ISBN 978-85-7526-351-8
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A síndrome do medo contemporâneo e a violência na escola Cultura, Mídia e Escola
A síndrome do medo contemporâneo e a violência na escola
Luiz Alberto Oliveira Gonçalves é doutor em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales. Professor associado da FaE/UFMG e membro do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais (GAME) da mesma instituição. Sandra Pereira Tosta é doutora em Antropologia Social pela USP, professora da PUC Minas e coordenadora do Grupo de Pesquisa Educação e Culturas da mesma instituição (EDUC).
Não é de hoje que a violência urbana e a falta de segurança, principalmente nas grandes cidades, preocupam a população. Mas o que dizer quando a violência chega também às escolas de forma explícita e terrivelmente ameaçadora, pondo em risco a integridade física e psicológica de todos que nela estão e colocando em xeque as finalidades e atribuições que justificam sua existência? Como estão a auto-estima e a motivação dos diferentes sujeitos escolares para cumprir seus papéis e levar adiante a missão da escola de promover cidadania e formar cidadãos comprometidos socialmente? Como pode a instituição sobreviver a esse estado que deteriora suas relações internas e externas? Essas são algumas das questões que permeiam a discussão proposta neste livro, enriquecida pelo trabalho de campo realizado pelos autores, o que permitiu a eles enxergar de perto a face dessa violência, que adentrou os portões da escola e vem transformando-a em um espaço marcado pela desordem e pela agressividade – reflexos do que acontece na sociedade contemporânea –, refém do medo e vitimizada pela impunidade, pelas drogas e pela violência gratuita.
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violência é percebida pelos atores de uma escola de periferia cercada pelo tráfico de drogas. Além disso, o livro traz uma contribuição muito importante para o entendimento de como os adolescentes entram na carreira do crime – já que eles não nascem criminosos – e uma leitura instigante de filmes que abordam a violência na perspectiva da teoria crítica e da psicanálise. Todas essas experiências são mostradas neste livro, que possibilita ao leitor um mergulho na dinâmica social da escola, que representa a realidade de várias outras instituições. Voltado não só para os envolvidos com Educação, este livro é leitura necessária a autoridades, gestores e, também, à população em geral, a principal prejudicada e protagonista da síndrome do medo contemporâneo.
Luiz Alberto Oliveira Gonçalves Sandra Pereira Tosta (Orgs.)
O medo está cada vez mais presente na vida das pessoas. A falta de segurança pública, a impunidade e a ocorrência de casos de violência cada vez mais cruéis contribuem para que a sociedade viva a síndrome do medo. Porém, o que surpreende é a reprodução dessa violência no interior da escola, os modos como ela ocorre, a naturalidade com que os adolescentes, e até mesmo as crianças, se envolvem em práticas violentas e a forma com que esses acontecimentos passam a fazer parte da rotina do ambiente escolar. Mundial, o fenômeno da violência escolar passa a ter no Brasil suas representações específicas, frutos da história e do arranjo social do País, fortemente marcado pela desigualdade social, pela corrupção política e pela insuficiente atenção à educação e aos espaços educacionais. A escola, como ponto de convergência da representação de todas as camadas sociais, se torna cenário comum de casos explícitos de violência e desrespeito à integridade física e psicológica do outro. Para enxergar de perto essa realidade, os autores deste livro fizeram estudos em escolas abordando as diversas facetas da violência em ambiente escolar, como a indisciplina, a "zoação", o medo e a agressividade na educação infantil, e como a
A síndrome do medo contemporâneo e a violência na escola Luiz Alberto Oliveira Gonçalves Sandra Pereira Tosta (ORGANIZADORES)
