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O ano de 2023 começou mostrando que será um ano de cautela para o setor de produção animal no Brasil. Do lado da produção de não ruminantes a influenza aviária vem ganhando espaço por todo o mundo e rondando o Brasil com casos em toda a América do Sul, inclusive em vizinhos de fronteira. Do lado da produção de ruminantes, um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, mexeu com o mercado do País até ser (rapidamente) classificado como atípico. Mesmo assim, a exportação de carne bovina foi suspensa por diversos países até a elucidação do caso.
Esses casos impactam o mercado de proteína animal como um todo abrangendo também a disponibilidade de insumos para nutrição animal, pois as projeções costumam ser baseadas na produção de animais, e a interrupção do ciclo produtivo pode levar a oscilações nos preços das commodities e outros produtos para alimentação.
O setor de nutrição animal vem de uma sequência de eventos que influenciaram seus últimos anos, mas 2023 se mostra promissor para a estabilização do mercado de insumos. Ao decorrer do ano de 2022, as condições climáticas contundiram lavouras em diversos países e também no Brasil. Para 2023 a expectativa é de recorde na colheita de soja, e também do milho, já que a safra de verão superou as expectativas no País. Em relação aos preços de compra e venda ainda não podemos criar muitas expectativas, visto que o preço dos fertilizantes para essa safra ainda foi afetado pelo conflito Rússia x Ucrânia.
O volume de produção de ração animal que foi produzido no Brasil em 2022 apresentou um crescimento, ainda que baixo, mas superior ao ano de 2021, e esse aumento cria expectativas que para 2023 continuemos em crescimento.
O uso de coprodutos na nutrição animal deve continuar em um crescente que é muito importante para o mercado. A cada ano aumenta o espaço desses alimentos principalmente em produções que estão em pleno desenvolvimento como a produção de rações para peixes e alimentação pet.
Os coprodutos oriundos da fermentação de grãos continuam em alta, mas o espaço que os coprodutos oriundos de plantas podem ocupar também é grande e pode ser surpreendente. Banana, copaíba, e outras, podem ser grandes destaques nesse ano.
Sem nos esquecermos de uma tendência que vem apresentando resultados: o uso de insetos na nutrição animal nunca foi tão estudado e difundido como tem sido nesse último período.
Para 2023 o esperado também é uma estabilidade no preço de outros insumos como vitaminas, minerais e outros aditivos para alimentação animal. Ingredientes indispensáveis para a melhoria da eficiência alimentar devem ganhar ainda mais espaço como enzimas, ácidos orgânicos, probióticos e prebióticos...
O entendimento sobre a importância da manutenção da microbiota intestinal nunca esteve tão em alta, e sabemos que é o cuidado com esse órgão tão importante que garante eficiência alimentar e produtiva.
Verdade seja dita, o setor de nutrição animal “leva ao pé da letra” a frase: um dia após o outro, pois é dependente de outras variáveis para seu desenvolvimento, mesmo assim este vem se consolidando dentro da economia do País e continuamos esperançosos mesmo diante das adversidades que 2023 seja um ano de mais crescimento.
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Revista Trimestral
Enzimas
exógenas na
Lidiane Marcondes Maciel Rodrigues1 e Rodrigo de Almeida2
1Zootecnista, mestranda do Programa de Pós Graduação em Zootecnia - UFPR
2Professor associado do Departamento de Zootecnia - UFPR
Uma abordagem meta-analítica de equações de predição da energia metabolizável da farinha de mosca- soldado negra (Hermetia illucens) para codornas japonesas
Brena Cristine Rosário Silva1, Cheila Roberta Lehnen2 e Simara Márcia Marcato3
1Doutoranda na Universidade Estadual de Maringá.
2Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
3Professora da Universidade Estadual de Maringá.
1Doutora do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá.
2Docente do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá - Nutrição e produção de suínos.
23
Isabella de C. Dias1, Vivian I. Vieira2, Marley C. dos Santos2, Simone G. de Oliveira3 e Alex Maiorka4
1Doutoranda em Ciências VeterináriasUniversidade Federal do Paraná
2Doutoranda em Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
3Professora Adjunta do Departamento de Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
nutriNews Brasil 1o Trimestre 2023
Pós-parto: Manejo nutricional para o sucesso da lactação 30
Gilson Sebastão1 e Lísia Bertonha Correa2
1Gestor Técnico de Bovinos de Leite na Agroceres Multimix
2Nutricionista de bovinos de leite na Agroceres Multimix
Entrevista: A produção de leite no Brasil pela ótica do produtor 34
Diandra Leizer
Engenheira agrônoma
Uso de enzimas em dietas com milho e farelo de soja: vale a pena?
Natália Yoko Sitanaka
Doutora em zootecnia - Universidade Estadual de Maringá
Associação de acidificantes e prebióticos para leitões em fase de creche e os resultados sobre a resposta inflamatória a nível intestinal dos leitões
Departamento técnico - Vetanco Brasil
Aminoácidos funcionais e a relação com a saúde intestinal em leitões desmamados
Marcelo Dourado de Lima1, Idael Matheus Góes Lopes1, Dalton de Oliveira
Fontes2 e Soraia Viana Ferreira3
1Pós graduando em zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG
2Professor Titular do Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG
3DanBred – genética suína, Patos de Minas, MG
Avaliação nutricional da folha de bananeira desidratada ao sol para coelhos de corte
M.Sc. Vítor Magalhães de Mendonça C. Miranda1, Dr. Leandro Dalcin Castilha2
1Doutorando em Zootecnia, Área Avicultura, Universidade Estadual de Maringá - UEM 2Docente do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá - UEM
Resíduos da produção de tilápias: alternativa sustentável em alimentos para gatos
Msc. Bruna Albino Bronharo ¹Professora do curso de Zootecnia da UFMG ²Estudante de graduação em Zootecnia da UFMG
Uso de prebióticos, probióticos e simbióticos como ferramenta nutricional: aditivos bem-vindos a aquicultura
Lais Santana Celestino Mantovani
Doutora em Zootecnia, docente Centro Universitário UNIFATECIE
59 Tabela de microminerais Edição BrasilLidiane Marcondes Maciel Rodrigues1 e Rodrigo de Almeida2
1 Zootecnista, mestranda do Programa de Pós Graduação em Zootecnia - UFPR
2Professor associado do Departamento de Zootecnia - UFPR
A demanda mundial por proteína de origem animal vem crescendo constantemente, e em paralelo, vem a necessidade da adoção de estratégias alimentares que auxiliem no aumento da produtividade animal. entrave encontrado atualmente no setor pecuário está relacionado ao alimentar e qualidade disponíveis para a nutrição animal.
Desta forma, algumas estratégias tecnológicas são adotadas na alimentação animal com o intuito de melhorar o aproveitamento do alimento através da maior disponibilidade dos nutrientes. Neste sentido, a utilização de metodologias com enzimas exógenas tem atraído
As enzimas exógenas são substâncias proteicas obtidas de forma natural através da fermentação fúngica, bacteriana ou vegetal. São altamente específicas e são classificadas de acordo com o substrato sobre as quais atuam. Ainda, de acordo com pesquisas sobre o assunto, as enzimas são relativamente estáveis no ambiente ruminal,
O aumento de sua atividade no rúmen pode elevar a capacidade hidrolítica ruminal, contribuindo com a melhor digestibilidade dos alimentos. Por exemplo, algumas enzimas são mais eficientes quando aplicadas em dietas compostas por ingredientes com maior umidade, facilitando a hidrólise de polímeros de açúcares solúveis.
Além disso, enzimas exógenas incluídas nas dietas como aditivos auxiliam na inibição de fatores anti-nutricionais, que prejudicam a digestão dos alimentos, através do rompimento e liberação dos nutrientes, contribuindo com a síntese de proteína microbiana ruminal, e em especial, os substratos amiláceos de rápida fermentação, que disponibilizam grande quantidade de energia.
A inclusão de enzimas exógenas na dieta dos ruminantes pode trazer muitos benefícios correlacionados ao desempenho animal, pois as enzimas hidrolisam frações específicas de nutrientes, onde as enzimas endógenas (produzidas pelo organismo) não são capazes de agir Isto aumenta as frações digestíveis da dieta, sendo assim, podemos afirmar que as enzimas endógenas e exógenas têm ações complementares.
Outro ponto importante é o sinergismo que ocorre entre enzimas, e também entre enzimas e a microbiota, uma vez que os microrganismos ruminais podem atuar no sítio de digestão facilitado pela ação enzimática, auxiliando sua fixação ao substrato.
que atuam em diferentes substratos, buscando maior aproveitamento dos nutrientes e consequentemente maior eficiência na digestão, sendo assim, complementares umas às outras.
As enzimas exógenas mais utilizadas na nutrição de vacas leiteiras podem ser classificadas como fibrolíticas, amilolíticas e proteolíticas.
potencializaram o aproveitamento do alimento e o desempenho animal, contribuindo para a melhor digestão da fibra ruminal e consequentemente ao aumento da ingestão de energia
Fibrolíticas
Amilolíticas
Proteolíticas
Enzimas
Mas a categoria de enzimas exógenas com maior número de publicações na alimentação de ruminantes, e em particular de vacas leiteiras, são as amilases
Com as cotações atuais do milho e outros grãos de cereais, passa a ser cada vez mais proibitivo aceitar perdas dietéticas significativas de amido nas fezes. A análise de amido fecal ganhou popularidade em rebanhos leiteiros comerciais e cada vez mais almejamos valores ideais mais baixos de amido perdido nas fezes (<2-3% idealmente)
Além disso, pode afetar a regulação da ingestão alimentar, induzida pelo aumento da oxidação hepática de propionato. É por isso inclusive, que alguns experimentos conduzidos com
Ainda que o uso de enzimas exógenas possa ser uma tecnologia em desenvolvimento, pesquisas têm mostrado sua funcionalidade no metabolismo animal. Estas pesquisas ainda tentam compreender como as enzimas exógenas atuam dentro do trato digestório de bovinos e qual a melhor forma de incluí-las nas dietas de vacas leiteiras, seja com o propósito de melhorar o desempenho ou na forma de redução de custos.
Concluindo, as enzimas exógenas têm ganhado popularidade e são cada vez mais usadas como aditivos alimentares em propriedades leiteiras. Em geral, apresentam resultados satisfatórios em desempenho animal, seja em produtividade (produção de leite e sólidos), saúde ou redução de custos.
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¹ Doutora do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá, Paraná.
² Docente do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá, Paraná – Nutrição e produção de suínos.
Omilho é um dos cereais que pode ser utilizado para a fabricação de etanol, produzido por moagem a seco ou úmida, e ainda pode proporcionar os grãos de destilaria com solúveis (DDGS), que vem se tornando um coproduto global e atrativo para a produção animal. É considerado um excelente alimento para os suínos, devido à sua composição química e valores energéticos.
A moagem a seco é o método mais utilizado, pois requer menos capital para construção das plantas de processamento. Este processo ocorre basicamente da maneira apresentada na Figura 1. Os grãos são moídos, umedecidos e cozidos, e após passam por fermentação e são então destilados, dando origem ao etanol e ao resíduo sólido. A fração sólida, após a secagem, origina o farelo denominado DDGS que pode ser utilizado na alimentação animal. O óleo permanece em seu estado bruto/degomado e é comercializado na indústria de refino, as quais produzem o óleo de milho.
Centrifugação
O DDGS contém todos os nutrientes do grão de cereal que lhe deu origem (milho, trigo, sorgo, cevada e centeio) em uma forma mais concentrada, exceto o amido, por ser utilizado no processo de fermentação (Santos et al. 2019). Contudo, caracteriza-se como um ingrediente alternativo para a dieta de suínos, visto que os gastos com a alimentação dos suínos na fase de crescimento e terminação colaboram com aproximadamente 60 a 80% dos custos totais de produção e estão diretamente relacionados com o rendimento financeiro da atividade suinícola.
Dried Distillers Grains with Solubles Sólidos Líquido
No entanto, nas dietas de suínos na fase de terminação, formuladas à base de milho e farelo de soja, o DDGS de milho pode ser utilizado como um ingrediente substituto parcial, pois apresenta bons valores energéticos e bromatológicos.
Para determinar o nível adequado de inclusão de DDGS de milho nas rações para suínos, deve-se levar em consideração as respostas zootécnicas e as características quantitativas e qualitativas das carcaças.
