Imprensa feminina e feminista no Brasil
Volume 2
Século XX – 1900-1949
DICIONÁRIO ILUSTRADO
Copyright © 2023 Constância Lima Duarte
Copyright desta edição © 2023 Autêntica Editora
Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora Ltda. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
editoras responsáveis
Rejane Dias
Cecília Martins
revisão
Bruni Emanuele Fernandes
capa
Alberto Bittencourt
projeto gráfico do miolo Enrique Tavares
diagramação
Waldênia Alvarenga
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Duarte, Constância Lima
Imprensa feminina e feminista no Brasil : dicionário ilustrado : volume 2 : século XX : 1900-1949 / Constância Lima Duarte. -- 1. ed. -- Belo Horizonte : Autêntica, 2023.
Bibliografia.
ISBN 978-65-5928-198-5
1. Imprensa - Brasil 2. Mulheres 3. Mulheres escritoras brasileiras 4. Mulheres na imprensa I. Título. II. Série.
22-117637
Índices para catálogo sistemático:
1. Brasil : Mulheres na imprensa 070.48347
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Apoio
Belo Horizonte
Rua Carlos Turner, 420
Silveira . 31140-520
Belo Horizonte . MG
Tel.: (55 31) 3465 4500
www.grupoautentica.com.br
São Paulo
Av. Paulista, 2.073, Horsa I Sala 309 . Bela Vista
01311-940 . São Paulo . SP
Tel.: (55 11) 3034-4468
SAC: atendimentoleitor@grupoautentica.com.br
CDD-070.48347
Agradecimentos
Foram muitas as pessoas que, de diferentes formas, contribuíram para a realização desta pesquisa, entre elas: Angela Laguardia, Augusto Coutinho, Carla Castro, Carlos Alberto Pimenta Lima, Cecília Maria Cunha, Dalva Aguiar Nascimento, Dinorah Carmo, Diva M. Cunha Pereira de Macêdo, Elizabeth Nasser (in memoriam), Eulália Duarte Barros, Eva Alterman Blay, Ívia Iracema Alves, Jacyntho Lins Brandão, Lizir Arcanjo Alves, Luzilá Gonçalves Ferreira, Maria Christina Lima, Maria Inês de Moraes Marreco, Maria Izabel Chumbinho, Maria Natalina Jardim (in memoriam), Maria Rizolete Fernandes, Maria Thereza Caiuby Crescente Bernardes, Míriam Lifchitz Moreira Leite (in memoriam), Nilceli Magalhães, Olívia Candeia Lima Rocha, Schuma Schumaher, Zahidé Lupinacci Muzart (in memoriam).
Agradeço também a Luana Tolentino pela contribuição no levantamento das fontes primárias, enquanto Bolsista de Apoio Técnico do CNPq e até o momento, além da alegria compartilhada a cada nova descoberta. Por fim, agradeço a Eduardo Assis Duarte pelo companheirismo amoroso de sempre.
Apresentação
Páginas avulsas de uma trajetória exitosa
Na reivindicação de justiça para a mulher, nenhum instrumento melhor de luta do que a imprensa feminina. Quantas mulheres são escravas e não sabem quais correntes as prendem! Quantas mulheres não conhecem as disposições do Código Civil brasileiro a seu respeito! [...] E como mostrar às mulheres que somente lutando, somente organizadas, somente unidas poderão livrar-se da pecha de irresponsáveis perante os atos que determinam a existência da mulher.
Momento Feminino, Rio de Janeiro (RJ), 5 dez. 1947.
É com sincera alegria que trago a público mais um desdobramento das investigações que realizo, desde a década de 1980, sobre a história das mulheres, a escrita de autoria feminina e o movimento feminista no Brasil. Foi a constatação de que a literatura, a imprensa e a consciência feminista foram surgindo praticamente ao mesmo tempo no país, ainda nas primeiras décadas do século XIX, e que jornais e revistas atuaram como os primeiros veículos a acolherem essa produção letrada, que impulsionou em mim o desejo de conhecer – ainda que fragmentariamente – a trajetória intelectual da mulher brasileira.
