha visto na vida. — Estamos quase em casa. - ele sussurrou em seu ouvido. Mairin voltou-se e olhou para ele com tristeza e súplica em seus olhos. — Assim que entrarmos em nossas terras, você pode enviar os seus homens na frente? Eu quero falar com você, Ewan. É importante que eu faça isso antes de chegarmos ao castelo. Uma vez que
cheguemos ao pátio, seremos afastados, um para cada lado. E temos que resolver isso. Devemos. Ele tocou seu rosto e tentou suavizar as linhas de preocupação que vincavam sua testa. O que na terra a preocupava tanto? — Sim, moça, vamos conversar. Uma hora depois, ele freou seu cavalo e, em seguida, fez sinal aos outros para irem na frente. Caelen e Alaric aproximaram-se em seus cavalos e pararam ao lado de Ewan e Mairin. Alaric fez uma careta. — Não gosto de deixá-lo sozinho, Ewan. — Estamos perto de nossas terras agora. E preciso de algum tempo sozinho com minha esposa. Nós os alcançaremos em um instante. Vá na frente e anuncie que estou chegando com a senhora do castelo em segurança. Com relutância, Alaric e Caelen seguiram. Aumentaram o ritmo quando começaram a descer a montanha em direção à casa no último trecho. Logo os outros o seguiram, galopando. Gritos encheram o ar. Gritos e gritos de triunfo encheram os ouvidos de Ewan, e não pôde deixar de sorrir. Mas quando olhou para Mairin, ela tinha a expressão conturbada e cheia de tristeza. Seu coração apertou-se e ele fechou os olhos enquanto se preparava para ouvir de tudo o que Duncan tinha feito com ela. Uma parte dele não queria saber. Ele queria esquecer. Queria que ela esquecesse, para que pudessem deixar tudo aquilo no passado. Mas também sabia que ela precisava desabafar, para se livrar do veneno que Cameron lhe tinha infligido. Ele desceu de seu cavalo e, em seguida, tirou-a delicadamente da sela. Levou-a para um trecho de grama, aninhado-a firmemente em seus braços. Mal podia acreditar que eles estavam em suas terras e ela estava de volta a seus braços. A última semana tinha sido um teste para sua resistência. Em momentos angustiantes, perguntou-se se a veria novamente. Nunca queria ter sua fé testada desta forma novamente. — Eu fiz uma coisa terrível. – ela disse, sufocada. Ewan olhou-a surpreso,com a testa franzida. — Do que você está falando? — Eu concordei. Deus me ajude, eu concordei em barganhar com o diabo, a fim de manter a nossa criança segura. Fui desleal com você, Ewan, eu jurei apoiar Duncan em troca da vida do nosso filho. Ewan engoliu sua própria dor ao ouvir o desespero em sua voz. — Shh. - ele sussurrou. — Nunca vou acreditar, nem por um momento, que você foi desleal a mim. A dor encheu os olhos de Mairin. — Ele queria me fazer abortar o nosso filho. Queria me forçar a beber uma poção. Eu teria dito e feito qualquer coisa para salvar o nosso bebê. Convenci-o de que se eu abortasse, em uma gravidez tão avançada como estava, haveria chances de eu não ter outro filho. Convenci-o de que a coisa mais lógica a fazer era continuar a dizer que o filho era dele, até eu ter a criança e ele ter o controle de Neamh Alainn. Ele concordou, mas mesmo assim eu estava com medo de comer ou dormir, porque me preocupei que voltasse atrás em sua palavra e quisesse matar o nosso bebê.
Ewan a abraçou e balançou seu corpo para frente e para trás, com os olhos fechados, imaginando o terror que Mairin vivenciou. Não era à toa que estava tão magra. Não tinha comido por medo de perder o filho. Seu filho. — Sua inteligência me espanta, moça. Ter pensado em uma solução tão rapidamente.Estou feliz por sua coragem e ousadia. Nenhuma criança podia ter uma mãe tão feroz. Nosso filho ou filha será abençoado. Mairin olhou para ele, a esperança iluminando seus olhos pela primeira vez. — Você não está zangado? — Como eu poderia estar com raiva de uma mulher que ia sacrificar tudo para evitar que meu filho morresse? — Oh, Ewan. - ela sussurrou. E então seus olhos se encheram de lágrimas novamente e ela olhou para baixo. Ewan segurou seu queixo e puxou-o para cima, com um gesto de ternura. — Há algo mais? — Eu concordei em ser sua esposa. Tive de concordar em nunca negá-lo. -ela fechou seus olhos e grossas lágrimas deslizaram pelo seu rosto. Por um momento Ewan não respirou. Ele não podia imaginar tal sacrifício. Seu peito doeu quando finalmente puxou o ar para seus pulmões. Mas se ela encontrou coragem para dizer a ele toda a verdade, seria corajoso para ouvir . — Diga, carinho. Ele… ele machucou você? As palavras saíram dolorosamente de seus lábios. Sua garganta ameaçou se fechar quando imaginou o que ela poderia ter suportado. — Eu...eu...vomitei nele a primeira vez que tentou. Culpei à minha gravidez, mas Deus sabe, a idéia de que ele se deitasse comigo me enojou. Depois, pareceu ter medo que eu repetisse o insulto. Assim, ele se afastou de mim. O alívio de Ewan foi tão grande que ficou tonto. Apertou-a em seus braços firmemente, só para senti-la depois de tantas semanas. E então ele riu, a imagem de Mairin ameaçando vomitar em Cameron tomando sua mente. Mairin olhou nele, seus olhos azuis tão brilhantes que ele se perdeu dentro deles. Mas, então eles se escureceram e ela olhou-o apreensiva. — Ewan, e sobre o dote? Está perdido para sempre? Ewan suspirou. — Ele foi entregue a Cameron. Não tenho nenhuma dúvida de que ele vai recebê-lo, independente se você estiver no castelo dele ou não. Archibald, e possivelmente o próprio rei, estão em conluio com Cameron. Lágrimas encheram os olhos dela e Mairin baixou a cabeça. — Você se casou comigo por isso! Nosso clã precisa de comida e roupas. Nossos soldados precisam de suprimentos. Precisamos reparar as ruínas do castelo. Como vamos sobreviver, Ewan?
