Foto: Amy Janowsky
Jesse Fink nasceu em Londres, na Inglaterra, em 1973, mas foi criado em Sidney, na Austrália. Trabalhou por cinco anos como editor sênior de não ficção para a HarperCollins Publishers da Austrália, sendo responsável por inúmeros best-sellers. Como jornalista esportivo e editor da revista Inside Sport, versão australiana da Sports Illustrated, foi indicado aos prêmios mais prestigiados do país. Em 2007, escreveu o aclamado livro 15 Days in June: How Australia Became a Football Nation, e em 2012 publicou a obra de memórias Laid Bare: One Man’s Story of Sex, Love and Other Disorders. Atualmente, Fink mora em Sidney com sua filha, e escreve regularmente para o Sunday Style, a revista semanal mais lida do país. Acompanhe o autor: Site: jessefink.com.au Facebook: facebook.com/jesse.fink Facebook: facebook.com/youngsacdc Twitter: twitter.com/JesseFink Instagram: instagram.com/jessefink
Da Escócia para a Austrália. Das ruas e dos pequenos clubes para os estádios e os grandes festivais de rock ao redor do mundo. Com mais de 200 milhões de álbuns vendidos, o AC/DC não é apenas uma das maiores bandas de rock ainda na ativa. É uma família e um grande império, construído pelos irmãos George, Malcolm e Angus Young. E é essa a história contada neste livro, que já foi publicado em quase vinte países, considerado uma das biografias recentes de músicos mais originais já escritas, e selecionado como o melhor livro do gênero pelo AllMusicBooks.com. Ele conta a extraordinária trajetória por trás desse gigante comercial e musical, revelando alguns dos segredos de seus componentes, sua criatividade e personalidade, e a escalada empreendedora da banda até o topo. Com informações extremamente recentes, reúne relatos de ex-membros do AC/DC e de músicos de bandas como Guns N’ Roses, Rose Tattoo e Dropkick Murphys, e mostra porque o AC/DC consegue manter o mesmo som e a mesma identidade por tantas décadas, entrelaçando a história da banda com a da cena musical que cresceu junto com ela, em um texto apaixonado e descontraído, feito de fã para fã.
“Uma leitura essencial para os fãs da banda. Mais importante, este livro dá um retrato completo de como foi significativo o papel que George Young, o irmão mais velho de Malcolm e Angus, teve no desenvolvimento do AC/DC.” The New Yorker “O melhor livro que já li sobre o AC/DC.” Mark Evans Baixista do AC/DC de 1975 a 1977 “O olhar de Fink sobre a banda nos leva à pergunta que ele acredita que a maioria dos críticos de rock nunca foi capaz de responder sobre as músicas do AC/DC: ‘Por que elas perduram tanto, ressoam em centenas de milhares de pessoas e inculcam uma lealdade tão feroz e de tamanho fanatismo?’. A resposta é a implacável tenacidade dos irmãos Youngs. Fascinante.” Publishers Weekly “Adorei!” Jerry Greenberg Presidente da Atlantic Records de 1974 a 1980 “É extraordinariamente bem escrito e mostra uma fascinante visão da banda e das pessoas que ajudaram a fazer isso acontecer... Um grande trabalho de pesquisa.” Phil Carson Ex-vice-presidente da Atlantic Records, que contratou o AC/DC
ISBN: 978-85-8235-302-8
9 788582 353028
“Um trabalho excelente.” Tony Platt Engenheiro de som de Back in Black e Highway to Hell
t r a d u รง รฃ o:
Marcelo Hauck
Copyright © 2013 Jesse Fink Copyright © 2015 Editora Gutenberg Obra originalmente publicada pela Random House Australia Pty Ltd, Sidney, Austrália. Esta edição foi publicada mediante acordo com Random House Australia Ltd e RDC Agencia Literaria S. L. Os direitos morais do autor sobre esta obra estão assegurados. Título original: The Youngs: The Brothers Who Built AC/DC Todos os direitos reservados pela Editora Gutenberg. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
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capa
Alessandra J. Gelman Ruiz
Diogo Droschi
editora
diagramação
Silvia Tocci Masini
Christiane Morais Andresa Vidal
assistentes editoriais
Felipe Castilho Carol Christo revisão
Monique D’Orazio
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fink, Jesse Os Youngs : os irmãos que criaram o AC/DC / Jesse Fink ; tradução Marcelo Hauck. -- 1. ed. -- Belo Horizonte : Editora Gutenberg, 2015. Título original: The Youngs : The Brothers Who Built AC/DC ISBN 978-85-8235-302-8 1. AC/DC (Grupo musical) 2. Músicos de rock - Austrália 3. Young, Angus 4. Young, George 5. Young, Malcolm I. Título. 15-05651
CDD-781.660922
Índices para catálogo sistemático: 1. Austrália : Músicos de rock : Biografia 781.660922
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Prólogo
“GIMME A BULLET”
