Godard e a educação

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Godard ea educação Mário Alves Coutinho Ana Lucia Soutto Mayor (Orgs.)

ALTERIDADE E CRIAÇÃO


Coleção Alteridade e Criação

Godard e a educação

Mário Alves Coutinho Ana Lucia Soutto Mayor (organizadores)


Copyright © 2013 Mário Alves Coutinho e Ana Lucia Soutto Mayor Copyright © 2013 Autêntica Editora

Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

coordenadora da coleção alteridade e criação

Adriana Fresquet capa

Alberto Bittencourt (Sobre colagem de Luiz Rosemberg Filho) diagramação

Conrado Esteves revisão

Lúcia Assumpção editora responsável

Rejane Dias

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Godard e a educação / Mário Alves Coutinho, Ana Lucia Soutto Mayor, organizadores. -- Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2013. -- (Coleção Alteridade e Criação, 1) Vários autores. ISBN 978-85-8217-227-8 1. Cinema na educação 2. Educação 3. Godard, Jean-Luc, 19304. Pedagogia I. Coutinho, Mário Alves. II. Mayor, Ana Lucia Soutto. III. Série. 13-05719 CDD-371.33523 Índices para catálogo sistemático: 1. Cinema e educação 371.33523

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Alteridade e criação Adriana Fresquet

Esta coleção pretende criar um espaço para o diálogo da educação com experiências criativas. Um estreitamento com as artes, de modo geral, e, em particular, com o cinema. As artes provocam, atravessam, desestabilizam as certezas da educação, perfuram sua opacidade e instauram algo de mistério no seu modo explícito de se apresentar, ao menos, no espaço escolar. Se nas escolas e universidades as artes se constituem como um “outro” pela diferença radical entre criar e transmitir, elas são, também, um “outro” em relação aos professores e estudantes, espelhando-nos com seu olhar, devolvendo nossa própria imagem com outras cores e formas. As artes também se revelam uma janela para descobrir um mundo inacabado, ávido de transformações e de memórias para projetar futuros. Um mundo inclusivo, sensível, atento à produção de subjetividade e à criação de laços, para além das redes. Desse modo, a cultura se torna a matéria-prima para a criação de significados numa troca poética de experiências intelectuais e sensíveis. No gesto de habitar os espaços educativos com arte, se imprime uma enorme responsabilidade na reinvenção de si e do mundo com o outro. A presente coleção reconfigura saberes e práticas que emergem da potência pedagógica da cultura visual. Novos desafios para pensar a educação como experiências de alteridade e criação. Este primeiro volume da coleção ensaia algumas reflexões que surgiram do grupo de pesquisa CINEAD do Laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual da Faculdade de Educação da UFRJ, que, em 2010, com especial participação dos organizadores Ana Lúcia de Almeida Soutto


Mayor e Mário Alves Coutinho, promoveu um diálogo entre a educação e o processo criativo do cineasta Jean-Luc Godard, um grande pedagogo (quiçá sem sabê-lo ou sem sequer ter a intenção). Criar e montar são gestos do cinema e da educação; Godard, um verdadeiro mestre da criação e da montagem. “Quer filmar? Pegue uma câmera!” – ele disse, e nos encoraja a fazer cinema aprendendo a ver e rever filmes na grande escola, a Cinemateca. Ou então, a aprender cinema fazendo, brincando, identificando as regras do jogo, como fazem as crianças. Pela intensa sintonia com elas e pela vocação de infância como estado permanente de devir, Godard se revela, para nós, “o Picasso do cinema”.


