Fenomenal-Andy Collins

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Fenomenal © Copyright 2016 – Andy Collins Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito da autora. Esta é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nomes, pessoas, locais ou fatos, será mera coincidência. Capa: Dri K.K. dri.capista@gmail.com Revisão: Solange Carolina Souto Abreu - Alpha Books Traduções e Revisões independentes contato.alphabooks@yahoo.com.br Diagramação Ebook: Olivia Nayara Medeiros Jardim olivialivros@hotmail.com


Agradecimentos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril. Oscar Wilde. Acredito que esse texto retrata exatamente o que são minhas amigas, ainda não posso citar o nome de cada uma de vocês, mas, afinal isso é amizade correto? Para ser amigo não precisa de exposição, precisa de coração. Andy Collins


“Luta e crítica são pré-requisitos para se alcançar a grandeza. É a lei do universo, e ninguém escapa dela. Porque dor é vida, mas você pode escolher a sua dor: a dor em busca do sucesso, ou a dor de ser perseguido pelo arrependimento” – Anônimo.


Primeiro Dia

Estou nervosa encarando o meu reflexo no espelho. Um vestido de noite que encaixa perfeitamente no meu corpo, um colar de diamantes brilhando no meu pescoço longo. Estou totalmente desconfortável. Essa pessoa no espelho não sou eu. — Pronta? A voz da Liv faz a minha cabeça girar. Olho para a minha amiga parada atrás de mim. Ela não aprova a minha decisão, se for falar a verdade, nem eu mesma aprovo. Mas não tenho outra opção. Entrei no tudo ou nada. — Não sei se pronta seria a palavra adequada, acho que apavorada seria bem mais propício. Termino de passar o meu batom carmim, olho novamente o meu reflexo. Sim, estou pronta e completamente apavorada. — Você tem certeza disso, Bree? Podemos pensar em outra alternativa. — Não tenho outra alternativa, Liv, você sabe. Ficamos quase um mês pensando em algo diferente. Minha amiga pega o meu casaco de pele e me entrega. Nada disso era verdadeiramente meu. Era um empréstimo, e se eu, por acaso, danificasse alguma peça, a cobrança seria nada amigável. — Isso é tão louco. Deus, eu não deveria te apoiar nisso. — Ouça Liv, ouça com muita atenção — ela sacode a cabeça —, se este plano idiota não der certo, preciso que cuide de tudo para mim. — Eu não tenho um bom pressentimento sobre isso. Liv me abraça. Eu também não tenho um bom pressentimento sobre isso. Eu nasci em Vegas, fui criada na cidade do pecado, vi coisas que muitos adultos não imaginam que existem. Aprendi a jogar cartas tão bem quanto um maldito viciado. Eu conhecia os blefes, sabia ler os sinais dos meus oponentes. Eu era boa, muito boa para ser sincera. Eu nunca precisei usar meus conhecimentos com as cartas ou artifícios de sedução. Até hoje. Uma mulher esperta deveria saber quando encontra problemas, eu não soube, pelo menos, não de imediato Dylan era o nome dele, e eu me deixei apaixonar. Ele era doce, inteligente e incrivelmente sexy. Todos os ingredientes para levar uma mulher para o céu. Dylan apenas me levou para uma viagem sem volta, para o inferno. Ano após ano, dia após dia. — No que está pensando? — Liv me leva até a porta do quarto. Estou hospedada no Bellagio, é aqui que vai acontecer um dos maiores eventos de boxe, cheio de pessoas importantes, pessoas ricas. Um evento que terá dez dias de duração, esse é o tempo que tenho. Todos os meus problemas tinham um único nome, ou melhor, tinham um número, que era interligado a um nome fodido.


— Dylan — digo com sinceridade. — Não, Bree, você não deve pensar nele agora, precisa se concentrar para que isso dê certo. — Eu sei, mas não consigo evitar. — Olho para cima para conter as lágrimas que já estavam ameaçando cair. — Ainda tem tempo para desistir. — Minha amiga toca o meu braço, então percebo que estou tremendo. Se for pega, posso ser presa. Se desistir, posso ser morta, ou pior. Era esse pior que eu temia. — Eu vou fazer isso, Liv. Vou nos livrar dessa roubada. Abraço-a com força, e só nos separamos quando ouvimos o sinal do elevador. Está na hora, meu tempo começou a contar. Estou sentada no bar do cassino, olho em volta tentando identificar algum cliente em potencial. Deus, como isso me enoja. Quem disse que isso era vida fácil? No meu caso, nunca foi tão difícil flertar. Homens olham meu corpo como se quisessem me despedaçar, e as mulheres, em sua maioria, querem me esmagar. Quando sinto que não vou conseguir seguir adiante, uma voz chama a minha atenção. — Sozinha? — Viro o meu corpo e encaro o dono da voz. Engulo a bile que teima em subir pela minha garganta. Ele tem idade para ser o meu avô. Nesse momento, todos os motivos de estar fazendo isso vem à mente. Penso nos números, no Dylan, penso na morte, em como seria mais fácil deixar que me matassem, mas então eu sei, não seria isso que aconteceria. — Com certeza. — Minha resposta vem acompanhada de um sorriso sedutor e é recebida com apreço. Logo sua mão está nas minhas costas e estamos indo em direção ao elevador, para o décimo quinto andar. A suíte dele. Ele é o número um, e eu ainda preciso de pelo menos três para completar a minha noite. *** Tremendo. É assim que estou. Segurando o meu vestido encosto na parede espelhada do elevador. Preciso controlar os meus nervos, pelo menos até chegar ao meu quarto. O elevador para no décimo andar e quatro homens entram. Eu me encolho para tentar passar despercebida, não quero que me notem, que me desejem, eu quero morrer. Ninguém fala nada, apenas um deles, que está usando um terno bem alinhado, dá boa noite, os demais ignoram a minha presença. Olho de soslaio para cada um deles: há um negro de dreads, usando uma camisa preta com vários logotipos; um de terno, loiro com cabelo preso em um rabo de cavalo; um outro aparentemente loiro, com o cabelo quase raspado, ele está concentrado no celular, está usando uma camisa branca e jeans; e, o quarto, usando algo semelhante a um robe, o capuz encobrindo sua cabeça, que está baixa, seus punhos fechados ao lado do corpo. Ele está alheio a tudo. E então, eu percebo. Ele é um dos lutadores do evento. As faixas vermelhas no punho, a cabeça baixa. Ele não está ignorando, ele está concentrado. Quando o elevador chega ao terceiro andar, seguro meu vestido mais apertado contra o meu corpo e peço licença. O grupo me dá passagem e eu saio do cubículo, com a sensação de queimação por todo o corpo.


Primeiro Round

É a primeira vez que piso em Vegas, estranho, eu sei, mas essa cidade é completamente corrompida. Jogos de azar definitivamente não são a minha praia. É uma cidade onde se pode tudo, e para mim, seguir as regras sempre me manteve na linha. Essa não é uma cidade para estar, pelo menos, não eu. Quando recebi a ligação do meu agente para informar sobre esse evento, meu primeiro pensamento foi de não aceitar, mas tudo se esvaiu quando perdi a última luta. Eu sou um péssimo perdedor. Então, agora eu teria a chance de lutar pelo cinturão em um evento de Boxe. Um torneio que teria duração de dez dias, cada dia um round de cinco minutos. Os lutadores não poderiam ser nocauteados, pelo menos não até o décimo dia. Na verdade, era praticamente brincadeira de criança até a luta final, eu sabia que estava preparado para o último dia, meus treinos se intensificaram, eu estou na minha melhor forma. Minha vontade de vencer nunca foi tão grande. — Vamos fazer o check-in. Depois de nos acomodarmos, vamos conhecer a academia, está tudo preparado para você. — Jason passa a minha agenda do dia, como se em algum momento eu estivesse prestando atenção. Olho o meu celular e apenas aceno positivamente com a cabeça. Jason é o meu irmão mais novo, é ele que cuida dos meus contratos, publicidade, treinos, mulheres. O cara praticamente tem a minha vida nas mãos. Na verdade, eu acredito não ser capaz de vestir uma roupa sem a supervisão dele. Na nossa família distorcida, ele é o gênio, eu sou os músculos. — A academia foi toda adaptada para os treinos, tudo está programado e cada lutador tem seus horários. Jason continua tagarelando, enquanto subimos pelo elevador. Odeio socializar, e depois de uma viagem de mais de seis horas, o que eu realmente preciso é de um saco, uma luva e um bom Rock ao fundo. — Você ouviu alguma palavra do que eu disse, Oliver? — Não sou surdo, Jason. — Guardo o meu celular e observo o luxuoso elevador. Estamos hospedados no Bellagio, é aqui que acontecerá o evento. Jason verificou a agenda dos outros lutadores, por isso, nosso voo foi programado para chegar cedo. Ele não queria que tivéssemos nenhum inconveniente. Traduzindo, eu não podia me divertir. O senso de responsabilidade do meu irmão ultrapassava qualquer padrão já conhecido, costumo dizer que ele deveria ser estudado pela NASA, não existe ninguém igual, nem mesmo eu. Mesmo com todas as minhas regras, com as dietas, treinos e limitações, eu tenho um ponto fraco. Mulheres. E que homem não tem? No meu caso, Jason é quem providencia tudo. Não tenho paciência para lidar com dramas, o sistema é simples, o tempo é acordado, o valor é pago.


Satisfação garantida. — Grant irá encontrá-lo na academia. — Jason, você não parou de falar desde quando entramos. Eu já conheço toda porra de itinerário desses dez dias, faça um favor a nós dois, relaxa. — Seu senso de humor está ótimo, Oliver. Para quem não queria vir, e tem aversão por jogos de azar, o que é meio contraditório, já que pessoas apostam em você, você está bem animado. — Não tenho problemas com apostas. — Sei… Entramos na minha suíte e Jason dá as últimas instruções. O restante da equipe está com Grant, meu treinador. Ele está reunido com o pessoal do evento para acertar alguns detalhes. Eu só tenho uma coisa a fazer, me preparar e tentar não deixar o meu oponente desmaiado hoje à noite. Passo o restante do dia treinando. Grant não poupa esforços e extrai suor até da minha alma, se é que isso é possível. Mas, porra, é o Grant, certamente ele consegue reviver até mortos se ele quiser. — Hora de dar uma pausa Oliver. — Paro de bater no saco, ganchos e jabs feitos com perfeição. Eu percebo que fiz um bom trabalho pelo sorriso contido no rosto dele. — Você já sabe com quem vou lutar hoje? — pergunto enxugando o meu rosto. — O sistema será de sorteio, vocês só saberão segundos antes de subir no ringue. — Isso está parecendo jogo de ficção Grant. — Jogo a toalha no chão e ele se aproxima. — Eu sei, mas esses fodidos são doentes e estão ganhando milhões com toda essa merda desnecessária. Visto uma camisa e caminhamos para a suíte, o hotel está lotado, há pessoas andando no lobby, mulheres atraentes exibindo todo o luxo que podem comprar. Homens tentando impor algum poder. Patéticos. Puxo o meu boné, tentando passar despercebido e vamos direto para o elevador. Ainda está claro e o sol não se pôs, vantagens de Vegas. Sem contar o calor. Para quem mora em Seattle, sinto que estou dando um passeio no inferno e estou pronto para cumprimentar o próprio Diabo. — Preciso de uma mulher, Grant — falo assim que as portas abrem, estamos só nós dois e ele me encara por alguns segundos. — Tudo bem, só não quero confusão, Oliver, você pode pedir para o Jason providenciar isso. — Eu mesmo posso escolher as minhas mulheres. — Somente sexo, Oliver, é isso que você busca e é isso que vai ter. Não precisamos de qualquer dose de drama na sua vida. Não agora. — Eu não sou a porra de um robô. — Não, você é um fenômeno do boxe, alguém que as mulheres são capazes de matar para ter uma noite com você, um filho com você. — Isso é ridículo. — Entro na suíte e encontro Jason no laptop. — Jason, lembre ao seu irmão o que aconteceu com a última namorada que ele arrumou. Jason torce o nariz e não diz mais nada. Jennifer é o nome dela, namoramos por mais ou menos dois anos, entre idas e vindas, crises de ciúmes e internações em clínicas de reabilitação. Ela foi o mais próximo de um relacionamento sério que eu já tive. É uma completa neurótica. Vou para o meu quarto e tomo um longo banho. A água quente relaxa os meus músculos. Enquanto isso, penso na minha carreira, em tudo que me tornei. Uma máquina de luta.


Uma fonte de dinheiro. Engulo a vontade de socar a parede, desligo o chuveiro, pego a toalha e seco o meu corpo de qualquer jeito. Tenho pouco tempo para um descanso. Jason é como um maldito relógio inglês, ele vai me acordar. *** Tudo está pronto para começarmos, Jason veste a sua roupa habitual, um terno elegante, feito à mão. Grant e Ryan já estão me esperando. Minha equipe está completa e é hora do show. Começo a reviver mentalmente todas as minhas vitórias, é assim que gosto de me concentrar, eu visualizo cada nocaute. Cada luta, cada soco dado, cada reação dos meus adversários. É como se eu desligasse de tudo. Entramos no elevador e ouço Jason dar boa noite a alguém, eu não olho, não presto atenção. Mas sei que se trata de uma mulher, só estamos nós quatro aqui, e ela. Um perfume suave permeia o ambiente. Isso mexe com a minha concentração. Volto a minha mente para a minha última luta, a que eu perdi. Meu sangue volta a ferver e o perfume é esquecido. Quando ouço o barulho do elevador, as portas abrem e uma voz baixa, porém, firme, pede licença. Nesse momento eu levanto a cabeça, meus olhos param no meio das suas costas. Há um rasgo no vestido e um hematoma na pele que está à mostra. Eu não consigo desviar o olhar. — Eu a quero — digo para o Jason. — Não sabemos se ela está disponível, Oliver. — Verifique, o valor que ela pedir, pague o dobro. — Você ainda nem lutou, não bateu a cabeça e já está delirando? Não sabemos se ela é quem você acha que é. — Eu conheço uma prostituta quando vejo uma, Jason. Procure-a amanhã e feche o negócio. Grant e Ryan permanecem calados e Jason não argumenta mais, eles me conhecem, eu funciono com adrenalina, e não há nada que possa me deixar mais estimulado do que sexo. Eu quero ver o rosto por trás daquela voz. Sentir se aquele perfume está em todos os lugares certos, eu quero tê-la por dez dias. Quero fodê-la por dez dias.


Segundo Dia — Pegue, tome mais um. Vai lhe fazer bem. — Pego o comprimido das mãos da Liv, quando cheguei não tive coragem de falar o que aconteceu, eu queria apenas deitar na minha cama e chorar. Minha amiga sabe que foi difícil, mas ela não sabia o que realmente tinha acontecido. Como fui humilhada, espancada. Reduzida a nada. — Por que você não conversou comigo quando chegou? — Eu não precisava reviver tudo aquilo, Liv, não naquele momento. — Você tinha que ter denunciado aquele cara, Bree. — E acabar com tudo? Em quem eles acreditariam, Liv, em mim ou em um velho milionário que resolveu brincar de dominador? — Ele não brincou de dominador, Bree. Ele foi sádico, humilhou você, bateu em você. Droga, você está com um hematoma do tamanho de uma bola de boliche nas costas. Sinto a dor quando ela passa a pomada no local. Liv continua o seu monólogo enquanto cuida das minhas costas. Na verdade, não foi grande coisa, pelo menos eu tive o bom senso de pará-lo. Mas também teve coisas boas, consegui o meu dinheiro e não chegamos a transar. A ruim, eu fiquei tão transtornada que não consegui voltar para o restaurante, nem fui ao evento. Uma noite que deveria ter rendido pelo menos uns dez mil, mal rendeu três. — Eu sei o que você está pensando, mocinha. — Não posso parar, você sabe. — E me dói tanto saber, Bree. — Sento na cama e retiro a camiseta folgada, Liv já está arrumada para o café da manhã quando vou me trocar. Em dez minutos, já estamos descendo para o restaurante. Eu não deixei que ela pedisse no quarto, precisava ver pessoas, ser vista. Precisava do número dois. Poucas pessoas estão no local, algumas realmente só aparecem na hora do almoço. Isso não é bom. Uso um vestido leve, pernas à mostra, mas com as costas fechadas. À noite precisaria de uma boa maquiagem para esconder o hematoma. Escolho uma mesa e Liv vai até o bufê pegar algumas coisas, peço um suco e uma água enquanto a aguardo. Tento observar algumas pessoas, porém, pelo horário sei que não conseguirei muita coisa. Talvez não consiga nada. Começo a pensar se consigo pular a noite de hoje e multiplicar os três mil que ganhei ontem jogando no cassino. Pode ser uma jogada estúpida, aqui, o sexo ainda é a maneira mais certa de conseguir algum dinheiro. — Posso? — alguém pergunta, olho para frente e um belo rapaz aponta para a cadeira vazia. Sorrio afirmando e ele não perde tempo. Olho para verificar Liv e vejo que ela nota o meu novo acompanhante. Com isso ela senta em outra mesa, mas sem ficar longe. — No que posso ser útil? — Cruzo as minhas mãos em cima da mesa, evitando qualquer sinal de nervosismo. O cara, ainda sem nome, me analisa por alguns segundos, como se estivesse medindo as suas próximas palavras. Ele é loiro, seu cabelo cai abaixo do ombro, me pergunto se é australiano.


— Tenho alguém que está interessado em você. — Ele é direto. — Você tem alguém? — Meu irmão, ele viu você ontem e está interessado. — Pisco com um pouco mais de força do que o necessário, não preciso lembrar da noite passada. — Ele está. E você? — Puta merda! De onde saiu essa pergunta? — Essa brincadeira não faz o meu tipo. E meu irmão, ele gosta de exclusividade, pelo menos, durante o período acordado. — Entendo. — Rezo para que o meu rosto não demonstre todo o meu constrangimento. — Então, por que o seu irmão não está aqui? — Sou eu quem faz o primeiro contato, eu que escolho as garotas. — Você disse que ele me viu. — Sim, toda regra tem uma exceção. Sinta-se uma. Fico sem palavras. Vender o meu corpo nunca foi um mero pensamento, mas com tudo que aconteceu, e o que pode acontecer, eu não tenho escolha. Cartas ainda podem ser úteis, mas eu não sou uma desistente. Não posso parar pela simples vontade de mandar esse cara se foder. — Ouça, o número do meu quarto é esse — ele anota o número em um guardanapo de papel e arrasta colocando-o na minha frente —, tome o seu dejejum e vá me encontrar, vamos falar de valores, tempo, entre outras coisas. Eu deveria falar algo, mas só consigo olhar o papel e seu terno alinhado quando ele se levanta e vai embora. — Quem era o Tarzan? — Hã? — Volto a minha atenção para a Liv, ela coloca um prato com alguns ovos, queijo e torradas na minha frente. — O cara que acabou de sair daqui — ela diz impaciente sentando no mesmo local ocupado pelo loiro. — Não sei. — Olho novamente o papel, há somente o número do quarto, sem nomes. — Realmente não faço ideia. — E o que ele queria? — Negócios. Ele pediu para me encontrar logo após o café. — Hum. Sexo? — Não com ele. — Ai, droga, Bree! Ele não é um cafetão, é? — As palavras saem quase sussurradas da sua boca. Sim, essa era uma das nossas preocupações. Em um evento como esse, é claro que o Hotel estaria cheio de acompanhantes de luxo e seus cafetões. Para alguém tentando a sorte sozinha, isso não era nada bom. — Acalme-se, ele é apenas intermediário do irmão. — Ele quer te contratar para transar com o irmão dele? — Liv pergunta chocada. — Parece que sim. Ouça, vamos acabar logo com isso, assim posso ir até o quarto dele e ver do que realmente se trata. — Se quiser, posso ir com você. Esse cara me deu arrepios, é meio uma mistura de executivo com algo mais perigoso. Sem contar que eu não confiaria em um cara com o cabelo mais apresentável que o meu. Começo a sorrir com a piada. Digo que não preciso que ela vá comigo, ele não pareceu ser alguém perigoso.


*** Minutos mais tarde, estava saindo do elevador no décimo terceiro andar. Logo, dois seguranças vêm na minha direção. — A senhora precisa de algo? — Uma pessoa me aguarda. Nesse quarto. — Mostro o papel e o segurança aponta a direção. Suíte 1302 é o meu destino. — Entre. Fique à vontade. — O cara, ainda sem nome, abre a porta antes mesmo que a minha mão encoste nela. Dessa vez, ele está sem terno e sua camisa de botões está meio aberta, seu cabelo está preso, é aí que lembro. Eu o vi na noite anterior no elevador. — Desculpe a bagunça. — Ele aponta para o carrinho ainda com os alimentos do seu café da manhã. — Sem problemas. — Venha, vamos nos sentar. Você quer algo? — Saber seu nome já seria um bom começo — digo sem hesitar. É desconfortável falar com ele sem nem ao menos saber isso. — Desculpe pela grosseria. Sou Jason Willers. — Bree. — Ele aperta a minha mão suavemente e sorrimos. Sinto uma empatia por ele, agora que sei o seu nome, as coisas ficam um pouco menos formais. — Como eu disse mais cedo, Bree, quem está interessado em você é o meu irmão. — Ok. — Estamos aqui para o evento de Boxe, você está sabendo sobre isso, certo? — Afirmo com a cabeça e ele prossegue: — Meu irmão, durante as lutas, quando passamos alguns dias em alguma cidade, ele gosta de ter uma companhia. — Certo. — Respiro fundo. — Temos nove dias pela frente, contando com o dia de hoje. É esse o período que ele quer ter com você. — Os nove dias? — pergunto assustada. — Não posso ficar disponível todos os dias. Começo a fazer cálculos mentalmente. — Meu irmão quer exclusividade, isso significa que você ficará disponível durante esses dias, vinte e quatro horas. — Desculpe, creio que não posso. — Levanto do sofá rapidamente, porém Jason segura o meu pulso. — Ele quer você Bree, e quando ele coloca algo na cabeça, não há ninguém que modifique. Acredite. Diga o seu preço. — Cem mil. — A cifra sai tão rápido que não consigo evitar. Jason me olha desconfiado. — Você é cara. — Sua voz é de desdém. — Vou transferir metade desse valor agora, e a outra metade no final do nosso acordo. — Vo-você o quê? — pergunto incrédula. — Seu valor, cinquenta mil agora, o restante no último dia. — Que garantia eu tenho que irei receber tudo? — Eu não queria fazer essa pergunta, mas não posso me arriscar. — A mesma que terei que você manterá tudo isso em sigilo. — Ele não vai me machucar, vai? — Oliver pode matar um homem com apenas um soco, Bree, mas ele nunca machucaria uma


mulher. Sento novamente tentando processar tudo o que foi dito. Pelo visto, Oliver é o lutador que estava com ele no elevador na noite passada. Eu terei o meu dinheiro e só precisarei transar com um cara durante esses dez dias. Jason me explica como tudo funcionará. Eu vou ficar no quarto do irmão dele e vou acompanhálo em qualquer lugar que ele deseje. Minhas despesas, e qualquer roupa nova que poderá vir a ser solicitada, será paga por ele. Isso deve ser fácil. Mas eu não tenho um bom pressentimento. — Vou levá-la até o quarto dele. — Agora?! — A surpresa na minha voz é evidente. — Desculpe. — Jason vai até a mesa e pega um notebook. — Passe as informações da sua conta, por favor. Seguro as minhas lágrimas, enquanto falo as minhas informações, Jason é rápido e logo me mostra na tela a transferência concluída. Cinquenta mil. Metade da minha dívida, metade da minha liberdade. — Pronta? Saímos da suíte dele e vamos em direção à de número 1300. Vou conhecer oficialmente o meu comprador. Jason não bate, ele coloca o cartão chave na porta e entra sem cerimônia. Olho em volta e tudo está em perfeita ordem. O carrinho de comida já no local para ser levado. O amplo sofá negro, faz contraste com o tapete branco. Avisto a cama, que está bagunçada, ela é bem maior do que a do meu quarto. Há umas tiras de tecido vermelho jogadas em cima, parecem com as bandagens que ele usava quando o vi pela primeira vez. — Oliver? — Jason chama, elevando um pouco a voz. Ouço o som da porta se abrindo e olhamos em direção ao banheiro. Broken Record, de Krewella, toca alto e consigo ouvir o refrão com clareza. “I can’t keep living on repeat I’m a broken record! I’m a broken record!” ----------------------------------------------------"Não posso continuar vivendo no mesmo jeito Sou um disco quebrado! Sou um disco quebrado!"

