nutrinewsbrasil.com
p. 6 Profa Dra. Cinthia Eyng
ENZIMAS EXÓGENAS
UMA FERRAMENTA NA MANUTENÇÃO
DA SAÚDE INTESTINAL DE FRANGOS DE CORTE p. 37
TABELA Enzimas Edição exclusiva Brasil
CONTEÚDOS 6
Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte Profª Drª Cinthia Eyng Docente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste Marechal Cândido Rondon/PR – Brasil
12
Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
F. O. Pedrosa1, A. L. M. Oliveira2, V. F. Guimarães3, R. M. Etto4, E. M. Souza1, F. G. Furmam4, D. R. P. Gonçalves4, O. J. A. P. Santos2, L. S. A. Gonçalves2, A. G. Battisttus3, C. W. Galvão4. 1Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba – PR 2Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina – PR 3Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Candido Rondon – PR 4Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa – PR
1 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2020
nutrinewsbrasil.com
19
Gestão da água de bebida na avicultural
37 Tabela de Enzimas 2020 Edição Brasil
Susan Watkins MS, Ph. D Professora Honorária, Emeritus Universidade do Arkansas, Departamento de Agricultura
30
Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
40
Efeitos de fitogênicos em suínos nas fases de crescimento e terminação
Maicon Godois Carvalho¹ e Vivian Fernanda Gai 2
Massei, A. S.1; Silva, C. A.2; Dias, C. P.3; Callegari, M. A.3
¹ Engenheiro agrônomo 2 Zootecnista, Médica veterinária e mestre em produção Animal do Colegiado de Agronomia do Centro Universitário Assis Gurgaz, Cascavel, Paraná (PR)s
1 Mestrando do Programa Ciência Animal de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Londrina 2 Departamento de Zootecnia - Universidade Estadual de Londrina; 3 Akei Animal Research-Fartura -Brasil.
2 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2020
nutrinewsbrasil.com
46
Renovação de pastagens tropicais com uso de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária - SIPA
Rafael Henrique Pereira dos Reis1 , Ernando Balbinot2 , Fabiano Gama de Sousa2 , Fábio Régis de Souza3 1 Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste. Embaixador da Aliança SIPA. 2 Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste. 3 Universidade Federal de Rondônia Campus Rolim de Moura.
60
Uma estratégia inovadora no uso de enzimas combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves Rob ten Doeschate Diretor Técnico da AB Vista EMEA
Gilson Gomes Gerente Técnico Global da AB Vista
Acidose ruminal: como
54 minimizar sua ocorrência a partir
do entendimento do microbioma ruminal? Parte III
Laura B. Carvalho1 , Rayane M. Rodrigues2, Karine Padilha1, Barbara S. Mota Neta1, Ana Claudia Costa1, Leticia A. Cerisara1, Isabela A. Souza1, Kelmey M. B. Almeida1, Thiago S. Andrade1, Thainá P. S. Cabral3, Luciano S. Cabral1 1Faculdade de Agronomia e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT 2Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT 3Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT
3 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2020
NUCLEOTÍDEOS LIVRES VERDADEIRA FONTE PARA A
NUTRIÇÃO CELULAR
F O NT E D E NU TRIE N TE S DE RIVADOS DA L E VE D U R A COM ALTAS CON CE N TR AÇÕE S D E NU C L E OT Í DE OS ALTERNATIVA TECNOLÓGICA PARA ATENDER EXIGÊNCIAS ESPECÍFICAS DOS ANIMAIS F O CO N O C R E SCIME N TO DE TE CIDOS E N O D E S E N V O LVI M E N TO DE AN IMAIS JOVE N S E X T R ATO D E L E V E D U R A E L E V E D U R A L I S A DA
(COM VERSÕES A PARTIR DE 15% DE NUCLEOTÍDEOS LIVRES)
APLICAÇÕES:
alerisnutrition.com
info@alerisnutrition.com
/alerisnutrition
+55 11 4581 3144
2020: ANO MARCADO POR ADVERSIDADES E PELA RESISTÊNCIA DO SETOR DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS O ano de 2020 foi pautado por muitas incertezas. Do lado da demanda, a pandemia de coronavírus resultou em mudanças bruscas no comportamento do consumidor. Do lado da oferta, o clima prejudicou a atividade, devido às irregularidades das chuvas e às secas extremas, especialmente no sul do país. Esses dois fatores, combinados, proporcionaram um ano de desequilíbrios entre a oferta e a demanda e de elevação substancial dos preços no campo e, consequentemente, para a produção de alimentação animal. Mas, apesar do cenário bastante adverso provocado pela COVID-19, é fato que a produção de alimentos para animais resistiu bem ao “evento imprevisível” e assegurou o necessário suprimento da cadeia produtiva e exportadora da proteína animal brasileira. Vamos aos números! De acordo com dados do Sindicato Nacional de Alimentação Animal (Sindirações), o produtor de frangos de corte demandou 25,6 milhões de toneladas de rações de janeiro a setembro, um avanço de quase 4%, marca alinhada àquela prevista ainda antes da pandemia, ou seja, ancorada na percepção do consumo doméstico crescente e na continuidade da necessidade chinesa por proteína animal. É fato que a destinação recorde da carne suína brasileira para a China e o concomitante incremento do consumo doméstico impulsionado pelo auxílio emergencial dinamizaram a cadeia produtiva que demandou, até final do terceiro trimestre, 13,2 milhões de toneladas de rações para suínos, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Muito embora o benefício do governo foi reduzido pela metade, o bom ritmo nos embarques ao exterior no final do ano, permite uma estimativa que pode ultrapassar 18,6 milhões de toneladas e avançar 5%.
No caso dos bovinos de corte, até o final do terceiro trimestre, a produção de rações e concentrados alcançou 4,4 milhões de toneladas, incremento de 6,3%, estimulada pelos bons preços pagos pelo terminado e, principalmente, alavancada pelo desempenho exportador. Apesar do cenário prejudicar a rentabilidade dos repositores e criadores, resultado da grande valorização do bezerro e dos preços dos concentrados e sal mineral e dos bezerros, respectivamente, a piora das pastagens exigiu a complementação com milho, farelo de soja e algodão, DDGS, etc. Durante 2020 é provável apurar a produção de 5,5 milhões de toneladas, um avanço de 6%, segundo relatórios do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Já o plantel de bovinos leiteiros demandou 4,7 milhões de toneladas durante os primeiros nove meses do ano, um avanço da ordem de 4,9% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Nesse ano, a cadeia produtiva do leite foi e continua modulada por diferentes fatores que influenciam sua produtividade, dentre eles, o encarecimento da alimentação dos animais por conta do forte aumento do preço do milho, farelo de soja e dos insumos importados. Mesmo assim, ainda é possível estimar seu crescimento de 4,5% e contabilização de 6,5 milhões de toneladas durante o exercício de 2020. A combinação de tantos fatores que levou ao estratosférico custo dos principais insumos ainda manteve o ritmo ajustado da cadeia produtiva brasileira durante o ano. Portanto, que venha 2021 com seus desafios na produção de alimentação animal, porque o brasileiro já provou, nesse ano atípico, que sabe contornar as mais complexas adversidades no setor! Tenham uma ótima leitura.
EDITOR AGRINEWS LLC
PUBLICIDADE Simone Dias +55 (11) 98585-2436 nutrinewsbrasil@grupoagrinews.com DIREÇÃO TÉCNICA José Ignacio Barragán (aves) David Solà-Oriol (suínos) Fernando Bacha (ruminantes) COORDENAÇÃO TÉCNICA Simone Dias REDAÇÃO Simone Dias Priscila Beck Maria de los Angeles Gutiérrez Osmayra Cabrera Daniela Morales COLABORADORES Carlos De Blas (UPM) Gonzalo Glez. Mateos (UPM) Xavier Mora (Consultor) Alfred Blanch (Consultor) Alba Cerisuelo (CITA-IVIA) Carlos Fernández (UPV) ADMINISTRAÇÃO Inés Navarro contabilidad@grupoagrinews.com
nutrinewsbrasil@grupoagrinews.com www.nutricionanimal.info
GRATUITA PARA FABRICANTES DE ALIMENTOS, EMPRESAS PREMIX E NUTRICIONISTAS Depósito Legal Nutrinews B-17990-2015 Preço da subscrição de USD 30,00
E até 2021! Equipe nutriNews Brasil
A direção da revista não se responsabiliza pelas opiniões dos autores. Todos os direitos reservados. Imagen: Dreamstime
5 nutriNews Brasil 4o Trimestre 2020
ENZIMAS EXÓGENAS: UMA FERRAMENTA NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE INTESTINAL DE FRANGOS DE CORTE Enzimas Exógenas
Profª Drª Cinthia Eyng Docente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste Marechal Cândido Rondon/PR – Brasil
A inclusão de enzimas exógenas às dietas é prática indispensável para contornar este desafio, visto que maximiza o aproveitamento do alimento pelas aves com uma redução no
E
custo, devido aos ajustes nas formulações.
desaceleração da atividade, proporcionando
formulação de dietas comerciais de origem
m um quadro de crise mundial em consequência da Covid-19, o agronegócio reduziu o impacto
da pandemia na produção, evitando a conhecimento e oportunidades aos diversos
De fato, estima-se que a consideração de uma matriz nutricional de um blend enzimático contendo carboidrases, fitase e protease na animal para frangos de corte é capaz de:
setores.
Reduzir em até 10%, em média, o custo de
Em o setor avícola tem celebrado o crescimento
produção por tonelada de ração
em produção mesmo durante a pandemia. No
(base de preços dezembro/2020).
entanto, a alta dos preços do milho e farelo de soja, principais insumos utilizados na produção de rações, tem tornado desafiador manter os índices produtivo.
Desta maneira, as enzimas exógenas são essenciais para a formulação de rações de mínimo custo para as aves.
6 nutriNews Brasil 4ºTrimestre 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
Polissacarídeos não amiláceos Os polissacarídeos não amiláceos,
ABORDAGEM PRÁTICA SOBRE OS BENEFÍCIOS As ações das enzimas sobre os fatores antinutricionais presentes nas dietas, como o fitato e polissacarídeos não amiláceos, e sobre a atividade de enzimas endógenas, aumentando a disponibilização de nutrientes (cálcio, fósforo e aminoácidos) e energia são frequentemente relatadas
além de interferirem na digestão de outros nutrientes podem favorecer a proliferação de microrganismos indesejáveis e o desencadeamento de processos inflamatórios por serem reconhecidos por receptores localizados no intestino (Kogut et al., 2018; Dal Pont et al., 2020).
(Alabi et al., 2019; Bedford & Cowieson, 2020) e refletem em redução de custo. No entanto, este texto objetiva uma abordagem prática sobre os benefícios, além dos econômicos, Enzimas Exógenas
enfatizando os mecanismos de ação das enzimas na manutenção da saúde intestinal das aves.
Proteína Da mesma forma, a proteína quando não digerida pode sofrer fermentação gerando metabólitos tóxicos ao organismo do animal (Windey, 2012) além de alterar a homeostase da microbiota.
Estes processos podem comprometer a integridade da barreira física do intestino, incluindo as junções “tight”, compostas de proteínas que selam os espaços entre as células do intestino, favorecendo a passagem de microrganismos patogênicos.
MODO DE AÇÃO DAS ENZIMAS Pesquisas recentes abordam diferentes maneiras pelas quais as enzimas exógenas podem beneficiar a fisiologia do trato gastrointestinal dos animais, sendo sua influência dependente do tipo de enzima, de dieta (substrato) e idade dos animais.
7 nutriNews Brasil 4ºTrimestre 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
Ação Primária A ação primária das enzimas sobre os fatores antinutricionais aumentando a digestibilidade dos nutrientes pode reduzir os impactos acima relatados e resultar em uma microbiota intestinal com composição e funções metabólicas diferenciadas. A modificação do substrato reduz, por exclusão competitiva, a colonização de microrganismos patogênicos. Em adição, os produtos resultantes das ações hidrolíticas das enzimas podem promover a saúde intestinal.
Xilanase Enzimas Exógenas
Os xilooligossacarídeos oriundos da hidrólise dos arabinoxilanos pela xilanase podem ser utilizados como substrato por bactérias benéficas, apresentando função prebiótica no organismo (Craig et al., 2020).
Protease A maior disponibilização de aminoácidos pela ação da protease pode favorecer os processos de geração de energia pelos enterócitos, células responsáveis pela absorção dos nutrientes, bem como a produção de mucina, barreira física de proteção do intestino (Cowieson & Roos, 2014).
Microbiota Benéfica O estabelecimento de uma microbiota benéfica em detrimento à patogênica é fundamental, visto sua influência sobre diversos processos metabólicos do organismo do animal, incluindo absorção de nutrientes, modulação do sistema imune e controle de patógenos.
8 nutriNews Brasil 4ºTrimestre 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
Neste sentido, tem sido reportado que a suplementação de enzimas pode influenciar a composição da microbiota intestinal. Liu et al. (2017) observaram que a inclusão de um complexo multienzimático aumentou: + A contagem ileal de Lactobacilli e Bifidobacteria E reduziu: - A contagem de Clostridium perfringens, bactéria responsável pela enterite necrótica em frangos; - As lesões intestinais decorrentes
Enzimas Exógenas
da presença desta bactéria.
Bacteriocinas Complementando a ação de exclusão competitiva a suplementação de enzimas pode aumentar a abundância de bactérias do gênero Enterococcus e Lactobacillus (Borda-Molina et al., 2019). Bactérias pertencentes a estes gêneros são capazes de produzir substâncias, chamadas bacteriocinas, ativas contra microrganismos patogênicos como as espécies de protozoários pertencentes ao gênero Eimeria, responsáveis pela coccidiose aviária, enfermidade de maior impacto econômico mundial. A compreensão do equilíbrio dinâmico da microbiota intestinal ainda não está totalmente elucidada, porém, evidências apontam que a diversidade da microbiota intestinal está intimamente relacionada ao desempenho apresentado pelas aves.