Desde então testemunho a rápida transformação por que passou a pesquisa nas últimas décadas. Se antes era preciso visitar pessoalmente os arquivos para ter acesso aos antigos jornais impressos – e ler diretamente suas páginas ou através de máquinas leitoras de microfilmes –hoje, com a revolução digital em curso, muitos acervos já disponibilizam os periódicos em suas plataformas, permitindo a consulta à distância.1
Considerando o material a que tive acesso desde o início do trabalho, em torno de quinhentas folhas feminino-feministas, ainda que pareça um número expressivo, penso que ele representa uma parcela dos periódicos que realmente foram produzidos, pois muitos outros
1 Só que a internet está provocando um outro problema para quem pesquisa, quando, de repente, os endereços digitais, que foram um dia citados, simplesmente deixam de existir e desaparecem... Que fazer nesses casos?!
devem ter se perdido na memória do tempo, por falta de interesse ou conservação. E, dada a extensão do material, foi necessário fazer uma seleção e dividi-lo em três volumes. No primeiro, relativo ao século XIX e publicado em 2016, estão 143 títulos de jornais e revistas que surpreendem pela larga amplitude alcançada no território nacional. No segundo volume, estão os publicados entre 1900 e 1949, num total de 100 periódicos. E, no terceiro, perfazendo 132 órgãos, estão os surgidos entre 1950 e 1999. Não deixa de ser curioso o fato de eles guardarem semelhanças entre si, apesar das décadas que os separam, pois, enquanto alguns defendem mais direitos para as mulheres – acesso à educação, ao trabalho e ao voto –; outros insistem na permanência de um comportamento conservador, em flagrante desacordo com o momento histórico. Mas, como essa dicotomia é parte intrínseca da construção cultural e discursiva da identidade feminina, optei – nos três volumes – por examinar o conjunto de periódicos, independentemente de se identificarem ou não com o ideário feminista, e terem sido ou não escritos e dirigidos por mulheres. Assim, os periódicos da primeira metade do século XX, agora apresentados, ora defendem o direito das mulheres de frequentar o espaço público, ora se empenham em convencê-las a se tornarem mães “perfeitas”.2
Cito alguns a título de exemplo. Enquanto A Voz Feminina (Diamantina, 1900-1901), O Feminista (Maceió, 1902) e Renascença (São Paulo, 1923) se alinham entre os mais progressistas, outros, como O Segredo da Belleza (São Paulo, 1905), O Copacabana (Rio de Janeiro, 1907) e Jornal das Moças (Rio de Janeiro, 1914-1965), entre outros, limitam-se a veicular a ideologia patriarcal, como a educação visando apenas preparar a menina para seu papel social, além dos padrões de beleza e os espaços públicos que as leitoras podiam ocupar. A emancipação intelectual, política e social da brasileira esteve, como se vê, desde o início à mercê de forças que ora a impulsionavam para a frente, ora a queriam estacionada na ignorância e na dependência. E através dos diferentes jornais, revistas e boletins aqui reunidos, podemos constatar como as contradições do século XIX permaneceram,
2 Aliás, essa doutrinação teve início ainda no século XIX. E não deixa de ser irônico: a maternidade que vai permitir à mulher elevar seu status na família e na sociedade é o mesmo imperativo que vai contribuir para seu afastamento do espaço público. Simone de Beauvoir dirá que a maternidade sempre foi nosso handicap; e Elizabeth Badinter, que o amor materno ainda é um mito cuidadosamente construído para melhor manipular as mulheres.
em grande medida, nas primeiras décadas do século XX, assim como quão ideologicamente heterogêneo o feminismo podia se manifestar.
