Revista nutriNews Brasil 1º trimestre 2024

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RESILIÊNCIA AGROPECUÁRIA

Ariovaldo Zani pág. 6
19 núm. 1 (2024)
Vol.

NUTRIÇÃO ANIMAL EM 2024:

RECALCULANDO A ROTA

O ano de 2023 para a produção animal foi uma verdadeira montanha russa de emoções, e nos setores relacionados a nutrição animal, não foi diferente.

O mercado iniciou o ano de 2024, ainda digerindo as consequências globais da guerra entre dois grandes produtores mundiais de grãos e outros insumos, e na espera das consequências (boas ou ruins) relacionadas ao plantio de milho e soja, e os desafios oriundos do El Ñino.

E nesta edição veremos diversas opções de grãos e outros alimentos que podem auxiliar a suprir possíveis necessidades da formulação de ração daqui para frente.

O mercado de nutrição animal, principalmente de animais não ruminantes, que tem em sua matriz produtiva os principais produtos como sendo milho e farelo de soja, necessita de novos direcionamentos, principalmente para lidar com problemas dentro do Brasil, como é o caso de Santa Catarina que traz de estados ou países vizinhos, 5 milhões de toneladas/ano de grãos, apenas falando de milho e soja, por modal rodoviário, e hoje passa por um dos, se não o pior, momento relacionado à infraestrutura viária.

Outro grande entrave é a situação portuária no País. Que pouco se dá importância mas é a principal rota de saída dos produtos brasileiros para o mundo. Apenas reforçando os problemas de Santa Catarina: o porto de Itajaí não opera desde 2022, o porto de Navegantes está em obras e ficará com limitação de atuação em 1/3 por dois anos

Uma situação que deve servir de exemplo a todos os Estados da Federação, já que o Brasil não é o melhor exemplo de rodovias, ferrovias e portos, visto que condições ótimas de transporte tem a capacidade de melhorar a competitividade no mercado externo e, consequentemente, reduzir os preços no mercado interno.

É esperado que a cadeia produtiva de rações e concentrados consuma pouco mais de 55 milhões de toneladas de milho e 19 milhões de toneladas de farelo de soja durante esse ano corrente, que juntos somam 70% dos gastos com a alimentação, e sabemos que fenômenos climáticos e problemas viários influenciam diretamente nesse custo.

O ano de 2024 promete desafios, e como vemos muitos deles já estão anunciados, nos resta saber enfrentá-los com soluções assertivas para que mais uma vez o agronegócio consiga se manter firme em seu propósito. Seguimos produzindo alimentos de qualidade para o Brasil e o Mundo.

Boa leitura!

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Revista Trimestral

ISSN 2965-3371

AGRINEWS
1 nutriNews Brasil 1o Trimestre 2024

CONTEÚDOS

04

Felippe Reis Crop analyst na EarthDaily Agro

Opinião do especialista 06

Resiliência agropecuária

Ariovaldo Zani

CEO Sindirações

20

Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos

Ana C. B.Doi1; Alana B. Serraglio2; Vivian I. Vieira1; Simone G. de Oliveira3

1Programa de pós-graduação em zootecnia (PPGZ); 2Programa de pós-graduação em ciências veterinárias (PPGCV); 3Professora adjunta; *Universidade Federal do Paraná, Curitiba/PR

32 Tabela

Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parãmetros de qualidade de ovos de postura comercial

Luiz Eduardo Takano, Patrick Roieski, Fabrizio Matté

Equipe técnica Vetanco

14
2 nutriNews Brasil 1o Trimestre 2024
2 0 42
TA B ELA
Microminerais Edição Brasil
de

40

48

Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira

Ingrid Caroline da Silva1, Karla Gabriela Memare1 e Bruna

Aparecida Moreira da Silva2

1Doutoranda em Produção Animal – PPZ UEM

2Graduanda em Zootecnia - UEM

O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição

Marianna Marinho Marquetti, Ana Carolina Mocelin, Nathaniele Penso Gonçalves Viana, Georgia Cristina de Aguiar, Rodrigo de Almeida

Universidade Federal do Paraná

56

62

Critérios de escolha de alimentos alternativos para uso em formulação de rações - Parte I

Taynara Prestes Perine e Caroline Espejo Stanquevis

Doutora em Zootecnia, docente Universidade Estadual de Maringá

Não é apenas uma

coleção de micróbios: o microbioma é um órgão das aves

Dra. Maria Walsh, Dr. Javier Ameri, Ricardo Santos Dsm-firmenich

Novas abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas

Abdelhacib Kihal DVM, MSc, PhD em Produção Animal Departamento de Ciência Animal e Alimentar Universitat Autònoma de Barcelona, Espanha

Influência dos antioxidantes e vitamina A na produção de ovinos

Laís Santana Celestino Mantovani

Médica Veterinária e Zootecnista, Docente da UNIFATECIE, Paranavaí-PR

nutrinews.com
70 84 3 nutriNews Brasil 1o Trimestre 2024

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

No Centro-Oeste, o fenômeno El Niño trouxe para a safra 2023/24 ano mais quente e seco dos últimos 30 anos, as altas temperaturas registradas durante o ciclo da soja é característico do El Niño.

As condições climáticas adversas reduziram o potencial produtivo das lavouras e a produção está estimada abaixo de 150 milhões de toneladas. No entanto, o aumento de área destinada à soja irá mitigar os efeitos climáticos.

Para o milho o El Niño deve ter um impacto menor, tendo em vista que o fenômeno vem perdendo força desde o fim de 2023 e a produção do cereal se concentra na segunda safra, quando cerca de 75% do milho é produzido.

Apesar disso, os efeitos do El Niño sobre a safra de verão devem ser levados em conta. O fenômeno resultou em fortes chuvas no Sul do país, o que prejudicou o início do ciclo do milho.

Para o milho de segunda safra o El Niño não deve causar impactos significativos e as condições climáticas estarão associadas à outros fatores.

A produção de milho de verão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, devem apresentar uma quebra de safra variando de 4% a 8%, a depender da região.

Há possibilidade de registrarmos o fenômeno La Niña ativo, porém isso está previsto para o início do segundo semestre, quando boa parte do milho de segunda safra já estará colhida, principalmente neste ano, cujo plantio está adiantado. Apesar dos desafios climáticos enfrentado pelo Brasil durante a produção de soja e milho a Argentina deve produzir um bom volume destes grãos em 2024, o que colaborará para que não haja uma alta exacerbada dos preços.

Nosso país vizinho deve produzir mais de 53,5 MT de soja e mais de 56 MT de milho, aumento de 114% e 61%, respectivamente. Ainda não podemos descartar novas alterações nas estimativas, já que a Argentina possui um ciclo um pouco diferente do Brasil.

4 Opinião do Especialista nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Opinião do Especialista
Crop

O USDA está estimando atualmente uma produção recorde de soja (cerca de 398,2 milhões de toneladas), apesar da produtividade baixa do Brasil, maior produtor mundial de soja.

Ainda é muito cedo para cravar uma produção mundial de soja acima ou perto dos 400 MT, mas a princípio consideramos que a produção da oleaginosa deve ser maior do que em 2023.

5 Opinião do Especialista nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Opinião do Especialista
Figura 1. Precipitação acumulada e soma das temperaturas. Fonte: EarthDaily Agro Figura 2. Precipitação acumulada no Sul do Brasil. Opinião do Especialista BAIXAR EM PDF

RESILIÊNCIA AGROPECUÁRIA

De acordo com as previsões do International Grain Council (Grain Market Report/GMR 550 - 2024, January 11th), a oferta global 2023/2024 de grãos poderá alcançar 2,9 bilhões de toneladas (safra de 2,307 bilhões + estoque de 0,598 bilhão), enquanto a demanda superar pouco mais de 2,3 bilhões, resultando em estoque de passagem de 590 milhões de toneladas (Tabela 1).

Já o levantamento para a mesma safra, elaborado pelo Departamento de Agricultura dos EUA/USDA (World Agriculture Supply and Demand Estimates/ WASDE - 2024, February 24th), prevê colheita de pouco mais de 2,8 bilhões de toneladas de grãos e estoque de passagem resultante de 779 milhões de toneladas (Tabela 2), com avanço do milho (Tabela 3) e do farelo de soja (Tabela 4).

6 Mercado nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Resiliência agropecuária

*Estimativa; **Previsão;

*Estimativa; **Previsão; Fonte: WASDE 664/USDA

*Estimativa; **Previsão; Fonte: WASDE 664/USDA (Estoque ajustado por conta dos grãos em trânsito, ano comercial)

7 Mercado nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Resiliência agropecuária
Tabela 1 – Oferta e demanda global grãos (igc)
Tabela
Fonte: GMR 550/IGC 2 – Oferta e demanda global grãos Tabela 3 – Oferta e demanda global/milho
TONELADAS (milhão) 2020/2021 2021/2022 2022/2023*(a) 2023/2024**(b) (b/a) Estoque inicial 617 602 600 598 -0,3 Produção 2.227 2.296 2.269 2.307 1,7 Suprimento Total 2.844 2.897 2.869 2.904 1,2 Demanda Total 2.245 2.308 2.271 2.314 1,9 Alimentação Humana 745 752 756 761 0,7 Alimentação Animal 1.008 1.043 1.020 1.049 2,8 Uso Industrial 360 369 363 371 2,2 Outros 132 144 132 133 0,8 Estoque Passagem 602 589 598 590 -1,3 Comércio Exterior 427 426 428 415 -3,0 TONELADAS (milhão) Produção Oferta Comércio Demanda Estoque Estoque/Uso 2020/2021 2.725 3.543 488 2.742 801 29,2% 2021/2022 2.794 3.589 514 2.795 794 28,4% 2022/2023* 2.748 3.543 496 2.765 778 28,1% 2023/2024** 2.810 3.587 503 2.812 775 27,6% TONELADAS (milhão) Produção Oferta Exportação Demanda Estoque Estoque/Uso 2020/2021 1.129 1.622 183 1.144 293 25,6% 2021/2022 1.216 1.509 207 1.198 311 26,0% 2022/2023* 1.156 1.466 181 1.166 300 25,8% 2023/2024** 1.233 1.533 201 1.211 322 26,6%

*Estimativa; **Previsão; Fonte: USDA (Estoque ajustado por conta dos grãos em trânsito, ano comercial)

O boletim da safra de grãos 2023/2024 da Companhia Nacional de Abastecimento/CONAB (5º. Levantamento/janeiro 2024) estima importações de 2,1 milhões e a colheita de 113,7 milhões de toneladas de milho, resultado da redução de 8,2% na área plantada, do desestímulo por conta do baixo preço ao produtor ao longo de 2023, e também por causa dos extremos climáticos do “Super” El Niño (classificação superlativa atribuída pelo National Oceanic and Atmospheric Administration/NOAA, à exemplo das ocorrências anteriores em 1982/1983, 1997/1998, 2015/2016), fenômeno que embora venha perdendo força, deva prevalecer até o outono, e que provocou atraso e replantio da oleaginosa e potencialmente prejudicial à janela ideal da semeadura da 2ª. safra do cereal.

Sob o prisma da demanda, a expectativa da autarquia aponta para o consumo doméstico de 84,1 milhões de toneladas (incremento de 6%), enquanto prováveis exportações limitadas às 32 milhões de toneladas (recuo de 37,5%), e provavelmente, compensadas pela generosa oferta internacional sustentada principalmente pelos Estados Unidos com a contribuição da União Europeia e até da Ucrânia.

Apesar do recuo de 13,8% em relação ao ciclo anterior, a expectativa revela produção de milho ainda superior àquela apurada em 2021/2022 que resultou em 112,8 milhões de toneladas e garantiu suprimento doméstico de aproximadamente 74 milhões de toneladas e exportações de mais de 46 milhões de toneladas (Tabela 5)

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Tabela 4 – Oferta e demanda global/farelo soja
Produção Oferta Exportação Demanda Estoque Estoque/Uso 2020/2021 248 327 69 244 14 5,9% 2021/2022 247 263 69 245 17 6.9% 2022/2023* 247 264 67 246 14 5.6% 2023/2024** 259 272 70 254 15 5,9%
TONELADAS (milhão)

Apesar da quebra da atual safra desse maior exportador global de soja (recuo de 3,4% no Brasil, de acordo com a CONAB), o preço da oleaginosa iniciou o ano corrente negociado em Chicago com desvalorização de 6,5%, influenciado pela perspectiva de vigorosa produção argentina e da diminuição do ritmo importador chinês.

Ao longo de 2023, seu preço em dólares/bushel recuou quase 18%, enquanto o milho despencou 31%, retrocedendo adicionais 4,7%, já em janeiro desse ano corrente, pressionado pela suposta super safra norte-americana de 390 milhões de toneladas.

Oportuno ressaltar que, por aqui, o crescente aumento da mistura (14%, já nesse ano) do biodiesel ao combustível fóssil vai incrementar o esmagamento doméstico da soja, e sobretudo, disponibilizar mais farelo (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais/ABIOVE estima produção total de 41,7 milhões de toneladas).

Além disso, a produção de 6 milhões de litros de etanol (prevista pela União Nacional do Etanol de Milho/UNEM), pode vir a consumir até 14 milhões de toneladas do milho e, em contrapartida, devolver razoável fração (pouco mais de 30% são grãos secos de destilaria/DDG) destinada à alimentação animal.

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Tabela 5 – Milho (balanço de oferta e demanda) #Rações, Etanol, Sementes, Outros; *Previsão; Fonte: CONAB, adaptado Sindirações
MILHO milhões tons safras 2021/22 2023/24* Estoque Inicial 13,5 5,9 Produção 112,8 113,7 Importações 2,6 2,1 Demanda doméstica# 74,2 84,1 Exportações 46,6 32,0 Estoque Final 8,1 5,6

A cadeia produtiva de rações e concentrados prevê consumir pouco mais de 55 milhões de toneladas de milho e 19 milhões de toneladas de farelo de soja durante esse ano corrente, quantitativos com suprimento assegurado, quando considerados os pressupostos anteriormente mencionados, associados ao hipotético corte nas retenciones e esperado vigor da oferta argentina, muito embora os estragos resultantes da estiagem do final de janeiro/início de fevereiro podem reduzir aquelas projeções mais otimistas, segundo a Bolsa de Comercio de Rosario/BCR.

Aliás no Brasil, esses insumos somados, ranqueiam praticamente 70% do custo da alimentação de aves e suínos e, ainda no ano passado, o recuo das suas cotações (Figura 1) acabou por aliviar os prejuízos acumulados pelos produtores independentes, principalmente ao longo do segundo semestre.

