TecNews 15/06/2011

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RELAÇÃO ENTRE BARATAS E ALTAS TAXAS DE ASMA EM CRIANÇAS Baratas seriam explicação para variações das taxas Fonte: www.oglobo.com.br

Um grupo de cientistas descobriu que baratas seriam a explicação para as drásticas variações das taxas de asma infantil entre diversos bairros de Nova York. Em alguns lugares, 19% das crianças têm asma, o que equivale a quase uma em cada cinco, enquanto que em outros, a taxa pode ser de apenas 3%. No passado, o trânsito intenso, os incineradores industriais e outras fontes de contaminação do ar foram responsabilizados pelos altos índices em determinados pontos. Mas especialistas da Universidade Columbia descobriram que as crianças que vivem em zonas com taxas altas de asma seriam duas vezes mais propensas a portar no sangue anticorpos contra uma proteína das baratas, um sinal de que foram expostos a esses insetos e que seriam alérgicos a eles. Além disso, na poeira doméstica dos bairros com altas taxas de asma havia maior quantidade de alergênicos produzidos pelas baratas.

Exposição é parte do problema Mais de 200 crianças visitadas O estudo gera mais evidências de que a exposição às baratas é parte do problema - disse o autor da pesquisa, Matthew Perzanowski. - O alergênico das baratas realmente poderia contribuir para as diferenças entre prevalência de asma, inclusive em um ambiente urbano como a cidade de NY. Para a pesquisa, publicada no “Journal of Allergy and Clinical Immunology”, a equipe de Perzanowski visitou as casa de 239 crianças de sete a oito anos, a metade das quais vivia em zonas com taxas elevadas da doença. Mais da metade das crianças já sofria de asma. Durante as visitas, os pesquisadores recolheram poeira das camas das crianças e também retiravam amostras de sangue para buscar anticorpos contra vários alergênicos associados à asma, como proteínas de cachorro, gato, rato, poeira e barata.

Asma e alergia a baratas Proteínas tornam pessoas alérgicas Aproximadamente uma em cada quatro crianças de bairros com taxas elevadas de asma apresentaram reação alérgica a barata, contra uma em cada dez crianças que viviam em áreas onde a asma era menos comum. As baratas liberam proteínas que as pessoas inalam e podem se tornar alérgicas, o que às vezes aumenta as possibilidades de se desenvolver asma, de acordo com Perzanowski.

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As casas das comunidades com alta prevalência de asma também tinham maiores concentrações de alérgico das baratas, assim como também os alérgicos associados a ratos e gatos. Mesmo assim, as crianças alérgicas a baratas e ratos eram mais propensas a ter asma, afirmou Joanne Sordillo, do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, que revisou os resultados da pesquisa. A exposição a alérgicos de ratos e baratas aumentaria o risco de alergia, o que às vezes está relacionado ao desenvolvimento de asma nas crianças - acrescentou a especialista.

FORMIGAS: INOFENSIVAS OU NÃO? Formigas podem provocar doenças As formigas parecem inofensivas, mas os especialistas dizem que, por passarem por muitos lugares, elas podem provocar doenças. O verão é um dos períodos em que esses insetos mais se reproduzem e saem em busca de alimentos. Elas estão por toda parte, no quarto, na sala de TV, na cozinha. As formigas caseiras são consideradas pelos biólogos pragas urbanas. Elas vêm em busca de alimentos e abrigo. O combate logo no início é importante, porque ao contrário do que todos pensam, elas podem trazer muitas doenças. Elas vivem em locais que podem estar contaminados com agentes que trazem doenças como vírus e bactérias. Podem causar alergias, infecções intestinais, e outras doenças. A prevenção deve ser feita no dia a dia. Nunca deixe utensílios sujos na cozinha de um dia para o outro e evite deixar migalhas caídas pela casa. Soluções caseiras, como detergente com água, cravo da índia, folhas de limão dentro do açucareiro, só espantam as formigas. Quando há insetos em grande quantidade, procure uma empresa especializada que use produtos indicados para combater as formigas.