9 nutriNews Brasil 4ºTrimestre 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
ESTUDO
Enzimas Exógenas
Em um experimento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Avicultura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste - (manuscrito em processo de publicação) foi observado que o reestabelecimento do desempenho das aves, no período de 1 a 21 dias, alimentadas com dietas com redução nutricional (- 100 kcal/kg de energia metabolizável), somente foi alcançado quando adicionada, às dietas, a combinação das enzimas amilase, xilanase e protease.
A inclusão simultânea das três enzimas equiparou a microbiota cecal das aves em regime de restrição nutricional às aves que receberam as dietas, atendendo as exigências nutricionais em termos de presença/ausência e abundância de microrganismos, bem como suas funções metabólicas preditas.
Modulação da Microbiota Estes resultados demonstram que a modulação da microbiota é um possível mecanismo de ação, pelo qual, a suplementação das enzimas exógenas, melhora o desempenho das aves.
Método de Análise Recentemente, um método de análise envolvendo enzimas quinases ativas no tecido foi desenvolvido sendo capaz de avaliar as mudanças imunometabólicas de uma amostra devido, por exemplo, a dieta oferecida aos animais. Neste contexto, Arsenault et al. (2017) utilizando esta ferramenta, observaram que a inclusão de β-mananase: Eliminou o efeito dos β-galactomananos dietéticos sobre a sinalização celular de mecanismos imunológicos, evitando o desencadeamento de uma resposta imune.
1 e 21 dias
100 kcal/kg de energia metabolizável
Amilase + Xilanase + Protease
Além disso, os autores observaram modificação das funções metabólicas das aves que receberam dietas contendo a enzima, podendo estas modificações estarem relacionadas à melhoria dos parâmetros produtivos.
O desvio de nutrientes para a ativação de respostas imunes influencia diretamente nos índices produtivos dos animais.
10 nutriNews Brasil 4ºTrimestre 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
1 Por exemplo, Leung et al. (2019) observaram que aves quando desafiadas por Eimeria acervulina e Eimeria maxima aos 10 dias de idade: Reduziram em 15,5% a energia destinada a ganho de peso aos 35 dias de idade, valor este mensurado como eficiência calórica. A energia foi utilizada para ativação das respostas imunes e reparação dos danos no epitélio intestinal.
2 Jiang et al. (2018) observaram redução na expressão gênica da citocina pró-inflamatória IL-1β no intestino de aves alimentadas com dietas contendo altas doses de fitase.
Enzimas Exógenas
Considerando que esta proteína influencia na atividade e síntese das células imunológicas, este resultado demonstra que a inclusão da enzima foi capaz de reduzir o processo inflamatório intestinal, ocasionado pela presença do fitato.
CONCLUSÃO A garantia da saúde intestinal das aves, permitindo que o trato gastrointestinal possa desempenhar com eficiência os processos de digestão e absorção é um dos pontoschaves da produtividade avícola. As evidências apontadas neste texto quanto aos mecanismos de ações das enzimas exógenas no organismo dos animais, apesar de não completamente elucidados, demonstram o potencial em utilizar este aditivo como parte de um programa de manutenção da saúde intestinal visando otimizar o desempenho das aves.
Referências Bibliográficas sob consulta junto à autora. Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
BAIXAR EM PDF
11 nutriNews Brasil 4ºTrimestre 2020 | Enzimas exógenas: uma ferramenta na manutenção da saúde intestinal de frangos de corte
BACTÉRIA EXCRETORA DE AMÔNIO: UM NOVO
BIOFERTILIZANTE PARA CULTURA DO MILHO NO BRASIL F. O. Pedrosa1, A. L. M. Oliveira2, V. F. Guimarães3, R. M. Etto4, E. M. Souza1, F. G. Furmam4, D. R. P. Gonçalves4, O. J. A. P. Santos2, L. S. A. Gonçalves2, A. G. Battisttus3, C. W. Galvão4.
enzimas
1Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba - PR 2Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina - PR 3Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Marechal Candido Rondon - PR 4Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Ponta Grossa - PR
A
s bactérias do gênero Azospirillum sp.
são encontradas na maioria dos solos, sendo capazes de colonizar mais de
100 espécies vegetais promovendo o crescimento, e a produtividade destas culturas em condições de campo. É um biofertilizante nitrogenado econômico e de fácil aplicação para a cultura do milho.
12 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
O mercado atual de biofertilizantes representa cerca de 5% do mercado total de fertilizantes químicos (Timmusk et al., 2017) e é dominado por organismos fixadores de nitrogênio, já que o nitrogênio (N) é o nutriente de maior demanda pelas plantas cultivadas e determinante da produtividade. Os exemplos mais conhecidos de microrganismos usados como biofertilizantes capazes de fornecer nitrogênio para as plantas são os aumente em 82 milhões de pessoas por ano, exigindo um aumento da produção agrícola de 2,4 x 109 toneladas/ano. Diante desse cenário a comunidade científica busca alternativas sustentáveis visando o
“rizóbios” que formam simbioses nodulares com leguminosas. A associação de Bradyrhizobium spp. com soja é o exemplo mais importante, permitindo cultivo dessa leguminosa sem adição de fertilizantes nitrogenados, resultando numa economia anual da ordem de 10 bilhões de dólares.
enzimas
Estima-se que população mundial
aumento da produtividade agrícola
Porém esta simbiose não ocorre em
sem aumento da área cultivada. Assim,
plantas da família Poaceae que inclui
a substituição dos insumos químicos
milho, arroz, trigo e cana de açúcar,
por insumos biológicos pelo uso de
culturas com alto valor como alimento
inoculantes microbianos promotores do
humano e fonte de biocombustíveis.
crescimento vegetal é uma alternativa viável, economicamente viável e aceita por produtores e ambientalistas (Calvo et
al., 2014; Singh et al., 2016; Timmusk et al., 2017).
Entre as bactérias fixadoras de nitrogênio capazes de se associar com cereais como milho, arroz, trigo e cana de açúcar estão Herbapirillum seropedicae, Gluconacetobacter diazotrophicus, Pseudomonas stutzeri, e Azospirillum spp. que têm sido pesquisadas como biofertilizantes, como excelente alternativa para reduzir custos e aumentar a produtividade.
13 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
Espécies do gênero Azospirillum sp. são encontradas em solos associadas a raízes de plantas em todos os continentes com exceção da Antártica (Döbereiner & Pedrosa, 1987) sendo capaz de colonizar centenas de espécies de plantas e melhorar o crescimento, desenvolvimento e a produtividade das culturas em condições de campo (Döbereiner e
Pedrosa 1987; Baldani e Baldani, 2005; Bashan e De-Bashan, 2010; Cassán e Diaz-Zorita, 2016).
Hoje está claro que a capacidade do Azospirillum spp. de promover
enzimas
o crescimento se explica pela ação coordenada destes múltiplos mecanismos (Bashan e Levanony, 1990; O primeiro mecanismo proposto para
Cassán e Diaz-Zorita, 2016).
explicar a capacidade de Azospirillum sp. em promover o crescimento das plantas foi a fixação biológica de nitrogênio (FBN) (Döbereiner e Day, 1976;
Okon et al., 1983; Döbereiner e Pedrosa, 1987). Posteriormente, mecanismos adicionais foram propostos, como a produção de fitohormônios (auxinas, citocininas e giberelinas) (Cassán et al., 2014), proteção de plantas contra estresses (salinidade do solo ou compostos tóxicos) (Creus et
al., 1997), biocontrole de fitopatógenos (Bashan e De-Bashan, 2010), solubilização de fosfatos (Puente et al., 2004) e a produção de sideróforos (Cassán e Diaz-Zorita, 2016).
Os estudos de inoculação com Azospirillum sp. ocorreram em cereais com estirpes das espécies A. brasilense, A. lipoferum, A. halopraeferens e A. oryzae. No Brasil, as estirpes de A. brasilense AbV5 e AbV6, foram autorizadas como inoculantes para as culturas de milho e trigo em 2010 (Hungria
et al., 2010). Recentemente, estudos têm demonstrado que uma nova estirpe, A. brasilense HM053, que tem a capacidade de fixar nitrogênio constitutivamente é capaz de excretar grandes quantidades de amônio
(Machado et al., 1991). A. brasilense HM053 é derivado da estirpe A. brasilense Sp7 (Machado et al., 1991), a mesma estirpe que deu origem às estirpes usadas comercialmente nos inoculantes: A. brasilense Ab-V5 e Ab-V6.
14 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
Recentemente demostramos, usando isótopo radioativo de N ( N), que a estirpe HM053 13
foi capaz de excretar amônio suficiente para suprir 100% das necessidades de nitrogênio da planta modelo Setaria viridis (Pankievicz et al., 2015).
Esse experimento demonstrou que estirpes melhoradas geneticamente de A. brasilense podem aumentar a fixação de nitrogênio e suprir as plantas associadas. É importante frisar que HM053 não é transgênico e foi selecionada usando técnicas microbiológicas convencionais.
Como o milho é uma cultura que requer grande quantidade de nitrogênio e tendo em vista que a tem a capacidade de fixar nitrogênio e excretar amônio constitutivamente, foram realizados experimentos a
Os tratamentos consistiram de três controles não inoculados:
campo no estado no Paraná (Londrina
sem adubação (0 kg de N/ha),
– safra 2012, Londrina – safra 2013, Marechal Candido Rondon e Ponta Grossa) para
com adubação de base (30 kg de N/ha)
testar a hipótese de que essa nova
adubação de base mais adubação em
estirpe poderia ser utilizada como biofertilizante para a cultura do
enzimas
nova estirpe, A. brasilense HM053,
cobertura (160 kg de N/ha).
milho. A seguir iremos mostrar alguns
No tratamento de 160 N, além dos 30 N
resultados de produtividade do milho
aplicados na semeadura, 130 kg adicionais
após a inoculação das sementes com
de N/ha foram aplicados durante o estádio
A. brasilense HM053, resultados que
de florescimento, dividido em duas
já foram publicados em detalhe em
aplicações: 60 + 70 kg de N-fertilizante.
revista científica especializada (Pedrosa
Foram testadas também, duas estirpes
et al., 2019).
de A. brasilense, a estirpe atualmente recomendada, AbV5 e a nova estirpe, HM053. Ambos os tratamentos inoculados, receberam 30 kg de N/ha na semeadura.
15 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
Milho 18 dias após o plantio/Estádio ~V3
Quanto aos valores de produtividade dos experimentos, a a inoculação de sementes de milho com A. brasilense AbV5 ou HM053 associada a fertilização de base com 30 kg de N/ha, melhorou a produtividade em todos os experimentos, sendo observado um incremento de 2,2% (ou 178 kg/ ha) em Ponta Grossa até 29% (ou 1769 kg/ha) em Marechal Candido Rondon.
160 0 30 Produtividade(kg/ha)
Ponta Grosa
c
0
a
b
30
Produtividade(kg/ha)
160
bc
30N+Abv5 30N+HM053 Incremento(%)
35 30 25 20 15 10 5 0
B 45 40 35 b b 30 25 15 10 5 0 30N+Abv5 30N+HM053 Incremento(%)
Figura 1: Produtividade de milho e incremento em Marechal Candido Rondon (a) e Ponta Grossa (b).
Comparando o uso da estirpe comercial com a nova estirpe, foi possível observar que a estirpe HM053 promoveu aumento no rendimento de grãos de milho em três dos quatro experimentos testados. Por exemplo, em Marechal Candido Rondon, a inoculação com HM053 resultou em um aumento de 1770 kg/ha, enquanto que a estirpe AbV5 promoveu um aumento de apenas 436 kg/ha. Isso significa um ganho de 1333 kg/ha promovido pela estirpe excretora de amônio, HM053, a mais que o incremento de produção da estirpe comercial AbV5.
B. breasilense HM053
Pode-se observar que em Ponta Grossa, houve um aumento de 10,3% na produtividade de grãos quando as sementes foram inoculadas com A. brasilense HM053 (30 N + HM053) em comparação com o tratamento que recebeu apenas fertilização nitrogenada (30 kg de N/ha). O aumento ocasionado pelo uso do HM053 foi 661 kg/ha a mais, do que àquele encontrado com a utilização da estirpe AbV5.
10.800 10.600 10.400 10.000 9.800 9.600 9.400 9.200 9.000 8.800
10.000 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 2.000 1.000 0
Londrina 2012
a
A a
a
a
9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
a
Incremento(%)
bc
A a
A. breasilense AbV5
30 0 160 30N+Abv5 30N+HM053 Produtividade(kg/ha) Incremento(%)
Londrina 2013 c
bc
0
30
Produtividade(kg/ha)
B a
ab
a
30 25 20 15 10 5 0
Incremento(%)
c
ab
Não inoculado
Produtividade(kg/ha)
14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0
Marechal Candido Rondom
Raiz
Produtividade(kg/ha)
enzimas
9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 5.000 3.000 1.000 0
Parte aérea
160 30N+Abv5 30N+HM053
Incremento(%)
Figura 2: Produtividade de milho e incremento em Londrina - 2012 (a) e Londrina - 2013 (b). Em Londrina, na safra 2013, a utilização da estirpe HM053 proporcionou um incremento de 18,5% em relação ao tratamento que recebeu 30 kg de N/ha, o que corresponde a 589 kg/ha a mais do que o aumento obtido com a estirpe AbV5.
16 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
de fertilizantes nitrogenados no milho, consequentemente diminuindo os custos de produção e gerando uma agricultura mais sustentável.
A substituição parcial (50%) do fertilizante nitrogenado nas lavouras de milho e trigo, quando inoculado com A. brasilense, pode gerar uma economia de na ordem de 1 bilhão de dólares por ano, embora esse valor varie, já que o valor de fertilizante nitrogenado é dependente do valor do petróleo.
A variação no aumento da produtividade em diferentes regiões é relatado em muitos trabalhos de campo com bactérias promotoras do crescimento vegetal (BPCV) (Dobbelaere et al., 2001). Muitos fatores podem influenciar o desenvolvimento das culturas e, consequentemente, a resposta à inoculação, como a fertilização com nitrogênio, tipo de solo, genética, condições climáticas, entre outros (Cassán e Diaz-Zorita, 2016).