Ainda que se apoiasse numa base comum de igualdade de direitos e de questionamento da dominação masculina, tal discurso revela-se ora católico, ora socialista, anarquista, marxista, burguês e mesmo proletário... 3 Estes impressos nos permitem também afirmar que a imprensa documenta o projeto feminista brasileiro, pois traz os nomes das protagonistas, as ideias e bandeiras que defendiam, além dos períodos de ascensão e declínio de cada vertente do movimento.
Na difícil tentativa de resumir as modalidades de periódicos reunidos nesse segundo volume, proponho o seguinte arranjo, mesmo sabendo que ele não dá conta da rica variedade dos impressos.
Jornais manuscritos
Inicio com os surpreendentes “jornais” manuscritos que a pesquisa revelou. O primeiro, surgido no Rio de Janeiro, em janeiro de 1900, intitulava-se O ‘Sexo’ e trazia como
subtítulo “Órgão Imparcial Crítico
e Literário Consagrado ao Belo Sexo”. Só que o responsável – Silvino Rolim – ao se referir às mulheres o faz de forma sarcástica, nomeando o sexo feminino de infiel e manipulador de homens apaixonados... Ou seja, os homens seriam “pobres” vítimas das mulheres, o que não vale a pena comentar agora.
Já A Esperança (1903-1909) e O Sonho (1905-1909) pertencem a outra categoria de periódicos. Criados por jovens professoras da cidade de CearáMirim, interior do Rio Grande do Norte, contaram com a colaboração de outras jovens que também estreavam na literatura, algumas escondidas em pseudônimos. Apesar da aparente singeleza do material, imagino como essas iniciativas foram importantes para as jovens que residiam em pequenas cidades, sendo valiosas em experiência editorial e literária.
Jornais escolares
Em meio aos periódicos bem diagramados e impressos em tipografias, encontram-se alguns criados por colegiais para abrigar reflexões
3 Na segunda metade do século XX, mais que nunca o feminismo se torna plural, adquire novas configurações e se manifesta lésbico, negro, indígena, ecológico, asiático, muçulmano, trans, radical, protestante, ou quantas mais expressões tiverem as mulheres.
sobre a prática educativa e incentivar vocações literárias através da divulgação de poemas, contos, crônicas. Um deles foi O Nata – cujo subtítulo era “Literário, Esportivo, Crítico e Noticioso”, criado por estudantes do Grupo Escolar Barramanense, de Barra Mansa-RJ, em 1925. O nome escolhido provavelmente pretendia dizer que ali estava a elite, o escol, o que havia de melhor na escola.
Outro exemplo: a revista Pétalas, criada pela direção do Colégio Coração de Jesus para divulgar informes sobre a instituição e incentivar a produção literária das alunas e professoras, que circulou em Florianópolis pelo largo período de 1933 a 1961. Muitas de suas colaboradoras tornaram-se depois conhecidas escritoras e jornalistas, e o sucesso do periódico entre as estudantes e o corpo docente motivou a criação de outro com o mesmo nome – Pétalas (1945-1948) –, destinado às crianças das primeiras séries.
Tais documentos nos permitem também conhecer a rotina escolar no regime de internato e o que as jovens planejavam para depois de formadas. Ainda que muitos impressos pareçam amadorísticos e sem elaboração estética, penso que seu valor não reside na aparência ou literariedade das publicações, mas no incentivo pioneiro que davam às jovens enquanto espaço para veiculação de seus pontos de vista.
Revistas femininas
Já as chamadas revistas femininas estão entre os impressos que mais tomaram para si a responsabilidade de normatizar a conduta do “segundo sexo”, principalmente através da divulgação de textos calcados na religião e de poemas, contos e novelas permeados de romantismo e ensinamentos moralistas. Coube a elas contribuir decisivamente para o fortalecimento da propagada “mística feminina”,4 mantendo-se indiferente às conquistas em curso em muitos países. Dentre tantos títulos, cito Penna, Agulha e Colher (Florianópolis, 1917-1919); o semanário carioca Jornal das Moças (Rio de Janeiro, 1914-1965); Fon-Fon! (1907-1958), A Cigarra (1914-1975) e Alterosa (1939-1964), entre outras, muitas outras.