Dessa forma, foi desenvolvida uma pesquisa no Setor de Suinocultura da Universidade
Estadual de Maringá (UEM), com o objetivo de avaliar o uso de DDGS de milho na alimentação de suínos em terminação. Os animais foram divididos em grupos e alimentados com níveis crescentes de até 30% de inclusão de DDGS na ração. A composição química e a energia metabolizável foram previamente determinadas para formular as rações utilizadas no experimento de desempenho.
Os suínos alimentados com os níveis crescentes de inclusão de DDGS de milho, apresentaram semelhança quanto ao desempenho produtivo. O gráfico ilustrado na Figura 2 representa o consumo de ração diário, ganho de peso diário e conversão alimentar, e verificou-se que não houveram diferenças (P>0,05) entre os níveis crescentes de DDGS de milho avaliados.
A semelhança entre os resultados de desempenho mostram o potencial de uso do DDGS em rações para suínos. Outro ponto a ser considerado é o adequado conhecimento da composição química e energética do DDGS, uma vez que essa composição foi conhecida adequadamente para se formular as rações, conforme relatado anteriormente.
Além da sua composição bromatológica atrativa, o DDGS de milho também apresentou uma boa aceitabilidade pelos suínos, sem grandes impactos no consumo de ração.
Considerando a crescente demanda do consumidor, a qualidade da carne deve ser levada em consideração, assim como as características de carcaça são de grande importância para a indústria suinícola.
Os rendimentos de carcaça quente e fria (Figura 3), não mostraram diferenças (P>0,05) quanto aos níveis de DDGS avaliados, assim como a perda de líquido por resfriamento, que variou de 3 a 4% e se mantiveram dentro do limite de variação (Bridi e Silva, 2009). Adicionalmente, o rendimento de carne magra também não apresentou variação (P>0,05), demonstrando o grande potencial do uso do DDGS de milho para suínos em terminação.
A panceta/barriga apresenta um valor agregado considerável em muitos países, devendo-se então proceder com a avaliação desse corte. A espessura e o teste de flop foram utilizados para medir a firmeza da panceta fresca de suínos, pois pancetas com gordura de consistência mole são indicativas de aumento de ácidos graxos poliinsaturados na dieta, e proporcionam uma redução na fatibilidade e rendimento do bacon (Soladoye et al. 2015).
Observou-se (Figura 4) que os níveis crescentes de DDGS não proporcionaram diferenças (P>0,05), tanto na espessura quanto no flop das pancetas. Em virtude da maior concentração de ácidos graxos poliinsaturados em alguns DDGS, principalmente em algumas plantas de processamento, essas variáveis relacionadas à panceta podem limitar o uso do DDGS em rações para suínos, o que não foi o caso do DDGS utilizado na presente pesquisa.
A coloração do musculo Longissimus dorsi (Figura 5) também não foi influenciada pelos níveis crescentes de DDGS, deste modo os níveis crescentes de DDGS não influenciaram na aparência e, consequentemente, na atratividade da carne ao consumidor.
De acordo com a pesquisa realizada, a inclusão de níveis crescentes de DDGS proporcionaram resultados semelhantes em relação à dietas formuladas com milho e farelo de soja para suínos em terminação, tanto para o desempenho quanto para as características quantitativas da carcaça e variáveis relacionadas à qualidade da carne.
Assim sendo, o DDGS de milho mostrouse como um alimento em potencial a ser utilizado em rações para suínos em terminação e seu uso dependerá principalmente do custo inerente ao mesmo e dos demais alimentos utilizados nas rações.
Para a obtenção de seus resultados, é imprescindível o conhecimento adequado da composição química e valores de energia metabolizável/ líquida do DDGS para se formular as rações, pois observa-se grande variação na composição química e energética entre diferentes DDGS, principalmente em relação às diferentes plantas de processamento.
Neste sentido, outra pesquisa foi realizada no setor de suinocultura da UEM, onde foram desenvolvidas equações de predição dos valores energéticos do DDGS para suínos em terminação, o que vai colaborar com a formulação de rações mais precisas ao se utilizar o DDGS de milho em rações para suínos em terminação.
Utilização de coprodutos de destilarias de etanol de milho na alimentação de suínos
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Brena Cristine Rosário Silva1, Cheila Roberta Lehnen2 e Simara Márcia Marcato3 1Doutoranda na Universidade Estadual de Maringá. 2Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa. 3Professora da Universidade Estadual de Maringá.
Os insetos atendem às necessidades dietéticas das aves em termos de composição nutricional e per l de aminoácidos (Sogari et al., 2019)
São parte da alimentação natural das aves e, por isso, possuem uma excelente aceitação alimentar (Moula e Detilleux, 2019)
Aprincipal preocupação em relação ao futuro da alimentação e da agricultura é se os sistemas globais serão capazes de alimentar a humanidade de forma sustentável até 2050, ao mesmo tempo em que acomodam a demanda por commodities agrícolas.
Nos últimos anos, os insetos foram identificados como uma promissora fonte de proteína e energia para alimentação animal.
A utilização de insetos na alimentação de aves é atrativa visto que:
A produção em massa de insetos emite baixos níveis de gases de efeito estufa e não necessita de grandes áreas de terra para a produção (van Huis e Oonicx, 2017)
Os insetos são capazes de converter resíduos orgânicos em produtos proteicos de alto valor, constituindo uma nova abordagem e um exemplo notável de uma economia circular sustentável (Wang et al., 2017)
ingredientes na alimentação das aves, sendo a larvas de mosca-soldado negra (Hermetia illucens) uma das espécies mais promissora. Seu alto potencial como ingrediente alternativo está relacionado à possibilidade de controlar o seu ciclo de vida e, assim, cria-las em massa. Além disso, as larvas de mosca-soldado negra possuem grandes quantidades de proteína, lipídeos e aminoácidos essenciais como, por exemplo, metionina e lisina.
Todavia, informações confiáveis sobre o teor de nutrientes e a digestibilidade da farinha de larvas de mosca-soldado negra são essenciais para a formulação de dietas precisas. Ensaios in vivo para determinar a digestibilidade da farinha de mosca-soldado negra são caros, demorados e impraticáveis para fábricas de alimento para animais obterem estimativas precisas das fontes de farinhas de insetos usadas na formulação de rações.
A predição do conteúdo de energia metabolizável aparente (EMA) de um ingrediente com base na composição química pode ser um método útil e prático para a obtenção de valores precisos para a formulação de dietas, e várias equações de predição para vários ingredientes já foram publicados.
No entanto, nenhuma equação de predição da EMA para farinha de larvas de mosca-soldado negra para codornas Japonesa foi relatada.
Equações de predição acuradas e precisas podem ser obtidas por meio da sistematização de achados quantitativos de vários estudos, denominada meta-análise.
A meta-análise se baseia na síntese de dados de vários estudos publicados para a construção de um modelo estatístico que melhor explique as observações. Assim, a meta-análise pode produzir equações de predição mais precisas para calcular os valores de EMA da farinha de mosca-soldado negra.
Pensando nisso, o grupo de estudos em nutrição de codornas (GENCO) da Universidade Estadual de Maringá juntamente com o grupo de estudos em biologia integrativa e modelagem na produção de não ruminantes (BIOMODEL) da Universidade Estadual de Ponta Grossa realizaram um estudo meta-analítico a fim de determinar a composição química e os coeficientes de digestibilidade da farinha de larvas de mosca-soldado negra para codornas japonesas.
A construção da base de dados iniciou pela pesquisa bibliográfica utilizando as palavras-chave: “quail”, “insect” e “nutrient digestibility” nas bases indexadas Scielo, Science Direct, Scopus e Web of Science.
Os estudos foram incluídos baseado nos seguintes critérios:
Inseto adicionado como ingrediente da ração;
Apresentar dados sobre digestibilidade de nutrientes e energia;
Relatar a composição química do inseto utilizado.
A base de dados ocupou uma planilha com 32 linhas (tratamentos) e 28 colunas (variáveis exploratórias), contendo seis artigos publicados entre 2016 e 2022.
Os estudos incluídos na base de dados totalizaram 518 codornas japonesas, cuja idade média inicial foi de 23 dias e a idade média final foi de 35 dias.
A maioria dos estudos (60%) utilizou codornas fêmeas e 40% envolveram lotes mistos. O método de coleta total de excretas foi utilizado em todos os artigos. O nível médio de inclusão da farinha de mosca-soldado negra foi de 12,5%.
Uma seleção backward de preditores foi conduzida usando o procedimento REG no SAS versão 9.4, em que os preditores significativos foram mantidos nos modelos enquanto os não significativos foram removidos.
Os teores de proteína bruta (52,9±6,38) e extrato etéreo (20,8±10,0) da farinha de mosca-soldado negra apresentaram grande variabilidade (Tabela 1). Esses resultados podem ser contextualizados dentro da grande variabilidade dos achados relatados na literatura.
A heterogeneidade na composição química da farinha de mosca-soldado negra pode ocorrer em função:
Do estágio de desenvolvimento da mosca-soldado negra utilizada para produção da farinha;
Da composição do substrato de criação da mosca-soldado negra;
Do processo de produção (desengorduramento ou não) da farinha.
A quantidade de proteína bruta da farinha de mosca-soldado negra é superior ao farelo de soja (50,7%, na matéria seca).
Os insetos possuem maiores concentrações e um melhor perfil de aminoácidos em comparação as
Outro componente importante na composição da mosca-soldado negra é a fibra, composta principalmente por quitina. A quitina é um polissacarídeo naturalmente presente no exoesqueleto dos insetos e estudos recentes demostraram que a quitina e seus derivados têm um efeito imunomodulador sobre o sistema imune das aves.
Além disso, atividades antibacteriana, antifúngica e antiviral da quitina já foram observadas em vários estudos.
Os minerais têm papel fundamental no valor nutricional da ração para aves. Embora o foco da utilização da farinha de mosca-soldado negra seja devido seu teor de proteína e aminoácidos, são encontrados também teores significativos de cálcio e fósforo na farinha de inseto. No entanto, são necessárias mais investigações para estimar a disponibilidade desses minerais.
Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e EMA ( sugerem que a farinha de moscasoldado negra é uma nutrientes e energia. mosca-soldado negra apresentou valores de EMA similares ao milho (3.784 kcal/kg, na matéria seca), mesmo sendo caracterizada como um alimento proteico. Este aspecto pode tornar a farinha de moscasoldado negra atrativa e funcional para formulação de rações para codornas Japonesas.
EB: Energia bruta. PB: Proteína bruta. EE: Extrato etéreo. MM: Matéria mineral.
Com base nas informações sobre a composição química da farinha de moscasoldado negra obtidos na meta-análise dos dados, quatro equações de predição da EMA foram geradas (Tabela 3).
A equação com maior número de variáveis (EMA1=-32.712+2,99EB+243,78PB+208,47 EE+338,55MM) apresentou melhor ajuste (R2=0,95), indicando que 95% da variação o teor de EMA da farinha de moscasoldado negra pode ser explicado pelos teores de energia bruta, proteína bruta, extrato etéreo e matéria mineral.
A equação com três variáveis ( 14.899+2,03EB+93,61PB+109,74 também pode ser utilizada para predizer conteúdo de EMA da farinha de moscasoldado negra, embora apresente um menor coeficiente de determinação (R2=0,80).
Equações compostas por até quatro parâmetros de composição química requerem um menor tempo de análise e são fáceis e baratas de executar à campo.
As equações EMA =3.662+0,12EB-
equações de predição da EMA a partir da composição química da farinha de moscasoldado negra. Essas equações podem ser usadas por nutricionistas para prever com maior precisão o conteúdo de EMA em várias fontes de farinha de mosca-soldado
Isabella de C. Dias¹, Vivian I. Vieira², Marley C. dos Santos², Simone G. de Oliveira³ e Alex Maiorka4
¹ Doutoranda em Ciências Veterinárias - Universidade Federal do Paraná
² Doutoranda em Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
³ Professora Adjunta do Departamento de Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
4 Professor Associado do Departamento de Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
Saúde intestinal é um conceito de grande relevância na produção de frangos de corte, está diretamente ligado à nutrição animal e, segundo Darhne (2008), os efeitos que a dieta exerce sobre a saúde intestinal são marcantes e podem ter influência na absorção de nutrientes da dieta. Um intestino saudável deve ser capaz de metabolizar e absorver os nutrientes de forma eficiente, refletindo no desempenho e produtividade dos animais a campo.