Ele pegou o rosto dela entre as mãos e olhou em seus olhos. — Você é tudo para mim, Mairin. Posso ficar sem comida. A fortaleza pode desmoronar. Mas eu não posso viver sem você. Nós vamos viver sem seu dote. Sempre fizemos isso. De alguma forma, iremos sobreviver. Mas eu não posso viver minha vida sem você. Se o dote nunca vier, se nunca tivermos Neamh Alainn. Tudo isso não importa, moça, enquanto eu tiver você. Enquanto eu amar você. Mairin atirou-se nos braços de Ewan e abraçou-o até que ele não conseguia respirar. Seu corpo tremia enquanto as lágrimas caíam por seu pescoço. Ele não a repreendeu, porém,porque também queria chorar. —Eu te amo, Ewan. Graças a Deus você veio para mim. Ele pressionou sua testa contra a dela. Então, seus lábios roçaram-se. — Eu enfrentei o fogo do inferno para trazer você para casa, moça. Agora vamos aparecer. Nosso filho sente falta de sua mãe e nosso clã sente falta de sua senhora. Todo o clã estava reunido no pátio quando Ewan cavalgou através da ponte, com Mairin sentada na frente dele. Sua cabeça repousava em seu peito e seus cabelos caíam pelas costas. Todos se inclinaram para frente para ver se sua senhora estava bem. Ewan parou e do pátio ecoou um coro de aplausos. Mairin endireitou-se e sorriu de volta ao seu clã. Lágrimas brilharam em seus olhos e ela ofereceu um sorriso reconfortante. — Mamãe! Crispen corria no meio da multidão direto para o cavalo de Ewan. Ele sorriu para seu filho. — Fique aí, rapaz. Vou descer sua mãe. Os sorrisos de Crispen e Mairin iluminaram o pátio inteiro. Algo dentro de Ewan mudou, até seu peito doer. Com amor. Alaric e Caelen avançaram e Ewan entregou Mairin para eles, enquanto desmontava. Como ele esperava, ela jogou os braços em torno de Alaric e apertou tanto que ele riu, implorando misericórdia. Então Mairin se virou para Caelen, que já tinha as mãos para cima para evitar o abraço. Ela se lançou para ele que não teve escolha, a não ser abraçá-la de volta para não cair. Mairin abraçou-o ferozmente, balbuciando seus agradecimentos o tempo todo. — Você é uma mulher estúpida. - Caelen murmurou. – Honestamente, achava que ficaria com aquele porco? Caelen segurou seu queixo e ela sorriu para ele antes de abraçá-lo mais uma vez. Caelen soltou-a e virou-a na direção de seu marido. Ewan estava muito feliz e tomou-a nos braços,girando-a até deixá-la tonta. — Coloque-a no chão, papai! Eu quero abraçar mamãe! Rindo, Ewan colocou-a em pé e Crispen prontamente jogou seus braços em volta de sua cintura. Com lágrimas nos olhos, Mairin começou beijar cada centímetro de seu cabelo. Alaric e Caelen olhavam com indulgência, mas Ewan podia ver em seus olhos o carinho que tinham por sua esposa. Ela tinha conquistado todos eles. Ewan. Seus irmãos. Seus homens. Seu clã. Ele ergueu a mão para silenciar o tumulto ao seu redor.