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Mercado
Figura 1 – Variação no índice do preço dos insumos (janeiro/23 = base 100)
jan/23 fev/23 100 100 71 64 83 73 mar/23 abr/23 mai/23 jun/23 jul/23 ago/23 set/23 out/23 nov/23 dez/23 jan/24* milho farelo soja
Fonte: CEPEA, adaptado Sindirações

Levando em conta a evolução futura no crescimento na produção das proteínas animais (carnes, leite e ovos) e a respectiva projeção da pauta exportadora, inclusive, dos gêneros de origem vegetal e a hipotética escassez sazonal e regional de milho, soja e farelo, todo e qualquer esforço voltado ao fomento de outras culturas (inovação científica para desenvolvimento de novas variedades mais resistentes, programas de extensão rural, incentivos fiscais e linhas de crédito), se torna necessário, com intuito de incrementar a produção de outros gêneros agrícolas e compensar, cada vez mais, a escassez sazonal daqueles tradicionais,

Isso pode servir na mitigação da hipotética especulação dos preços, contribuir na manutenção da competitividade internacional do produto brasileiro e, sobretudo, no pleno abastecimento alimentar doméstico.

Tradicionalmente, o sorgo se soma à oferta do milho nas rações animais, enquanto os cereais cultivados no inverno (trigo, triticale, cevada, aveia e centeio, por exemplo) constituem fonte nutricional valiosa, são ricos em carboidratos, proteínas, vitaminas, minerais e energia, necessários ao crescimento dos animais, principalmente aqueles voltados à produção, à exemplo das vacas leiteiras que consomem silagem, dos ruminantes e, inclusive, em determinadas fases da produção de frangos de corte, poedeiras e aparentemente melhor aproveitados por suínos adultos.

Importante ressaltar que a fração de fibras solúveis e insolúveis presentes pode estimular a microbiota benéfica intestinal, responsável pela digestão e absorção dos nutrientes e imuno defesa contra patógenos.

A despeito dessas oportunidades, a safra brasileira desses insumos ainda é bastante sazonal e inconstante, modesta e concentrada nas regiões Sul e Sudeste, aliás, o layout das fábricas de rações instaladas é configurado para recebimento, classificação, armazenagem, dosagem e moagem do milho.

Todavia, o interesse do setor privado associado à expertise dos pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves tem acelerado os estudos com intuito de quantificar com maior precisão o valor nutricional (digestibilidade, fatores anti nutricionais, etc.) e econômico desses cereais (inclusive o DDG de trigo), afora os estudos da Embrapa Trigo que já vem

Mercado | Resiliência agropecuária

A redução das emissões da descarga de fósforo e nitrogênio diminuíram consideravelmente por conta da substituição de parte dos insumos tradicionalmente inseridos (milho, farelo de soja, fosfato orgânico e inorgânico) por aditivos alimentares (aminoácidos, enzimas, microminerais orgânicos, etc.) adicionados ao sistema produtivo e capazes de garantir o mesmo desempenho zootécnico.

Ainda em 2016 o estudo publicado no Journal of Animal Science (Environmental impact of using Specialty feed ingredients in swine and poultry Production: A life cycle assessment. J. Anim. Sci. 2016.94:26642681) demonstrou o impacto dos aminoácidos lisina, metionina, treonina e triptofano e da enzima fitase nos sistemas de produção de suínos e de frangos na América do Sul (caso do Brasil), na Europa (Alemanha, predominantemente) e na América do Norte (notadamente Estados Unidos), de acordo com as normas internacionais (ISO 14040/44) para determinação do ciclo de vida dos recursos empregados “do campo até a porteira”, intervalo compreendido da preparação das rações até a criação dos animais e manejo dos dejetos resultantes.

Essa análise do ciclo de vida dos insumos permitiu entender melhor como a suplementação com aditivos contribui na mitigação do impacto ambiental e na economia de recursos empregados, independentemente do nível tecnológico empregado nos sistemas produtivos de suínos e frangos de corte.

No caso do Brasil, as rações de suínos e frangos de corte suplementadas, quando comparadas à dieta “controle” (sem qualquer suplementação), resultaram, respectivamente, em redução da ordem de 23% e quase 50% quanto ao potencial de eutrofização (indesejável excesso de fosfatos insolúveis e principalmente compostos nitrogenados/nitratos, que deterioram a qualidade da água).

No caso da acidificação, seu potencial foi reduzido em 20% na produção de suínos e mais de 53% nos sistemas de frangos de corte, sobretudo porque a suplementação com aminoácidos reduziu a quantidade de nitrogênio nas rações e nas excretas, que consequentemente diminuiu a emissão de amônia.

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O efeito adicional foi complementado pela adição da enzima fitase que permitiu diminuir o uso do fosfato inorgânico, considerado também recurso de disponibilização finita.

Definitivamente, a safra agrícola 2022/23 contribuiu sobremaneira para o controle da inflação brasileira dos alimentos (recuo de 0,82% no ano passado).

As cadeias produtivas consumidoras de grãos e derivados, ou seja, a do frango e da carne bovina recuaram 10% e 9%. Além disso, o óleo de soja caiu 28%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE.

Todavia, a alta no preço dos alimentos em janeiro último constituiu-se o principal fator de aceleração da inflação que superou a expectativa do mercado. Essa reversão merece atenção porque atinge em cheio as famílias que investem a maior parte do orçamento nos itens alimentícios.

O cenário exige direcionamento do Governo para medidas emergenciais de apoio à comercialização e abastecimento das diversas cadeias agropecuárias e voltadas ao crédito rural dos empreendedores responsáveis por assegurar o compasso do agronegócio brasileiro e afetados pelo conjunto de circunstâncias adversas.

Resiliência agropecuária

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USO DO PREBIÓTICO

UNIWALL® MOS 25 E SEUS BENEFÍCIOS NOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DE OVOS DE POSTURA COMERCIAL

Oovo é um dos alimentos mais completos da alimentação humana, apresentando uma composição diversificada rica em minerais, vitaminas, ácidos graxos e proteínas de alto valor biológico. Devido a isso, pode ser susceptível à ação de microrganismos, sendo importante avaliar sua qualidade externa e interna.

A qualidade interna e externa do ovo pode ser avaliada por diversos parâmetros como a altura do albúmen, índice de gema, unidade Haugh, espessura da casca, gravidade específica e peso do ovo.

14 Prebiótico nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parâmetros de qualidade de ovos de postura comercial
Luiz Eduardo Takano, Patrick Roieski, Fabrizio Matté Equipe técnica Vetanco

Os aspectos referentes à qualidade externa do ovo estão relacionados à qualidade da casca, ao considerar sua estrutura e higiene. A casca é considerada uma embalagem natural do ovo que confere proteção.

Ela deve estar limpa, íntegra e sem deformações. Um dos maiores defeitos na casca são as trincas, que facilitam a entrada de microrganismos, facilitando a perda da qualidade.

A espessura da casca é importante para dificultar a entrada de microrganismos, portanto, quanto mais espessa a casca, melhor será sua qualidade.

Os aspectos de qualidade interna do ovo consideram características relativas ao albúmen, gema, câmara de ar, cor, odor, sabor e manchas de sangue.

A unidade Haugh é o parâmetro mais usado para expressar a qualidade do albúmen. É uma expressão matemática que correlaciona o peso do ovo com a altura do albúmen denso.

Neste parâmetro, quanto maior o valor da unidade Haugh, melhor a qualidade interna do ovo. Esta análise pode dar uma indicação da duração e das condições de armazenamento dos ovos.

O índice de gema também é considerado um parâmetro que mensura a qualidade interna do ovo. O cálculo se baseia dividindo a altura da gema pelo diâmetro da gema do ovo.

A dieta das poedeiras interfere na quantidade e qualidade dos nutrientes do ovo, portanto, algumas estratégias nutricionais podem ser exploradas na formulação da ração das poedeiras.

15 Prebiótico nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parâmetros de qualidade de ovos de postura comercial

Neste sentido, o prebiótico atua sobre a modulação qualitativa da microbiota nativa presente no hospedeiro, estimulando o desenvolvimento de bactérias benéficas, reduzindo o desenvolvimento de microrganismos patogênicos, favorecendo o equilíbrio saudável da microbiota intestinal e, desta forma, pode melhorar o desempenho zootécnico.

Além de prebióticos, também é comum o uso de ácidos orgânicos que podem auxiliar na redução de infecções por bactérias patogênicas, alterando o pH do ambiente.

A utilização de associações de ácidos orgânicos que apresentam dissociação em diferentes pH pode manter a ação antimicrobiana em maior extensão intestinal.

Pode ainda melhorar a digestibilidade de alguns nutrientes como das proteínas, cálcio e fósforo, bem como aumentar a atividade de determinadas enzimas.

O UNIWALL® MOS 25 é uma combinação única de ácidos orgânicos (acético, fórmico e propiônico) com os sais formiato de amônio e propionato de amônio, parede de levedura (mananoligossacarídeos e betaglucanos) e um carrier mineral protetor, que oferece ao produto a capacidade de transporte ativo.

Essa associação proporciona uma sinergia e modulação da microbiota intestinal benéfica constituída por bactérias acidófilas, melhorando a qualidade intestinal e suprimindo a multiplicação de bactérias patogênicas.

16 Prebiótico nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parâmetros de qualidade de ovos de postura comercial

Foi realizado um estudo com o uso de 1,0 kg por tonelada de UNIWALL® MOS 25 na ração, em uma granja de postura comercial localizada no estado de São Paulo.

Para espessura de casca houve efeito linear crescente (P=0,0047), demonstrando que quanto mais tempo foi o uso do prebiótico via ração, melhor foi a qualidade externa do ovo em relação ao parâmetro de espessura da casca.

O objetivo foi avaliar os parâmetros de peso de ovo, espessura de casca, unidade Haugh e índice de gema, através do Digital Egg Tester DET6500 (Nabel Co, Ltd.).

A idade do lote no início do estudo era de 49 semanas e a linhagem Lohmann LSL-LITE. Foram coletados os ovos (n=30) em cinco períodos diferentes, sendo a frequência de coleta a cada 15 dias. A primeira coleta e análise foi realizada antes do uso de UNIWALL® MOS 25.

Houve um efeito linear crescente (P<0,0001) para a unidade Haugh, onde quanto maior foi o tempo de consumo da dieta com o prebiótico UNIWALL® MOS 25, melhor foi a qualidade interna dos ovos. A segunda coleta e análise foi realizada na semana que se iniciou o uso do prebiótico na ração. Para as análises estatísticas foi utilizado o proc GLM do programa SAS (2018), seguido do teste de regressão.

Em relação ao peso de ovos, não houve efeito significativo (P=0,4553) no período avaliado.

17 Prebiótico nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parâmetros de qualidade de ovos de postura comercial
Peso de ovos (gramas) 64 63 62 61 60 59 58 1 2 3 4 CV = 6,14 EPM = 0,34 p = 0,4553 5 59,9 63,1 62,2 60,8 62,0 Peso (gramas) Unidade Haugh 98 96 94 92 90 88 86 84 82 80 78 76 HU 1 2 3 4 CV=7,08 EPM=0,52 p=<0,0001 y=1,85+85,53 5 89,4 83,6 94,1 96,0 92,4 Espessura de Casca (THK) (mm) 0,435 0,430 0,425 0,420 0,415 0,410 0,405 0,400 0,395 0,390 1 2 3 4 CV= 6,96 EPM=0,0024 p=0,0047 y=0,005+0,407 5 0,410 0,405 0,430 0,430 0,420

O Índice de gema mostrou que houve efeito linear crescente (P=0,0047), demonstrando que, quanto maior o tempo de consumo de prebiótico, melhor foi a qualidade interna do ovo. Índice de gema (YI)

Do momento em que o ovo é produzido até o consumo, o principal objetivo é preservar ao máximo sua qualidade original até que ele chegue ao consumidor.

A utilização do prebiótico

UNIWALL® MOS 25 na dieta de poedeiras promoveu melhora de parâmetros de qualidade interna e externa dos ovos, garantindo um produto de qualidade ao consumidor final.

18 Prebiótico nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parâmetros de qualidade de ovos de postura comercial
Uso do prebiótico UNIWALL® MOS 25 e seus benefícios nos parâmetros de qualidade de ovos de postura comercial BAIXAR EM PDF
0,44 0,43 0,43 0,42 0,42 0,41 0,41 0,40 0,40 0,39 0,39 0,38 YI 1 2 3 4 CV=14,02 EPM=0,04 p=0,0047 y=0,397+0,006 5 0,410 0,399 0,418 0,420 0,430 0,430

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DESVENDANDO O POTENCIAL DO SORGO NA NUTRIÇÃO DE AVES E SUÍNOS

Ana C. B.Doi1*; Alana B. Serraglio2*; Vivian I. Vieira1*; Simone G. de Oliveira3*

1Programa de pós-graduação em zootecnia (PPGZ);

2Programa de pós-graduação em ciências veterinárias (PPGCV); 3Professora adjunta; *Universidade Federal do Paraná, Curitiba/PR

INTRODUÇÃO

Em escala global, de acordo com o USDA (2024), os Estados Unidos lideram o ranking de produção de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) com 8,071 milhões de toneladas, seguidos por Nigeria e Sudão.

O Brasil ocupa a sétima posição entre os maiores produtores mundiais (USDA, 2024), e na safra de 2022/23 atingiu uma produção de 4,788 milhões de toneladas (Conab, 2024), sendo os estados de Goiás, responsável por 44% da produção, Minas Gerais por 28% e São Paulo por 9%, os principais membros do "Sorghum Belt" brasileiro (Embrapa, 2022).

Conforme discutido no XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, ocorrido em 2022, a cultura do sorgo apresenta perspectivas promissoras, especialmente diante do potencial aumento nas exportações de milho para a China, o que torna o sorgo uma alternativa economicamente viável. Além disso, o sorgo apresenta um custo de produção de cerca de 20% inferior ao do milho (Fialho et al., 2002).

20 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos

Originário da África, o sorgo é reconhecido por suas propriedades nutricionais, destacando-se pela sua notável adaptabilidade a condições adversas de clima e solo, maior tolerância ao estresse hídrico, alto valor energético e pela versatilidade como ingrediente em rações para animais de produção (Nunes, 2005; Carvalho, 2010).

No entanto, sua inclusão requer uma análise cuidadosa das variações em sua composição, especialmente em relação a grande quantidade taninos e fatores anti qualitativos, que podem impactar negativamente a digestibilidade e o desempenho dos animais (Selle et al., 2018).

