A andarilha das sombras

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Foto: Mikko Auer

Recentemente,

Em Noridium

e nos outros reinos do Norte, cir-

culam rumores de que Astrid, a Bruxa do Gelo, estaria iniciando uma

Ilkka Auer nasceu em Pori, na

Finlândia. Aprendeu a ler com 4 anos de idade e começou a escrever seu primeiro livro – uma história de detetive – com 12 anos. O livro nunca foi concluído, mas isso não o desanimou da carreira de escritor. Formou-se em Marketing e Administração no início da década de 1980, na mesma época em que ingressou no mundo da fantasia, depois de ler os livros de Margaret Weis e de se apaixonar por RPG e por histórias de terror, principalmente sobre zumbis. Fez parte da equipe que criou a primeira revista finlandesa de RPG, a Adventurer. A partir disso, começou e não parou mais de criar cenários, personagens, mundos e histórias nesse universo, inspirado geralmente na mitologia escandinava. Escreveu artigos e histórias curtas antes de publicar, em 2004, o primeiro de quatro volumes da série Terras de Neve e Gelo, que levou três anos para escrever. Diz que, para ele, tudo serve de inspiração, e até em sonhos tem ideias malucas que usa em seus livros e histórias. Atualmente, mora em Helsinque com sua esposa e filha. Veja mais sobre o autor e esta série em www.sysilouhi.com.

jovem bruxa nos segredos sombrios do povo dragão. Os boatos referem-se a Nonna, a adolescente que vem enfrentando uma longa lista de perigos ao lado de seu urso polar de estimação, Fenris. A jovem se vê obrigada a intervir na sangrenta disputa pelo trono de Noridium, e seus dons mágicos serão novamente colocados à prova quando seu caminho cruza com o de Freya, a princesa que está envolvida em um complicado jogo de poder com grandes líderes. Formando uma pequena resistência em meio a uma teia de mentiras, Nonna conhecerá as armadilhas das terras de neve e gelo, um lugar repleto de medos e lendas ancestrais.

Sequência de O clã dos dragões, do autor vencedor do prêmio Kuvastaja de Melhor Livro de Fantasia concedido pela Tolkien Society da Finlândia, A andarilha das sombras é um livro rico em batalhas e fantasia, assim como as lendas escandinavas que o originaram.

Leia antes:

foi trazido ao nosso conhecimento que, bem ao Norte, em Noridium, entre selvagens comedores de humanos, um rumor começou a circular sobre uma criança-bruxa que caminharia protegida por um urso-do-gelo; uma menina que teria parentesco com o clã dos dragões e que possuiria poderes mágicos obscuros e grandiosos. E que a expressão “Bruxa do Gelo” passara a ser usada com frequência. Portanto, os sábios adivinhos de nosso suprassoberano – e me incluo entre eles – acreditam e temem que as profecias de Beda possam, por fim, estar se tornando realidade. O futuro de nosso reino está em minhas mãos, pois o suprassoberano pediu-me que viajasse para o Norte e descobrisse qual é a situação naquela terra maldita e selvagem. Espero que os boatos sejam falsos, pois o medo de encontrar a tal criança-bruxa está me consumindo. Se o rumor for verdadeiro, pode bem ser que eu não regresse dessa viagem. Mas farei tudo o que me for possível realizar por meu reino e por nosso suprassoberano, e me doarei ao máximo para deter a ameaça da bruxa devota do Senhor do Inferno. Que os deuses me ajudem.

ISBN: 978-85-8235-261-8

9 788582 352618

Sibyrht



I L K K A

A U E R

Te r r a s d e n e v e e gelo – vol. 2

Tradução Pasi Loman e Lilia Loman


Copyright © 2006 Ilkka Auer Copyright © 2015 Editora Gutenberg Publicado originalmente por Otava Publishing Company Ltd. com o título em finlandês Varjoissa vaeltaja. Publicado em português por acordo com Otava Group Agency Helsinki e Vikings of Brazil Agência Literária e de Tradução Ltda., São Paulo. Todos os direitos reservados pela Editora Gutenberg. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

publisher

revisão

Alessandra J. Gelman Ruiz

Andresa Vidal Branco

editora

capa

Silvia Tocci Masini

Marina Ávila

assistentes editoriais

diagramação

Felipe Castilho Carol Christo

Christiane Morais

preparação de texto

Geisa Oliveira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Auer, Ilkka A andarilha das sombras / Ilkka Auer ; tradução Pasi Loman e Lilia Loman. -- Belo Horizonte : Editora Gutenberg, 2015. -- (Série Terras de Neve e Gelo ; v. 2) Título original: Varjoissa vaeltaja. ISBN 978-85-8235-261-8 1. Ficção finlandesa I. Título. II. Série. 15-03089

