Projeto executado por meio da Lei Estadual de Incentivo Ă Cultura de Minas Gerais. CA 0616/001/2011
OFÍCIO DA PALAVRA JOSÉ EDUARDO GONÇALVES (ORGANIZADOR)
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Rejane Dias texto final e edição
José Eduardo Gonçalves Silvia Rubião preparação de textos
André Rubião revisão
Lúcia Assumpção Eduardo Soares projeto gráfico, diagramação e capa
Diogo Droschi realização
Instituto Cultural Flávio Gutierrez
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ofício da palavra / José Eduardo Gonçalves (org.). -- Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2014. Vários autores. Bibliografia. ISBN 978-85-8217-455-5 1. Escritores brasileiros - Biografia I. Gonçalves, José Eduardo. 14-04408
CDD-869.98
Índices para catálogo sistemático: 1. Autores brasileiros : Vida e obra : Literatura brasileira 869.98
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APRESENTAÇÃO
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OFÍCIO DA PALAVRA
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LUIZ RUFFATO p. 12 MILTON HATOUM p. 28 FERREIRA GULLAR p. 4 4 CRISTOVÃO TEZZA p. 62 BERNARDO CARVALHO p. 8 0 SILVIANO SANTIAGO p. 10 0 IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO DANIEL GALERA p. 134 MARIA ESTHER MACIEL p. 14 8 CAROLA SAAVEDRA p. 160 GONÇALO M. TAVARES p. 174
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APRESENTAÇÃO
O livro Ofício da Palavra pode ser considerado como um presente. Desde já, uma experiência rica e instigante. A edição criteriosa das palestras de escritores contemporâneos, selecionadas entre as mais representativas do projeto Ofício da Palavra, sucesso há sete anos e parte integrante da Ação Cultural do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte, que tem como patrocinador a Oi, tem tudo para agradar a pesquisadores, a estudantes e aos apreciadores da literatura brasileira. O exemplar em suas mãos dá acesso a depoimentos orais de quem vive de escrever. São reflexões sobre mapas, caminhos e atalhos do ofício de seus autores. Os palestrantes escolhidos para integrar este volume são um convite irresistível à leitura imediata. É só conferir: Luiz Ruffato, Ferreira Gullar, Milton Hatoum, Cristovão Tezza, Carola Saavedra, Ignácio de Loyola Brandão, Maria Esther Maciel, Silviano Santiago, Daniel Galera, Bernardo Carvalho, Gonçalo M. Tavares. Uma seleção criteriosa, integrada por onze dos melhores REALIZAÇÃO escritores brasileiros de nosso tempo. Destaque no calendário cultural de Belo Horizonte, o projeto Ofício da Palavra, com uma frequência de público que aumenta ano a ano, está em plena sintonia com as diretrizes dos projetos patrocinados pela Oi e apoiados pelo Oi Futuro, ao democratizar o acesso do público à produção artística e cultural contemporânea. PATROCÍNIO
APOIO
7 INCENTIVO
OFÍCIO DA PALAVRA
Escrever. Escrever para não esquecer. Para inventar a vida. Para estabelecer algum diálogo com o outro. Escrever para sobreviver. São muitas as razões que justificam o ato da escrita. Os depoimentos recolhidos no projeto Ofício da Palavra e editados para este livro falam de razões que tocam a cada autor de forma diferente. Cada um se expõe a seu modo, faz seu mergulho particular nos labirintos de seu ofício. Há o autor que vê o escritor como um ser solitário, recolhido em seu silêncio cheio de vozes, imerso em suas fantasias. Outro, por sua vez, acredita que o escritor nunca está sozinho, tantos são os personagens que o habitam durante o processo de gestação de uma obra. Escrevendo em períodos preestabelecidos do dia, com horários bem definidos, ou de forma avulsa e desordenada, sem qualquer disciplina, cada autor estabelece sua dinâmica de criação. Ao leitor, é praticamente impossível distinguir, na leitura dos textos literários, o processo de composição que dá origem ao que se revela disponível aos nossos olhos. Não podemos, de antemão, afirmar que tal frase saiu límpida de uma só vez ou se, ao contrário, foi reescrita dezenas de vezes, até o autor se dar por satisfeito. Muito da curiosidade que cerca os eventos literários gira em torno desta questão: afinal, como criam os escritores? Uma questão puxa outras. O que os move? O que os inspira e atiça? O que os faz se aventurar a este nível de exposição? O Ofício da Palavra vai ao encontro dessas indagações. Criado em novembro de 2006, o projeto é uma iniciativa do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, sob a inspiração de sua fundadora e presidente, Angela Gutierrez. Desde o primeiro encontro, com o escritor Sérgio Sant’Anna, até maio de 2014, passaram pelo 9
