

Copyright texto e ilustrações © 2022 Felipe Pan & Olavo Costa
Todos os direitos reservados à Editora Nemo. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
direção editorial Arnaud Vin
editor responsável Eduardo Soares
assistente editoral Alex Gruba revisão Alex Gruba Eduardo Soares
projeto gráfico Olavo Costa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pan, Felipe.
O menino rei / Felipe Pan ; ilustração Olavo Costa, Mariane Gusmão. -- 1. ed. -- São Paulo : Nemo, 2022.
ISBN 978-85-8286-564-4
1. Histórias em quadrinhos - Literatura infantojuvenil I. Costa, Olavo. II. Gusmão, Mariane. III. Título. 22-135105
Índices para catálogo sistemático:
CDD-028.5
1. Histórias em quadrinhos : Literatura infantil 028.5
2. Histórias em quadrinhos : Literatura infantojuvenil 028.5
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
São Paulo
Av. Paulista, 2.073 . Conjunto Nacional Horsa I . Sala 309 . Cerqueira César 01311-940 . São Paulo . SP Tel.: (55 11) 3034 4468
www.editoranemo.com.br
SAC: atendimentoleitor@grupoautentica.com.br
Belo Horizonte
Rua Carlos Turner, 420 Silveira . 31140-520 Belo Horizonte . MG Tel.: (55 31) 3465 4500
Por vezes, sentimos como se o Antigo Egito estivesse tentadoramente próximo, prestes a entrar em foco, embora ainda se encontre distante e seja impossível para nós realmente enxergá-lo.
O período tardio da 18a Dinastia, quando Akhenaten reinou e foi sucedido por um ou mais faraós, incluindo sua própria esposa Nefertiti e, finalmente, Tutankhamun (Tutancâmon), provavelmente atrai mais a atenção de acadêmicos, do público e da mídia do que qualquer outro período na história egípcia. Costumo pensar que ele exemplifica um certo paradoxo para a egiptologia: de um lado, temos evidências abundantes – monumentos, inscrições, corpos mumificados dos próprios antigos, milhares de objetos feitos por eles e centenas de textos que nos contam sobre suas vidas; o bastante para nos enganar e nos levar a pensar que deveríamos saber ao certo o que aconteceu, quase enxergar o mundo deles por dentro. E, ainda assim, as lacunas em nosso conhecimento permanecem enormes. De fato, sabemos uma boa parte: o suficiente para pintarmos uma determinada imagem da vida naqueles tempos tão distantes, mas não o bastante para selarmos discussões sobre como os eventos se desenrolaram (quem sucedeu Akhenaten? Smenkhkare era um homem ou uma mulher? Como Tutankhamun morreu?); e não o bastante para realmente enxergarmos o que aconteceu. Para isso, precisamos de imaginação, e dos talentos daqueles que conseguem visualizar a história, trazê-la à vida.
O Menino Rei nos proporciona isso, através de uma arte linda e estilosa, repleta de energia, emoção e vida, e com diálogos acelerados que oferecem vozes altamente atraentes e relacionáveis às personagens principais.
Felipe Pan, Olavo Costa e Mariane Gusmão contam uma história formidável que é evidentemente enraizada em pesquisas recentes; nem todo mundo concordará com esta reconstrução de eventos, mas ninguém poderia afirmar que não é plausível. As personagens principais, Tutankhamun, mas também Akhenaten, Neferneferuaten, Akhesenpaaten, Aye, Horemheb e outros, são todos representados não por resquícios arqueológicos, mas como seres vivos; suas palavras restauradas, seus arredores – palácios e templos gigantescos – trazidos de volta à vida. É maravilhoso ver lugares antigos reconhecíveis – Amarna, Tebas, Giza, Dashur, Meidum – retratados aqui como os lugares vibrantes que teriam sido em seu tempo; cenários para as decisões e ações do menino rei e daqueles ao seu redor.
O Menino Rei nos oferece não apenas as imagens dessas pessoas, mas suas expressões faciais e suas palavras tais como poderiam ter sido ditas (ainda que traduzidas), lembrando-nos de que esta é, no final das contas, uma história de seres humanos exatamente como nós, balanceando fidelidades pessoais com as responsabilidades que detinham. A emoção por trás de eventos históricos está ausente nas reconstruções oferecidas por egiptólogos como eu – por necessidade, já que nosso trabalho deve permanecer calcado somente por evidências, com especulações reduzidas ao mínimo necessário para nossas narrativas. Porém, isso não quer dizer que não haja espaço para mais reconstruções imaginativas como a de O Menino Rei, e, de fato, nós, egiptólogos, devemos ser gratos àqueles especializados em outras mídias por ajudar a expandir a conscientização sobre o tema e gerar, junto ao público, um interesse que acadêmicos jamais esperariam atingir de outro modo. Amo a ideia de que leitores habituais de graphic novels descobrirão O Menino Rei e serão cativados pelo drama, pelas personagens e pelos cenários magníficos, além de se verem fascinados pela ideia de a obra se basear em uma história real; de que essas pessoas e lugares realmente existiram. Estou certo de que muitos serão inspirados a aprender mais. E também gosto da ideia de que algumas das milhares de pessoas que saciam sua paixão pelo Antigo Egito através de livros, documentários de TV e exibições em museus, possam descobrir que O Menino Rei traz à vida, como nunca antes, parte do mundo que elas tão frequentemente imaginaram.
Christopher
Naunton*Londres, outubro de 2022
* Chris Naunton é um egiptólogo britânico autor de diversos livros sobre o assunto, entre eles Searching for the Lost Tombs of Egypt, Egyptologists’ Notebooks e King Tutankhamun Tells All, ilustrado pelo artista brasileiro Guilherme Karsten. Também é idealizador e apresentador de documentários para a televisão, como “Os Tesouros de Tutankhamon”, disponível no Brasil na plataforma Disney+.
Teu Ka vem aos deuses sob a promessa de vida eterna em a’aru a …
...e os pecados em teu coração serão doravante julgados segundo nossa regência.
Se digno, encontrarás o Rei da Eternidade, e a ti será agraciada a dádiva do sempre.
Se indigno, a ti cairá a cólera dos deuses, e terás todas as partes de tua alma consumidas em fúria.
A Sala da Verdade é comandada pelos fiéis súditos de Usir e Ist: O Juiz da Verdade, Toth…
...e o Mestre dos Segredos, Anpu, serventes eternos da ordem divina, Maat.
Sob o olhar do Lorde do Oeste, terás o peso de teus pecados medidos agora, mortal...
...contra o peso da pena de Maat. Diga-nos de imediato, então. Onde jaz teu coração…
REI?
É a sua vez. EsTá pronTo?
acho quE sim.
QuE o aten o torne cerTeiro.
ele não vai conSeguir.
vai sim. Só quEro ver.