O termo saúde intestinal engloba uma série de mecanismos fisiológicos, microbiológicos e físicos que trabalham juntos para manter a homeostase do intestino (Backhed et al.; 2005; Kairie et al.; 2013; Polansky et al.; 2016).
Diversas funções estão relacionadas para que se tenha uma boa saúde intestinal, e as principais são:
Ajudar a direcionar a formação ou desenvolvimento normal da estrutura e morfologia do intestino;
Aumentar as respostas imunológicas;
Oferecer proteção contra patógenos luminais;
Desempenhar papel ativo na digestão e utilização de nutrientes (Apajalaht, 2013).
A dieta ofertada também pode causar efeitos nocivos diretos e indiretos ao intestino de frangos de corte, como a diminuição da digestibilidade da gordura, aumento da taxa de renovação celular, produção de metabólitos tóxicos a partir da fermentação das proteínas, e pode levar a um baixo desempenho de crescimento (Yadav e Jha, 2019).
O trato gastrointestinal do frango abriga uma microbiota complexa, com mais de 600 espécies bacterianas diferentes agrupadas em mais de 100 gêneros bacterianos (Torok et al. 2011).
No início da vida do animal, as bactérias crescem rapidamente e o ambiente estéril logo se torna habitado por 108 bactérias por grama de digesta no íleo-cecal no primeiro dia de vida, chegando ao terceiro dia com 1010 bactérias/g de digesta.
Em uma comunidade micro bacteriana saudável e equilibrada existem principalmente bactérias gram-positivas benéficas (ao menos 85% das bactérias totais), e uma menor quantidade de bactérias dos gêneros Clostridium, em aves jovens, e Salmonella, Campylobacter e E. coli em aves adultas, mesmo sem qualquer distúrbio intestinal (Choct, 2012).
Em um estudo recente, onde os autores compararam a colonização do lúmen intestinal e as bactérias associadas à mucosa, foi visto que a mucosa possui uma comunidade microbiana altamente rica de grupos distintos de bactérias no íleo e ceco (BordaMolina et al., 2016).
A dieta possui importante papel na microbiota das aves, pois os componentes que escapam da digestão e absorção do hospedeiro servem como substratos para o crescimento de bactérias no intestino (Annett et al., 2002).
Dietas a base de trigo, cevada ou centeio contém altos níveis de polissacarídeos não amiláceos. Esse grupo de carboidratos não são digeríveis e são hidrossolúveis, o que favorece a proliferação de C. perfringens que predispõem a enterite necrótica em pintainhos (Annett et al., 2002; Jia et al., 2009).
Altos níveis de polissacarídeos não amiláceos levam ao aumento da viscosidade da digesta, diminuição da taxa de passagem e declínio na digestibilidade dos nutrientes (Choct et al, 1996; Timbermont, 2011).
A fonte e o nível de proteína dietética também podem afetar a microbiota intestinal. Como alternativa ao farelo de soja, o farelo de caroço de algodão fermentado pode ser uma fonte proteica, porém a inclusão desse ingrediente aumenta a população de lactobacilos e diminui o número de coliformes no ceco de frangos de corte (Drew et al., 2004).
Dietas com alta inclusão de proteína de origem animal favorecem o crescimento de Clostridium perfringens na porção posterior do intestino de frangos, portanto, esse é mais um fator nutricional que pode predispor o desenvolvimento de enterite necrótica (Drew et al., 2004).
Além disso, tem sido relatado que bactérias do tipo Clostridium perfringens são mais abundantes no íleo de frangos de corte alimentados com gordura animal (uma mistura de banha e sebo) do que frangos alimentados com óleo de soja, indicando que a microbiota também pode ser influenciada pela fonte de gordura da dieta (Knarreborg, 2002)
Os antibióticos têm sido usados para fins terapêuticos e como promotores de crescimento para fins profiláticos em animais desde a década de 1940 (Gustavo e Bowen, 1997). Os promotores de crescimento são um grupo de antibióticos dietéticos usados em níveis sub terapêuticos para melhorar a eficiência alimentar, aumentar o crescimento e manter a saúde animal (Danzeisen et al., 2011).
A exposição precoce de frangos de corte em curto prazo aos antibióticos tem demonstrado efeitos na colonização microbiana, expressão gênica da mucosa e desenvolvimento imunológico no período posterior até 2 semanas pós-eclosão (Schgokker et al., 2017).
A inclusão de enzimas em dietas pode melhorar a disponibilidade e digestibilidade dos nutrientes (Seleh et al., 2008; Zhou et al., 2009) Como consequência disto, as carboidrases, xilanase e a glucanase são exemplos de enzimas que podem aumentar as bactérias ácido láticas no intestino e diminuem a população de bactérias patogênicas, como a E. coli (Rodriguez et al., 2012).
Contudo, devido à crescente preocupação com a resistência generalizada aos antibióticos, há uma tendência de abolir o seu uso. A utilização como dose profilática em rações animais foi proibida em algumas jurisdições, como na União Europeia, enquanto outras ainda estão considerando ou estão impondo regulamentação estrita sobre o uso em animais (Niewold, 2007)
A suplementação dietética dessas enzimas também pode oferecer proteção contra a enterite necrótica à medida que elas rompem polissacarídeos não amiláceos da dieta e reduzem a viscosidade da digesta (Owens et al., 2008, McDevitt, Acamovic, Sparks, 2006).
Tem sido cada vez mais comum pesquisas que identificam alternativas aos antibióticos para manter o equilíbrio do ecossistema intestinal, bem como melhorar o desempenho geral das aves (Hyghebaert, Ducatelle, Van Immerseel, 2011).
Prebióticos são definidos como “um componente alimentar inviável que confere um benefício à saúde do hospedeiro associado à modulação da microbiota” (Piniero et al., 2008)
Os prebióticos comumente usados são oligossacarídeos, incluindo inulina, frutooligossacarídeos (FOS), mananoligossacarídeo (MOS), galactooligossacarídeos (GOS), oligossacarídeos de soja, pirodextrinas e lactulose (Yadav e Lha, 2019)
O MOS estimula bactérias benéficas e bloqueia a ligação do patógeno aos receptores de manano na superfície da mucosa, dificultando a adesão e a colonização do epitélio intestinal por certas bactérias patogênicas, como Salmonella typhimurium (Spring et al., 2000).
Os probióticos são definidos como “organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro” (FAO, 2002).
Espécies bacterianas atualmente usadas em probióticos são as bactérias do ácido lático, Streptococcus thermophilous, Enterococcus faecium, E faecalis e Bifidobacterium sp., além de fungos e leveduras usados como probióticos (Huang et al., 2004).
Bactérias patogênicas
O FOS é o substrato preferido das bifidobactérias, auxiliando-as para se ligar à mucosa do hospedeiro impedindo que bactérias patogênicas se liguem à mucosa intestinal (Huygheaert et al., 2011; Kim et al., 2011). A sua suplementação dietética também diminui C. perfringens e E. coli e aumenta a diversidade de Lactobacillus no intestino de frangos (Kim et al., 2011).
Bactérias probióticas
Parede do intestino
Seu modo de ação envolve múltiplos mecanismos, incluindo:
Exclusão competitiva, promovendo a manutenção intestinal e integridade;
Regulando o sistema imunológico, prevenindo inflamação;
Melhorando o metabolismo e o crescimento (Hossain et al., 2012).
O uso de leveduras Saccharomyces cerevisiae hidrolisadas também pode melhorar parâmetros de saúde intestinal por aumentar a flora bacteriana de forma benéfica, principalmente pela presença de bactérias que produzam ácidos graxos de cadeia curta (Lin et al., 2022).
Para se alcançar o melhor crescimento e melhoria na saúde das aves é necessário que a microbiota esteja adequada (Yadav e Jha, 2019). Dessa forma, mais estudos sobre o microbioma intestinal e sua interação com o hospedeiro e a dieta podem fornecer a base de conhecimento necessária para criar alternativas que substituam os antibióticos na produção agrícola moderna (Pan e Yu, 2014)
As vacas leiteiras modernas são resultado de inúmeros melhoramentos que as fazem verdadeiras máquinas de produção de leite, função que desempenham muito bem e está diretamente ligada à lucratividade da fazenda. No entanto, o período pós-parto traz consigo inúmeras condições, como aumento da sensibilidade a mudanças no ambiente, maior propensão a distúrbios metabólicos e quedas de imunidade.
É no período pós-parto que ocorre o maior índice de mortes e descartes involuntários por questões relacionadas à saúde dos animais. Não podemos nos esquecer que tudo o que vier a ocorrer no período pós-parto é reflexo do que acontece no período do pré-parto e ambas as fases estão positivamente correlacionadas com o sucesso da próxima lactação.
A vaca, que hoje está gestante, passará a lactante, o que significa que muitas mudanças ocorrem num curto prazo de tempo. Conforme a data do parto se aproxima, vacas vão diminuindo a capacidade de ingestão de energia líquida.
Enquanto, antes do parto, a demanda se mantém baixa, a vaca ainda permanece em balanço energético positivo. Logo após o parto, a demanda por energia para lactação dá um grande salto. Em contrapartida, a capacidade de ingestão não acompanha tal demanda. Esta situação causa um fenômeno chamado de Balanço Energético Negativo (BEN).
Nesse cenário, as estratégias nutricionais são uma importante ferramenta para atender às necessidades específicas dos animais neste período. Juntamente com o maior conforto possível, isso refletirá em melhora dos níveis de produção e, consequentemente, em maior produtividade para a fazenda.
Conseguir aproximar a composição dos alimentos ofertados no préparto e no pós-parto, respeitando as particularidades de cada fase, pode refletir em sucesso no que diz respeito à geração de maior atratividade dos animais pelo alimento e, consequentemente, aumento do consumo.
Oferecer alimentos proteicos e energéticos, com forragens de alta qualidade no pré-parto, ajudará o animal a estar mais habituado a esse tipo de alimento após o parto, e isso se refletirá em amenização dos problemas de consumo, comuns no pós-parto.
Outro ponto positivo desse trabalho de aproximação dos alimentos oferecidos nas duas fases, diz respeito à adaptação ruminal. Os micro-organismos do rúmen demoram para se adaptar a alguns alimentos e quando, por exemplo, conseguimos manter a forragem pré-parto e pós-parto com qualidade similar, conseguimos ter maior capacidade de crescimento microbiano e, consequente adaptação dos microorganismos do rúmen.
Desta maneira, conseguimos atender ao pré-parto de forma efetiva, maximizando consumo, que vai se refletir positivamente no período pós-parto.
Quando formulamos dietas para o período pós-parto é muito comum termos a situação de lotes com animais em estágios diferentes de lactação, e a formulação das dietas é realizada com base na média do grupo.
Os animais em pós-parto imediato (entre 1ª e 3ª semana) têm ingestão de matéria seca reduzida, o que os leva a consumir menor quantidade de nutrientes, justamente quando apresentam grande demanda pelos mesmos devido a condições fisiológicas como a involução uterina e mesmo a maior propensão a infecções como a mastite. Para suprir esta necessidade, a suplementação mineral e vitamínica é fundamental.
A dieta, nesta fase, precisa ser densa em atributos proteicos, fibra efetiva para manter a ruminação, além de suplementação mineral e vitamínica mais intensiva. Outro ponto ao qual devemos nos atentar são os carboidratos altamente fermentescíveis.
No pós-parto, a ingestão excessiva de carboidratos com alta fermentação como amido de alta degradabilidade, pode causar efeito negativo no consumo de alimentos. Isso pode ser evitado através do uso de fontes alternativas, ou mesmo através da diminuição da concentração desses carboidratos de alta fermentação.
No período imediato ao pós-parto a vaca ainda apresenta o úbere inchado, momento em que também ocorre a involução uterina. São situações que promovem algum desconforto ao animal e, por isso, é muito importante que ela tenha facilidade em encontrar o espaço para descanso. O ideal é manter a capacidade de lotação em torno de 90%.
Outro aspecto fundamental, considerando que nesta fase os animais apresentam baixo apetite, menor ingestão de água com risco de desidratação e menor capacidade de disputa, é considerar um espaçamento mínimo de cocho, entre 60 e 70cm, que facilite o acesso ao alimento. A maior disponibilidade de cocho, também é importante para contribuir com o consumo e consequentemente a produção da vaca.