Algumas diferenças de solo e clima foram observadas nos experimentos deste nosso estudo, que podem ter refletido nos valores de produtividade do milho. Assim, em Londrina e Marechal Candido Rondon a capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos foram adequados para o desenvolvimento das plantas, enquanto que em Ponta Grossa foi baixo. Os teores de Ca e Mg nos solos foram classificados como médio a alto, indicando não haver deficiência (Pauletti e Motta, 2017). Enquanto os teores de Al nestes locais foram muito baixos, excluindo toxidez por Al (Pauletti e Motta, 2017). Todos os locais apresentaram valores de pH abaixo da faixa ideal, entre 6 e 6,5 (Pauletti e Motta, 2017).
enzimas
A inoculação com A. brasilense HM053 foi estatisticamente igual aos tratamentos que receberam 160 kg/ha de N (160 N) em Marechal Candido Rondon e Londrina (ensaios de 2012 e 2013), portanto, a inoculação das sementes com essa nova estirpe pode reduzir o consumo
Em condições de laboratório a estirpe HM053 também teve performance superior à da estirpe selvagem quando inoculada em trigo (Santos et al., 2016 ).
Apesar das diferenças bióticas e abióticas encontradas em cada local, a inoculação com HM053 quase dobrou o aumento de rendimento proporcionado pela estirpe comercial usada para Poaceae no Brasil, a A. brasilense Ab-V5. Portanto, a estirpe HM053 mostrou ser uma alternativa interessante para inoculação desse grupo de plantas e novos testes estão sendo conduzidos para confirmar seu potencial promotor de crescimento de outras cultivares em diferentes condições edafoclimáticas.
Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
BAIXAR EM PDF
17 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Bactéria excretora de amônio: um novo biofertilizante para cultura do milho no Brasil
Uma solução de peso no combate às micotoxinas. A ICC Brazil possui uma linha completa de adsorventes de micotoxinas, estrategicamente desenvolvida para acabar, definitivamente, com qualquer ameaça.
ZeniFix® | BetaFix® | StarFix® | BetaFix®
Alta e permanente capacidade de adsorção; Ação exclusiva sobre as micotoxinas; Propriedades que melhoram a integridade e saúde intestinal.
Entre em contato e saiba mais sobre nossas soluções: www.iccbrazil.com.br | icc@iccbrazil.com.br | +55 11 3093-0799
GESTÃO DA ÁGUA DE BEBIDA NA
AVICULTURA
Susan Watkins MS, Ph. D/ Professora Honorária, Emeritus Universidade do Arkansas, Departamento de Agricultura
água
Enquanto mais importante insumo na produção de carne e ovos, a água finalmente está recebendo a atenção minuciosa que merece para otimizar a produtividade e sanidade das aves.
A água pode assumir o papel de vetor de muitas doenças com impacto nos rendimentos das operações avícolas. Uma breve lista dos patógenos isolados em sistemas de água inclui Cólera Aviária, Bordetella, E. Coli, Samonella, Influenza Aviária, Campylobacter e Estafilococos.
19 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
BIOFILM Se as tubulações por onde passa a água estiverem sujas, o desenvolvimento de biofilm (biofilme) em seu interior se torna possível. Este biofilm se forma a partir do acúmulo de um grande número de microorganismos resistentes.
Para complicar mais as coisas, cada granja pode ter um sistema exclusivo de abastecimento.
água
O biofilm pode, inclusive, criar uma barreira, que protege estes organismos dos desinfetantes usados diariamente. Permitindo que estes possam esperar, pacientemente, até que não haja mais nenhum desinfetante presente para liberarem-se através do abastecimento de água. Pesquisadores da Universidade de Auburn comprovaram que a vacina viva contra laringotraqueíte aviária pode aderir ao biofilm, mantendo-se viável até três semanas depois.
Uma vez que os patógenos incorporam-se ao biofilme (dentro das tubulações de distribuição da água, nos reservatórios, reguladores e bebedouros dos galpões), podem contribuir para o surgimento de problemas de saúde nos lotes seguintes.
Sendo, cada fonte composta por um conjunto próprio e único de minerais, ou contaminantes, torna-se complicado o processo de identificação e resolução de problemas relacionados à água. Em certas ocasiões, pode parecer um tanto desalentador implementar um programa rentável para o manejo da água. No entanto, esta é uma prioridade para as indústrias avícolas que se propuseram a cumprir essa tarefa.
O consenso é que estes programas têm um retorno significativo para a saúde e produtividade das aves.
20 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
As chaves para o sucesso dos programas de manejo da água podem resumir-se em cinco pontos:
1
AVALIAR A GESTÃO DA ÁGUA E IDENTIFICAR OPORTUNIDADES
Qual a fonte (a origem da água)? É um poço profundo, ou pouco profundo? É um reservatório aberto (como um rio, ou uma represa), ou a água é trazida de outros lugares?
É importante prestar atenção às fontes de superfície, ou aos poços pouco profundos, que geralmente podem oferecer maior risco de contaminação microbiana, particularmente depois de inundações.
água
Isto implica inspecionar com olhos críticos os aspectos do sistema, desde o abastecimento, até o último bebedouro, e determinar onde pode haver riscos que devem ser corrigidos.
Cada tipo de fonte tem seus próprios riscos, que necessitam ser manejados para ajudar a preservar a qualidade da água.
21 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
Quão longe tem a água que percorrer as tubulações de distribuição, até os galpões de produção? Qual a idade das linhas, ou tubulações de distribuição da água? Têm algum ponto cego, ou apresentam entupimentos? É possível limpar profundamente as tubulações quando não há aves presentes?
água
O sistema tem reservatórios? Quanto tempo a água permanece armazenada? Esvazia-se e limpase completamente os reservatórios de água? O reservatório é aberto, ou um contentor fechado? Utiliza-se algum tratamento da água? O saneamento da água é realizado de forma constante, ou é algo intermitente?
22 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
Esta lista de verificação pode ser parte do processo de avaliação do sistema de água, estabelecendo um programa de manejo para reduzir riscos e evitar a introdução e proliferação de microorganismos patógenos.
CONHECER AS CONDIÇÕES DA ÁGUA
Não apenas devemos conhecer a quantidade de E. coli e coliformes, como também o total de bactérias aeróbicas totais (APC), posto que este é um claro indícador de contaminação. Várias pesquisas vinculam a contaminação por pseudomonas nos abastecimentos, com deficiência de rendimento. Desta forma, este é outro microorganismo geralmente diagnosticado quando existem problemas de rendimento.
Além disso, recomenda-se realizar testes nos bebedouros das aves. A comparação dos resultados ao final de uma linha de bebedouros, com os da fonte, permite saber se a qualidade da água está sendo perdida e a necessidade de tratá-la. Um perfil de minerais que inclui:
Ferro Manganês;
Uma boa regra para interpretar os resultados microbianos é que qualquer E. coli, ou coliforme presente, assim como mais de 10 mil unidades formadoras de colônias de bactérias totais por mililitro, justificam adotar medidas para o saneamento do sistema de água e para manter a boa qualidade de forma constante (Tabela 1).
Cálcio;
água
2
Magnésio; Sódio; Cloreto; Sulfatos; Nitratos... ... assim como a alcalinidade e pH são muito úteis para identificar problemas que podem ser criados pela água (Tabela 2). Não existe água pura, a menos que tenha sido destilada e desionizada, ou tratada por meio de osmose inversa.
Os contaminantes na água são muito parecidos com a roupa das pessoas, servindo como indicadores da identidade própria da mesma.
23 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
3 A maioria dos contaminantes tem níveis aceitáveis e os valores dos mesmos podem estar relacionados a certos problemas.
água
Os problemas típicos incluem: contaminantes (ferro e manganês) que promovem patógenos como E. coli, saúde intestinal (sódio, cloreto, magnésio e sulfato), redução do consumo (pH baixo, com menos de 50 ppm de alcalinidade, ou excesso de alcalinidade >300 ppm); falhas no equipamento como bebedouros entupidos, vazamentos, ou, inclusive tubulações seladas (cálcio, magnésio, ferro, manganês, sulfatos).
Ainda que um teste anual possa não ser factível, isto pode ajudar a apontar tendências quando a qualidade da água muda devido a inundações, secas, ou outras atividades como mineração e processos industriais próximos à fonte de abastecimento de água para as produções avícolas.
DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA COM SUPLEMENTOS
Isto pode ser tão simples como escolher um ácido inorgânico, em vez de um ácido orgânico para reduzir o pH da água com níveis elevados de alcalinidade e pH acima de 8.
ÁCIDA
ALCALINA NEUTRA
ESCALA DO PH DA ÁGUA
Isto também pode significar que para água ácida (pH <4,5), com baixa capacidade de amortecimento (alcalinidade <40), pode ser necessário bicarbonato de sódio como amortecedor e para melhorar o consumo. As opções para o saneamento também devem ser um bom complemento para a água. Escolha desinfetantes que sejam compatíveis com o pH, ou utilize produtos estabilizados para superar a perda do desinfetante durante condições de baixo fluxo, ou água parada. Em algumas ocasiões, o controle de certas doenças pode exigir o uso de mais de um produto de saneamento.
24 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
4
DESENVOLVER UM SISTEMA CONSISTENTE DE SANEAMENTO
Frequentemente surge a pergunta:
Ainda que existam bons pontos de partida para os níveis de desinfetante na água potável, o teste final deve ser a verificação dos níveis microbianos. Estes devem estar sob controle sem a aplicação excessiva de desinfetantes, que possam impedir as aves de beber adequadamente.
Ao regularizar um nível residual de cloro livre, com resultado aceitável do teste microbiano, o pessoal de produção terá a validação de que o mesmo está sendo efetivo. Um programa diário de saneamento da água, associado a um programa de limpeza produnda das tubulações de água entre lotes, ajuda a minimizar o risco de formação de biofilm.
água
quanto cloro, dióxido de cloro, ou perióxido de hidrogênio é suficiente?
25 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
água
5
A QUALIDADE DA ÁGUA DEVE SER UMA PRIORIDADE PARA TODOS As empresas com os programas de água mais exitosos consideram que sua qualidade é uma tarefa importante e tornam isso parte da cultura da equipe.
Do nível gerencial, até o empregado que cuida das aves diariamente, deve-se reconhecer que o fornecimento da melhor qualidade de água possível faz a diferença e, portanto, todos devem estar alerta para prevenir desvios do programas.
Proporcionar aos lotes a melhor água possível não é uma garantia de resultados, no entanto, quando a mesma falta, se torna um convite a ter problemas com o equipamento, a saúde dos lotes e a produção de ovos e carne. Pode parecer avassalador começar um programa sólido e permanente de garantia da qualidade da água, porém esta missão, que exige tempo e planejamento, não é um luxo, mas uma necessidade para otimizar o rendimento das aves modernas.
26 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
Tabela 1. Normas de qualidade da água para as aves domésticas CONTAMINANTES
NÍVEIS MÉDIOS CONSIDERADOS
NÍVEL MÁXIMO ACEITÁVEL
Bactéria Total Bactéria (TPC)
0 CFU/ml
1000-10,000
CFU/ml
0 CFU/ml
CFU/ml
Total de coliformes
0CFU/ml
50 CFU/ml 0 CFU/ml
Coliformes fecais
COMENTÁRIOS Bactérias totais é uma unidade utilizada como indicador da limpeza do sistema. Os números altos não necessariamente significam que as bactérias presentes são daninhas, porém significa que o sistema é capaz de abrigar organismos patógenos. Os altos níveis de bactérias podem afetar o sabor da água e reduzir o consumo por parte das aves. A presença de qualquer coliforme fecal significa que a água não é apta para o consumo das aves domésticas, ou dos seres humanos.
CFU / UFC: Unidades Formadoras de Colônias
Tabela 2 / Parte1. Normas de qualidade da água para as aves domésticas
pH
Dureza da água
NÍVEIS MÉDIOS CONSIDERADOS
6.5-7.8
NÍVEL MÁXIMO ACEITÁVEL
5-8
60-180 mg/l
250 mg/l
COMENTÁRIOS água
CONTAMINANTES
pH abaixo de 5 pode ser prejudicial para os equipamentos bebedouros, causando corrosão nos componentes metálicos, com exposição a longo prazo. pH acima de 8 0 impacta a efetividade do cloro. Um pH alto, associado com alta alcalinidade, pode provocar menor consumo de água pelas aves devido ao sabor “amargo”. A dureza também pode ser determinada adicionando conteúdo de cálcio e magnésio. A dureza provoca depósitos que podem reduzir o volume da tubulação e fazer com que os bicos dos bebedouros tenham problemas de fluxo, ou inclusive vazamentos.
27 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
Tabela 2 / Parte2. Normas de qualidade da água para aves domésticas. Elementos Naturais.
água
CONTAMINANTES
NÍVEIS MÉDIOS CONSIDERADOS
NÍVEL MÁXIMO ACEITÁVEL
COMENTÁRIOS Não há limite superior para o cálcio. As aves são muito tolerantes ao cálcio, porém se os valores ultrapasssam 110 mg/l podem exigir produtos para mitigar a dureza da água. Polifosfatos, ou acidificadores para evitar a formação de depósitos.
Cálcio (Ca)
60 mg/
Magnésio (Mg)
14 mg/l
125 mg/l
Níveis elevados combinados com sulfato podem causar fezes moles devido ao efeito laxante.
Ferro (Fe)
.2 mg/l
.3 mg/l
As aves são tolerantes ao sabor metálico do ferro, porém, um alto conteúdo de ferro pode danificar os bebedouros e promover o crescimento de E. coli e pseudomonas
.05 mg/l
Pode interferir na absorção de outros microminerais. Pode ocasionar resíduos de grão preto nos filtros e bebedouros, além de se tratar de um nutriente chave para os patógenos. O tratamento inclui a oxidação com cloro, dióxido de cloro ou ozono, seguido de filtragem com areia verde.