CDD-894.541

Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura finlandesa 894.541

A GUTENBERG É UMA EDITORA DO GRUPO AUTÊNTICA São Paulo Av. Paulista, 2.073, Conjunto Nacional, Horsa I, 23º andar, Conj. 2301 Cerqueira César . 01311-940 . São Paulo . SP Tel.: (55 11) 3034 4468 Televendas: 0800 283 13 22 www.editoragutenberg.com.br

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AGRADECIMENTOS

Agradeço muitíssimo a meus leitores, destacando todos aqueles cujo feedback, recebido de diversas formas, me deu enorme motivação durante a jornada de criação de A andarilha das sombras. Agradecimentos especiais para Anni, Hanna e Ella, pelo incentivo, pela revisão do manuscrito e pelos comentários; para Sini, pelo entusiasmo; e, é claro, para minha professora de finlandês, Ulla. O agradecimento por ter sido a inspiração para Nonna é para Minni. Gostaria de agradecer a Ragnheiður Tryggvadóttir, por ajudar com os nomes e o vocabulário e, mais uma vez, à Anne Luukkanen, por trabalhar com entusiasmo e profissionalismo com o texto. O agradecimento maior vai para Renata e Victoria, pelo encorajamento infinito, pela paciência e por dividir a dor do processo criativo.



Prólogo

“H

oje, dia 8 de setembro de 816, após o fim da Guerra dos Deuses, estou partindo em viagem, cujo retorno é incerto, a despeito de todos os presságios que interpretei. Quando a manhã chegar e o sol iluminar um rochedo no Cabo da Águia, embarcarei no navio dos hiitis para Nimwich e, seguindo os desejos do suprassoberano, de lá continuarei para a obscura Caldia, e para até mais ao norte. O destino da viagem me é de extremo desagrado e eu não colocaria meus pés lá, a não ser que meu Senhor me desse ordens específicas para fazê-lo. Pois sua alma, como a de todos, está acometida por preocupações. O manuscrito mais importante de nosso respeitado historiador, Beda, jaz ao lado do trono do salão ocidental e os eventos daquelas profecias, existentes há séculos, podem estar por se realizar. Isso gela nossos corações. Beda escreveu sua profecia após Gudrun, a Senhora das terras escuras do norte, arquimaga e esposa do dragão-negro Skafloc, ter atravessado a baía congelada da Caldia e atacado Nawyr, no ano de 127. Com ela, trouxe milhares de trolls, gnomos, bestas e outras criaturas trazidas das profundezas do inferno, uma mais horripilante do que a outra. A bruxa teve tempo de destruir toda a costa setentrional e fugir de volta a seu reino gelado, antes que as tropas de nosso governante na época, Deneblain, tivessem tempo de detê-la. Ela também destruiu a casa onde nosso governante nasceu, a Lupistara, deixando uma mensagem para um jovem chamado Beda, que ali estava. Ele deveria encaminhá-la apenas para o suprassoberano, e mais ninguém. Apesar da proibição, o jovem a leu e escreveu sua profecia, que é conhecida por todo o reino e baseada nessa mensagem. Segundo a predição, uma menina nasceria, em algum lugar no distante norte, descendente dos próprios Gudrun e Skafloc, e dos dragões-negros. A menina ganharia poderes com os quais restituiria o antigo poder desses dragões. E, quando nosso poderoso reino menos esperasse, uma Bruxa do Gelo viria novamente para congelar a Baía da Caldia e libertar todos os horrores das terras do norte, flagelando o povo de Nawyr. Nas ruínas de Lupistara, Gudrun jurou a Beda que, a partir desse dia, as chamas sob o reino de Nawyr jamais apagariam e que a neve e o gelo cobririam suas terras verdes. Essa seria a vingança da Bruxa do Gelo para Nawyr por ter seu reino destruído. Recentemente, foi trazido ao nosso conhecimento que, bem ao norte, em Noridium, entre selvagens comedores de humanos, um rumor começou 11


a circular sobre uma criança-bruxa que caminharia protegida por um urso-do-gelo; uma menina que teria parentesco com o clã dos dragões e que possuiria poderes mágicos obscuros e grandiosos. E que a expressão Bruxa do Gelo passara a ser usada, com frequência. Portanto, os sábios adivinhos de nosso suprassoberano – e me incluo entre eles – acreditam e temem que as profecias de Beda possam, por fim, estar se tornando realidade. O futuro de nosso reino está em minhas mãos, pois o suprassoberano pediu-me que viajasse para o norte e descobrisse qual é a situação naquela terra maldita e selvagem. Espero que os boatos sejam falsos, pois o medo de encontrar a tal criança-bruxa está me consumindo. Se o rumor for verdadeiro, pode bem ser que não regresse dessa viagem. Mas farei tudo o que me for possível realizar por meu reino e por nosso suprassoberano, e me doarei ao máximo para deter a ameaça da bruxa devota do Senhor do Inferno. Que os deuses me ajudem. Sibyrht”