Em termos nutricionais, conforme descrito nas Tabelas Brasileiras (2017), é recomendado que a níveis práticos se use 30% de sorgo em dietas para frangos de corte em fase inicial e poedeiras e 35% em dietas de suínos em fase de terminação.

O sorgo granífero é um tipo de sorgo de porte baixo que produz uma panícula na extremidade superior onde se localizam os grãos. As cultivares graníferas se diferem quanto ao rendimento dos grãos, na tolerância às doenças, ao ciclo vegetativo e outras características agronômicas (Melo et al., 2023).

O grão de sorgo tem uma ampla gama de tonalidades, sendo o branco, o bronze e o cinza as mais prevalentes. Embora os grãos sejam geralmente esféricos, suas dimensões e formas podem variar (Nunes, 2000)

Ele é constituído por três partes principais: o pericarpo, o endosperma e o gérmen (Figura 1). A proporção relativa desses componentes no grão é variável, mas na maioria dos casos é de 6%, 84% e 10%, respectivamente (Pereira Filho e Rodrigues., 2015).

Pericarpo

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E COMPOSIÇÃO DO GRÃO

Existem diversas variedades de sorgo, incluindo o sorgo forrageiro, o sacarino, vassoura, biomassa e o granífero, utilizados na alimentação dos animais monogástricos.

Escutelo

Caulículo

Gérmen

Testa Endosperma vítreo

Endosperma farináceo

21 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos
Figura 1. Estrutura do grão de sorgo. Fonte: Adaptado de Nunes (2000).

O pericarpo é formado por três camadas: epicarpo, mesocarpo e endocarpo e, logo abaixo, há a testa, estrutura onde se localizam os taninos.

O gérmen é formado por dois tecidos, caulículo e escutelo, contendo lipídeos, proteínas, enzimas e minerais.

Na região do endosperma, farináceo e vítreo, são encontrados cerca de 88% dos grânulos de amido e 80% das proteínas (Scramin, 2013; Pereira Filho e Rodrigues., 2015).

Além do mais, os grânulos de amido também são depositados no mesocarpo, sendo essa uma explicação pelo alto conteúdo de amido encontrado neste cereal (Nunes, 2000).

O sorgo é um cereal que se assemelha com o milho, apesar de existirem diferenças em seus perfis nutricionais (Gomes, 2020), este cereal apresenta uma grande variabilidade genética e em sua composição bromatológica, como pode ser observado na Tabela 1.

22 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos
Tabela 1. Teores de proteína bruta e amido de diferentes grãos de sorgo.
Tipo/Genótipo Proteína Bruta (%) Amido (%) Sorgo, Grão Alto Tanino¹ 8,97 56,8 Sorgo, Grão Baixo Tanino¹ 8,75 66,6 Sorgo BR 501² 9,91 62,74 Sorgo BRS 310² 11,59 61,81 Sorgo SC 283³ 14,71 68,34 Sorgo SHS 400³ 11,49 77,22 Sorgo Embrapa4 10,12 61,21
Fontes: ¹ Rostagno et al., (2017); ² Martino et al., (2012); ³ Antunes et al., (2007); 4 López e Stumpf Junior, (2000).

Por ser um cereal energético, o amido contido no sorgo corresponde a maior parcela do grão, onde 70-80% é formado por cadeias de amilopectina e 20-30% por cadeias de amilose.

O sorgo apresenta, em média, 3% de extrato etéreo, 12% de fibras e 78% de nutrientes digestíveis totais (Martino et al., 2012; Pereira Filho e Rodrigues., 2015).

Em termos de valores de aproveitamento de energia, o grão de sorgo apresenta 3204 kcal/kg de energia metabolizável para aves e 3358 kcal/ kg para suínos, em comparação com o milho, que apresenta 3364 kcal/kg e 3360 kcal/kg, conforme relatado por Rostagno et al. (2017).

Isso evidencia que o sorgo é, de fato, um ingrediente com potencial energético para substituição do milho.

Do teor proteico do grão, essas proteínas estão em maior quantidade e são armazenadas dentro de corpos proteicos que contribuem para a sua estabilidade e proteção.

A porção do endosperma vítreo do sorgo é mais espesso quando comparado ao endosperma farináceo que é composto, em sua maioria, por proteínas e polissacarídeos não amiláceos, caracterizando-se por ser denso, duro e resistente a penetração da água e a atividade enzimática (Sapaterro et al., 2011).

Como as zeínas do milho, o sorgo possui as kafirinas que são prolaminas, um grupo de proteínas de reserva.

Contudo, essa proteção ofertada pode dificultar a ação de enzimas digestivas, reduzindo a digestibilidade da proteína (Belton et al., 2006) Além disso, as kafirinas formam ligações de dissulfeto intra e intermoleculares que dificultam o seu rompimento (Abdelbost et al., 2023).

23 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos

A Figura 2 nos traz uma caracterização do endosperma do grão de sorgo, de modo que é possível identificar a disposição dos grânulos de amido circundados por prolaminas, mais especificamente, kafirinas.

FATORES ANTI QUALITATIVOS E TOXINAS

Apesar da importância nutricional do sorgo na alimentação animal, a presença de componentes considerados anti qualitativos no grão pode afetar negativamente a digestibilidade e a absorção de nutrientes, influenciando diretamente o desempenho e a saúde dos animais.

Esses compostos desempenham um papel defensivo para a planta contra aves e patógenos, visto que não há uma proteção física para as sementes, ao contrário da casca do milho, por exemplo. (Magalhães et al., 2001).

Diferentemente dos benefícios que esses compostos proporcionam durante o desenvolvimento da planta, quando ofertados em dietas para animais monogástricos, podem comprometer a digestibilidade impedindo que o animal expresse todo potencial zootécnico nele existente.

Os principais fatores anti qualitativos encontrados no grão de sorgo são: os compostos fenólicos como o tanino e fitato, glicosídeos cianogênicos, flavonóides. (Marques et al., 2007; Lima Júnior et al., 2010; Selle et al., 2018).

É evidente que as plantas absorvem os nutrientes minerais do solo e esses são repassados ao grão. Entretanto, a forma como esses nutrientes são armazenados muitas vezes os tornam indisponíveis para absorção por animais que não produzem enzimas específicas para romper ligações presentes nas macromoléculas desses compostos.

Esse é o caso do fósforo, que nos vegetais é armazenado na forma de ácido fítico, também conhecido por fitato. A quantidade de fósforo total na semente de sorgo é de 4,03 g/kg, dos quais 3,26 g/kg estão complexados ao fitato.

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Figura 2. Micrografia eletrônica do endosperma mostrando grânulos de amido (amarelo) e prolaminas (vermelho). Fonte: Adaptado de Black (2001).

Além disso, o ácido fítico pode impedir a digestão ao se ligar diretamente ou indiretamente às proteínas, ao amido e a minerais, como cálcio, ferro, zinco e cobre (Rooney e Pflugfelder, 1986; Liu et al., 2013; Selle et al., 2018) (Figura 3).

https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/ compound/24495

Os taninos, por sua vez, consistem em compostos fenólicos que podem interagir e formar complexos com proteínas de reserva dos grãos de sorgo. Este composto pode ser dividido em duas categorias: hidrossolúveis e condensados.

Destes, os condensados são os mais prevalentes e desempenham um papel significativo na baixa digestibilidade do sorgo (Scramin, 2013). Para os animais monogástricos, o tanino provoca efeitos negativos, uma vez que se complexam com as proteínas causando redução na palatabilidade e na digestibilidade do grão. (Pereira Filho e Rodrigues., 2015).

No Brasil, os grãos de sorgo frequentemente exibem contaminação por diversos fungos, resultando em perdas significativas nas esferas sanitária, física e nutricional.

No processo de deterioração desses grãos, esses fungos têm a capacidade de provocar a degradação de componentes cruciais, como proteínas, açúcares e carboidratos.

Dentre as micotoxinas de maior relevância que podem contaminar os grãos de sorgo, destacam-se as aflatoxinas, zearalenona, fumonisinas e a toxina T-2 (Iamanaka et al., 2010).

É necessário reconhecer que a presença e a concentração das substâncias mencionadas podem variar significativamente entre as variedades de sorgo e condições de crescimento em que a planta foi submetida.

Procedimentos adequados de processamento, tais como armazenamento dos grãos e moagem têm o potencial de contribuir para a redução da presença de algumas dessas toxinas promovendo, assim, a qualidade e segurança que a nutrição animal brasileira exige.

25 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos
Figura 3. Estrutura de um fitato complexado com íons de cálcio (C6H6Ca6O24P6). Fonte:
O O O O O O O O O P P P P P P Ca++ Ca++ Ca++ Ca++ Ca++ Ca++ O O O OOOOOOOOOOOO-

UTILIZAÇÃO DO SORGO NA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL

É evidente que a oscilação nos preços do milho resulta em consideráveis aumentos nos custos de produção de setores dependentes do grão.

Nesse contexto, uma opção é aderir a matérias primas alternativas, como é o caso do sorgo, que pode vir a substituir o milho de maneira parcial (Parreira Filho et al., 2020).

O sorgo ceroso híbrido, é caracterizado por apresentar 100% de amilopectina em sua composição de amido (Zardo e Lima, 1999). Além disso, variedades sem taninos e compostos fenólicos já estão disponíveis no mercado.

Em dietas destinadas a aves e suínos, somente a total substituição do milho pela linhagem sem tanino do sorgo pode ser considerada.

O valor nutricional do grão de sorgo é significativo, comparável ao do milho, por conta disso, o uso de sorgo é aceito como substituto do milho em dietas destinadas a poedeiras, frangos de corte e suínos (Fernandes et al., 2014).

Linhagens híbridas têm aprimorado a composição do amido do sorgo, resultando em melhorias na digestibilidade do grão.

Entretanto, é necessário considerar as diferenças estruturais das ligações entre as fontes de carboidratos e proteínas, bem como o armazenamento desses complexos no grão de sorgo.

A substituição do milho por sorgo granífero pode ser uma alternativa promissora para os monogástricos.

26 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos

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Já no endosperma vítreo, os grânulos são menores e a matriz é mais contínua (Paes, 2006).

A caracterização das proteínas do sorgo pode dificultar o acesso aos grânulos de amido e, então, reduzir sua digestibilidade.

É importante observar que a digestibilidade do sorgo pode ser otimizada por meio de procedimentos de processamento, como moagem e tratamentos térmicos.

A diminuição do diâmetro das partículas, resultante da moagem, exerce um impacto positivo sobre a digestibilidade dos nutrientes e o desempenho animal (Leandro et al., 2001).

O cozimento, por exemplo, pode melhorar a digestibilidade das proteínas do sorgo, inativando os fatores anti qualitativos, promovendo a ruptura do corpo proteico e melhorando a solubilidade das proteínas (Nunes, 2000; Margier et al., 2018), além de potencializar a digestibilidade do amido por meio da gelatinização do grânulo.

A suplementação com enzimas em dietas que contenham sorgo na composição também é uma ferramenta para melhorar a digestibilidade dos nutrientes da dieta (Leite et al., 2011) e mitigar os efeitos dos compostos presentes no grão (Zanella, 1999; Barbosa et al., 2008).

O uso de xilanases, celulases e glucanases, pode aprimorar a digestão do grão e, também, melhorar o desempenho zootécnico dos animais, como a conversão alimentar em frangos de corte na fase inicial de criação (Leite et al., 2011). Além disso, grãos híbridos são desenvolvidos para aumentar a digestibilidade dos nutrientes (Marques, 2007).

Nutrição

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse material explorou alguns pontos relacionados ao uso do sorgo na alimentação animal, desde suas características morfológicas e composição nutricional até sua digestibilidade e uso em monogástricos.

Ao examinar a digestibilidade do sorgo, é possível compreender sua viabilidade como fonte de energia e nutrientes para suínos e aves.

Além disso, a utilização do sorgo na alimentação animal revela vantagens econômicas e ambientais, oferecendo uma alternativa rentável ao milho, principalmente em regiões onde o cultivo de milho pode ser desafiador.

Entretanto, é crucial considerar os fatores anti qualitativos e toxinas presentes no grão, os quais podem impactar negativamente a saúde e o desempenho dos animais.

Estratégias de mitigação, como a seleção de variedades de sorgo com menor teor desses compostos, uso de técnicas de processamento adequadas e aditivos, são essenciais para garantir a segurança e a eficácia do uso do grão.

Desvendando o potencial do sorgo na nutrição de aves e suínos

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de monogástricos

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TABELA MICROMINERAIS 2024

EDIÇÃO BRASIL

Tabela de produtos

MICROMINERAIS 2024

MICROMINERAIS ESPÉCIE DESTINADA INFORMAÇÃO ADICIONAL

1. Única OH-SeMet do mercado, totalmente disponível para o metabolismo animal;

2. Estabilidade ao armazenamento e condições de processamento térmico da ração;

3. Suporte ao sistema antioxidante e sistema imune;

4. Melhor desempenho produtivo e reprodutivo em condições desafiadoras;

5. Promove a resiliência animal.

Selênio Todas as espécies animais

TIPO DE FONTE

Fonte orgânica pura

NOME DO PRODUTO

Selisseo 2% Se

2024 33
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Tabela de produtos

MICROMINERAIS 2024

ADICIONAL

MICROMINERAIS ESPÉCIE DESTINADA INFORMAÇÃO

A forma orgânica melhora o desempenho produtivo dos animais e proporciona maior biodisponibilidade e absorção do cromo.

Todas as espécies

Bovinos, Aves, Suínos, Animais de estimação, Aquacultura e outras espécies

O tipo de ligação do mineral com as cadeias de peptídeos confere uma grande estabilidade, o que evita a interação com outros elementos da dieta e facilita a chegada do mineral aos pontos de absorção, bem como o transporte para o interior do organismo.

Por estas razões, a biodisponibilidade dos minerais Bioplex® é muito elevada.

Cromo

TIPO DE FONTE

Cromo levedura

Proteinato de cobre Cobre

Proteinato de ferro Ferro

Proteinato de magnésio Magnésio

Proteinato de manganês Manganês

Todas as espécies

NOME DO PRODUTO

Bio-Chrome TM

Bioplex® Cobre

Bioplex® Ferro

Na forma de levedura enriquecida com selênio, potencializa o desempenho (maior ganho de peso e melhor conversão alimentar) e melhora do sistema imune.