Manganês (Mn)
.01 mg/l
Quando combinado com altos níveis de sódio, resulta em água salgada que pode atuar como laxante e provocar altos níveis de corrosão no equipamento.
Cloreto (Cl)
50 mg/l
200 mg/l
A água salgada pode promover o crescimento de enterococos que podem causar problemas entéricos. A água salgada pode danificar o trato reprodutivo das aves reprodutoras, causando problemas de qualidade da casca e maior incidência de ovos sujos. Tratamentos - osmose inversa, menor nível de sal na dieta, misturar com água salgada, manter a água limpa e usar desinfetantes diários como perióxido de hidrógeno, ou iodo para prevenir o crescimento microbiano.
Sódio (Na)
50 mg/l
200 mg/l
Quando combinado com altos níveis de cloreto, gera água salgada que pode agir como laxante. A água salgada pode promover o crescimento de enterococos que podem contribuir a problemas entéricos. A água salgada pode prejudicar o trato reprodutivo das aves reprodutoras, causando problemas de qualidade da casca do ovo. Tratamento - osmose inversa, menor nível de sal na dieta, misturar com água salgada, manter a água limpa e usar desinfetantes diários como perióxido de hidrogênio, ou iodo, para prevenir o crescimento microbiano.
28 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
CONTAMINANTES
Sulfatos
Nitratos
NÍVEIS MÉDIOS CONSIDERADOS
15-40 mg/l
1-5 mg/l
NÍVEL MÁXIMO ACEITÁVEL
COMENTÁRIOS
200 mg/l
Os sulfatos podem causar diarreias nas aves. Se há cheiro de ovo podre, então as bactérias produtoras de sulfeto de hidrogênio estão presentes e o sistema exigirá cloração de choque, mais o estabelecimento de um bom programa diário de saneamento da água. Os sulfatos podem ser removidos arejando a água em um tanque de retenção, tratamento com desinfetantes, seguidos de filtragem.
25 mg/l
Se os nitratos se transformam em nitritos, isto pode resultar em pobres taxas de crescimento e conversão de alimento. A presença de nitratos pode indicar contaminação fecal, razão pela qual também devem ser realizados testes de detecção de bactérias. Pode ser removido com osmose inversa.
0 mg/1
0.014 mg/l
Cobre
0.002 mg/l
0.6 mg/l
A exposição contínua ao cobre poderia resultar em proventriculite
1.5 mg/l
Pode causar amargor na água, resultando na redução do consumo da mesma.
Zinco
água
A exposição a longo prazo pode causar ossos fracos e problemas de fertilidade em reprodutoras e perus.
Chumbo
Gestão da água de bebida na avicultura
BAIXAR EM PDF
29 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Gestão da água de bebida na avicultura
IMPACTO DO
PAPEL FORRAÇÃO
GANHO DE PESO DE FRANGOS DE CORTE SOBRE O
forração
NO ALOJAMENTO
Maicon Godois Carvalho¹ e Vivian Fernanda Gai 2 ¹ Engenheiro agrônomo 2 Zootecnista, Médica veterinária e mestre em produção Animal do Colegiado de Agronomia do Centro Universitário Assis Gurgaz, Cascavel, Paraná (PR)
A criação de aves de corte vem se mostrando
Segundo ABPA (Associação
cada vez mais proeminente no Brasil,
Brasileira de Proteína Animal) o
revelando um aumento consistente nos
Brasil, no ano de 2020, pode chegar
últimos anos. Na avicultura a qualidade
a 13,8 milhões de toneladas na
do produto final depende diretamente da
produção de carne de frango,
qualidade do manejo e na produção das
significando uma alta de 4,2%
aves. Pequenos detalhes podem influenciar
em relação a 2019. Líder mundial
significativamente no resultado, portanto, no
de exportação e segundo maior
lucro do produtor. Desta forma, as pesquisas
produtor do mundo, o país também
relacionadas às particularidades do manejo
deverá exportar, neste ano, 4,23
vêm se tornando cada vez mais importantes.
milhões de toneladas superando 2019 em 0,5%. Em nosso país o consumo per capita pode atingir 45 quilos em 2020, superando em 5% 2019, com 42,84 quilos.
30 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
Os pintainhos têm uma curiosidade imensa
de manejo que impacta sobre a saúde
logo que chegam ao aviário. Este fator deve
e a qualidade das aves. Outro fator
ser bem explorado pelo produtor segundo
importante relacionado à cama é a
Pedroso, Pesenti e Molinetti, (2016) nas
isolação térmica, segundo Abreu e
primeiras horas de vida as aves aprendem a
Abreu (2011) os pintainhos de um dia
comer e a beber água, fatores tecnológicos
de idade não conseguem se manter
e de manejo podem influenciar os ganhos no
termicamente devido ao seu sistema
desenvolvimento das aves, como o consumo
termorregulador não estar desenvolvido.
de água e ração num período menor de
forração
A cama do aviário é um dos fatores
tempo, e acelerando sua formação. Assim, se a cama não estiver em condições adequadas para receber essas aves e também de reter calor, as perdas já são imediatas.
O pinteiro é um local onde as aves ficam retidas por aproximadamente três a quatro dias, este local poderá ser forrado com o papel forração kraft, que terá sobre ele a ração que é distribuída pelo produtor conforme recomendações técnicas, segundo Pedroso, Pesenti e Molinetti (2016) se
Variações na temperatura do
recomenda que esse papel forração fique
aviário podem implicar em baixo
próximo ao bebedouro, para oportunizar e
desenvolvimento e até morte das
estimular as aves que ao consumirem água, já
aves, segundo Butcher, Nilipour
procurem o alimento. Não há recomendação
e Miles (2002) as primeiras horas
quanto a cor do papel kraft utilizado.
de vida das aves são as mais importantes no desenvolvimento, e os aviários já devem estar preparados um dia antes do alojamento.
O objetivo deste trabalho é avaliar o ganho de peso, temperatura da cama e mortalidade dos pintainhos alojados sob diferentes cores de papéis de forração kraft.
31 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado em um aviário de frango de corte com dimensões de 105 m 12 m semi dark house, com coordenadas, latitude -24.631589°, longitude -53.263799°, na cidade de Cafelândia – PR. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados com repetições, tendo dois tratamentos, sendo: T1 – Papel forração Kraft branco e
forração
T2 – Papel forração Kraft pardo. O aviário foi dividido em quatro baias de tamanhos iguais: duas para o tratamento 1 e duas para o tratamento 2; cada baia recebeu em média 3.750 pintainhos. Foram avaliados três lotes consecutivos sendo: Lote 1. 04/10/2018 a 18/11/2018, Lote 2. 13/12/2018 à 31/01/2019 e Lote 3. 23/02/2019 a 10/04/2019. As baias foram aleatorizadas durante os diferentes lotes. A colocação do papel foi feita na baia tendo uma área de 30 m do aviário (pinteiro) em proporções exatas, com divisórias. Essa distribuição do papel ocorreu um dia após o alojamento e também a distribuição de comedouros infantis nas mesmas proporções para cada baia.
Neste mesmo dia foram distribuídas ração conforme recomendações técnicas e em proporções iguais. Os parâmetros analisados foram ganhos de peso com três dias e sete dias de idade, mortalidade por baia e temperatura do papel. A pesagem foi realizada com até 2% das aves por baia com balança digital de gancho da marca Gardex®, as pesagens eram realizadas em horários específicos do dia, para evitar estresse às aves, foi cercada uma proporção de aves em pontos específicos das baias com folha de Eucatex, facilitando a captura das mesmas. Os pintainhos eram então colocados em um balde e realizado a pesagem, a temperatura foi verificada por termômetro digital a laser da marca FLLIKE®, sendo que a aferição era sempre no mesmo local e horário. A aquisição do papel é realizada na cooperativa onde o aviário é integrado, não existe nenhuma obrigatoriedade sobre o tipo de papel forração, podendo ser utilizado dois modelos branco ou pardo, mas existe a obrigatoriedade de utilização do papel no alojamento dos pintainhos, o valor destes papéis é o mesmo, não havendo diferença no custo dos mesmos.
32 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias dos requisitos analisados foram comparadas pelo teste Tukey, por meio do programa estatístico Assistat® (Silva e Azevedo, 2016).
A variável peso aos 3 dias se mostrou em concordância com os obtidos inicialmente, em que o tratamento com papel forração Kraft pardo apresentou a melhor média de ganho de peso,
A comissão de ética do Centro Universitário FAG, por meio do Parecer CEUA/FAG n. 064/2018, aprovou o projeto “Avaliação do papel forração no pinteiro para avicultura” sob o protocolo n. 1864.
enquanto que o T1 com Kraft branco apresentou a menor média. O peso aos sete dias demonstrou diferença significativa entre os tratamentos testados, a maior média foi apresentada pelo T2 com papel forração Kraft pardo, enquanto a menor média foi demonstrada pelos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
T1 com papel forração Kraft branco.
As análises de variância são apresentadas na
Pedroso, Pesenti e Molinetti (2016) ao
Tabela 1 referentes à primeira semana de vida
fazer o teste de chick check, que é o
das aves para as variáveis: Peso aos 3 dias
teste do papinho após 24 horas das aves
(P3), Peso aos 7 dias (P7), Temperatura do
alojadas sob o papel forração tiveram a presença de ração no papo contra 86%
Observa-se que a variável peso aos 3
das aves que não foram alojadas sob o
dias, peso aos 7 dias e animais mortos
papel forração, esses autores também
apresentaram significância no valor de
constataram um ganho de peso de 4
F. A variável Temperatura da Cama não
% maior nas aves alojadas sob o papel
apresentou significância para o valor de F.
forração.
P3
P7
Temperatura do papel
Animais mortos
Gramas
Gramas
ºC
Unidade
T1 - Kraft
100,4
209,13 b
35,48º
31,33 b
branco
b
T2 - Kraft
154,8
pardo
b
Valor de F CV%
Tratamentos
forração
alojadas, 96% dos pintinhos quando
papel (TEMP.), Animais Mortos (AM).
233,00 a
34,83º
43,83 a
1,382**
1,382**
0,92ns
10,09*
0,63
0,99
3,34
18,19
Tabela 1 – Resumo da análise de variância referente à primeira semana de vida das aves submetidos a diferentes forrações no alojamento, para as variáveis: peso aos 3 dias de vida, peso aos 7 dias de vida, temperatura do papel (T) e número de animais mortos.
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância. * Significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
33 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
Leandro et al. (2007), salientam que
As temperaturas observadas neste
o efeito do peso inicial do pinto em
estudo superam a temperatura ideal
comparação ao peso final do frango tem
que descrevem Pauli et al. (2008.
uma acentuada diminuição com o decorrer
As temperaturas com valores
da idade das aves.
compreendidos entre 32 e 34 ºC são
Os autores ressaltam ainda que os pesos iniciais dos pintos influenciam
valores considerados confortáveis para a primeira semana de vida das aves.
diretamente sobre o rendimento de
A quantidade de animais mortos
carcaça de frangos de corte ao irem
observados neste estudo apresentou
para o abate. Os dados destes autores
diferença significativa para os tratamentos
são proporcionais com os achados neste
testados em lotes de épocas diferentes. A
experimento, pois se observa que não
menor média foi obtida para os pintainhos
houve diferença significativa na pesagem
recém alojados no T1, enquanto a maior
de 7 dias de idade.
média de mortalidade foi demonstrada pelo T2.
forração
A variável temperatura do papel não apresentou diferença significativa
A mortalidade de pintainhos no
entre os tratamentos. As médias de
alojamento pode estar ligada a
temperatura ficaram entre de 34 a 36 °C.
temperatura elevada, ou a outro fator
Essas temperaturas estão acima do ideal
que não seja o dos tratamentos deste
e indicam que as condições climáticas
trabalho, pois as mesmas não passaram
do ambiente externo se mostraram mais
por análises para diagnosticar a causa
severas na primeira semana de vida dos
da morte.
pintainhos, o que exige maiores cuidados em relação ao ambiente térmico no interior dos pinteiros. Algumas das hipóteses de mortalidade nos primeiros sete dias de vida dos pintainhos podem ser: doenças, má formação, demora no alojamento, período prolongado de jejum alimentar ou de água. No entanto, não se pode afirmar a causa das mortes, pois não foi realizado exame pós morte nos animais (Silva e Vieira, 2010).
32-34ºC
34 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
O ganho de peso dos pintainhos está
O ganho de peso dos animais evoluiu
demonstrado na Tabela 2. Conforme o avançar
na primeira semana de alojamento, o T2
da primeira semana, o peso dos animais
apresentou média superior significativa. Ao
evoluiu, demonstrando superioridade no T2
avaliar a evolução do ganho de peso aos
com papel forração Kraft pardo, que pode
7 dias, o peso não apresentou diferença
ter influenciado de forma positiva o peso dos
significativa. Os animais, mesmo com pesos
animais, aos 7 dias de idade, a uma diferença
diferentes ao iniciar no alojamento, chegaram
discreta, mesmo assim, nota-se superioridades
ao final de 7 dias com pesos semelhantes.
do papel forração Kraft pardo.
A evolução do peso inicial dos pintainhos
Peso 7 dias P7
Gramas
Gramas
T1 - Kraft branco
32,39 b
141,13 a
T2 - Kraft pardo
63,5 ab
141,66 a
Valor de F
7,90*
0,0798 ns
CV%
39,98
2,31
Tratamentos
obtida neste trabalho vai ao encontro do que ressaltam Tavernari e Mendes (2009), pois o pintainho ao final da primeira semana de vida poderá aumentar seu peso corpóreo em, aproximadamente, 4 vezes em comparação ao seu peso no nascimento. De acordo com Zocche et al. (2016), pintainhos quanto mais pesados à eclosão, serão mais resistentes e certamente serão frangos com maior peso ao final do período de criação.