Despertares

GRANDE COLUNA Verão de 816

O

s estrondos de distantes trovões podiam ser ouvidos do outro lado da floresta que cercava as montanhas, lembrando a tempestade furiosa que havia ocorrido naquele dia. A chuva, que seguia os raios e os trovões ensurdecedores, deixou para trás feno espalhado e profundas poças de água límpida nos recortes da grama cheia de musgo. O sol escaldante aquecia os penhascos e uma nuvem se formava com o vapor ascendente, espalhando-se em torno da montanha e se misturando com a névoa da noite que subia dos pântanos da floresta. Um pássaro iniciava sua canção noturna e os últimos gafanhotos do verão haviam começado a estridular, quando tudo se calou, de súbito, e um silêncio absoluto caiu sobre a floresta. Nada mais era ouvido e os tentáculos cada vez mais grossos da névoa se moviam de modo fantasmagórico em meio à quietude. As estrelas que haviam iluminado o céu do anoitecer se apagaram quando uma grande sombra deslizou em frente a elas, espalhando o medo. 12


Um enorme dragão-negro sobrevoou o vale. Com suas asas, ele deu vida à névoa que cobria o lugar, fazendo-a subir em redemoinhos inquietos para depois se quebrar no ar que esfriava. O zunido grave das asas de Nereid desapareceu dentro da floresta, enquanto ela a sobrevoava mais uma vez para checar se nenhum perigo espreitava sob as árvores. Nereid mergulhou sobre o vale, desacelerou e pousou no meio de um campo gramado. Seus pés enormes afundaram no musgo ao fechar suas asas. O dragão observou os arredores com seus olhos negros reluzentes e notou alguns rochedos, decorados por humanos com martelos e cinzéis, há mais de dois mil anos. As ruínas das enormes colunas e muros estavam caídas aqui e acolá. O musgo cobria a maior parte delas e de alguns rochedos, e os pedaços de ferro e correntes pendurados em algumas pedras eram apenas resquícios enferrujados de suas glórias passadas. Ao abaixar sua cabeça enorme, porém delicada, Nereid rugiu. Sua idade e o meio milênio de experiência não levaram embora a sensação desagradável que as metamorfoses traziam. Uma sombra indefinida cobriu a forma do dragão-negro e, quando desapareceu, fez despontar uma bela mulher em seu lugar, vestida com uma capa preta. Os cabelos longos e escuros ressaltavam sua pele quase branca. Com passos leves, Nereid atravessou o campo. Em seguida, descansou os pés brevemente sobre uma coluna de pedra antiga, que no passado talvez fizesse parte de algo maior, mas que agora jazia em meio a trepadeiras e feno. Nereid voltou a caminhar com determinação pela estrada rochosa, em direção à luz esmaecida no alto da serra. Ela estava de pé sobre um patamar rachado, bem acima do vale enevoado. Em uma lamparina de ferro a seu lado, uma vela queimava. Nereid levou a mão até a argola enferrujada, presa às grandes portas, seriamente danificadas pelos rochedos com os quais haviam sido cobertas após serem fechadas. No meio delas, resquícios escurecidos do sinete dos deuses da luz, com o qual o espaço fora lacrado, para sempre. Entretanto, a eternidade foi quebrada quando trolls encontraram as ruínas e Nereid não teve certeza sobre quem havia destruído o sinete, pois poucos teriam tamanha força. Ela, decerto, não. Ouviu-se um som profundo quando Nereid bateu a argola contra a porta. Uma trava foi aberta pelo lado de dentro, revelando uma figura de pele escura sob uma luz quente amarela, usando uma armadura de cota de malha desbotada. Com seu grosso cabelo preto preso em dezenas de tranças, a criatura observou Nereid com olhos de um negro intenso. Por trás do troll da montanha, Nereid viu um bando de criaturas semelhantes, com armas cruéis nas mãos. Ao lado do troll, um atro-hiiti, infeliz criatura da montanha, vestido com roupas cinzas, segurava uma mapa rasgado e de aparência antiga. 13