— Hoje é um dia verdadeiramente glorioso. - disse ele ao clã reunido. - Nossa senhora retornou para nós. Fez sacrifícios incríveis para manter a nossa criança segura e o legado McCabe vivo. Ela temia que a perda de seu dote, de alguma forma, diminuísse nosso entusiasmo por seu retorno, quando na verdade ela é o nosso maior tesouro. Ewan virou-se para Mairin e lentamente ajoelhou-se na frente dela. — Você é meu maior tesouro. - ele sussurrou. Ao seu redor, seus homens também caíram sobre um joelho, suas espadas apontando em sua direção. Alaric e Caelen deram um passo a frente. Ewan viu o orgulho em seus olhos. Em seguida, ambos se ajoelharam na frente dela. Era demais para sua emotiva esposa. Mairin chorou ruidosamente como um bebê recém-nascido. Mas ninguém parecia se importar. Sorrisos brilharam nas faces de seus esgotados homens. — Oh, Ewan. - gritou ela,quando se lançou em sua direção. — Eu te amo. Nunca sonhei que encontraria um homem como você. Ewan a tomou em seus braços e olhou carinhosamente para ela. — Você foi um presente de Deus para este clã, moça. E para mim. Especialmente para mim. - ele sussurrou. A alegria retumbante quase ensurdeceu-os. Mairin colocou as mãos nos ouvidos, mas o sorriso foi o suficiente para iluminar a noite escura de inverno.Não se importando que o vissem ou que falassem, Ewan a pegou no colo e correu escada acima, em direção ao quarto. — Ewan, o que você está fazendo? – ela perguntou. Ele silenciou-a com um beijo enquanto corria. — Silêncio, esposa.Não me pergunte. Preciso urgentemente de uma experiência indecente com você.
Capítulo 38 Mairin olhava ansiosamente sobre o terreno, a terra repleta de verde, e inalou o ar docemente perfumado de verão. Ela queria muito deixar o castelo, mesmo que fosse apenas para caminhar no pátio. Mas Ewan proibiu expressamente que deixasse a segurança dos muros, e ele já tinha preocupações suficientes sem Mairin para aumentá-las. O clã McCabe estava preparado para a guerra. Não era um grito, mas sim um silêncio, preparando os homens e suas armas. Eles estavam resignados à sua sorte como inimigos da coroa e de Duncan Cameron. Mairin deixou a janela e desceu as escadas para o salão, onde encontrou Gannon e Cormac comendo a refeição do meio-dia com os seus soldados. Ela acenou a mão para que eles continuassem a refeição. — Estou indo para a cozinha ver Gertie. - ela disse quando passou por eles. — Não me atrevo a ir mais longe do que isso. Gannon acenou com a cabeça, mas manteve um olhar nela enquanto caminhava. — Fique onde eu posso vê-la, minha senhora. Mairin sorriu e entrou pela porta, mas permaneceu onde Gannon podia vê-la. Apenas, Gertie não estava cuidando do fogo como era seu hábito. Mairin cheirou o ar. Nem pão nem fermento, o que era incomum, dado que Gertie tinha sempre um pão fermentado. Talvez ela estivesse na despensa. Sim, era provável, e se assim fosse, ela voltaria à cozinha a qualquer momento. Gertie não deixaria um fogo sozinho por mais que alguns segundos. Mas quando Gertie não retornou, Mairin franziu o cenho. Um ruído que soava como um gemido vindo da despensa chamou sua atenção. Correu através da cozinha e entrou na pequena sala, o seu olhar buscando Gertie. Gertie estava caída no chão, o sangue escorrendo de sua têmpora. Mairin correu para ajoelhar-se ao lado da mulher mais velha. Então voltou-se, preparada para chamar Gannon, quando uma mão apertou sua boca e um braço puxou-a contra um corpo rígido. — Nem um som, minha senhora. Ela conseguiu libertar sua boca. — Diormid? — Silêncio. - ele sussurrou. Seu choque deu lugar a raiva. — Você se atreve a entrar em nossas terras? Não vai viver para ver outro nascer do sol. Meu marido vai matá-lo. — Você é minha passagem para a liberdade. - ele sussurrou em seu ouvido. A sensação inconfundível de uma lâmina em seu vestido por cima da barriga enviou um arrepio para espinha de Mairin. Ele segurou a faca tão perto que ela mal conseguia se mover por medo de ser cortada. Diormid apertou mais ainda o corpo contra o dela.