Sumário

Prefácio..............................................................................................9 Luiz Rosemberg Filho Introdução I – Godard e a educação: duas ou três coisas que eu sei deste livro....................................11 Ana Lucia Soutto Mayor Introdução II – Jean-Luc Godard ou a pedagogia do Não......19 Mário Alves Coutinho Godard, nosso educador.....................................................................27 Ronaldo de Noronha Prenome Jean-Luc: notas sobre as possibilidades de uma pedagogia sem garantias....................39 Paulo Henrique Vaz Godard e a educação do olhar.............................................................51 Paulo Augusto Gomes O cinema faz-se escola: o amor revisitado em Pierrot le fou, de Jean-Luc Godard.........................................59 Ana Lucia Soutto Mayor Sonoridades godardianas: uma breve análise do som de Pierrot le fou. Sobre uma educação da escuta no cinema.....69 Glauber Resende Domingues


O projetor e os ícones..........................................................................81 César Guimarães Penso, logo edito: História(s) do cinema e a obra de Jean-Luc Godard...........................................................97 Mário Alves Coutinho Histórias de montagem, montagens da História (Godard e os arquivos)...............................................109 Anita Leandro A pedagogia da montagem de História(s) do cinema, de Jean-Luc Godard...............................121 Greice Cohn A reinvenção do(s) cinema(s) na formação do espectador contemporâneo: pedagogia godardiana...................................139 Maria Cristina Miranda da Silva Godard e a infância: uma aproximação possível?.................157 Clarissa Nanchery e Regina Barra Infância por infância: autorretratos de setembro. Inspirações em JLG/JLG: Autorretrato de dezembro.............169 Adriana Fresquet Filmografia citada................................................................................183 Os autores..............................................................................................187


Prefácio Luiz Rosemberg Filho1

Em um tempo tão desprovido de sonhos e de história, uma vez mais Godard entre a beleza, a poesia e a educação. E se o cinema confronta alguma coisa, e ainda vale ser vivido, deve-se a Jean-Luc uma visibilidade poético-educacional tanto do bem como do mal-estar desta nossa “porca” civilização, servindo-se tanto do espetáculo como do consumo de idiotices e de fanatismos religiosos. Então, o livro Godard e a educação é, sim, uma vontade, por parte de todos que dele participam, de inseri-lo numa nova história desvinculada da mitologização, muito em moda, de fascismos na vida do dia a dia, na educação e na formação de crianças e jovens. E a inserção de todos no cinema de Jean-Luc é, digamos, um longo aprendizado de história, política e afeto na formação de um novo ser humano mais bem informado e formado. Para poder vir a ser verdadeiramente humano e criativo. Um espectador para “aprender e desaprender” os péssimos ensinamentos militarizados de ocupação, de Hollywood, da TV e da educação. O livro é, sim, uma rica experiência pedagógica e artística. E claro que a ideia-mãe passa por um reaparelhamento problematizado da educação, redirecionando tanto o saber como o gosto, e mesmo a fantasia, para um mundo mais justo. Com tudo e todos voltados para uma antidomesticação do humano. Ousaria também dizer que o livro “corre por fora” dos limites impostos por um saber acadêmico-conservador-religioso. Ou seja, não é um livro de Cineasta, ensaísta e jornalista.

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10 godard e a educação

respostas à mercê do mercado e do lucro. Mas de conceitos e perguntas, em que o estilo apático da educação dominante, como o da má formação cultural e cinematográfica, é substituído por expressivas análises nas quais o cinema aparece como historicidade do pessoal ao coletivo, fundindo o erudito ao popular. Despertando a todos para a vida, o saber, a criação, a política e o afeto. Não é de modo algum mais um livro comum sobre educação ou o cinema, mas uma rica tentativa de superação dos muitos disfarces existentes tanto num ofício como no outro. São textos que nos fazem sair da penumbra das escolas e das universidades, como do mercado poluído também por “imagens” televisivas de péssima qualidade que nos dominam. Espaço-livro onde todos sofisticam os necessários desenquadramentos educacionais e políticos de Godard, numa translucidez de encantamentos, saber e afeto. Regra fundamental de superação da mesmice acadêmica. Permitir-me-ia também dizer que é um precioso livro acerca do humano demasiado humano. E, justamente, o que o distingue de só ser um objeto para o mercado de idiotices é ser excepcionalmente sensível, ousado e vital. Um resgate significativo mais nobre para a educação a partir da clareza das ideias de Godard. Um livre-pensador muito além do cinema, da pintura, da música... Dessa forma, o pensamento volta a ser trabalhado, passando da imobilidade política dos tempos a um saber mais profundo, afetuoso e original. Eis um livro mais que necessário, para todos.


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