Chan,
o sapo na Terra do Sol Nascente.
Nos dias de chuva, o coral dos sapos cantava alegremente sobre os galhos, celebrando a união e esperando pacientemente a benção da estiagem, período em que pernilongos, besouros, lagartas, vagalumes e os mais variados tipos de insetos deixavam seus esconderijos e em seguida eram surpreendidos pelas línguas velozes dos sapos que os engoliam, satisfazendo o apetite. Depois do banquete era comum o grupo de sapos mais velhos descansar sob as folhas enquanto os mais novos saiam perscrutando as matas atrás de aventuras, seguindo as cores do arco-íris, que aparecia logo depois da chuva e apresentava uma coloração instigante, encantando ainda mais o lugar.
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Chan gostava de pular nas poças de água, se
Chan
banhando e nadando de costas enquanto ouvia as piadas e era um sapo que vivia na beira do lago
brincadeiras de seus colegas que nunca falhavam em o
Baiyang, cercado de flores, borboletas e todas as belezas
fazer rir. Os jovens sapos eram cheios de energia e
naturais que se podia imaginar. Saltitava entre as
contavam histórias engraçadas o dia todo. Gradualmente,
vitórias régias abundantes, apreciando a vista verde e
Chan ouvia os coaxos ficarem mais baixos e dispersou-se
ensolarada da região. Juntamente com sua família e
sem perceber, distanciando-se de seus amigos. Não ficou
amigos, vivia em comunidade, compartilhando histórias
preocupado, pois conhecendo a floresta relativamente
e cultivando a natureza que os cercava.
bem, tratou de reencontrar seus companheiros.
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Pulava tranquilamente sobre o solo
úmido,
quando
ouviu
um
barulho e avistou um caminhão apontando
na
estrada
de
chão,
próxima das matas. Era de praxe que os viajantes passassem por lá para apreciarem as belezas naturais do lugar, mas aquele caminhão em especial chamou sua atenção. Notou quando ele estacionou lentamente na beira da estrada. A tampa traseira abriu e dela saíram homens usando coturnos, vestidos com macacões sujos e esfarrapados. Estavam equipados com redes e avançavam para a mata, perto
de
onde
Chan
observava
apreensivo. Ao sentir a aproximação iminente dos homens, saltou de um lado para o outro tentando achar o caminho
de
volta
para
o
lago.
Não conseguiu desviar dos movimentos rápidos das mãos dos homens
que
o
seguiam
e
conformou-se que seus saltos eram inúteis quando se viu preso no fundo da rede. Foi capturado e levado para o baú do caminhão, liberado das redes mas pressionado pela multidão de sapos que lá estava.
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Estava escuro e abafado. Foi quando se
deu
conta
que
todos
seus
companheiros, novos e velhos, estavam ali, presos junto com ele, assustados e aflitos. Não sabia para onde estavam sendo
levados,
mas
tinha
o
pressentimento que que sua vida nunca mais
seria
tranquila.
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Durante a longa viagem e das diversas predições e discussões entre os sapos sobre seu obscuro destino e o que aconteceria com eles, o caminhão freou de maneira brusca, balançando e calando subitamente as lamúrias da saparia. Chan, que permanecia calado e pensativo durante todo o tempo, seguiu a luz e aproximando-se da janela avistou um ambiente nunca antes visto por ele. De repente, as portas do baú se abriram e os mesmos homens que o puseram ali, agora o
retiravam
com
gaiolas.
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Sentiu o ar seco e o barulho ensurdecedor daquele ambiente estranho e incomum. Tentando compreender, de relance, o cenário em que se encontrava: via
cada
ferramentas
vez
mais
nas
homens
mãos,
com
acenando
e
conversando entre si. Foi transportado para uma mesa, onde fora deitado de barriga para cima. De repente sentiu-se invadido por uma sensação gelada, como se algo estivesse atravessando seu corpo inteiro.
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O mundo escurecia gradativamente enquanto tiravam seus membros e os misturavam
com
molhos
e
outras
iguarias, saboreando-o lentamente. A última coisa que viu foi uma miragem que serviu de lembrança do lago Baiyang, dos seus amigos e dos dias em que observava o céu enquanto brincava nas poças depois da chuva.
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Fim