Qualquer som é abafado pela visão bem na minha frente. Ele deve ser uns bons quinze ou vinte centímetros mais alto do que eu. Seu cabelo cai nos seus olhos, formando um belo conjunto com a sua barba. Seus músculos? Deus, eu nunca vi um homem com músculos tão bem definidos, pelo menos não tão de perto. Quatro gomos de músculo, que terminam em um belo V, indo direto para… Puta merda! Ele está somente de toalha. — Eu estou sendo analisado? — Sua voz grossa tira o meu foco do seu corpo. — Me perdoe. — Pelo menos a minha voz não foi afetada. — Oliver, essa é a Bree. Será sua até o fim do evento. Merda! Nunca me senti tão vulgar.


— Ela será minha acompanhante durante esse período, você quer dizer. — Que seja. Meu trabalho foi feito, fiquem à vontade. Olho aturdida entre os irmãos, é claro que Jason me trata como uma mercadoria, o que eu realmente sou no momento. Mas Oliver, seu tom foi rude com o irmão, quase que o corrigindo. Vejo-o acompanhá-lo até a porta, trocam algumas palavras. Seus músculos se contraem, mas eles não elevam as vozes. Eu não sabia que existiam tantos músculos assim nas costas. — Onde estávamos? — Oliver diz assim que tranca a porta. O barulho do clique me faz perceber que agora não tem mais volta. E com certeza, não vou receber o meu dinheiro sem sexo. Não com um homem de praticamente um metro e noventa, segurando uma toalha com uma ereção evidente, bem na minha frente.


Segundo Round

Quando ouvi a voz do Jason, eu já sabia que estava aqui com ela. Meu irmão podia reclamar, mas ele sempre fazia o que eu pedia. Abro a porta do banheiro e fico frente a frente com ela, estou apenas com uma toalha enrolada na cintura e observo enquanto seus olhos percorrem o meu corpo. Deixo-a ter seu tempo e quando falo, percebo como fica constrangida. Depois de discutir algumas questões com Jason, é sempre o mesmo discurso, usar camisinha, nada de fotos ou filmagens, blábláblá. Meu irmão vai embora e fico a sós com a minha mais nova acompanhante. Não gostei da maneira que Jason falou dela, como se estivesse me entregando uma mercadoria. Vi a ofensa nos seus olhos e imediatamente o corrigi. Eu queria ficar com ela durante esses dias, mas ela deveria querer estar comigo também. — Desculpe-me pelo idiota do meu irmão. — Não precisa se preocupar, está bem claro o tipo de relação que vamos ter, eu não me ofendi. Ah, se ofendeu sim. Isso eu tenho certeza. — Ouça, eu vou ser sincero com você. Eu não pretendia sexo — ela franze as sobrancelhas —, vou me corrigir, eu não pretendia sexo agora. — Vejo o seu olhar ir direto para o meu pau. Estou tão duro que talvez, se ela apenas me tocar, posso gozar. Sentir seus olhos percorrendo o meu corpo, me analisando e toda aquela conversa sobre preservativos com Jason me deixou excitado. Muito excitado. — Então, acho que temos um problema. Está disposta a resolver? — Eu… — Ela não consegue falar. Uma prostituta comum, já estaria de joelhos, arrancando a minha toalha e enfiando todo o meu pau na boca. Mas não essa mulher, o que é estranho. — Venha aqui. — Pego a sua mão e vamos para o quarto, ela está gelada. — Você é algum tipo de virgem que está vendendo a sua primeira vez? — pergunto indicando a cama para ela sentar. — O quê?! — ela fala alto, na verdade, ela grita tapando a boca em seguida. — Se você não é virgem, então eu realmente tenho um problema que precisa ser resolvido. — Aponto para o meu pau. — Eu vou resolver — ela fala com segurança, como se outra pessoa tomasse posse do seu corpo. Ela levanta e me encara, tenho que olhar para baixo para ver o seu rosto. Ela é tão linda como eu pensei que seria. Seu cabelo está preso em uma trança frouxa, seu vestido balança conforme o movimento das suas pernas. Ela é elegante, se veste com discrição. Porra, quero fodê-la, quero fodê-la muito. — Vamos com calma. — Ergo o seu rosto segurando no seu queixo. Eu sei que preciso de todo o meu controle para não quebrar essa mulher ao meio. Ela é tão delicada, tão pequena. Começo beijando seus lábios, ela não se entrega, seu beijo é tenso, relutante. Seguro a sua cintura e esqueço da toalha, que logo em seguida cai aos meus pés. Fico nu. Passo a língua nos seus lábios


puxando o seu corpo para que sinta o quanto a desejo. Ela geme. É o sinal que eu esperava para prosseguir. Quebro o nosso beijo e a afasto, ela percebe a minha nudez, mas não se abala. Ela está excitada também. — Sua vez. — Aponto para o seu vestido. Ela sorri e com apenas um movimento, ele está no chão. Não sabia que eu conseguia ficar ainda mais duro. Ela usa uma tanga de renda azul-marinho e nada mais. — Deite-se. — Ela hesita. — Eu disse que vamos começar devagar. Seguro novamente o seu rosto, beijando seus lábios, o gosto que ela tem é algo maravilhoso, e isso só me faz ter fome. Fome dela. Ergo-a enlaçando suas pernas na minha cintura, ela segura as minhas costas com força enquanto me perco na sua boca. Caminho até a cama devagar, deitando-a comigo ainda por cima. Ela parece mais relaxada assim, o básico papai e mamãe. Se é isso que ela precisa para se soltar, é isso que vai ter, por enquanto. Sento na cama admirando o seu corpo. Porra, a mulher tem um belo par de seios, são fartos, e pela minha experiência, nada artificiais. Seus mamilos não são tão rosados, como os de algumas mulheres que já saí. Mas foda-se, ela é uma mulher, em todos os sentidos da palavra. Suas curvas perfeitas, a barriga plana, marcada apenas por linhas finas. Detalhes que a tornam real. Passo os meus dedos no seu seio direito. Bree me olha com expectativa, ela oscila entre a excitação e a tensão. — Do que você gosta, Bree? — Ela pisca três vezes, sem entender a pergunta, tiro os olhos dos seus seios, sem parar de tocá-los. — Na cama, o que você gosta de fazer? — Eu acho que essa pergunta eu deveria fazer, não? — Ela sorri. — Não precisa falar, eu vou ter o maior prazer em descobrir. — Minha boca alcança o seu seio e ouço o seu gemido. Sei que a minha barba vai deixar a sua pele avermelhada, e isso me excita ainda mais. Minha mão vai direto para a sua boceta, enquanto a minha língua trabalha no seu seio. Bree geme ainda mais quando enfio um dedo dentro dela, ela ergue o quadril rebolando, implorando por mais contato. Continuo enfiando um dedo, depois outro, atingindo um novo ritmo, a palma da minha mão em contato com o seu clitóris. Posso senti-lo pulsar, ela rebola ainda mais chupando a minha língua, enquanto sinto os músculos da sua boceta apertarem os meus dedos. — Ainda não. — Tiro os meus dedos vendo sua respiração ficar entrecortada. — Você vai me deixar assim? — Com certeza não. — Vou em direção à cômoda para pegar o preservativo. Rasgo a embalagem e vejo como ela me observa. Seu rosto vermelho, lábios inchados. Sua boceta ainda molhada, apenas esperando por mim. Coloco a camisinha devagar, acariciando o meu pau. Cada veia pulsa com vontade de estar dentro dela. — Não sei se vou conseguir ir devagar, tudo bem? — Tudo bem, apenas não me faça esperar mais. Sorrio com as suas palavras. Afasto suas pernas, passando as mãos, desde o tornozelo até as coxas. Aperto um pouco fazendo-a sorrir. — Antes de você ter o que quer, preciso que esteja ciente de algumas coisas. — Você vai querer falar sobre regras? — Seu olhar é de espanto. Com certeza se fosse ao


contrário eu também ficaria, um cara de joelhos entre as suas pernas, completamente duro, querendo conversar, é no mínimo estranho. Mas se tem algo em que sou bom, é em me concentrar. — Sem drogas no período que estiver comigo, sem jogos de azar, sem outros caras. — Deito em cima dela deixando a cabeça do meu pau roçar no seu clitóris. Bree fecha os olhos em expectativa, mordendo os lábios em seguida. — Entendido? — Sim. — Repita o que eu disse. — Sem drogas — começo a penetrá-la —, sem jogos — beijo o seu pescoço —, sem caras —, seguro a sua bunda e coloco o restante do meu pau dentro dela, sem hesitar. — Cristo! Bree grita, em seguida a beijo profundamente. Sinto suas unhas arranharem as minhas costas a cada estocada. Seus gemidos sendo sufocados pela minha língua faminta. Ela é tão gostosa que não sinto vontade de parar. Muito menos de ser gentil. Olho para o lado e a vejo, seu corpo esticado na cama, descansando. O movimento suave da sua respiração confirma que ela está relaxada. Afasto o lençol e vejo o hematoma nas suas costas. Lembro imediatamente da noite anterior, onde a vi no elevador. Uma mulher frágil, nada comparada ao que foi durante o sexo. Saio da cama e vou até o armário do banheiro, que contém alguns medicamentos, pego a pomada que geralmente uso nos meus hematomas depois das lutas. Volto para o quarto e ela ainda está na mesma posição. Abro o recipiente e passo um pouco do conteúdo gosmento na minha mão. Com calma vou passando nas costas dela. — O que você está fazendo? — Seus olhos abrem devagar enquanto ainda estou passando a pomada nas suas costas. — Cuidando desse machucado. Com um impulso, ela levanta rapidamente puxando o lençol contra o seu corpo, seu olhar é frio. — Você não precisa cuidar disso. — Não preciso, mas eu tenho algo que pode melhorar. Então, por que não ajudar? — Não é assunto seu. — Você está sendo grosseira só porque estou te ajudando? — Desculpe, Oliver, isso é algo que eu não gostaria de falar. — Não faço perguntas, Bree, já vi coisas assim o suficiente. — Ela não diz mais nada, ficamos nos encarando por alguns minutos até que quebro o silêncio. — Preciso sair, vou almoçar com o meu irmão, você pode almoçar aqui se quiser, depois pode ir buscar as suas coisas no seu quarto e trazêlas para cá. Depois do almoço vou treinar, preciso que esteja pronta às seis, vamos sair para jantar antes da luta. — Tudo bem, estarei pronta. — Se precisar de alguma coisa, roupas, acessórios, fale com o Jason, ele vai providenciar. — Oliver! — Ela segura o meu braço quando estou caminhando para o banheiro. — Eu já tenho tudo o que preciso, não quero mais roupas. — Tudo bem. — Obrigada. — Pelo quê? — Por cuidar do meu machucado. — Seus olhos estão vermelhos, seguro o impulso de puxá-la contra o meu corpo e beijar seus lábios.


— Não se preocupe, eu não tocarei mais em nenhuma parte do seu corpo sem o seu consentimento Bree, mesmo que seja para ajudá-la. Viro de costas e entro no banheiro, olho para o meu reflexo no espelho e passo as mãos no meu rosto. Droga! Saio do banheiro e a encontro vestindo as suas roupas. — Aonde vai? — Vou comer alguma coisa, depois vou até o meu quarto. Minha amiga está hospedada comigo, preciso avisá-la. — Desculpe por ter sido grosseiro. — Seguro o seu rosto com as duas mãos. — Não foi grande coisa, Oliver, eu que peço desculpas por ter pirado quando você só estava me ajudando. — Almoce comigo. — O quê? — Almoce comigo, troque de roupa e venha almoçar comigo. — É melhor não, preciso falar com a Liv e pegar as minhas coisas. Mas, obrigada pelo convite. — Nós nos vemos mais tarde então? — Sim, nos vemos mais tarde. Bree fica na ponta dos pés e beija os meus lábios suavemente, em seguida ela sorri e vai embora. Permaneço imóvel, com a lembrança do seu sorriso. Merda, acho que fui nocauteado por um sorriso.


Bree Volto para o meu quarto com mil coisas martelando na cabeça. Como isso tudo aconteceu tão rápido? Um acordo, uma transa, dinheiro. Tudo isso em uma manhã, e eu ainda não tinha nem almoçado. — Como foi tudo? — Liv pergunta assim que abro a porta. — Nós transamos — digo simplesmente largando a minha bolsa no sofá. — Você e o Tarzan? — Não, Liv, eu e o Oliver. — E esse Oliver, é? — O irmão do Jason. — Ela franze a testa confusa. — Irmão do Tarzan. — Acho bom você me contar toda essa história. Suspiro e sento ao seu lado, conto tudo desde o início, inclusive o fato de metade da grana já estar na minha conta. — Nesse caso, seu problema já está praticamente resolvido. — Não, Liv, acho que o meu problema apenas começou. — Deito a minha cabeça no seu colo. — O que você quer dizer com isso? Ele não machucou você, machucou? — Não. Apesar do Jason não gostar disso, Oliver é gentil, muito gentil se você quer saber. — E qual o problema nisso? — Pense, Liv — sento para olhar nos seus olhos —, um cara lindo, intenso e carinhoso como ele — levanto um dedo para a minha amiga visualizar —, mais uma mulher carente emocionalmente, que tem um grande dom para se meter em relacionamentos fracassados. — Aponto para mim. — Isso só pode resultar em? — Em um puta problema para você. — Isso mesmo. — E você não pode desistir. — Isso mesmo. Agora me diz, o quão estou ferrada? — Eu não queria estar no seu lugar, minha amiga. Mas você tem problemas maiores para resolver se não conseguir essa grana, nesse caso, aconselho fechar esse coração e pensar somente no Dylan. — Pensar no Dylan? — pergunto confusa. — Sim, é só lembrar o que ele fez quando você entregou o seu coração, garanto que o coitado do boxeador não vai ter chances. Liv sorri e vou para o banho. Combinamos de almoçar aqui mesmo no restaurante do hotel, expliquei que não teriam outros homens durante esse período, então já não seria mais necessário me exibir. Optei em usar uma bata branca com bordados e um short jeans. Uma rasteirinha, e a verdadeira Bree estava de volta. Era bom estar um pouco no meu eu verdadeiro, à noite eu sabia que deveria estar vestida elegantemente, mas por ora, eu queria ter esse gostinho de poucos minutos de liberdade. — Pronta? — pergunto quando Liv sai do banheiro. — Sim. Você está diferente, sabia? — Eu? — Olho para o meu corpo — Por quê? — Seu semblante, está mais despreocupado. — Eu já tenho metade do dinheiro, Liv, isso já tirou um bom peso das minhas costas. — Isso e o fato de que não terá outros caras certo?


— Eu me sinto menos horrível dessa forma. — O que você está fazendo, Bree, não é horrível, é necessário. — O único cara com quem eu tive sexo foi o Dylan. Mas com o Oliver, foi tudo tão fácil, Liv, tão natural. Isso é normal? — Se ele for tudo isso que você contou quando chegou aqui, sim, é normal. — Eu não deveria ter gostado tanto, deveria? — Bree, pare de agir como uma adolescente, foi sexo e foi maravilhoso. É isso que o sexo tem que ser. Pare de se julgar tanto. — Você tem razão, isso tudo está me deixando maluca. — Vamos almoçar, depois ajudo você com as malas. — Você vai mesmo embora? — pergunto, ainda não estou processando o fato dela ir, mas como Liv falou, será melhor, e assim ela poderá ficar de olho em outras coisas. — Eu volto em dois dias, não pense que vai se livrar de mim, mocinha. — Você é um anjo, Liv. Obrigada. — Eu sou sua amiga, Bree, não poderia fazer diferente. Animadas, vamos para o restaurante, e diferente de hoje cedo, o local está lotado. Olho para o relógio, duas da tarde. As pessoas realmente acordam tarde aqui. Assim que conseguimos uma mesa, faço o meu pedido, um espaguete à carbonara, Liv também pede massa e duas taças de vinho e começa a fazer piada sobre como eu devo estar precisando de energia. Quando nossos pratos chegam, minha boca enche de água. Não lembrava que estava com tanta fome assim. A comida parece perfeita, e entre garfadas e gemidos de prazer, sinto que estou sendo observada. — O que você está procurando? — Liv pergunta quando começo a vasculhar o restaurante com os olhos. — Não sei, de repente senti como se estivessem me observando. — Duas mulheres se deliciando com um prato de massa, enquanto metade do restaurante come suas saladas, é meio que algo para se observar. — Não estou brincando, Liv. — Minha amiga fica séria e começa a olhar em volta. — Acho que já sei quem está observando você. — Quem? — O lutador, está sentado logo atrás de você. O Tarzan está com ele e tem mais dois caras. — E você está olhando descaradamente? — O que tem? O barbudo não tira os olhos daqui. — Oliver. O nome dele é Oliver. — Que seja. — O que ele está fazendo? — Tomo um gole do vinho e tento não olhar para trás. — Nesse exato momento? — Sim, tem mais alguém com ele? — Especifique esse alguém? — Minha amiga parece estar se divertindo. — Não sei, uma mulher talvez. — Acha que depois de passarmos a manhã juntos, eu almoçaria com outra mulher? — Deixo o garfo que estava levando até a boca cair. — Há quanto tempo você está aí? — Você não respondeu a minha pergunta. — Oliver senta na cadeira ao meu lado, Liv não tira os


olhos de nós. Ah, eu poderia matá-la nesse momento. — Não sei — respondo com sinceridade — Depois da luta, prometo que vou tirar qualquer dúvida que você tiver a esse respeito. — Tudo bem. — Minha voz sai como um sussurro. — Vejo você mais tarde. — Oliver beija os meus lábios, mas não de uma forma casta. Ele faz indecentemente. — Fazia tempo que não sentia o gosto de um bom molho, e na sua boca, ficou melhor do que eu imaginava. Bom almoço, meninas. Ele acena para Liv e volta para a sua mesa. Olho para a minha amiga e ela está em choque, eu mesma estou sem entender. — Por que não me disse que ele estava atrás de mim? — Por que você não me disse que esse cara é mais quente que o próprio inferno?! — Vamos almoçar. — Jogo o guardanapo nela. — Tudo bem, mas eu tenho um encontro quente hoje à noite com o meu vibrador. Sorrimos e continuamos a nossa refeição. Vejo quando Oliver sai do restaurante, acompanhado pelo irmão e os outros dois caras que reconheço da noite anterior. Antes de sair, ele me olha novamente e pisca. Sorrio e ele segue seu caminho. *** — Tem certeza que você quer ir? — Tenho, Bree, assim posso cuidar de tudo e você não precisa se preocupar. Quer que eu ligue quando chegar? — Não, melhor não, apenas me envie uma mensagem, ok? — Você que sabe. Cuide-se, tudo bem? — Eu vou. — Volto em dois dias para saber se está tudo bem. Vou aproveitar e mandar dar um jeito no vestido que foi danificado. — Obrigada, Liv, eu não sei o que eu faria sem você. — Você sempre me ajudou, garota, agora é a minha vez de retribuir. Se cuida. Abraço a minha amiga e a acompanho até o elevador, Liv pede para que eu a chame imediatamente, caso alguma coisa dê errado. Mesmo concordando comigo, que com Oliver eu ficaria bem, ela ainda não tem tanta certeza sobre o resto. Volto para o meu quarto e pego as duas malas, os vestidos de luxo, estão todos perfeitamente arrumados em uma grande, na menor, alguns itens pessoais, um livro, e o pouco que ainda restou da minha dignidade. Assim que fecho a porta, vejo Jason me aguardando, um segurança está ao seu lado. — Desculpe vir sem avisar, Bree, trouxe Tray para ajudar com as malas. — Você tem um timing perfeito. — Meu irmão pode não concordar com você. Está pronta? — Sim, obrigada. — Tray pega as minhas malas e vamos para o elevador. — Bree, gostaria de conversar com você. — Sobre? — Eu vi como o Oliver agiu com você no restaurante. — Eu não sabia que ele estaria lá — falo na defensiva. — Eu sei disso. Você sabe por que ele agiu daquela forma? — Não faço ideia.


— Oliver é uma pessoa extremamente competitiva, Bree, ele viu quando você chegou ao restaurante, viu quantos homens cobiçaram você. — Eu… — Não consigo nem falar que não me arrumei para chamar atenção. — Não precisa fingir, Bree, você sabe o corpo que tem, sabe que chama atenção, em qualquer traje que estiver. — Jason, eu não quero ser grossa, mas você não está me dando outra opção. — Olho para o Tray que parece alheio à nossa conversa. — Vou ser direto, Bree, não confunda os impulsos do meu irmão com algum tipo de romance. — Eu também vou ser bastante direta com você, Jason. Não confunda qualquer movimento meu com manipulação sexual. Você não me conhece. O som do elevador tira a minha atenção, ando em direção ao quarto do Oliver, sem me preocupar em olhar para trás. Estou muito furiosa com tudo isso, quem esse cara pensa que é? Ou melhor quem ele pensa que eu sou? — Oliver pediu para te entregar isso. — Jason me entrega um cartão chave. — Obrigada. Ele abre a porta e Tray leva as minhas malas até o quarto. — Fui fechar a conta do seu quarto, mas me informaram que já estava pago. — Sim, não se preocupe com isso. — Oliver também me disse que você não vai precisar de nada. — Eu tenho tudo, Jason, eu realmente aprecio o gesto, mas não será necessário. — Jason me olha desconfiado. — Tudo bem, mesmo assim, se precisar de algo, é só me avisar. — Obrigada. — E Bree, seja lá no que você se meteu, não envolva o meu irmão. — Não se preocupe com isso. Jason sai, mas deixa uma carga de pensamentos. Olho em volta e vou para o quarto, me jogando na cama em seguida, sendo amparada por lágrimas de constrangimento. Até que ponto eu cheguei? Antes disso tudo acontecer, eu era apenas Bree Earline Hall, professora de ioga em uma pequena academia no sul da Califórnia. Até que em uma manhã de domingo, eu acordo com o meu carro, um Ford 78, herança do meu pai, pegando fogo na porta da minha casa. Um aviso dos cobradores do Dylan. Ele tinha sumido há mais de três meses, o que não era nenhuma novidade. Mas os caras que bateram na minha porta também queriam saber dele, e como eu era a única pessoa que eles sabiam que Dylan tinha algum tipo de relação, eu fiquei com a dívida e com as ameaças. Acordo com beijos na minha nuca, em algum momento durante o meu choro, eu adormeci. Mas a barba arranhando o meu pescoço, fez a minha pele se arrepiar por inteiro, e qualquer vontade de levantar da cama se esvaiu. A não ser que fosse para estar nos seus braços. — Você precisa se arrumar. — Oliver levantava a minha blusa, beijando cada local. — Preciso mesmo? — falo preguiçosamente. — Sim, temos um jantar, e depois eu tenho uma luta para vencer. — Essas palavras me despertam. — Você vai lutar hoje? — Sim, esse evento é um pouco diferente, lutamos todos os dias.


— Isso não é cansativo? — Sim, mas os rounds duram apenas cinco minutos. Não podemos nocautear, apenas acumular pontos para a final. — Interessante. Eu posso assistir? — Você quer? — Vejo os seus olhos brilharem. — Sim. — Mordo os meus lábios. — Você já viu alguma luta? — Não, às vezes vejo alguma coisa na TV. — Então, garota, venha tomar um banho. Hoje cada soco será para você. Tremo com as suas palavras, uma excitação desconhecida percorre o meu corpo. Eu nunca vi uma luta ao vivo antes, sentia-me como uma criança indo a um parque de diversões pela primeira vez.


Terceiro Dia

Uma da manhã e estávamos voltando para o quarto, eu ainda estava enxugando algumas lágrimas do meu rosto. Meus Deus, eu não estava preparada para o que vi naquele ringue. — Já está mais calma? — Oliver perguntou, eu mal conseguia olhar para o seu rosto. — Acho que sim. — Se quiser não precisa ir hoje à noite. — Você vai lutar de novo? — pergunto assustada. — Eu disse a você. Vou lutar todos os dias. — Eu, eu vou. — Tem certeza? — Caminhamos pelo salão do lobby a caminho do elevador. Jason está atrás com Grant, que conheci como treinador do Oliver, e Ryan assistente dele. Tray estava também com mais dois seguranças. — Eu vou sobreviver — digo tentando sorrir, mas quando vejo o seu rosto machucado, um calafrio percorre todo o meu corpo. — Eu sei que vai. — Oliver beija o topo da minha cabeça, me puxando para mais perto, tenho medo até de encostar nele. Entramos no elevador em silêncio, Oliver segura a minha mão, ainda trêmula, enquanto conversa com Grant. Eu não entendo o motivo de estarem sorrindo, Oliver levou uns bons socos, seu olho, provavelmente, estará roxo pela manhã, sem contar os golpes nas costelas. — Preciso que você esteja pronto às oito, tudo bem? — Jason fala e Oliver assente. Olho novamente para o relógio, ele mal terá tempo para descansar. — Bree, está tudo bem com você? — Jason pergunta, é a primeira vez que ele tem alguma atitude comigo sem ser grosseiro. — Está sim. — Amanhã, após o café, Oliver fará alguns treinos, se quiser pode acompanhar. — Obrigada. Oliver me dá um meio sorriso e quando chegamos ao nosso andar, nos separamos do restante e entramos na suíte. — O que o Jason disse é verdade, se quiser pode me acompanhar durante o treino. Fiquei preocupado com o seu estado quando a luta acabou. — Eu pensei que você fosse morrer ali em cima — digo já com lágrimas nos olhos. — Eu levei apenas dois socos, Bree. — E mais alguns nas costelas, tinha sangue no seu rosto — falo em tom de acusação. — E se eu prometer que não deixo mais encostarem em mim? — Você levou socos de propósito? — Não, Bree. — Ele começa a sorrir ao abrir a porta do quarto. — Ninguém apanha de propósito, acredite. — Vou encher a banheira — digo enquanto vou até o banheiro. Ligo as torneiras para que comece a encher, olho no armário os tipos de sais de banho. Oliver precisa de algo para relaxar os músculos.