projeto 65 autores, entre romancistas, contistas, poetas, cronistas e letristas. Os eventos acontecem no hall do Museu de Artes e Ofícios, erguido na antiga Estação Central de Belo Horizonte. O que o projeto proporciona é uma conversa franca entre o escritor e seu público. Uma oportunidade rara de embate e diálogo, de reflexão e de crítica, de desnudamento de ideias. Um bate-papo sem firulas ou salamaleques. Enquanto a conversa acontece, as portas do museu estão abertas, de um lado, para uma das praças mais antigas da cidade, e de outro, para os trens (do metrô e também de carga) que continuam passando sobre os trilhos da estação centenária, separando as duas edificações que compõem o complexo museológico. Há ali, naquele ambiente em que a vida da cidade se mistura às vidas de personagens e narrativas diversas, uma saudável harmonia entre ficção e realidade, entre o que acontece no cotidiano da metrópole e o que é possível inventar com as palavras. A literatura faz perguntas que a realidade não consegue responder, mas é dessa inquietude e impertinência que se faz o melhor nas letras, em qualquer idioma. Este livro traz uma seleção de 11 dos mais saborosos encontros proporcionados pelo projeto. São 11 craques da língua portuguesa, representativos de gerações e estilos diferentes. Do poeta maranhense Ferreira Gullar ao multiescritor português Gonçalo M. Tavares, não há apenas o lugar de origem, a distância geográfica e a idade a separá-los. Há, sobretudo, um modo particular de perceber o valor da literatura em seu mundo e no mundo dos outros. Mas isso importa pouco. São todos escritores – e dos bons. Vivem a nos surpreender com a excelência e a originalidade de suas narrativas, breves ou longas, em prosa ou verso. Ainda que diferentes, há entre eles algo que os une irremediavelmente: a crença na palavra e na força da linguagem. É na palavra que se sustenta não só o universo genial que eles nos oferecem, mas o próprio território que ocupamos como espécie. Só ela nos assegura alguma esperança de perenidade. A leitura atenta de cada um dos depoimentos ilumina o enorme esforço feito pelos escritores para dominar a linguagem literária. Cada palavra esconde, em si mesma, uma luta permanente entre sentimentos, percepções e modos de enxergar o mundo. E cada palavra transformada em texto é, de certa forma, a tentativa do homem de tomar posse de seu mundo. Neste sentido, a linguagem 10 |
O F Í C I O D A PA L A V R A
é uma guerra campal, um conflito de enormes proporções entre o desejo de se expressar, de comunicar e compartilhar uma visão do mundo, e o resultado desse esforço. Há quem se saia muito bem nesses confrontos, outros nem tanto. Os autores aqui reunidos honram o ofício da escrita. Eles foram selecionados a partir de critérios como a qualidade explícita do depoimento, a diversidade de pensamento, as representações geracionais, a variedade de gêneros – há romancistas, contistas e poetas, e alguns deles com boas incursões no gênero ensaio. Há uma predominância de autores masculinos, que reproduz, de certa forma, o percentual de mulheres que participaram do projeto. Este volume pretende ser apenas o primeiro de uma série. Desta forma, a edição privilegia os depoimentos mais antigos e, nem por isso, menos atuais: Luiz Ruffato, Milton Hatoum e Ferreira Gullar falaram em 2007; Cristovão Tezza, Bernardo Carvalho e Silviano Santiago, em 2008; Ignácio de Loyola Brandão, Daniel Galera e Maria Esther Maciel, em 2009; Carola Saavedra, em 2011, e, finalmente, Gonçalo M. Tavares, em 2012. Os textos foram cuidadosamente editados e revisados, com a aprovação final dos autores. Ouso dizer que a leitura deles é não apenas prazerosa, mas indispensável. Para os interessados em literatura contemporânea em língua portuguesa, sejam leitores, críticos ou pesquisadores, é relevante o que estes autores têm a dizer. Aqui estão, de certa forma dissecados, processos e métodos de trabalho, crenças e influências, experiências estilísticas e escolhas estéticas e pessoais, nos proporcionando uma aproximação rara com o universo da criação literária. Acima de tudo, esta obra é um convite à leitura de tantos outros livros, de muitos e inimagináveis outros livros. É um brado a favor da importância da palavra nos dias inquietos de então. Afinal, não há salvação na literatura, mas sem ela é muito mais difícil viver. José Eduardo Gonçalves Curador do Ofício da Palavra Belo Horizonte, maio de 2014.
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