Favorecer o acesso a água
Nesse sistema, o ideal seria termos um lote específico para animais pós-parto e isso se deve a inúmeras razões. Uma delas é a possibilidade de especificar uma dieta baseada nos parâmetros já comentados neste artigo, ou seja:
Mais rica e densa em minerais e vitaminas adequados para o período pós-parto.
Com fontes proteicas mais nobres e específicas, que possam trazer efeito benéfico para o fígado e metabolismo em si.
Além de fibra efetiva.
Atenção ao consumo excessivo de carboidratos
Basicamente, são atributos que, quando se tem um lote pós-parto específico, conseguimos dinamizar com mais eficiência, bem como oferecer espaçamento de cocho e maior área de descanso para os animais. Vacas especiais têm necessidades especiais. Se conseguirmos agregar estratégias de entendimento sobre o período pós-parto, com uma nutrição específica para esses animais, aliando conforto e bem-estar, conseguiremos refletir em maior produção e, consequentemente, lucratividade na fazenda.
Espaço para descanso Suplementação mineal e vitamínica mais intensiva
Pós-Parto: manejo nutricional para o sucesso da lactação
Aprodução leiteira no País busca um crescimento após a queda no consumo e produção no ano de 2022. Esse cenário acompanha o produtor há algum tempo, sendo guiado por alterações no preço do produto, disponibilidade de alimento para os plantéis, altos custos de produção, preço pago ao produtor e outros.
Se manter otimista na atividade exige no cenário atual, atualizações para que a eficiência produtiva seja máxima e os riscos e perdas sejam mínimos.
E para entender melhor o ponto de vista do produtor, nossa equipe foi até o interior de São Paulo, na cidade de Tietê conhecer a granja leiteira da família Lezier.
“Desde sempre” produzindo leite, o sítio São José passou por diversas modificações e evoluções com o passar dos anos, contando hoje com 60 animais em lactação, no sistema Compost Barn, confinadas. Utilizando diversas tecnologias para a produção de leite de qualidade, entre elas, a ordenha mecanizada e inseminação artificial.
O envolvimento da família e os estudos na área são grandes aliados na atividade. Quem nos apresentou a propriedade e as expectativas sobre a produção leiteira foi a Diandra Lezier.
“Viemos de sistemas poucos tecnificados. A produção de leite na propriedade vem de muito tempo, então passamos por pastagens, ordenha manual, balde ao pé, semi confinamento, ordenha canalizada, até chegarmos onde estamos agora, no Compost, com animais confinados e mais tecnologia empregada.”
No meu ponto de vista, esses avanços foram acontecendo naturalmente por uma necessidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas e dos animais da propriedade, foram necessários a evolução e um caminho que tínhamos que percorrer.
Junto com as melhorias de produção, o bem-estar também é ponto chave para a produção:
“O ponto de bem-estar mais visível está nos animais, que caminham sozinhos até a ordenha, apresentam índices de saúde e produção cada dia melhores, afinal o ambiente é melhor controlado. Para as pessoas, um trabalho mais rápido e limpo, além de mais ergonômico.”
“Durante os anos de estudo e busca por informações, sempre buscamos o melhor para os nossos animais e equipes, então utilizamos de ferramentas que nos auxiliam em todos os aspectos de sustentabilidade e bem estar, controle do uso de antibióticos, cultura na fazenda, um time muito bacana na nutrição, reprodução e sanidade fazem toda a diferença no dia a dia.
O bem-estar sempre esteve, mas atualmente tem sido ainda mais relacionado a sustentabilidade.
Mesmo sendo um conceito em alta nesse momento a sustentabilidade na produção leiteira é presente a muito tempo, e a produção de leite junto com o gado de corte, sofre com a desinformação. De que forma vocês estão envolvidos? Diandra nos contou um pouco sobre como atuam com essas necessidades.
Ainda não temos as certificações de bem estar, mas houve a busca por empresas especializadas para isso em uma auditoria, necessária ao processo de certificação, além de manter os exames e demais exigências do GEDAVE sempre em dia (algumas certificações levam um tempo e, torno de 2 anos para serem emitidas, estamos no processo).”
Outro ponto chave na produção animal, e muito importante para a produção leiteira são os índices zootécnicos. Fomos atualizados um pouco mais sobre os indicadores zootécnicos de maior importância para a produção de leite.
Diandra explica que a produção caminha com muitos índices e cada um tem a sua importância dentro da cadeia produtiva, assim como estão todos interligados de alguma forma. Índices produtivos e reprodutivos, além desses juntos e índices diversos.
É uma corrente onde cada elo tem seu papel de nos mostrar o que está acontecendo nas diferentes áreas da propriedade, sendo difícil colocar apenas um em evidência.
Entre eles podemos citar:
Taxa de prenhez;
Intervalo entre partos;
Idade ao primeiro parto;
Taxas de mortalidade e morbidade de bezerras, são muitos índices importantes.
Sobre nutrição Diandra nos conta de forma detalhada como procedem com o plano alimentar para todas as categorias animais presentes na propriedade.
Toda a dieta é formulada por um profissional, de acordo com os ingredientes que temos disponíveis.
A propriedade também faz toda a produção de volumoso e ficamos sabendo um pouco mais sobre esse processo.
A produção de volumoso se dá completamente na propriedade, sendo a silagem de milho o principal. Desde o plantio, escolha do melhor hibrido, preparo e correção do solo, área a ser plantada, tudo é realizado por meu pai, com o apoio e assistência técnica da coplacana e profissionais responsáveis (é muito importante ter uma boa rede de apoio).
Após esses primeiros passos, dos cuidados com a lavoura, quando se atinge o ponto de colheita, entramos com a colhedora própria, que também tem evoluído, e hoje tem o processador de grãos, aumentando a digestibilidade deste e a eficiência no uso deles pelos animais consumidores.
Após a colheita, esse material é depositado no chão, onde é feita a aplicação de inoculantes apropriados, a compactação, para retirada do ar e facilitar, com isso, o processo de conservação dessa forragem pela ensilagem.
O montante compactado e, posteriormente, coberto com duas lonas de silagem, e mais uma camada de material vegetal picado para diminuir a incidência do sol sobre as lonas, melhorando o processo em si e diminuindo as perdas.
Depois desse processamento e do ponto de estabilidade do material ensilado (entre 30-90 dias) o material, sem sofrer injúrias, pode ser consumido após vários meses, por se tratar de um processo de conservação.
Após abertura do silo, é feito o consumo diário de quantidade adequada e que permita a retirada de uma camada correta do painel do silo, não permitindo que esse material se deteriore. De acordo com a receita, os componentes da dieta são carregados em vagão misturador e fornecido no cocho para os animais em lactação.
As demais categorias animais da propriedade têm a dieta composta por pastagens e suplementação de acordo com cada categoria.
Logo após o nascimento é fornecido 10% do peso ao nascer em colostro de excelente qualidade (medida através de refratômetro de brix e corrigido com colostro em pó quando necessário), o umbigo é curado com solução de iodo a 10%, elas são alocadas em casinhas individuais, com cama e controle de temperatura.
Recebem leite de transição por cerca de 5-7 dias e posteriormente são aleitadas com sucedâneo lácteo, 6 litros por dia divididos em 2 refeições.
Passado o desaleitamento elas recebem silagem, ração, suplementação mineral e têm acesso à pastagem. Por volta de 8 meses de idade, vão para pastagem com suplementação mineral. São inseminadas quando atingem 350kg, com sêmen sexado.
Os machos têm os primeiros cuidados iguais aos das fêmeas e são doados antes de uma semana de vida a pessoas que efetuam a criação desses animais.
Também obtivemos uma explicação sobre as diferenças e importância do plano alimentar nas diferentes idades dos animais.
O desaleitamento é feito de forma gradual, quando os animais atingem consumo de concentrado acima de 1,5kg/dia, pelo menos 100kg de peso e em torno de 80 dias de vida.
Há diferenças nutricionais de acordo com a idade e categoria do animal dentro do rebanho, isso se deve às diferenças entre as exigências desses animais.
Exemplo, um animal lactante e gestante, tem uma demanda maior por nutrientes e volume consumido que uma novilha em crescimento apenas.
Então as dietas são diferentes entre as categorias animais de acordo com as exigências de cada uma delas.
A dieta dos animais em lactação é capaz de modular a composição do leite produzido por elas, principalmente no que diz respeito ao teor de sólidos envolvendo gordura e proteína e a relação entre elas, lógico que não apenas a dieta influencia nisso, mas tem um papel muito importante.
Nutrinews: Os preços pagos pelo litro vêm oscilando, qual a expectativa para 2023?
Diandra: Desde que eu me conheço por gente e que minha família produz leite, ou seja, desde sempre, há essa oscilação de valores no decorrer do ano e é um produto deveras desvalorizado e por outro lado necessita que seja barato para o consumidor e essa é a dificuldade dos produtores.
Os preços dos alimentos a serem fornecidos tiveram uma elevação acentuada.
A expectativa para 2023 é ser ainda mais eficiente no ramo para que a atividade seja rentável. As reclamações são as mesmas quanto a preço, mas é como se não fossemos ouvidos ou não dessem importância às demandas dos produtores.
É como se nós tivéssemos que trabalhar para alimentar o povo, sem apoio nenhum para tal feito, sozinhos.
Diandra também nos contou sobre o que esperam com a aprovação pela câmara da Política Nacional de Apoio à Pecuária Leiteira.
“Vejo a aprovação como um alívio para os produtores, onde saber o preço a ser pago, antes mesmo da entrega do produto, dará ao produtor uma segurança maior diante dos investimentos, das contas e o controle maior da economia da atividade, podendo este investir mais na atividade ou saber, pelo menos, se pode efetuar tais investimentos os gastos.”
Para fechar, Diandra nos conta quais as expectativas para a produção, e as muitas oportunidades que a produção leiteira tem:
“Vejo que os consumidores estão necessitados de informações de qualidade na área, e, por outro lado, vejo muitos leigos divulgando informações falsas ou com parcialidade sobre, o que gera um preconceito pela atividade.”
A bovinocultura está em constante transformação, muita coisa já mudou e tem muito a acontecer ainda. Eu acredito que, com o avanço das redes sociais, da facilidade de receber informações terão um papel muito importante para no situarmos para onde vamos.
Da porteira para dentro vejo produtores se especializando, se tecnificando e evoluindo dia após dia, em todos os quesitos da produção (tecnologia, bem estar, nutrição, etc etc etc), melhorando tudo na atividade.
Da porteira pra fora, eu vejo consumidores exigentes de diversas formas, com razão na grande maioria delas. Por outro lado, vejo também uma falha do entendimento de como as coisas acontecem porteira adentro e o porquê dessas coisas, distanciando um pouco produtor e consumidor. Isso, ao meu ver, vem da disseminação em larga escala de informações por leigos, ativistas e desinformados.
Temos muito o que melhorar?
Claramente. A diferença é que estamos em constante evolução do lado de cá. Vocês estão dispostos a vestir a nossa bota por um tempo e tentar ver as coisas pelos nossos olhos?
A produção de leite no Brasil pela ótica do produtor
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Autilização de enzimas na nutrição de monogástricos traz consigo uma consideração relevante:
Hoje, a fitase é apontada como uma enzima de uso vigente para a produção animal, pois seu benefício é muito bem esclarecido: auxilia na liberação do fósforo indisponível para os animais e com isso diminui a inclusão de fósforo inorgânico nas dietas, também reduzindo a excreção de fósforo para o ambiente.
Já as carboidrases, que serão o principal tema abordado nesse artigo, são enzimas que vêm ganhando notoriedade pela sua capacidade de degradar os carboidratos complexos contidos nos grãos de origem vegetal.
Na nutrição animal é de grande interesse a busca por alimentos alternativos que possam reduzir o custo das rações, porém sem comprometer o desempenho. Com isso, o uso de enzimas exógenas em dietas com grãos alternativos, como trigo, aveia, cevada e farelo de arroz, é uma prática consolidada que melhora a digestibilidade dos alimentos, minimizando os efeitos antinutricionais e favorecendo os índices de produtividade.
Esses alimentos possuem elevada concentração de polissacarídeos não amiláceos, que são componentes presentes na parede celular das células de alimentos de origem vegetal, os quais não podem ser totalmente degradados por enzimas endógenas, e isso faz com que ocorra deficiência na digestibilidade e alteração na viscosidade no trato digestivo.