E eu não faço ideia do que usar. — Esse aqui. — Ele aponta para um frasco, como se estivesse lendo os meus pensamentos. — Obrigada. — Coloco um pouco do conteúdo na banheira. — Você vai me acompanhar? — E se eu te machucar? — Oliver sorri. — Não existe essa possibilidade, vem. — Ele segura a minha mão e nos conduz de volta para o quarto. Sentado na cama, ele me posiciona na sua frente e começa a me despir. Seu rosto na direção da minha barriga. Ele a beija e a sua barba me faz sorrir. — Sente cócegas? — Um pouco — falo ainda rindo. — E agora? — Ele abaixa a minha calcinha e passa a língua na minha boceta. — Um pouco — minto, minha voz sai rouca de excitação. Oliver abre um pouco mais os lábios da minha vagina com seus dedos, e enfia a língua novamente. — E agora? Ainda com cócegas? Não consigo entender mais nenhuma palavra que sai da boca dele, na verdade, a única coisa que sinto é uma vontade louca que ele pare de falar e continue a me chupar desse jeito. Oliver continua com o seu ataque, seguro firme nos seus cabelos, forçando-o a ir mais forte, consigo sentir o sorriso presunçoso entre as minhas pernas. Porra, o cara sabe como trabalhar com a língua. Gozo gemendo o seu nome, enquanto ele lambe cada gota que sai de mim. Sua boca começa a subir novamente, passando pela minha barriga, lambendo o meu seio. Até chegar na minha boca, consigo sentir o meu gosto nos seus lábios. — Vamos tomar um banho. — Concordo ainda tonta pelo orgasmo. Oliver começa a tirar as suas roupas e noto o quanto está excitado, ele me pega observando e não fala nada. Noto também os hematomas nas suas costelas, lembro do meu próprio e um remorso me atinge quando penso o quanto fui grosseira. Ele entra na banheira e fecha os olhos absorvendo o calor da água, logo o seu olhar me encontra e sua mão estende como um convite. Eu não nego, entro na banheira e ele me posiciona sentada, com as costas coladas no seu peito. Prendo o meu cabelo em um coque alto, em seguida sinto sua boca tocar os meus ombros e o pescoço. Gemo com o contato. Oliver leva as mãos até os meus seios, massageando devagar, seus dedos me tocando com delicadeza, um jeito totalmente diferente do que vi no ringue. As luvas batendo com força no rosto do oponente, o suor escorrendo pelo seu corpo. O grito das pessoas chamando-o de Fenômeno, ele era isso. Seus golpes precisos, sua concentração inabalável. Seu olhar selvagem. Grito de prazer em mais um orgasmo. Estava muito envolvida e excitada com as lembranças dele no ringue, enquanto a sua língua explorava o meu pescoço e minha orelha, seus dedos pressionando o meu seio. Puta merda! Eu nunca havia gozado dessa forma. — Você gozou pensando em quê? — Em você — digo ainda sentindo espasmos de um prazer totalmente inesperado. — O que eu estava fazendo? — Lutando. — E isso excitou você?


— Não no momento, mas agora, eu não consigo dizer o que senti de verdade. — Diga que você me quer, dentro de você Bree. — Ele morde a minha orelha, enquanto enfia um dedo dentro de mim. — Eu quero você dentro de mim, Oliver. Eu quero muito. — Vamos sair da banheira. Oliver me entrega uma toalha, mas não deixa que me seque muito, ele me carrega no colo arrancando risadas tão sinceras, que sinto meu rosto doer. Ele me joga na cama, e avança para cima de mim, com essa barba e seu cabelo molhado caindo um pouco nos olhos, é um verdadeiro homem das cavernas. — Diga agora, Bree, o que você quer? — Eu quero você. Dentro de mim. — Ele pega um preservativo e o coloca sem muita demora. — Abra as pernas. — Obedeço. Quando ele me preenche, seu grunhido ecoa pelo quarto, ele é feroz e me toma como se a sua vida dependesse desse momento. Oliver não é tão paciente, ele é brutal. Levantando meus pulsos acima da cabeça, ele me imobiliza apenas com uma mão. Seu quadril encontra um ritmo acelerado. Eu não consigo tocá-lo, mas ele me toca em todos os lugares necessários. Sua boca devora a minha, estamos tentando saciar algo, que nem mesmo nós sabemos que existe. Oliver goza chamando o meu nome e me levando junto em mais um delicioso orgasmo. Depois de descartar o preservativo, ele ajusta o alarme e vai até o armário voltando com um pote pequeno nas mãos. — Vire-se. — Não discuto, eu sei o que ele vai fazer. — Ainda dói? — Não. — Eu vou respeitar o seu silêncio, mas eu seria capaz de destruir o rosto do desgraçado que fez isso com você. — Foi um acidente, Oliver, ele apenas passou dos limites. — Sente-se. — Ele para de passar a pomada, sento e observo os seus olhos — Um homem quando machuca uma mulher, do jeito que você foi machucada, nunca é um acidente, Bree. — Não vamos mais tocar nesse assunto, por favor. — Ele era alguma coisa para você? — Não, era apenas um cliente aleatório. — Há alguém que esteja por trás de você? — Um cafetão, você quer dizer? — Ele concorda. — Não, estou por conta própria. — A sua amiga, ela também… — Oliver, já estamos indo longe demais. Você não faz perguntas, lembra? — Você é interessante demais para não fazer perguntas, Bree. — Ele beija os meus lábios. — Dê isso para mim. — Pego a pomada das suas mãos. — Diga se doer, ok? Oliver abafa uma risada enquanto começo a passar o remédio nas suas costelas, olho para o seu rosto e fico indecisa se devo passar. — Não tem problema, vou usar uma bolsa de gelo no rosto. — Você, por acaso, lê os meus pensamentos? — Coloco a pomada na cômoda. — Seu olhar, ele diz muito mais do que você imagina. — Oliver não diz mais nada, ele sai do quarto e volta em seguida com uma bolsa de gelo. Deito ao seu lado e fico observando enquanto ele está imóvel. Seu corpo é realmente impressionante. Ele possui apenas uma tatuagem grande nas costas, com os dizeres VENI VIDI VICI. Apesar do dinheiro que imagino que ele tem, suas roupas são comuns, nada exagerado, ou formal.


Mesmo ontem durante o jantar, ele vestia um terno, sem gravata, uma camisa preta, era elegante e perigoso. Noto sua respiração ficar mais leve, tiro devagar a compressa do seu rosto. Oliver já está dormindo. Sorrio, ele parece uma criança. Pego o edredom, cubro o corpo dele, que por sinal está nu, em seguida, me cubro. Fecho os olhos e faço uma pequena oração, o dia promete ser longo. *** — Hora de acordar. — Oliver abre as cortinas iluminando todo quarto. Gemo e cubro o meu rosto com o edredom. — Nada disso, se você quiser me acompanhar, precisa levantar. — Só mais cinco minutos. — Tenho que estar lá em baixo em dez. — Abro os olhos e o vejo parado na minha frente. Completamente vestido, cabelos alinhados. Ainda úmidos. — Por que você não me acordou antes? — pergunto saindo da cama. — Eu tentei, pelo menos umas três vezes. Temos dez minutos, mocinha. — Droga! — Corro para o banheiro sorrindo com a frase tão familiar. Entro no chuveiro tentando acalmar a saudade que começo a sentir. Droga, foco, Bree, só mais alguns dias. Tomo um banho rápido, e quando saio, a minha roupa já está separada em cima da cama. — Desculpe, Bree, mas precisamos estar lá em baixo. Jason é um relógio ambulante. — Não tem problema, mas para a sua informação, não sou indecisa quando o assunto é me vestir. — Sorrio pegando a roupa que ele escolheu. Uma saia verde, longa e uma camisa de seda branca, sem mangas, o calor aqui é escaldante. Oliver escolheu inclusive a lingerie. Pego uma sandália Anabela, assim não fico tão pequena perto dele, o que parece ser um pouco impossível. Acredito que mesmo usando o maior dos saltos, eu ainda ficaria minúscula ao seu lado. Coloco apenas um brinco, prendendo o meu cabelo em seguida, passo um batom suave. — Você está linda. — Oliver beija o meu rosto. Ele também não está nada mal, uma camisa preta marcando seus músculos e uma calça jeans. Básico, simples. Gostoso. Cumprimento Tray quando saímos da suíte. Ele e mais dois seguranças nos acompanham. Oliver não fala durante o percurso, ele apenas coloca a mão na base da minha coluna, me conduzindo durante o trajeto. No restaurante, Jason, Grant e Ryan já estão tomando café. Noto algumas pessoas nos olhando. Oliver fica alheio aos olhares, ele puxa uma cadeira. Sento e ele beija o meu rosto e senta ao meu lado. — Já fizeram os pedidos? — Oliver pergunta a Jason pegando o cardápio. — Não sabíamos o que a Bree costuma comer, então resolvemos esperar. — O que você quer? — Oliver pergunta e eu noto todos me observando com curiosidade, fico um pouco constrangida com tanta atenção. — Posso fazer o seu pedido, se quiser? — É sério, Oliver, você precisa parar de ler mentes — sussurro no seu ouvido. — Eu só leio a sua. — Ele pisca e logo em seguida faz o nosso pedido. É espantoso a abundância de comida que chega, e pelo que noto, eu sou a única pessoa que fica admirada, eu não consigo acreditar que vão comer toda aquela quantidade. É incrível como eles devoram tudo. Oliver principalmente, enquanto eu como apenas uma


omelete, um suco e um iogurte natural, ele já está na sua terceira omelete. Fico me perguntando para onde vai tanta comida. Assim que terminamos o café, vamos direto para academia. Oliver me explica como os horários estão reservados, para que os lutadores possam treinar. Alguns lutam em academias fora do hotel, mas eles preferiram não sair daqui. Jason, pelo que entendi, é quem cuida de tudo, Oliver tem um empresário, mas é Jason quem negocia tudo. Como Oliver disse, ele confia a vida nas mãos do irmão. Isso me faz lembrar de quando eu confiei a minha vida a alguém, que bela encrenca que ele me meteu. Oliver vai com o Jason para o vestiário se trocar, Grant me mostra onde posso ficar. Sento em um banco que fica de frente para o ringue. Quando olho novamente para o vestiário, Oliver vem, usando apenas uma bermuda, semelhante a que ele lutou na noite passada, as luvas já nas suas mãos. Jason está ao seu lado, igualmente vestido. O cabelo preso em um coque samurai. Eles sorriem enquanto conversam, noto a tatuagem no peito dele, é igual a do Oliver, os mesmos dizeres, mas enquanto a do Oliver é nas costas, a do Jason é na frente. Os dois sobem no ringue e vejo Grant passando algumas informações. Espera, eles vão treinar juntos? — Jason gosta de treinar com o irmão, de vez em quando — Ryan fala sentando ao meu lado, então noto que posso ter pensado alto demais. — Eu não sabia que ele lutava também. — Não luta, como eu disse, ele gosta de treinar com o Oliver. É algo deles, eu acho. — Ryan dá de ombros e observamos quando a luta começa. Oliver se concentra em Jason, os dois são enormes e se sobressaem no ringue. Quando começam, é impossível desviar o olhar. Ryan me explica cada movimento, os jabs, ganchos e uppers. Jason não é um oponente fraco, ele parece prever cada golpe que Oliver dá. E como eu temia, ele acerta um gancho de direita que faz Oliver tropeçar. — Você está animado, irmão. — Ouço-o dizer. — Seus reflexos já foram melhores — Jason rebate. Oliver gira o pescoço e eles retomam. Dessa vez é impiedoso, acertando vários golpes, até que Grant os para. — Já chega por hoje. Os irmãos tocam as suas luvas e depois se abraçam, ambos estão suados. Grant os parabeniza e eles descem do ringue. — Oliver, vá para a corda. — Grant aponta para uma corda que está próxima a um saco. — Eu já volto. — Ele beija a minha boca me entregando as luvas e vai em direção à corda. Em seguida ele começa a pular, tão rápido que mal consigo enxergar o objeto. Oliver repete os movimentos, o suor escorrendo pelo corpo. Ele está concentrado e parece incansável. — Ele adora esse exercício. — Ouço Jason se sentar ao meu lado. — Estou percebendo — digo sem tirar os olhos dele. — Quer um pouco? — Ele me oferece uma garrafa com água. — Obrigada. — Pego a garrafa. — Eu vi você lutar, você é muito bom. — Obrigado, mas eu gosto apenas de treinar um pouco, não é realmente a minha praia. — Sério? Vendo vocês dois ali, é como se tivessem nascido para isso. — Oliver adora, desde criança. Eu apenas tenho músculos e coragem suficiente para subir com ele em um ringue. — Vocês são ótimos juntos. — Jason sorri e voltamos a observar Oliver. Ele ainda está pulando e


me deixando tonta com a visão. Oliver continua sua sequência de treinos, enquanto Jason vai conversar com Grant. Fico observando cada movimento, ele é um lutador incrível e faz jus ao apelido que adquiriu. Entre um exercício e outro, ele não me mantém excluída. Oliver sempre se aproxima para um beijo, ou me oferece um pouco da sua bebida. Até o simples movimento de beber um isotônico, ele consegue transformar em algo sexy. — Entediada? — Oliver pergunta sentando ao meu lado, ele enxuga o rosto com uma toalha, que logo em seguida fica pendurada no seu pescoço. — Não, eu adorei tudo isso. — Amanhã vou ter uma folga, vou treinar com você. — Minha expressão não deve ter sido muito boa. — Como assim? — Você sabe se defender, Bree? — Oliver segura a toalha em cada extremidade, envolvendo o meu pescoço. Ele puxa firme, forçando o meu rosto a ficar bem próximo ao dele. — Claro que sei. — Eu me esforço para não gaguejar. — Não, você não sabe. Se soubesse, jamais deixaria acontecer o que aconteceu com você. — Ele não me deixa responder, sua boca toma a minha de uma forma feroz. — Amanhã, Bree, eu vou ensinála a se defender. Oliver beija a minha testa, retira a toalha do meu pescoço e vai na direção do Jason e Grant, eles trocam algumas palavras sorrindo um para o outro, enquanto eu ainda estou atordoada com o seu beijo e sua vontade de me ensinar a me defender. Sob protestos masculinos, consigo ajudá-los a guardar todo material, a academia logo será ocupada por outro lutador e precisamos deixar tudo em ordem. Assim que terminamos, Oliver veste uma camisa, pega a sua bolsa e vamos na direção da saída, sua mão está unida à minha e caminhamos em silêncio atrás de Jason, Grant e Ryan. — Ora, ora. Que belo encontro. — Um homem, que imagino ser um lutador, pelas roupas e a quantidade de pessoas que o acompanha, para bem na nossa frente. — Deixe-me passar, Cooper — Oliver fala em um tom de aviso. — Quem é a garota da vez? Deixe-me dar uma olhada. — Ele dá a volta em torno de nós, me analisando dos pés à cabeça. — Somente as melhores para o grande Fenômeno do boxe. Seu tom é de desdém, olho para Oliver e sua expressão está inabalável. Jason e o restante da equipe estão apenas nos observando. — Eu não vou ser educado, Cooper, deixe-nos ir. — Sabe, princesa, quando se cansar dele, você pode me procurar. Oliver não costuma ficar muito tempo com as suas putas. — Jason, me lembre o motivo pelo qual eu não posso quebrar a cara desse idiota, nesse exato momento. — Oliver pergunta em voz alta, sem tirar os olhos do tal Cooper. — Por que você fará isso em breve, e legalmente. — Jason sorri e Cooper também. O cara é impressionante, não há lugar nos seus braços para mais tatuagens. O cabelo raspado em um estilo moicano e uma tatuagem celta no pescoço. Seu sorriso chega até a ser gentil, mas ele exala perigo. Seus olhos se acendem quando Jason termina de falar. — Estou esperando por isso. Ele abre caminho e nós passamos, não olho para trás, na verdade, eu não consigo olhar em direção alguma. Mesmo sabendo o que tudo isso significa, o que realmente estou fazendo aqui, o nó que se forma na minha garganta é inevitável.


Prostitutas, é esse o tipo de mulher que Oliver se envolve, não com professoras ferradas de ioga. Mulheres poderosas, seguras de si, e que não se envolvem, é esse tipo de mulher que ele está procurando. Sinto-me deslocada pela primeira vez. Começo a mexer em algo aleatório dentro da minha bolsa, para evitar qualquer contato físico. Oliver não percebe e continua caminhando com os rapazes, enquanto eu discretamente sigo atrás. Quando entramos na suíte, Oliver me avisa que vai até o quarto do irmão para conversarem. Agradeço por esse momento, eu preciso colocar a minha cabeça e as minhas emoções no lugar. Será que vou lembrar desses dias assim, como um momento da minha vida em que fui uma prostituta? Maldito Dylan, eu mesma seria capaz de matá-lo se o encontrasse. Tiro a roupa e vou para o chuveiro. É nele que consigo finalmente relaxar. A água escorrendo pelo meu corpo, leva com ela as minhas lágrimas. — Foco, Bree, só mais alguns dias. Repito durante o banho como um mantra. Apenas mais alguns dias e tudo isso vai acabar. Na verdade, eu também começo a agradecer internamente. Oliver está sendo perfeito comigo. Na cama ele é um cavalheiro, gentil quando necessário. Em momento algum me faz sentir o que eu sou, jamais me deixa deslocada ou excluída de algo. Ele é perfeito, e não sei por que prefere o sexo casual, a um compromisso de verdade. Quando volto para o quarto, ainda estou somente de toalha e o telefone toca. Fico indecisa se devo atender, mas como é insistente eu cedo e atendo a ligação. — Pensei que você estivesse dormindo — Oliver fala assim que atendo. — Desculpe, eu não sabia se podia atender. — É o nosso quarto, Bree, você pode atender ao telefone. — Certo. — Você se importa se pedirmos nosso almoço no quarto? — Não, sem problemas. — Ok, tenho uma coletiva de imprensa no início da tarde, Jason acha melhor ficarmos no quarto esse período. — Tudo bem, quer que eu faça os pedidos? — Eu agradeço. — Do que você gosta? — Sento na beirada da cama e pego um bloco de papel para anotar. — De você, nua e gemendo. — Oliver! — Sorrio. — O quê? Eu não menti. Refaça a sua pergunta. — Tudo bem. O que você gostaria de comer? — Hum, pergunta difícil. Que tal me deixar comer a sua bunda perfeita, Bree? — Você não está falando isso na frente do seu irmão, está? — Deus, eu acabei de sair do banho e sinto que precisarei voltar. — Você tem vergonha? Ah, se ele soubesse. — Você quer falar sobre isso na frente do seu irmão? — Entro no jogo. — Não, Jason está no banho. Quando eu digo que gosto de exclusividade, Bree, é exatamente isso que eu quero dizer. — Vamos retomar o assunto do almoço? — Ouço a sua risada e ele me informa tudo o que


gostaria de comer. A lista Ê enorme. Desligo o telefone, e logo em seguida faço o nosso pedido. Fico com as palavras dele martelando na minha mente. Comer a minha bunda? Isso era sÊrio? Porque se for, eu acho que temos um grande problema.


Terceiro Round

Depois do treino, e do encontro inesperado com o Cooper, vou com Jason até o quarto tentando acalmar o redemoinho de pensamentos que se formam na minha mente. Prostituta! Foi disso que ele a chamou. Caralho, é isso que ela é, e eu sei. Por que de repente isso me incomodou? — O que você tem Oliver? — Jason pergunta assim que me sento. — Nada. — Você não correu para o quarto, eu te conheço desde sempre. Algo te incomodou. — Como é ter um relacionamento, um de verdade? — Você já teve isso. — Um com uma garota legal, não como uma pirada. — Faço careta ao lembrar do meu único e último relacionamento. — Cara, eu não sou a pessoa certa para te responder isso. — A Helena, era legal, não era? Você gostava dela. — Eu amo a Helena, Oliver. — Tento conter o meu choque diante das palavras dele, amor? Ele nunca tinha mencionado algo assim. — Você, tem certeza? — Eu não sou nenhum adolescente, Oliver, e sim eu a amo, sempre amei. — Por que ela foi embora, então? — O que você quer Oliver? Por que essas perguntas agora? — Você nunca tinha me dito que amava a Helena, eu pensei que era um lance como os outros. — É a Bree? É por isso que você está fazendo essas perguntas? — Eu só estou curioso, ok?!? — Deixa eu te explicar uma coisa, Oliver. — Jason senta mais próximo — Mulheres como a Bree são uma roubada, elas não amam, a não ser o dinheiro que cai na conta bancária delas. Elas gostam de prazer, luxo e champanhe. — Você está falando da Bree ou da Helena? — Começo a ficar irritado. — Ambas, Helena me abandonou com a desculpa que queria mais, queria uma carreira de modelo. Ela sumiu, Oliver, com um filho meu na barriga. A agonia na voz dele faz o meu estômago revirar. Olho para o meu irmão e quase não reconheço o que vejo. Por isso Jason tem estado diferente desde que a Helena se foi, ele passa horas no celular, é frio e grosseiro com algumas mulheres. Na verdade, não lembro dele envolvido com alguma. — Você tem certeza disso? — Ela me disse, Oliver. Agora eu não consigo encontrá-la. Então, irmão, é isso que as mulheres fazem com você, quando você dá a porcaria do seu coração para elas. Jason bate na minha perna e vai em direção ao banheiro. Eu não consigo pensar. O barulho do alarme do meu celular me tira do meu estado catatônico, é um lembrete da coletiva de impressa. — Merda — falo sozinho e tento pensar em algo para me livrar disso, vai ser impossível. Jason ficaria uma fera, os patrocinadores também.


Ligo para a minha suíte, e somente na segunda chamada é que a Bree atende. É engraçado ouvir a sua voz pela primeira vez pelo telefone. Seu “alô” soa nervoso e hesitante. Mas logo eu a deixo nervosa por outro motivo. Eu não pretendia provocá-la pelo telefone, mas brincar com ela foi algo tão natural, como se fôssemos velhos amigos. Antigos amantes. Deixo um bilhete para o Jason, avisando que almoçarei na minha suíte. E assim que saio do quarto, pego o meu celular e faço uma ligação. — O que você quer, Oliver? — Oi para você também Helena! — Tenho um ensaio fotográfico em cinco minutos, estou ocupada. — Eu só vou fazer uma pergunta, Helena, e quero uma resposta. — O que foi? — ela pergunta nervosa. — O bebê Helena, é meu ou do Jason? — Ela fica muda por alguns segundos, consigo ouvir apenas o som da sua respiração. — Não tem nenhum bebê, Oliver, não mais. — O que você quer dizer com isso? — Eu não conseguiria nenhum contrato estando grávida. Eu interrompi a gravidez. — Você o quê? — Olho em volta para ver se não falei alto demais, Tray está afastado observando o andar, mas parece não prestar atenção na minha conversa. — Foi o que eu disse, Oliver, não existe mais bebê. — Quem era o pai? — Isso importa? — Droga, Helena, você precisa ligar para o Jason. — Desculpe, Oliver, mas eu preciso ir. — Ele precisa saber que não tem mais nenhum bebê. Você foi cruel indo embora deixando apenas um bilhete, avisou da gravidez e depois fez um aborto? Que tipo de pessoa você é, Helena? — Sou alguém que correu atrás do seu sonho, Oliver. Jason jamais permitiria que eu tivesse uma carreira, que fosse independente. Eu não estava disposta a abandonar tudo que eu sonhei. — E o bebê? Por que falar dele se você pretendia fazer isso? — Eu não pretendia, não no início. — Ligue, Helena, conte para ele. Ou eu mesmo conto. — Vai contar que dormimos juntos também? — ela fala em tom de ameaça. — Não me teste. — Deixe-me em paz, Oliver, vocês dois foderam com a minha vida em muitos sentidos. Só me deixem. Helena desliga sem mais palavras, eu fico sem saber o que fazer. Jason jamais me perdoaria se soubesse o que aconteceu. Mesmo sendo apenas uma noite, foi algo estúpido, louco. Eu era um doente. Ela é a menina dos sonhos de qualquer cara. Helena tem o corpo perfeito e sempre sonhou em ter uma carreira de modelo. Ela começou a sair com Jason algumas vezes. Mas era algo aleatório, meu irmão nunca foi do tipo apegado às mulheres, e por mais que Helena passasse tempo demais na nossa casa, eles sempre deixavam claro o tipo de relacionamento que tinham. Em uma noite regada a tequila e prostitutas, ela o flagrou no quarto com duas mulheres. Jason bebia tequila direto do seio de uma delas, enquanto a outra estava ajoelhada chupando seu pau.