Bioplex® Magnésio

Bioplex® Manganês

Zinco

Selênio

Proteinato de zinco

Bioplex® Zinco

Levedura enriquecida com selênio

Sel-Plex TM

2024 34
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Tabela de produtos

MICROMINERAIS 2024

MICROMINERAIS ESPÉCIE DESTINADA INFORMAÇÃO ADICIONAL

Nossos minerais orgânicos possuem alta tecnologia de processamento no qual íons metálicos estão quelatados a estruturas proteicas. Com a formação de cadeias de alta estabilidade, formadas em seu processo de quelatação, promove uma absorção mais rápida, profunda e efetiva contribuindo para uma melhor retenção deste nutrientes e consequentemente, melhor saúde, desempenho e produtividade dos animais.

Para todas as espécies animais

TIPO DE FONTE

Cromo

Cobre

NOME DO PRODUTO

Fonte orgânica de cromo aminoácido quelato

Fonte orgânica de cobre aminoácido quelato

Manganês

Fonte orgânica de manganês aminoácido quelato

Zinco

Cálcio

Selênio

Blink Chromium 10 e 20

Blink Copper 17% e 22%

Blink Manganese 17% e 22%

Fonte orgânica de zinco aminoácido quelato

Fonte orgânica de cálcio aminoácido quelato

Fonte orgânica na forma de um complexo selênio aminoácido

Blink Zinc 17% e 22%

Blink Calcium 17% e 22%

Blink Selenium 6.0

2024 35
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Tabela de produtos

2024

MICROMINERAIS

ESPÉCIE DESTINADA INFORMAÇÃO ADICIONAL

Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets

MICROMINERAIS

TIPO DE FONTE

Zn

Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Zinco 26%

NOME DO PRODUTO

Os minerais Glyadd® utilizam Glicina como ligante, obtendo uma molécula estável e completa. Vantagens: Maior concentração de mineral, alta biodisponibilidade e absorção, menor excreção no ambiente e não interagem com outros ingredientes. Para mais informações: liptosa@liptosa.com

Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets

Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets

Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets

Cu

Mn

Fe

Zn, Mn, Fe e Cu Aves de postura e reprodutoras

Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Cobre 24%

Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Manganês 22%

Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Ferro 20%

Orgânico / Pré-mistura de glicinatos

Zn, Mn, Fe e Cu

Glyadd® Zn 26%

Glyadd® Cu 24%

Glyadd® Mn 22%

Glyadd® Fe

Glyeggshell

2024 36
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Tabela de produtos

MICROMINERAIS 2024

MICROMINERAIS ESPÉCIE DESTINADA INFORMAÇÃO ADICIONAL

O mineral orgânico bi-quelatado MINTREX® Cu é uma fonte de cobre altamente biodisponível que fornece 15% de cobre e 78% de atividade de metionina.

MINTREX® Zn é um mineral orgânico composto por zinco quelatado a HMTBa, formando uma estrutura molecular de 1:2, respectivamente, altamente absorvível no intestino dos animais

O mineral orgânico bi-quelatado MINTREX® Mn é uma fonte de manganês altamente biodisponível que fornece 13% de manganês e 76% de atividade de metionina.

TIPO DE FONTE

Cobre

NOME DO PRODUTO

MINTREX® Cu

Aves, suínos, bovinos e aquacultura

MINTREX® Zn Zinco

Orgânico Bi-quelatado de Metionina Hidroxi Análoga MINTREX® é uma fonte de mineral orgânico protegido por duas moléculas de metionina hidroxi análoga (HMTBa) resultando em uma molécula estável e com estrutura definida (2:1) permitindo maior absorção no intestino do animal.

MINTREX® Mn Manganês

2024 37
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Tabela de produtos

2024

MICROMINERAIS

MICROMINERAIS ESPÉCIE DESTINADA INFORMAÇÃO ADICIONAL

TIPO DE FONTE

NOME DO PRODUTO

YesMinerals Zinco está disponível na concentração de 22%

O

Aves, suínos, bovinos, equinos, caprinos, ovinos, cães, gatos, peixes e camarões

Zinco

Sais solúveis de zinco quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos

YesMinerals Zinco

YesMinerals Manganês está disponível na concentração de 22%

O

Manganês

Sais solúveis de manganês quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos

YesMinerals

Manganês

YesMinerals Cobre está disponível na concentração de 22%

O

Aves, suínos, equinos, bovinos, caprinos cães, gatos, camarões, peixes

Cobre

Sais solúveis de cobre quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos

YesMinerals Cobre

YesMinerals Selênio está disponível nas concentrações de 0,1, 0,2 e 0,5%

O

Selênio

Sais solúveis de selênio quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos

YesMinerals Selênio

YesMinerals Cromo está disponível nas concentrações de 0,1 e 1,0%

O

Aves, suínos, equinos, bovinos, caprinos

Cromo

Sais solúveis de cromo quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos

YesMinerals Cromo

YesMinerals Ferro está disponível na concentração de 22%

O

Aves, suínos, bovinos, equinos, caprinos, ovinos, cães, gatos, peixes e camarões

Ferro

Sais solúveis de ferro quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos

YesMinerals Ferro

2024 38
C M Y CM MY CY CMY K nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Tabelas de Produtos Micromineirais 2024

IMPORTÂNCIA DOS MINERAIS PARA CÃES E GATOS E SEUS EFEITOS DURANTE PROCESSO DE EXTRUSÃO E VIDA DE PRATELEIRA

Ingrid Caroline da Silva1, Karla Gabriela Memare1 e Bruna Aparecida Moreira da Silva2 1Doutoranda em Produção Animal – PPZ UEM 2Graduanda em Zootecnia - UEM

Para que um alimento seja considerado completo e balanceado, deve conter todos os nutrientes essenciais para atender às demandas nutricionais específicas de cada espécie.

Os macronutrientes incluem proteínas, carboidratos, gorduras e bras;

Os alimentos são formulados com ingredientes que fornecem todos os nutrientes necessários, sendo separados em grupos:

Os micronutrientes são representados pelos minerais e vitaminas.

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nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira
Minerais
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02

Além disso, um alimento pode conter em sua formulação ingredientes com propriedades funcionais, proporcionando benefícios extras aos animais.

Do ponto de vista nutricional, minerais são elementos inorgânicos essenciais ao desenvolvimento e manutenção do organismo.

Podem ser classificados em função de seu papel biológico e/ou conteúdo presente nos tecidos animais, sendo responsáveis por exercer diversas funções importantes para o organismo, como:

A manutenção e regulação dos tecidos corporais;

Atuação no sistema musculoesquelético, enzimático e endócrino;

Contribuição para a digestão e absorção de nutrientes;

Além da manutenção do sistema nervoso central.

De acordo com a necessidade, os minerais são divididos em macroelementos e microelementos. Os macroelementos são exigidos pelo organismo animal em maior quantidade, enquanto os microelementos são necessários em menor quantidade.

Os macroelementos incluem Cálcio, Fósforo, Potássio, Magnésio, Sódio, Cloro e Enxofre, enquanto os microelementos são compostos por Ferro, Cobre, Cobalto, Iodo, Manganês, Zinco, Selênio, Molibdênio e Flúor.

Esses minerais podem ser encontrados em diversos alimentos, tanto de origem animal como vegetal, e cada um desempenha uma função específica contribuindo para o equilíbrio do organismo.

No contexto de Pet Food, é crucial considerar a qualidade e as fontes dos minerais para determinar a quantidade disponível para absorção e utilização, ou seja, sua biodisponibilidade.

Além disso, é importante levar em conta os efeitos dos minerais durante o processo de fabricação da ração, como no caso da extrusão.

41 Minerais nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira

A biodisponibilidade dos minerais refere-se à quantidade de um mineral presente em uma forma química específica que está disponível para absorção e utilização pelo organismo.

Esse processo é influenciado por diversos fatores, incluindo a taxa de absorção intestinal, que depende de elementos como o teor do mineral, a matriz alimentar, interação com outros nutrientes, forma química e processamento.

Existem divergências em relação ao grau de disponibilidade de minerais nas formas orgânicas e inorgânicas, especialmente no caso de minerais traço como Mercúrio, Chumbo, Cádmio e Arsênio.

influenciada pelo mineral em questão, pelas condições dietéticas e pelo estado fisiológico do animal.

As fontes de minerais mais comumente utilizadas na nutrição animal são na forma inorgânica, incluindo óxidos, sulfatos, cloretos, carbonatos e fosfatos.

Nos sítios de absorção no trato digestório, ocorrem competições nas quais os macro e microelementos estão sujeitos (Figura 1).

Absorção de minerais inorgânicos

Os minerais na fonte inorgânica competem com aminoácidos resultando em absorção prejudicada dos minerais e perda de nutrientes nas fezes.

Minerais inorgânicos

Aminoácido

Absorção de minerais orgânicos

A quelação de minerais e aminoácidos resulta em maior absorção.

Minerais quelatados

42 Minerais nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira
Figura 1. Absorção intestinal de minerais inorgânicos e orgânicos.

Pesquisas indicam que a biodisponibilidade de minerais pode ser aprimorada quando estão ligados a moléculas orgânicas, como aminoácidos ou peptídeos, resultando na denominação de orgânicos ou minerais quelatados.

Os minerais quelatados têm sido amplamente estudados devido à sua maior biodisponibilidade em comparação com fontes inorgânicas.

Em um estudo conduzido por França et al. (2008), testando diferentes fontes de zinco para gatos adultos, observouse que a fonte de zinco orgânico apresentou maior deposição no pelo quando comparada à fonte inorgânica de óxido de zinco.

O processamento de ingredientes ou do alimento também pode afetar a biodisponibilidade dos minerais.

As fontes orgânicas de minerais não apenas proporcionam melhor absorção, mas também exibem efeitos benéficos durante a vida útil do Pet Food, retardando o processo oxidativo das rações.

Este fenômeno foi evidenciado em um estudo conduzido por Silva (2021), no qual diferentes fontes (inorgânica x orgânica) e níveis (1x e 2x a recomendação do FEDIAF, 2021) de minerais

Um tratamento térmico excessivo pode reduzir a biodisponibilidade de certos minerais, e a interação com outros ingredientes na formulação pode interferir na absorção de minerais.

Além disso, o equilíbrio entre diferentes minerais na dieta também influencia sua biodisponibilidade, pois o excesso de um mineral pode inibir a absorção de outro.

43
nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira
Minerais

Durante os 12 meses de vida de prateleira, as rações suplementadas com a fonte inorgânica apresentaram 8,413 mEq/100g de peróxido, enquanto a fonte orgânica registrou 4,816 mEq/100g de peróxido (Figura 2)

Valor de Peróxido (mEq/kg)

Este índice reflete os produtos primários da oxidação lipídica, indicando que o uso de fontes orgânicas pode prevenir a oxidação lipídica durante a vida de prateleira.

Os autores observaram também, aos 360 dias, uma tendência à redução dos ácidos graxos (Figura 3), com menor retenção quando a fonte inorgânica 2x a recomendação foi utilizada (74,4%).

As perdas foram mais acentuadas nos ácidos graxos poli-insaturados devido à sua estrutura lipídica mais suscetível à oxidação.

Além disso, a retenção de antioxidantes após 360 dias de vida de prateleira variou de 29,8% a 42,3%, com uma tendência a efeito de tratamento, mostrando uma maior retenção quando os minerais foram fornecidos na forma orgânica 2x a recomendação.

Os antioxidantes desempenham um papel crucial na proteção dos ácidos graxos durante a extrusão e na preservação deles ao longo da vida de prateleira.

44 Minerais nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira
Figura 2. Curvas de valor de peróxido durante a vida de prateleira de 360 dias nas Dietas Controle (DC), Minerais Inorgânicos (MI-1 e MI-2) ou Minerais Orgânicos (MO-1 e MO-2).
33 27 24 21 28 18 15 12 9
0 45 90 135 180 225 270 315 360
6 3 0
Dias MI-1 MI-2 Dieta Controle MO-2 MO-1

Dessa forma, os autores concluíram que os níveis e as fontes dos microminerais não impactam significativamente na estabilidade oxidativa da ração durante o processamento, mas sim ao longo da vida de prateleira.

Notavelmente, as fontes orgânicas na forma de proteinatos, quando comparadas à suplementação de ferro, cobre e zinco na forma de sulfato, contribuíram para uma maior estabilidade oxidativa do alimento.

Em resumo, ao formular uma dieta, é crucial buscar fontes de boa qualidade para garantir uma melhor biodisponibilidade.

Além disso, é importante fornecer os minerais em formas e quantidades de fácil absorção, levando em consideração as variáveis do processo para minimizar os efeitos adversos durante a fabricação e a vida de prateleira do Pet Food.

Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira

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Referências bibliográficas sobre consulta junto ao autor.

45 Minerais nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira
Figura 3. Retenção total de ácidos graxos poliisanturados e antioxidantes sintéticos BHA e BHT após 360 dias de vida de prateleira nas Dietas Controle (DC), Minerais Inorgânicos (MI-1 e MI-2) e Minerais Orgânicos (MO-1 e MO-2).
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 DC 29.8 78.2 85.7 22.2 74.4 40.1 82 83.3 42.4 31.9
MI-1 MI-2
Tratamento Retenção (%)
MO-1 MO-2
Retenção de antioxidantes Ácidos Graxos Poli-insaturados

MINERAIS PARA NUTRIÇÃO ANIMAL

Como fornecedor de matéria-prima, nosso objetivo é oferecer aos nossos clientes soluções além de fontes de fósforo e cálcio. Atuando como parceira, a Phosphea deseja apoiar o mercado de alimentos para animais, fornecendo matérias-primas funcionais que lidam com as mudanças no mercado e otimizam a formulação de alimento, o desempenho animal e integram as preocupações ambientais.

Quais são os produtos fabricados na nossa fábrica em Imbituba, SC – Brasil?

