FILOESPINOSA
O TRADUTOR: Herivelto P. Souza é doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB).
Antonio Negri ESPINOSA SUBVERSIVO e outros escritos
ANTONIO NEGRI nasceu em 1933 e foi professor de Filosofia do Direito e de Teoria do Estado na Universidade de Pádua. Participou de várias publicações do operaísmo, como Quaderni Rossi e Classe Operaia, e na década de 1970 se tornou uma referência teórica da esquerda radical italiana. Em 1979, acusado de ser um dos líderes do terrorismo na Itália, foi encarcerado e assim permaneceu, sem comprovação da acusação principal, até 1983, quando, ainda na prisão, foi eleito deputado e terminou exilando-se na França. Em 1997, retornou à Itália e cumpriu pena até 2003. Atualmente vive entre Veneza e Paris. Dentre suas inúmeras obras, destacam-se: Descartes politico, o Della ragionevole ideologia (1970); La forma Stato: per la critica dell’economia politica della Costituzione (1977); Marx oltre Marx (1979); L’anomalia selvaggia: saggio su potere e potenza in Baruch Spinoza (1981); Les Nouveaux espaces de liberté (1985, com Félix Guattari); e Il potere costituente: saggio sulle alternative del moderno (1992). Com Michael Hardt, escreveu: Labor of Dionysus: A Critique of the State-Form (1994); Império (2000); Multitude: War and Democracy in the Age of Empire (2004); Commonwealth (2009); e Declaration (2012).
“Espinosa mostra como a imaginação ontológica e a potência constitutiva (poderíamos dizer: o poder constituinte) podem se colocar o problema de romper o destino dialético do Ocidente e sua desesperada crise, e com eficácia. [...] Operar sobre um tal terreno, na temporalidade que lhe é própria, significa considerar a crise não como algo banal, e sim como um consistente horizonte do existente. Assim, o problema filosófico será, e é, aquele de ir para além da crise, assumindo-a como materialidade do fundamento. Sem esse ‘ir para além’, a filosofia e a ética não poderiam nem mesmo definir-se. A metafísica consiste nesse ir para além. A crise não é a conclusão de um destino, mas o pressuposto da existência. [...] Se no ‘retorno a Espinosa’ se mostra uma vicissitude ligada à crise do marxismo, é preciso acrescentar que tal vicissitude não é superficial, ou melhor, que ela o é no sentido espinosano. Ela não abate a imaginação do comunismo, mas, antes, torna-a verdadeira. A inovação espinosana é, de fato, uma filosofia do comunismo, a ontologia espinosana nada mais é que uma genealogia do comunismo. E é por isso que Bento continuará a ser maldito.”
Antonio Negri
ESPINOSA SUBVERSIVO e outros escritos
ISBN 978-85-513-0023-7
Esta coletânea reúne dois livros – Espinosa Subversivo (1992) e Espinosa e nós (2010) –, além de outros ensaios esparsos que Antonio Negri publicou sobre Espinosa entre 1983 e 2009: um texto escrito nos cárceres romanos (onde a derrota é ocasião de crítica e reinvenção teórica), outros no exílio parisiense (1983-1997), outros ainda quando do retorno à Itália (e à prisão), além de intervenções recentes (2005-2009) – textos expressos com os sortilégios da “lírica paduana”, aquela que atinge as alturas do conceito temperando-o com entusiasmo desencantado. Como diz o autor: “Foi estudando Espinosa que comecei a fazer filosofia, por mim, para as minhas coisas”; “Espinosa foi para mim um meio de abandonar o leninismo”; “Espinosa foi a minha outra grande leitura na prisão” (ao lado do Livro de Jó, parábola do sofrimento daquele que “talvez tenha sido mais justo que Abraão”). Os textos testemunham a longa travessia de Negri e reiteram o que ele reconhecia nos juízes que o condenaram em 1979: melhor que ninguém, sabiam o significado da palavra “comunismo”. Esse sonho do comunismo como mutação antropológica, que pode ser domado, mas não anulado, Negri reencontra em Espinosa – que lhe dá régua e compasso para a resistência em favor de novos modos de pensar e fazer política. Maurício Rocha
9 788551 300237
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Tradução Herivelto Pereira de Souza
Professor do Departamento de Direito da PUC-Rio