4 A expressão criada por Betty Friedan, e título de seu livro mais conhecido – Mística feminina (publicado em 1963 nos EUA, e traduzido para o português em 1971), considera a fixação da mulher enquanto dona-de-casa, sobretudo nas décadas de 50 e 60, como responsável por cercear sua liberdade humana, profissional e criativa.
Apesar da modernização industrial em curso, as mudanças no cotidiano feminino aconteciam devagar: se por um lado a Segunda Guerra Mundial ampliou o campo de trabalho para as mulheres, por outro, o sistema educacional brasileiro de então contribuía para atrasar a educação feminina, ao “recomendar”, na Reforma do Ensino de 1942, que as estudantes não deviam frequentar escolas mistas. Como o ensino secundário em sua vasta maioria era misto, restava às jovens continuar o estudo apenas no âmbito do Curso Normal, que, por sua vez, não lhes dava acesso ao ensino superior.
Fotonovelas
As fotonovelas são um caso à parte, não só por circularem em todo o país, terem grandes tiragens e serem acessíveis às jovens de classe média e baixa, mas principalmente pela nefasta competência que tiveram em manipular gerações de mulheres com ideias românticas, alienando-as de seu tempo, tanto como os hits cinematográficos da época. As histórias de amor em quadrinhos, inicialmente desenhadas, depois fotografadas, inclusive com participação de artistas e cantores conhecidos, tinham em comum protagonistas ingênuas, apaixonadas, dependentes dos companheiros. O fato de as histórias criarem um mundo em que o amor sempre vence deve ter induzido muitas leitoras a buscarem em seu cotidiano situações assim idealizadas e fantasiosas. Além das fotonovelas, as revistas traziam literatura de qualidade duvidosa, reportagens mitificando artistas de cinema, rádio e teatro, e ainda horóscopo e receitas. Também não faltava a seção de cartas supostamente enviadas pelas leitoras, que alguém respondia dando conselhos. A primeira foi Grande Hotel, surgida em 1947, quase tradução literal da francesa Grand Hotel, logo seguida de O Idílio, em 1948.
O sucesso foi tal, que impulsionou o surgimento de inúmeras outras na segunda metade do século, como Capricho (1952), Querida (1954), Sétimo Céu, Ilusão, Contos de Amor (1958), e Romance Moderno (1969).
O movimento feminista, a revolução de costumes, a ditadura militar, enfim, tudo que explodia no Brasil e no exterior naquelas décadas, era simplesmente ignorado por essas revistas. 5
5 Curiosamente, apesar do enorme sucesso junto ao público leitor, as fotonovelas costumam ser desvalorizadas pelos pesquisadores, jornalistas e até pelas editoras, vistas como “de pouca importância” e apenas “leitura de mulher”.
Imprensa sufragista
A defesa do sufrágio já havia sido levantada em periódicos do século XIX; não custa lembrar: O Sexo Feminino (1873-1889), de Francisca Senhorinha da Mota Diniz; e A Família (1888-1897), de Josefina Álvares de Azevedo, entre outros. E continuou no novo século a partir mesmo de seu primeiro ano, 1900. A Voz Feminina, publicado em Diamantina-MG, no primeiro editorial assim deixou registrado: “Estamos em uma dessas épocas de transição em que as ideias tendem a renovar. Constitui hoje uma questão séria no mundo social – a mulher. Questiona-se, pensa-se, medita-se se ela deve ser emancipada, se deve ter os mesmos direitos que os homens. Luta do sim e do não! Lutemos pelo primeiro!”. Nesse mesmo ano, o Myosotis, de Araguari-MG, registrou um protesto quando a Reforma Eleitoral de 1905 negou o voto feminino: “Continuará ainda para o ano de 1906 a ser a mulher alijada das urnas, só por falta de uma simples interpretação da lei? Só muita desídia ou má vontade do Congresso se pode dever tão grande injustiça!”.