DCP

P > 18%

Psc > 90%

Ca  23-25%

Pse < 20%

pH = 5

Granulometria : Pó e Micro-granulado

Embalagem : Sacos 25 & 50kg, Big Bag 1T

FUNCIONALIDADES & BENEFÍCIOS

A baixa solubilidade em água do fósforo permite um uso ideal na alimentação de ruminantes: baixa reatividade e recuperação de umidade, traz fósforo diponível para as bactérias ruminais

Boa fonte de cálcio

Boa digestibilidade: reduz a liberação de fósforo no ambiente

MDCP

P > 21%

Psc > 90%

Ca 19-21%

Pse = 25%

pH = 5

Granulometria : Micro-granulado

Embalagem : Sacos 25 & 50kg, Big Bag 1T

FUNCIONALIDADES & BENEFÍCIOS

A baixa solubilidade em água do fósforo permite um uso ideal na alimentação de ruminantes: baixa reatividade e recuperação de umidade, traz fósforo diponível para as bactérias ruminais

LEGENDA :

P : Fósforo total / Ca : Càlcio / Psc : Solubilidade cítrica / Pse : Solubilidade em água

EM SOLUÇÕES ESPECIALISTA

Produtos Phosphea vendidos no mercado brasileiro e seus benefícios

P > 22,7%

Psc > 95%

Ca : 15%

Pse < 85%

pH = 3

Granulometria : Micro-granulado

Embalagem : Sacos 25 & 50kg

Big Bag 1T & 1T100, granel

P : 18%

Psc > 95%

Ca : 22%

Pse > 30%

pH = 4

Granulometria : Micro-granulado

Embalagem : Saco 50kg, Big Bag

Big Bag 1T & 1T100, granel

P : 21,3%

Psc > 95%

Ca : 17,1%

Pse > 85%

pH = 3

Granulometria : Micro-granulado

Embalagem : Bag 25 & 50kg, Big Bag 1T & 1T100, granel

P : 14%

Psc > 94%

Mg : 26%

Pse > 20%

pH = 8

Granulometria : Granulado & micro-granulado

Embalagem : Bag 25 & 50kg, Big Bag 1T & 1T100, granel

P : 14%

Psc > 94%

Mg  : 26%

Pse > 20%

pH = 8

Granulometria : Granulado & micro-granulado

Embalagem : Bag 25 & 50kg, Big Bag 1T & 1T100, granel

P  : 22%

Psc > 95%

Ca : 15%

Pse >85%

pH = 3

Granulometria : Micro-granulado

Embalagem : Granel, Sacos 25 & 50kg, Big Bag 1T & 1T100

Alta digestibilidade, redução da liberação de fósforo no meio ambiente

Concentração de fósforo na fórmula

pH ácido para otimizar a digestão de ração em monogástricos

Boa digestibilidade: reduzir a liberação de fósforo no ambiente

Boa fonte de cálcio para poedeiras

pH ácido para otimizar a digestão da ração em monogástricos

Alta digestibilidade, diminui o P liberado no ambiente

pH ácido para otimizar a digestão da ração em monogástricos

Período seco (sem cálcio) + Período de lactação em ruminantes

Fornecer fósforo e magnésio altamente disponíveis para as bactérias ruminais

Baixa reatividade: otimizar o processo de alimentação mineral

Concentração de fósforo na fórmula

Alta digestibilidade: redução da liberação de fósforo no ambiente

pH ácido para otimizar a digestão da ração em monogástricos

Tamanho de partícula adaptado: melhor solubilização

Interesse tecnológico: otimizar o processo de produção

Fosfato inovador: Nutrição de precisão

Reduzir a incorporação de IFP na ração

Propriedades de quelatação: reduzir o efeito antinutricional de Ca

Alta digestibilidade: reduzir a liberação de fósforo no ambiente

Rua Deputado Heitor de Alencar Furtado, 3350 - 81200-528 Curitiba BRASIL www.phosphea.com | contact@phosphea.com
P : Fósforo total / Ca : Càlcio / Psc : Solubilidade cítrica / Pse : Solubilidade em água LEGENDA : Hum IPHORA MCP Fine MAG26 DCP MCP MDCP

O PAPEL FUNCIONAL DA METIONINA EM VACAS LEITEIRAS EM TRANSIÇÃO

Marinho Marquetti; Ana Carolina Mocelin; Nathaniele Penso Gonçalves Viana; Georgia Cristina de Aguiar; Rodrigo de Almeida Universidade Federal do Paraná

Operíodo de transição é um momento crucial na vida de uma vaca leiteira, definido como o intervalo de três semanas que antecede o parto até três semanas após o parto, compreendendo a etapa mais crítica da vida produtiva de uma vaca leiteira. Durante este período, a vaca passa por intensas mudanças fisiológicas e hormonais à medida que se prepara para o parto e posterior lactação.

Aminoácidos 48 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição

Tais alterações podem ser consideradas homeorréticas, que seria uma homeostasia a longo prazo, porém alguns animais apresentam dificuldade para se adaptar. Assim, este se torna o período em que os animais enfrentam o maior risco de desenvolver enfermidades metabólicas, concomitante com maiores taxas de descarte involuntário.

para a produção de leite, síntese do colostro e crescimento fetal, num período de baixa ingestão. Esses nutrientes incluem energia, aminoácidos, glicose, cálcio, entre outros.

49 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição
Aminoácidos

Portanto, o período em que as vacas enfrentam o maior risco de desenvolver distúrbios metabólicos concentra-se desproporcionalmente no período de transição. Isso contribui para os maiores índices de descarte involuntário no início da lactação, gerando impactos negativos, tanto do ponto de vista econômico como do bem-estar animal.

Vários autores já relataram que o descarte ocasionado por doenças é maior no início da lactação (até 60 dias em leite), e uma das principais causas é justamente a alta incidência de enfermidades, como cetose, hipocalcemia, retenção de placenta, metrite, deslocamento de abomaso, entre outras, que estão diretamente relacionadas a um período de transição mal sucedido.

Visando minimizar os distúrbios metabólicos e otimizar a produção, estudos têm sugerido a suplementação do aminoácido metionina, idealmente suplementado na forma de metionina protegida ruminalmente (MPR).

Esse aminoácido essencial é fornecido de maneira encapsulada, com material específico que difere em cada produto comercial, com a intenção de aumentar a disponibilidade de metionina no pós-rúmen e otimizar sua absorção.

Além de ser categorizado como essencial e deficiente em dietas típicas de vacas leiteiras, a metionina também se mostra eficiente para a regulação de processos metabólicos importantes, principalmente no fígado, desempenhando papel lipotrópico, auxiliando na síntese da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e na produção de antioxidantes.

50 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição
Amonoácidos

Metilação

S-adenosilmetionina

Taurina e Glutationa

Antioxidant

No período periparturiente de uma vaca leiteira muito se fala sobre o balanço energético negativo (BEN), mas é preciso levar também em consideração um balanço negativo de proteína, de aminoácidos e também de doadores de grupo metil, como por exemplo: metionina, betaína, ácido fólico, colina e vitaminas do complexo B, que estão relacionados a rotas metabólicas, responsáveis pela homeostasia e consequente bom desempenho do animal frente aos desafios.

A metionina participa do ciclo de 1-Carbono, sintetizando o SAM (S-adenosilmetionina), cofator enzimático e doador universal de grupo metil no organismo, que pode atuar na metilação do DNA, prevenção de estresse oxidativo, no metabolismo energético e na síntese proteica.

SAM
VLDL Carnitina
Acyl-CoA
51 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição
Aminoácidos

reduzida resulta na queda abrupta do AGV propionato, principal precursor gliconeogênico em ruminantes, levando o animal a uma condição de hipoglicemia. Baixa glicemia reduz as concentrações de insulina, levando o organismo a uma mobilização mais intensa de suas reservas corporais, particularmente no tecido adiposo, ocorrendo a liberação mais intensa de ácidos graxos livres ou não esterificados (AGNE).

Estudos realizados anteriormente já encontraram efeitos positivos da metionina sobre o consumo alimentar. Animais suplementados com metionina apresentaram consumo superior tanto no período préparto, como no pós-parto. Estas descobertas são de grande importância, uma vez que um consumo aumentado neste período é benéfico, ajudando a reduzir a incidência de desordens metabólicas associadas ao período de transição.

Aumentos na ingestão e na produção de enzimas antioxidantes podem ser os principais responsáveis pelo aumento na atividade de células do sistema imune. Portanto, pode-se presumir que a suplementação de metionina de certa forma pode gerar condições para o animal ser mais resiliente e superar as enfermidades.

Como mencionado acima, também como resultado do BEN, há um aumento nas concentrações de AGNE. Posteriormente, estes alcançam o fígado onde podem ser completamente oxidados, entrando no hepatócito e liberando ATP.

Outra possibilidade é a oxidação incompleta, produzindo corpos cetônicos, algo fisiológico na vaca recém-parida (desde que não em excesso). Uma parte dos AGNE é reesterificado em triglicerídeo (TG), com posterior exportação via VLDL e esta via também é favorável. Porém a síntese e secreção de VLDL são limitadas e dependentes de fosfolipídios, sendo que o excesso de TG acumula-se no parênquima hepático, enfermidade esta conhecida por esteatose hepática ou fígado gordo.

52 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição
Aminoácidos

Umas das funções da MPR é seu papel lipotrópico no fígado, viabilizando a síntese de apolipoproteínas, componente importante para a síntese de VLDL.

A exportação de VLDL ajuda a diminuir triglicerídeos (TG) acumulados no tecido hepático, facilitando o transporte dos ácidos graxos no organismo. Outra possível atuação da metionina, que otimiza o metabolismo lipídico, é a produção do derivado de aminoácido denominado carnitina, responsável pela entrada de ácidos graxos ativados (acil-CoA) no interior da mitocôndria. Tais processos reduzem o risco de a vaca leiteira desenvolver esteatose hepática e cetose.

Além disso, a metionina é imprescindível para a síntese de glutationa, um poderoso antioxidante, produzido também pelo ciclo de 1-Carbono, através da via de homocisteína. Isso ajuda a melhorar a capacidade do organismo de lidar com o estresse oxidativo que ocorre principalmente no pós-parto imediato.

O fígado é responsável pela produção de proteínas de fase aguda positivas, como haptoglobina, ceruloplasmina, amiloide sérica A e proteína C reativa, que tendem a intensificar o processo inflamatório.

Normalmente, essas proteínas são encontradas em baixas quantidades no sangue, exceto durante uma inflamação sistêmica, que é o caso de alguns animais no pós-parto.

Por outro lado, as concentrações da proteína de fase aguda negativa albumina são reduzidas durante a inflamação, podendo ser usada juntamente com os metabólitos colesterol e bilirrubina, como marcadores de inflamação ou de comprometimento da função hepática. Pesquisadores italianos sugeriram a estimativa do índice de funcionalidade hepática (LFI), o qual preconiza que concentrações altas

Aminoácidos 53 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição

Alguns estudos com suplementação de MPR em vacas leiteiras no pré e pósparto, relataram menores concentrações de haptoglobina e maiores concentrações de albumina e colesterol em vacas suplementadas, indicando vacas saudáveis e consequentes produtivas.

Inúmeros estudos ressaltam a importância e os benefícios da suplementação de MPR no período de transição, visto que esta tipicamente apresenta efeitos positivos quando se fala em desempenho produtivo, principalmente teores e quantidades de sólidos do leite. Foi demonstrado um aumento principalmente nos teores de proteína e gordura do leite, com a suplementação de MPR para vacas no início da lactação.

Em resumo, a metionina desempenha um papel crucial no manejo nutricional de vacas leiteiras durante o período de transição, beneficiando a prevenção de distúrbios metabólicos, o incremento da produção de leite e de sólidos e o bem-estar dos animais.

A suplementação de MPR se destaca como uma estratégia promissora para otimizar o desempenho desses animais durante essa fase crítica. Além de sua contribuição para a síntese de proteína e gordura do leite, a metionina atua também como um doador de grupo metil, desempenhando um papel importante na redução do estresse oxidativo e na manutenção do balanço energético. Isso ressalta a relevância de considerar a metionina como um nutriente essencial na bovinocultura leiteira, com o potencial de promover saúde, produtividade e sustentabilidade em rebanhos leiteiros.

Aminoácidos 54 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição

Há mais de 10 anos, o Grupo do Leite da UFPR tem realizado experimentos com a suplementação de metionina em rebanhos paranaenses, tanto em vacas secas e em transição, como em vacas lactantes, e em breve publicará novos artigos científicos detalhando os principais resultados e benefícios alcançados.

Por conta destes e tantos outros resultados, sugerimos que a metionina não seja mais tratada com um aditivo na bovinocultura de leite, mas sim como um nutriente essencial e frequentemente deficiente nas dietas de vacas leiteiras.

Referências sob consulta

O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição

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Aminoácidos 55 nutriNews Brasil 1o trimestre 2024 | O papel funcional da metionina em vacas leiteiras em transição

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE ALIMENTOS ALTERNATIVOS PARA USO EM FORMULAÇÃO DE RAÇÕES – PARTE I

Taynara Prestes Perine e Caroline Espejo Stanquevis Docente Universidade Estadual de Maringá

Atualmente os gastos com a alimentação animal correspondem a cerca de 70% dos custos de produção dentro de uma atividade.

Os custos com a nutrição animal são impulsionados, principalmente, pelo preço do milho e farelo de soja, estes respectivamente as principais fontes de energia e proteína para a dieta dos animais.

56 Alimentação nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Critérios de escolha de alimentos alternativos para uso em formulação de rações – Parte I

o mundo.

Devido a sua acessibilidade e bom valor nutricional, o milho é amplamente utilizado na nutrição animal, tendo participação crescente na dieta humana e sendo cada vez mais explorado na produção de biocombustíveis

Entretanto, quando em alta do preço esses produtos bases, tornam os custos de produção mais onerosos, principalmente para as dietas de aves e suínos.

Dentre as causas mais significativas para elevações de preços do milho e farelo de soja, estão períodos de entre safra, problemas climáticos, ocorrência de pragas e doenças, crescimento das importações e da demanda interna, além da concomitante alta no preço de insumos e combustíveis.

Por sua vez, a produção de soja também tem papel fundamental na alimentação animal. Por meio do processo de extração de óleo dos grãos, são gerados dois importantes coprodutos, a casquinha e o farelo de soja.

Enquanto a casquinha de soja é muito utilizada na alimentação de ruminantes em substituição ao milho, o farelo de soja é considerado o ingrediente proteico mais tradicional e completo para utilização na nutrição animal, tanto para animais ruminantes, quanto não ruminantes.

A busca por alimentos não tradicionais é uma alternativa de baratear o custo com a nutrição, no entanto, é preciso levar em consideração as variabilidades na composição nutricional de cada alimento, a fim de não só fornecer uma dieta mais barata, mas também, que esta seja corretamente balanceada e atenda as exigências nutricionais dos animais, sem causar distúrbios nutricionais.

Portanto, este texto tem o objetivo de analisar os principais critérios que devem nortear a escolha de alimentos alternativos para substituição do milho e farelo de soja na nutrição animal.

57 Alimentação nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Critérios
formulação de rações – Parte I
de escolha de alimentos alternativos para uso em

ALIMENTOS ALTERNATIVOS

Alimentos alternativos são definidos como ingredientes disponíveis em uma determinada região, que possuam bom perfil nutricional, sejam de boa aceitabilidade, tenham reduzido valor de mercado em comparação a alimentos tradicionais e que principalmente não prejudiquem a saúde, bem-estar e a produção animal. Em síntese, uma dieta nutritiva com custo acessível.

