Do sublime ao trágico

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FILŌESTÉTICA

OS TRADUTORES:

Pedro Süssekind é professor no Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atua na área de Estética e Filosofia da Arte. Traduziu, entre outros, os livros Escritos sobre literatura, de Goethe, e Ensaio sobre o trágico, de Szondi. Publicou o livro Shakespeare, o gênio original (2008). Vladimir Vieira é professor no Departamento de Filosofia da UFF. Atua nas áreas de Estética e Filosofia Moderna. Publicou diversos artigos e capítulos de livros sobre autores, tais como Nietzsche, Schopenhauer, Kant e Schiller.

FRIEDRICH SCHILLER Do sublime ao trágico

FRIEDRICH SCHILLER (1759-1805) foi um dramaturgo, poeta e filósofo alemão. Juntamente com Goethe, é considerado um dos representantes mais célebres do movimento conhecido como Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), que serviu como uma espécie de contraponto ao tipo de racionalismo promovido pelo Iluminismo. Entre suas obras mais conhecidas, figuram A educação estética do homem e Poesia ingênua e sentimental.

“É nesta situação que se encontra o homem. Cercado de incontáveis forças, todas superiores a ele, todas capazes de dominá-lo, ele reivindica, por meio de sua natureza, não sofrer violência alguma. É verdade que ele aumenta artificialmente suas forças naturais por meio de seu entendimento, e até certo ponto realmente consegue tornar-se fisicamente senhor de tudo o que é físico. Diz o ditado: contra tudo há remédio, menos contra a morte. Mas essa única exceção, se é mesmo uma exceção em sentido rigoroso, anularia todo o conceito do ser humano. Se houver um único caso em que ele simplesmente é obrigado a algo que não quer, nunca mais poderá ser compreendido como o ser que quer. Esse terrível fato de ser obrigado e não querer o acompanhará como um fantasma e fará dele, como é realmente o caso para a maioria dos homens, uma presa dos terrores obscuros da fantasia; sua celebrada liberdade não é absolutamente nada, caso ele esteja preso mesmo que em um único ponto. A cultura deve pôr o homem em liberdade e auxiliá-lo a preencher por completo o seu conceito.”

FRIEDRICH

SCHILLER Do sublime ao trágico

ISBN: 978-85-8217-978-9

9 788582 179789

www.autenticaeditora.com.br

Tradução Pedro Süssekind, Vladimir Vieira

Nas últimas décadas, a quantidade de publicações dedicadas ao debate sobre o sublime demonstra o interesse que o assunto tem despertado, tanto nos críticos de arte e teóricos da literatura quanto nos artistas, filósofos e historiadores da cultura. Uma das principais referências nesse debate é, sem sombra de dúvida, Schiller. As contribuições de Schiller para a estética datam da década de 1790, e foram veiculadas em dois periódicos que organizou nessa época, Neue Thalia e Die Horen. O tema do sublime – ao lado do belo, uma das principais categorias mobilizadas pela tradição moderna com vistas a explicar os fenômenos estéticos – ocupava uma posição central naqueles estudos. Ao discutir o sublime, Schiller buscava uma ferramenta que esclarecesse os princípios constitutivos da experiência trágica, não só para compreender melhor os objetos da estética, mas também para construir fundamentos conceituais mais sólidos para a sua própria produção dramatúrgica. A teoria schilleriana do sublime pode ser avaliada como um ponto culminante no desenvolvimento do tema em função de avanços decisivos em relação às concepções modernas, ligados a uma transposição do sublime da natureza para a arte. A partir desses avanços, quando se considera o desdobramento contemporâneo da discussão, Schiller pode ser avaliado também como ponto de partida, ou como primeira proposta do tipo de reflexão que enxerga na noção de sublime uma chave para compreender a criação artística na atualidade.


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