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ESCUDO CONTRA SUPERINFECÇÃO Infecção pelo parasita previne ocorrência de segunda infecção Fonte: www.agencia.fapesp.br

Em áreas endêmicas de malária é comum que as pessoas sejam picadas diversas vezes pelo mosquito que transmite a doença. Mas, graças à restrição de ferro causada no fígado do hospedeiro, a própria infecção pelo parasita da malária previne a ocorrência de uma segunda infecção. A conclusão é de um estudo realizado por um grupo internacional de cientistas, com participação brasileira. Os resultados do trabalho foram publicados em maio na revista Nature Medicine. De acordo com os autores, o estudo poderá ter impacto nas políticas mundiais de saúde que indicam suplementação de ferro para crianças anêmicas. Em áreas endêmicas para malária, a administração de ferro pode ocasionar, segundo o estudo, superinfecções. www.grupoastral.com.br


Mudanças nas políticas sociais de saúde Participação de cientistas de várias partes do mundo O trabalho foi realizado no Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa (Portugal), com participação de cientistas da Universidade de Oxford (Reino Unido). A pesquisa foi coordenada por Maria Mota, diretora da Unidade de Malária do IMM, e teve colaboração de Sabrina Epiphanio, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Epiphanio colaborou com o estudo durante seu pós-doutorado, realizado entre 2005 e 2008 no laboratório de Mota no IMM. A primeira autora do estudo, Silvia Portugal – atualmente pesquisadora do National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, trabalhou por três meses no laboratório de Epiphanio, na Unifesp, como pesquisadora visitante.

Brasil investe em pesquisa sobre malária Estudo aborda fases hepáticas e sanguíneas A cientista brasileira realiza na Unifesp uma pesquisa sobre síndrome respiratória associada à malária, com apoio da FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes. De acordo com Epiphanio, que trabalha há nove anos com temas relacionados à malária, o trabalho publicado pelo grupo internacional é um dos raros que aborda simultaneamente as fases hepática e sanguínea da malária, simulando a situação de uma área endêmica na qual as vítimas podem ser picadas diversas vezes pelos insetos transmissores. “Utilizamos modelos de camundongos infectados pela malária já na fase sanguínea e os infectamos pela segunda vez com a fase hepática. Quando medimos a infecção no fígado dos animais, observamos que a resposta da segunda infecção era muito mais baixa do que a primeira. Isso talvez explique por que nem todos que contraem a doença em áreas endêmicas vão a óbito”, disse à Agência FAPESP.

Superinfecção complica quadro clínico Segunda infecção é mais branda O sistema funciona como um mecanismo de controle. Se a resposta da segunda infecção fosse tão intensa como a primeira, o hospedeiro teria uma superinfecção, desenvolvendo uma forma mais severa da doença, como uma malária cerebral, uma anemia severa, ou uma síndrome respiratória. Nesses casos, o índice de mortalidade é muito mais alto e a reversão do quadro clínico se torna muito difícil. “Nossa primeira suspeita foi que a proteção proporcionada pela segunda infecção estaria relacionada a uma resposta do sistema imune. Mas realizamos uma série de experimentos com insetos deficientes para linfóticos e verificamos que isso não afetava o fenótipo: independentemente da resposta imunológica, o impacto da segunda infecção era sempre menor”, disse a pesquisadora.

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Suplementação de ferro Parasita não consegue se multiplicar Com a hipótese da resposta imunológica descartada, o grupo prosseguiu com os testes e descobriu que a proteção produzida pela segunda infecção estava relacionada ao aumento da hepcidina – um hormônio produzido pelo fígado que se encarrega de redistribuir pelo resto do organismo a quantidade de ferro presente no órgão. “O parasita precisa do ferro para se desenvolver e, com a primeira infecção, retira o ferro da circulação sanguínea, diminuindo também sua abundância no fígado. Na segunda infecção, o fígado tem pouco ferro disponível e o parasita não consegue se multiplicar, evitando a superinfecção”, explicou Sabrina Epiphanio.

Mais concentração de hepcidina Uso de drogas reverte fenótipo O trabalho mostrou que, quanto mais células eram infectadas na circulação, mais aumentava a concentração de hepcidina, que se encarrega de retirar ferro da circulação, tornando as células hepáticas carentes em ferro e impedindo a superinfecção. “Quando utilizamos drogas que bloqueavam a produção da hepcidina – tanto in vivo como in vitro–, o fenótipo era revertido, isto é, os níveis de ferro se mantinham e a segunda infecção se tornava tão severa como a primeira”, disse.

Incidência de superinfecção Impacto nas políticas públicas mundiais A principal contribuição do trabalho, segundo Epiphanio, poderá ser o seu impacto nas políticas públicas mundiais de suplementação de ferro em áreas onde há grande incidência de anemia. Em muitos casos, essas áreas coincidem com as zonas endêmicas de malária. “A administração de ferro em crianças anêmicas nessas regiões pode contribuir para a incidência de superinfecção de malária nas áreas endêmicas. A literatura registra que em Zanzibar, na África, programas de prevenção da anemia que contavam com a suplementação de ferro foram seguidos de aumento dos índices de malária”, disse Epiphanio. O artigo Host-mediated regulation of superinfection in malaria, de Silvia Portugal e outros, podem ser lido por assinantes da Nature Medicine em www.nature.com/nm/ journal/v17/n6/full/nm.2368.html

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