Alvorada, de Penedo-AL, em 1910, foi outro incansável na defesa do voto e da participação das mulheres no mercado de trabalho e na política. Assim como a Revista Feminina, de São Paulo-SP, que circulou entre 1914 e 1936, defendeu o voto, o trabalho fora do lar e divulgou as conquistas das mulheres em outros países. Torna-se ainda imperioso citar Tribuna Feminina (Rio de Janeiro, 1917-1924), que sob a responsabilidade de Leolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino, considerava o sufrágio fundamental para a plena incorporação das mulheres ao mundo público.
Toda esta introdução se fez necessária para citar o Boletim da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, fundada em 1921 no Rio de Janeiro por Bertha Lutz, e filiada à Aliança Internacional pelo Voto Feminino, que logrou construir uma atmosfera nacional propícia à luta pelo voto. Mas, como tantas outras lutas, também essa sofreu revezes e contradições. Dou três exemplos. A revista Fon-Fon!, que fez sucesso no Rio de Janeiro de 1907 a 1958, manteve sempre uma postura ambígua, ora defendendo ora condenando o voto. Já a feminista Maria Lacerda de Moura, em seus livros e também na revista Renascença (São Paulo-SP, 1923), por vezes criticou o sufrágio por achar que não era necessário à emancipação. Mas Iveta Ribeiro, editora do Brasil Feminino (Rio de Janeiro-RJ, 1932), legítimo porta-voz de propaganda do Integralismo fascista junto às mulheres, foi ardorosa defensora do voto. Atente-se à contradição...
Por fim, o Dicionário
Neste segundo volume, os periódicos elencados estão apresentados por ordem cronológica de publicação, tendo em vista o público a que se destina – estudantes, professores e pesquisadores do periodismo e da história intelectual da mulher. Os verbetes contêm, sempre que possível, o subtítulo, o nome do editor ou editora, a cidade de origem, a tipografia, as datas do primeiro e último números, a proposta editorial, o formato gráfico e a relação dos principais colaboradores e colaboradoras. Trazem ainda os exemplares examinados e sua localização, as referências bibliográficas, quando existem, e algumas notas explicativas no rodapé. Foi mantida a grafia original apenas nos títulos e nomes das e dos jornalistas, enquanto os subtítulos e a transcrição de editoriais, poemas e artigos tiveram a ortografia atualizada. A extensão dos verbetes varia principalmente em função de se ter tido ou não acesso aos originais e a fontes de informação. Enquanto alguns periódicos estão acessíveis à pesquisa, e até possuem um volume razoável de estudos, outros podem ser conhecidos apenas pelo registro que receberam de outros pesquisadores. E nem todos os verbetes trazem comentários críticos sobre o jornal e seu conteúdo. Em muitos casos, era tão óbvio, que se fazia desnecessário observar o quanto era conservador ou se pregava a emancipação. Ao final, estão listados os acervos, arquivos e bibliotecas visitados durante a pesquisa e a bibliografia consultada e/ou utilizada.
As palavras da editora de Momento Feminino que abrem esta apresentação são definitivas, a meu ver, ao julgar o importante e decisivo papel que a imprensa desempenhou ao longo da trajetória intelectual da mulher. Retomando a metáfora do iceberg mencionada no primeiro volume do século XIX, pode-se dizer que também os periódicos do século XX são a face visível de um vasto universo de papel construído para as leitoras, destinado a informá-las sobre as transformações históricas e sociais em processo, conscientizá-las de seus direitos e, por que não, distraí-las da rotina de seus afazeres cotidianos. Alimentado por fontes primárias raras ou de difícil acesso, este dicionário almeja incentivar e ser um guia norteador de novas pesquisas. Pretende, também, preencher lacunas que persistem acerca da busca empreendida pela mulher brasileira por seus direitos e pela construção de uma identidade para além das amarras patriarcais.
Junho