Helena ficou furiosa e se escondeu no meu quarto. Eu tinha acabado de sair do banheiro, apenas de toalha quando a vi. Sentada na minha cama, ela parecia frágil. Ela me abraçou e chorou no meu ombro. Por um momento, eu senti que podia confortar alguém. E nisso, nos deixamos levar. Eu nem cheguei a tirar a sua roupa. Transamos em pé, encostados na parede. Depois desse dia, ela nunca mais falou comigo, ou voltou na nossa casa. Jason ainda chegou a dormir na casa dela algumas noites, até que um dia ela se foi. Entro na suíte e vejo Bree sentada na cama, ela está tão distraída que não percebe a minha chegada, ela está lendo um livro infantil. — A Bela e a Fera? — falo sentando ao seu lado. — É a minha história preferida. — Ela fecha o livro e sorri. — Eu posso ser a sua fera, se você quiser — digo puxando a tira do seu roupão. — Não sei se eu me encaixo no perfil da Bela. — Ela deita na cama enquanto tiro seu roupão, olho para o seu corpo nu. Ela é perfeita. — Não, você é mais que isso, Bree. Você é magnífica. — E você, precisa de um banho. — Ela sorri e me empurra bem no momento que alguém bate na nossa porta. — Você, não pense que vai escapar. — Estou ao seu dispor… depois que tomar banho. — Ela fecha o roupão e corre na direção da porta. Bree pega a nossa comida enquanto vou para o banheiro. Estou tão duro que penso em ter algum tipo de alívio. — Nem pense em usar as mãos — ela grita abrindo a porta do banheiro. — Quem agora lê mentes? Bree sorri e fecha a porta, continuo o meu banho, com um único pensamento. Aquela bunda perfeita vai ser a minha sobremesa. *** — Eu fico admirada com a quantidade de comida que você come — ela fala enquanto deixamos os pratos na mesa. — Eu sou um lutador, Bree, preciso me alimentar. — Você tem alguma nutricionista ou algo do tipo? — Em casa, tenho uma grande equipe. Treinador, nutricionista, personal. Várias pessoas que trabalham para me deixar pronto para subir em um ringue. — Eles não viajam com você? — Não, somente quando é alguma viagem longa. — Entendi. — Ainda tenho algum tempo, quer fazer alguma coisa? — Que tal um filme? — Contanto que você não me faça assistir Disney. Bree sorri e vamos para a cama, aviso o serviço de quarto que já podem retirar tudo. Olhamos a seleção de filmes e a garota me surpreende. — Menina de Ouro? É isso mesmo? — Claro, eu já vi você lutar, quero ver uma mulher. — Posso levar você para ver uma luta entre mulheres, uma de verdade. — Vai ter alguma durante o torneio? — Ela parece interessada, então eu me lembro.


— Não — falo e noto quando ela percebe o que eu disse. — Então, é melhor me contentar com o filme. Bree deita ao meu lado e aperto o play. Mesmo com uma vontade louca de transar com ela, acho que estou curtindo esse momento. Ela está com a cabeça deitada no meu peito, minhas mãos passando vagarosamente pelos seus cabelos. — É sempre assim? — ela pergunta e demoro um pouco para perceber de que não é sobre o filme que ela está falando. — Assim como? — Você, com as mulheres, é sempre assim? Elas passam a noite com você, assistem filmes juntos. — Não vou mentir, Bree. Eu gosto de acordar ao lado de uma bela mulher, e unir isso a uma mulher que não vai ficar no meu pé vinte e quatro horas é a solução perfeita. — Por isso as prostitutas? — Não há raiva na sua voz, apenas curiosidade. — Sim, por isso as prostitutas. Sexo bom, sem cobranças, sem dramas, sem despedidas. — Eu acho que entendo você. — E você? É sempre assim? Com seus clientes? — Com certeza não é sempre assim. Bree fica em silêncio e volta a sua atenção para o filme. Eu já dormi com mulheres o suficiente para saber quando há algo que não se encaixa, e essa mulher não se encaixa nessa vida. — Deixe-me terminar de ver o filme — ela reclama quando começo a alisar a sua bunda. — Tem certeza? Posso garantir algo melhor para fazer. — Como, por exemplo? — Sua voz é sedutora e ela esfrega seu corpo contra o meu. — Como fazer você gemer. Giro o meu corpo ficando por cima, seus olhos brilham, excitados. Abro o seu roupão e tiro cada braço devagar. Ela ainda está nua, como mais cedo, eu estou apenas usando uma boxer. O tecido fino é a única coisa que nos separa. Esfrego meu pau na sua boceta e sinto quando o tecido fica molhado. Beijo o seu pescoço, chupando sua pele. Bree geme a cada contato da minha boca, se esfregando ainda mais no meu pau. — Eu disse a você, Bree. Eu vou comer essa bunda perfeita. — Oliver, eu… — Pressiono meu quadril ainda mais e ela fecha os olhos. — Eu o quê? — Faço movimentos suaves com a minha pélvis, o contato com o seu clitóris a faz se contorcer cada vez mais. Bree já não consegue falar, ela está tão excitada, que puxa meu pescoço para um beijo faminto. Chupando a minha língua, devorando os meus lábios. Tiro a minha boxer e pego um preservativo, viro-a de costas, empinando a sua bunda. Traço uma trilha de beijos na sua espinha, tocando seus mamilos, sua barriga até chegar na sua boceta. — Caralho, Bree, você está muito molhada. — Não me faça esperar, Oliver. — Eu já disse o que eu quero, linda. E eu vou ter. Começo a estimulá-la com os dedos e com a sua própria excitação, começo a trabalhar no seu ânus. Bree se contrai. — Relaxa, Bree, eu vou te dar um passeio inesquecível. Beijo a sua nuca e sinto seu corpo relaxar, enfio meu pau na sua boceta, excitando-a, eu quero deixá-la tão desesperada, que ela vai gozar intensamente, mas com o meu pau na sua bunda. Quando sinto que ela já está no limite, retiro o meu pau e começo a penetrá-la, seus músculos protestam com a invasão, e ela choraminga.


— Respire. Você vai relaxar e isso vai ser maravilhoso — falo no seu ouvido fazendo círculos no seu clitóris, Bree começa a se movimentar, buscado por mais pressão. Cada movimento seu, ajuda o meu pau a entrar mais fundo. Quando estou totalmente dentro dela, eu praticamente urro de tanto tesão. Ela é gostosa e apertada pra caralho. Enfio dois dedos na boceta dela e a ouço gemer. Começo em um ritmo lento, para não machucála. Bree está totalmente preenchida, meus dedos e meu pau fazem um trabalho impressionante, e seus gemidos ficam cada vez mais altos. — Meu Deus, Oliver. Eu quero gozar — ela fala e eu aumento o ritmo. Gozo tão forte que chego a ficar tonto. Com ela não é diferente, seus músculos se contraem apertando meus dedos, enquanto ainda dou algumas estocadas no seu ânus. — Perfeita. — Tiro o meu pau de dentro dela e ela desaba sobre a cama. Beijo a sua bunda e vou até o banheiro. Coloco a banheira para encher, enquanto me limpo. Volto para o quarto e ela parece destruída. — Você está bem? — pergunto tirando uma mecha de cabelo do seu rosto. — Isso foi intenso — ela fala ainda com os olhos fechados. — Você já tinha feito sexo anal? — pergunto passando o dedo pela sua barriga. — Não. Puta que pariu! — Bree, abra os olhos. — Preguiçosamente, ela abre. — Por que você não me disse isso antes? — Eu deveria? — Eu poderia ter machucado você. — Você não ia me machucar, Oliver. — Ela senta e me encara. — Eu pensei que… — Que como eu sou uma puta, sou acostumada com isso? — Não é bem assim, Bree. — Oliver, era o que você queria, eu estou sendo paga para fazer o que você quer. Fim de papo. — O que você está falando? — Bree se levanta e vai até o banheiro — Isso é uma coisa que nós dois temos que querer — grito batendo na porta. — Eu disse não em algum momento? — Não, mas isso não significa que era algo que você desejava. — Eu não estou sendo paga para ter desejos, Oliver. Estou sendo paga para satisfazer os seus. — Não é assim que isso funciona, Bree. — Mas é assim que tem que ser. Bree ignora a banheira e vai para o chuveiro, volto para o quarto furioso comigo mesmo. Por que diabos eu não fiz uma simples pergunta? Porque, ela como todas as outras, é uma mulher que ganha a vida para satisfazer os desejos de gente como eu. Chegar a essa conclusão me assusta. As palavras de Cooper, se misturam com as do Jason. Deito na cama atordoado. Não é isso que eu quero, não é assim que tem que ser. — Eu quis — a voz dela me tira dos meus pensamentos. — O que você disse? — Eu disse — ela se aproxima e fica de joelhos —, que eu quis, cada momento que aconteceu aqui, eu quis, eu desejei. — Vem cá. — Puxo-a para o meu colo, tirando a toalha, aperto o seu corpo contra o meu. — Quando você não quiser fazer algo, você não faz. Não importa a merda do dinheiro que estou pagando, você não faz, entendeu?


— Oliver… — Não, Bree, apenas diga se você entendeu. Eu não quero que você fique aqui fazendo algo que não quer. — Você está me dispensando? — Vejo pânico nos seus olhos. — Não, linda, mas eu quero que prometa que se você se sentir desconfortável com algo, vai me dizer. — Eu direi. Beijo a sua boca e ela retribui, sua mão segurando o meu cabelo, enquanto aperto a sua cintura, começa a me deixar excitado. Mas não é isso que tenho em mente. Não depois do que fizemos. — Vamos, mocinha, você vai ficar mais linda do que já é, e vai me acompanhar na entrevista. — Tem certeza? Você não acha melhor que eu fique no quarto? — Você não quer ir? — Não é isso, mas, na verdade eu não sei, Oliver. Não sei se é certo acompanhar você desse jeito. — Eu não quero que você fique desconfortável, nem que você fique presa aqui dentro. — Posso ficar na piscina. Tudo bem? — Merda, agora fiquei imaginando você de biquíni. — Beijo o seu pescoço — Posso estar nele quando você voltar. — Não precisa, eu encontro você na piscina. Beijo o seu rosto e vou me arrumar. Bree parece mais aliviada com o fato de não me acompanhar. Ela faz um verdadeiro desfile de biquíni e eu saio do quarto de pau duro para uma coletiva de imprensa.


Quarto dia Cinco da manhã e estou sentada na varanda, a visão é impressionante. Uma coisa é morar em Las Vegas, você acaba se adaptando às ruas, às pessoas, nada daquilo é atrativo. Tudo é apenas sufocante. Outra coisa é olhar a cidade assim, sentada em uma cadeira confortável, em uma suíte de um dos melhores hotéis da cidade. É uma visão mágica. Não consigo dormir, Oliver teve mais uma excelente atuação no ringue e na cama. Depois da coletiva, como prometido, ele me encontrou na piscina. Oliver não tinha pudores, ele me beijava descaradamente, não se importando com flash, ou pessoas. Se ele quer algo, não importa o que os outros pensam. Curtimos o restante da tarde assim, entre beijos e carícias molhadas. Sem imprevistos, sem encontros desagradáveis. Por pouco tempo, fomos somente nós dois, sem uma cama. É por isso que não consigo dormir, por passar uma tarde tão despreocupada. Eu sei que tudo está indo bem, que dei a sorte grande de estar com ele. Mas algo me incomoda, algo que está dentro de mim. Um sentimento de culpa começa a me corroer, de dentro para fora. Não deveria ser fácil, eu não deveria estar gostando de cada segundo que passamos juntos. Eu acho que não consigo nem me olhar no espelho. — Não é cedo demais para estar aí? — Oliver fala e senta ao meu lado. — Estou sem sono — digo ainda olhando a vista da cidade. — Não cansei você o suficiente? — Seu tom brincalhão me arranca um sorriso. — Você sempre me cansa o suficiente. — Algum problema? — Nada que não vá ser resolvido. — Sigo tentando dar o assunto por encerrado. — Você é tão vaga Bree. — Ele segura a minha mão e a leva até a boca. — E você não faz perguntas, lembra? — Ele me puxa para sentar no seu colo. — Você é interessante demais. Já disse isso — Oliver fala no meu ouvido, sussurrando cada palavra. — Eu tenho uma vida muito sem graça, acredite. — Não estou me referindo à sua vida Bree, estou me referindo a você. Cada sorriso que você dá, é sincero. Cada conversa que temos, cada pergunta que você faz, são verdadeiras — observo enquanto ele continua a falar —, você é uma adulta que gosta de clássicos infantis, mas que sabe ser extremamente sexy quando quer. Você, Bree, é interessante. — Eu não sei o que dizer. — Notei você naquele elevador, seu perfume, sua voz. Queria descobrir o rosto por trás de tudo aquilo que tirou a minha concentração. — Ele coloca meus cabelos para o lado, beijando meu pescoço em seguida. — Agora que eu já conheço o rosto, é a personalidade que me intriga. — Oliver… — Quer ir para a academia? — Pisco sem entender a mudança repentina de assunto. — Academia?


— Sim, você não consegue dormir, e agora, eu também não. Vamos correr um pouco, vai nos fazer bem. — Vamos lá. Voltamos para o quarto para trocar de roupa, pego um top e uma legging, que Liv deixou, um tênis e estou pronta. Oliver também não demora. Quando saímos da suíte, ele puxa o capuz do moletom, escondendo um pouco o rosto. O andar está vazio, tem apenas um segurança, e acredito que esse movimento já tenha se tornado um hábito. — Aqui. Isso vai ajudar durante a corrida. — Oliver me entrega um Ipod e fones de ouvido. — Você não vai precisar? — Eu sempre ando com dois, só espero que curta as músicas. — Ele pisca e entramos no elevador. Como previsto, a academia está vazia, o ringue montado especialmente para o treino de alguns lutadores, alguns aparelhos de musculação, esteiras e bicicletas. — Sabe como se alongar? — Sorrio com a sua pergunta. — Olhe e aprenda. Começo a fazer os movimentos de alongamento, Oliver não tira os olhos do meu corpo, cada movimento das minhas pernas, braços, tudo; ele acompanha cada detalhe. Quando termino, ele está estático. — O que foi? — pergunto meio sem jeito. — Vem aqui. — Ele me puxa pela cintura, passando a mão pelas minhas curvas. — Vamos correr um pouco, antes que eu rasgue toda a sua roupa e foda você de joelhos em cima desse ringue. Seu olhar é intenso, assim como a pressão dos seus dedos na minha pele. Um calor se forma dentro do meu corpo, quase como uma necessidade. Acalmo a minha respiração a fim de controlar a vontade de transar com ele em cima desse ringue. Oliver me beija, mas não é intenso como das outras vezes, ele também está se controlando. Vamos para as esteiras, ele ajusta a velocidade da minha, enquanto observo a lista de músicas no seu Ipod. Never Back Down, do Linkin Park, começa a tocar, a música não poderia ser mais perfeita. Começo a entrar no ritmo e deixo a minha mente vagar na letra. Meia hora depois já estou exausta, Oliver parece inabalável, sua resistência é impressionante. Estou sentada no chão enxugando o meu rosto enquanto ele termina sua corrida. — Está cansada? — Oliver para a esteira e vem ao meu encontro. — Apenas fora de forma. — Você está ótima, tem uma flexibilidade impressionante. — Obrigada. E agora? Vamos subir? — Nada disso mocinha, vamos para o ringue. — Ele puxa a minha mão e me ajuda a levantar. É estranho subir no ringue, eu nunca estive no centro de um antes. Mas, afinal, eu nunca tinha vendido o meu corpo também. — Pronta para se defender, Bree? — Você está mesmo levando isso a sério? — Daqui alguns dias eu vou embora, quero ir sabendo que você ficará bem. — Suas palavras são tão sinceras que fico sem reação, Oliver nota a minha expressão, mas não fala nada, apenas me posiciona e começa a aula. — Ouça, o segredo de uma boa defesa é saber como fazer um punho perfeito para socar. Dobre suas juntas e coloque o polegar sobre o indicador e o dedo médio. — Ele me ajuda ajustando meus


dedos. — Ok — digo mostrando meus punhos. — Quando você der um soco, mire para bater com os dois primeiros dedos, eles vão causar mais dor. — Oliver faz o movimento e eu tento imitá-lo — Use todo o seu corpo, girando a partir do quadril. Assim seu soco será mais intenso. — Ok, acho que entendi. — Agora me acerte. — O quê? — Você ouviu, dê um soco. — Não vou bater em você, Oliver. — Ele só pode estar brincando. — Vamos testar a sua força, Bree, eu levo socos de caras com o triplo do seu peso e tamanho. Vamos lá, mostre o que você aprendeu. — Não vou dar um soco em você sem motivo, isso não faz sentido. — É um treino, Bree, apenas faça. — Não. — Lembre do cara que fez isso com você. — Ele toca as minhas costas, bem no local onde está o hematoma. Minha mente volta para a noite que tudo aconteceu. Ele me amarrou e disse que era um dominador. O tapa que levei em seguida, acompanhado de um chute nas costas, só provava que ele era apenas um velho sádico. Sem pensar, meu punho acerta em cheio o rosto dele e eu não paro. Logo minhas mãos estão socando desenfreadamente cada parte do seu corpo que consigo alcançar. Ele é forte e segura meus pulsos, pedindo que eu pare. Lágrimas começam a cair do meu rosto, em seguida, Oliver está me amparando. — Você não merecia isso — falo ainda chorando em seus braços, ele senta no chão me levando junto. — Você se sente melhor? — Foi horrível. — Oliver me abraça. — Já aconteceu antes? Quer dizer, com algum cliente? — Noto a preocupação na sua voz. — Isso nunca aconteceu comigo. — Passo a mão no meu rosto enxugando algumas lágrimas. — Me desculpe pelos socos. — Eu não me machuquei, Bree. Mas você é uma baixinha que tem um bom soco, estou orgulhoso. — Obrigada — falo constrangida. — Vamos ficar aqui mais um pouco, tudo bem? — Concordo e deitamos no ringue. Oliver segura a minha mão, estamos olhando para o teto, não há nada ali de interessante, mas também não precisamos. O silêncio já é o bastante. Não sei quanto tempo passa, até ouvirmos a voz de Jason. — Você poderia ao menos atender o seu celular? — Ele está parado próximo ao ringue. — Ele está longe e não ouvi tocar. — Oliver dá de ombros. — Aqui. — Jason vai até o banco onde está as nossas coisas e pega o celular. — Essa porcaria estava no silencioso. Você tem um compromisso em duas horas, Oliver. — Droga — Oliver resmunga e me ajuda a levantar. — Vou esperar vocês para o café da manhã. Jason sai jogando o celular. Oliver pega o aparelho no ar e verifica suas ligações. — Ele é sempre assim? — pergunto. — Sempre, Jason controla os meus horários, minha alimentação, meus treinos.


— Sua vida? — Ele para antes de descer e me encara. — Desculpe, Oliver, isso não é da minha conta. — Não entenda mal, Bree, Jason é um ano mais novo, mas age como se fosse cinquenta anos mais velho. — Ele deve amar muito você. — Sim, assim como eu o amo. E apesar de tudo, de todas as merdas que eu já fiz, ele é a minha única família. — São apenas vocês dois? — Oliver me ajuda a descer e caminhamos até as nossas coisas. — Sim, nossos pais morreram faz três anos. — Sinto muito. — Obrigado, mas desde sempre, fomos somente nós dois. Eu nunca fui o tipo de pessoa que cumpria regras, horários. Meu pai não me dava os melhores castigos. — Ele dá um meio sorriso. — Compreendo. — Foi em um desses castigos que Jason se meteu, quase fui parar no hospital e foi ele quem cuidou dos meus machucados. Desde então, ele é como a minha consciência, me lembrando dos meus compromissos, horários, essas coisas. — Ele parece ser um irmão maravilhoso. — Oliver pega tudo e saímos da academia. — Ele é, pena que eu não sou um irmão tão bom assim. — Ele não me olha e percebo que o assunto está encerrado. Na porta da academia, Tray está a postos com mais um segurança, eles nos acompanham até o quarto, e assim que tomamos banho, vamos ao encontro de Jason.


Quarto Round

Minha cabeça não estava preparada para tudo que aconteceu, o dia mal tinha amanhecido, Bree havia chorado no meu ombro e eu estava falando sobre o meu passado com ela. Uma desconhecida, que sabia mais sobre mim, do que eu queria. Eu não sou do tipo de homem que pressiona por informações, não gosto de perguntas. Se eu não as faço, não preciso respondê-las também. Só não esperava, que justamente a mulher que eu tinha prometido não questionar, fosse desvendar todas as minhas verdades. Minha relação com o meu irmão é algo que não costumo compartilhar, nem mesmo com Grant. Não era do meu feitio falar sobre o meu pai, ou sobre como me sinto um merda de irmão. Mas algo nesse pouco tempo de conversa me deixou à vontade. Totalmente fora da minha zona de conforto. Nada disso faz sentido e agora estou tentando achar uma explicação para toda essa merda. — Oliver, você prestou atenção em tudo que eu disse? — a voz irritada do Jason me tira do meu devaneio. Já estamos discutindo sobre os novos contratos há duas horas. Logo após o café da manhã, deixei Bree no quarto para que ela descansasse e segui com Jason para a suíte dele. — Eu confio em você, ok? E realmente não estou com cabeça para isso agora. — Oliver, são seus contratos de patrocínio, é o seu dinheiro. Merda, você está com a cabeça onde? — Você está feliz? — Jason me encara. — O que você está falando? — Eu fiz uma pergunta simples, Jason — falo irritado. — Olha, Oliver, eu não sei onde você quer chegar com essa conversa, muito menos o que você está pensando. — Jason começa a colocar os papéis de volta na pasta. — Eu te fiz uma pergunta. Porra! — Dou um soco na mesa, mas Jason não esboça nenhuma reação. — Por que você está interessado nisso agora? — Você é meu irmão, é a única família que eu tenho. — Levanto e começo andar de um lado para o outro. — Você age como um maldito pai desde que tínhamos quinze anos, sempre me ajudando, me protegendo. Porra, eu sou o mais velho, eu deveria cuidar de você. — Minha voz sai mais alta do que o normal. — Isso não tem nada a ver com idade, Oliver. É ridículo. — Você. É. Feliz? — pergunto novamente, enfatizando cada palavra. — Não, não agora. Se sou feliz no meu trabalho? Sim, eu sou. Se sou feliz como irmão? Sim, eu sou. Mas ainda falta algo Oliver. — E por que você não vai atrás? — Olho para Jason, ele levanta da mesa, mas não fala uma palavra sequer, o seu olhar me diz tudo.