Copyright © 2008 by Os autores COORDENADORA DA COLEÇÃO
Sandra Pereira Tosta CONSELHO EDITORIAL
Marco Antônio Dias – Universidade Livre das Nações Unidas; Tatiana Merlo Flores – Instituto de Investigación de Medias e Universidade de Buenos Ayres; Paula Monteiro – USP; Graciela Batallán – Universidade de Buenos Ayres; Mírian Goldemberg – UFRJ; Neusa Maria Mendes de Gusmão – Unicamp; Márcio Serelle – PUC Minas; Angela Xavier de Brito – Université René Descartes-Paris V; José Marques de Melo – USP e Cátedra UNESCO/Metodista de Comunicação; Joan Ferrés i Prates – Universidad Pompeu Fabra-Barcelona CAPA
Patrícia De Michelis EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Conrado Esteves REVISÃO
Aiko Mine Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica sem a autorização prévia da editora.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) A síndrome do medo contemporâneo e a violência na escola / Luiz Alberto Oliveira Gonçalves, Sandra Pereira Tosta (organizadores). – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2008. (Coleção Cultura, Mídia e Escola / coordenadora Sandra Pereira Tosta) Bibliografia. ISBN 978-85-7526-351-8 1. Educação de crianças 2. Violência - Aspectos sociais 3. Violência nas escolas I. Gonçalves, Luiz Alberto Oliveira. II Tosta, Sandra Pereira. III. Série. 08-08632
CDD-306.43
Índices para catálogo sistemático: 1. Violência e educação: sociologia educacional 306.43 2. Educação e violência: sociologia educacional 306.43
Sumário
APRESENTAÇÃO.......................................................... Luiz Alberto Oliveira Gonçalves e Sandra Pereira Tosta
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INDISCIPLINA OU VIOLÊNCIA NA ESCOLA? UMA DISTINÇÃO POSSÍVEL E NECESSÁRIA..................... 15 Luciano Campos da Silva e Maria Alice Nogueira AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.... 63 Iza Rodrigues da Luz e Luiz Alberto Oliveira Gonlçalves PENSAR A CONSTITUIÇÃO DA CARREIRA CRIMINOSA. UM DIÁLOGO ENTRE A SOCIOLOGIA E A EDUCAÇÃO..... 103 Almir de Oliveira Júnior ZOAÇÃO E PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO JUVENIL...... 121 Paulo Henrique Nogueira e Luiz Alberto Oliveira Gonlçalves VIOLÊNCIA ESCOLAR: PERCEPÇÃO E REPERCUSSÃO NO COTIDIANO DA ESCOLA.................. 153
Célia Auxiliadora dos Santos Marra e Sandra Pereira Tosta “COMPLEXO DE EMÍLIO”. DA VIOLÊNCIA NA ESCOLA À SÍNDROME DO MEDO CONTEMPORÂNEO.................... 191 Gilmar Rocha
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COLEÇÃO CULTURA, MÍDIA E ESCOLA
LARANJA MECÂNICA, DOGVILLE E CIDADE DE DEUS................... 221 Verlaine Freitas CINEMA
OS
E VIOLÊNCIA: UMA ANÁLISE DE
AUTORES..............................................................
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ABRINDO AS CORTINAS – JUVENTUDES E O ESTADO DA ARTE SOBRE OS ESTUDOS DE JOVENS NO BRASIL
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Apresentação
O debate sobre violência e violência na escola é por demais importante na atualidade, seja em razão dos índices alarmantes que denunciam o crescimento dos atos violentos acometidos ou que acometem as mais diversas camadas da população, em nível mundial, seja em razão da perplexidade que acomete estudiosos do fenômeno. Esse cenário extremamente complexo, que emoldura a violência nas mais variadas formas produzindo medos e pavores sobre como ela vem acontecendo, corrói explicações até pouco tempo satisfatórias para o fenômeno. Explicações que, muitas vezes, orientaram a formulação de políticas públicas de segurança que hoje pouco servem ou se mostram ineficazes. Associada a isso, uma certa “estetização” do crime e da transgressão, criadas e publicizadas pela mídia, pouco ajudam na compreensão para o esclarecimento da população acerca dessa realidade. Essas já seriam razões suficientes para entrarmos nesse debate com a finalidade de oferecermos reflexões diferenciadas e reanguladas sobre a violência, bem como contribuir na busca de alternativas de solução.