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância. * Significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) Tabela 2 – Resumo da análise de variância referente à primeira semana de vida das aves submetidas a diferentes forrações no alojamento, para as variáveis: ganho de peso aos 3 dias, ganho de peso aos 7 dias.
35 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
forração
Peso 3 dias P3
RESUMO
Os parâmetros analisados foram: ganho de peso com três e sete dias;
A demanda mundial é por mais alimentos, sejam de origem vegetal quanto animal, para
mortalidade;
tanto é fundamental a eficiência do processo
temperatura do papel.
de criação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o ganho de peso, temperatura da cama e
Os resultados obtidos demonstraram que houve interação significativa para os
mortalidade dos pintainhos alojados sob diferentes cores de papéis de forração kraft.
parâmetros peso inicial e ganho de peso aos 3 dias. No entanto, não apresentou diferença significativa para ganho de peso aos 7o dias,
O trabalho foi realizado em uma
e para a temperatura da cama, já para a
propriedade rural no município de Cafelândia – Paraná, com início em outubro de 2018 a maio a 2019. O delineamento
mortalidade houve diferença significativa para os tratamentos.
experimental foi em blocos casualizados com repetições, e com dois tratamentos, sendo avaliado 1 % a 2 % das aves alojados
forração
em média 75 aves por tratamento.
CONCLUSÕES Os resultados obtidos neste trabalho
Os tratamentos foram: T1 – Papel forração Kraft branco, T2 – Papel forração Kraft pardo.
demonstraram que o papel forração Kraft pardo demonstrou resultados superiores no ganho de peso para 3 dias de idade
E foram avaliados três alojamentos consecutivos. O experimento foi realizado no
dos pintainhos sendo que aos sete dias os
aviário (pinteiro) sendo a área dividida em
pesos se equipararam.
quatro baias, em cada alojamento os blocos
A mortalidade se mostrou maior no T2,
foram ajustados, as aves estiveram em um ambiente homogêneo, com os mesmos tratos de manejo.
podendo não haver relação com o papel forração utilizado.
Referências bibliográficas disponíveis mediante solicitação.
papel kraft
papel branco
Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
BAIXAR EM PDF
36 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Impacto do papel forração sobre o ganho de peso de frangos de corte no alojamento
TABELA
ENZIMAS 2020 EDIÇÃO BRASIL
ATIVIDADE ENZIMÁTICA
Fitase
Xilanase
PRODUTO
Quantum Blue
Econase XT
ENZIMAS 2020
Tabela de produtos
38
nutriNews Brasil 4o Trimestre 2020 | Tabela enzimas
aEndo-Xilanase
aFitase Bacteriana
COMPOSIÇÃO
8.000 até 24.000 BXU/kg
175 a 3000 FTU/kg
DOSE
Aves, suinos, peixes
ESPÉCIE/S
Administrar diretamente na dieta dos animais, no misturador. Para dietas extrusadas usar aplicação líquida após processamento.
Administrar diretamente na dieta dos animais, no misturador. Para dietas extrusadas usar aplicação líquida após processamento.
RECOMENDAÇÃO DE USO
Abrangência Mundial
PAÍSES EM DISTRIBUIÇÃO
2020
nutriNews Brasil 4o Trimestre 2020 | Tabela enzimas
39
COMPOSIÇÃO Complexo multienzimático concentrado termoestável, composto de xilanase, β-glucanase, celulase, arabinofuranosidase e 1.000 FTU de fitase. Complexo multienzimático concentrado, composto de xilanase, β-glucanase, celulase, arabinofuranosidase e 500 FTU de fitase. Complexo multienzimático concentrado termoestável, composto de xilanase, β-glucanase, celulase e arabinofuranosidase. Complexo multienzimático concentrado, composto de xilanase, β-glucanase, celulase, arabinofuranosidase.
ATIVIDADE ENZIMÁTICA
Endo-1,4-xilanase ≥12.500 UV/g Endo-1,3(4)-β-glucanase ≥8.600 UV/g 6-fitase ≥10.000FTU/g Arabinofuranosidase ≥46.000 ABF/g Endo-1,4-β-glucanase (celulase) ≥1.200 unidades DNS/g
Endo-1,4-xilanase ≥25.000 UV/g Endo-1,3(4)-β-glucanase ≥17.200 UV/g 6-fitase ≥10.000FTU/g Arabinofuranosidase ≥92.000 ABF/g Endo-1,4-β-glucanase (celulase) ≥2.400 unidades DNS/g
Endo-1,4-xilanase ≥25.000 UV/g Endo-1,3(4)-β-glucanase ≥17.200 UV/g Arabinofuranosidase ≥92.000 ABF/g Endo-1,4-β-glucanase (celulase) ≥2.400 unidades DNS/g
Endo-1,4-xilanase ≥25.000 UV/g Endo-1,3(4)-β-glucanase ≥17.200 UV/g Arabinofuranosidase ≥92.000 ABF/g Endo-1,4-β-glucanase (celulase) ≥2.400 unidades DNS/g
PRODUTO
Rovabio Advance Phy
Rovabio Max Advance
Rovabio Advance TFlex
Rovabio Advance P
50 g/ton
50 g/ton
50 g/ton
100 g/ton
DOSE
Todas espécies animais
ESPÉCIE/S
Incorporação na ração
RECOMENDAÇÃO DE USO
Todos os países da América Latina
PAÍSES EM DISTRIBUIÇÃO
EFEITOS DE FITOGÊNICOS EM SUÍNOS NAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO Massei, A. S.1; Silva, C. A.2; Dias, C. P.3; Callegari, M. A.3
fitogênicos
1 Mestrando do Programa Ciência Animal de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Londrina; 2 Departamento de Zootecnia - Universidade Estadual de Londrina; 3 Akei Animal Research-Fartura -Brasil.
O
banimento dos antibióticos promotores de crescimento (APC), iniciada na Comunidade
Europeia, é uma conduta mundial em expansão, atingindo os principais mercados produtores de suínos.
40 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Efeitos de fitogênicos em suínos nas fases de crescimento e terminação
Para suportar a retirada desta classe de aditivos tem sido constante a avaliação de produtos alternativos, destacando os fitogênicos, como os óleos essencias e os extratos vegetais
Os resultados nesta orientação têm sido bastante efetivos e seguem numa linha de
Sua participação na dieta de
ampliação, com foco em atender também
suínos determina efeitos positivos
a minimização do uso dos antibióticos em
na minimização do estado
procedimentos de choques terapêuticos e
inflamatório intestinal, com todas
preventivos.
as consequências previstas, e na
Neste sentido, a utilização do extrato vegetal à
suportando um incremento no
base de sanguinarina (alcaloide isoquinolinico),
desempenho e na resposta imune.
fitogênicos
absorção de alguns aminoácidos,
um princípio ativo encontrado na planta Macleaya cordata, está incluído neste rol de aditivos de alta efetividade.
O presente estudo tem como objetivo avaliar em condição comercial a utilização de alcaloides isoquinolinicos, frente a uma conduta de uso de antibióticos sob planos de choques, em suínos em fase de crescimento e terminação, sobre o desempenho zootécnico, parâmetros sanitários e produção e caracteristicas de carcaça.
41 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Efeitos de fitogênicos em suínos nas fases de crescimento e terminação
Desenho experimental e grupos de tratamento Foram utilizados 576 suínos da genética PIC, machos castrados e fêmeas, recémdescrechados, com idade aproximada de 70 dias. Os animais foram alojados em baias de alvenaria com 10 m2 de área, dotadas de piso parcialmente ripado, comedouro basculante frontal, bebedouro nipple pendular, divisórias (paredes laterais das baias) em ferro e controle térmico efetuado através de cortinas laterais. O desenho experimental foi um fatorial 4 x 2, com quatro programas preventivos fitogênicos
e dois sexos (machos imunocastrados e fêmeas) e 12 repetições por tratamento, sendo a baia com 12 animais do mesmo sexo a unidade experimental. Os animais, blocados de acordo como o sexo e o peso
O arraçoamento foi baseado
inicial, foram submetidos aos seguintes
na curva de alimentação
tratamentos: T1 – Controle Positivo (Programa comercial com choques de
proposto pela empresa, sendo as rações distribuídas automaticamente por meio de uso de quatro robôs
antibióticos em nível preventivo)
automáticos, um para cada tratamento,
T2 – Controle Negativo (Ausência
tratos por dia, com controle de sobra
de promotores de crescimento)
das rações feito com a programação
T3 – Alcaloides isoquinolinicos (100g/ton) T4 – Alcaloides isoquinolinicos
programados para a oferta de quatro
do robô manualmente e ajuste de consumo diário realizado pelo técnico responsável pelo acompanhamento presencial da avaliação.
(90g/ton) + Óleo essencial (1kg/ton). O fornecimento de água foi ad libitum em todo o período experimental.
42 nutriNews nutriNews Brasil Brasil 44oo Trimestre Trimestre 2020 2020 || Efeitos Efeitos de de fitogênicos fitogênicos em em suínos suínos nas nas fases fases de de crescimento crescimento ee terminação terminação
Análise dos índices zootécnicos A pesagem dos animais foi realizada no início do teste (D0, correspondente aos 70 dias de idade), na troca de fase, crescimentoterminação, (D67, correspondente aos 137 dias de idade) e ao final do período experimental (D106, correspondente aos 176 dias de idade). Nos mesmos intervalos foram computados o consumo total de ração por baia. De posse destes dados foram calculados nos períodos e totalizando todo o experimento o consumo diário de ração, o ganho de peso diário e a conversão alimentar. Taxas de morte e de retirada dos animais também foram calculadas.
Aos 180 dias de idade 400 animais, 100 de cada tratamento, foram encaminhados para o abate em um frigorífico comercial com Serviço de Inspeção Federal (SIF). Os animais sofreram jejum alimentar de 8 horas antes do carregamento e de 4 horas nas baias de descanso antes do sacrifício. Após foram submetidos à insensibilização e sacrifício pela secção dos vasos do pescoço. As carcaças liberadas pelo SIF foram pesadas. Os valores em kg das carcaças condenadas foram considerados de acordo com valor em reais relativos ao destino pela qual foi dirigida seu aproveitamento, sendo este convertido no correspondente valor em kg adotado para as carcaças não condenadas. Com quilograma de carcaça produzida em cada tratamento.
43 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Efeitos de fitogênicos em suínos nas fases de crescimento e terminação
fitogênicos
esta informação calculou-se o valor em
Análise estatística Os dados foram submetidos a ANOVA e as médias ao teste de Tukey, sendo utilizado o programa R. Os dados não paramétricos foram submetidos ao Teste de
fitogênicos
Qui-quadrado.
Resultados e discussão Os resultados do desempenho zootécnico (Tabela 1) demonstram vantagens para T1 em relação a T4 para o GPD somente, e uma melhor CA para T2 em relação a T1 e a T3. Quando avaliados os dados relativos aos tratamentos com os APCs (T1) versus o grupo submetido aos alcaloides isoquinolinicos (T3), verifica-se ausência de diferença para todos os parâmetros de desempenho, sendo estes semelhantes aos observados por Chen et al. (2019), que compararam uma dieta com alcaloides isoquinolinicos versus uma dieta com flavomicina e aeromicina. Os alcaloides isoquinolinicos não são antibióticos, mas podem apresentar diretamente efeitos que indiretamente alguns APCs podem proporcionar. Os APCs, ao controlarem as populações microbianas indesejáveis, modulam positivamente a morfologia e a fisiologia intestinal, reduzindo também o estado inflamatório do órgão, minimizando quadros patológicos e mortes.
Estas ações, modulação da morfologia e da fisiologia intestinal, e a minimização do seu estado inflamatório, como já descritas (1,2), são específicas e diretas quando se utiliza os alcaloides isoquinolinicos. Quando deduzidas as taxas de morte e a exclusão de animais por motivos de saúde (respectivamente 2,17; 2,08; 0,69 e 2,09% para T1, T2, T3 e T4), em nível de granja os valores, de ganho de peso obtido, favoreceu o grupo submetido aos alcaloides isoquinolinicos (Tabela 2), com vantagens em relação a T1, T2 e T4 de 0,55; 2,00 e 3,77%, respectivamente. Em nível de indústria, considerando o peso das carcaças, deduzidas as condenações (1, 7, 2 e 2% para T1, T2, T3 e T4, respectivamente, sendo T2 pior estatisticamente que os demais tratamentos), os valores favoreceram os grupos tratados com APCs e alcaloides isoquinolinicos (Tabela 2), com vantagens em relação a T2 e T4 superiores a 2,1 e 2,4%, respectivamente.
44 nutriNews nutriNews Brasil Brasil 44oo Trimestre Trimestre 2020 2020 || Efeitos Efeitos de de fitogênicos fitogênicos em em suínos suínos nas nas fases fases de de crescimento crescimento ee terminação terminação
Tabela 1. Médias do desempenho zootécnico no período total de acordo com os tratamentos e o sexo (valores expressos em kg). Fases
Tratamentos
Sexo
Total
T1
T2
T3
T4
CDR
2,384ª
2,270bc
2,334ab
GPD
1,008ª
0,986
CA
2,367b
2,303a
CV,%
Fêmeas
Trat
Sex
Inter
2,231c
2,324
2,285
<0,001
0,129
0,721
3,77
0,987
b
0,967
1,025ª
b
0,949
0,027
<0,001
0,518
3,22
2,365b
2,311ab
2,266ª
2,407b
0,041
<0,001
0,461
2,93
ab
Médias seguidas de letras distintas na linha indicam diferença pelo teste de Tukey (<0,05) Tratamentos
1
2
3
4
Kg peso vivo ganho granja (Kg)
14.907,74
14.687,48
14.991,41
14.425,63
Carcaça total (Kg)
13.677,15
13.525,51
13.743,51
13.328,30
-14,65
-86,33
-14,41
-14,18
-88,25
-88,41
13.350,93
13.640,69
Kg Condenação embutidos cozidos Kg Condenação graxaria Kg Carcaça (descontadas as condenações)
13.662,20
Tabela 2. Quilograma de peso produzido na granja e de carcaça obtido na indústria com a ponderação das condenações.