No entanto, no Brasil, a maioria das dietas para monogástricos são formuladas a base de milho e farelo de soja. O milho apesar de ser relativamente isento de polissacarídeos não amiláceos, apresenta elevada variabilidade nutricional. O farelo de soja também é um ingrediente de composição variável e de qualidade altamente dependente do seu processamento, apresentando 20% de polissacarídeos não amiláceos em sua composição, com digestibilidade praticamente nula (Rodrigues et al., 2001). Consequentemente, ocorre variação nos seus constituintes considerados antinutricionais, o que compromete uma possível atuação das enzimas no organismo animal.
A utilização de carboidrases nas dietas tem como objetivo diminuir a viscosidade da dieta, melhorando assim, a digestão de carboidratos estruturais. No entanto, pouco interesse foi direcionado à suplementação de enzimas para rações à base de milho e farelo de soja. Embora não sejam considerados grãos viscosos, os componentes insolúveis dos polissacarídeos não amiláceos presentes no milho e no farelo de soja podem encapsular nutrientes e serem responsivos às enzimas exógenas.
Figura 1. Ação da enzima carboidrase
Na prática, o aumento na eficiência dos ingredientes promovido pela inclusão de enzimas exógenas permite ao nutricionista reduzir a densidade nutricional e energética da dieta, sem prejudicar o desempenho produtivo dos animais e refletindo positivamente no custo final da ração.
Assim, para melhorar o valor nutritivo dessas dietas sugere-se que o uso de complexos enzimáticos, ou seja, blends que combinam múltiplas enzimas, seja mais efetivo, pois podem atuar sobre uma série de polissacarídeos da parede celular dos grãos, resultando em um maior aproveitamento da dieta. O benefício esperado é a atuação sinérgica das enzimas em componentes específicos, permitindo assim uma resposta mais expressiva no desempenho animal.
Outro benefício do uso de carboidrases para aves e suínos está relacionado à manutenção da saúde intestinal, visto que este é um elemento essencial para uma produção sustentável e lucrativa.
(Barbosa et al., 2008)
Os polissacarídeos não amiláceos causam diversos comprometimentos no trânsito intestinal, digestibilidade, absorção dos nutrientes e modificações na estrutura e saúde do trato gastrointestinal de animais não ruminantes.
Neste contexto, o uso de enzimas exógenas, exercem efeitos sobre a morfometria intestinal, no estado imunológico e microbiano do intestino, com consequências positivas sobre a saúde e desempenho dos animais
(Macambira et al., 2021)
Deste modo, o uso de enzimas exógenas na alimentação de monogástricos tem sido explorado como uma das principais ferramentas utilizadas para reduzir os custos com alimentação, otimizando a utilização de nutrientes e energia da dieta, visto que o processo digestivo desses animais não é totalmente eficiente.
Além disso, considerando a oscilação de custos de matérias primas que temos presenciado nos últimos meses, os custos com alimentação merecem atenção especial, pois são os mais representativos no custo de produção. Assim, o uso de enzimas exógenas se mostra como uma alternativa segura e eficaz para auxiliar na melhoria de rentabilidade na produção, tanto em dietas com ingredientes alternativos como em dietas de milho e farelo de soja.
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Departamento Técnico Vetanco
Mesmo praticado sob idade mínima de 28 dias conforme determina a Diretiva Europeia 2008/120/EC (2009), é pertinente reconhecer que ao desmame os leitões ainda detêm uma imaturidade fisiológica e enzimática do trato gastrintestinal (SUIRYANRAYNA; RAMANA, 2015) e passam por um gap imunitário (JAYARAMAN; NYACHOTI, 2017). Relativo à insuficiência de várias enzimas digestivas nessa fase, há um aumento da osmolaridade do conteúdo intestinal, provocando a diarreia denominada osmótica.
Adicionalmente, os nutrientes não absorvidos servem de substratos para cepas de Escherichia coli, favorecendo sua colonização e os transtornos digestivos (CORASSA et al., 2006)
Também limitada, a produção de ácido clorídrico do leitão recém-desmamado, que se agrava pelo fornecimento da ração pré-inicial com alto teor de proteína, piora a proteólise gástrica, com consequentes transtornos intestinais (ROTH; KIRCHGESSNER, 1998)
Nesse sentido, o desmame afeta o desenvolvimento imunológico inato e adaptativo dos leitões, etapa onde é observada a expressão de citocinas pró-inflamatórias (PIÉ et al., 2004; RYMUT et al., 2021), incluindo a fator de necrose tumoral (TNF), interferons (IFN) e interleucinas (ILs), que induzem alterações na estrutura do epitélio intestinal, aumentando sua permeabilidade (SIDO et al., 2017; NORDGREEN et al., 2020).
Os produtos alternativos aos antibióticos, como os prebióticos e os ácidos orgânicos, vem ganhando cada vez mais ênfase, pois promovem um excelente status de saúde intestinal por meio:
Da redução do pH no trato gastrintestinal
Da estimulação da secreção enzimática
Do aumento da digestibilidade
Da exclusão competitiva indireta
Da nutrição da microbiota bené ca
Dos efeitos antimicrobianos diretos e indiretos
Do aporte de energia, entre outros
(TSILOYIANNIS et al., 2001; FREITAS et al., 2006; SUIRYANRAYNA; RAMANA, 2015).
Desta forma, com este estudo objetivou-se avaliar a saúde intestinal de leitões em fase de creche submetidos a uma dieta com uso associado de um blend de prebióticos e ácidos orgânicos frente a uma dieta com antibiótico promotor de crescimento.
Foram utilizados 150 leitões, metade machos castrados e metade fêmeas, da genética PIC® (Camborough x AG 337), com 22 dias de idade média e 5,568 ± 0,781 kg de peso vivo. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso (DBC), formados com base no peso inicial dos animais e no sexo, com três tratamentos e 10 repetições por tratamento, sendo a baia com cinco animais de um mesmo sexo a unidade experimental.
Os tratamentos experimentais corresponderam a:
T1 - Controle negativo;
T2 - Controle positivo (Colistina – 10 mg/kg) e
T3 – Blend de ácidos orgânicos e prebióticos composto de formiato de amônio, ácido fórmico, propionato de amônio e ácido acético + mananoligossacarídeos + betaglucanos, 1 kg/ton (Uniwall MOS®, Vetanco, Buenos Aires, Argentina).
Os dados paramétricos foram submetidos à análise de variância e as médias ao teste de Tukey, sendo utilizado Programa Estatístico R versão 3.3.0 (2016-03-05). Os dados não paramétricos foram avaliados pelo teste de Qui-quadrado e Kruskal-Wallis com post hoc de Dunn. Diferenças com P < 0,05 foram consideradas estatisticamente significantes.
Relativa à quantificação das citocinas, marcadores sanguíneos indicadores de alterações imunes, que incluem os estados de inflamação intestinal (YU et al., 2019; NORDGREEN et al., 2020), pode ser observado que, referente à primeira coleta, realizada aos 36 dias de idade (Tabela 1), os animais do grupo T3 apresentaram elevado nível de IL-1β, quando comparado aos demais tratamentos (p<0,05).
Por outro lado, na segunda coleta (realizada aos 57 dias de idade), o grupo T2 apresentou maior expressão desta interleucina, sendo diferente dos demais grupos tratados (T1 e T3; p<0,05). Já para a IL-4, na primeira coleta, os animais do grupo T3 apresentaram maiores níveis sorológicos comparados a T1, sendo T2 intermediário. Na segunda coleta, os animais do grupo T2 apresentaram maiores níveis de IL-4 que T1 (P<0,05), mas foi semelhante a T3 (P ≥ 0,05).
Para a IL-6 observou-se uma tendência (p<0,10) no aumento da citocina para o grupo T3 em relação ao grupo T1 nas duas coletas. De maneira semelhante, o grupo T3 apresentou uma tendência no aumento de IFN-α na primeira coleta. Já na segunda coleta o grupo T2 apresentou as maiores médias em comparação ao grupo T1 e o grupo T3 mostrou um resultado intermediário para esta citocina (p<0,10).
A avaliação de TNF-α identificou animais do grupo T3 com níveis mais elevados que nos grupos T1 e T2, na primeira coleta, não havendo diferença entre os tratamentos na segunda coleta. As citocinas IL-8, IL10, IL 12p40 e IFN-γ não apresentaram diferenças entre os grupos analisados nos dois períodos avaliados (p>0,05).
a, b médias seguidas de letras distintas na linha indicam diferença pelo teste de Tukey (P<0,05).
T1 - Controle negativo; T2 - Controle positivo; T3 - Ácidos + Prebióticos
Tabela 1. Concentrações (pg/mL) de interleucinas (IL) 1β, IL-4, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12p40, interferon alpha (IFN-α) e gama (IFN- γ) e fator de necrose tumoral alpha (TNFα) aos 36 e 57 dias de idade de acordo com os tratamentos experimentais.
A ativação de algumas citocinas inflamatórias, como IL1-β, TNF-α e a IL-6, está fortemente associada com o pós-desmame dos leitões (NOVAIS et al., 2021; RYMUT et al., 2021), sendo que sua maior expressão pode perdurar por dias (MOESER; POHL; RAJPUT, 2017; NOVAIS et al., 2021), corroborando com os resultados da primeira coleta (Tabela 1).
As citocinas têm efeitos adversos sobre a integridade da mucosa intestinal e de sua função epitelial (PIÉ et al., 2004; NORDGREEN et al., 2020). Em leitões, foi observado um aumento da permeabilidade intestinal derivada de inflamação 24 horas pósdesmame, seguido de um declínio gradual deste estado durante as duas primeiras semanas pós-desmame (MOESER et al., 2007).
Este último efeito foi também identificado neste trabalho, no qual, por meio da quantificação das citocinas, pode-se predizer que este estado inflamatório sofreu uma redução, dado à identificação de declínio numérico dos níveis de IL1β, IL-4, IL-6 e TNF-α para o grupo alimentado com prebióticos e ácidos orgânicos entre a primeira (36 dias) e a segunda (57 dias) coleta.
Os prebióticos, como os oligossacarídeos, auxiliam na produção dos ácidos lático e acético; e provocam a redução do pH intestinal, favorecendo as atividades das enzimas digestivas, que contribuem para manutenção da saúde intestinal, com redução da inflamação intestinal pela menor expressão de citocinas inflamatórias (ZENHOM et al., 2011)
envolvidos. Os agentes microbiológicos pelos quais os animais são expostos e os agentes não infecciosos determinam, assim, respostas distintas.
Uma infecção viral estimulará, em geral, a síntese de interferon (α e β), enquanto a infecção bacteriana determinará a expressão de IL1- β, TNF- α e IL-6 (NORDGREEN et al., 2020).
Os suínos, assim como outros animais, são propensos a várias doenças gastrintestinais bacterianas, como a colibacilose, cujo agente, uma bactéria gram-negativa, detém um lipopolissacarídeo responsável pela ativação da reação em cadeia de citocinas mediadoras do processo inflamatório (FAIRBROTHER; NADEAU, 2019; NORDGREEN et al., 2020)
Neste sentido, os melhores resultados verificados para o grupo T3 (ácidos + prebióticos) podem ser justificados pela menor expressão destas citocinas (p<0,05) mediadoras inflamatórias (IL1- β e IL-6), avaliadas aos 56 dias de idade (segunda coleta) (Tabela 1).
Os prebióticos (como os mananoligossacarídeos + betaglucanos) e os ácidos orgânicos são princípios ativos que, com frequência, participam das dietas de leitões desmamados, representado efetivos substitutos dos APC, como a colistina (T2). Os prebióticos, reconhecidamente, modulam a microbiota intestinal, favorecendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta (BOURGOT et al., 2014; SHANG et al., 2017), que, por sua vez, promovem o desenvolvimento de agentes benéficos no trato gastrintestinal (CHEN et al., 2017; LEE et al., 2017).
No resultado observado nos animais do grupo T3 houve uma menor expressão de citocinas pertencentes no processo inflamatório aos 56 dias de vida (Tabela 1)
Estas condições corroboram os benefícios do blend avaliado, que determinou na fase inicial II e no período total um melhor desempenho zootécnico para os animais do grupo T3, comparado com o grupo controle, sem diferenças com os resultados obtidos pelo grupo que recebeu colistina.