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Contudo, muitas foram as questões que motivaram os artigos que compõem a presente coletânea, o que resultou em diferentes análises acerca de uma variedade de situações e eventos que ocorrem, simultaneamente, no interior das instituições escolares e da sociedade contemporânea, envolvendo os segmentos juvenis e outros. Tais ocorrências nos provocam, exigindo de nós (pais, educadores, pesquisadores e gestores públicos) uma atenção mais cuidadosa e apurada para com as transformações pelas quais passa o mundo em que vivemos. Alguns dos temas que serão abordados no presente livro, que integra a coleção “Cultura, Mídia e Escola”, são velhos conhecidos, sobretudo, daqueles que se ocupam da educação das novas gerações. Por exemplo, quem não se inquieta com a indisciplina escolar? Basta conversar com os corpos docentes, sejam estes de escolas públicas ou privadas, e logo a questão é posta na roda de discussão. Há quem diga que, hoje, é praticamente impossível exercer a função docente face à perda de respeito dos alunos em relação a seus mestres. Ora se atribui a pouca disciplina à falta de interesse do aluno, ora a pouca atenção dos pais ao exigir o cumprimento das regras sociais, ora à crise da autoridade professoral, cada vez mais contestada ante os novos meios de difusão de informação e de conhecimento. Mas a indisciplina, como se verá, é um fenômeno que está na origem da escola do mundo moderno. Sua existência sempre foi um desafio para as instituições controladoras, ou seja, estas nunca conseguiram tornar completamente os “corpos dóceis”. Mas por que será que esse movimento dos estudantes na contramão do controle social tem produzido tanto desânimo para o corpo docente? No artigo “Indisciplina ou violência na escola? Uma distinção possível e necessária”,
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os autores Luciano Campos da Silva e Maria Alice Nogueira destrincham o significado de cada termo e explicitam a implicação de cada um deles no processo educacional. Inicialmente, destacam o tratamento dos termos na literatura específica, em seguida, consideram como são definidos por professores com base em suas experiências, produzindo, assim, um contraponto importante para se pensar na polissemia semântica do termo indisciplina, e por fim detalham em minúcias o que caracteriza um comportamento indisciplinado e uma conduta violenta. Outros dois temas, também nossos velhos conhecidos, são os seguintes: o primeiro se refere à agressividade na infância, muitas vezes incompreendida, talvez em função de uma dada imagem que o mundo ocidental difundiu sobre a criança, principalmente no século XX, ou mesmo de uma visão acanhada que não vê a agressividade como um componente importante na constituição do sujeito humano. De uma certa forma, o artigo aqui apresentado, “Agressividade e Violência na Educação Infantil”, de Iza Rodrigues da Luz e Luiz Alberto Oliveira Gonçalves, buscará esclarecer pontos de vistas, tanto da psicanálise quanto da sociologia, que colocam o tema da agressividade em uma perspectiva educacional, tendo como foco crianças atendidas em creches. O outro tema é o da criminalidade juvenil que, cada vez mais, tem assombrado as sociedades contemporâneas, dada a profusão de imagens e situações críticas divulgadas pela mídia, sobretudo, pelo telejornalismo, tendo os jovens no centro de atos criminosos. O artigo “Pensar a Constituição da Carreira Criminosa. Um diálogo entre a sociologia e a educação”, de Almir de Oliveira Júnior, retoma um debate importante sobre a “produção da criminalidade” entre os jovens, que
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estava, de certa forma, esquecido e que não tem sido considerado suficientemente pelos educadores. Mostra, por meio de algumas teorias sociológicas, que a entrada no mundo do crime exige um tipo de “aprendizado”, ou seja, ninguém nasce criminoso, mas chega-se aí por meio de um processo que se constitui como uma carreira na qual os indivíduos vão sendo introduzidos aos poucos. No conjunto da coletânea há temas mais recentes que, na maioria das vezes, coexistem em um mesmo contexto social, confundindo-se e produzindo incompreensões. Um deles é o que, no vocabulário de grande parte de nossos jovens, chama-se de “zoação” – formas de manifestações juvenis que visam, na maioria das vezes, descontrair o ambiente, introduzindo uma lógica que contraria a lógica normativa estabelecida. Porém, tal tema não é entendido dessa forma por todos, o que acaba gerando conflitos, sobretudo, entre alunos e professores. Desse modo, o artigo intitulado “Zoação e Processos de Escolarização Juvenil”, de Luiz Alberto de Oliveira Gonçalves e Paulo Henrique Queiroz Nogueira,, analisa cenas escolares, mostrando o quanto essa prática constrói níveis importantíssimos de sociabilidade dos alunos entre si e conserva a ambigüidade entre identidade discente e identidade juvenil. Na primeira, encontra-se a incorporação das regras escolares propriamente ditas, e na segunda situam-se elementos que contradizem essas regras preservando a liberdade juvenil. A zoação, se percebida como algo pró-ativo, poderia ajudar na construção de uma escola liberada de formas instituídas e persistentemente velhas. No artigo “Violência escolar: percepção e repercussão no cotidiano da escola”, as autoras, Célia Auxiliadora dos Santos Marra e Sandra de F. Pereira Tosta mergulham no cotidiano de uma escola pública e revelam os significados
