Era a Guerra de Trincheiras

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TARDI ERA A GUERRA DE TRINCHEIRAS

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1914

ERA

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A GUERRA DE TRINCHEIRAS TARDI


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ERA

A GUERRA DE TRINCHEIRAS A meu avô.

Tradução

Ana Ban


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Outubro de 1917...

Os três sinais foram dados... como no teatro... mas o primeiro por uma ogiva de 7 kg, o segundo por um canhão de 105 mm que cuspia um projétil de 16 kg e o terceiro, de 40mm. Peso da ogiva: 900 kg!

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Para começar o dia, a artilharia despeja toneladas de explosivos. Os canos dos canhões esquentam e os operadores ficam surdos.

Atira-se com armas fabricadas no Reno, pelas indústrias Krupp, na Alemanha...

...e responde-se com peças fabricadas na França, pela Schneider, as indústrias Le Creusot, St. Etienne, St. Chamond e outras grandes famílias...

Técnicas maravilhosas, os calibres soam cada vez maiores e os projéteis, cada vez mais potentes. Os canhões enormes montados sobre trilhos semeiam a morte a até 16 km de distância!

Criatividade permanente... é a escalada de um lado e de outro, em busca de potência de fogo sempre superior e do triunfo da indústria, florescente nesses tempos de guerra. 10


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...o mais impressionante é que ainda há vestígio de vida no fundo dos buracos, apesar de tantas ogivas serem lançadas todos os dias sobre tão pouco terreno.

Atira-se sobre os homens... tudo isso é normal, já que esta é a guerra de trincheiras que já se estende há três anos...

Estes homens cavaram as trincheiras, criaram abrigos no solo e aprenderam a viver na lama, como ratos. Estes aqui são franceses.

Na frente, o espetáculo é o mesmo, mas as trincheiras são mais bem organizadas, porque são alemãs. Os franceses dizem “boches” quando falam dos inimigos, por desprezo, por ódio ou talvez por bobagem, porque esse é bem o caso quando se fala de guerra.

De uma parte e de outra, alemães e franceses não têm nenhum motivo sério para se matarem uns aos outros, apesar de no início terem partido para a guerra com entusiasmo semelhante. Hoje, eles gostariam de voltar para casa e se arrependem de terem obedecido aos chefes... mas seus respectivos chefes não querem continuar a matança sozinhos... ...as coisas poderiam ser simplificadas de um modo mais barato, poupando milhares de vidas — porque há menos chefes do que escravos —, mas nada muda porque o homem não passa de um cordeiro, e o abatedouro é o lugar onde mandaram que permanecesse...

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O ponto de contato entre os dois exércitos inimigos se estabilizou, é o front. Entre as linhas, há uma zona chamada “no man’s land”... porque também há ingleses nesta guerra.

Com frequência excessiva, os soldados são obrigados a sair das trincheiras e combates corpo a corpo apavorantes são travados na no man’s land. O jogo consiste, para os franceses, em tentar tomar a 1ª linha alemã e, para os alemães, em tentar tomar a 1ª linha francesa...

Na no man’s land, encontram-se arame farpado colocado para impedir ataques-surpresa, mortos das ofensivas da véspera, feridos agonizantes e dejetos de todo tipo, além de buracos de ogivas que a chuva enche de água.

É um lugar muito frequentado durante a noite. Homens são enviados para ver o que está acontecendo do outro lado, para reparar a rede de arame farpado, para ludibriar o oponente e fazer prisioneiros, para resgatar feridos ou enterrar os mortos muito vistosos e desmoralizantes, como o cadáver de um companheiro preso ao arame farpado, apodrecendo.

Nesta imagem, em 1º plano, um soldado de 2ª classe morto: BINET. 12


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BINET estava no parapeito quando o capitão — que quase nunca colocava os pés na linha de frente — deu a ordem a FAUCHEUX para que fosse fazer um reconhecimento no buraco da ogiva ao lado das ruínas onde nós tínhamos um posto avançado que não mandava notícias já fazia um tempo.

O capitão também deu montes de instruções a FAUCHEUX, que saiu ao meio-dia com seu bornal cheio de granadas. Antes de subir pela lateral da trincheira, ele entregou a BINET um caderninho coberto com papel azul, igual ao que as crianças de escola usam para proteger os livros.

BINET passou muito tempo observando FAUCHEUX, que avançava pela no man’s land, até deixar de enxergá-lo. Será que ele tinha chegado são e salvo às ruínas do local próximo ao buraco da ogiva? À tarde, escutou-se a explosão de uma granada. Depois, mais nada... 13


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