É por minha causa. Saio da suíte dele batendo a porta. Nós nunca discutimos antes, pelo menos não dessa forma. Jason sempre esteve comigo em todos os momentos, sempre foi o meu companheiro, meu amigo. Mas eu fui egoísta o suficiente para não notar que ele também precisava de apoio. E para completar, ainda transei com a namorada dele. — Idiota. — Soco a parede no corredor. Tray apenas me olha, porém não faz qualquer movimento. Entro na minha suíte e vou para o quarto, tirando a minha roupa durante o trajeto. Olho para a cama e Bree está dormindo. Ela parece em paz, diferente de como estou me sentindo. Deito na cama e puxo-a para perto do meu corpo. Ela obedece instantaneamente, me abraçando em seguida. Seu abraço me acalma e o som da sua respiração faz meus músculos relaxarem. — Sexo, Oliver. Ela é linda, mas é só sexo — falo para mim mesmo enquanto a observo dormir. Bree é uma mulher surpreendente, ela me deixou excitado durante os exercícios de alongamento. O tempo todo imaginei as suas pernas enroladas no meu corpo. E depois, a minha boca na sua boceta. Sem mencionar os socos, ela tem uma massa muscular sólida e não tem noção da força que possui. Ver como ela me socava e, em seguida, seu choro, me deixou desorientado. Foi bom consolála, sentir que eu poderia ser seu apoio naquele momento. Relaxo com ela nos meus braços, mas não durmo. Passo o tempo velando seu sono e tentando controlar meu desejo por sexo. — Quanto tempo dormi? — ela pergunta alongando seu corpo. Verifico o relógio, passou apenas uma hora e meia. — Pouco tempo. Ainda está cansada? — Não. — Ela senta na cama e me observa. — Quer sair para almoçar? Podemos ir a um lugar diferente. — Sério? — Ela parece animada. — Sério, você pode escolher o local, é um almoço tardio, mas ainda podemos fazer algo sobre isso. — Você tem alguma preferência? — Não, eu não conheço a cidade. Estou nas suas mãos. — Ah, você não vai se arrepender. Bree sorri, beija meus lábios e corre para o banheiro. Ouço o barulho do chuveiro e sua voz cantando algo. Ela está animada e isso me deixa feliz. — Se quiser podemos ficar e relaxar — falo quando entro no banheiro, ela está se secando. — Vegas não é uma cidade para ficar de pernas pro ar, Oliver, confie em mim. Você tem que estar de volta a que horas? — Minha luta é meia-noite. — Vai treinar? — Não necessariamente. — Tenho você pelas próximas horas, então? — Com certeza. Ganhei mais um beijo como recompensa antes dela se direcionar para o quarto, ela era uma mulher em uma missão. Bree não me deixou tocá-la até que estávamos prontos, era como se ela fosse uma criança e quisesse apenas bater perna por aí. E ela não fez feio, como estamos na Strip, um trecho bastante movimentado da Las Vegas


Boulevard, atrações aqui não faltam. Almoçamos no restaurante do Caesars Palace, foi o único lugar que pude opinar. Logo estava sendo guiado por toda a cidade esquecida por Deus. A cidade do pecado fazia jus ao seu apelido, com seus prédios imponentes e todo luxo e ilusão que essa cidade emana. Não, definitivamente, não é para mim. — Bree, eu ainda estou tentando entender como você me convenceu a isso. — São seis da tarde e estamos na High Roller. Uma roda gigante com aproximadamente cento e sessenta metros de altura. — Por que não me disse antes que tem medo de altura? — Bree sorri. — Eu não tenho medo de altura. — Você quase não abriu os olhos, Oliver. — Isso é um detalhe, eu apenas não gosto de ficar balançando em uma cabine a mais de cem metros de altura. — Isso é ridículo, você deveria ter me avisado, não teríamos entrado. — Você não viu o brilho nos seus olhos quando olhou para essa coisa. — digo abrindo os olhos em seguida. — Eu sempre quis vir aqui — ela confessa olhando para baixo. — Sério, Bree, não se incline assim. — Puxo seu corpo, que fica colado ao meu. — Posso fazer alguma coisa para aliviar essa tensão? — Ah não, não tem nada no mundo que me faça esquecer que estamos tão alto. PUTA QUE PARIU. Rosno quando sinto os lábios dela no meu pau. Filha da puta, abriu a porra do meu jeans enquanto eu estava distraído, com a altura. Sinto quando sua boca curva em um sorriso, a coisa começa a se mexer, mas ela não se detém, Bree continua seu ataque ao meu pau e esqueço de toda essa merda sobre altura. Ela me chupa como um maldito sorvete. Como se estivesse provando algo único. — Bree, se continuar assim eu vou gozar. — Ela para e ergue o rosto. — Pode se libertar. Fecho os olhos quando a sua boca volta a me possuir e, dessa vez, ela é implacável, sugando, acariciando meu pau com a língua. Movimentos suaves que me deixam em um estado quase hipnótico. Quando suas unhas arranham minhas bolas, eu não me contenho. Explodo em sua boca no exato momento que o brinquedo para e estamos na altura máxima. Puxo seu rosto e tomo sua boca, meu gozo ainda em sua garganta. Eu tomo tudo que posso naquele beijo. Um orgasmo não é o suficiente quando estou com ela. Bree sabe disso, suas mãos voltam para o meu pau e ela começa a me masturbar. Minha língua invadindo a sua boca, cada vez mais rápido, cada vez mais duro. Assim como os movimentos da sua mão. Mais uma vez o brinquedo começa a girar, o frio que sinto na barriga se une à formação de mais um orgasmo. Beijo seu pescoço, chupando sua pele sensível, deixando rastros vermelhos por causa da barba, mostrando a quem ela pertence. Não sei se alguém percebe o que está acontecendo ali dentro da cabine, mas eu sim. E é o momento mais erótico da minha vida. Explodo mais uma vez, só que agora na mão dela. Bree sorri, beija meus lábios novamente. — Isso foi perfeito — digo segurando seu rosto com as mãos, beijando-a mais uma vez. — Eu disse para confiar em mim. Bree pega alguns lenços na bolsa e limpa a minha bagunça, ela sorri durante o processo, mas não


fico constrangido. Ela conseguiu me distrair, conseguiu fazer com que esquecesse meu ataque de pânico. Três voltas depois e estávamos no chão, voltando para o hotel. Bree me prometeu um pouco de diversão, então, teríamos tempo apenas para uma troca de roupas. — Está maravilhosa — falo quando ela sai do quarto, ela está com um vestido verde longo, bordado com cristais. Logo que chegamos, vesti um terno e fui para o quarto de Jason enquanto ela se arrumava. Em pouco tempo, ela conseguiu ficar ainda mais deslumbrante. — Você também está lindo, Oliver. — Passo a mão na barba, um pouco constrangido pelo elogio. Eu sei que suas palavras são sinceras e o sorriso que ela dá, me derruba. — Aonde vamos? — pergunto espantando qualquer sentimento confuso. — Ao cassino. — Eu congelo. — Bree, eu não gosto de jogos, eu falei para você. — Sua expressão murcha. — Eu… desculpe-me, Oliver, foi uma ideia idiota, eu apenas estava … desculpe. — Ela gira voltando na direção da porta da suíte. — Ouça, eu que tenho que pedir desculpas, foi idiotice minha, é uma regra estúpida. Vamos sair. — Você não precisa fazer isso, Oliver. — Você foi perfeita hoje, Bree, não vou estragar o nosso dia. Pego sua mão e vamos na direção do cassino. Falei para ela que não ia jogar, mas que ela poderia ficar à vontade. Ela me disse que ia jogar cartas, e confesso que fiquei intrigado. Às oito da noite, estava saindo do cassino, com uma Bree sorridente e cinco mil mais rica. — Você sabe jogar, garota. — Puxo seu corpo e seguro-a pela cintura. — Você me deu sorte. — Sério? — Levanto uma sobrancelha. — Oliver Willers, treze letras, você é meu pé de coelho. — Ela dá de ombros, faço as contas mentalmente, ela está certa, sou o número 13. — Eu nunca tinha feito essa associação. — Jura? Nesse caso, Senhor Pé de Coelho, posso pagar o seu jantar? — Ela abana algumas notas na minha frente. — Não será necessário. — Tem certeza? Esse dinheiro é nosso. — Não, ele é seu, você ganhou. — Mas foi você que pagou a minha aposta inicial. — Tanto faz, se eu deixar você pagar o jantar, encerramos o assunto? Bree sorri e mais uma vez abana as notas na frente do meu rosto. Ela parece bem mais relaxada e falante. Durante toda a tarde ela me contou sobre a sua amiga Liv, sobre como ela é importante, sobre alguns dos seus sonhos e sua fixação por sorvete de chocolate. Pequenas coisas, que faziam dessa mulher, uma pessoa que despertava não só meu corpo, mas a minha mente.


Quinto dia

Mais um dia acordo nos braços dele, Oliver teve mais machucados dessa vez e isso me preocupa. Não quero tirá-lo da sua rotina, e por mais que tenha passado uma das melhores tardes da minha vida, sinto-me um pouco culpada quando olho os seus hematomas. A cada dia, seus oponentes são mais fortes. As dificuldades aumentam, mas ele sempre entra e sai do ringue me lançando o mesmo sorriso que me aquece. Olho para o lado e ele ainda dorme, é cedo, mas hoje não pretendo ser um estorvo. Liv chegará em algumas horas e pretendo passar algum tempo com ela. Assim, Oliver poderá se concentrar no seu treino. Levanto devagar e vou para o banheiro, tomo um longo banho e quando estou escovando os dentes, sinto sua presença. — Já acordado? — Enxugo minha boca. — Você é linda pela manhã. — Seu olhar percorre o meu corpo. — Meus cabelos estão escovados, tomei banho, então não vale. — Não, eu sempre acordo no meio da noite e te vejo dormir, Bree. — Suas palavras me deixam sem reação. Seu olhar é tão intenso, que tenho certeza, logo tomarei um novo banho. — Deixe-me provar você esta manhã, Bree. Oliver me segura pela cintura, me ergue e senta-me no balcão. O banheiro é amplo, e mesmo com todo seu tamanho, ele se move com destreza. Minha toalha é aberta pelas suas mãos habilidosas, sinto cada calo nas juntas dos seus dedos. As mãos dele não são delicadas, são grosseiras, mas seu toque é gentil, uma mistura perigosa para o meu corpo. Sua língua começa a me explorar, ele abre as minhas pernas pedindo passagem. Eu obedeço, me abrindo tanto quanto possível. Oliver lambe a parte interna da minha coxa, passando suas mãos na minha panturrilha, pressionando minha carne, fazendo-me gemer cada vez que ele se aproxima do local que eu tanto anseio. Ele era mais do que bom no quesito tortura erótica, Oliver gostava de ver meu corpo implorando por cada toque seu, cada vez que sua língua tocava minha pele, meus pelos eriçavam e a minha mente sucumbia. Eu queria que ele chupasse meu clitóris, mordesse e fizesse com que eu gritasse palavras desconexas. Ele sabia disparar os meus gatilhos, em poucos dias, Oliver conhecia meu corpo melhor do que eu. — Oliver, por favor — imploro. — Diga que precisa de mim, Bree. — Ele beija a minha boceta. — Diga o que essa boceta tanto quer, ela está molhada, Bree, eu sei o que ela precisa, mas quero ouvir de você. — Quero que você chupe, Oliver, forte. — Será um prazer. E ele chupa, morde, apertando as minhas coxas com as mãos. Seguro seu cabelo com força e seu


gemido faz todas as minhas barreiras se romperem. Não, Bree, você tem um objetivo. Tento voltar a mim e já não é possível. Olho para baixo e a vista me deixa em êxtase. A ponta da sua língua, passando pelas laterais do meu sexo. Eu vejo tudo que ele faz, cada movimento me deixa ainda mais excitada. E quando um dedo me invade, eu fecho os olhos e espero por aquilo que eu sei que ele irá me dar. Um orgasmo, forte, intenso. Assim como ele. Oliver me segura firme, logo sua boxer está no chão, ele me ergue do balcão, cruzando minhas pernas na sua cintura, empurra meu corpo contra a parede e me penetra em um único impulso. Somos apenas nós dois, pele com pele. A sensação é única. Mordo seu ombro, cravando minhas unhas nas suas costas. Ele não para, gemendo, chamando meu nome. Em seguida, tudo gira. Meu mundo é derrubado por mais um orgasmo, logo, minhas pernas tocam o chão. Ele ainda me ampara, enquanto goza por toda a minha barriga. — Você fode com a minha mente. — Sua respiração acelerada une-se à minha, igualmente descompassada. — E você com a minha. — Coloco a cabeça no seu peito, já não sei se tenho forças para andar. Oliver me beija delicadamente, sem pressa, como se isso acalmasse nossos corações. Parece que ambos estamos sentindo a corrida frenética, eu sinto seus batimentos, eles estão tão acelerados quanto os meus. Quando nos damos por satisfeitos, o beijo é interrompido. Como previsto, volto para o chuveiro, mas dessa vez não estou sozinha. Oliver está comigo. Tomamos banho em um silêncio confortável. Não falamos sobre o que aconteceu, sobre a camisinha que não usamos, pelo menos, um de nós foi prudente o suficiente. Eu não era dona da minha mente, nem do meu corpo naquele momento, Oliver agiu certo, na hora certa. — Se importa se eu for almoçar com a minha amiga hoje? — Ela está no hotel? — ele pergunta enquanto nos vestimos. — Sim, deve chegar em algum momento. — Tudo bem, vou passar a manhã e, provavelmente, a tarde na academia. — Grant não está satisfeito, não é? — Ele nunca está, não se preocupe. — Oliver beija minha mão e me ajuda com o fecho do vestido. Saímos da suíte e vamos até o restaurante, são nove da manhã e o local está lotado. Em uma mesa, Jason, Grant e Ryan já estão tomando café. Cumprimento todos, e logo eles engatam em uma conversa sobre a luta do dia. Tomo meu café sem pressa, Oliver me mantém interagindo na conversa, fazendo perguntas ou me instigando a fazê-las. Como professora de ioga, eu conheço algumas coisas sobre o corpo humano e entendo a maioria das coisas que eles dizem, mas eles não precisam saber disso. Quando saímos meu celular vibra, uma mensagem da Liv avisando que está me esperando na recepção. — Liv chegou, tudo bem se eu for? — Você pode ir para onde quiser, Bree — Oliver fala, me abraça e beija meus lábios. — Você sabe onde me encontrar, certo? — Eu sei. Mas não se preocupe, vamos ficar aqui mesmo no hotel, talvez passar o dia no spa. — Faça isso, e não se preocupe, pode colocar na conta da suíte. — Tenho o meu dinheiro, lembra? — Faço um movimento com as mãos imitando o gesto que


tanto fiz ontem a noite. — Na conta do quarto, sem discussão. Eu vou aproveitar tanto desse spa, quanto você, acredite. — Ele morde meu pescoço e sinto todo calor que seus lábios provocam toda vez que tocam a minha pele. — Sem discussão. — Bato continência e me afasto de todos. Quando encontro Liv, ainda estou com um sorriso bobo no rosto. Minha amiga não deixa a minha expressão passar despercebida. — Ai, quem disse que Vegas não é o paraíso? Olha só para você, Bree!!! — Não seja exagerada, Liv. — Abraço a minha amiga, sentindo novamente o cheiro de casa. — Você já se olhou no espelho hoje? — Lembro das palavras do Oliver pela manhã, o banheiro, o sexo sem sentido. — Ah, sua safada, você está aproveitando cada segundo com o lutador, não é? Eu não preciso falar, meu sorriso já é uma resposta. É tudo tão errado, mas nada poderia me preparar para um errado tão perfeito. Liv vibra quando conto sobre o nosso dia, spa com todos os serviços que temos direito, almoço no restaurante do hotel e uma tarde na piscina. Minha amiga aproveita cada segundo, ao mesmo tempo me atualiza de tudo que aconteceu na minha ausência. É nesse momento que a saudade, unida à culpa, resolve visitar o meu subconsciente. — Não faça essa cara, Bree, está tudo indo maravilhosamente bem. — É isso que me assusta Liv, muita perfeição, muitos sorrisos. Essa não é a minha vida, entende? — Mas é o que a vida finalmente resolveu te dar e não poderia ter sido em um momento mais perfeito, Bree. Deus sabe com quantos caras você já teria transado se não fosse o Oliver. — Tem razão. — Respiro mais aliviada. — Então, vamos relaxar e aproveitar a vista. — Liv aponta para a piscina. Poucas pessoas ainda estão no local, estamos no meio da tarde e o clima está maravilhoso. Minha pele começa a ganhar um tom mais corado e aproveito para deitar na espreguiçadeira e tentar relaxar. Liv não para de falar, cada segundo é como se as novidades fossem se multiplicando. — Ah, Bree, ela está cada dia mais linda, você precisa ver, e… Liv para de falar de repente e sinto uma revista sendo jogada na minha perna. Pego o papel e vejo uma foto minha e do Oliver, estampada na capa, estávamos nos divertindo no cassino. — O que é… — Pelo visto a senhorita está muito bem acompanhada. — Olho para o dono da voz e todos os meus pesadelos se materializam. — Carter! — Olá, Bree. — O que você está fazendo aqui? — Carter afasta a minha perna sem nenhuma gentileza e senta na espreguiçadeira. — Verificando como andam os meus negócios. E pelo visto, eles andam bem. Me diga Bree, já conseguiu o meu dinheiro? — Ainda não, Carter, mas eu vou ter no prazo que você estipulou. — Está brincando com o playboy famoso? — Ele aponta para a revista, minha expressão fica impassível, Liv também não fala nada. Carter Bennet III é o motivo de toda essa loucura, é para ele que Dylan deve os cem mil, é por causa dele que estou aqui hoje. — Eu já tenho metade da grana, Carter, o resto no dia combinado. — Transfira o valor que você tem para essa conta. — Ele me dá o cartão com algumas


informações anotadas. — E Bree, se você ia se vender, bastava falar, eu te compraria com prazer. — Eu preferiria morrer, Carter. — Dylan fez a escolha dele, não faça a mesma burrice. — Ele segura o meu rosto, puxando para próximo ao dele, Carter me olha profundamente e um pânico me atinge. Ele vai me beijar. Carter sorri e beija meu queixo. Eu tenho vontade de vomitar. Ele coloca uma caixa na espreguiçadeira, levanta e vai embora seguido de dois homens. — Esse cara me dá arrepios — Liv fala, e eu não consigo tirar os olhos da caixa. Seguro o objeto e Liv me olha com curiosidade, não tenho certeza se quero abrir. — Não prefere abrir no quarto? — Olho a caixa, ela está tão leve que me pergunto se há mesmo algo ali dentro. — Não, vou fazer isso de uma vez. Abro a caixa e meu coração se despedaça pela última vez, pois dessa vez, eu tenho a absoluta certeza que o homem que causou tantos danos, não vai mais poder fazê-lo. Ali, há uma foto do Dylan, no chão, em meio a uma poça de sangue. Seus olhos abertos, assustados e um buraco de bala entre eles. — Puta merda! — Liv fala levando a mão a boca, estou em choque e não consigo falar absolutamente nada. — Você está bem, Bree? Quer voltar para o quarto? — Eu… eu… preciso de uma bebida. Liv não questiona, fecho a caixa novamente, pegamos as nossas coisas e vamos até o bar. Liv pede duas doses de tequila, precisamos de algo tão forte quanto aquela maldita foto. Na terceira dose, minha visão já está turva, estou curvada, com as mãos cruzadas no balcão tentando conter as lágrimas. — Bree, não fique assim. — Ele não merecia isso, Liv, eu vou pagar a maldita dívida, ele me deu um prazo, droga. — Bree, ele nunca prometeu nada sobre o Dylan, você sabe o porquê está pagando essa dívida. Mais lágrimas rolam e mais uma dose de tequila é servida. Perco a noção da hora e quando saímos do bar, já é noite. — Vou ficar no mesmo quarto que estávamos, mas amanhã cedo eu vou embora, ok? — Liv fala quando vamos até o elevador, pessoas nos encaram como se fôssemos de outro planeta, contenho minha risada bêbada, afinal, nossos trajes não estão apropriados para o horário. Cangas e chinelos destoam dos longos luxuosos. — Tudo bem, eu vou ficar bem. Eu quero apenas me jogar na cama e esquecer aquela foto. Antes de sairmos do bar, Liv me fez rasgar a foto, em tantos pedaços, que seria impossível reconstruí-la, agora ela estava no fundo de uma lixeira qualquer, assim como Dylan. Eu despeço da minha amiga e sigo para o décimo terceiro andar. Olho novamente o horário e provavelmente perdi a luta do Oliver. Não lembro se cheguei a perguntar o horário, ou perguntei? Minha mente está confusa, um pouco pela tequila, um pouco pela tristeza. As portas se abrem e saio do elevador, quando chego na porta do quarto, Tray me para. — Senhorita, o Sr. Willers pediu para que esperasse. — O quê? Ok, eu espero aqui dentro, ele ainda está lutando? — Tento focar a minha visão, estou enxergando dois Trays, balançando de um lado para o outro. — Não, senhorita, a luta já terminou, ele está na suíte, mas está ocupado. — Oh, e foi tudo bem? Ele ganhou? — Ele nega com a cabeça. Droga.


— Ele está em alguma reunião? Eu realmente preciso entrar Tray, vou direto para a cama, prometo. — Senhorita, as ordens são claras, ele pediu que esperasse… As palavras de Tray são cortadas por um barulho na porta, na verdade, foi mais parecido com um terremoto. Como se algo tivesse colidido. Ele estava brigando com alguém? — Isso, campeão, me fode. Assim mesmo. Uma mulher gritava do outro lado. Mas que porra é essa? Quando o entendimento me bate, eu me afasto da porta como se estivesse tomado um choque elétrico, colido com a parede no outro lado do corredor, meu corpo cai vagarosamente, até minha bunda atingir o chão frio. Ele está com uma mulher, está transando com uma mulher. Fico parada olhando para porta, Tray não se mexe, mas seu olhar de pena é o suficiente para que me sinta ainda mais humilhada. Oliver está me lembrando de quem eu sou. Uma prostituta, foi nisso que me transformei, mesmo que por dez dias, mesmo que sejam dez dias ao lado do melhor homem que já conheci, ele apenas está me mostrando que eu sou a prostituta. A sua prostituta pelos próximos cinco dias.


Quinto Round

Fodendo. Era isso que eu estava fazendo nesse momento. Duro, forte, sem emoções, apenas meu pau se satisfazendo. Vazio. Era assim que estava me sentindo enquanto a mulher gemia contra a porta, seus gritos implorando por mais, não eram nada comparados aos da Bree, não faziam meu corpo vibrar com vontade de satisfazê-la. Passei o dia na academia, parando apenas para almoçar, Grant estava determinado a arrancar o meu sangue, se necessário. No início, estava distraído. A lembrança do sexo no banheiro ainda estava fresca na minha cabeça. A sensação que tive quando a penetrei sem camisinha, foi indescritível. Bree era minha, por inteiro. Até que eu a vi hoje à tarde, linda, sensual. Aproveitando a piscina. Um homem, que eu nunca tinha visto aqui pelo hotel, sentou ao seu lado. Ele a tocou, ele quase a beijou e antes de sair deixou um presente. E ela pegou a caixa. Naquele momento, percebi que ela não pertencia a ninguém. Saí dali furioso comigo mesmo, que porcaria eu estava pensando? Uma prostituta? Sério? Hoje eu não rendi no ringue e se não fosse tantos pontos acumulados nos dias anteriores, eu estaria fora. Fora da única coisa que me mantém em linha reta, a única coisa em que sou realmente bom. Ela não podia foder com a minha concentração dessa forma. Ela era uma prostituta, eu tinha que me lembrar disso. Uma prostituta como a que estou fodendo agora. Dinheiro, essa é a palavra-chave. Quando a mulher goza, ela grita, me chamando de campeão. Não é o meu nome que sai da sua boca, não é o som da voz da Bree. Gozo em seguida, respirando pesado. Eu fodi como um animal, buscando apenas por libertação. — Você é o melhor. É um fenômeno, dentro e fora do ringue. Ela arruma o vestido e eu visto a calça, pego a minha carteira e lhe dou o pagamento. — Obrigada, se precisar, já sabe como me encontrar. Ela desliza um cartão no bolso do meu jeans e abre a porta, olho para fora e aponto para Tray acompanhá-la até o elevador. Ele me olha e depois seu olhar vai para o chão, para o outro lado do corredor. Lá, sentada no chão, abraçada às pernas, está Bree, ela não levanta o rosto, eu não tenho certeza se me viu. — Mande-a entrar — digo para Tray e escuto quando ele a chama. — Senhorita? Já pode entrar. — Não ouço a resposta dela, sigo direto para o banheiro. Tomo um longo banho, demorando mais do que o necessário, e quando saio ela está em pé, ao lado da porta, com uma muda de roupas no braço aguardando para entrar.


