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Revista OralMED SAÚDE - Número 8

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Editorial

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A conversa com... CONCEIÇÃO QUEIROZ

Falámos com a jornalista da TVI e quisemos saber mais sobre a dimensão humana do seu trabalho e sobre o que a faz Sorrir.

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A Conceição celebrou recentemente 25 anos de carreira jornalística. Sempre soube que era este o caminho que ia seguir?

De maneira nenhuma. Mas passaram-se 25 anos. É uma história de amor. Nos anos 80 nem sabia exatamente o que representava esta profissão. Mas no início dos anos 90 comecei. Amei e fiquei. O jornalismo é uma coisa de sangue. É um compromisso com a verdade. Não sei se haverá desafio maior do que ver e ouvir em primeira mão; além de saber descodificar.

Todos já a conhecemos do pequeno ecrã. E tivemos a oportunidade de ler as histórias marcantes que nos trouxe em vários livros. Mas também já passou pela rádio. Era algo que voltaria a fazer?

Sem dúvida. Quem fez rádio não esquece. Sei que um dia voltarei a esse contacto especial e particular com o ouvinte. Quanto aos livros acabam por ser uma extensão do meu trabalho. Nunca pensei que um dia entraria no mercado livreiro português e já estou a acabar o meu quinto livro.

Enquanto jornalista em que formato prefere chegar às pessoas?

Sei o que é informar pela imprensa escrita, televisão e rádio. Fiz todo o percurso, mas estabeleci-me na televisão, que tem uma linguagem muito própria. Quando bem feito, o jornalismo de televisão é altamente sedutor, no sentido de se tornar convidativo e fidelizar o telespectador. Rigor e simplicidade na forma de comunicar têm muita força e o meu respeito é total pelo grande público.

“Gosto de compreender o que se passa com o ser humano. Cada pessoa é um mundo.”

A sua profissão já a levou a vários países e ao contacto com várias pessoas. Foi, por exemplo, a sua passagem por Angola que nos trouxe as histórias emotivas, e esperançosas, dos “Meninos da Jamba”. Como tem sido para si lidar com o choque de realidades ao longo do seu percurso profissional?

É (também) esse lado do jornalismo que te enriquece. Voltamos ao saber ver, ouvir e descodificar. Por extrema que seja a realidade, a mensagem tem de ser bem passada e na verdade já vi de tudo.

Entrevistei condenados por homicídio a cumprir pena máxima, mas também senti a dor de variadíssimas vítimas: as que lutaram e sobreviveram. Gosto de compreender o que se passa com o ser humano. Cada pessoa é um mundo.

É possível manter algum distanciamento quando se contam histórias tão fortemente suportadas na dimensão humana?

Não é fácil. Não sou indiferente ao sofrimento humano. É por isso que a questão da total imparcialidade continua a ser uma discussão. Creio que só quem não esteve em cenários de conflito e não teve a prolongada experiência na grande reportagem (algo que te aproxima demasiado dos casos em análise) pode falar levianamente. No entanto acabas por fazer essa gestão e o trabalho tem de ser concretizado. Mas esse processo transforma-te.

Ao longo do seu percurso profissional tem sido distinguida por vários prémios. O que é para si a definição de sucesso?

O prémio incentiva. É inesperado, motiva e deixa-te com a responsabilidade de fazer ainda melhor. Conquistei 18 ao longo destes 25 anos. É incrível porque nunca sabemos quem está atento ao nosso trabalho. Quanto ao sucesso... acredito que passa pela realização.

Sendo com verdade, o sorriso é espontâneo e não há segredos.

O SORRISO DOS JORNALISTAS

Hoje em dia, o que é que a faz sorrir?

Sou de riso fácil. E de grandes gargalhas também, para ser sincera. Alegrias, conquistas e situações caricatas... minhas e dos outros arrancam-me um sorriso.

Já foi apanhada desprevenida por um sorriso?

Tantas vezes... profissionalmente, pessoalmente. Acontece muito. Na pediatria do IPO, na Jamba Mineira em Angola, na Namíbia, no Quénia, no Uganda e em tantos outros lugares do mundo onde praticamente se vive no limite, não esperava encontrar tantos sorrisos.

Em televisão, não é comum vermos jornalistas a sorrir durante as transmissões. O sorriso tem lugar na profissão de jornalista?

As notícias que damos (falo por mim) não permitem que sorria. Seria disparatado um sorriso a relatar o estado das vítimas de um atentado terrorista ou a atualizar o número de mortos na sequência da epidemia que o coronavírus desencadeou. Mas já tive situações de autênticas crises de riso em direto.

Quais são os seus segredos para cuidar do seu sorriso?

Neste 2020 prometo ser melhor e cuidar verdadeiramente. Mas sorrio e rio-me com gosto e nas situações mais imprevisíveis. Sendo com verdade, o sorriso é espontâneo e não há segredos.

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