— Ouça bem. Se você fizer algo insensato, irei fatiar essa barriga e derramar o bebê no chão. Se eu não levá-la de volta para Cameron, morrerei. Se eu ficar aqui, morrerei. Não tenho nada a perder, Lady McCabe, e eu asseguro, se você chamar a atenção para nós, matarei você e seu bebê antes que eu morra. Por alguma razão as suas palavras a enfureceram ao invés de amedrontá-la. Já estava cansada do medo sem fim que todos viviam ali dentro Estava cansada de ver a preocupação nos olhos de Ewan. Ele não dormia bem. Não estava comendo corretamente. Tudo porque temia as implicações das escolhas que tinha feito como laird. Mairin se lembrou da adaga presa em seu cinto. Caelen a tinha dado após o seu regresso para o castelo McCabe. Achou que não havia razão para uma mulher não se defender, se a situação exigisse. E, de repente, estava de pleno acordo com ele. Com cuidado para não perturbar Diormid, ela balançou a cabeça concordando. — Claro que eu vou fazer o que quiser. Não quero nenhum dano ao meu filho. — Nós saímos por trás, onde a muralha está em ruínas. Meu cavalo espera nas árvores. Se alguém vir você, diga que foi buscar uma curandeira para Gertie. Mairin assentiu. Uma mão de Diormid se fechou em torno de sua nuca enquanto a outra ainda segurava a faca contra sua barriga. Assim que sentiu o metal afastar-se de sua carne, Mairin rodopiou, com seu punhal na mão. Surpreso, Diormid pulou para trás, cortando o braço de Mairin. Mas ela mal sentiu a dor, e partiu para cima dele. Ela bateu seu joelho direito entre as pernas do homem e ao mesmo tempo, afundou seu punhal profundamente em sua barriga. Ele cambaleou para trás e depois colocou sua mãos na virilha. Estava gritando, muito mais que Heath, quando foi acertado por Ewan da mesma forma. Querendo ter certeza que Diormid estava incapacitado, Mairin pegou uma das panelas pesadas do chão e bateu-lhe na cabeça. Ele caiu imediatamente, esparramando-se no chão, braços e pernas abertos. Apenas o punho de sua adaga brilhava contra sua barriga. Nenhuma parte da lâmina era visível. Estava enterrada profundamente em sua carne. Convencida de que ele não ia a lugar nenhum no momento, Mairin virou-se e fugiu, gritando por Gannon. Quando ela entrou na cozinha, chocou-se com Gannon. Teria caído se ele não tivesse agarrado seus braços para firmá-la. Então, ele viu seu vestido rasgado, e sua expressão tornou-se tempestuosa. — O que é isso, minha senhora? O que aconteceu? Antes que Mairin pudesse responder, ele a empurrou para trás e puxou a espada. — Há algo que devo mostrar-lhe. - disse ela com urgência. — Bem, isto é, eu preciso de você para ficar de guarda enquanto eu vou buscar Ewan. Sem esperar a resposta dele, Mairin pegou sua mão, puxando-o para a despensa. Ela apontou para Diormid esparramado no chão. — Devo buscar Ewan. Você pode ter certeza de que ele não se move até eu voltar?
Gannon estava com o rosto tomado com fúria enquanto olhava para o homem de confiança que chamou de irmão de armas. Então, olhou para Mairin com espanto. — Minha senhora, o que fez com ele? Com sua pergunta, ela ficou consciente do que havia acontecido. Percebeu o quanto aquele homem tinha chegado perto de machucar a ela e o bebê. Suas mãos começaram a tremer e seu estômago se rebelou. Mairin se virou e vomitou violentamente. Lágrimas queimaram em seus olhos enquanto ela tentava respirar, em uma tentativa para acalmar o estômago agitado. — Minha senhora, você está machucada? O que aconteceu? - Gannon perguntou preocupado. Ela se ajeitou e colocou a mão no braço de Gannon para se firmar. — Eu tenho a sua promessa, Gannon? Você vai cuidar para que ele não se mova até que eu volte com Ewan? — Eu já estou aqui, moça. O castelo inteiro ouviu seus gritos. - a voz de Ewans soou atrás dela. Mairin voltou-se em sua direção para ver Ewan e seus irmãos de pé na porta e imediatamente lamentou. As náuseas subiram até sua garganta e ela inclinou-se mais uma vez. Foi Caelen quem colocou um braço ao redor dela e segurou-a. Ewan estava muito ocupado observando a cena em sua frente. — O que, em nome de Deus, aconteceu? - Ewan rugiu. — Como ele entrou em nossa despensa? Ele virou-se para Gannon. — Você tem uma explicação para isso? — Não, Laird, não tenho. — Gertie. - Mairin balbuciou. — Ewan, ela está ferida. Ewan fez sinal para Gannon cuidar de Gertie, que ainda estava deitada no chão a uma curta distância. Gannon ergueu a mulher nos braços e tirou-a da despensa. Ela já estava protestando em voz alta, dizendo que podia caminhar sozinha. Ewan voltou-se para Mairin, que tremia como uma vara verde ao lado de Caelen. — Diga-me o que aconteceu, moça. — Ele cortou o meu vestido. - disse ela, enquanto segurava o tecido esfarrapado — Ameaçou tirar o bebê do meu ventre se eu não cooperasse. Alaric olhou para ela com espanto. — Se ele tinha uma faca apontada para sua barriga, como em nome de Deus, acabou inconsciente no chão com o seu punhal cravado em sua barriga? — Aprendi com Ewan. - ela disse afetadamente. Ewan arqueou uma sobrancelha e trocou olhares com Caelen. — Isso eu tenho que ouvir. - Caelen murmurou. — Eu o chutei... com o joelho... lá embaixo. E bem, eu mergulhei minha adaga em sua barriga, ao mesmo tempo. Quando ele caiu, quis ter certeza de que não escapasse, então bati em sua cabeça com uma panela.