Seu rosto está inchado e vermelho, assim como seus olhos. Ela passa por mim sem dizer nada, fechando a porta em seguida. A trava na fechadura é minha deixa para ir para cama. Uma hora passa e ela ainda está lá dentro, penso em bater na porta, mas para o meu alívio ela sai. Está usando um pijama de flanela, simples, sem nenhum atrativo. Diferente das lingeries atraentes dos dias anteriores. — O que houve com as suas roupas? — pergunto quando ela deita. — Essas são as minhas roupas — sua resposta é fria, e ela se enrola no edredom como uma bola. Passo as mãos no meu cabelo, um misto de arrependimento e raiva tomam conta dos meus pensamentos. — Sinto muito pela sua luta — ela fala sem se virar. — Está tudo bem, ainda estou no torneio. Bree, nós… — Nós precisamos dormir. Campeão. Suas palavras são frias e desdenhosas, quem ela pensa que é para falar desse jeito? Foi ela que deixou outro homem tocá-la. Giro o meu corpo e fico em cima dela. Forçando-a a me encarar. — Abra os olhos, Bree. — Ela permanece com eles fechados. — Saia de cima de mim. — Bree não se mexe, ou luta, ela apenas fala com toda mágoa que parece sentir. Ela ainda não abre os olhos. — Eu não vou forçá-la a nada, Bree, mas você não tem o direito de falar comigo nesse tom. Não depois de deixar outro cara tocar em você. — Saio de cima dela. — Ele não me tocou. — Eu sorrio. — É claro que não e nem deixou um presente para você. Nunca fui idiota, Bree, mulheres como você nunca me enganaram, não vai ser agora que isso vai acontecer. — Levanto da cama procurando algo para vestir. — Ele não me entregou um presente. — Não? Jura? Não lembro de ter bebido, ou me drogado para estar tendo alucinações. Diferente de você. — Aponto o dedo na sua direção, ela já está sentada na cama e seu aspecto é deprimente — Você está cheirando a álcool, eu fui claro com você, Bree, nada de drogas, nada de outros caras, eu fui fraco quando permiti que jogasse no cassino. — Ele não me deu um presente. — Ela fica em pé na cama e começa a gritar — Você é um imbecil, Oliver, a porra de um imbecil. — Ela aponta o dedo na minha direção. — E você é a porcaria de uma prostituta barata. — Ela cai de joelhos no colchão. — Desculpe, querida, vou me corrigir — eu me aproximo tocando seu queixo —, você foi a puta mais cara que já deitou na minha cama. Beijo seus lábios sem fechar os olhos, ela não retribui, está tão chocada com as minhas palavras quanto eu. Eu me afasto e ela fica na mesma posição, vou na direção da porta. Preciso sair desse lugar. — Idiota. — Ela atira a primeira coisa que encontra ao lado da cama, o objeto encontra a parede e cai em pedaços no chão. Era a droga do meu celular. Saio da suíte e vou para o quarto do meu irmão. Como eu tenho a chave, não preciso bater, eu também tenho certeza que ele está sozinho. O cômodo está em silêncio, então entro no quarto conjugado. Eu me jogo na cama e penso em todas as palavras que saíram da minha boca. Fui rude, um verdadeiro idiota, como ela mesma disse, mas quando fecho os olhos, são as malditas mãos dele que consigo visualizar. As mãos dele tocando o rosto dela.


Sexto Dia

Acordo com o sol batendo no meu rosto, estou sozinha na cama e tenho certeza que a suíte está vazia também. A noite de ontem foi tão turbulenta, que esqueci de fechar as cortinas. Uma bela maneira de acordar, com ressaca, depois da pior noite da minha vida. O problema é que a única vontade que sinto é de fechar as cortinas e continuar deitada, não quero sair, não quero vê-lo. Saber o que ele fez com outra mulher aqui, enquanto eu estava fora e depois tudo que ele falou, faz o meu estômago embrulhar. Só que no fundo, ele não estava totalmente errado. Mas eu também não podia deixá-lo saber a verdade. Não posso envolver mais pessoas nisso, se Carter souber que tenho o mínimo de interesse nele, irá me chantagear até conseguir todo dinheiro que for capaz. E isso eu não posso permitir. — Coragem, Bree — digo olhando para o teto, alguns minutos passam até que finalmente consigo reunir a pouca dignidade que me resta, junto com meu orgulho e vou fazer minha higiene. Visto um vestido longo, florido, em seguida, saio do quarto. Preciso conversar com Jason para saber como vai ser daqui para frente. Oliver viu quando Carter me abordou, mas ele não entendeu, ele não tinha como saber. A cena foi simulada para parecer exatamente o que ele viu. Um flerte, um presente. Mal sabia ele que aquele presente era o encerramento de uma parte da minha vida. — Bom dia, Bree — Jason me cumprimenta assim que abre a porta, ele ainda está somente com sua calça de pijama. — Desculpe bater aqui, mas eu preciso conversar com você. — Não tem problema. Entre. — Ele me dá passagem e entro. — Jason, se eu estiver atrapalhando algo, posso voltar em outro momento. — Você não está atrapalhando. Já tomou seu café? — Ainda não. — Me acompanha? — Ele sorri e me leva até a mesa que está arrumada. — Hoje eu tenho uma série de trabalho para fazer, então, resolvi ficar aqui mesmo. — Jason fala explicando o motivo da mesa posta. — E Oliver? Onde ele está? — É sobre isso que eu vim falar. — Sente-se, Bree. — Ele puxa a minha cadeira, agradeço e ele senta na minha frente. — Ontem aconteceram algumas coisas e seu irmão está furioso comigo. — Que tal você tentar me explicar por que outra mulher estava no quarto ontem à noite? — Olho para Jason assustada. — Isso somente ele pode contar, Jason. — Ele perdeu a luta de ontem, estava nervoso e desconcentrado. Ele nunca ficou assim, Bree. — Ele viu uma pessoa comigo. — Com você? Você não estava com uma amiga? — Sim, estava, mas… — respiro fundo — um cara apareceu, ele é alguém que me conhece, e Oliver entendeu tudo errado.


— Ele ficou furioso com você porque estava conversando com um amigo? — Sim, mas ele viu quando ele beijou meu queixo e deixou um presente em cima da espreguiçadeira. — Um presente? — Jason, têm muitas coisas que não posso explicar, na verdade, não gostaria de explicar. Mas a caixa que foi deixada não era um presente, era um aviso. — Qual o tamanho do problema que você se meteu, Bree? — O tamanho de cem mil dólares. — Então isso está resolvido, você já tem a metade terá o restante no final do décimo dia. — Eu não sei se Oliver vai querer ficar comigo depois de tudo que aconteceu ontem, Jason, ele foi rude, foi cruel. — Quem é você, Bree? De verdade, você não dá a impressão que se encaixa nisso tudo. — Eu… Paro de falar quando o vejo entrar na sala, seu cabelo bagunçado e as olheiras denunciam sua falta de sono. Droga, quanto ele escutou? — Você pode me avisar quando vier dormir aqui sem ser convidado? — Jason fala para ele. — Estou atrapalhando alguma coisa? — seu tom frio arranca um careta de Jason. — Desculpe, Jason, podemos conversar depois? — Começo a me levantar sem esperar sua resposta. — Fique à vontade, senhorita, eu já estou de saída. — Oliver faz uma reverência em tom de desdém. Sinto-me tão humilhada que não consigo falar nada. — Bree, vá para o seu quarto, meu irmão e eu precisamos fazer alguns ajustes. Jason me acompanha até a porta deixando Oliver parado no meio da sala. — Obrigada, vou ficar esperando. — Tudo será mantido, Bree, nada vai mudar. — Jason, por favor, não é isso que eu quero, basta me dizer se terei que devolver o valor que vocês me pagaram, eu ainda tenho tempo e posso conseguir o restante. — Você não precisará devolver nada, fique tranquila. — Obrigada. Saio do quarto e vou em direção ao restaurante, não quero voltar para a suíte ainda. As memórias daquela mulher gemendo contra a porta me atormentam. Vou até o quarto de Liv, preciso me despedir antes que ela se vá. — Sua cara está péssima. — Liv me abraça assim que entro no quarto. — Não tive minha melhor noite. — O que aconteceu? Conto como foi desastrosa a minha volta para a suíte ontem, como foi asqueroso ouvi-lo transando com outra mulher. Como suas palavras me feriram, muito mais do que o tapa que levei daquele velho tarado. A dor física eu podia suportar, mas a dor que Oliver me causou era diferente, ela não curava com medicamentos ou repousos. Palavras não te ferem como facas, não, elas vão mais fundo, arrancando cada pedaço da sua dignidade, do seu orgulho, do seu amor próprio. E foi isso que ele fez comigo, me reduziu a nada com as suas palavras. — Bree, eu não sei o que dizer. — Liv tenta me consolar enquanto eu finalmente permito que


minhas lágrimas corram soltas. Ontem foram tantas informações que eu não tinha certeza o motivo delas. Se era pela morte de Dylan, pela mulher que vi sair, pela humilhação que passei esperando do lado de fora do quarto, ou por ouvi-lo chamar-me de prostituta. Mas agora, abraçada à minha amiga eu sabia, eu chorava por ele. Pelo homem que conseguia acender cada molécula do meu corpo, Oliver. O meu número treze, o número que para mim, significava sorte e azar. — Eu preciso que leve isso. — Pego o dinheiro que ganhei no cassino e entrego a ela. — Uau, como você conseguiu isso? — Cartas. — Dou de ombros — Leve para as despesas. — Tudo bem. E você? O que vai fazer agora? — Eu ainda não sei. Jason está conversando com ele e realmente não sei o que vai ser acertado. — Será que ele vai querer que você devolva tudo? — Não, Jason me garantiu que o que eu tenho é meu. E falando nisso, preciso que transfira o valor para a conta do Carter assim que chegar em casa. — Entrego o cartão com os dados que Carter me passou. — Tudo bem, assim que estiver ok, eu aviso você. — Ok. Conversamos mais um pouco, até que ela precisou ir. Acompanhei-a até a saída do hotel, e quando me virei e olhei para cima, respirei fundo e pedi aos céus que me desse força suficiente para não desistir. Quando subo, Tray me cumprimenta, mas não menciona nada sobre a noite anterior. Percebo que Oliver está na suíte, porque além de Tray, ainda tem mais dois seguranças no local. Entro no quarto apreensiva, olho em volta e tudo está calmo. Largo minha bolsa e sento no sofá, prendo meu cabelo e deito a cabeça no encosto. — Só mais alguns dias — falo baixinho. — Ansiosa para se livrar de mim? — Abro os olhos e dou de cara com Oliver bem na minha frente. Ele está usando apenas a sua bermuda de treino e suas mãos estão com as bandagens. — Não estava me referindo a você. — Fico em pé. — O que aconteceu ontem? — ele pergunta tocando meu rosto com os dedos. — Tive um dia ruim, Oliver. — Fecho os olhos absorvendo seu toque. — Não, Bree, o que aconteceu com nós dois? Eu preciso saber o que aconteceu, não vou te julgar. — Vamos sentar. — Pego sua mão e ele senta ao meu lado, respiro fundo tentando organizar os meus pensamentos, ele merece saber a verdade, pelo menos uma parte dela. — O cara que você viu comigo, ele é alguém que faz parte da minha vida, de uma certa forma. — É algum namorado? — Noto a dificuldade dele em fazer essa pergunta. — Não. Carter foi apenas um mensageiro de uma má notícia. — O que está acontecendo, Bree? — Oliver, existem coisas que é melhor não mexer. Eu estou aqui por um motivo, mas eu não quero envolver mais pessoas nisso tudo. — Eu não sou idiota, Bree — ele segura forte a minha mão —, mas eu vou respeitar seus segredos, todos nós temos algo a esconder. — Obrigada, só peço que confie em mim, Oliver. Está tudo sob controle. — Eu vou confiar, mas eu não quero que você hesite em me procurar caso algo dê errado, ou se


você estiver correndo algum risco. — Oliver… — Prometa-me isso, eu não vou fazer mais perguntas, mas preciso da sua palavra. — Eu prometo — minha voz sai embargada. — Não quero sentir de novo o que senti ontem, Bree, eu fiquei fora de controle. — O que você sentiu? — Ciúme, Bree, foi isso que senti quando vi aquele cara tocar você. Um ciúme maldito e incontrolável. Oliver segura a minha cintura, puxando meu corpo mais para perto. Sua boca roçando a minha devagar. — Eu não vou fazer nada que você não queira, Bree. Então, por favor, me diga que você me quer agora. — Eu quero você, Oliver. — Como? — Dentro de mim — consigo falar antes da sua boca começar a devorar a minha. Suas mãos são impiedosas, as bandagens roçando pela minha pele, me marcando. Seu beijo é diferente, é intrusivo, reivindicador. E eu me entrego; com um beijo estou totalmente entregue a ele novamente.


Sexto Round

Quando acordei e a vi sentada na mesa ao lado de Jason, não sei explicar como me senti, enciumado talvez? Arrependido, com certeza. Mas ao mesmo tempo, eu fiquei aliviado, depois de tudo que eu disse, eu não merecia que ela ainda estivesse aqui. E quando fui nada menos que grosseiro novamente, ela se foi, e Jason conversou comigo. Ele não me contou sobre o que falaram, mas explicou que eu precisava confiar nela, e ele tinha certeza de que o que aconteceu, não era nada daquilo que imaginei. Eu não precisei contar a ele tudo que eu disse, ou o que eu fiz, ele sabia, meu irmão me conhecia melhor do que qualquer pessoa. Quando voltei para a suíte, ela ainda não havia retornado, olhei no closet e vi suas roupas, percebi que ela não havia ido embora. E o alívio final veio quando ouvi a porta abrir e a vi sentada no sofá, absorta com seus pensamentos. Confessar que senti ciúme quando a vi com outro homem não foi uma tarefa fácil, mas seu olhar fragilizado conseguiu derrubar qualquer maldito pensamento coerente meu. Ouvir suas confissões, mesmo que vagas, me deixou em alerta, eu já estive com mulheres como ela o suficiente para saber o tipo de perigo que homens como Carter podem significar. Agora, estava com ela, com as pernas na minha cintura, encostada na porta, gemendo o meu nome. — Você vai me deixar cheia de marcas. — Ela sorria enquanto eu a penetrava, minhas mãos cravadas na sua cintura. — Eu sou um lutador, Bree, minhas mãos não foram feitas para serem delicadas. Controle o volume dos seus gemidos e eu controlo a minha força. Beijo seu pescoço, fazendo-a tremer. Começo a penetrá-la com mais força, chocando seu corpo contra a porta. Bree ainda está com seu vestido, apenas enrolado na cintura. Enquanto eu, estou apenas com as bandagens nos punhos. Sinto os músculos da sua boceta apertarem meu pau a cada estocada. Ela está amando cada segundo disso. — Quero ouvir você gritar o meu nome, Bree, quero que a porra do hotel inteiro saiba a quem você pertence. Nem que seja apenas por mais alguns malditos dias. Bree me olha e em seguida puxa o meu pescoço, ela morde meus lábios até que eu consigo sentir o gosto de sangue na boca. Nosso beijo se torna cada vez mais intenso e minhas estocadas mais profundas, Bree geme na minha boca e quando gozamos juntos, o som dos nossos nomes é abafado pela intensidade dos nossos beijos. Seguro-a nos meus braços e a deixo no sofá, tiro o preservativo e descarto na lixeira, vestindo minha bermuda logo em seguida. Eu mal consigo me lembrar de como fomos parar na porta, perdi a cabeça quando a ouvi dizer que me queria dentro dela. Vou até o banheiro e molho uma toalha, quando volto, ela está na mesma posição, seu cabelo bagunçado, alguns fios grudados no seu rosto e pescoço por causa do suor. Ela não poderia ficar mais linda. — Venha, deixe-me ajudar você.


— Não precisa. — Ela sorri pegando a toalha da minha mão. — Tenho uma menina independente aqui? — Com certeza. — Ela limpa o suor do seu rosto e pescoço. — Já estou atrasado, você quer ir para a academia comigo? — Eu vou precisar tomar um banho antes, estou toda suada. — Está linda e gostosa. — Beijo seu colo. — Estou suada e cheirando a sexo. — E isso é ruim? — Você me entendeu. — Ela bate no meu ombro com a toalha. — Você não se importa? — Não me importo, à tarde podemos treinar um pouco juntos, o que você acha? — Acho perfeito. — Vejo a animação tomar conta do seu rosto. Bree me acompanha até a porta. — Bree, sobre ontem… — Nós dois tivemos um mau momento, Oliver, vamos deixar isso para trás. — Eu me arrependo de cada palavra que saiu da minha boca, você não merecia nada daquilo. — Obrigada. Beijo seu rosto e saio para a academia. Grant vai me fazer suar pelo atraso, mas algo nisso tudo me faz sorrir, e eu sei o que é. O cheiro dela ainda está no meu corpo, o som dos seus gemidos na minha mente e seu gosto na minha boca.



Sétimo Dia

Paro para admirar a cena na minha frente, Mind, do Skrillex toca alto, e Oliver está cantando a plenos pulmões. “And I love when You’re on your knees and begging for me You got me good with all these mind games There you go, you got my heart again” ------------------------------------------------------------------"E eu amo quando Você está de joelhos e implorando por mim Você me pegou com todos esses jogos mentais Lá vai você, você tem meu coração novamente."

Ele mexe o corpo conforme o ritmo da música, e tenho que confessar, o homem leva jeito. Hoje ele acordou animado, depois da vitória no round de ontem, ele parecia outra pessoa, mais leve, focado. Nosso café da manhã foi na cama, em seguida, ele foi para o treino. Almoçamos com toda a equipe e a animação era geral. Todos estavam otimistas, se Oliver pontuasse bem hoje ele estaria automaticamente na final. Eu continuo assistindo o pequeno show, quando ele me nota e desliza na minha direção, ainda dançando. Coloca as mãos na minha cintura me conduzindo em uma dança particular. — E eu amo quando, você está de joelhos e implorando por mim — ele sussurra uma parte da música, brincando com o lóbulo da minha orelha. — Você está animado hoje — digo sem conseguir me desvencilhar. — Diga meu nome, eu quero ouvir você chamar — ele continua cantando, inclinando meu corpo para ter mais acesso. — Deus, Oliver, você não vai parar? — Sorrio enquanto sua barba arranha a pele do meu pescoço. — Vai pedir para parar, Bree? — Ele para seu ataque e sorri aguardando a minha resposta. — Você me prometeu que íamos treinar, estamos atrasados. — Pare de andar com Jason, está ficando obcecada com horários. — Vamos lá, dançarino, eu pretendo derrubar você hoje. — Puxo sua mão ao mesmo tempo que pego a bolsa de ginástica em cima do sofá. — Ah, Bree, você já fez isso. — Ele beija a minha mão e eu finjo que não entendi suas palavras. Cada dia que passa nossa intimidade cresce, ontem à noite, quando a luta acabou, Oliver transou comigo de uma forma diferente. Ele beijou cada centímetro da minha pele, me fez gozar na sua boca, sussurrou palavras de carinho, disse o quanto eu era linda e como me desejava. Tive o orgasmo mais intenso da minha vida, com ele em cima de mim, minhas pernas no seu ombro, ele me penetrou profunda e lentamente.


— Então, Bree, como será que você vai conseguir me derrubar? — ele fala quando subimos no ringue, eu não faço ideia do que responder. — Posso chutar suas bolas — falo a única coisa que me vem à mente, ele faz uma careta. — Isso seria golpe sujo mocinha. — Você nunca me passou as regras. — Dou de ombros. Oliver sorri e avança na minha direção, corro em volta do ringue, até que ele me pega. E assim começamos nosso treino. Oliver me ensina como eu posso me livrar de um homem, caso ele tente me imobilizar. Ele é grande demais e eu faço várias tentativas até que finalmente acerto o golpe. Seu sorriso orgulho mostra que fiz um bom trabalho. Mas não é o suficiente, Oliver continua treinando comigo até o final da tarde, quando saímos completamente exaustos da academia. — Eu preciso de um remédio para dor — digo segurando as minhas costas, sinto meus músculos doendo apenas com o movimento do vento. — Não seja dramática. — Oliver abre a porta do quarto e acende as luzes. — Estou falando sério, eu não consigo nem caminhar até o banheiro. — Eu me jogo na cama de qualquer jeito. Oliver me coloca em uma posição melhor e tira minhas roupas e tênis. Ele me deixa apenas de roupa intima. — Tenho uma reunião com o Jason agora, quando voltar vou me arrumar para a luta de hoje, você pode descansar, ok? — Tudo bem, mas você tem que me acordar quando chegar, eu não perderia a sua luta hoje por nada. — Combinado. — Oliver me beija e sai do quarto, puxo um travesseiro e deixo o sono me embalar, eu preciso estar disposta para vê-lo lutar.


Sétimo Round Deixo Bree dormir, troco de roupa e vou me encontrar com o Jason, ele me enviou uma mensagem informando que estava no bar do hotel. Quando estou me aproximando do local, Cooper cruza o meu caminho. Ele está acompanhado de uma mulher que sorri a cada palavra que sai da sua boca de merda. — Não vai dar boa noite, Oliver? — Ele para com a sua acompanhante bem na minha frente. — Boa noite idiota. Senhorita. — Faço um movimento com a cabeça e ela sorri. — Onde está a sua vagabunda? — Fecho os punhos e respiro fundo. — Fecha a porra dessa boca, Cooper. — O que foi? Falei alguma mentira? Está em todos os jornais e revistas de fofoca, não é novidade para ninguém que você curte as piranhas. Avanço na direção dele, nossos corpos colidindo e caindo no chão. Eu estou por cima dele, com o punho pronto para bater no seu rosto quanto ouço um grito. — Oliver?! — Bree? — Não faça isso — ela diz e eu olho para Cooper, o desgraçado nem ao menos reagiu, seu sorriso presunçoso mostra qual era a sua intenção. Levanto e consigo segurar toda a raiva que sinto. Eu poderia acabar com esse sorriso em dois segundos, mas estaria fora no torneio. — Te vejo em dois dias, babaca. — Ando na direção da Bree e ela me abraça. — O que aconteceu? — Você não estava dormindo? — falo passando a mão no seu cabelo. — Logo que você saiu, não consegui dormir, então resolvi descer e comprar algum analgésico na farmácia. — Está com dor? — No corpo inteiro, para ser sincera. — Venha, vou providenciar o remédio e depois vamos comer. — Você não tem uma reunião? — Tenho, e vamos logo porque Jason detesta atraso. Ela sorri e segura minha mão. Jason não fala nada quando chego com a Bree ao bar. Ele pega sua bebida e seguimos para o restaurante do hotel. Enquanto aguardamos nossas refeições, peço para o garçom providenciar algum analgésico para Bree. Grant se junta a nós após o jantar. Como Bree ainda está cansada, decidimos continuar com a reunião na minha suíte. Assim que chegamos, Bree pede desculpas e vai dormir. Jason começa a repassar tudo, alguns patrocinadores novos que ficaram satisfeitos com o meu desempenho e alguns novos contratos de publicidade. — Assim que voltarmos para Seattle, retomamos a nossa rotina — Jason fala e eu concordo. — Oliver precisa estar cem por cento para essa nova etapa, a nova temporada promete render milhões. O boxe voltou a ser popular por sua causa — Grant fala apontando na minha direção.


— Ele está ciente disso, sabe que teremos um ano intenso. — Eu sei das minhas responsabilidades, não preciso de babá. — Pego uma garrafa de água que está na mesa, derramando praticamente todo conteúdo na minha boca. — Tenho minhas dúvidas sobre isso — Jason fala com um sorriso sarcástico. Ignoro o comentário e prosseguimos, Grant me explica como será a nova temporada, os locais e os valores. O que é bastante estimulante. Uma hora depois e já com a reunião encerrada, Grant vai para o quarto trocar de roupa, vamos nos encontrar logo mais para a luta. — Como está tudo? — Jason pergunta quando Grant sai. — Você quer dizer com a Bree? — Isso. — Estamos ok. — E sobre o que aconteceu? — Não vai se repetir Jason, eu e Bree temos um acordo que terminará em poucos dias. Assunto encerrado — Tudo bem, eu só não quero que se meta em alguma confusão. — Está tudo certo, eu sei onde estou pisando. E quanto a você, notícias da Helena? — Jason passa a mão no cabelo em frustração. — Nada, quando ela atende o celular sempre está ocupada, não conseguimos conversar. — Ela não mencionou nada sobre o bebê? — Não, apenas disse que não é para me preocupar com isso. — Jason, eu… — antes que comece a falar, Bree entra na sala. Ela nos olha e por um momento parece constrangida. — Desculpem, eu não queria atrapalhar. — Você não atrapalha, eu já estava de saída. Nos vemos mais tarde — Jason se despede e nossa conversa é adiada. — Que horas você vai ter que descer? — Bree se aproxima e eu a puxo para o meu colo. — Daqui a alguns minutos. — Beijo a sua orelha. — Nesse caso, acho que vou me arrumar. — Tudo bem, mas antes fique aqui comigo mais um pouco. — Ficar aqui? — Sim, apenas assim. Deixe-me abraçar você. — Seguro-a contra o meu corpo e ficamos imóveis até a hora que precisamos nos arrumar. *** O local está lotado, com a aproximação da luta final, cada dia mais apostadores novos entram na jogada. Os valores dos prêmios sobem de acordo com o aumento das apostas. Isso faz Jason e Grant felizes. Para mim, o que me fará feliz é ver cada osso do rosto de Cooper sendo esmagado pelo meu punho. — Oliver, escute. Se você pontuar hoje, amanhã não vai lutar, serão três lutadores na mesma noite, dois antes da luta final. Então, pontue e amanhã poderá descansar. — Entendi. — Sem distrações, Oliver. — Grant olha em direção à Bree, que está conversando com Jason. — Eu não sei o que deu em você na última vez, mas eu sei que tem a ver com aquela mulher, então se você quer ganhar, esqueça-a por enquanto.