Dietas de leitões na fase de creche suplementadas com uma combinação de um blend de ácidos orgânicos + MOS + betaglucanos auxiliam na modulação da resposta inflamatória em comparação a dietas suplementadas com colistina. Com base nos resultados deste trabalho, pode-se concluir que: o uso de um blend de ácidos orgânicos + prebióticos promovem efeito sinérgico e, desta forma, representam uma alternativa efetiva aos antimicrobianos promotores de crescimento utilizados na suinocultura.
Aocorrência de doenças entéricas em leitões desmamados é responsável por limitar a expressão do potencial genético dos animais, pois reduz a capacidade da mucosa intestinal em absorver nutrientes de forma eficiente em decorrência de impactos negativos na integridade da mucosa intestinal (Eriksen et al., 2019)
A prevenção e tratamento de enfermidades do trato gastrointestinal são realizados em sua maioria com o uso de antibióticos.
No entanto, além da finalidade terapêutica, alguns antibióticos passaram a ser utilizados como melhoradores de desempenho, o que pode ocasionar em resistência de bactérias patogênicas a alguns princípios ativos, resultando na proibição desses antibióticos em diversos países (Albernaz-Gonçalves et al., 2021).
Sendo assim, estratégias nutricionais têm sido elaboradas para substituir os antimicrobianos melhoradores de desempenho e mitigar os efeitos negativos de doenças entéricas no desempenho de leitões desmamados. Entre essas, pode-se destacar o uso de aminoácidos funcionais, como o triptofano, treonina e o glutamato, os quais podem atuar melhorando a saúde intestinal e consequentemente o desempenho produtivo.
Ainda, os aminoácidos funcionais podem atuar na imunidade da mucosa intestinal, estimular a proliferação de enterócitos e melhorar a integridade da barreira intestinal (Chalvon-Demersay et al., 2021).
Desta forma, a presente revisão tem como objetivo demonstrar os efeitos de aminoácidos funcionais como o triptofano, treonina e glutamina na saúde intestinal de leitões desmamados.
O desmame é responsável por promover redução na eficiência do sistema imune, tornando o organismo suscetível a infecções virais e bacterianas. Em condições de baixa atividade imunológica, há aumento na ocorrência de enfermidades, por exemplo doenças gastrointestinais, responsáveis pela alta incidência de diarreia e queda no desempenho zootécnico.
A presença de distúrbios intestinais compromete a integridade e permeabilidade intestinal, resultando em mudanças morfológicas e fisiológicas que podem promover a atrofia das vilosidades e hiperplasia das criptas, interferindo negativamente na capacidade digestiva e absortiva de nutrientes, reduzindo assim a eficiência do funcionamento intestinal (Xiong et al., 2019).
O baixo consumo de ração nos primeiros dias pós desmame em decorrência da troca abrupta da dieta, ou seja, líquida pela sólida, favorece a disbiose intestinal em virtude da ausência de substrato para o desenvolvimento e função do intestino.
Atrelado a isso, o aumento do desafio imunológico em decorrência do estresse provocado pelo desmame também resulta em demanda por nutrientes visando a produção de células imunes para a recuperação de tecidos danificados e restabelecimento da homeostase intestinal (Li et al., 2018).
Adicionalmente, leitões recém desmamados estão sujeitos a alterações fisiológicas, estruturais e funcionais, que interferem na atividade de enzimas endógenas, absorção, secreção e barreira do intestino. A barreira do epitélio intestinal é responsável por atuar na prevenção da invasão e translocação de patógenos que venham a lesar a integridade do intestino através da expressão de proteínas transmembranares de junções estreitas, como a ocludina e claudina.
Logo, em condições de rompimento da barreira, ocorrerá o aumento da permeabilidade intestinal, permitindo assim a penetração de bactérias patógenas, antígenos e toxinas, responsáveis por quadros de inflamação, ineficiência na absorção de nutrientes, incidência de diarreia e redução no desempenho animal (Moeser et al., 2017)
Possuem capacidade de exercer melhorias na saúde, crescimento e desenvolvimento;
Estão associados ao funcionamento do sistema imunológico, atuando na ativação de linfócitos T e B, os quais são responsáveis por reconhecer e degradar organismos infecciosos, como vírus e bactérias;
Atuam na produção de anticorpos como as imunoglobulinas A (IgA), G (IgG) e M (IgM), que irão atuar contra a presença de organismos estranhos no corpo;
Podem promover a ativação de citocinas próin amatórias, como as interleucinas IL-1, IL-2, IL-6, IL-12, interferon-gama (IFN-γ) e fator de necrose tumoral (TNF-α), responsáveis por induzir respostas in amatórias.
Os aminoácidos funcionais são assim denominados em virtude de exercerem efeito sobre a composição da microbiota intestinal, além dos benefícios nutricionais eles também: A manutenção da saúde intestinal por meio da suplementação de determinados aminoácidos funcionais, como triptofano, treonina e glutamina é sugerida quando os animais se encontram em situações de desafio sanitário provocadas por exemplo pelo desmame (Le Floc’h et al., 2018).
Estudos revelam que os aminoácidos funcionais podem fornecer aporte energético extra para o epitélio intestinal, auxiliando desta maneira no desenvolvimento intestinal, regulação de resposta imune, barreira epitelial, além de efeitos na modulação da microbiota intestinal através da colonização de microrganismos benéficos ao trato gastrointestinal (Kim e Duarte, 2021).
Ademais, estão relacionados ao fornecimento de energia para os enterócitos, responsáveis pela absorção de nutrientes e permeabilidade da barreira intestinal, melhorando a eficiência de aproveitamento dos nutrientes dietéticos e favorecendo o desenvolvimento animal (ChalvonDemersay et al., 2021).
Bactérias patogênicas são responsáveis por causar distúrbios intestinais, logo, a redução dessas indica efeito inibitório do triptofano sobre patógenos intestinais. Já as bactérias benéficas citadas acima pertencem aos filos Bacteroidetes e Firmicutes, sendo esses considerados produtores de ácidos graxos de cadeia curta, os quais possuem capacidade de regular a homeostase intestinal (Liang et al., 2018).
Ao avaliar a suplementação de 0,2 e 0,4% de triptofano na dieta de leitões desmamados, observou-se redução na abundância de bactérias patógenas como Clostridium sensu stricto e Clostridium XI e aumento na colonização de bactérias benéficas dos gêneros Prevotella, Roseburiae e Succinivibrio
Tossou et al. (2016), avaliaram os efeitos da suplementação dietética de L-triptofano e os animais foram submetidos a três níveis de L-triptofano (0,0, 0,15, e 0,75%). Ao fim da investigação, não se observaram resultados significativos para desempenho animal (ganho médio diário, consumo médio diário e conversão alimentar).
Porém, animais alimentados com 0,75% de L-triptofano apresentaram resposta significativa em parâmetros como profundidade de cripta (aumento) e redução na relação vilo/cripta (V/C). Os parâmetros mencionados acima são indicativos para determinar a saúde intestinal em suínos.
A suplementação dietética de L-treonina influenciou positivamente a vitalidade do intestino e síntese de mucina em leitões desmamados, pois descobriu-se que animais suplementados com L-treonina (2,0 g/kg da dieta) obtiveram resultados significativos para integridade intestinal, com redução de respostas inflamatórias (Zhang et al., 2019)
A treonina também está relacionada ao bom funcionamento do tratogastrointestinal de leitões, pois melhora as condições de estabilidade da mucosa e barreira intestinal.
Este aminoácido está envolvido na síntese de mucina, glicoproteína que participa da proteção do intestino contra atividade excessiva de enzimas e ácido clorídrico e barreira física contra patógenos, os quais podem lesar a mucosa intestinal, tornando a treonina essencial na manutenção da homeostase estrutural e morfologia intestinal (Zhang et al., 2019).
Avaliando os efeitos da suplementação dietética com treonina sobre a produção de mucina em leitões desmamados, em dois níveis de suplementação, 0,74% e 0,89%, Mao et al. (2019) encontraram que animais suplementados com 0,89% de treonina apresentaram aumento na produção de mucina, podendo neste caso melhorar a integridade da barreira intestinal.
A glutamina está relacionada à proliferação eficaz de células intestinais e linfócitos, demonstrando sua importância no tratogastrointestinal e sistema imune (Ma et al., 2021). Além disso, pode promover estabilidade na morfologia do intestino, evitar atrofia das vilosidades e garantir o aumento das mesmas, além de melhorar o sistema imune, especialmente contra inflamação originada por patógenos entéricos, como Escherichia Coli (Ji et al., 2019).
A suplementação do ácido glutâmico, precursor da glutamina, na dieta de leitões desmamados foi analisada por Kyoung et al. (2021). Com base nos resultados obtidos, os autores relataram que animais suplementados com 0,5% de ácido glutâmico em comparação ao grupo controle (sem suplementação) obtiveram aumento na relação vilo/cripta. Ademais, aumentou o número de células caliciformes, sendo essas secretoras de muco, responsáveis pela proteção do epitélio intestinal.
A suplementação de aminoácidos funcionais como triptofano, treonina e glutamina em dietas para leitões desmamados podem atenuar efeitos negativos provocados pelo desmame. Resultados como melhora na integridade da mucosa intestinal, colonização de microrganismos benéficos e eficiência da barreira intestinal se enquadram entre os efeitos benéficos obtidos pelo uso dos aminoácidos funcionais.
Luise et al. (2022) avaliando a suplementação de glutamina (Gln) associada ao glutamato (Glu) sobre a saúde intestinal de leitões desmamados concluíram que a associação de ambos os aminoácidos na relação 25:75 e 50:50 (Glu:Gln) beneficiou a função imunológica e barreira do intestino. Observou-se crescimento eminente de células caliciformes no jejuno na relação 50:50 (Glu:Gln), contribuindo para restaurar a saúde intestinal dos leitões.
Aminoácidos funcionais e a relação com a saúde intestinal em leitões desmamados
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TIPO DE FONTE
1. Única OH-SeMet do mercado, totalmente disponível para o metabolismo animal;
2. Estabilidade ao armazenamento e condições de processamento térmico da ração;
3. Suporte ao sistema antioxidante e sistema imune;
4. Melhor desempenho produtivo e reprodutivo em condições desafiadoras;
5. Promove a resiliência animal.
Todas as espécies animais
Tabela de produtos
Selênio
Fonte orgânica pura
NOME DO PRODUTO
Selisseo 2% Se
Tabela de produtos MICROMINERAIS
INFORMAÇÃO ADICIONAL
Os minerais Glyadd® são fabricados utilizando Glicina como ligante, obtendo uma molécula estável e completa
ESPÉCIE DESTINADA
Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets
MICROMINERAIS
Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets
Vantagens: alta disponibilidade e absorção, menor excreção no meio ambiente, não interagem com outros ingredientes. Para mais informações: liptosa@liptosa.com
Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets
Bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos e caprinos, aquacultura e pets
Poedeiras
Zn
Cu
Mn
Fe
TIPO DE FONTE
Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Zinco 26%
NOME DO PRODUTO
Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Cobre 24%
Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Manganês 22%
Orgânico/ Agente quelante: GlicinaGlicinato de Ferro 20%
Glyadd® Zn
Glyadd® Cu
Glyadd® Mn
Glyadd® Fe
Glyeggshell
Zn, Mn, Fe e Cu nutriNews Brasil 1º Trimestre 2023 | Tabelas de Produtos Micromineirais 2023
Tabela de produtos MICROMINERAIS 2023
MINTREX® Zn é um mineral orgânico composto por zinco quelatado a HMTBa, formando uma estrutura molecular de 1:2, respectivamente, altamente absorvível no intestino dos animais
MINTREX® Cu é um mineral orgânico composto por cobre quelatado a HMTBa, formando uma estrutura molecular de 1:2, respectivamente, altamente absorvível no intestino dos animais
MINTREX® Mn é um mineral orgânico composto por manganês quelatado a HMTBa, formando uma estrutura molecular de 1:2, respectivamente, altamente absorvível no intestino dos animais
Frangos, Suínos, Bovinos e Aquacultura
Zinco
Cobre
Manganês
TIPO DE FONTE
Orgânico Bi-quelatado de Metionina Hidroxianaloga
NOME DO PRODUTO
MINTREX® Zn
MINTREX® Cu
MINTREX® Mn
Tabela de produtos MICROMINERAIS 2023
INFORMAÇÃO ADICIONAL
Uma linha de produtos ligados a glicina (Glicinatos) que produz um composto único, cristalino polimérico para melhorar a absorção e o desempenho dos animais
ESPÉCIE DESTINADA
MICROMINERAIS
Ferro
Cobre
Zinco
Todas as espécies
Microelemento essencial envolvido no sistema antioxidante do organismo animal. Melhora desempenho produtivo e reprodutivo em condições desafiadoras.