Alaric estremeceu. — Não acho que ele fugiria para qualquer lugar, moça. Mairin encolheu os ombros. — Na verdade eu quis matá-lo. Ele ameaçou meu filho. Caelen riu. — Acho que Crispen ou seus outros filhos nunca precisarão de você para protegê-los, Ewan. Sua esposa vai proteger de seus filhos de qualquer ameaça. Ewan puxou Mairin ao seu lado e beijou sua cabeça. — Está tudo bem, carinho? — Ele não me machucou. Ewan tirou a mão do seu braço e franziu a testa quando viu sangue. — Então, o que é isso? - ele perguntou. Ela encolheu os ombros, lembrando-se agora que Diormid tinha feito um pequeno corte em sua briga. — É apenas um arranhão, laird. Vou lavá-lo depois. — O que faremos com Diormid, laird? - Cormac perguntou da porta. A expressão de Ewan ficou sombria, mas então ele olhou para Mairin, provavelmente lembrando-se de sua aversão quando disse que iria matar Heath. — Acho que ele deve alimentar uma matilha de lobos selvagens. - Mairin murmurou. — Talvez amarrá-lo entre duas árvores e deixá-lo sangrar para atrair predadores. Ewan e seus irmãos ficaram boquiabertos e espantados. — Ou nós poderíamos simplesmente arrastá-lo atrás de um cavalo por alguns quilômetros? - ela perguntou esperançosamente. Caelen morreu de rir. — A moça é sanguinária. Adorei isso! Ela é feroz, Ewan. Eu gosto muito de sua esposa. — Estou vendo. - Ewan murmurou. Ewan olhou para sua esposa, exasperado. — Eu ia sugerir matá-lo e acabar logo com isso já que ele não vai sobreviver ao seu punhal na barriga, de qualquer maneira. — Mas é uma morte muito rápida. - ela disse com uma fungada. — Acho que ele deveria sofrer. Ewan franziu a testa e Mairin cedeu, com um suspiro. — Oh, muito bem. Matá-lo rapidamente. Mas ele não será enterrado em nossas terras. Você pode alimentar os urubus com seu cadáver, não pode? Ewan balançou a cabeça e riu de seu tom esperançoso. Puxou-a em seus braços e apertou-a até que ela não conseguiu respirar.
— Sim, moça, podemos alimentar os predadores com seu cadáver. Será que vai fazer você se sentir melhor imaginar seus globos oculares arrancados das órbitas? Seu estômago rebelou-se com a imagem que se formou em sua mente e ela colocou a mão na boca para estancar o impulso de vomitar novamente. Então, olhou para o marido. —Você fez isso de propósito! Ewan virou-se rindo para seus irmãos. — Cuidem de seu corpo. Estou levando minha esposa de volta para o salão. Mairin deixou que Ewan a levasse para longe, mas depois parou e gritou de volta. — Quero minha adaga de volta, Caelen!
Capítulo 39 — Laird! Laird! O rei está chegando! Ewan largou a mão de Mairin e correu para o salão onde Owain estava gritando. O jovem tinha, obviamente, corrido por todo o caminho, pois se encontrava ofegante quando freneticamente procurou por Ewan no salão. Quando viu o laird, correu e mais uma vez repetiu seu anúncio. — Espere! – Ewan gritou - Diga-me tudo. O rei está muito longe? Ele vem acompanhado com o seu exército? Antes que Owain pudesse responder, outro dos soldados de Ewan correu pelo corredor. — Laird! Os McDonald estão em nossos portões! Ewan seguiu em direção ao pátio, com Mairin logo atrás. Ele chegou assim que Laird McDonald desmontava de seu cavalo. Além dos portões do castelo, o que parecia ser o exército inteiro de McDonald, espalhava-se pelo terreno. — Ewan! - McDonald saudou. — Meus homens trouxeram a notícia de que o rei se aproxima com seu exército. Não passou um minuto após o pronunciamento de Laird McDonald, e Laird McLauren atravessou a ponte e seguiu para o pátio. Na distância, o exército McLauren se reuniu com os homens McDonalds. — Ewan. - McLauren saudou, quando se aproximou dos dois lairds. — Vim assim que eu ouvi a notícia. Ewan olhou para os dois homens com surpresa. A visão de tantos soldados a cavalo era impressionante, espalhando-se tanto quanto os olhos podiam ver. — Percebem que, por suas ações, vocês poderão se rebelar contra a coroa? Vocês serão foras da lei. Ewan disse. Laird McLauren fez uma careta. — É errado o que ele fez, Ewan. Se ele leva a esposa de um homem, o que fará depois? Tomará suas terras? Estou ao seu lado, assim como os meus homens. Laird McDonald assentiu com a cabeça. Ewan agarrou o antebraço de Laird McLauren e depois virou-se para fazer o mesmo com McDonald. Então, jogou seu punho no ar e deu um grito de guerra que foi captado por seus homens e se espalhou entre os McDonalds e os McLaurens. Logo, as colinas que circundavam o castelo ecoaram com o som da batalha iminente. Virou-se para Mairin e tomou-lhe as mãos. — Eu quero que você pegue Crispen e permaneça atrás das muralhas do castelo. Não saia até que eu tenha chamado. Prometa-me. Mairin assentiu com compreensão, os olhos arregalados de medo. Ele se curvou e beijou-a. — Não tenha medo, Mairin. Vamos vencer neste dia. Agora vá e cuide deste corte em seu braço.
