João Antonio de Paula
• Rosa Luxemburgo • Frida • Eternamente Pagu • A história oficial • Uma cidade sem passado • Lanternas vermelhas • Gabbeth • Tempo de espera • Sofie • A excêntrica família de Antônia • Anahy de las misiones • Hannah e suas irmãs • As horas • Fale com ela • Persona Imagem da capa: “Mulheres de todo o mundo participaram ontem em milhares de atos para
denunciar a violência doméstica, no Dia Internacional contra a Violência de Gênero. (...) Em Santiago de Compostela, como se vê na foto, voluntários cobriram a Plaza del Obradoiro com 8.000 metros de telas tecidas por mulheres”. (Jornal 20 MINUTOS, Barcelona, Espanha, 26 de novembro de 2004, página 01. Foto de Miguel Vidal/Reuters)
Inês Assunção de Castro Teixeira - José de Sousa Miguel Lopes [Orgs.]
Filmes discutidos nesta publicação
A mulher vai ao cinema –
os extremos, estão longe de esgotar tudo o que o ser humano é capaz, que ainda falta à humanidade, plenamente, tanto a liberdade quanto a solidariedade, a alegria e o prazer. As mulheres parecem mais capazes de entender e viver isso. A mulher vai ao cinema, e então o mundo revela-se na rebeldia e na primavera, mas também no cotidiano miúdo e calado, que também eles estão presentes no profuso das cores da trama de que somos feitos. Há mesmo que reconhecer em nós, no mundo, o insondável, aqueles abismos impenetráveis que as “personas” criadas por Ingmar Bergman fazem vislumbrar em sua angústia e dilaceramento. A todos esses sentimentos, a todos esses mundos a mulher no cinema suscita, inventa, sublinha, fazendo do corpo, da fala, da imagem feminina a linguagem do decisivo do projeto humano. A mulher vai ao cinema, e o cinema se realiza como inventário dos sentimentos humanos surpreendidos na gama de suas diversas colorações. Mas o cinema não é só o registro dos sentimentos, sendo também expressão da cultura, instrumento pedagógico e político, memória e projeto. No livro que se vai ler, estão materializadas algumas das possibilidades que o cinema abre para a reflexão sobre questões decisivas do nosso tempo. A mulher vai ao cinema é um testemunho tanto da riqueza do cinema como veículo que solicita a mobilização da consciência crítica quanto da vitalidade de nossa vida intelectual malgré tout.
A mulher vai ao cinema Inês Assunção de Castro Teixeira José de Sousa Miguel Lopes [organizadores]
ISBN 978-85-7526-164-4
www.autenticaeditora.com.br 0800 2831322
9 788575 261644
É o caso de alterar o título daquele filme de Domingos de Oliveira, de 1967. Todas as Mulheres do Mundo. No livro que se vai ler, temos um registro parcial de que, na verdade, há que se falar em “todos os mundos das mulheres”, que elas são várias e criam mundos vastos e diversos: de Rosa, a vermelha, à Virgínia, a que tem a cor do tempo; da “maternidade socializada” das mães da Praça de Maio ao corpo enciclopédico de Frida... A mulher no cinema, a imagem da mulher transformada em luz e movimento amplifica nossa percepção do mundo. Nunca o sublime e a paixão, a dor e o sofrimento se fizeram tão vivos quanto nas mulheres que o cinema eternizou – no irremediável do destino injusto que se vê no rosto de Falconetti, no filme de Carl Dreyer, O Martírio de Joana D´Arc, de 1928; no desespero abissal daquela mãe que grita a dor irreparável da morte de seu filho em Couraçado Potenkin, de Einsenstein, de 1925; no absoluto da paixão, que preenche a tela e o mundo, que se desprende do rosto inigualável de Louise Brooks, em Lulu, Pabst, de 1928. Mas não só de desespero e dor é feita a imagem da mulher no cinema, pois se há o trágico e o lunar, o cinema também surpreendeu a mulher como promessa de felicidade. Lady Macbeth, de Shakespeare, e A Mãe, de Gorki, não são os extremos de uma escala moral; são apenas mulheres que fizeram escolhas, como Ana Karênina e Santa Teresa de Ávila também o fizeram, escolhas que, mesmo que bordejando