Olho para a Bree, ela está absorta em uma conversa com Jason, eles parecem se dar relativamente bem, ela sorri vez ou outra, assim como ele. É difícil vê-lo interagir assim com outra mulher, mas Bree é mais do que isso. Seu sorriso é como a droga de um ímã, ele atrai e te prende. Não tem como escapar. Olho para Grant, apenas concordo com a cabeça, no fundo eu sei que ele tem razão. Eu preciso pensar no que eu vim fazer aqui. Bree terá que ficar em segundo plano.


Oitavo Dia

As noites já não estão tão fáceis, Oliver volta cada dia mais machucado, eu tremo a cada round que ele luta. Assim como as lutas estão ficando difíceis, nossas noites juntos também. Ele chega exausto de cada luta e eu o ajudo a relaxar. Oliver dorme deitado no meu colo como uma criança, enquanto conversamos sobre o torneio. Essa noite foi exatamente assim, enquanto eu contava como era a sensação de assistir tudo, minhas mãos massageavam seu couro cabeludo, até que ele adormeceu. Olhar esse homem tão grande, adormecido nos meus braços não me faz bem, sensações que eu me recuso a ter começam a permear meu corpo e minha mente. Assim, volto a pensar em tudo que me levou a chegar até aqui, Dylan, seu comportamento, o cara da primeira noite, a mulher que vi saindo da suíte, tudo isso gera uma mistura de certo e errado, que deixa um gosto amargo na minha boca. Eu aceitei o que aconteceu, cada acontecimento foi resultado das minhas escolhas, conscientes ou não, e é por isso que eu sei, que é por minha causa que terei que me despedir de uma verdade irreal, que não poderia ter sido mais perfeita. Oliver não me conhece de verdade, o que ele tem é o que ele veio procurar, uma mulher de mentira, foi o que me tornei. — O que está pensando? — A voz dele me faz voltar à realidade, estou sentada na cama e ele se aproxima com algumas sacolas. — Já que estamos de folga, eu trouxe algumas coisas para a nossa maratona. Pego as sacolas e olho o conteúdo, sorvete e algumas guloseimas fazem parte do cardápio. — Aqui só tem porcarias, Oliver. — Mostro uma barra de chocolate. — Acho que podemos fugir um pouquinho das regras. — Ele pisca — Só não conte para o Jason. Oliver pega o sorvete e guarda na mini geladeira, enquanto derrama o restante do conteúdo na cama. Por algumas horas será apenas nós dois, rodeados de gorduras saturadas e Netflix. *** — Se eu tiver uma overdose, eu vou culpar você, Bree — Oliver fala quando trocamos os potes de sorvete. — Não seja tolo, ninguém tem overdose de sorvete. E não me culpe por algo que você comprou. — Aponto a colher na direção dele e ele sorri. Já estamos há cinco horas sem sair da cama, apenas assistindo aos episódios de Prison Break. — Eu acho que nunca comi tanto doce na vida. — O que deu em você para fazer isso? — pergunto curiosa. — Não sei, acho que estou em um momento rebelde. — Jason não questionou sobre não descermos para o almoço? — Não, ele pensa que estamos transando como coelhos nesse momento. — Ele enfia a colher cheia de sorvete na boca. — Bom, posso dizer que está sendo tão prazeroso quanto.


— Você está comparando os orgasmos que eu te dou com esse sorvete? — Não se esqueça das barras de chocolate. Oliver joga o pote de sorvete no chão e avança sobre o meu corpo. — Repita isso. — Ele tira o pote da minha mão arremessando longe, mas segura a colher que ainda tem sorvete. — Eu adoro sorvete. — Sério? — Eu sorrio. — E quanto aos orgasmos de ontem? — Hum… ontem foi há muito tempo, talvez eu não lembre. Oliver dá um sorriso e vira a colher lentamente. O sorvete já está derretendo e começa a pingar na minha boca, abro e o líquido toca a minha língua. — Você quer mais sorvete, Bree? — Oliver solta meus braços e com a mão livre toca meu seio. — Sim — digo e ele vira a colher mais um pouco. — Diga, quanto você quer esse sorvete? — Muito. — Ele belisca meu mamilo e eu grito. Estou usando apenas uma camisola de seda e ele, calça de pijama. Oliver abaixa somente o suficiente para que seus lábios rocem nos meus. Ele coloca a ponta da língua para fora, lambendo devagar o sorvete que caiu fora da minha boca. Quando ele termina, o seu olhar é de puro desejo. Oliver detém seu movimento, quando ouvimos um barulho na porta. — Droga — ele sai de cima —, esqueci que tinha que treinar — ele fala se desculpando. Sua ereção é enorme e o meu sexo lateja de dor. — Vamos mesmo ficar assim? — A não ser que você queira gritar meu nome com meu irmão como plateia, sim, vamos ficar assim. — Isso é tão injusto. — Levanto da cama e vou na direção do banheiro. — Não tente se aliviar, mocinha, eu compenso você mais tarde. — Promessas, promessas… — cantarolo. — Promessas não são meu forte, acredite. Mas fazer uma mulher gozar, é um desafio que sempre estou disposto. Oliver beija os meus lábios e sai para falar com Jason. Entro no chuveiro atordoada com suas palavras, hoje nosso único momento sensual foi interrompido, antes disso, estávamos nos comportando como dois velhos amigos. Muitas risadas e discussões sobre os episódios, sobre qual sabor de sorvete era o melhor, sobre como era mais gostoso comer o chocolate, se era bom gelado ou quase derretendo. Duas pessoas normais. Droga, eu ia sentir falta disso.


Oitavo Round

Bree e eu passamos o dia apenas fazendo nada, senti que precisávamos passar por um momento assim, que não envolvesse ela gozando nos meus dedos, ou na minha boca. Era novo e excitante ao mesmo tempo, fez-me esquecer da tensão da luta, da expectativa. Bree tinha esse poder, eu gostava da companhia dela, não apenas no sentido sexual. Sua conversa era agradável, aos poucos conheci mais os seus gostos, comida preferida, banda preferida, apesar de nunca se aprofundar em nada mais íntimo, eu sabia que tudo ali era verdade. Ali não estava a mulher que estava sendo paga, era apenas Bree, uma completa desconhecida para mim. — Grant pediu para chegarmos um pouco mais cedo na academia — Jason fala assim que entro na sala. — Tudo bem, vou só tomar uma ducha e podemos sair. — Cara, eu pensei que a Bree estivesse cuidando de você. — Ele olha para o meu pau. Viro de costas e dou o dedo do meio, escuto sua risada quando entro no quarto. Bree ainda está no banho e fico me perguntando se não seria uma boa ideia uma rapidinha no chuveiro. Não tenho tempo para decidir, porque Bree sai gritando de dentro do banheiro, completamente nua e molhada. — Ai meu Deus. — Ela começa a pular. — O que foi? — Uma aranha no banheiro, Oliver. Tem uma aranha enorme lá dentro. — Bree começa a esfregar os braços e pernas, como se a aranha estivesse subindo pelo seu corpo. — Ai meu Deus, Ai meu Deus, Ai meu Deus. — Ela continua pulando e eu não consigo conter a risada. — O que está acontecendo? Que gritos são esses? — Jason entra no quarto e se depara com Bree completamente nua, ainda pulando. — Uma aranha — digo correndo para pegar uma toalha. — Ela está assim por causa de uma aranha? — Dá para fechar a porcaria dos olhos? — digo enquanto vou cobri-la. — Me desculpe, eu não sabia que ela estava nua. — Você está bem? — Ignoro Jason. — Eu tenho pavor desses bichos. — Ela aperta a toalha e só então olha para o Jason. — Merda. Bree se esconde atrás do meu corpo e Jason sorri — Vou esperar vocês dois lá fora. — Ele sai. — Já está melhor? Quer terminar de tomar banho? — De jeito nenhum eu entro ali. — Vou matá-la, ok? — E, por favor, eu quero ver o cadáver. — Está falando sério? — É sério, Oliver, senão vou pensar que ela vai estar viva e subindo pelo meu corpo inteiro. — Nossa, tudo bem.


Vou para o banheiro caçar a maldita aranha. Demoro mais do que o previsto, já que o animal não mede mais do que um centímetro. Depois de confirmar a morte do bicho, Bree consegue relaxar e troca de roupa. Como uma mulher que consegue me dar um golpe de autodefesa tem medo de uma aranha? Meia hora depois, estamos na academia. Começo a me aquecer nas cordas e em seguida vou para o saco de areia. Ryan fica ensinando alguns golpes para a Bree, enquanto treino. O que eu agradeço, amanhã mal terei tempo para ela, o dia está todo programado para entrevistas e acompanhamento dos lutadores para transmissões ao vivo no canal da TV a cabo. — Pronto para me vencer? — Jason sobe no ringue. — Eu já nasci pronto, irmãozinho. Batemos as luvas e o gongo soa. Jason tem praticamente a mesma estrutura muscular que eu, além dos nossos treinos, ele também é uma pessoa muito focada. Sempre perguntei o porquê de não seguir a carreira de lutador. Ele é um dos poucos homens que já conseguiu me derrotar. Começamos leve, apenas para nos aquecer. E quando Grant avisa para pararmos e começarmos a coisa séria, nós não pensamos duas vezes. Socos cada vez mais fortes começam a ser distribuídos, Jason é bom, ele conhece os meus movimentos e desvia com rapidez, mas eu também conheço os dele, por isso não tenho dificuldades em derrubá-lo. — Preciso te contar algo. — Ele se esquiva de um soco. — Agora? No meio do treino? — Sim, já adiei essa conversa demais. — Levanto os braços em uma posição de defesa. — Quer parar para conversar? — Jason para de me golpear. — Não, acho que você vai querer me bater depois que souber de tudo. — Que merda você está falando, Oliver? — Respiro fundo. — Eu transei com a Helena. — Jason fica imóvel, seus olhos abrem em uma expressão de choque, em seguida, raiva começa a brotar, ele trava a mandíbula e eu me preparo. Jab. Cruzado. Gancho. Jason me golpeia como um animal, e eu não tenho tempo para me defender. Quando Grant finalmente percebe o que está acontecendo, ele sobe no ringue e tira meu irmão de cima de mim. Meu supercílio está partido e meu maxilar dói. — Você é um merda, Oliver — Jason grita atraindo a atenção de todos. Eu ainda estou deitado no chão e me sinto exatamente isso. Um merda. — Quantas vezes? Me diz, quantas vezes vocês riram de mim? — Jason estava em cima de mim novamente. Pronto para socar. — Apenas uma. — Deus, você não está nem arrependido. — Ele sai de cima de mim, dessa vez sem que ninguém o tire. Estão todos ao redor, Bree, Grant, Ryan. Todos agora sabem quem é Oliver Willers, o cara que acabou de foder com a única coisa boa que tinha: o irmão. — Uma vez, Jason, foi um erro. Nunca mais aconteceu. Eu não sabia que ela era tão importante para você.


Jason desce do ringue sem me olhar, ele tira as luvas e joga para o lado. Saio do ringue e vou atrás dele. — Você é tudo que eu tenho, Jason, é meu irmão, eu nunca quis te ferir. Eu sei que errei, cara, mas eu preciso que você me perdoe. — Toco seu ombro. — Sinceramente, não sei o que pensar agora, Oliver. — Ele olha meu rosto detonado. — Como estamos? — pergunto para ele quando tiro as luvas. — Quites. — O que você quer dizer com isso? — Jason se afasta e veste uma camisa. — Todos nós temos segredos, irmão. — Ele pega sua mochila e sai da academia. *** Meia-noite e estou aguardando a minha luta. Bree não saiu do meu lado, o que eu agradeço, estou tão concentrado que não tive como dar a atenção que eu sei que ela merece. Apesar do nosso acordo, eu meio que me acostumei a tê-la por perto. Talvez seja porque o nosso tempo está se esgotando, mas hoje, em especial, preciso controlar toda a minha força para não descontar a frustração de saber que temos apenas mais dois dias. Jason está aqui, mas seu olhar já não é mais o mesmo. Ele me desejou boa sorte como sempre faz, e sei que é sincero, mas algo foi quebrado além do reparo, e eu sei que fui o culpado. Um erro, uma consequência. Eu vou ter que aprender a lidar com isso.


Nono Dia

Já estamos na metade do dia e eu ainda não o vi. Depois de vencer a luta ontem, Oliver praticamente me carregou para o quarto. Transamos até a exaustão. Estávamos ambos diferentes, necessitados. Ele não foi gentil em nenhum momento. Sua boca percorreu cada centímetro do meu corpo, levando-me ao delírio. Quando acordei, ele já não estava mais no quarto, apenas um bilhete avisando que passaria o dia inteiro ocupado, mas prometendo que nos veríamos mais tarde. Ele estava um pouco diferente depois do que aconteceu na academia. Foi naquele momento que entendi o quanto seu irmão era importante. Jason estava mais distante, mesmo presente fisicamente, seu olhar estava perdido. Eu sabia que ele não conseguiria superar tão cedo o que Oliver fez, ser traído é um dos piores sentimentos. Aproveito o momento e ligo para Liv, desde que ela se foi não mantivemos mais contato, mas sinto que preciso dela agora, mais do que nunca. — O que aconteceu para você me ligar? — Ela nem se dá ao trabalho de me cumprimentar, Liv sabe que eu não ligaria à toa. O trato foi que nos falaríamos apenas em caso de urgência. — Uma amiga não pode sentir saudade? — Saio da suíte, há um segurança na porta que me acompanha. — Você não sente a minha falta — ela fala em tom de brincadeira. — Tem razão, mas eu acho que preciso da minha amiga. — O que houve? — Ela fica preocupada. — Pode vir amanhã, antes do combinado? — Como assim? Quer que eu chegue mais cedo? — Sim, queria que você me acompanhasse durante a luta. Você consegue se organizar para estar aqui amanhã à tarde? — Claro, Bree, mas é só isso ou você está me escondendo algo? — Amanhã é nosso último dia juntos — digo e entro no elevador. — Você já estava ciente disso. — Eu sei, mas está sendo mais difícil do que eu imaginava. — Bree… — seu tom é de advertência. — Liv, não precisa surtar, não é desse jeito que você está pensando, só é difícil, sabe? Como se nada disso estivesse certo. Saio do elevador e vou na direção da área da piscina. Encontro uma espreguiçadeira e sento. — Nada disso foi certo, Bree, mas não é algo do outro mundo. Só não se machuque, ok? Mantenha essa cabecinha no lugar e tudo vai dar certo. Logo você estará em casa e isso tudo não vai passar de uma recordação. — Uma boa recordação, Liv. — Melhor assim, essas são as que sempre estarão com você. Conversamos mais um pouco, até que Liv precisa desligar. Nós nos despedimos com a promessa


de nos rever a amanhã. Olho ao redor e vejo somente pessoas cuidando das próprias vidas. Alguns casais, outros sozinhos, assim como eu. Seguro meu celular e começo a visualizar algumas fotos. Fotos que me trazem sorriso aos lábios. Fotos da minha vida, com pessoas que eu amo. Fotos da verdadeira Bree. Beijo o visor e aperto o celular contra o peito. Só mais um pouco, é o que repito o tempo todo. Passo o restante da tarde na piscina e retorno ao quarto no início da noite. Apenas um segurança está no andar, então eu sei que ele ainda não voltou. Isso me causa uma sensação de vazio. Preparo a banheira e acendo algumas velas. Deixo o banheiro com um clima meio melancólico, é tudo que eu preciso para relaxar. Quando entro e a água me envolve, minha mente volta por todos os dias anteriores que passamos juntos. Seus sorrisos, sua voz. O dia que ficamos apenas vendo TV e comendo besteiras. Até mesmo quando percebi que jamais poderíamos ter algo a mais. No dia em que estavam reunidos, cheguei a ouvir algumas coisas antes de entrar na sala, ouvi quando estavam explicando sobre a volta à rotina. E isso me machucou de uma forma inesperada. Voltei para o quarto sem querer ouvir mais, não precisava de mais certeza do que seria dali em diante. E só retornei algum tempo depois. Pego o Ipod ao lado da banheira e colo os fones de ouvido, fecho os olhos e deixo tocar aleatoriamente. Stay, do Hurts, começa a tocar, e mesmo com os olhos fechados, sinto as lágrimas caindo. “Alright, everything is alright Since you came along And before you I have no way to run to Nothing to hold on to I came so closed to giving it up and I wonder if you know How it feels to let you go” -----------------------------------------------------------------------------------"Tudo bem, está tudo bem Desde que você chegou E antes de você Eu não tinha para onde correr E nada que me prendesse Cheguei tão perto de desistir e eu me pergunto se você sabe Como é a sensação de te deixar."



Nono Round

Chego na suíte e encontro a Bree dormindo, passei boa parte da manhã em entrevistas e sessões fotográficas e quando tudo terminou, apenas não tive coragem de voltar. Estou evitando conscientemente a sua presença. Por isso, quando a vejo dormir, percebo que ainda não tive o suficiente dela. Ela é uma mulher que desperta muito mais do que desejo. E nossos dias, foram muito além do sexo que havia planejado. — Bree. — Sento ao seu lado tocando seu rosto. — Ei, acorde. Ela abre os olhos devagar, esfregando com as mãos. — O que foi? Que horas são? — Duas da manhã. — Aconteceu alguma coisa? — Ela senta ainda um pouco atordoada. — Quero que se vista, preciso levar você a um lugar. — São duas da manhã, Oliver! — Eu sei, desculpe. Bree sai da cama mal-humorada e vai até o closet. Lá ela retira um jeans e um moletom. Sem perguntas ela troca de roupa apenas me observando. — Vou apenas lavar o rosto, tudo bem? — Concordo e aguardo até que ela sai do banheiro. — Me desculpe por ter passado o dia fora hoje. — Seguro sua mão e levo até meus lábios. Ela me olha desconfiada e não faz perguntas. Bree faz todo o percurso em silêncio, mas ela já deve ter uma noção para onde estamos indo. — Oliver, nós podemos entrar aqui? — Está tudo certo. Abro a porta do ginásio que foi montado para o evento, as luzes estão acesas, apenas no centro do ringue. Do jeito que ordenei. Quero tê-la no local onde eu mais me sinto à vontade, onde derrubo todas as minhas angústias e frustrações. Quero fodê-la em cima do ringue, ouvi-la gritar o meu nome, sem ter ninguém para escutá-la. Quero poder esquecer que amanhã nosso acordo acabará. Eu não estava preparado para sentir tudo isso hoje. — Por que me trouxe aqui? — Ela cruza os braços e me encara. Eu não respondo, seguro a sua mão e a levo para o ringue. — Deixe-me ajudá-la. Quando estamos posicionados no centro, me afasto um pouco e começo a me despir. Eu não preciso de nenhuma preliminar, só o fato de tê-la aqui em cima faz meu pau latejar. — Tire a roupa. — O quê? — Tire tudo, Bree. — desabotoo meu jeans jogando-o longe, logo em seguida a camisa tem o mesmo destino.


Bree ainda permanece imóvel, sem entender o que pretendo. — Eu não vou pedir novamente, tire a roupa. Ela começa a se despir devagar, sigo seus movimentos com o olhar, completamente hipnotizado. O tecido deslizando pelas suas curvas, meu pau se mexe a cada movimento do seu corpo. — O que você quer? — ela pergunta quando termina de tirar a última peça de roupa. — Quero ter você, no único lugar em que me sinto livre. — Eu me aproximo até que os seios dela tocam o meu peito. — Quero foder você aqui, nesse ringue. E quando eu estiver aqui amanhã, é em você que pensarei, é o seu cheiro que vou sentir. Passo minha mão na sua nuca, segurando firme um punhado de cabelo. Seu pescoço fica à minha mercê. — Você vai gritar hoje e ninguém vai poder ouvir você — mordo sua garganta ——, quero que grite, Bree, que mostre quem você é de verdade. Aqui somos apenas Oliver e Bree. — Sim — sua voz sai como um sussurro. Beijo seu ombro, segurando firme seu cabelo, suas mãos começam a vagar pelas minhas costas, puxando meu corpo. Deito-a no chão, mas ela não reclama, seus olhos brilham de desejo, ela quer isso tanto quanto eu. Vou até as minhas roupas e pego um preservativo. Coloco sob seu olhar atento, em seguida, me ajoelho entre as suas pernas. — Prometa que vai me dar o que eu quero. — Passo a ponta da língua no seu joelho e vou subindo até as suas coxas. — O que você quer? — Ela fecha os olhos absorvendo as sensações. — Você, Bree, somente hoje, eu quero você. Ela abre os olhos e me perco na intensidade do seu olhar. Bree é uma mistura de fogo com ternura. De mulher fatal, com a garota que gosta de tomar sorvete na cama. Ela me intriga e me repele. — Você pode me ter, Oliver. Sorrio, ela volta a fechar os olhos e me perco nas suas curvas. Mordidas, chupões, nada disso parece ser o suficiente. Eu quero parti-la ao meio de tanto prazer. Começo a penetrá-la e ela ofega. A cada movimento que faço, Bree me acompanha, seu quadril unido ao meu, em um só movimento. O som dos nossos corpos, em contato com o material do ringue é excitante. O suor faz nossos corpos deslizarem, se chocando cada vez mais forte. Bree não poupa a voz, ela grita implorando por mais, chamando meu nome. Levando-me ao limite. A cada estocada, cada olhar para o seu rosto, eu me sinto cada vez mais perdido. Perdido em algo que ainda não sei o que é, mas que tem apenas um nome. — Bree!! — grito seu nome enquanto meu corpo treme com o orgasmo. Ela não demora e logo sinto seus músculos se contraírem, ela geme no meu ouvido, enfiando a língua, fazendo meu quadril pressionar ainda mais. Estamos desfeitos, nossos corpos abraçados como se nunca mais quisessem se soltar. Como se pertencessem um ao outro. — Amanhã, é o seu cheiro que vou sentir quando pisar aqui. — Beijo seus lábios. — Eu nunca vou esquecer o que aconteceu aqui. — Eu também não. Na verdade, eu não quero esquecer, Bree, nem de hoje, nem dos últimos dias.


— É melhor nós voltarmos para o quarto. — Ela desvia o olhar. — Eu sei que você não quer esquecer também. — Viro o seu rosto. — Oliver, o que eu quero, é bastante diferente do que eu posso. Não vamos misturar as coisas. — Tudo bem. — Saio de cima dela e a ajudo a levantar. Vestimos nossas roupas em silêncio, mas na minha cabeça as suas palavras gritam. Não vamos misturar as coisas. Pro inferno se já não misturei.


Décimo Dia Acordo com o barulho do telefone soando estridente, tento me levantar, porém, braços musculosos me impedem. — Oliver, preciso atender! — digo enquanto o telefone continuar a tocar. — Não, você precisa ficar aqui, comigo. — Ele me puxa para mais perto, colocando também as pernas por cima do meu corpo, me prendendo. — Você sabe que ele vai continuar tocando. — Essa pessoa não deve ter alguém como você na cama — ele beija meu pescoço —, deixe que eu atendo. Oliver levanta e pega o aparelho ao lado da cama. — Pronto — seu tom rude me faz sorrir —, Jason você não tem algo melhor para fazer? Tudo bem, me dê mais uma hora. Não, porra, uma hora. — Ele coloca o telefone no gancho com força. — Algum problema? — Sim, ele quer que você vá até a suíte dele, agora. — Tudo bem, vou me trocar. — Eu disse uma hora, Bree, e vou ter essa hora. Já está tarde e depois do almoço não vou poder estar com você. Suas palavras me amolecem, ele deita novamente, mas dessa vez, me puxando para ficar por cima do seu corpo. — Você não cansa? — pergunto sorrindo. — Não quero sexo — olho desconfiada —, ainda. — O que você quer, então? — Você, desse jeito. Apenas deitada, tendo o meu corpo como colchão. — Um pouco duro esse colchão, não acha? — Cutuco os músculos do seu abdômen com os dedos. — Mulher, não me tente — É isso mesmo que você quer? Ficar apenas assim? — pergunto sem ter certeza realmente do que ele quer. — Eu sei que estou pagando para ter sexo com você, Bree, mas apenas me dê o prazer de ficar assim, sem pensar que amanhã não vou mais acordar ao seu lado. — Oliver, eu… — Shhh — ele coloca os dedos nos meus lábios, me silenciando —, não precisa falar nada, eu planejei ficar com você durante esse tempo, só não esperava que não ia gostar quando esse tempo acabasse. Ele beija os meus lábios, um beijo doce, lento. O beijo mais suave que já recebi. Deito no seu peito e permanecemos assim, unidos, eu, ouvindo as batidas do seu coração, e ele, roubando o meu. Novamente, somos interrompidos pelo barulho do telefone, dessa vez é o celular dele que toca. — Maldito Jason.