Ela tocou seu rosto. — Eu sei que nós vamos vencer. Mairin voltou-se e chamou Crispen. Então emitiu uma ordem para todas as mulheres do castelo para ficarem atrás dos muros. — Vamos saudar o nosso rei na fronteira de minhas terra. - Ewan declarou. Ele ordenou aos seus homens para montar os seus cavalos e cavalgaram para fora, com os McDonalds e os McLaurens atrás deles. Ewan estava triste, mas resoluto em sua posição contra a coroa. A vida que ele estava forjando para si, Mairin e seus filhos não era fácil. Seu nome para sempre estaria associado a desonra. Um herói para alguns, um fora da lei para a maioria. Se manter a mulher que amava ao seu lado era motivo de desonra, ele estava preparado para vestir este manto pelo resto de seus dias. Quando eles chegaram na sua fronteira, Ewan ficou surpreso ao ver o rei montado em seu cavalo com apenas uma escolta de meia dúzia de homens. Ele esperou além da fronteira, não fazendo nenhum esforço para atravessar para as terras de Ewan. — Isso é algum truque? - McLauren murmurou ao lado de Ewan. — Onde estão o resto dos seus homens? É suicídio vir sem seu exército. — Fique aqui. - Ewan disse severamente. Ele fez sinal para seus irmãos, Gannon e Cormac, e cavalgou até estar diante do rei, mas ainda em território McCabe. O rei parecia cansado e ainda sofria os efeitos da sua doença. Seu rosto estava pálido e seus ombros pendiam precariamente. — Sua Majestade. - Ewan o saudou. — Por que veio até minhas fronteiras? — Eu vim para corrigir um erro. E lhe agradecer. De todas as coisas que Ewan esperava ouvir de seu rei, aquilo não era uma delas.Ele inclinou a cabeça para o lado, mas não disse nada, aguardando o rei se explicar. — Você vem com o poder não somente de seu exército, mas o de McDonald e o clã McLauren. disse o rei. — Diga-me, Laird McCabe, você lutaria comigo neste dia se eu tivesse chegado com uma declaração de guerra? — Sim. - Ewan disse sem hesitar. A irritação brilhou nos olhos do rei. — Ao fazer isso, seria marcado como um pária pelo resto de seus dias? — Só se eu perdesse. - Ewan retrucou. — E eu não pretendo perder. O rei remexeu-se em sua sela. — Gostaria de conhecer minha sobrinha, Laird McCabe. Ewan lançou um olhar ao rei David, confuso pela mudança abrupta de assunto. —Eu não vou permitir que Mairin venha para fora de meus muros. O rei assentiu com aprovação.
— É por isso que eu espero que me convide a entrar. Temos muito a discutir, e como eu disse, tenho muito a agradecer. — Pode ser um truque. - Alaric murmurou. — Você vai entrar sozinho. - Ewan disse. — Seus homens permanecem fora dos muros. O rei arqueou uma sobrancelha. — Você está me pedindo para confiar em um homem que admitiu que não vê nenhum problema em me matar? — Se tudo que eu quisesse fosse matá-lo, já estaria morto. - Ewan disse calmamente. David estudou-o por mais um momento e então lentamente assentiu com a cabeça. — Muito bem, então. Irei com você ao seu castelo. Meus homens irão acompanhar-me até o seu portão. Ewan voltou-se e deu o sinal para seus homens se prepararem. Então, fez sinal para David seguilo. Ewan e o rei estavam ladeados por seus irmãos enquanto cavalgavam em direção a fortaleza. Fiel à sua palavra, David assinalou para seus homens pararem quando chegaram à ponte sobre o lago. Os McDonalds e os McLaurens ficaram para trás, enquanto os homens de Ewan atravessaram para o outro lado da ponte atrás de seu laird. Eles desmontaram e David desmontou de seu cavalo um pouco vacilante. Ewan franziu a testa, mas não fez nada para envergonhar o seu rei, oferecendo ajuda na frente de seus homens. —Laird, devo chamar Lady McCabe? - Cormac sussurrou. Ewan balançou a cabeça. — Não, na verdade, eu quero que você encontre sua senhora e certifique-se de que ela permaneça em seu quarto até que eu a chame. Você deve protegê-la, Cormac, até que eu entenda tudo o que acontece aqui. Cormac assentiu e saiu correndo. Os homens entraram no salão e Ewan pediu cerveja e comida. Eles se sentaram à mesa alta e David ficou quieto enquanto bebericava sua cerveja. Depois de um momento, olhou para Ewan sobre a borda de sua taça e mordeu os lábios, pensativo. — Preciso de homens com sua coragem, Ewan. Você tinha todos os motivos para me desprezar e ainda alertou minha guarda de sua suspeita de que eu estava sendo envenenado por alguém em quem confiava. Por causa de seu aviso estou vivo e na sua frente hoje. Archibald realmente conspirarava contra mim junto com Cameron. Ele estava me envenenando para que parecesse estar doente e minha morte ser atribuída a causas naturais. O rei suspirou e colocou sua taça sobre a mesa. — Gostaria de pedir desculpas pelos erros cometidos contra você e especialmente à sua esposa. Gostaria de conhecer minha sobrinha com a sua bênção. Ewan analisou seu rei por um longo momento, mas só viu a sinceridade refletida nos olhos do homem mais velho. Então, virou-se para Caelen. — Vá e traga Mairin até aqui para que ela possa cumprimentar seu tio.