Sem dizer uma palavra, o troll da montanha fez um gesto com a cabeça para Nereid e a deixou prosseguir. Ao entrar, ela notou que o corredor se via em um estado deplorável. As paredes de granito quase pretas, que um dia haviam sido lustrosas, todas rachadas; o chão de pedras de mármore, coberto por pedaços lascados de pedras. Embora houvesse pouca luz, Nereid deduziu que o teto desabara por boa parte do corredor e soterrara pouco menos de todo o saguão do forte-dragão. A porta bateu, fechando-se em suas costas. – Quem quebrou o sinete? – perguntou Nereid. As roupas do atro-hiiti fizeram um ruído quando ele se curvou. – Não sabemos, minha Senhora. O forte foi encontrado há anos, mas apenas no último outono o sinete se quebrou. Fala-se de homens vestidos de preto e de uma grande besta listrada. Por muito tempo, todos foram afugentados de medo. – Leve-me até lá – disse Nereid. Acompanhados por uma dúzia de trolls da montanha, Nereid e o atro-hiitti começaram a andar pelos corredores e salões do forte-dragão destruído em direção à câmara onde estava a razão de sua presença ali. Certa vez, Nereid ouvira falar sobre um viajante sombrio e seus companheiros, igualmente estranhos. Quando Nonna lhe contara sobre o misterioso Sigwulf, que a ajudara no caminho para Unha do Dragão, Nereid imaginou saber de quem falava. Os deuses antigos haviam retornado, assim como a constelação do Grande Dragão, que se iluminara no céu, dera-lhe razão para acreditar. E um dos deuses era Cerbiurus, o pai e governante de todos os dragões-negros. O que Nereid não entendia era a razão pela qual nenhum dos deuses havia se revelado ainda, pois sabia que todos tinham autoridade para levar os dragões a governar os humanos mais uma vez. A única razão que presumia capaz era que os deuses estivessem estudando o mundo que haviam deixado para trás. Quando desapareceram, milhares de anos antes, os humanos eram escravos na nação dos dragões. Depois, tudo mudara. Os dragões haviam perdido seu poder e voltado a ser animais selvagens, caçando nas periferias. E os humanos rastreavam resquícios dos tesouros antigos. O que os antepassados pensariam daquilo, pensou Nereid, ao entrar em um salão enorme, acompanhada pelos trolls da montanha. As várias partes do teto do salão haviam desabado. – Cripta funerária? – suspirou Nereid, balançando a cabeça de horror. – Infelizmente, ela foi destruída por completo. Os vândalos não pouparam esforços – lamentou o atro-hiitti. As estátuas que ornamentaram as paredes por séculos haviam sido derrubadas e despedaçadas, túmulos haviam sido abertos e profanados, as 14


paredes, o teto e o chão estavam plenos de rachaduras. Todo o reino dos dragões havia sido destruído. Seus ancestrais não ficariam felizes de ver aquela cena. Nereid olhou em volta, enquanto os trolls abriam uma porta secreta que fora encontrada em uma parede. Em seguida, eles levantaram suas lamparinas para iluminar a caverna, do outro lado da porta. O mesmo se repetiria em todos os lugares, desejou Nereid. As ruínas de cada raça de dragão seriam escavadas e, nos próximos anos, os dragões-negros, os dragões-do-fogo, os dragões-do-gelo, assim como os que controlavam os mares e as flores, recuperariam seus poderes. Então, uma vez que os deuses antigos chegassem a uma decisão, a raça humana perderia seu poder. Antes disso, haveria muito a ser feito, pensou ela, ao atravessar a porta secreta de uma câmara e se deparar com um jovem dragão-negro que juntava forças ao acordar, após hibernar pelos oitocentos anos anteriores. Seria um intenso trabalho, mas Nonna a ajudaria, assim como a toda família dos dragões-negros.

Criança-bruxa

N

UNHA DO DRAGÃO, NORIDIUM Fim de setembro de 816

onna acordou de sobressalto quando o vento fez bater os pequenos vidros verde-acinzentados das janelas do aposento circular na torre. Ela respirou fundo e esticou as mãos por ter estado sentada por muito tempo em uma só posição, no meio do quarto, com as pernas cruzadas no chão. Não havia quase nada no quarto vazio. Estava sentada em uma velha pele de rena com velas amarelas queimando a seu lado e um velho livro, amarrado com um cordão de couro, em seu colo. Vestia uma túnica azul de lã e seus cabelos estavam soltos, exceto por uma trança. Ela fechou os olhos, apreciando o silêncio e sorrindo, pois sabia que sua irmã estava ali. Erna sentara por um longo período na companhia de Nonna, na forma de um falcão acinzentado e com pintas marrons sobre um suporte de tochas enferrujado. Era a época do ano em que as tempestades de outono começavam. As primeiras rajadas de vento violentas perambulavam com impaciência no exterior do aposento da torre. Elas zuniam no telhado e guinchavam entre as placas grossas de madeiras das paredes. As chamas das velas queimavam e se agitavam, incansáveis, e Nonna sentia o vento frio atravessar sua túnica de lã. 15


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