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atribuídos a múltiplas situações de violência presentes no seu interior, que vão desde a “sistemática falta às aulas” por parte de professores até a chegada “de projetos de ajuda” na escola, sem que sua comunidade sequer saiba ou tenha participado desta decisão . E o terceiro, “‘Complexo de Emílio’. Da Violência na Escola à Síndrome do Medo Contemporâneo”, de autoria de Gilmar Rocha, como o próprio título já indica, analisa como a violência vincula-se ao medo que tem contaminado as experiências pessoais, aumentando a insegurança, gerando pânico, produzindo uma espécie de desorientação coletiva. Examinando cada um desses artigos, pode-se ver que, na base da ação e reação das pessoas frente à indisciplina, à agressividade, à criminalidade juvenil e à violência em meio escolar, o medo predomina. Real ou imaginário, é esse sentimento poderoso que tem imobilizado os atores em questão. Simples indisciplina ou zoação, ausência do professor, falta de verbas para a merenda são freqüentemente vistas como violência. Muitas vezes aciona-se a polícia nas escolas para resolver questões que, outrora, eram solucionadas na orientação educacional. Diálogos com pais ou com docentes são entrecortados por falas que expressam total temor e impotência ante o que assistem no cotidiano e, principalmente, no contexto escolar. Neste livro trazemos, ainda, uma contribuição original e instigante que permitirá ao leitor ampliar em muito o desafio que é compreender a violência na sociedade contemporânea. É o artigo de Verlaine Freitas, “Cinema e violência - Uma análise de Laranja mecânica, Dogville e Cidade de Deus”, no qual o autor problematiza as teses de um dos principais filósofos da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno, sobre os meios de comunicação de massa e seus efeitos
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sociais. Buscando argumentos na psicanálise e na construção da subjetividade, Freitas mostra como a cultura de massa deve ser analisada criticamente, para demonstrar o quanto ela se serve da violência e a dissemina, e como pode servir de objeto de reflexão enriquecedora sobre a relação mídia, violência e sociedade. Para isso ele analisa três produtos da indústria cultural, os filmes: Laranja mecânica, Dogville e Cidade de Deus. Na realidade, o conjunto da obra nos mostra que, sobre a situação de violência que vivenciamos, o que se tem são sinais e sintomas de algo que nos paralisa, como diria o clássico psicanalista cubano, Emilio Mira Y Lopes (1949/1956), ao falar desse “gigante da alma”, o mais arcaico dos sentimentos que, para existir, segundo ele, “é preciso que haja um impulso primário atiçado por ameaças externas”. O fato é que, quem quer que hoje, trate com os temas propostos nesta coletânea, tem de lidar, queira ou não, com a questão do medo, ou mais precisamente, tem de “lutar contra ele”. Que ninguém se engane, pois, “já vai longe”, diria Mira Y Lopes, “o tempo em que muitos ingênuos acreditavam que o medo era ‘saudável’, pois representava um dispositivo do chamado ‘instinto de conservação’, que nos salvaguardava, prevenindo-nos contra os perigos e afastando-nos deles” (MIRA Y LOPES, 1956, p. 95). Na atualidade, como assinala o antropólogo, Gilmar Rocha, em seu referido artigo nesta coletânea, a síndrome do medo contemporâneo tem dimensões globais, ou seja, está associado aos efeitos da “globalização negativa”, como enfatiza Zigmunt Bauman (2007). Nessa conjuntura, a violência em meio escolar descontrola e desorienta quando se sabe que ela pode estar associada ao crime organizado, ao envolvimento com tráfico de drogas que estende seus tentáculos sobre nossos alunos, em todas as faixas etárias, coopta-os
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e submete-os as suas hierarquias (CASTELLS, 1999). Em outros termos, a luta contra a síndrome do medo contemporâneo terá de ser uma luta global. Foi assim que se imaginou o corpo da presente obra. Da síndrome do medo contemporâneo, passamos por temas cruciais como nossa relação com a cultura da mídia e com a violência em meio escolar. Resta-nos, então, desejar a todos uma excelente leitura, na expectativa de que, ainda que pequena, tenhamos contribuído para o debate (e a busca de alternativas de solução) sobre o fenômeno da violência que nos cerca e envolve a cada dia. Luiz Alberto Oliveira Gonçalves Sandra Pereira Tosta (ORGANIZADORES)
Referências BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. CASTELLS, M. Fim de milênio. São Paulo: Paz e Terra, 1999. MIRA Y LOPES, E. Quatro gigantes da alma: o medo, a ira, o amor, o dever. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.
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