O principal concentrado energético usado na alimentação animal é o milho, no entanto, outros produtos como milheto, sorgo, farelo de arroz e farelo de trigo são opções alternativas para incremento na dieta.

Por sua vez, o farelo de soja é o principal concentrado proteico utilizado na nutrição animal e tem como possíveis substitutos as farinhas, o farelo de girassol, farelo de amendoim, entre outros diversos alimentos que podem substituí-lo parcialmente.

Identificar alimentos disponíveis regionalmente tem sido uma via alternativa de produtores que buscam fontes mais baratas para o incremento na dieta animal.

Assim, coprodutos gerados em agroindústrias têm sido adquiridos por valores mais acessíveis e se tornado alternativas viáveis financeiramente. Além de, melhorarem a margem de lucro dos produtores, são produtos com qualidade nutricional significativa.

A produção de biodiesel no Brasil tem crescido de maneira significativa, com isso houve aumento na geração de coprodutos (tortas e farelos). Os coprodutos mais comuns oriundos do processo de produção de biodiesel são o farelo de algodão, farelo de amendoim e farelo de girassol.

Estes ingredientes não têm importância para a indústria de petróleo, mas possuem boas características nutricionais que os impulsionam a serem aproveitados na alimentação animal.

O etanol do milho também é um biocombustível muito positivo para a indústria do álcool, pois permite que as usinas continuem trabalhando processando o grão no período de entressafra da cana-de-açúcar.

Além disso, os usineiros também terão disponível para venda subprodutos como o DDG (grão seco de destilaria) e o WDG (grão úmido de destilaria), que estão sendo muito utilizados na alimentação animal.

58 Alimentação nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Critérios de escolha de alimentos alternativos para uso em formulação de rações – Parte I

IMPACTOS DOS CUSTOS COM ALIMENTAÇÃO

O milho e o farelo de soja são os principais insumos da ração animal, com destaque para a preponderância do cereal, que gira em torno de 60% dos componentes utilizados.

Como o Brasil é o maior produtor mundial de soja e o maior exportador global de milho, qualquer alteração no volume produzido de grãos no país tem impacto direto na cotação de comodities, tanto no mercado doméstico quanto no internacional.

Tais produtos sofrem reajustes constantes e quando crescentes trazem preocupação aos produtores que trabalham com a criação animal. Para a avicultura e suinocultura, as dificuldades econômicas relacionadas a estas oscilações são maiores, já que sua dieta é amplamente dependente dos grãos.

APROVEITAMENTO DE ALIMENTOS ALTERNATIVOS NA NUTRIÇÃO ANIMAL

O uso de alimentos alternativos vai depender da espécie e/ou fase de produção que se encontram, algumas espécies conseguem substituir o alimento convencional em 100% na dieta sem afetar a produção, enquanto outras tem limitações maiores ou menores devido a composição química que podem afetar a capacidade de digestão, simbiose entre microrganismos e anatomia digestória diferente ou limitações relacionadas aos fatores antinutricionais.

Algumas limitações serão abordadas no decorrer do texto com a caracterização do alimento e sua utilização pelos animais.

59 Alimentação nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Critérios de escolha de
para uso em formulação de rações – Parte I
alimentos alternativos

Algumas tecnologias vêm sendo desenvolvidas para maximizar o uso de ingredientes alternativos desde o melhoramento genético de grãos (diminuindo ou eliminando fatores antinutricionais), definição precisa das composições bromatológicas, uso de aminoácidos cristalinos na correção das variações nutricionais identificadas e uso de enzimas, com foco em reduzir fatores antinutricionais.

Vale ressaltar que, para aves e suínos, temos tabelas nacionais com a composição de alimentos e exigências nutricionais, as quais disponibilizam dados para diversos alimentos, tanto os tradicionais, quanto os alternativos, com isso é possível balancear dietas mais precisas e baratas com ingredientes não convencionais.

Assim como, muitos outros trabalhos que servem de referência ao nutricionista.

Na próxima edição, entenderemos quais os pontos necessários para a escolha dos alimentos alternativos.

60 Alimentação nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Critérios de escolha
– Parte I
de alimentos alternativos para uso em formulação de rações
C M Y CM MY CY CMY K
Critérios de escolha de alimentos alternativos para uso em formulação de rações – Parte I BAIXAR EM PDF
FEIRA & CONGRESSO Visite nosso site para saber mais: www.siavs.com.br ORGANIZAÇÃO siavs@abpa-br.org +55 11 3095-3120 S I VS A 2024 O MAIOR EVENTO DA AVICULTURA E DA SUINOCULTURA DO BRASIL AGORA É MULTIPROTEÍNAS! DE PROTEÍNA ANIMAL S A L Ã O IN T ERN A CION A L BRASIL | SÃO PAULO 06 A 08 DE AGOSTO 2024 DISTRITO ANHEMBI - SP

NÃO É APENAS UMA COLEÇÃO DE MICRÓBIOS: O MICROBIOMA É UM ÓRGÃO DAS AVES

Durante décadas, as complexas comunidades microbianas presentes no trato digestivo dos animais foram consideradas apenas como uma coleção de micróbios: alguns bons e outros ruins.

A partir dessa perspectiva, as estratégias de gerenciamento resultantes parecem simples. Os micróbios ruins são eliminados, os micróbios bons são alimentados e espera-se que os micróbios bons se fixem no intestino e exerçam um efeito benéfico.

No entanto, como acontece com a maioria das questões da avicultura moderna, as coisas não são tão simples e a esperança não é uma estratégia.

Felizmente, se nos aprofundarmos um pouco mais nos fundamentos das comunidades microbianas, descobriremos um enorme potencial inexplorado para melhorar a saúde, o desempenho e a sustentabilidade da produção avícola.

Para acessar os novos modos de ação que tornam isso possível, devemos nos basear nos recentes avanços da ciência do microbioma.

Tudo começa com uma constatação fundamental: o microbioma não é apenas uma coleção de micróbios - é um órgão!

62 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Não é apenas uma coleção de micróbios: o microbioma é um órgão das aves

O problema da taxonomia

Tradicionalmente, a microbiota intestinal tem sido estudada de acordo com a taxonomia, ou seja, os microrganismos intestinais são caracterizados de acordo com o reino, filo, gênero e etc., como uma representação da função desempenhada por cada microrganismo.

Essa abordagem surgiu das ferramentas disponíveis para os microbiologistas dedicados a produção animal, ou seja, cultura de organismos, sondas de PCR e, por fim, tecnologias de sequenciamento, como o perfil microbiano 16 S.

Os métodos taxonômicos foram, sem dúvida, valiosos para o setor. Eles têm sido usados para identificar patógenos e associar cepas específicas de bactérias e leveduras a aves saudáveis.

O estudo taxonômico possibilitou o desenvolvimento de muitos dos antimicrobianos, vacinas, probióticos e enzimas atualmente associados à saúde e ao desempenho da avicultura comercial moderna.

Com uma história tão rica, por que, então, deveríamos mudar nossa abordagem? Muito simplesmente, porque a taxonomia tem uma falha importante.

Ela negligência a característica mais importante das comunidades microbianas, ou seja, o fato de que os micróbios não agem individualmente, longe disso.

Eles cooperam uns com os outros e com seu hospedeiro. Os microbiologistas agora sabem que o que o microbioma faz como um todo representa muito mais do que a soma de seus componentes.

A ecologia da utilização de polissacarídeos não-amiláceos (PNA) oferece uma visão de como os micróbios cooperam.

Os degradadores primários da fibra primeiro a quebram em açúcares de cadeia curta, que depois são transformados em ácidos graxos benéficos de cadeia curta pela ação dos degradadores secundários.

Intuitivamente, já se pode suspeitar que esse exemplo do uso de PNAs mal arranha a superfície da questão. Isso é comprovado pelos relatórios complexos sobre o perfil microbiano intestinal que se tornaram comuns na literatura e no setor.

A Figura 1 (abaixo) mostra um perfil desse tipo de nosso próprio trabalho com frangos de corte.

Figura 1. A composição microbiana intestinal (figura superior) varia muito entre aves saudáveis idênticas, mas as funções de seu microbioma (figura inferior) permanecem muito consistentes.

63 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Não é apenas uma coleção de micróbios: o microbioma é um órgão das aves
Perfil microbiano (Taxonomia) Função(Metagenômica)

A composição taxonômica varia enormemente, mas, fora isso, essas aves são geneticamente idênticas, saudáveis e de alto desempenho, alimentadas com a mesma dieta, no mesmo galpão, ao mesmo tempo.

Simplesmente deve ser o fato de que muitos perfis microbianos diferentes podem realizar as mesmas tarefas básicas. Na verdade, a análise do perfil microbiano é um pouco como medir uma equipe por suas características demográficas.

Se quisermos aproveitar todo o potencial do microbioma, devemos simplesmente aceitar suas propriedades como uma comunidade e aprender a manipular a cooperatividade microbiana.

Adoção do metagenoma

Como sempre, tudo se resume a encontrar a ferramenta certa para a tarefa. Uma análise do perfil detecta apenas um pequeno conjunto de marcadores de DNA para indicar a taxonomia.

Na última década, o sequenciamento do genoma completo (WGS) tornou-se disponível para os pesquisadores da produção animal. Diferentemente do perfil, o sequenciamento WGS revela o metagenoma completo, ou seja, todos os genes presentes no microbioma.

O metagenoma nos informa quais funções o microbioma pode desempenhar como um todo. Uma analogia útil é pensar no microbioma como uma orquestra.

A microbiota seria os músicos, enquanto o metagenoma representaria toda a música que a orquestra é capaz de tocar.

O estudo do metagenoma fornece informações importantes sobre como o potencial do microbioma intestinal pode ser aproveitado.

Na última década, os cientistas especializados no microbioma humano descobriram que, assim como nos animais, a composição da microbiota varia significativamente entre as pessoas saudáveis, mesmo quando corrigida em relação à dieta e à etnia.

Mas esse não é o caso quando se trata de metagenomas. As funções desempenhadas pelos diferentes microbiomas (por exemplo, suas vias metabólicas coletivas) geralmente permanecem estáveis entre os indivíduos.

O mesmo se aplica aos animais. A Figura 1 (inferior) mostra os dados do metagenoma dos mesmos frangos de corte da Figura 1 (superior).

Para gerar esse gráfico, analisamos os dados de sequenciamento WGS e agrupamos os genes de acordo com suas vias metabólicas associadas, em vez de sua taxonomia. Muitas vias permanecem praticamente constantes entre as aves, apesar da variabilidade de seus perfis.

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Microbioma, um novo órgão?

Descobrir essa consistência no microbioma nos diz que a função é mais relevante do que a composição.

Portanto, a ciência moderna do microbioma passou a considerar o microbioma como um órgão, ou seja, um grupo de tecidos ou células adaptadas para funções específicas.

A composição celular detalhada pode variar sem prejudicar sua finalidade geral e, como outros órgãos, o microbioma tem sua própria fisiologia e patologia associadas.

Como um todo, o órgão do microbioma intestinal conecta a dieta, o animal hospedeiro e o ambiente (Figura 2). Isso ocorre porque o microbioma converte os componentes não absorvidos da ração em milhares de metabólitos primários e secundários.

Modula a biologia do hospedeiro

Afeta o meio ambiente Funções do microbioma

Alguns desses metabólitos são diretamente benéficos, enquanto outros são biomoléculas potentes que são absorvidas pela corrente sanguínea e se comunicam com as funções sistêmicas da ave.

Outros metabólitos são excretados na cama ou liberados na atmosfera. Tratar o microbioma como um órgão reduz a complexidade.

Em vez de interpretar centenas de espécies, concentramos nossos esforços em um pequeno número de funções-chave (por exemplo, vias metabólicas) que levam diretamente a mecanismos reconhecidos como geradores de valor para as aves.

Essa mudança de foco e de mentalidade abre enormes possibilidades para novos modos de ação que trazem consistência ao microbioma. As oportunidades imediatas incluem a otimização da utilização de carbono e nitrogênio do microbioma, que afeta a resistência do hospedeiro à disbiose entérica, a homeostase imuno-inflamatória e as emissões de nitrogênio.

Outras oportunidades incluem a melhoria do comportamento animal, a qualidade da carne, a eficácia da vacina e até mesmo novas terapias, para citar apenas algumas.

66 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Não é apenas uma coleção de micróbios: o microbioma é um órgão das aves
Figura 2. O microbioma intestinal conecta a dieta, o animal hospedeiro e também o ambiente.

A coccidiose pode afetar o Microbioma das aves?

A manutenção da saúde intestinal das aves é complexa, dependendo do complexo equilíbrio entre dieta, microbiota comensal e a mucosa, incluindo o epitélio intestinal e a camada de muco sobreposta.

As alterações na composição e abundância da microbiota podem trazer resultados benéficos ou prejudiciais nas aves. (Qasim et al, 2022).

Dessa forma, a coccidiose é alvo frequente da produção avícola na América Latina na tentativa de reduzir os prejuízos provocados por essa e todos os desafios envolvidos em consequência das lesões que afetam o trato gastrointestinal.

Ter um controle mais preciso da saúde da mucosa intestinal e de sua microbiota pode ser a chave para excelentes resultados, já que esta microbiota reside ao longo do trato gastrintestinal na mucosa e desempenha um papel crucial na saúde do seu hospedeiro.

A infecção por coccidiose pode perturbar o equilíbrio da microbiota intestinal e ter consequências terríveis, incluindo o surgimento de microbiota prejudicial e uma diminuição da microbiota benéfica (Huang et al. , 2018; Choi e Kim, 2022)

Estima-se que essa doença parasitária universal e grave causada por Eimeria no intestino, resultam em perdas económicas significativas de mais de 14 mil milhões de dólares (Arendt et al., 2019; Adams et al., 2022).

Essas perdas são decorrentes principalmente de uma redução na espessura da parede intestinal por descamação e destruição das vilosidades, consequentemente uma piora na absorção e aproveitamento dos nutrientes destruindo o equilíbrio da microbiota intestinal.

No entanto, a microbiota prejudicial promoverá ainda mais a inflamação intestinal, o que pode levar à enterite necrosante causada pela infecção por Clostridium perfringens e eventualmente levar à morte das Aves.

Por isso o surgimento de tecnologias inovadoras que consigam reduzir os impactos e desafios da produção são importantes para melhorar a rentabilidade do produtor.

