Coleção “Educação: Experiência e Sentido” Coordenadores: Jorge Larrosa e Walter Kohan
Mas outro mérito deste livro escrito por um respeitado pesquisador na área da educação reside no fato de que, em vez de “aplicar” essa noção ao seu campo de atuação maior, ele se preocupa em dar ao leitor os instrumentos para que tal ponte possa ser construída coletivamente, tendo em conta a singularidade do campo e as mediações que se impõem. Aqui, o pesquisador e o educador dão-se as mãos, na contramão do que se costuma fazer no meio acadêmico. Não se trata de trazer uma “novidade” ao mercado das ideias, muito menos de irrigar o circuito da educação com um novo “produto” conceitual, porém de fornecer a perspectiva, tanto arqueológica quanto genealógica, para que o campo da educação possa repensar-se a partir da nova relação instaurada entre os poderes e a “vida”.
“Deixando de lado os esquematismos e reducionismos que infelizmente povoam boa parte da bibliografia brasileira no campo da educação, Sylvio Gadelha nos oferece outras maneiras de olhar e de problematizar o tempo presente. No fundo, o que ele faz é uma crítica radical justamente no ponto em que a biopolítica se articula com a educação. Também por isso, tenho certeza de que a leitura atenta deste livro muito contribuirá para o refinamento e o aprofundamento daquilo que, a uma primeira vista, pode nos parecer trivial.”
Escrito com clareza e precisão, sem hermetismos nem simplificações, este livro, ao resgatar o sentido e a força da noção estudada, consegue tocar aquilo que interessa a todos e cada um, no contexto (bio)político contemporâneo, para além do âmbito da filosofia ou da própria educação.
Alfredo Veiga-Neto
www.autenticaeditora.com.br 0800 2831322 ISBN 978-85-7526-414-0
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Biopolítica, governamentalidade e educação – Sylvio Gadelha
controle, e não mais apenas disciplinar. Ora, este estudo tem o mérito de resgatar assim o gume da noção de biopolítica, evitando que ela vire fácil moeda de troca, apenas sobreposta a uma ideia já caduca de poder (jurídico-política). Sabemos quão frequente é tal cacoete, sobretudo nas polêmicas jornalísticas, nas quais justamente se dilui sua imensa novidade e fecundidade.
Sylvio Gadelha
Biopolítica,
governamentalidade e educação
Introdução e conexões, a partir de Michel Foucault
Há alguns anos circula entre nós um novo vocábulo: “biopolítica”. Lançado há décadas por Michel Foucault, demorou para que mesmo na França seu sentido se precisasse, ou até que sua necessidade se esclarecesse. Afinal, já não tínhamos suas análises do poder tão agudas, que renovaram inteiramente o pensamento político contemporâneo, com as noções de disciplina, dispositivo, poder pastoral, microfísica do poder? Quando isso tudo parecia já assimilado e virava ferramenta na leitura e nas intervenções em campos diversos, como a saúde mental ou coletiva, o sistema carcerário, a educação, as minorias e os movimentos políticos, esse novo termo, “biopolítica”, começou a despontar com seu enigma e sua sedução. Na última década, sua utilização por pensadores saídos da autonomia italiana, como Toni Negri, o difundiu crescentemente, porém também confundiu sua recepção, já que ampliava em demasia seu alcance original e seu sentido. Enfim, tudo isso para dizer que um livro como o que o leitor tem agora em mãos é mais do que bem-vindo – ele responde a uma necessidade, para não dizer uma urgência, tanto teórica como política. Sylvio Gadelha nos oferece aqui, de maneira introdutória, uma gênese precisa da noção de biopolítica na obra de Foucault, acompanhando o contexto em que surge, como se associa às pesquisas sobre a governamentalidade e quais deslocamentos provoca no pensamento do autor sobre o poder. Com isso, permite reavaliar as tecnologias de poder numa sociedade dita de
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