13.314,12
fitogênicos
a,b,c
ab
P-valor
Machos
Conclusão Efeitos de fitogênicos em suínos nas fases de crescimento e terminação
BAIXAR EM PDF
Os alcaloides isoquinolinicos são uma alternativa para rações livres de antibióticos promotores de crescimento para suínos em fase de crescimento e
A bibliografia estará disponível mediante solicitação.
terminação, promovendo maior ganho de peso e de carcaça.
45 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Efeitos de fitogênicos em suínos nas fases de crescimento e terminação
RENOVAÇÃO DE PASTAGENS TROPICAIS COM USO DE SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA – SIPA pastagens tropicais
Rafael Henrique Pereira dos Reis 1, Ernando Balbinot 2, Fabiano Gama de Sousa 2, Fábio Régis de Souza 3 1 Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste. Embaixador da Aliança SIPA. 2 Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste. 3 Universidade Federal de Rondônia Campus Rolim de Moura.
AS PASTAGENS E A PECUÁRIA BOVINA DO BRASIL
A agropecuária no Brasil é pujante! A pecuária bovina brasileira é uma das principais do mundo. O país detém o 2º maior rebanho mundial de bovinos com cerca de 238,1 milhões de cabeças, atrás apenas da Índia que tem um rebanho de cerca de 306,7 milhões de cabeças (USDA, 2019).
Esta considerável quantidade de bovinos resulta em indicadores importantes no cenário mundial do agronegócio, como por exemplo: 2ª colocação no ranking mundial de produtores de carne bovina (10,2 milhões de toneladas de equivalente carcaça), 1ª colocação no ranking mundial de exportações de carne bovina (1,86 milhões de toneladas de equivalente carcaça) (ABIEC, 2020) 3ª colocação no ranking mundial de produção de leite de vaca (bovino) (USDA, 2019).
46 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
Os pastos são a base alimentar dos sistemas de produção de bovinos, o que explica esses números expressivos. Por que os pastos são a base alimentar dos rebanhos? A resposta é: por uma série de motivos. O principal deles é que nesses sistemas o próprio animal colhe a forragem diretamente no pasto, o que faz com que esses sistemas sejam de “fácil manejo”. Aliado a isto há diversas gramíneas forrageiras tropicais de elevado potencial produtivo, adaptadas a diversas condições edafoclimáticas (de clima e solo) e tolerantes ao pastejo.
Então tem-se um cenário de “comida barata e de fácil aquisição pelos animais” e de “fácil manejo” quando se considera as formas tradicionais de criação, em sistemas extensivos e pouco tecnificados. É justamente este cenário que faz com que a pecuária brasileira seja competitiva internacionalmente devido aos baixos custos de produção de carne e leite. Mas, ainda é necessária uma evolução em índices zootécnicos básicos dos rebanhos.
Por exemplo: a taxa de lotação média nacional é de 1,31 cabeças por hectare, cerca de 1,0 unidade animal (UA) por hectare (UA: animal de 450 kg de peso vivo). A média nacional de tempo para abate é de cerca de 42 meses, a média nacional de produtividade de carne é de 5 a 6@/ha/ano (ABIEC, 2019) e de leite é de cerca de 1.450 L/vaca/lactação ou 4 a 5 L/vaca/dia (IBGE, 2020). É notável a evolução da pecuária bovina nacional, principalmente na última década, é cada vez mais frequente a visualização de empresas agropecuárias com índices zootécnicos muito acima dos supracitados.
47 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
pastagens tropicais
A maior área de pastagens do planeta está no Brasil, são 180,9 milhões de hectares que representam cerca de 75% das áreas utilizadas pela agropecuária e aproximadamente 22% da área total do país (UFG-LAPIG, 2020).
pastagens tropicais
Grande parte dos avanços observados nas empresas pecuárias que estão acima das médias nacionais de índices zootécnicos, como os citados acima, se dão pela oferta de forragem aos animais com qualidade e em quantidade e constância ao longo do ano. Todavia, ainda há muito a evoluir na forma como as áreas de pastagens são tratadas nas propriedades. O pasto precisa ser visto como o “principal patrimônio” desses sistemas de produção de carne e leite baseado em pastagens-pastejo. Isso não é o que acontece de forma geral visto que estima-se que entre 50 e 60% das pastagens do país estão em algum estágio de degradação (ABIEC, 2019; Dias-Filho, 2019).
A degradação de pastagens, caracterizada principalmente pela perda de vigor e produtividade dos pastos, impossibilidade destes em suportar níveis de produtividade animal satisfatórios, tolerar ataques de insetos pragas, patógenos e a interferência de plantas invasoras (MACEDO & ZIMMER, 1993) é causada pelo manejo inadequado (má formação, superlotação – superpastejo), falta de reposição de nutrientes e agravada pela sazonalidade climática e presença de períodos de déficit hídrico.
Dando-se um foco no início da conceituação de degradação de pastagens observa-se que o ponto de impacto direto aos pecuaristas é a incapacidade das áreas de suportarem níveis satisfatórios de produção animal dada a redução de sua capacidade de suporte, culminando em baixos índices zootécnicos e elevando os custos de produção (reduzindo a lucratividade) da propriedade rural (Dias-Filho, 2019). Fica claro que sistemas que são naturalmente baseados em pastagens-pastejo e que contam com essas áreas de pastagens degradadas (ou em algum nível de degradação) impactam negativamente o produtor e, porque não citar, impactam nas esferas ambientais e sociais visto que cria-se uma mentalidade de busca pela abertura de “novas áreas mais produtivas”, quando devia-se pensar inicialmente em recuperar o potencial de produção das áreas já utilizadas.
Técnicas que visam recuperar ou renovar pastagens degradadas não são apenas importantes para o sistema individual de produção, mas também contribuem para devolver o potencial de produção das áreas improdutivas (ou pouco produtivas), reduzir a pressão pela abertura de novas áreas e viabilizar economicamente os sistemas pecuários.
48 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
COMO RECUPERAR OU RENOVAR PASTAGENS DEGRADADAS?
Nesta linha, a renovação de pastagens seria a substituição da forrageira anterior por uma nova espécie/cultivar. Dias-Filho (2017) trata da recuperação e renovação como estratégias de reestabelecimento da produção de forragem em áreas de pastagens com base nos níveis de degradação (leve, moderado, forte e muito forte).
Quando o nível de degradação é menos intenso, a recuperação é feita utilizando práticas agronômicas para reconstituição da capacidade produtiva da forrageira e da cobertura da área/solo pela mesma.
pastagens tropicais
Há diferentes conceitos sobre os termos “recuperação” e “renovação” de pastagens. Macedo et al. (2000) consideram recuperação de pastagens quaisquer intervenções realizadas para retomar a produtividade de forragem em uma área, retirando ou não o pasto/forrageira anterior para formar um novo pasto, desde que não haja troca da espécie/cultivar forrageira.
Quando o nível de degradação é mais intenso faz-se necessária uma intervenção mais específica, retirando a forrageira anterior, corrigindo o solo e estabelecendo novamente o pasto (seja com o mesmo cultivar anterior ou não).
Independente da forma que as terminologias serão aplicadas, o processo de tomada de decisão entre recuperação ou renovação de pastagens é completo e deve considerar diversos fatores, como: nível de degradação, capacidade de investimento financeiro do pecuarista, infraestrutura e logística para uso de insumos e equipamentos/implementos. Em termos econômicos, a recuperação de pastagens em níveis iniciais de degradação deve ser menos onerosa em comparação a renovação de pastagens em níveis mais avançados de degradação.
49 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
Neste contexto, nas situações em que deverá ser realizado o estabelecimento de um novo pasto, ou seja, retirada do pasto anterior, correções/preparo dos solos para replantio (semeadura) da forrageira, o custo de produção (investimento) é elevado. Levantamentos apontam valores variando de R$ 2.500,00 a R$ 3.500,00 por hectare (dados levantados pelos autores em 2019).
pastagens tropicais
Em resumo, estas operações demandam planejamento minucioso para que a recuperação do investimento seja rápida e garantida. Quando se faz o processo de renovação de forma direta, ou seja, retira-se o pasto anterior e se reestabelece um novo pasto, a área fica inutilizável pelos animais por períodos de variam de 90 a 150 dias. Então, além das despesas financeiras diretas, ainda há o “prejuízo” relacionado ao não aproveitamento da área para produção de carne ou leite.
Agora pode-se entender o conceito de renovação indireta, em que o estabelecimento de um novo pasto após a retirada do pasto degradado anterior é intermediado por algum cultivo agrícola de interesse financeiro havendo a possibilidade de recuperação parcial ou total do recurso financeiro investido na manipulação da área (principalmente em questões relacionadas a correção de solo, preparo de solo e fertilização). Exemplo: se uma área ficaria 120 dias sem utilização pelos animais para reestabelecimento do pasto, em uma renovação indireta os animais poderiam voltar a ocupar a área após os mesmos 120 dias ou até 150 dias, mas, nesse intervalo de tempo teria ocorrido o cultivo de uma lavoura de grãos (como o milho) em consórcio ou sucessão com o capim, realizada a colheita e venda dos grãos o recurso financeiro captado seria utilizado para custear parcial ou totalmente a implantação de uma nova área de pastagem.
50 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
OS SIPA E A RENOVAÇÃO DE PASTAGENS TROPICAIS
Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) são aplicados buscando não apenas a associação de diferentes componentes, mas também o sinergismo entre os componentes (FAO, 2010).
pastagens tropicais
Essa premissa pode e deve ser utilizada quando se pensa em aplicar os SIPA em sistemas pecuários que demandam melhorias no solo e, consequentemente, reestabelecimento da produção de forragem e produção animal.
Há diversas formas de aplicar SIPA em renovação de pastagens, a começar pelas primeiras iniciativas relatadas e utilizadas por pecuaristas do Centro-Oeste brasileiro, os sistemas Barreirão e Santa Fé. O Sistema Barreirão partiu da premissa dos pecuaristas em realizarem a consorciação de culturas de grãos (inicialmente o arroz) com capins a fim de renovar pastos degradados amortizando os custos com a renovação, reduzindo o tempo de reentrada dos animais na área e, tudo isso após realizar a adequada correção do solo (Kluthcouski et al., 1991). Já o Sistema Santa Fé evidenciou as possibilidades de integração de atividades pecuárias e agrícolas nas propriedades, utilizando os capins como cobertura e futura palhada para semeadura direta de lavouras (agricultores) (Kluthcouski et al., 2000) e também a possibilidade de uso desses capins não somente com finalidade de cobertura, mas também, com a entrada de animais na entressafra agrícola.
51 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
pastagens tropicais
A partir daí vários outros sistemas e possibilidades foram colocados à prova por produtores rurais que visualizaram oportunidades de renovação de pastos com uso de lavouras e/ou diversificar propriedades pecuárias com a entrada de cultivos agrícolas; ou ainda possibilidades de incorporação de atividades pecuárias em propriedades tradicionalmente agrícolas.
Atualmente algumas modalidades de SIPA têm sido utilizadas com sucesso por agropecuaristas para renovação de pastagens em regiões tropicais, com destaque para: a consorciação de milho com capim (Gráfico 1) semeados no início da estação chuvosa, colheita do milho grão ou do milho+capim para ensilagem e reentrada dos animais no pasto poucos dias após a colheita da lavoura (cerca de 45 dias); sobressemeadura do capim em lavouras de milho, soja e sorgo (Gráfico 2) próximo ao final do ciclo produtivo reduzindo o período de competição entre os componentes e permitindo também a rápida reentrada dos animais no pasto após a colheita da lavoura; sucessão do capim solteiro ou em consórcio com leguminosas após o cultivo agrícola (muito comum em áreas com soja) eliminando o período de competição entre os componentes, mas, com um prazo mais longo reentrada dos animais no pasto após a colheita da lavoura.
Algumas dessas práticas estão listadas no Plano ABC (Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) com linhas específicas de financiamento com fins de fomentar a Renovação de pastagens com SIPA e intensificar o uso de Sistema de Plantio.
Gráfico 1. Milho em consorciação com os capins Marandu e Mombaça para produção de silagem na renovação de pastagens com Sistema Integrado de Produção Agropecuária. Colorado do Oeste, RO (2016)1
Produtividade de milho (t/ha de matéria natural) Produtividade de capim (t/ha de matéria natural)2 Participação de capim na massa (%)
80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0
71,2
66,0
63,2
4,7 Milho Solteiro
6,9
3,5 5,1
60,2
3,4 5,4
69,6
0,1 0,1
67,3
0,0 0,0
64,6
15,4 11,8
62,8
19,0 14,7
63,9
8,2
67,6
70,5
11,3 0,3 0,5
0,0 0,1
Milho x Milho x Milho x Milho x Milho x Milho x Milho x Milho x Milho x Milho x Marandu, Marandu, Marandu, Marandu, Marandu, Mombaça, Mombaça, Mombaça, Mombaça, Mombaça, SL+EL SL+AEL S2EL 7 DAE 14 DAE SL+EL SL+AEL S2EL 7 DAE 14 DAE
Reis et al. (2016) – dados não publicados. Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (P<0,05) pelo teste de Scott-Knott. SL+EL: semeadura simultânea na linha e entrelinha; SL+AEL: semeadura simultânea na linha e entrelinha com adubação para forrageira; S2EL: semeadura simultânea com duas linhas de capim na entrelinha; 7 DAE: semeadura defasada na entrelinha aos 7 dias após a emergência do milho; e 14 DAE: semeadura defasada na entrelinha aos 14 dias após a emergência do milho. 1 2
52 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
Gráfico 2. Sorgo em consorciação com os capins Marandu e Mombaça para produção de silagem na renovação de pastagens com Sistema Integrado de Produção Agropecuária. Colorado do Oeste, RO (2016)1
Produtividade de sorgo (t/ha de matéria natural) Produtividade de capim (t/ha de matéria natural)2 Participação de capim na massa (%)
Sorgo Solteiro
Sorgo x Marandu, SL+EL
Sorgo x Marandu, SL+AEL
Sorgo x Marandu, S2EL
Sorgo x Marandu, 7 DAE
Sorgo x Marandu, 14 DAE
Sorgo x Sorgo x Sorgo x Sorgo x Sorgo x Mombaça, Mombaça, Mombaça, Mombaça, Mombaça, SL+EL SL+AEL S2EL 7 DAE 14 DAE
Reis et al. (2016) – dados não publicados. Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (P<0,05) pelo teste de Scott-Knott. SL+EL: semeadura simultânea na linha e entrelinha; SL+AEL: semeadura simultânea na linha e entrelinha com adubação para forrageira; S2EL: semeadura simultânea com duas linhas de capim na entrelinha; 7 DAE: semeadura defasada na entrelinha aos 7 dias após a emergência do sorgo; e 14 DAE: semeadura defasada na entrelinha aos 14 dias após a emergência do sorgo. 1 2
A escolha entre as diversas possibilidades deverá ser embasada nas características edafoclimáticas da região em que está a propriedade, nos objetivos do agropecuarista e dos seus sistemas de produção, no estudo/avaliação econômica e preferencialmente, com um acompanhamento técnico para o planejamento e gestão dos sistemas integrados de produção que, com certeza, são mais complexos do que sistemas puros de produção.
Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA
BAIXAR EM PDF
53 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Renovação de pastagens tropicais com uso de sistemas integrados de produção agropecuária – SIPA.
pastagens tropicais
70,0 59,5 56,0 60,0 55,9 53,2 52,1 52,7 51,6 50,1 48,5 46,1 50,0 45,4 45,6 43,6 38,6 38,4 40,0 28,7 28,9 27,4 27,3 30,0 22,5 21,0 18,4 16,2 20,0 10,0 1,1 1,9 1,2 2,3 0,3 0,6 0,0 0,0 0,3 0,5 0,0
ACIDOSE RUMINAL: COMO MINIMIZAR SUA OCORRÊNCIA A PARTIR DO ENTENDIMENTO DO MICROBIOMA RUMINAL? Laura B. Carvalho1 , Rayane M. Rodrigues2, Karine Padilha1, Barbara S. Mota Neta1, Ana Claudia Costa1, Leticia A. Cerisara1, Isabela A. Souza1, Kelmey M. B. Almeida1, Thiago S. Andrade1, Thainá P. S. Cabral3, Luciano S. Cabral1
PARTE III
acidose ruminal
1Faculdade de Agronomia e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT 2Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT 3Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT
N
as últimas décadas houve expressivo aumento da proporção de concentrado em dietas de bovinos confinados no Brasil (Pinto e Millen, 2018), o qual representa atualmente de 71 a 90% da matéria seca das dietas. Isso se deve à: 1
Necessidade de maximizar o desempenho dos animais,
2
Reduzir o ciclo de produção
3
Melhorar a qualidade das carcaças e da carne.
No entanto, dietas de alto concentrado aumentam os riscos de distúrbios digestivos e metabólicos, tais como a acidose ruminal, a qual é causada pelo aumento abruto do consumo de carboidratos não fibrosos (CNF), em animais que não foram adequadamente adaptados. Tal condição promove o rápido crescimento de bactérias amilolíticas no rúmen (Nagaraja e Titgemeyer, 2007), culminando em rápido aumento da produção de ácidos graxos voláteis (AGV’s) e consequente redução do pH ruminal.
54 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Acidose ruminal: como minimizar sua ocorrência a partir do entendimento do microbioma ruminal?
É preciso salientar que o pH ruminal ao longo do dia é controlado pela quantidade de ácidos produzidos pela microbiota ruminal, oriundos da digestão dos CHO’S da dieta, bem como pela absorção destes ácidos pelo epitélio ruminal, que incluem os tamponantes da saliva e absorção do AGV´s pelo epitélio ruminal (Allen, 1997).
A acidose ruminal pode ser classificada, de acordo com sua gravidade, em: acidose subaguda (subclínica) acidose aguda (clínica).
subaguda (SARA) como sendo a condição na qual o pH ruminal permaneceria abaixo de 5,6 por pelo menos 300 min/dia, em que a concentração de lactato no rúmen é muito baixa (< 10 mM/L), diferentemente da acidose aguda, em que o pH ruminal é menor que 5,0-5,2 e se verifica aumento significativo na concentração de lactato no rúmen (Nocek, 1997).
Na prática, a acidose em sua forma aguda é encontrada em indivíduos que não foram adaptados e durante os primeiros dois a três dias de alimentação concentrada, enquanto a SARA é a mais comum e causa grandes prejuízos associados à oscilação e/ou redução do consumo de matéria seca, menor desempenho dos animais, aumento da duração do tempo de confinamento e aumento dos custos de produção (Meissner et al., 2010). Adicionalmente, como decorrência da acidose, outros problemas podem surgir, tais como: o timpanismo laminite
Várias estratégias são usadas para prevenir ou contornar a acidose ruminal: A adaptação dos animais às dietas de alto concentrado.
acidose ruminal
AlZahal et al. (2007) definem a acidose
Uso de aditivos (antibióticos, tamponantes, óleos essenciais, taninos, leveduras vivas e bactérias fermentadoras de lactato). A formação de lotes homogêneos de animais e adequado espaço de cocho e bebedouro das instalações. Aumento do número de tratos. Mistura homogênea da dieta. Manutenção da porcentagem mínima de FDNfe para estimular a ruminação.
Apesar disso, são comuns os relatos da ocorrência de acidose ruminal e transtornos associados em sistemas intensivos de produção, seja em confinamento ou produção intensiva a pasto.
abscessos hepáticos óbito (em caso mais graves)
(Krause e Oetzel, 2006).
55 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Acidose ruminal: como minimizar sua ocorrência a partir do entendimento do microbioma ruminal?
Considerando que a alteração da população microbiana do rúmen é de extrema relevância na ocorrência da acidose ruminal, serão discutidas adiante as principais alterações que ocorrem no microbioma ruminal em animais submetidos ao desafio da acidose ruminal (Tabela 1).
Tabela 1 – Alterações ocorridas na microbiota ruminal em função da indução da acidose ruminal
acidose ruminal
Autor
Artigo
Hungate et al., (1952).
Microbiological and physiological changes associated with acute indigestion in sheep
Khafipour et al., (2009).
Alfafa pellet-induced subacute ruminal acidosis in dairy cows increases bacterial endotoxin in the rumen without causing inflammation
Mao et al., (2013).
Petri et al., (2013).
McCann et al., (2016).
Impact of subacute ruminal acidosis (SARA) adaptation on rumen microbiota in dairy cattle using pyrosequencing
Characterization of the core rumen microbiome in cattle during transition from forage to concentrate as well as during and after an acidotic challenge
Induction of Subacute Ruminal Acidosis Affects the Ruminal Microbiome and Epithelium
Animal
Método
Alterações no microbioma ruminal
Bovinos e ovinos
Indução da acidose ruminal através do excesso de grãos ou glicose no rúmen de bovinos e ovinos.
Houve aumento da concentração de lactato e redução da concentração de AGV’S, o que causou uma acentuada redução no número de bactérias celulolíticas. Culminando com o aumento no número de bactérias gram (+).
Vacas leiteiras
Na primeira semana do experimento foi fornecida uma dieta contendo 50% de concentrado e 50% de feno de alfafa picado, e posteriormente o feno foi substituído gradativamente por pellets de alfafa na taxa de 8% por semana.
Em animas com SARA ocorreu o declínio de bactérias gram (-) do Filo Bacteroidetes e dominância de S. bovis e E. coli nos animais com SARA severa, enquanto nos animais com SARA não severa M. elsdenii foi observada em elevada abundância devido aumento de lactato.
Gado leiteiro
Quatro animais induzidos à SARA com 70% de concentrado e dieta controle (COD) com 40% de concentrado. Foi coletado o líquido ruminal desses animais para a realização da técnica de pirosequenciamento do gene 16S do rRNA.
Em nível taxonômico, a indução da SARA promoveu a redução do Filo Proteobacteria e Bacteroidetes e aumento do Filo Firmicutes e Actinobacteria. Em nível de gênero, houve redução da abundância de Prevotella, Treponema, Anaeroplasma, Papillibacter e Acinetobacter, enquanto a percentagem de Ruminococcus, Atopobium, Clostridiales e Bifidobacterium aumentou no grupo induzido à SARA.
Novilhas
As novilhas foram alimentadas com forragem antes da transição para uma dieta de concentrado, promovendo o desafio à acidose. Coletou-se amostras do conteúdo ruminal durante a dieta de forragem, dieta de transição, alto grão, durante o desafio (4 e 12 h) e recuperação. A população bacteriana foi analisada através da técnica de cluster.
Foram identificadas 32 Unidades Taxonômicas Operacionais (OTUs) que representam 10 táxons bacterianos distintos, incluindo Bacteroidetes (32,8%), Firmicutes (43,2%) e Proteobacteria (14,3%). A diversidade de OTUs foi maior em forragem com 38 OTUs únicos identificados em comparação com apenas 11 em dieta com grãos. A comparação dos perfis microbianos de novilhas com acidose clínica vs. subclínicas encontrou um aumento na abundância relativa de Acetitomaculum, Lactobacillus, Prevotella e Streptococcus em animais com a forma clínica.
Vacas holandesas em lactação
Por três dias, as vacas foram alimentadas com dieta controle ad libitum, no quarto dia foram submetidas à restrição alimentar de 50% da dieta, no quinto dia se alimentaram ad libitum de uma dieta basal (50:50) de pellets de trigo/cevada.
Em animais com SARA houve redução na diversidade da microbiota ruminal. Na fração líquida do conteúdo ruminal foi detectada maior abundância de Prevotella, Ruminococcus, Streptococcus e Lactobacillus, já na fração sólida observaram aumento na abundância de Prevotella e Eubacterium ruminantium. Somente S. bovis e S. dextrinosolvens não foram afetadas.
56 nutriNews nutriNewsBrasil Brasil44ooTrimestre Trimestre2020 2020 | | Acidose Acidoseruminal: ruminal:como comominimizar minimizarsua suaocorrência ocorrênciaaapartir partirdo doentendimento entendimentodo domicrobioma microbiomaruminal? ruminal?
Artigo
Mohammed et al., (2017).
Changes in the relative population size of selected ruminal bacteria following an induced episode of acidosis in beef heifers receiving viable and non-viable active dried yeast
Plaizier et al., (2017).
Nutritional Models of Experimentally-Induced Subacute Ruminal Acidosis (SARA) Differ in Their Impact on Rumen and Hindgut Bacterial Communities in Dairy Cows
Animal
Método
Alterações no microbioma ruminal
Novilhas de corte
Dieta com relação volumoso:concentrado 50:50 com cepas de Saccharomyces cerevisiae secas vivas e secas inativadas foi fornecida as novilhas durante três períodos de 28 dias.
Houve abundância relativa de S. bovis e aumento de bactérias fermentadoras de lactato como M. elsdenii e S. ruminantium, já populações de Fibrobacter succinogenes e protozoários foram reduzidas.
Vacas leiteiras vazias
Durante três semanas as vacas foram alimentadas com a dieta controle contendo 70% de forragem, na quarta semana receberam uma das três dietas: (1) dieta controle; (2) dieta na qual 34% da MS foi substituída por pellets de trigo moído e cevada; ou (3) dieta na qual 37% da MS foi substituída por pellets de alfafa moído. Foi realizada análises da população bacteriana.
Após à indução da SARA as vacas mantiveram o pH ruminal menor que 6,5 por 298,8 min/d, o que também reduziu a riqueza e diversidade da comunidade bacteriana ruminal, a qual inclusive apresentou estrutura distinta dos animais que não tiveram SARA.
Hungate et al. (1952) foram os primeiros a estudarem a microbiota do rúmen de animais induzidos à acidose ruminal, por meio da infusão de excesso de grãos ou glicose no rúmen de bovinos e ovinos. Os autores observaram aumento expressivo na concentração de lactato e redução da concentração de AGV’S. Essas alterações causaram redução do número de bactérias celulolíticas, a morte de protozoários, aumento do número de bactérias gram (+), bem como expressivo aumento da concentração de Streptococcus bovis.
Em decorrência disso, o uso de antibióticos para controlar a acidose ruminal em animais alimentados com dietas de alto concentrado tem sido norteado basicamente para controlar o crescimento de Streptococcus bovis, o que ajuda a entender a ocorrência de acidose mesmo em animais alimentados com dietas contendo esses aditivos. Nos trabalhos descritos adiante, em animais desafiados à SARA, S. bovis tem sido detectada em proporção muito pequena no ambiente ruminal, com aumento apenas transiente em alguns estudos, e desta forma, os autores não atribuem à ela uma participação efetiva para a causa do problema.
Nesse estudo, foi sugerido que esta bactéria é o principal causador da acidose ruminal, em função de apresentar elevada capacidade amilolítica, elevada taxa de crescimento, bem como resistência a baixo pH e capacidade de produção de lactato.
57 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Acidose ruminal: como minimizar sua ocorrência a partir do entendimento do microbioma ruminal?
acidose ruminal
Autor
Portanto, provavelmente a acidose ruminal conte com a contribuição de outras bactérias do rúmen que também atuam na digestão de amido, incluindo as do gênero: Bifidobacterium, Butyrivibrio, Eubacterium, Lactobacillus, Mitsuokella, Prevotella, Ruminobacter, Selenomonas, Streptococcus, Succinimonas e Succinivibrio (Kotarski et al.,
1992). Contudo, Ruminobacter amylophilus, S. ruminantium e S. bovis demonstraram apresentar as maiores atividades amilolíticas e taxas de crescimento em alguns estudos
acidose ruminal
(McAllister et al., 1990).