— Você ainda nem olhou no visor, como sabe que é ele? — Ele tem uma paranoia com horários. Já estamos indo Jason — ele fala quando atende a chamada. — Porra, cara, você não facilita. Oliver desliga o telefone e me avisa que Jason pediu para que eu fosse sozinha. Agradeci internamente por isso, já imagino do que se trata, será muito menos humilhante somente nós dois. — Quando você voltar, vamos descer para almoçar. — Tudo bem, não demoro. Saio da cama e vou trocar de roupa, escolho um vestido justo, elegante e um salto alto e quando encaro o meu reflexo no espelho, o que vejo é uma desconhecida. Uma mulher sexy, que está indo receber por sexo. Quando saio da suíte, Jason já está à minha espera. Assim como Oliver, ele olha a minha roupa, mas não fala nada. — Como você está? — ele pergunta quando entramos no seu quarto, ele me direciona até a mesa de vidro. Lá, uma jarra de suco, dois copos e um notebook nos aguardam. — Ansiosa, nervosa. Não sei explicar. — Hoje é um grande dia para ele. — Eu sei. — Sento e Jason vai para o outro lado e se posiciona. — Aqui estão as credenciais, sua e da sua amiga. — Obrigada. — Pego o envelope. — Por nada. Então, vamos ao que interessa? Vou fazer a transferência do restante do valor, cento e cinquenta mil. — O quê? Está errado — falo assustada — Jason, são só cinquenta mil, não cento e cinquenta. — O valor está certo, Bree. Quando Oliver pediu para contratar você, ele foi bem claro, o valor que você pedisse, era para pagar o dobro. — Não, Jason, isso não está certo. — Levanto nervosa. — Bree, esse dinheiro vai ajudar você, então, por que negar? — Porque eu não quero Jason — falo histérica — Eu não deveria receber nenhuma porcaria de dinheiro, você me entende? — Vamos apenas terminar isso, Bree. — Por favor — eu me ajoelho diante da cadeira —, por tudo que você ama, Jason, transfira apenas os cinquenta. Jason me observa, em seguida segura meus pulsos e me levanta. — Nunca mais faça isso, Bree, nunca mais implore desse jeito. — Por favor, não faça com que eu me sinta pior do que já estou. — O que aconteceu? — Vejo preocupação em seus olhos, minha garganta seca e não consigo mais me conter. — Eu não sou prostituta, Jason. — Eu já imaginava, mas qual o motivo disso tudo? — Ele me leva até a cadeira e me entrega um copo com suco. — Obrigada. — Bebo um pouco e ele espera pacientemente. — Eu namorava um cara, Dylan. Ele era o homem dos meus sonhos — sorrio com a lembrança —, mas nem todos os sonhos duram para sempre certo? — Ele me olha, encorajando a continuar. — Dylan se envolveu com Carter, e ao longo dos anos as coisas foram só piorando, até que um dia, ele não conseguiu mais pagar o que devia e simplesmente desapareceu. — Ele não voltou mais?


— O cara que Oliver viu outro dia comigo na piscina, era Carter. Ele veio me trazer notícias do Dylan. — E? — E ele está morto — digo tomando mais um pouco de suco, tentando engolir o nó que se forma na minha garganta. — Jesus, Bree. — Ele aperta a minha mão. — Eu sinto muito. — Não sinta, Jason. Dylan morreu para mim no dia em que colocou a nossa filha em perigo. — Uma filha? — É por ela que estou aqui. — Por que você não contou isso antes, Bree? Eu teria transferido o dinheiro no primeiro dia. — Eu não queria mais pessoas envolvidas nisso, Jason. Você me entende? Por mais louco que Carter seja, ele é um homem de palavra, eu sei que ele vai nos deixar em paz quando der exatamente o que ele pediu. — Você poderia ter dito, já teria o dinheiro e estaria livre de ameaças. — Nesse caso seria fácil demais, Carter desconfiaria de algo, então, provavelmente, começaria novas ameaças. Eu não posso arriscar, vocês não merecem se envolver nisso. — Oliver sabe sobre a sua filha? — Não, e quero que me prometa que você não vai dizer nada. — Acho que eu e meu irmão não vamos trocar confidências por um tempo. — Ele dá um meio sorriso. — Seu irmão te ama, Jason, não deixe que um erro estrague o que vocês têm. — Eu sei, mas perdoar não é fácil. — Nunca é — digo e seguro sua mão. Jason sorri e volta a sua atenção para o notebook. Em minutos a transferência está feita e ele me mostra o comprovante. — Se faz você se sentir melhor, Oliver nunca perguntou quanto você cobrou, ele só sabe que foi um valor alto por causa de um comentário infeliz que eu fiz. Me desculpe por isso. — Está tudo bem. — Sou sincera. — Você é uma boa pessoa, Bree, espero que seja feliz. — Eu também espero. — Vai se despedir dele, não vai? — Eu não sei ainda. — Se aceita um conselho, se despeça. Oliver não vai te perdoar se você for sem falar com ele. — Eu vou pensar sobre isso, Jason. Muito obrigada por tudo, vocês foram muito gentis comigo. — Você mereceu. Agora vá, não quero meu irmão batendo aqui e arrastando você de volta para o quarto. Jason sorri e nos despedimos. Saio do quarto sem o peso enorme nas costas. Minha dívida estará paga e todos estaremos seguros. Valeu a pena. **** Liv chega logo após o almoço, minha amiga está eufórica, assim como eu. Ela nunca tinha assistido nada do tipo. Passamos a tarde embalando as minhas coisas e nos arrumando para a luta. Não tive notícias de Oliver, a não ser pelos comentários no hotel. Todos os lutadores já estão no local, apenas esperando o momento. Às sete da noite, Liv e eu já estamos prontas. Trajes de gala são os escolhidos. Os homens


estarão com seus ternos de grife e as mulheres com seus longos e joias. — Até que não fizemos feio — minha amiga fala enquanto gira em frente ao espelho. — Não mesmo. — Liv está com um vestido longo, da cor nude, com cristais, e eu um longo verde de renda, que acompanha minhas curvas com perfeição. Quando chegamos ao local, é impossível não lembrar da madrugada de hoje, de como Oliver me possuiu bem em cima daquele ringue, eu me entreguei, como nunca havia feito. Decidi que me despedirei de Oliver, marcamos de nos encontrar no vestiário. — Onde está o Oliver? — pergunto para o Ryan. — Ele está lá dentro, no vestiário. Jason está com ele. — Você me espera aqui? — pergunto para Liv que concorda. Deixo minha amiga com Ryan e vou encontrá-lo. O caminho até o vestiário parece interminável. Muitas pessoas tentando se locomover, e estar usando um longo e saltos não facilita a minha vida. — Eu posso entrar? — pergunto para Tray que está na porta. — Pode, senhorita. — Ele abre a porta e entro. Oliver está sentado em um banco, olhando fixamente para as suas mãos. Jason está no canto conversando com Grant. Eu não preciso falar, ele pressente a minha presença e seus olhos me encontram. — Estava esperando você. — Ele estica a mão me convidando. — É um pouco difícil chegar até aqui com esse vestido. — Aponto para o longo. — Você está linda. — Oliver me olha da cabeça aos pés. — Absolutamente fabulosa, Bree. — Obrigada. E você, como está? — Toco seu rosto com a mão. — Está gelado, nervoso? — Um pouco — ele confessa. — Posso te ajudar a relaxar? — Deve. — Seu olhar me aquece. — Você pode pedir para nos deixarem a sós? — O que você está pensando? — Vou fazer você relaxar. — Ele me dá um sorriso safado e logo manda Jason e Grant saírem. — Então, sou todo seu. — Ele abre os braços e eu sorrio. Vou até uma parede e pego dois colchonetes. Jogo no chão e Oliver me observa. — Venha aqui. — Pego a sua mão e indico para se sentar. Tiro os sapatos e subo o vestido até a cintura. — Vamos fazer alguns exercícios para respiração. — Você está falando sério? — Eu tenho cara de quem está brincando? Oliver se cala e começo a fazer os exercícios de ioga. Ele é um bom aluno e faz tudo conforme vou explicando. Aos poucos, noto como ele começa a relaxar, respirando corretamente. Em minutos, sei que seus pensamentos já não estão na luta. Ele está centrado, mas em harmonia. — Como está se sentindo? — pergunto quando estamos colocando os colchonetes no lugar. — Como você fez isso? — Tenho os meus segredos. — Pisco para ele. — E quando você vai me mostrar? — Prendo a respiração, e antes que possa falar, Grant abre a porta. — Oliver, está na hora. — Já estou indo. Acho que é agora.


— Boa sorte lá em cima. — Pensarei em você, Bree, sentirei o seu cheiro. — Oliver me puxa colando o meu corpo com o dele, abraço-o tão forte que tenho medo de sufocá-lo. — Vou torcer por você. — Eu sei que vai. Ele me beija e, em seguida, parte na direção do ringue. Ajusto o meu vestido e vou me encontrar com Liv e Ryan. Jason já está com eles e o público vibra quando ouvimos o locutor anunciar. Oliver Willers, o Fenômeno do boxe, vai lutar. Meu sorriso vacila quando vejo seu oponente. É o mesmo cara que encontramos outras vezes, e isso faz o meu corpo tremer involuntariamente. A luta começa e eu nunca o vi lutar desse jeito. Os dois são como animais, atingindo um ao outro sem dó. Oliver vacila no segundo round, vejo quando parece ficar tonto. Eu grito seu nome, seu olhar encontra o meu e eu sorrio, mostrando que estou aqui, torcendo por ele. No terceiro round, ele volta outro. Mais determinado, mais centrado, mas ainda não é o suficiente. No quarto round, o juiz precisa intervir. Cooper fala algo que desestabiliza Oliver, e ele perde o controle. No quinto round, Jason conversa com ele antes da luta começar. É nítido como os dois lutadores estão cansados. Empurro algumas pessoas e me aproximo. — Você é perfeito — falo e vejo seu rosto ensanguentado. — Vou derrubá-lo, Bree. — Eu sei que você vai. — Me espera aqui, eu volto logo. — Ele me beija através da tela e volta para o ringue. E o quinto round começa, mais intenso, mais violento. Com um vencedor apenas. Cooper está desmaiado, o público vibra com o nocaute. Jason, Grant, Ryan e até Liv estão gritando. Eu só tenho olhos para ele. Com o rosto inchado, os olhos praticamente fechados, ele vem na minha direção. Jason me suspende no seu ombro e Oliver sobe na grade. Ficamos cara a cara. — Sobe comigo, vamos para o quarto. — Ele segura o meu rosto com as luvas. — Eu não posso. — Somente hoje, Bree, uma última vez. — Não quero que você se lembre da Bree que dormiu com você, Oliver, da mulher que foi paga. Eu quero que você lembre da Bree que te ajudou a relaxar antes da luta, que comeu chocolate escondido com você, que fez você dormir. — Não faz isso. — Você vai ser grande, Oliver, e eu sempre torcerei por você. Beijo seus lábios e quando menos espero, ele é puxado para o centro do ringue, algumas pessoas o abraçam, mas ele mantém os olhos em mim. Jason me abaixa e em seguida, nos despedimos. Saio dali com Liv direto para o táxi, sem olhar para trás.



Décimo Round

Olho pela décima vez o papel na minha mão, em seguida para a casa na minha frente. — Tem certeza que o endereço está correto? — pergunto pela terceira vez ao Jason. — Tenho certeza, Oliver. Há um ano, eu levei a maior surra da minha vida. Foi no dia que a Bree me deixou, eu nunca pensei que deixar alguém ir fosse tão difícil, mas sabia que naquele momento era o correto. Minha vida não era a mesma, meu irmão ainda estava comigo, cumprindo com suas obrigações, ainda era digno da minha total confiança. Mesmo eu sabendo que já não era mais digno da dele. Agora estou aqui, parado na frente da casa dela, como um completo idiota, apavorado com o que posso encontrar. — Não seja covarde, Oliver. Desça do carro e vá encontrá-la. — E se ela não me quiser? — Você está sendo ridículo. — E você, vai para onde? — Los Angeles. — Helena? — Sim, vou aproveitar que ela tem uma pausa nos desfiles, vamos conversar. — Eu espero que vocês sejam felizes — digo sinceramente. — É isso que eu vou buscar, Oliver, a minha felicidade. — Eu espero que você possa me perdoar. — Você nunca foi bom em cumprir regras não é? — ele tira óculos escuros e me encara — Eu amo você Oliver, você é meu irmão, mesmo sendo o mais velho, eu sempre cuidei de você, mas está na hora de seguirmos. — Vamos nos ver novamente? — falo como se estivesse voltado no tempo, é como se fossemos crianças novamente, e eu tenho medo que ele me deixe. — Eu te vejo em três meses fenômeno, vou estar lá quando voltar para casa. Agora vá, vá encontrá-la. — ele destrava as portas. Abraço o meu irmão, pego a minha mochila e saio do carro. Depois de um ano intenso, onde mais uma vez ganhei o campeonato, conseguimos uma pausa de três meses até que tudo recomece novamente. É esse tempo que eu tenho para mostrar à Bree que ela é a mulher que eu quero ao meu lado. A casa fica em um bairro simples, no sul da Califórnia. Não foi difícil encontrar o seu endereço, afinal existem poucas Bree Earline Hall que são professoras de ioga. Toco a campainha e o nervosismo começa a aparecer. Ouço quando Jason dá a partida no carro e se afasta. — Pois não — uma voz doce surge quando a porta abre, olho para baixo e vejo uma garotinha, deve ter no máximo três anos. — Oi. Aqui é a casa da Bree? — Eu me abaixo para tentar ficar na sua altura.


— É sim, e você quem é? — A garotinha me analisa. — Oliver, amigo da Bree. Ela está? — Está, vou chamar. Mamãaaaaae — ela sai gritando a plenos pulmões pela casa. Mamãe? Suas palavras martelam na minha cabeça. — Sky, o que eu disse sobre abrir a porta para estranhos? — Ouço a voz dela antes mesmo de vêla. Bree aparece na porta enxugando as mãos em um pano de prato. Ela está tão linda quanto me lembrava, seu cabelo está preso em um rabo de cavalo, ela usa uma camiseta cor-de-rosa e um short jeans. — Oliver? — ela fala assustada. — Olá, Bree! — Mamãe, ele não é o moço da TV? — A garotinha surge novamente. — É, Sky, é o moço da TV — Bree responde sem tirar os olhos dos meus. — Não vai me convidar para entrar? — O que você veio fazer aqui? — ela pergunta insegura. — Vim atrás do que me pertence, Bree. — Oliver, eu não sou a pessoa que você pensa que sou. — Não, você a Bree Earline Hall, professora de ioga, e, pelo que vi, tem uma filha adorável. — Você não se importa? — Com o quê? Sua filha? Sua profissão? — Vejo seus olhos ficarem vermelhos, a garotinha ainda está ao seu lado sem entender nada. — Entre, não podemos conversar aqui fora. Sky, você pode ir brincar no quarto? — Tudo bem. Tchau, moço da TV. — Ela sai correndo subindo as escadas. — Moço da TV? — pergunto. — É uma longa história. — Bree sorri. — Eu tenho todo tempo do mundo, Bree. Eu já disse o que vim buscar e não vou sair daqui sem você. — Eu tenho uma filha, Oliver. — Por que nunca me contou sobre ela? — Não era uma história para ser contada naquela época. Você pagou por sexo e não para ter uma mãe choramingando com saudades da filha. — Eu me sinto horrível. Nunca vi você como uma prostituta, Bree. — Eu sei, mas também sei que se tivesse contado, muitas coisas seriam diferentes. O que tivemos foi o certo Oliver, exatamente o que estávamos buscando naquele momento. — O que você busca agora? — Olho em seus olhos, ainda estamos de pé, no meio da sala. — A felicidade da minha filha. — E o pai dela? — Vamos tomar um café. — Bree me leva até a cozinha, sento à mesa e em seguida ela serve duas canecas generosas com café. — Caneca rosa? — Mostro a que ela me entregou sorrindo. — É uma casa de meninas. — Ela dá de ombros. Bree começa a me contar tudo, o motivo de ir naquele evento em Vegas. Ela me explica sobre Dylan e sobre a sua morte. Não consigo sentir pena, o que sinto é alívio em saber que ela não está presa a ninguém. — Então, meu irmão sabia disso tudo? — Sabia, eu contei quando ele tentou transferir uma quantia maior do que o acordado, eu não


precisava de mais. — Ele me disse que você não havia aceitado, mas não me contou o motivo. — Jason é um bom homem, e vocês como estão? — Um pouco distantes, mas estamos bem. — Fico feliz por vocês. — Ela sorri. Deixo minha caneca na mesa e levanto, ela acompanha meu movimento. — Então, Senhorita Hall, que tal começarmos novamente? Eu sou Oliver Willers. — Estendo a mão. — Bree Hall. — Nós nos cumprimentamos com um sorriso. — Eu amo você, Bree — digo olhando em seus olhos, com cuidado, coloco uma mecha atrás da sua orelha. — Você me ama? — ela pergunta incrédula. — Sim, eu amo. — Puxo seu corpo para junto do meu — E não venha me dizer que não posso falar isso. Um ano, Bree e eu ainda sinto a mesma coisa de quando vi você pela primeira vez. — O que você sentiu? — ela diz ofegante, segurando os meus braços. — Um vencedor, era assim que vivia. Uma trajetória marcada por regras, por uma rotina milimetricamente programada. Uma noite, tudo mudou. Desejo, tesão, uma vontade incontrolável de rasgar seu vestido. Sexo, era apena nisso que eu pensava. Mas você, Bree, conseguiu virar o jogo, Las Vegas foi o nosso cenário, ganhamos o mundo e agora, você aceita ser o meu último desafio? Bree sorri, seus olhos cheios de lágrimas contrastam com seu sorriso, eu sei que são lágrimas de felicidade, e eu sei que nesse round eu saí campeão. Beijo sua boca e ela não resiste. E pela primeira vez, sinto que estou beijando a verdadeira Bree, a mulher que me nocauteou.


Epílogo Sky Minhas mãos nunca estiveram tão suadas, sinto meu estômago embrulhar a cada segundo. Tento me concentrar, assim como fui treinada. Foco, Sky, mantenha o foco. As palavras do meu pai que me criou como se fosse a sua própria filha vêm à minha mente no mesmo instante que a porta abre. Olho para as pessoas que entram no vestiário, todos estão aqui por um motivo. A minha primeira luta como profissional. Não foi fácil chegar até aqui, não com uma mãe como a minha, Bree Willers, eu sabia ser bem persistente. — Nervosa? — Ela me abraça. Afundo o meu rosto no seu pescoço sentindo seu cheiro tão reconfortante. — Um pouco. — Sabe que pode desistir se quiser, não precisa provar nada para ninguém, Sky. — Mamãe, não estou tentando provar nada, apenas é o que eu quero e lutei muito para chegar até aqui. — Além do mais, ela é uma Willers, e nós não desistimos. — Vejo meu pai se aproximar e sorrio com as suas palavras — Tudo bem com você? — Ele beija minha testa, puxando minha mãe pela cintura. Oliver Willers ainda é tão imponente quanto na época em que lutava, ele é meu treinador, meu pai e meu porto seguro. — Agora acho que vou ficar. — Você vai ser incrível lá em cima. — Ele me abraça. — Espero que sim — falo baixo, sem estar totalmente certa. — Espero que você esteja certo, Oliver, ou mato você — minha mãe fala apontando o dedo na direção dele, que apenas sorri. — Eu ensinei essa pestinha a andar de bicicleta, Bree, eu espantei o primeiro fedelho que tentou se aproximar dela, confie em mim, ela está mais do que pronta. — O garoto deve correr de você até hoje — falo batendo no seu ombro. Ter como pai um dos maiores lutadores da história não ajudou muito na minha vida amorosa. Praticamente todos os garotos da escola tinham medo dele e do meu tio Jason, apenas um foi corajoso o suficiente para enfrentar o meu pai, talvez, ter seu próprio sangue, foi de alguma ajuda. Jace era quatro anos mais novo do que eu, era o moleque que eu costumava brigar, treinamos juntos algumas vezes e eu o derrotei em todas. Meu primo não tinha medo de nada, assim como meu pai e o pai dele. Jace tinha uma presença marcante, olhos cor de mel, cabelos longos e possuía um sorriso que me desestabilizava.


— Onde está o Jace? — perguntei olhando em volta, todos estavam aqui, menos ele. — Aquele pirralho deve estar atrasado. — Meu pai me leva na direção de um banco, me afastando dos demais. — Quero lhe dar uma coisa. Sentamos e ele puxa uma caixa de dentro de uma sacola. Olho para a embalagem sem entender e começo a rasgar o papel. O que vejo, traz lágrima aos meus olhos. — Eu não posso ficar com isso, papai. — Elas são suas, Sky, estão comigo desde a minha primeira luta e quero que as tenha. — Papai! — Limpo as lágrimas que teimam em cair. Eu sei o quanto isso é importante para ele, suas bandagens vermelhas, gastas pelo tempo, elas contam sua história, suas vitórias. — Você é a minha princesa, Sky. Sabe disso, não sabe? — Aceno com a cabeça. — Desde o dia que você abriu a porta da sua casa e foi chamar a sua mãe, naquele dia eu sabia que meu coração era de vocês duas. — Limpo mais uma vez as minhas lágrimas e ele continua: — Eu nunca deixaria você subir naquele ringue se não soubesse do que você é capaz, você pode, Sky, você é muito mais do que uma princesa, é uma guerreira. — Obrigada. — Tento não gaguejar. Ele tem razão, sempre fui a sua princesa, e ele sempre foi mais do que um pai, é minha inspiração, meu herói. — Agora, limpe o seu rosto, acho que tem um pirralho esperando para falar com você. — Olho para frente e noto Jace nos encarando, ele dá um sorriso torto e espera pacientemente. — Sabe que vou quebrar a cara dele se ele te magoar, não é? — Papai! — Bato no seu ombro — Ele é um pirralho e meu primo. — Um pirralho de dezoito anos, cheio de hormônios descontrolados. Não se esqueça que meu sangue corre naquelas veias, posso adivinhar o que ele está pensando de olhos fechados. — Eu sei me defender — falo sorrindo. — Eu sei que sabe, mas apenas no caso de … — Vai logo, papai. — Levanto puxando-o comigo. — Te vejo no ringue. — Ele beija meu rosto e vai ao encontro da minha mãe. Sorrio quando ele sinaliza com as mãos para Jace, indicando que está de olho nele. Como eu disse, Jace não se intimida e seu sorriso é desafiador. — Então, você conseguiu — Jace fala me abraçando. — Você, por acaso, duvidou que eu conseguiria, pirralho? — Em nenhum momento, te trouxe um presente — sentamos no banco novamente —, não é nada comparado às bandagens do seu pai, mas acho que vai te dar sorte. Ele coloca um saquinho de veludo nas minhas mãos e quando abro, um longo sorriso se arma no meu rosto. Uma delicada corrente de ouro, com um pingente no formato de uma luva de boxe. — É lindo — falo ainda olhando para a joia — Obrigada, Jace. Viro o rosto para beijá-lo na bochecha, mas ele vira ao mesmo tempo e nossos lábios se tocam. Fico congelada, nossos olhos abertos em completo choque. Jace pisca nos tirando do transe e me afasto. Não foi exatamente um beijo, nossos lábios ficaram ali, colados, inertes. Mas foi o movimento mais excitante que já tive na vida. Meu corpo se acendeu como se fagulhas estivessem surgindo para vida, uma nova chama havia se acendido. — Eu não vou pedir desculpas, Sky — ele é direto. — Eu preciso ir — é a única coisa que consigo falar. Começo a colocar as bandagens no meu punho, Jace vê meus dedos trêmulos e me ajuda.


Ele enrola cada uma bem devagar, seus dedos tocando meus punhos e seus olhos perdidos nos meus. Quando olho para a mão dele, noto uma nova tatuagem. Veni, Vidi, Vici. A mesma frase que nossos pais têm tatuada, significa vim, vi, venci, eu sempre amei essa frase. A do Jace é pequena, no pulso esquerdo. — Gostei da tatuagem — digo quando ele termina de enrolar as bandagens, ele apenas sorri e sem falar mais nada, nos levantamos e ele me acompanha até a saída. Meu pai está me esperando, como meu treinador ele vai me levar até o ringue, o local está lotado. Vou em busca do que é meu, o cinturão do Peso Pena. — Não vai me desejar sorte? — grito quando Jace se afasta. Ele para e vira para me olhar. — Você já nasceu com ela, Sky. Seu sorriso preenche meu peito de uma forma assustadoramente boa. — Um pirralho, é? Sei. — Papai?! Sorrimos e quando escuto o meu nome ser anunciado, respiro fundo e volto a me concentrar, volto a ser o que fui treinada para me tornar. Uma campeã. Uma máquina de lutar. Sem medo, sem desistir. Fim.


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