Copyright © 2023 Fernanda Baukat e José Aguiar
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editor responsável
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revisão
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letreiramento
Aline G. S. Scheffler
José Aguiar
projeto gráfico
Aline G. S. Scheffler
Guilherme Fagundes
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Baukat, Fernanda
Debaixo d'água / Fernanda Baukat, José Aguiar. -- 1. ed. -- São Paulo : Nemo, 2024.
ISBN 978-85-8286-606-1
1. Histórias em quadrinhos I. Aguiar, José. II. Título. 24-198479
Índices para catálogo sistemático:
1. Histórias em quadrinhos 741.5
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Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129Dedicamos este livro às nossas mães e a todas as mães, de todos os tempos e lugares.
Agradecemos a todas as pessoas que tornaram este projeto possível, principalmente à Fundação Cultural de Curitiba; à Celepar e à Divesa, pelo incentivo; ao Fulvio Pacheco, pelo apoio.
À nossa equipe maravilhosa, por seu trabalho incansável e impecável: Aline Scheffler, Sabrina Lopes, Malu Moreira e Carol Roehrig.
À nossa família e aos amigos, pela compreensão de que um projeto dessa dimensão demanda menos tempo de convivência: Tere, Marlene, Ismael, Joaquim, Claudia, Jasmine, Zdi, Kelley, Helena, Hallana e Max.
A todas as pessoas que nos inspiraram com a matéria viva da qual é feita este livro: Maria Juracy Aires, nossa amada doula; Aline, Ismael e Joaquim; Claudia, Jasmine e Malu; Mariana, Felipe e Tito; Bruna, Sylvain e Valentin; Ana Paula, Guilherme e Benjamin; Carlos, Ingret e Eduardo; Isabella, Raphael e Ana Clara; Mabel, Adriano e Levi.
A Arnaldo Antunes, pela trilha sonora que nos inspirou nessa jornada.
Aos nossos filhos, Heitor e Violeta, por tudo.
Este livro é uma conversa entre nós em diferentes épocas. Foi sendo construído primeiramente a quatro, depois mais quatro mãos, que chegaram e nos trouxeram toda essa bagagem que nos permite estar aqui hoje, com tantos sentimentos, mas também com tantas reflexões sobre tudo o que aconteceu e ainda ressoa em nós. Ele é o diálogo entre nossas versões mais jovens e inexperientes e as mais recentes, quinze anos depois. (Ainda e sempre inexperientes para o que ainda virá, logicamente.) É o ressoar daquelas vozes desde 2009, quando nos confrontamos com nossos primeiros sonhos e primeiras vivências, primeiros esboços de roteiros, primeiros desenhos.
E este novo filho, em forma de papel, nos trouxe um desafio enorme. Mesmo sendo uma história tão íntima, não queremos falar só de nós. Muitas vezes nos questionamos sobre nossos privilégios. O primeiro foi poder ter contato com outras experiências. Isso nos obrigou a sair da zona de conforto, fugir do padrão e do que seria mais prático. Tudo isso porque eu, como mulher, me questionei o porquê de não ser respeitada no momento mais íntimo e mais confuso da minha vida. Pois é o momento em que confrontamos a vida e a morte. É o momento em que eu teria que estar mais segura e ter mais apoio, para seguir o que a natureza sabiamente fez por séculos. Mas obviamente com a segurança de ter à disposição o que a ciência e tecnologia desenvolveram, caso realmente fosse necessário.
E a essas outras experiências que dialogaram com a minha, com a nossa, sou muito grata. A primeira delas, a mais marcante e que conseguimos colocar um pouquinho na história em quadrinhos, é a história da minha mãe, Clara, que faleceu em 2003, quando minha irmã mais velha, Claudia, estava grávida da minha primeira sobrinha, a primeira neta da família. A vida e a morte se apresentando e se complementando, para provar que é esse o grande ciclo que nos envolve.
As outras experiências, que vieram depois, são das amigas de longa data e também das que vieram com a barriga: Mariana Abbade, Aline Scheffler, Bruna Ruano, Catarina Portinho, Ana Paula Rocha, Mabel, Lucianne, Isabella Isolani, Luciana Navarro, Franciele Sander, Gladis das Santas, Elenice, Laura Janaina e Maria Studinski.
O segundo privilégio foi o de ter opções. De poder, mesmo com muito esforço, procurar, perguntar, consultar, desgostar e finalmente escolher o que achávamos mais adequado para o que buscávamos. Nem todas têm essas opções.
Naquela época, estava se começando a falar de “parto humanizado”, “protagonismo feminino” e tantos outros temas que hoje estão muito mais divulgados e familiares, mas, ainda assim, não deixam de ser relevantes. Ainda estamos numa cultura machista, em que o papel da mulher, principalmente no que diz respeito às escolhas relativas ao seu próprio corpo, é deixado em segundo plano.
Jamais vou esquecer do choque que foi entrar no mundo da maternidade, por vários motivos. O primeiro foi com poucas semanas de gestação, quando fui chamada de “mãe” por enfermeiras e enfermeiros da minha idade e até alguns mais velhos. Eu nem tinha assimilado ainda o que era uma gravidez e já era chamada assim, por desconhecidos. Esse foi o primeiro aperitivo que me prepararia para a perda de personalidade que viria a seguir. Naquele momento, você deixa de ser você, de ter seu nome, para cumprir um papel, um número, um procedimento, um meio. Será a despersonalização proposital, para que essa ex-mulher, agora mãe, cumpra esse papel sem questionamentos, sem escolhas?
Nossa história aqui contada é apenas mais uma. Ela é banal, ela é corriqueira, acontece todos os dias. Ela é brega, porque é cheia de amor. Mas ela é única. Porque cada nascimento é único. E, por ser banal, muitas vezes se esquece da mulher que está ali. E até mesmo daquele bebê que está chegando. O que é realmente melhor para ambos?
Existe uma única resposta? Obviamente que não. Mas existe informação.
E são essas experiências compartilhadas, dados científicos e informações de qualidade que, na minha opinião, deveriam ser o ponto de partida da escolha para qualquer mulher.
Quando estava grávida, li inúmeros relatos de parto. Cada um era único. Cada um ajudou a me encher de coragem para o que viria. E quando escrevi os meus relatos, cada um deles era um desabafo, uma vontade de fazer essa onda de coragem continuar, de chegar a outras mulheres, de dizer: “você não está sozinha”. Este livro, agora, é um pouco disso. Um ciclo que se fecha, recomeça e ressoa. “Não estamos sozinhas, nós somos poderosas.”
Fernanda
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