67 Nutrição de monogástricos nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Não é apenas uma coleção de micróbios: o microbioma é um órgão das aves

Então esses produtos inovadores desenvolvidos recentemente, que tem o potencial de amenizar aos impactos sanitários e podem ajudar a melhorar os resultados produzidos nas estratégias de controlo da coccidiose e na manutenção de um correto equilíbrio do microbioma intestinal, são extremamente relevantes para a avicultura.

Em busca de um maestro para orquestra

O afastamento dos aditivos farmacológicos para rações mudou a visão do setor sobre a funcionalidade intestinal. A redução do uso de antibióticos fez com que nutricionistas e veterinários adotassem as características do microbioma como uma ferramenta e não como uma restrição.

A experiência adquirida na Europa e nos Estados Unidos, bem como em um grupo crescente de países e produtores pioneiros em todo o mundo, mostrou que os sistemas de produção de aves de alta qualidade ainda são viáveis. Essas abordagens alavancaram com sucesso os conceitos científicos da taxonomia microbiana intestinal.

Entretanto, como se sabe, a composição microbiana é altamente variável, assim como muitos dos atuais produtos para a saúde intestinal. As soluções baseadas em taxonomia enfrentam limitações inerentes à sua consistência.

O aproveitamento das funções metagenômicas estáveis do microbioma é a nova fronteira da ciência animal. Em vez de mudar os músicos, nosso objetivo é afinar a música. Não estamos procurando novos microrganismos, mas um condutor para direcionar a função do microbioma para o benefício de nossos clientes.

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NOVAS ABORDAGENS

PARA AVALIAR A EFICÁCIA DOS ADSORVENTES DE MICOTOXINAS

DVM, MSc, PhD em Produção Animal Departamento de Ciência Animal e Alimentar, Universitat Autònoma de Barcelona, Espanha

As micotoxinas representam um desafio significativo para a produção animal, estando a sua prevalência em matérias-primas ou rações sujeita a variações relacionadas com alterações nas condições climáticas.

Por exemplo, secas ou anos com muita pluviosidade afetam o tipo de fungos que proliferam em determinadas regiões (Moretti et al., 2019).

70 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas
Micotoxinas

Existem diferentes métodos para controlar o impacto das micotoxinas na produção animal, desde o controle da sua presença nas matérias-primas durante a pré e pós-colheita, até à desintoxicação dos animais expostos a elas através de dietas contaminadas.

O uso de adsorventes de micotoxinas (ADS) é amplamente reconhecida como estratégia eficaz para minimizar os efeitos das micotoxinas em animais

Os adsorventes de micotoxinas são ativos no trato gastrointestinal dos animais, com as micotoxinas fixandose na matriz adsorvente por meio de diferentes interações físico-químicas.

Existem diferentes tipos de adsorventes, sendo os mais comuns as argilas, o carvão ativado (CA) e a parede celular de levedura (LEV), cujo espaço interlaminar, poros e β-glucanos representam seus principais fatores de adsorção, respectivamente (Jouany, 2007).

Principais adsorventes de micotoxinas

Argila Espaço interlaminar Poros β-glucanos Parede celular de levedura
71 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas
Carvão ativado
Micotoxinas

Para determinar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas, utiliza-se principalmente testes in vitro que permitem a avaliação de um amplo número de adsorventes e micotoxinas com a vantagem de serem testes rápidos e econômicos em comparação aos testes in vivo

DISCUSSÃO COMPARATIVA SOBRE A CAPACIDADE

DE ADSORÇÃO DE

ADSORVENTES ENTRE ESTUDOS IN VITRO E IN VIVO

Porém, existem muitas variantes de testes in vitro que foram desenvolvidas ao longo dos anos tentando simular os processos do trato gastrointestinal dos animais.

O problema com estes métodos é a alta variabilidade dos resultados de adsorção de micotoxinas.

Determinar a capacidade de adsorção de micotoxinas em testes in vivo é essencial para demonstrar a real eficácia do produto.

O contrário dos testes in vitro, os testes in vivo replicam as condições de campo e a resposta do animal à suplementação de adsorventes na presença de micotoxinas nas dietas.

Esses protocolos variam em complexidade, desde um simples teste com água destilada e incubação em temperatura ambiente (Lemke et al., 2001) até métodos mais complexos que simulam os processos do trato gastrointestinal de animais utilizando diferentes pH e incluindo enzimas gastrointestinais, ou utilizando suco gástrico como meio de incubação (Avantaggiato et al., 2004; Gallo e Masoero, 2010).

Infelizmente, esta diversidade de protocolos experimentais resultou numa grande variabilidade nos resultados da capacidade de adsorção dos adsorventes (Kihal et al., 2022).

Para esclarecer melhor a concordância dos resultados de estudos in vitro e in vivo, foi realizado um estudo de meta-análise em rede com base em dados publicados na literatura de estudos que avaliaram a eficácia de diferentes adsorventes na redução da concentração de aflatoxina M1 (AFM1)e sua transferência da ração para o leite após desafiar vacas leiteiras com AFB1

72 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas
Micotoxinas

A principal conclusão deste estudo foi que a eficácia de diferentes fontes adsorventes [carvão ativado (AC), bentonita, aluminossilicatos (HSCAS), parede celular de levedura (LEV) e uma mistura de adsorventes (MIX)] reduziu significativamente a porcentagem de AFM1 em leite em comparação com o controle.

Estes resultados confirmam a eficácia dos adsorventes na adsorção de aflatoxinas em testes in vitro, embora a percentagem de adsorção in vivo tenha sido menor. Além disso, a redução percentual entre os diferentes adsorventes in vivo não foi diferente, demonstrando um efeito semelhante entre os diferentes adsorventes.

É importante notar que o número de estudos in vivo foi inferior ao número de estudos in vitro incluídos nesta meta-análise (28 vs. 68 artigos).

Esta diferença pode ter um efeito na variabilidade dos resultados, levando a uma alta variabilidade entre as comparações de tratamento.

Desafios e limitações dos estudos in vivo

Os estudos in vivo, ao contrário dos testes in vitro, são complicados, caros e difíceis de aplicar:

Eles exigem a aplicação de protocolos de biossegurança para manipular micotoxinas na fazenda.

As instalações necessárias não estão disponíveis na maioria dos centros de investigação.

Além disso, tal como os testes in vitro, os estudos in vivo devem ser realizados em condições experimentais para evitar resultados enganosos.

Micotoxinas 73 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas

Definição da dose do adsorvente: a micotoxina é um problema comum em estudos in vitro e in vivo, pois trabalhar com proporções inadequadas pode favorecer ou desfavorecer os resultados de adsorção de micotoxinas.

TIPO DE SUBSTRATO VÍA DE EXPOSIÇÃO

A forma como os alimentos são contaminados em trabalhos experimentais também é um fator chave na avaliação da capacidade de adsorção.

Por exemplo, a suplementação de ração naturalmente contaminada pode afetar os resultados em comparação com a suplementação de AFB1 puro diretamente no rúmen da vaca.

Isto ocorre porque os alimentos naturalmente contaminados podem conter diferentes tipos de aflatoxinas (AFB1, AFB2, AFG1 ou AFG2) ou outras micotoxinas, resultando em fenômenos de sinergia ou competição para ligação ao adsorvente testado.

A matéria-prima utilizada para o desenvolvimento do fungo é muito importante, pois os fungos utilizam os nutrientes do grão contaminado para seu crescimento e a utilização de diferentes tipos de grãos também pode afetar o desenvolvimento do fungo e a produção de micotoxinas.

Ainda assim, os experimentos in vivo são o melhor método para testar a eficácia dos adsorventes e permitir uma compreensão mais profunda de como os produtos funcionam em animais.

Poluição de comida Parâmetros importantes em estudos in vivo da eficácia de adsorventes de micotoxinas RELAÇÃO ADSORVENTE: MICOTOXINA VIA DE EXPOSIÇÃO ÀS MICOTOXINAS TIPO DE SUBSTRATO Injeção direta ADS AFB1 AFB1 ADS AFB1
ADSORVENTE:MICOTOXINA
AFB1 AFB1 AFB1 AFB1
PROPORÇÃO
Micotoxinas 74 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas

A revisão dos resultados dos estudos in vitro e in vivo dos adsorventes (Kihal et al., 2023) permitiu confirmar que a sua capacidade de adsorção de aflatoxinas in vitro era semelhante às experiências in vivo onde diferentes adsorventes (carvão ativado, bentonite e HSCAS ) diminuiu com sucesso a concentração de AFM1 no leite numa faixa de 26-45%.

AFM1

26-45% QUAL O POTENCIAL DOS ADSORVENTES DE MICOTOXINAS PARA INTERFERIR NA ADSORÇÃO DE OUTROS NUTRIENTES E QUAL A MELHOR FERRAMENTA PARA VERIFICAR, IN VITRO

O IN VIVO?

Em contraste, o LEV apresentou a menor capacidade de adsorção nos testes in vitro, o que é consistente com os testes in vivo nos quais foi o adsorvente menos eficaz na redução da transferência de AFM1 no leite.

Ressalta-se que o uso dos adsorventes in vivo resultou em menor capacidade de adsorção em comparação aos resultados in vitro, com diminuição de mais de 50% para CA, bentonita e LEV, e diminuição de 67% para HSCAS.

Estudos recentes em nosso laboratório demonstraram que a capacidade de adsorção pode ser influenciada por alguns fatores como:

O tipo de adsorvente

A micotoxina

As características do meio de incubação

(Kihal et al., 2022)

Além disso, esta capacidade poderia ser alterada pela interação de nutrientes presentes no mesmo ambiente com micotoxinas, tanto in vivo quanto in vitro.

Neste sentido, sugere-se que, em condições in vivo, o conteúdo do trato gastrointestinal (enzimas, nutrientes, bactérias) interfere e compete com as micotoxinas pelos sítios de adsorção dos adsorventes, levando a uma diminuição da capacidade geral, o que contrasta com condições in vitro onde o meio de incubação contém menos moléculas orgânicas.

O mecanismo de adsorção dos adsorventes não é seletivo para apenas se ligarem as micotoxinas, mas também podem adsorver outras moléculas presentes no trato gastrointestinal do animal, como nutrientes.

Essa capacidade de ligação aos nutrientes é atribuída às semelhanças físico-químicas de alguns nutrientes com as micotoxinas que permitem sua interação.

Micotoxinas 75 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas

Estudos in vitro sobre capacidade de adsorção de nutrientes

A capacidade dos adsorventes de adsorver nutrientes foi estudada usando modelos in vitro.

Kihal et al. (2020; 2021) estudaram a interação de seis adsorventes diferentes com aminoácidos e vitaminas.

Os autores indicaram uma faixa de adsorção de 27-37% para aminoácidos, 25-58% para vitaminas hidrossolúveis e 10-29% para vitaminas lipossolúveis.

Vekiru et al. (2007) também observaram que o AC adsorveu grande proporção de vitamina B8 (78%) e B12 (99%), enquanto a bentonita teve menor adsorção de vitamina B12 (47%).

Barrientos-Velázquez et al. (2016) relataram que a bentonita absorveu 34% da vitamina B1 e que, paralelamente, a adsorção da aflatoxina foi reduzida em 34%, indicando competição direta de outros nutrientes pelos locais de adsorção.

Mortland et al. (1983) relataram que o esmético tem capacidade de adsorver vitamina B2 (50%).

Observou-se também que a bentonita e a montmorilonita adsorvem proteínas em um modelo in vitro (Ralla et al., 2010; Barrientos-Velázquez et al., 2016).

A capacidade dos adsorventes de adsorver minerais também foi investigada in vitro por TomasevicCanovic et al. (2001) que observaram uma alta capacidade da bentonita em adsorver cobre (56%) e cobalto (73%), enquanto a adsorção de zinco (12%) e manganês (12%) foi relativamente baixa.

Por outro lado, as vitaminas A, D, B3, B5 e B8, e os aminoácidos triptofano e fenilalanina, não foram adsorvidos pela bentonita e pela zeólita (TomasevicCanovic et al., 2001; Vekiru et al., 2007; Kihal et al., 2020).

Esses resultados foram atribuídos principalmente às propriedades físico-químicas de cada nutriente.

A capacidade de adsorção das vitaminas hidrossolúveis foi maior devido ao seu baixo peso molecular e à presença de mais de um grupo hidroxila ou carbonila que garante uma adsorção estável com os adsorventes.

A adsorção da vitamina D foi menor devido ao maior peso molecular e à presença de diferentes ramificações que impedem sua entrada nos sítios de adsorção do adsorvente.

76 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes
micotoxinas
Micotoxinas
de

Capacidade de adsorção das vitaminas

MAIOR ADSORÇÃO

Baixo peso molecular

Grupos hidroxilo ou carbonilo

VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS

VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS

MENOR ADSORÇÃO

Elevado peso molecular

Ramificação que impede o acesso aos locais de adsorção

Apesar destes resultados, existem problemas técnicos na aplicação destes métodos a alguns nutrientes, uma vez que alguns deles são sensíveis a fatores ambientais e podem sofrer alterações durante a incubação.

Kihal et al. (2021) observaram que a vitamina A desapareceu do meio de incubação após 4 horas de incubação, o que não permite sua avaliação, enquanto as vitaminas D e E foram mais estáveis durante a cinética de degradação e apresentaram estabilidade superior a 90%.

Díaz et al. (2004) apontaram que os resultados dos testes in vitro não devem ser considerados como resultados finais e sugeriram que estudos in vivo deveriam ser realizados para obter resultados mais confiáveis.

15 μl/ml de vitaminas A, D e E

2 ml do meio de incubação

Aumentar o pH

Adicione 80 μl do segundo buffer

Fim da experiência

Tempo, h

Amostragem para cada vitamina
77 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas
Figura 1. Avaliação da estabilidade vitamínica solúvel em gordura no meio de incubação.
Micotoxinas

Estabilidade de vitaminas lipossolúveis durante a cinética de degradação

DESAPARECIMENTO APÓS 4H DE INCUBAÇÃO

Estudos in vivo sobre capacidade de adsorção de nutrientes

A biodisponibilidade de nutrientes na presença de adsorventes também foram estudadas in vivo.

Briggs y Fox (1956) observaram que a suplementação de dietas de frango com 2-3% de bentonita resultou em deficiência de vitamina A.

O conteúdo de zinco também diminuiu nos ossos de galinha após terem sido suplementados com HSCAS de 0,5 a 1% da dieta (Chung et al., 1989).

