A Biblioteca Escolar no século XXI

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A Biblioteca Escolar no século XXI Enquadramento teórico O novo conceito de Biblioteca Escolar encontra-se num processo gradual de mudança da Escola decorrente do paradigma digital, responsável pela criação de novas formas de aprender e de novas formas de estar: • novo conceito de aluno (de sujeito passivo, a sujeito activo na construção do seu

conhecimento - teoria construtivista); • nova visão do papel do professor, que deixa de ser a fonte principal do conheci-

mento a que o aluno acede para se tornar no seu mediador e no instigador da investigação de múltiplas fontes. O professor deverá perseguir a organização e a apresentação de situações desafiadoras geradoras do conflito cognitivo e capaz de levar o aluno a procurar resolvê-las, accionando os seus conhecimentos préexistentes na produção de um novo conhecimento com significado. Ao professor cabe planificar e organizar os recursos didácticos, as diferentes fases de investigação, a/as acção/acções conducentes a uma aprendizagem significativa, orientar o aluno na relacionação dos novos conhecimentos com os anteriores e na reflexão da sua prática, organizar a comunicação em sala de aula. Cabe ao aluno gerir a informação e controlar todo o processo de conhecimento: partir das suas concepções, pesquisar, propor soluções, confrontar com os colegas, defendê-las e discuti-las. • Novas tecnologias, que se constituem como novos suportes de traba-

lho/ferramentas e de construção do conhecimento, exigindo o desenvolvimento de novas literacias, assegurando uma aprendizagem contínua ao longo da vida.

Missão Na sociedade da informação a Biblioteca deve evoluir de um espaço organizado com recursos diversificados, destinados a permitir o acesso à informação e ao lazer, para um espaço de aprendizagem e de construção do conhecimento, constituindo-se como um Centro de Recursos Educativos Multimédia, ao dispor de toda a comunidade educativa. A Biblioteca Escolar enquanto agente informativo, transformativo e formativo é parte integrante do processo educativo, pelo que, no desenvolvimento das literacias de informação e competências de leitura e escrita deve procurar cumprir os seguintes objectivos: • promover o hábito e o prazer da leitura; • promover a utilização dos seus recursos; • apoiar os alunos nas suas aprendizagens; • promover a utilização adequada da informação e de formas de comunicação:

aprender a definir as questões orientadoras, a usar recursos informativos em múltiplos suportes, a localizar/aceder/avaliar, a organizar e utilizar a informação, a comunicar;


• colaborar com os docentes na prossecução dos objectivos da Escola e na promo-

ção do sucesso.

O Professor Bibliotecário Na gestão deste processo surge a figura do Professor Bibliotecário, coadjuvado por uma equipa multidisciplinar, enquanto agente dessa mudança na: • gestão da informação (EISENBERG e MILLER, 2002) – localização, acesso, avaliação

e disponibilização da informação aos utilizadores; • gestão de programas de acção:

desenvolvimento de competências em literacia e em conhecimento da informação; preparação de programas de leitura; integração das tecnologias da informação no currículo; produção de materiais educativos de apoio ao desenvolvimento curricular; desenvolvimento de relações de cooperação com os docentes na definição de estratégias de motivação e predisposição para a aprendizagem; comunicação efectiva e continua com o corpo docente e com a Direcção. “Sem a participação – activa e constante – dos professores, a dinamização da Biblioteca Escolar dificilmente será viabilizada na prática.” (SILVA, 1989). “Sem essa integração, sem essa comunhão de esforços, é quase certo que a Biblioteca Escolar peque e perca pela descontinuidade e pelo isolamento”. (SILVA, 1989) O distanciamento do professor é analisado como altamente comprometedor para o espaço da Biblioteca na rotina da Escola. Segundo SANTOS (1973) “Do ponto de vista pedagógico, a biblioteca escolar não alcançou ainda o seu lugar ao sol. Ainda não foi incorporada às atenções primordiais do corpo docente (…) A maioria dos professores já mais pôs os pés na biblioteca da sua escola, nem a ela acompanhou os seus alunos, aproveitando o horário da biblioteca para repousar ou tomar um café na sala de professores.” Pertinência da avaliação A gestão da mudança é feita através da recolha sistemática de evidências (Evidence Based Practice), internas e externas, que demonstrem o impacto da BE na Escola, o seu valor (em termos de benefícios), a qualidade da sua acção e os factores críticos ao seu desenvolvimento. Valoriza-se o resultado em detrimento dos recursos/processos. Modelo de Auto-Avaliação É neste contexto que surge o Modelo de Auto-Avaliação: • que perspectiva práticas de pesquisa-acção:

identificação de problemas; recolha de evidências; avaliação e interpretação das evidências recolhidas; redefinição de prioridades, estratégias e percursos; 2


• estruturado em domínios, subdomínios e indicadores relativos às áreas de funcio-

namento da BE e à sua ligação com o exterior: domínio A – apoio ao desenvolvimento curricular (trabalho colaborativo BE/Professores pelo sucesso educativo); domínio B – leitura e literacias domínio C – projectos, parcerias e actividades livres de abertura à comunidade (ensino/aprendizagem não formal); domínio D – gestão da colecção, dos serviços, dos recursos humanos e materiais, da articulação Biblioteca/Escola; • que tem subjacente a noção de Valor que “não é intrínseco às coisas, tem a ver

com a experiência que se retira delas”; • que pressupõe o envolvimento efectivo no processo de avaliação:

da Direcção; do Conselho Pedagógico; dos Departamentos Curriculares; dos docentes; dos Professores Bibliotecários; da Equipa da Biblioteca; dos colaboradores da Biblioteca; dos alunos; • que se aplica a um ciclo de quatro anos, privilegiando-se um domínio por ano;

Este modelo gera uma melhoria contínua da qualidade, sustentada numa aprendizagem permanente da organização. A auto-avaliação torna-se um processo inerente à própria gestão, porque regulador da eficácia e qualidade do serviço prestado (plan/do/check/act). Esta auto-avaliação responsabiliza a Direcção, os professores e a Biblioteca Escolar e deve ser divulgada. Tem ligação à avaliação interna e externa da Escola. “If you keep doing what you’ve always done, you’ll keep getting what you’ve always gotten” Kenneth Blanchard

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