B-Traxim Se é termoestável às condições de processamento das rações.
TIPO DE FONTE
Complexo mineral-glicina
Manganês
Selênio
Complexo mineral-proteina
NOME DO PRODUTO
B-Traxim 2C Fe
B-Traxim 2C Cu
B-Traxim 2C Zn
B-Traxim 2C Mn
B-Traxim Se 11
Tabela de produtos MICROMINERAIS 2023
ESPÉCIE DESTINADA
Aves, suínos, bovinos, equinos, caprinos, ovinos, cães, gatos, peixes e camarões
TIPO DE FONTE
NOME DO PRODUTO
INFORMAÇÃO ADICIONAL YesMinerals Zinco
Sais solúveis de zinco quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos
O YesMinerals Zinco está disponível nas concentrações de 16 e 22% YesMinerals
Zinco
Manganês
Sais solúveis de manganês quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos
O YesMinerals Manganês está disponível nas concentrações de 16 e 22% YesMinerals Cobre
Aves, suínos, equinos, bovinos, caprinos cães, gatos, camarões, peixes
Manganês
Cobre
Sais solúveis de cobre quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos
O YesMinerals Cobre está disponível nas concentrações de 16 e 22% YesMinerals Selênio
Sais solúveis de selênio quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos
O YesMinerals selênio está disponível nas concentrações de 0,1, 0,2 e 0,5% YesMinerals Cromo
O YesMinerals Ferro está disponível nas concentrações de 16 e 22%
Selênio
Aves, suínos, equinos, bovinos, caprinos
Cromo
Sais solúveis de cromo quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos
O YesMinerals Cromo está disponível nas concentrações de 0,1 e 1,0% YesMinerals Ferro
Sais solúveis de ferro quelatados com aminoácidos e pequenos peptídeos
Aves, suínos, bovinos, equinos, caprinos, ovinos, cães, gatos, peixes e camarões nutriNews Brasil 1º Trimestre 2023 | Tabelas de Produtos Micromineirais 2023
M.Sc. Vítor Magalhães de Mendonça C. Miranda¹, Dr. Leandro Dalcin Castilha² 1Doutorando de Zootecnia, Área de Cunicultura, Universidade Estadual de Maringá – UEM 2Docente do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá - UEM
Abananeira (Musa paradisiaca) é uma planta de clima tropical, amplamente distribuída no mundo e apreciada na maioria dos países, não apenas pela polpa da fruta mas também pelos coprodutos (fibras da casca, folhas, biomassa...).
De acordo com a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura)
os quatro maiores produtores de banana do mundo atualmente são: Índia, China, Indonésia e Brasil, sendo que em nosso país o consumo estimado de banana está em torno de 25 kg per capita ao ano.
Considerando que a polpa da fruta é o produto mais nobre e valorizado, direcionado prioritariamente ao consumo humano, os demais resíduos ou coprodutos da bananeira (cascas, folhas, pseudocaule e raízes) acabam representando materiais de descarte, especialmente quando se executa o manejo de desbaste ou eliminação dos rebentos na plantação, mandatório para a produção da próxima safra. O material descartado é frequentemente utilizado com fertilizante orgânico nas propriedades rurais, com baixo valor econômico.
Nesse contexto a Cunicultura, definida como a produção sustentável, racional e econômica de coelhos, destina-se a produção de carne e subprodutos proporcionando baixo investimento e rápido retorno aos produtores. Os coelhos apresentam:
Alta precocidade;
Prolificidade;
Rápido crescimento;
Curtos períodos de gestação e lactação;
Além de não requererem grandes espaços físicos para instalações.
E esses animais apresentam ceco funcional, isso quer dizer que dependem diretamente da fibra para a sua alimentação, necessitando assim na sua dieta de uma fonte fibrosa. As fontes mais utilizadas são os fenos, dando especial enfoque ao feno de gramíneas (ex: tifton, coastcross e capim estrela) e de leguminosas (ex: alfafa), porém isso eleva o custo de produção.
Então tem se buscado novas alternativas na alimentação desses animais para baratear a ração, principalmente os resíduos e subprodutos da indústria que em sua maioria apresentam um alto teor de fibra que o coelho consegue aproveitar.
Dessa forma, a cunicultura poderia absorver parcial ou integralmente os resíduos da bananicultura, haja vista que todos os coprodutos apresentam reduzido teor de amido e elevado aporte de fibra, essencial à nutrição dos coelhos.
Além disso, tanto a folha da bananeira quanto a casca de bananas apresentam compostos bioativos, sobretudo carotenoides e taninos, cujos efeitos extranutricionais incluem melhoria no sistema imunológico, principalmente devido à ação antioxidante, antiinflamatória e antimicrobiana.
Ainda assim, os taninos também são conhecidos por possuírem ações como fatores antinutricionais, por complexarem-se com nutrientes como aminoácidos e minerais, reduzindo sua disponibilidade para absorção intestinal.
Outro ponto de preocupação é justamente o efeito antimicrobiano dos taninos presentes na folha de bananeira e na casca de banana, pois embora possam resultar em resposta terapêutica no organismo animal, também podem alterar o complexo ecossistema que habita o ceco e cólon dos coelhos, induzindo a distúrbios intestinais.
Com o objetivo de elucidar essas dúvidas, uma pesquisa de doutorado está sendo realizada no Centro de Estudos em Coelhos – CECO, pertencente à Universidade Estadual de Maringá – UEM, no Estado do Paraná, por meio do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – PPZ.
Foram obtidas folhas frescas com talos de 20 bananeiras jovens (1 a 3 anos), as quais foram triturados em triturador elétrico de resíduos orgânicos (Trapp®, modelo TR-200), sendo posteriormente distribuídas uniformemente sobre manta de tecido tipo sombrite 80% suspenso em mesa de metal telado, formando uma camada de aproximadamente 2,0 cm.
A fração foliar moída permaneceu dispersa para desidratação durante 10 horas seguidas de sol.
Após a desidratação, o material obtido foi moído em moinho do tipo faca, com peneira dotada de furos de 2,5 mm de diâmetro, que resultaram em diâmetro geométrico médio (DGM) de 1022 µm.
Esse ingrediente foi avaliado em laboratório e também foi incluído em ração para coelhos, com o objetivo de determinar a fração digestível da matéria seca, nutrientes e energia (Figura 1).
Os resultados dessa etapa da pesquisa revelaram que os teores totais de matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente ácido obtidos na folha de bananeira desidratada ao sol foram de 95,41; 12,44 e 50,72%; respectivamente.
Os teores digestíveis desses mesmos nutrientes foram de 23,89; 6,45 e 6,33%. Os teores de energia bruta e energia digestível foram de 4.247 e 1.319 kcal/kg, respectivamente (Figura 2).
Esse conjunto de resultados permite definir esse ingrediente como um alimento fibroso, com baixo aproveitamento em proteína e energia, sendo um potencial substituto a fenos de gramíneas em rações para coelhos.
Após a obtenção dos valores digestíveis de nutrientes, foram formuladas dietas com níveis de até 10% de inclusão de folha de bananeira para avaliação do desempenho produtivo de coelhos em crescimento.
Os resultados demonstraram que o peso vivo foi similar para todos os níveis avaliados (Figura 3), pois não houve diferença estatística. O mesmo ocorreu com o ganho de peso, consumo diário de ração e conversão alimentar (Figura 4).
O uso de um alimento com alto teor de fibra indigestível para coelhos, como nesse caso, é de grande importância pois de modo geral as rações industrializadas no Brasil dependem de poucas opções disponíveis na agroindústria, com variações ao longo do ano em função de oscilações de safras ou da flutuação nos valores de aquisição. As principais fontes empregadas são os fenos de gramíneas ou leguminosas, casca de soja ou de arroz, polpa de beterraba e farelo de trigo.
Feno
Farelo de trigo Casca de arroz Polpa de beterraba
Figura
inicial e peso final de coelhos de corte Nova Zelândia Branco alimentados com rações contendo níveis de até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol, dos 35 aos 85 dias de idade.
Conclui-se que é possível incluir até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol em rações para coelhos de corte da raça Nova Zelândia Branco, sem prejuízos sobre o desempenho produtivo. As próximas etapas dessa pesquisa deverão revelar os efeitos desse ingrediente sobre parâmetros bioquímicos do sangue, características de carcaça, qualidade da carne e características seminais e espermáticas de machos reprodutores.
Avaliação nutricional da folha de bananeira desidratada ao sol para coelhos de corte BAIXAR EM PDF
inclusão de folha de bananeira desidratada na
Figura
de
diário, Consumo diário de ração e Conversão alimentar de coelhos de corte Nova Zelândia Branco alimentados com rações contendo níveis de até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol, dos 35 aos 85 dias de idade.
Autilização de ingredientes de qualidade na formulação de dietas para animais de companhia resulta na sua eficiência em suprir as exigências nutricionais em todas as fases da vida do animal.
Quando falamos em farinhas de peixe, para nutrição animal, um dos principais pontos de qualidade do produto é o cuidado para que não ocorra peroxidação lipídica.
As farinhas de peixe apresentam elevados níveis de ácidos graxos poli-insaturados, maiores cuidados devem ser tomados, por serem mais susceptíveis à contaminação e deterioração através da oxidação. No produto podem-se formar cetonas, aldeídos, entre outros, que caracterizam a rancificação e oxidação desse produto, afetando diretamente sua qualidade e em casos extremos inviabilizando o seu uso ou consumo destes ingredientes (Petenucci et al., 2010; Chambo, 2018).
recorde histórico de 214 milhões de toneladas no ano de 2020. Podemos estimar que cerca de 30% desse percentual representam os resíduos remanescentes da indústria, os quais são destinados à produção de farinha, óleo e silagem de peixe para utilização em inúmeras vertentes, principalmente como matéria-prima na alimentação animal.
O Brasil está entre os países de maior potencial aquícola por ser um país de clima tropical, e apresentar grande abundância de água ideal para o cultivo. Assim, o país se tornou um dos 10 maiores produtores de tilápia no mundo, e em 2021, foram produzidas 534.005 toneladas do peixe no país, tendo a produção de tilápia respondido por 63,5% da produção nacional de peixes de cultivo, sendo o estado do Paraná o grande produtor e o responsável por 182.000 toneladas.
A grande demanda de mercado contribui para o aumento da tilapicultura e isso se deve a características que a espécie possui, destacando-a no mercado, tais como:
Facilidade no cultivo em tanques-rede;
Tecnologias de manejo e reprodução cada vez melhores e mais adequadas;
Precocidade reprodutiva e de abate frente outras espécies;
Boa aceitação pelo consumidor principalmente pelo fato de ter um filé sem a presença de espinhos.
Apesar destas vantagens a tilápia apresenta um baixo rendimento de filé, entre 30 e 40%, e assim sua produção acaba gerando um grande montante de resíduos na filetagem, sendo considerado como um fator indesejável na produção, fazendo com que as indústrias disponham de alternativas para o descarte ou reutilização destes resíduos, que respondem por cerca de 70% da tilápia garantindo assim sua produção. (Vidotti et al., 2011; Souza et al., 2017).
No Brasil, a utilização destes resíduos tem se tornado cada vez mais importante, pois a indústria pesqueira os transforma basicamente em subprodutos como a farinha, o óleo e a silagem de peixe para a alimentação animal, sendo essa uma ótima fonte proteica na ração de peixes e animais pet (Vidotti et al., 2011; FAO, 2014) e a melhor alternativa para diminuir os resíduos que ainda poderiam restar, quando comparados à reutilização na indústria de alimentação humana (Yano et al., 2008).
Os subprodutos da pesca e da aquicultura incluem todas as partes de peixes cultivados e capturados (cabeça, barbatanas, escamas, pele, ossos e vísceras) e mariscos crustáceos (carapax, exoesqueleto, concha, detritos) removidos durante o processamento (filetagem, enlatamento e embalagem).
A farinha de peixe, Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal, é tida como o resultado final da cocção de resíduos da indústria pesqueira a altas temperaturas, cozimento, prensagem e secagem, fim de um produto final seco e sólido (RIISPOA, 1952; Vidotti et al., 2006; Nunes, 2011).