Afriyie-Gyawu (2004) y Pimpukdee et al. (2004) observaram que a inclusão de 0,5% de bentonita não afetou a concentração de vitamina A no fígado e Chung et al. (1989) descobriram que a inclusão de HSCAS não afetou a biodisponibilidade de vitamina A,

>90% DE ESTABILIDADE

Sulzberger et al. (2016) y Kihal et al. (2022), após suplementação de vacas leiteiras com 1,2 e 2% de montmorilonita na dieta de vacas leiteiras, também não observaram alterações na concentração plasmática das vitaminas A, D, E, B1 e B6.

Maki et al. (2016) suplementaram HSCAS para vacas leiteiras com 1,2% da matéria seca da dieta e não observaram efeitos negativos na biodisponibilidade das vitaminas A e B2 no leite.

Estes resultados podem sugerir que os testes in vitro não são totalmente confiáveis e devemos ser muito conservadores quando nos referimos a tais resultados.

78 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas
Micotoxinas

Micotoxinas

RECOMENDAÇÕES PARA MELHORAR A PRECISÃO DE TESTES IN VITRO E IN VIVO

Razões padronizadas entre adsorvente:micotoxina

Além dos fatores que limitam a interação específica entre adsorventes e micotoxinas, o mecanismo de adsorção dos adsorventes é saturável e depende do número de locais de adsorção disponíveis para micotoxinas na matriz.

Por esta razão, a relação adsorvente:micotoxina é um fator essencial para testes in vitro onde a capacidade de adsorção pode ser facilmente manipulada:

Tabela 1. Faixas da proporção de micotoxinas e adsorventes de micotoxinas (mg:μg) usadas em testes in vitro para determinar a capacidade de adsorção de diferentes micotoxinas e adsorventes de micotoxinas.

Alta concentração de adsorvente e baixa concentração de micotoxinas: A incubação de uma alta concentração de adsorvente com uma baixa concentração de micotoxinas levará a uma maior capacidade de adsorção dos adsorventes testados porque há mais locais de adsorção disponíveis do que micotoxinas presentes no meio.

Baixa concentração de adsorvente e alta concentração de micotoxinas: A incubação de uma dose baixa de adsorvente com uma dose alta de micotoxinas levará a uma menor capacidade de adsorção devido à saturação dos locais de adsorção disponíveis nos adsorventes.

(Sulzberger et al., 2017)

Usando dados selecionados para a análise da eficácia do adsorvente in vitro, as proporções adsorvente:micotoxina utilizadas nas técnicas atuais resultaram em uma gama muito ampla de proporções, independentemente do tipo de micotoxina ou adsorvente (1:0,00007 a 1:600 mg/μg, Tabela 1).

Micotoxina

Adsorventes1

1CA: carvão ativado; HSCAS = aluminossilicatos hidratados de sódio e de cálcio; MMT = montmorillonita, LEV = parede celular da levedura.

2AFB1 = Aflatoxina B1; DON = Deoxinivalenol; FUM = Fumonisina; OTA = Ocratoxina A; T-2 = toxina T-2; ZEN = Zearalenona.

AFB1 DON FUM OTA T-2 ZEN AC 1:0,008 – 1:461 1:0,2 – 1:90 1:0,92 – 1:25 1:0,025 – 1:125 1:0,1 1:0,05 – 1:20 Bentonita 1:0,00007 – 1:200 1:0,2 – 1:12 1:2 – 1:20 1:0,002 – 1:12,5 1:0,1 – 1:0,2 1:0,1 – 1:20 Clinoptilolita 1:0,02 – 1:40 1:1,2 1:2 1:0,05 – 1:12 HSCAS 1:0,002 – 1:600 1:0,4 – 1:12 1:2 – 1:20 1:0,025 – 1:10 1:0,1 1:0,001 – 1:20 MMT 1:0,0002 – 1:20 1:0,5 – 1:12 1:2,5 1:0,025 1:0,1 1:0,05 – 1:1 Sepiolita 1:1,6 – 1:10 1:2 – 1:12 1:2 1:10 . 1:0,05 YCW 1:0,001 – 1:461 1:0,2 – 1:12 1:2 – 1:20 1:0,001 – 1:10 1:0,1 1:0,001 – 1:20 Zeolita 1:0,002 – 1:20 1:0,2 – 1:10 1:0,2 – 1:20 1:0,016 – 1:5 1:0,2 1:0,05 – 1:20
80 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas

Será relevante estabelecer uma relação adsorvente:micotoxina padronizada que deverá ser utilizada em testes in vitro, a fim de fazer comparações justas.

A EFSA (2017) considera que os adsorventes são seguros e estabelece doses limites de segurança elevadas (20 kg/t de ração).

As doses de adsorvente atualmente recomendadas são geralmente estabelecidas por empresas de marketing de adsorventes que realizam testes in vitro utilizando diferentes doses de inclusão de adsorvente.

Esta dose necessária difere dependendo do tipo de adsorvente, alterando as propriedades químicas como a composição química e natureza do adsorvente. No entanto, deverá ser possível recomendar uma série de proporções que devem ser seguidas durante experiências in vitro.

Díaz et al. (2004) recomendaram concentração de 1,2% de matéria seca diária do adsorvente equivalente a 300 g/dia/vaca. Contudo, a ingestão diária de micotoxinas é altamente variável e depende do tipo de micotoxina.

Portanto, é razoável propor uma dose adequada relacionada aos níveis tóxicos mínimos de cada micotoxina avaliados pela Comissão Europeia (CE, 2006 sobre matériasprimas).

Para padronizar um protocolo in vitro, propomos utilizar uma relação adsorvente:micotoxina próxima à encontrada em condições de campo.

Com esse objetivo, deve-se determinar a ingestão diária de adsorventes e micotoxinas.

A dosagem prática de adsorventes deve ser considerada com base naquela que demonstrou ser eficaz na adsorção de micotoxinas.

Como as micotoxicoses ocorrem em animais com altas concentrações de micotoxinas, propomos utilizar a concentração tóxica mínima para cada micotoxina multiplicada por 10 para testes in vitro.

Então, a ingestão diária será 10 vezes superior aos limites tóxicos mínimos, considerando um consumo médio para cada espécie animal.

CONCENTRAÇÃO DE MICOTOXINAS

EM TESTES IN VITRO

10 X CONCENTRAÇÃO TÓXICA MÍNIMA DE MICOTOXINA

Esta relação adsorvente:micotoxina (mg/μg) deve permitir avaliar a capacidade dos adsorventes de adsorver níveis tóxicos de micotoxinas em uma proporção apropriada.

Micotoxinas 81 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas

Padronização de testes in vitro

Um procedimento padronizado também deve considerar outros aspectos, como características e volume do meio de incubação, duração e pH, entre outros.

Processo de validação de teste in vitro

Finalmente, como qualquer teste in vitro, seria necessária validação.

Contudo, é muito difícil realizar testes in vivo para fornecer dados suficientes para cada adsorvente e cada micotoxina para o processo de validação, o que aumenta a dificuldade de desenvolver um teste confiável e validado.

CONCLUSÕES

Os atuais protocolos in vitro utilizados para avaliar adsorventes são concebidos como um método de triagem, sendo utilizados principalmente durante o desenvolvimento de produtos porque fornecem informações rápidas e baratas sobre a eficácia dos produtos.

No entanto, esta informação é limitada devido à alta variabilidade entre métodos e laboratórios.

O desafio atual é desenvolver um novo método validado que forneça resultados confiáveis para diferentes adsorventes e micotoxinas.

Um método validado também pode ser usado como procedimento de refinamento para substituir estudos in vivo que são caros e complicados de implementar.

Devido à variabilidade nos resultados e aos dados limitados disponíveis, é importante:

1. Padronizar um método in vitro para avaliar a capacidade dos adsorventes em adsorver micotoxinas e outros nutrientes in vitro.

2. Validar os resultados com testes in vivo.

*Referências disponíveis mediante solicitação Artigo original de mycotoxinsite.com

Novas abordagens para avaliar a eficácia de adsorvente micotoxinas

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82 nutriNews Brasil 1º trimestre 2024 | Novas Abordagens para avaliar a eficácia dos adsorventes de micotoxinas
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INFLUÊNCIA DOS ANTIOXIDANTES E VITAMINA A NA PRODUÇÃO DE OVINOS

Laís Santana Celestino Mantovani Médica Veterinária e Zootecnista, Docente da UNIFATECIE Paranavaí-PR

Esses danos têm sido relacionados ao baixo desempenho produtivo.

Anutrição eficiente em ovinos é crucial para o sucesso da produção de carne, leite e lã. Dentre os diversos fatores que impactam esse processo, surge a necessidade de utilizar ferramentas para a sua otimização.

O estresse oxidativo ocorre quando há um desbalanço entre a produção e a remoção de agentes oxidantes, resultando no seu acúmulo.

Quando isso ocorre no organismo, os as células são diretamente prejudicadas, por exemplo, por meio da fragmentação do DNA e da perda da integridade da membrana plasmática.

Como este estresse oxidativo pode comprometer a integridade das células, o uso de ferramentas que possam atuar como um escudo protetor, reduzindo danos celulares e mantendo a viabilidade do metabolismo, é essencial.

Isso influencia também na qualidade reprodutiva, pois confere uma maior proteção e durabilidade seminal. Nesse contexto, os antioxidantes emergem como elementos chave na promoção da fertilidade e na manutenção da qualidade reprodutiva dos ovinos.

84 Nutrição de ruminantes nutriNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Influência dos antioxidantes e Vitamina A na produção de ovinos

Os antioxidantes são substâncias que têm a capacidade de proteger as células contra os efeitos dos radicais livres produzidos pelo organismo. Eles também podem favorecer o aumento da imunidade e a prevenção de doenças. A inclusão desta substância na dieta impede a oxidação dos óleos e vitaminas, garantem a ingestão de um alimento seguro, auxiliam na manutenção da saúde intestinal e consequentemente, permitem que o animal expresse todo o seu potencial genético, aproveitando ao máximo as boas condições a qual esteja exposto.

A vitamina A, conhecida como “vitamina do epitélio” ou retinol, é indispensável para os ovinos, pois atua na formação e manutenção da integridade da pele e das mucosas conjuntival, brônquica, vesical e uterina.

Auxilia a produção do pigmento da visão e o metabolismo das células receptoras de luz na retina, que está diretamente ligado ao fotoperíodo e reprodução nas fêmeas ovinas.

Uma boa nutrição para os ovinos impacta na performance produtiva dos animais, como rápido ganho de peso e qualidade da carne. Além de minerais, os ovinos necessitam de vitaminas essenciais ao bom funcionamento do organismo. Caso contrário, podem surgir sérios problemas de saúde no rebanho.

Manutenção da pele

Espermatogenese

Formação óssea

Antioxidante Fotoperíodo

Sistema imune

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Ela contribui com a espermatogênese, ajuda na manutenção do tecido esquelético, além de contribuir com o desenvolvimento ósseo.

A carência de vitamina A pode ser observada em cordeiros nascidos de ovelhas deficientes neste nutriente, pois já nascem com reduzidas reservas vitamínicas, ficando dependentes somente do aporte do colostro e do leite da mãe, que é a única fonte de vitamina

A no início da vida.

Quando isto ocorre é comum observar sinais clínicos como diarréia, descarga nasal, lacrimejamento excessivo e, inclusive, incoordenação motora.

A vitamina A não é sintetizada pelo rúmen, e nem ocorre livremente nos alimentos vegetais. Porém, na forragem está presente o β-caroteno, um dos mais importantes precursores da vitamina A. Folhas verdes são consideradas importantes fontes de β-caroteno para os ruminantes.

O β-caroteno é considerado uma provitamina e sofre mudanças químicas na mucosa intestinal, onde é absorvido juntamente aos lipídeos, na forma de vitamina A.

Seu valor como potencial transformador é bastante significante, visto que os ruminantes tem a capacidade média de conversão em 24% (1 mg de β-caroteno equivale a 400 UI de vitamina A).

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Nutrição
ruminantes

Estudos indicam que a suplementação adequada desta vitamina pode melhorar a qualidade seminal em ovinos. Isso impacta diretamente na viabilidade do sêmen congelado, que necessita de um maior suporte protetivo.

A vitamina A fortalece o sistema imunológico reprodutivo de forma geral, aumentando também a resistência contra infecções uterinas, o que é crucial para garantir uma gestação bemsucedida e um pós-parto com a menor incidência de intercorrências como a retenção de placenta.

Além disso, também protege a saúde do úbere, reduzindo a incidência de mastites e aumentando a taxa de recuperação de animais acometidos.

Garantir a suplementação adequada de vitamina

A na dieta ovina é essencial para propiciar maiores índices de produção e menores gastos com tratamentos terapêuticos.

Durante a época das águas, com o clima quente, as forrageiras apresentam uma boa qualidade de β-caroteno.

Alimentos ricos em vitamina A, como pastagens frescas, podem ser combinados com suplementos específicos. Nos animais confinados, a vitamina A não é armazenada em quantidades apreciáveis no organismo pelo fato de que os animais têm em sua dieta altas quantidades de alimentos concentrados e conservados, que são pobres em quantidade dessa substância.

Além de que, em confinamento, os ovinos apresentam um crescimento mais rápido e, nesses casos, requer mais atenção à suplementação.

A dose recomendada varia de acordo com a fase reprodutiva e as condições individuais do rebanho.

É necessário primeiramente, oferecer o volumoso da melhor qualidade possível para os animais, para que a absorção de tocoferol seja suficiente.

Os principais sintomas de carência de vitamina A são:

Diarreia.

Porém, na seca, a situação se inverte e o animal acaba utilizando sua reserva de vitamina A advinda do tecido hepático. Menor desempenho; A redução do apetite;

Desse modo, é essencial que se suplemente a dieta para manter os níveis saudáveis para o metabolismo.

Lacrimejament o e xeroftalmia;

Pele e pelagem áspera;

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Nutrição de ruminantes

Baixa taxa de prenhez;

Retenção de placenta;

Sobre reprodução e desenvolvimento embrionário podemos citar:

Distúrbios graves no terço nal da gestação; Reabsorção do feto; Natimortos.

Anormalidades seminais;

Libido reduzida;

Nos machos reprodutores é evidente:

Diminuição da atividade sexual em reprodutores;

Baixa motilidade dos espermatozoides;

Inibição da espermatogênese;

Atro a testicular e,

Declínio da esteroidogênese.

Em resumo, a vitamina A desempenha um papel significativo na saúde reprodutiva dos ovinos. Produtores podem colher os benefícios dessa vitamina ao incorporar estratégias nutricionais que garantam níveis ideais de tocoferol no rebanho.

Com uma abordagem equilibrada e focada na saúde reprodutiva, a vitamina A se mostra como uma aliada valiosa na produção ovina.

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