Mairin segurava o braço de Caelen enquanto desciam as escadas. Ela instruiu Crispen a ficar em seu quarto com Maddie. Caelen parou no topo da escada e, em seguida, colocou sua adaga na bainha de couro pequena que tinha feito para prender em seu cinto. — Eu achei que você gostaria de tê-la de volta. - disse ele, divertido. — Obrigado, Caelen. Você é muito prestativo. Ele sorriu e apertou seu braço de modo confortador. — Queixo para cima. Uma moça tão feroz como você não se inclina a ninguém. Eles desceram as escadas e entraram no salão. Do outro lado, Ewan e o rei se levantaram ao notarem sua presença. Os joelhos de Mairin tremiam. Não de terror, por medo que o rei pudesse prejudicá-la. Não, Ewan estava de pé ao lado do rei, e ele nunca permitiria que tal coisa acontecesse. O rei era sua família, no entanto. Sua carne e sangue. Seu tio. O rei da Escócia. Caelen parou diante do rei e soltou o braço de Mairin, recuando para permitir que ela cumprimentasse seu tio. Lembrando-se que devia mostrar respeito para o rei, não se importou com o que Caelen disse sobre não se curvar diante de ninguém. Rapidamente se inclinou em uma profunda reverência e rezou para não desmaiar. Mairin esperou sua permissão para se levantar, mas para sua surpresa, ele se ajoelhou na frente dela e tomou-lhe as mãos. Mairin ficou ainda mais chocada ao ver um brilho de lágrimas em seus olhos. Olhos que lembravam os dela. Ele parecia abatido. Pálido e exausto como se tivesse travado uma longa batalha com a doença e mal tivesse começado sua recuperação. Havia linhas gravadas profundamente em sua testa, e as rugas marcavam os cantos dos olhos. Ele manteve um aperto firme em suas mãos enquanto segurava-as entre as dele. — Se eu tinha alguma dúvida, não a tenho mais. - ele disse em uma voz rouca. — Você tem o olhar de minha mãe, que Deus dê o descanso a sua alma. — Eu tenho? - Mairin sussurrou. — Sim, ela era uma mulher bonita, tinha um espírito dedicado a quem precisava. Mairin engoliu em seco, esmagada pela emoção do momento. Depois de tanto tempo escondida, vivendo com medo, foi abertamente reconhecida por seu sangue. Ewan ficou ao lado dela e passou o braço em volta de sua cintura. O rei, relutante, soltou as suas mãos e dirigiu seu olhar para Ewan. — Você fez uma coisa boa, Ewan. A ideia da moça nas mãos de Duncan Cameron, ... - ele limpou a garganta. – Corrigirei os erros cometidos contra você e sua esposa. Darei a bênção pública a seu casamento e enviarei seu dote imediatamente, sob escolta pesada. Mairin ofegou. — Pensei que meu dote tivesse sido entregue a Duncan Cameron. O rei sacudiu a cabeça.
— Archibald prometeu seu dote a Duncan, mas ele não sabia onde ele estava. Só eu sei onde está escondido o legado de Alexander ao primogênito de sua filha. Estava trancado a sete chaves em Neamh Alainn. — Oh, isso é maravilhoso, Ewan! – ela exclamou , enquanto ela dançava nos braços de Ewan. Mairin voltou-se para seu tio, preocupada com sua palidez e fraqueza aparente. — Você nos daria uma grande honra se permanecesse aqui até estar bem de saúde. Os olhos do rei se arregalaram com surpresa e ele olhou para Ewan buscando uma confirmação. Ewan deu de ombros. — Há muito tempo aprendi que é perigoso negar algo a minha esposa. Além disso, ela tem esse direito. Até que esteja plenamente recuperado, a ameaça ainda é grande. Precisa de tempo para encontrar todos os que conspiraram com Archibald. Ficaríamos honrados se passasse esse tempo conosco. David deu um largo sorriso. — Então ficaria feliz em aceitar a sua hospitalidade. No final, David permaneceu por duas semanas, até que o dote de Mairin foi entregue.Seu marido e o rei, depois de um início cauteloso, na verdade, ficaram muito amigos. Caçavam muito, saiam com os irmãos de Ewan e bebiam cerveja no salão, discutindo sobre quem pegou a maior caça. A saúde de Davi rapidamente melhorou com a comida de Gertie e a preocupação de Mairin para que ele descansasse. Quando partiu com o contingente de soldados que trouxeram seu dote, Mairin ficou realmente muito triste. Naquela noite, na privacidade de seu quarto, Ewan fez amor com ela, e depois Mairin riu com a lembrança da acusação que seu laird era inábil na arte de amar. — O que a diverte, mulher? É um pecado rir logo após um homem ter feito amor como eu fiz. Ela sorriu e se aconchegou em seus braços. Como sempre fazia, Ewan a ninava, acariciando sua barriga protetoramente. — Eu estava me lembrando de certas avaliações imprecisas que fiz sobre o seu talento. — Droga, você estava errada. - ele rosnou. Mairin riu novamente e então suspirou de contentamento. — Que dia maravilhoso, Ewan. Nosso clã foi salvo. Podemos alimentar nossa família, vestir nossos filhos, e fornecer aos nossos homens as armas e armaduras que tão desesperadamente precisam. — Sim, carinho, foi um dia maravilhoso. - então voltou-se e beijou-a até que Mairin não conseguiu respirar. Ewan olhou para ela com tanta ternura em seus olhos que seu coração acelerou em seu peito. — Quase tão maravilhoso como o dia em que pisou nas terras McCabe.