Khafipour et al. (2009) observaram declínio na proporção de bactérias gram (-) do Filo Bacteroidetes em animais com SARA induzida por grãos, embora tenham observado aumento na abundância de Prevotella albensis, Prevotella brevis e Prevotella ruminicola. Os dados de qPCR indicaram dominância de S. bovis e E. coli nos animais com SARA severa, enquanto nos animais com SARA não severa Megasphaera elsdenii foi observada em elevada abundância devido ao aumento de lactato. Mao et al. (2013) observaram redução da porcentagem dos filos Proteobacteria e Bacteroidetes nos animais com SARA, enquanto a proporção de Firmicutes foi aumentada. Em nível de gênero, houve redução da abundância de Prevotella, Treponema, Anaeroplasma, enquanto a abundância de Ruminococcus, Atopobium, Clostridiales e Bifidobacterium foi aumentada no rúmen de animais com SARA. Considerando que o gênero Prevotella é um dos mais abundantes dentro do filo Bacteroidetes, provavelmente a redução da sua abundância no rúmen de animais com SARA explique boa parte da redução da abundância do filo supracitado.
Petri et al. (2013) observaram aumento da abundância de Acetitomaculum, Lactobacillus, Prevotella e Streptococcus em animais com acidose clínica em relação aos animais com SARA. McCann et al. (2016) também observaram aumento na abundância de Prevotella, tanto na fase sólida quanto na fase líquida do rúmen, assim como aumento da abundância de Eubacterium ruminantium na fase sólida e Ruminococcus, Streptococcus e Lactobacillus na fase líquida em animais com SARA, enquanto a abundância de Streptococcus bovis e Succinivibrio dextrinosolvens não foi afetada.
Mohamed et al. (2017) fornecendo dieta com relação volumoso:concentrado 50:50 com cepas de Saccharomyces cerevisiae secas vivas e secas inativadas verificaram o aumento de bactérias fermentadoras de lactato como S. ruminantium e M. elsdenii, no entanto S. ruminantium era predominante no rúmen, mas verificaram aumento na abundância relativa de S. bovis no rúmen de animais com SARA.
Plaizier et al. (2017) induziram vacas de leite à SARA as quais mantiveram pH ruminal menor que 5,6 por 298,8 min/d, o que também reduziu a riqueza e diversidade da comunidade bacteriana ruminal, a qual inclusive apresentou estrutura distinta dos animais que não tiveram SARA. Além disso, a SARA reduziu a abundância relativa de Bacteroidetes e aumentou a relação Firmicutes:Bacteroidetes no rúmen, em concordância com outros trabalhos (Petri et al., 2013; Mao et al.,2013). Prevotella era o gênero mais abundante no filo Bacteroidetes e Ruminococcus no Firmicutes em animais com SARA. Adicionalmente, os animais com SARA tiveram aumento da população de P. albensis, P .bryantii, S. ruminantium, Succinivibrio dextrinosolvens, Anaerovibrio lipolytica e M. elsdenii na fase líquida do rúmen, enquanto a população de S. bovis foi reduzida.
58 nutriNews nutriNewsBrasil Brasil44ooTrimestre Trimestre2020 2020 | | Acidose Acidoseruminal: ruminal:como comominimizar minimizarsua suaocorrência ocorrênciaaapartir partirdo doentendimento entendimentodo domicrobioma microbiomaruminal? ruminal?
Uma observação geral nos casos de SARA tem sido a redução na riqueza e na diversidade do microbioma ruminal
(Bryant e Burker, 1952; Hungate et al., 1952; Mao et al., 2013; Petri et al., 2013, McCann et al., 2016). A possível explicação para isso seria, o baixo pH ruminal e a predominância de amido como carboidrato polimérico, o que restringe o crescimento de organismos não especializados ou resistentes à essas condições (baixo pH e elevada osmolaridade).
Apesar de S. bovis ser comumente citada na literatura como principal bactéria ruminal que colabora para a ocorrência de SARA em animais alimentados com dietas de alto concentrado, os estudos mais recentes envolvendo o uso de técnicas moleculares não dão suporte aos achados em estudos envolvendo o uso de técnicas de cultivo.
Acidose ruminal: como minimizar sua ocorrência a partir do entendimento do microbioma ruminal?
BAIXAR EM PDF
A bibliografia estará disponível mediante solicitação.
acidose ruminal
Logo, McCann et al. (2016) sugerem que manter a comunidade bacteriana com maior riqueza e diversidade poderia ser uma forma de prevenir a SARA, pois poderia propiciar maior resiliência para o rúmen na prevenção de distúrbios.
Em decorrência da sua predominância no rúmen, o gênero Prevotella merece atenção, devido a consistente observação de aumento da sua abundância no rúmen, em animais com SARA, bem como de algumas espécies dentro desse gênero. Portanto, um melhor entendimento dos grupos microbianos que mais contribuem para a SARA pode orientar no desenvolvimento de novos meios para o controle e prevenção da acidose ruminal.
59 nutriNews Brasil 4 o Trimestre 2020 | Acidose ruminal: como minimizar sua ocorrência a partir do entendimento do microbioma ruminal?
UMA ESTRATÉGIA INOVADORA NO USO DE ENZIMAS
COMBINANDO XILANASE COM ALTAS DOSAGENS DE FITASE EM DIETAS PARA
AVES
enzimas
Por Rob ten Doeschate, Diretor Técnico da AB Vista EMEA & Gilson Gomes, Gerente Técnico Global da AB Vista
O
s benefícios econômicos do uso de uma xilanase de alta qualidade para melhorar a digestão nutricional em dietas para aves, assim como os ganhos financeiros possíveis com a liberação de fósforo por uma dose padrão de fitase, estão bem comprovados. O amplo uso de fitase no setor avícola significa que a grande maioria das dietas contendo xilanase, atualmente também contém uma fitase.
Porém, a crescente popularidade da superdosagem de fitase, visando eliminar o efeito antinutricional do fitato, coloca em dúvida a vantagem financeira de manter o uso de xilanase em dietas contendo dosagens substancialmente tão altas de fitase. A chave está no modo de ação, que é consideravelmente diferente para cada uma das classes de enzimas e, embora os benefícios não sejam estritamente complementares, as pesquisas mais recentes confirmam ganhos extras suficientes para fornecer um retorno líquido positivo sobre o investimento.
60 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves
A grande maioria das pesquisas para investigar o uso de enzimas em rações, seja xilanase, fitase em dosagem padrão ou superdosagem, foi realizada usando uma única enzima. Nos últimos anos, porém, começou a surgir um conjunto substancial de dados de experimentos com dietas contendo xilanase e também uma dosagem padrão de fitase.
Pesquisas relevantes
enzimas
Tais resultados são provavelmente os mais relevantes para o que poderia ser atualmente considerado prática padrão no setor avícola, e forneceram uma indicação precoce das vantagens potenciais da combinação entre essas duas classes enzimáticas. O sucesso diferenciado de tais experimentos também destacou a grande disparidade na eficácia oriunda de diferentes características enzimáticas, mesmo dentro da mesma classe de enzimas.
Assim, o uso de enzimas com características especificamente direcionadas para maximizar a eficácia no animal é crítico, seja avaliando uma única, ou várias, enzimas. Também é importante diferenciar claramente os resultados obtidos pela combinação de enzimas de diferentes classes - neste caso uma enzima degradadora de PNA (polissacarídeo não amiláceo) e uma fitase – dos obtidos com o uso de produtos enzimáticos com múltiplas atividades dentro da mesma classe, como a combinação de uma xilanase e uma glucanase (ambas enzimas degradadoras de PNA).
61 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves
Modos de ação A evidência dos benefícios da última permanece sujeita a um debate considerável, com os dados produzidos até o momento falhando em demonstrar qualquer vantagem clara de enzimas multi-PNA (i.e. atividades
enzimas
múltiplas dentro da mesma classe enzimática) sobre um produto de xilanase única bem direcionada. Os conflitos potenciais entre modos de ação semelhantes, como a quebra dos produtos finais benéficos por ação da xilanase, bem como as dificuldades em atingir níveis iguais de termoestabilidade e eficácia nas aves, parecem as razões mais prováveis.
Não é o que ocorre ao combinar enzimas de diferentes classes com modos de ação bem distintos, onde as vantagens de ganho demonstram ser claras. As xilanases apresentaram alta eficácia na melhora do desempenho com dietas viscosas (à base de trigo e cevada) e não viscosas (à base de milho e sorgo), com ou sem a presença de uma dose padrão de fitase
No nível mais básico, as xilanases agem tanto eliminando o efeito de encapsulamento de nutrientes da parede celular vegetal quanto quebrando PNAs solúveis de cadeia longa (particularmente arabinoxilanas) o que reduz a viscosidade da digesta. Não apenas melhora o acesso aos nutrientes da ração para as enzimas digestivas da ave, mas também pode facilitar o acesso aos altos níveis de fitato presentes na fração fibrosa dos ingredientes vegetais.
Sinergias claras Aparentemente, ocorre pouco, ou nenhum, conflito entre o modo de ação da fitase, adicionada em dosagem padrão para quebrar o fitato vegetal e assim, liberar fósforo e reduzir a adição de fósforo inorgânico nas dietas de aves, e aquele da xilanase. Na verdade, qualquer falha em gerar ganhos adicionais aqui é provavelmente devido a uma ou ambas enzimas serem inadequadas em termos de características necessárias para a máxima eficácia.
Se o objetivo é alcançar a maior eliminação possível de fitato através da superdosagem de fitase, a ação da xilanase em melhorar a disponibilidade de fitato agregaria ainda mais benefícios. Considerando que a fitase usada é desenvolvida para superdosagem - intrinsecamente termoestável desprovida de revestimento, com altos níveis de atividade no estômago, capaz de degradar até mesmo baixas concentrações de fitato - o resultado deve ser um ganho adicional acima do esperado de três a quatro pontos na conversão alimentar de frangos de corte, visto com superdosagem de fitase isoladamente.
62 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves
Os resultados na figura 1 mostram os achados de um estudo da Universidade de Berlim, delineado para investigar a potencial complementaridade entre uma fitase (Quantum Blue) desenvolvida para superdosagem e uma xilanase (Econase XT) altamente eficaz.
Figura 1. Efeitos adicionais de xilanase mais fitase sobre o ganho de peso de frangos de corte com idade entre 0 e 35 dias (Fonte: Kühn et al., 2013)
2400 2200
c
2000
c
b
0 500 NC
0 1500 NC
a
d
1800 1600 1400
0 0 PC
0 0 NC
1600 1500 NC
Econase XT (FXU/kg) Quantum Blue (FTU/kg) Dieta Basal
Ganho de Peso Corporal (g)
2600
No experimento, o desempenho de frangos de corte alimentados com dietas à base de trigo/milho/soja, nutricionalmente adequadas (Controle Positivo – CP) pelo período de 35 dias, foi comparado com o das aves que receberam dietas formuladas usando uma matriz típica para fitase contendo 0,2% de cálcio; 0,2% de fósforo; 100 kcal/kg de EMA (Controle Negativo – CN).
Outros experimentos conduzidos globalmente confirmaram estes achados, com a figura 2 apresentando os resultados de um experimento fatorial com frangos de corte conduzido no Reino Unido com dietas à base de trigo. Melhoras significativas na conversão alimentar corrigida para o peso (CAcp) foram observados quando a dosagem de fitase (Quantum Blue) foi elevada do padrão (500 FTU/kg de ração) para superdosagem (1.500 FTU/ kg de ração), e quando uma dosagem padrão de xilanase (Econase XT; 16.000 FXU/kg de ração) foi adicionada às dietas. 1.61 1.6 1.59 1.58 1.57 1.56 1.55 1.54
No EXT
EXT 16000
QB 500
QB 1500
Figura 2. Melhora da conversão alimentar de frangos de corte com idade entre 0 e 42 dias recebendo xilanase ou superdosagem de fitase (Fonte: AB Vista)
Como esperado, a dosagem padrão de 500 FTU/kg de fitase levou o desempenho das aves do CN ao mesmo patamar das aves do CP, enquanto o aumento para superdosagem com 1.500 FTU/kg de fitase produziu uma melhora significativa no ganho de peso. Na sequência, ainda mais importante, a adição de uma dosagem padrão de 16.000 FXU/kg de xilanase produziu um ganho extra no desempenho que é tanto estatisticamente significativo quanto economicamente vantajoso, seja para estimular o desempenho ou adicionar à matriz e assim, reduzir os custos de ração.
63 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves
enzimas
Resultados experimentais
Seleção do produto Deve ser lembrado, entretanto, que nem todas as fitases são igualmente eficazes para a eliminação de fitato por meio de superdosagem e nem todas as xilanases são igualmente eficazes na degradação de PNAs da dieta. Para ambas enzimas, é importante que alcancem o intestino intactas, ou seja, resistam bem ao processamento da ração.
enzimas
Em segundo lugar, a ausência de um revestimento permite que os produtos comecem a agir assim que as condições forem adequadas. A fitase tem que agir em pH baixo, pois é onde o fitato é solúvel. Para alcançar os benefícios da superdosagem, a fitase deve ser muito boa visando a máxima degradação possível de fitato, tanto em termos de encontrar as moléculas de fitato mesmo em baixas concentrações quanto em de remover todos os grupos de fosfato possíveis do anel inositol.
O movimento em direção a dosagens mais altas de fitase para remover os efeitos antinutricionais do fitato oferece uma oportunidade para os produtores de aves obterem um retorno ainda maior sobre o investimento feito em enzimas para ração. Se esse retorno puder ser ainda mais alto, combinando uma superdosagem de fitase comprovada com uma xilanase eficaz conhecida por fornecer ganhos adicionais em tais situações, então esta estratégia poderia se tornar a nova prática padrão mundial para produtores de aves.
A xilanase deve ser capaz de quebrar PNAs complexos (tanto solúveis quanto insolúveis) em fragmentos curtos, mas sem produzir açúcares individuais.
Combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves
BAIXAR EM PDF
64 nutriNews Brasil 4º Trimestre 2020 | Combinando xilanase com altas dosagens de fitase em dietas para aves