Esses subprodutos são ricos em macro e micronutrientes e seu aproveitamento pode resultar na produção de farinha e óleo de peixe para uso na alimentação animal (Gasco et al., 2020). No caso da tilápia a produção de resíduos após a sua filetagem responde a cerca de 70% do animal.
Obter uma farinha de boa qualidade exige inúmeros processos desde o cozimento até a prensagem e secagem que acarretam em produtos finais de inúmeros tipos e classificações, dependendo de como o processo foi realizado. Basicamente 80% do resíduo após o cozimento é composto por água, ou seja, após o cozimento e prensagem, há um rendimento de aproximadamente 20% de matéria seca e nutrientes em relação ao volume inicial, podendo-se dizer que a cada 100 kg de resíduos, obtém-se 20 kg de farinha (FAO, 2016).
farinha se deve principalmente pela sua composição química, uma vez que estas são altamente proteicas e digestíveis e possuem em sua composição ácidos graxos encontrados em grandes quantidades nos peixes, como é o caso do ácido eicosapentanoico (EPA) e o ácido docosahexanoico (DHA), são palatáveis, além possuírem vitaminas como A e D e minerais como cálcio, fósforo, ferro, zinco, entre outros (Olsen et al., 2012).
carne mecanicamente separada (CMS) de tilápia possuem a mesma linha de processamento das farinhas de peixe convencional e farinhas de carcaça de porém são feitas apenas com os resíduos cárneos remanescentes das carcaças e aparas após a filetagem, tais como tecido muscular e gordura, que podem constituir até 14% do peso do peixe (Costa et al., 2016; ABINPET, 2017). As carcaças são passadas por uma máquina de despolpar onde o restante de músculo preso aos ossos é separado e utilizado como matéria-prima para a preparação das conhecidas farinhas de CMS de peixe.
A palatabilidade é muito importante nas dietas para gatos. Por serem animais seletivos, a combinação entre o odor e o sabor do alimento é também de extrema importância para os gatos, uma vez que, em um teste de palatabilidade com dois alimentos distintos, se o odor de um deles não for atraente o suficiente para sua escolha, eles irão consumir ambas as dietas para decidirem a preferência. (Zaghini et al., 2005; Boom e Frazer, 2010; Koppel, 2014).
O fato da farinha de CMS de peixe apresentar baixos teores de minerais em sua composição faz com que ela possa ser comparada a algumas farinhas calcinadas como as de ossos, ostras e camarão, pois ambas podem ser alternativas para a substituição de macrominerais em altas ou baixas concentrações como o calcário e o fosfato.
Quando comparada com outras duas farinhas de origem animal: uma farinha de vísceras de aves e uma farinha obtida a partir de carcaças de tilápia, a farinha de CMS apresentou os melhores resultados na maioria dos parâmetros avaliados, principalmente pelo alto nível de proteína bruta (PB = 699,0g/kg) (Bronharo et al.) estando também de acordo com Manual Pet Food Brasil - ABINPET (2017), que caracteriza que farinhas de peixe devem conter um mínimo de 620,0g/kg de proteína bruta.
Como vimos, esse tipo de produto ainda é novidade no mercado de alimentos para animais de companhia, portanto há escassez de dados a respeito da sua utilização.
O que se entende é que quando comparada às farinhas de peixe convencional, elas possuem, no geral, maiores teores de proteína bruta e lipídeos (em torno de 70% e 15%, respectivamente) e baixos níveis de minerais (cerca de 4%), fato que a identifica como uma farinha low ash, sendo de grande interesse para
Apesar da farinha de CMS possuir atributos sensoriais e de composição satisfatórios para sua utilização, em sua fabricação o rendimento é baixo em relação às outras farinhas de origem animal, pois ao submeter à carcaça à máquina de despolpar, a quantidade de resíduos cárneos remanescentes é de cerca de 15%, podendo diminuir ainda mais após secagem do CMS em estufa (Vidal et al., 2011; Chambo, 2018).
Deste modo, há necessidade de se avaliar a viabilidade econômica da produção deste resíduo e se sua produção e comercialização são satisfatórias.
análises de matéria mineral que ela pode ser considerada low ash, pois seus teores foram de apenas 53,6g/ e mais baixos do que as demais farinhas, estando este valor dentro dos padrões para farinhas low ash que deve ser de menos de 110,0g/kg (Yamka et al., 2003; Aldrich, 2006; Carciofi, 2008a; Vasconcellos et. al., 2009).
Além disso, de acordo com França et al. (2011), vale ressaltar a necessidade dietética do ácido graxo poliinsaturado araquidônico para gatos, devido a deficiência enzimática nesta espécie. E dentre os ingredientes analisados, a farinha de CMS apresentou maior percentual desse ácido graxo (0,66).
O uso dessas alternativas em formulações de alimentos para gatos domésticos pode ser uma realidade, pois além de sua composição química ser semelhante às farinhas convencionais elas ainda apresentam baixos níveis de minerais quando comparadas às demais matérias-primas utilizadas, o que caracteriza serem boas alternativas em alimentos para essa espécie que, como dito anteriormente, apresenta inúmeras particularidades quanto ao uso de minerais na dieta e a sua preferência alimentar.
Resíduos da produção de tilápias: alternativa sustentável em alimentos para gatos
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o Brasil e no mundo, a aquicultura está em expansão significativa. Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o país terá um aumento de 104% na produção de pescados até 2025.
A melhora do desempenho de espécies de interesse zootécnico mantidas em sistema intensivo está entre os maiores interesses da piscicultura, visto que o sucesso produtivo depende de genética, manejo e nutrição adequados a cada espécie e sistema de cultivo. Diante da demanda atual da piscicultura, torna-se necessária a realização de pesquisas que permitam a administração de dietas cada vez mais completas, eficientes e economicamente viáveis.
A contribuição de aditivos que auxiliem na saúde do metabolismo e promovam um desenvolvimento satisfatório, influenciando no crescimento, produção e reprodução do animal, se torna uma importante ferramenta no cultivo.
A criação de pescados para fins econômicos demanda recursos hídricos para a sua execução, onde os animais aquáticos permanecerão durante todo o período de cultivo. Deste modo, a proliferação de doenças ou qualquer imprecisão no equilíbrio da produção podem acarretar a efeitos adversos no ambiente e, consequentemente, importantes perdas econômicas para o setor.
Nos últimos anos, o uso de antibióticos na aquicultura foi uma das ferramentas escolhida para o controle de doenças e melhor desempenho zootécnico. Porém, o aumento do uso desse tipo de fármaco tem auxiliado na criação de patógenos resistentes aos antimicrobianos mais utilizados.
Além disso, resíduos desses compostos podem permanecem na proteína integrada à carne do peixe, podendo chegar ao consumidor final, bem como, promover desequilíbrio a biota benéfica do meio aquático.
Diante dessas implicações indesejáveis, houve a necessidade de lançar mão da suplementação dietética dos animais abrangendo alimentos probióticos, prebióticos ou mesmo simbióticos, isto é, alimentos que tem capacidade de estimular o sistema imunológico dos animais através do crescimento e nutrição dos microrganismos benéficos ao metabolismo e supressão e inibição do crescimento dos patogênicos, que são os micro-organismos maléficos.
Os peixes são capazes de absorver minerais diretamente da água através de seu sistema branquial e tegumentar, contudo, em sistema de cultivo intensivo onde o animal deve expressar seu máximo desempenho em um curto período de tempo, a forma mais prática de se ofertar qualquer suplementação seria via nutrição, deste modo, suprindo os déficits desses nutrientes.
Produtos contendo associação de minerais e prebióticos em sua composição se tornam boa alternativa para suplementação, pois micro minerais são elementos essenciais na constituição de ossos e tecidos dos seres vivos, além de atuarem na ativação de enzimas que atuam em vários processos bioquímicos, constituindo hormônios, por exemplo.
Embora haja similaridade entre os nomes dos aditivos, suas funções são muito diferentes, tendo total importância no resultado dependendo da escolha de uso do produtor.
Os prebióticos são compostos não digeríveis por enzimas, ácidos e sais produzidos pelo metabolismo, mas sim, especificamente fermentados por microrganismos do trato gastrointestinal.
Ou seja, ele é uma forma de mantença dos microrganismos de interesse. Além disso, também podem atuar como adsorventes, aderindo à micotoxinas presentes no alimento, as levando para fora do trato gastrintestinal antes que sejam absorvidas pelas vilosidades intestinais. Esses compostos podem estar presentes na dieta diretamente ou mesmo serem adicionados de forma suplementar.
Já os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades ajustadas a cada espécie, expressam benefício à saúde do metabolismo dos hospedeiros, pelo fato de melhorar o equilíbrio da microbiota, promovendo assim a melhora de digestibilidade, com o aumento do valor ou aproveitamento nutricional, inclusive a maior expressão de imunidade, que decorre em alta da resposta do organismo sobre a injúria.
Existem ainda combinações sinérgicas entre os compenentes, que são chamados simbióticos: a mistura de prebióticos e probióticos que fornece o benefício de ambos, principalmente em razão dos efeitos sinérgicos entre eles. Este último vem sendo aplicado na aquicultura atrelado a muitos resultados positivos, impactando inclusive, na qualidade de água.
As principais respostas do uso de probióticos e prebióticos na aquicultura são:
A melhoria da saúde geral dos animais de cultivo: os animais respondem melhor quando é oferecido qualquer plus no manejo e alimentação, demonstrando maior vigor;
A manutenção da microbiota benéfica: favorece a sobrevivência e manutenção das bactérias benéficas no trato gastrintestinal, preservando as vilosidades intestinais de possíveis injúrias;
A maior eficiência de conversão alimentar e absorção de nutrientes: com a preservação das vilosidades intestinais, a qualidade nutricional demonstra superioridade, com consequente melhoria no desempenho zootécnico.
Um exemplo de probiótico consagrado na piscicultura é o uso de Bacillus licheniformis e complexos probióticos adicionados, como promotor do estado de saúde e a resistência na criação de tilápias, que apresentaram aumento na altura das vilosidades intestinais, o que aumenta a área de absorção, além de maior área e volume dos núcleos das células do fígado, itens esses que podem ser considerados bons indicadores do estado nutricional dos peixes, pois o fígado é o órgão responsável pelo metabolismo dos nutrientes, sendo o volume de suas células, resposta ao estado de saúde dos peixes, quando encontrado alterações neste órgão, como adaptações, lesão ou morte celular.
Neste caso o uso dos aditivos probióticos e prebióticos contribui para a saúde e bemestar do animal em sistemas com desafios, como por exemplo, as baixas temperaturas em determinados períodos do ano e exposição à patógenos.
É importante destacar que os microrganismos utilizados como probióticos ou prebióticos na aquicultura precisam ser sanitariamente seguros para o animal cultivado, para a água e também para o produtor e para o consumidor. Além da colonização e manutenção no trato digestivo, produzindo efeitos benéficos nos hospedeiros, outras características precisam ser observadas nestes microrganismos, como por exemplo:
ser inócuo à água, aos seres humanos e aos animais;
não possuir genes de resistência a antibióticos e possuir propriedades antimutagênicas e anticancerígenas;
serem capazes de resistir ao processo de produção da ração quando inoculado;
O prebiótico de maior uso em dietas animais é o mananoligossacarídeo (MOS), que é derivado da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae, que junto a outros componentes se mostra favorável à taxa de conversão alimentar e eficiência proteica, contribuindo para o melhor aproveitamento dos nutrientes e resultando no melhor desempenho zootécnico.
apresentar resistência também às enzimas do trato digestório para que chegue ao tecido alvo, que é o epitélio intestinal durabilidade para tempo de armazenamento aceitável e transporte.
O uso de probióticos, prebióticos e simbióticos na aquicultura, como ferramenta de suplementação dietética, ganha cada vez mais importância. A melhor conversão alimentar e ganho de peso dos animais, aliado à redução de frequência de patogenias são fatores cruciais da produção aquícola que beneficiam estes aditivos. Deve-se salientar também que associado a esses fatores supracitados há a preservação do ecossistema em que ocorra a atividade.
Por isso, o uso de probióticos e prebióticos na nutrição de peixes é altamente recomendável, somado a um ótimo manejo e qualidade genética pode, inclusive, resguardar significativamente o uso de antibióticos em longo prazo.
Uso de prebióticos, probióticos e simbióticos como ferramenta nutricional: aditivos bem-vindos a aquicultura
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