Trilogia – Os Irmãos McCabe 1. Na Cama com um Highlander
Ewan McCabe, o mais velho, é um guerreiro determinado a eliminar seu inimigo. Agora, com a hora da batalha se aproximando, seus homens estão prontos e Ewan está certo de que tomará de volta o que é seu – até que uma tentação de olhos azuis e cabelos negros é jogada sobre ele. Mairin pode ser a salvação do clã de Ewan, mas para um homem que sonha apenas com vingança, assuntos do coração são um território estranho a ser conquistado. Embora seja filha ilegítima do rei, Mairin possui uma propriedade muito desejada o que a transforma em um peão – e desconfiada do amor. Seu pior medo se torna realidade quando ela é resgatada de um perigo apenas para se ver forçada a se casar com seu carismático e exigente salvador, Ewan McCabe. Mas a atração que sente por seu poderoso marido, a faz desejar o surpreendentemente terno toque dele; seu corpo se torna vivo sob a sua sensual maestria. E, enquanto a guerra se aproxima, a força, espírito e paixão de Mairin desafiam Ewan a conquistar seus demônios – e a abraçar um amor que significa mais do que vingança e terras.
2. Sedução nas Highlands
Um guerreiro é pego entre um casamento por dever e um amor proibido no livro dois da sensual trilogia de Maya narrando a história de três irmãos indomáveis. Ferozmente leal a seu irmão mais velho, Alaric McCabe lidera seu clã na luta pelos seus direitos de nascença. Agora ele está preparado para casar por dever também. Mas em seu caminho para pedir a mão de Rionna McDonald, filha de um chefe vizinho, ele sofre uma emboscada e é dado por morto. Milagrosamente, sua vida é salva pelo toque suave de um anjo das Highlands, uma bela e corajosa dama que colocará à prova sua lealdade para com seu clã, sua honra e seus mais profundos desejos . Banida de seu próprio clã, Keeley McDonald foi traída por aqueles a quem amava e confiava. Quando o guerreiro ferido cai de seu cavalo, ela fica atraída por seu corpo forte. O lampejo pecaminoso nos olhos verdes dele acende uma paixão que os seguirá até a casa de Alaric, onde o amor proibido entre eles os levará ao mais profundos prazeres carnais. Mas conforme a conspiração e perigos se aproximam, Alaric deverá fazer uma escolha impossível. Ele trairá os laços de sangue pela mulher que ama?
3. Nunca se Apaixone por um Highlander
O coração jovem e rebelde de Caelen McCabe quase destruiu o seu clã. Chegou a hora de colocar a lealdade à família acima de tudo o resto e casar com a noiva abandonada pelo irmão mais velho, salvando assim a frágil aliança entre dois clãs. Mas embora a bela Rionna McDonald seja uma mulher perfeitamente aceitável para qualquer homem, a verdade é que Caelen não confia em mulher nenhuma, especialmente nesta doce sedutora que ele tanto deseja. Claro que Rionna é uma vítima nos jogos de poder do seu pai, mas ela está determinada a cumprir o seu dever, ao mesmo tempo que jura proteger o seu coração e o seu orgulho de qualquer humilhação. Mas, apesar de tudo, o calor do toque de Caelen faz com que as suas defesas derretam e ela deseja intensamente as delícias sensuais de um marido que guarda as suas emoções com a mesma ferocidade com que guarda o seu clã. Quando explode a derradeira guerra pelo legado McCabe, o verdadeiro espírito guerreiro de Rionna vem ao de cima. Ela irá arriscar a ira do seu pai, a fúria dos seus inimigos e a própria vida para provar a Caelen que o seu amor é demasiado precioso para se perder.
Créditos
Tradução/Pesquisa: GRH Revisão Inicial: Claudia Barbetta Revisão Final: Ana Paula G. Formatação pdf: Ana Paula G. Produção do epub
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Comentários das Revisoras Comentário da Revisora Claudia Barbetta: Sinceramente, ri muito revisando esse livro. Mairin é uma heroína ingênua, afinal foi criada em um convento, e nunca esteve perto de um homem... e caí logo nos braços de Ewan, um homem que é pura testosterona! Ele é mandão, ela é teimosa, e coloca o castelo McCabe de pernas para o ar. Ela quer ensiná-lo a amar. Ele só quer fazer amor. E entre os encontros e desencontros, quem vence, é claro, é o coração. Leiam e descubram que debaixo desse homem feroz, há um homem super terno e apaixonado. As cenas hots são ternas, também... um banho de romantismo. Comentário da Revisora Ana Paula G. Que livro tão romântico!! Aliás, que série tão romântica! Estes escoceses são super ferozes,mas com as heroínas são protetores e carinhosos. Não tem traição,não tem outras mulheres para disputar o TDB, as histórias são centradas nos conflitos do casal central e muitas disputas entre clãs. E depois que se apaixonam pela heroína são verdadeiros cavaleiros...Os trechos hot são deliciosos.Linda história! Nem vou dizer que queria UM McCabe para mim...queria logo os TRÊS ...kkkkkkk