Todos nós temos uma história quando o assunto é esta banda. Não sei a data exata da minha. Minhas memórias da ocasião estão borradas pela neblina do uísque que finalmente me destruiu naquela noite sombria. Sozinho em casa, em outra noite de sábado, eu me perguntava como tinha acabado em um quarto desmazelado de uma merda de apartamento úmido, abaixo do nível da rua, em uma parte pobre do centro de Sydney, na Austrália, sendo que eu tive tudo: uma casa confortável em um bairro residencial, uma família feliz, uma linda esposa e até mesmo um cachorro magricela que vivia abanando o rabo. E agora tinha me rebaixado a ponto de ter de ficar organizando meias pretas para passar o tempo, até que fosse seguro ir dormir sem correr o risco de me pegar acordado às 4 horas da manhã. Se 2 da manhã é um horário solitário para um recém-divorciado, 4 horas é insuportável. Queria sair e ficar com uma mulher, qualquer uma – simplesmente para abraçar alguém, para estar com alguém; e foram muitos “encontros” emergenciais para suportar aquelas noites – mas eu ficava paralisado pelo fato de que a mulher que eu ainda amava e queria estava com outra pessoa que não era eu. Sentia-me incapaz, indignado e, mais do que qualquer outra coisa, paralisado. Estava totalmente deprimido. Minha situação era deplorável. E então – foi tão simples quanto o “então” nesta história de infelicidade – eu peguei meu MacBook velho e detonado, abri o iTunes e coloquei um AC/DC. A música que escolhi não foi “Back In Black”, “Highway To Hell”, “Thunderstruck” nem alguma outra do catálogo da banda, usada para 11
agitar estádios. (Os australianos ainda recorrem ao AC/DC, mesmo que Angus e Malcolm Young tenham se esforçado muito para efetivamente renegar sua herança antipódica). Foi “Gimme A Bullet”, uma música quase totalmente esquecida, presente no disco Powerage, de 1978, um álbum que, de alguma maneira, passou despercebido pelo grande público e não chegou a se tornar um grande sucesso de vendas. O quinto disco da banda, o último produzido pela dupla de ex-Easybeats – George Young, o irmão mais velho, e Harry Vanda – durante o período de ouro do AC/ DC, de 1975 a 1980. Trata-se da gravação menos pomposa da banda, porém a mais artística. Não há uma música ruim nele. Oh, she hit me low.1 É, Bon, minha mulher fez isso. Aquela banda estava lendo a minha mente? É claro que eu já tinha ouvido AC/DC antes; mas, naquela noite, sentado na ponta da minha cama, eu estava completamente paralisado pelo que ouvia. O tom pedregoso. A energia crescente. As guitarras delineadas, mas de alguma maneira emaranhadas. Nem sinal de um floreio de Angus – raro no AC/DC. Apenas os irmãos Youngs entrosados com o groove conduzido pela cozinha. E a letra: versos que eram um bálsamo para a parte da minha alma dilacerada pelo abandono da minha esposa. A ficha estava finalmente caindo. Quando a música acabou, tive que escutar o disco todo – e depois o ouvi inteiro de novo. Mais do que qualquer coisa que fizeram antes ou que têm feito desde então, Powerage, com duração de quarenta minutos, é um retrato sônico da vida real, em toda a sua ordinariedade, visto pelas lentes de uma banda de homens com aparência infame que podem muito bem reivindicar o título de maior banda de rock ‘n’ roll de todos os tempos. Amontoado às pressas em um punhado de semanas, em um estúdio no quinto andar do agora demolido Boomerang House, em Sydney, Powerage, não é um disco sobre sacanagem, bebedeira, armas ou intempéries. Misericordiosamente, não há nenhum dos joguinhos sexuais juvenis com expressões de duplo sentido, com os quais o terceiro e último vocalista, Brian Johnson, conseguiu estragar alguns dos melhores trabalhos de guitarra dos irmãos nos anos 1980. É um disco com o qual os verdadeiros ouvintes (uma importante distinção em relação aos verdadeiros fãs) da música do AC/DC podem se Verso da música “Gimme A Bullet”. Uma possível tradução seria: “Oh, ela me deu o pé na bunda”. (N.T.)
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identificar porque, graças a uma contribuição nada pequena de Bon Scott, é sobre a fragilidade humana. É esse vislumbre de humildade e páthos em Powerage que o separa do restante do catálogo do AC/DC. Outros discos trazem a mesma bola de demolição produzida pelos Gretsch, Gibson, Music Man e Sonor, mas as nove músicas de Powerage (dez no LP europeu) exploram temas raramente notados no hard rock. Abandono. Anseio. Privação. Aspiração. Adversidade emocional e financeira. Como lidar com as pedras que a vida coloca no caminho. E o mais eletrizante: o risco. O majestoso Scott não teria vivido submetido a outro credo. O refrão de “Rock ‘N’ Roll Damnation”, a faixa de abertura, diz tudo: take a chance while you still got the choice.2 Foi o que eu finalmente fiz, pois abandonei aquele quarto, a garrafa de uísque e minhas meias pretas desorganizadas, fugi para Nova York e fiquei com uma dançarina burlesca que parecia a Scarlett Johansson. Eu não ia morrer só especulando. Escrevi um livro. Me apaixonei de novo. Coloquei minha vida de volta nos trilhos. Mas “Gimme A Bullet” foi a primeira que me pegou de jeito, e ainda pega toda vez que a escuto. Quando o baixo de Cliff Williams irrompe através das guitarras dos irmãos Youngs e da batida de Phil Rudd por volta de 1:17, a música como um todo se eleva ao patamar da perfeição do rock. Ali está provavelmente a coisa mais próxima de um solo a que chega o primoroso “preenchedor” Williams – como o guitarrista do Rose Tattoo, Rob Riley, laconicamente o descreve – em mais de trinta anos com o AC/DC. Ele não fez muito mais com relação à criatividade. De acordo com as fontes mais confiáveis, os intransigentes irmãos Youngs não deixavam. Não é a banda dele. Não o lugar dele. Mas o baixo era mesmo de Williams? Mark Evans, o predecessor do inglês na banda, mais tarde me contou: “Pelo que sei da situação, o George tocou baixo no disco todo”. O que poderia explicar porque Powerage é tão bom. Toda discussão sobre o AC/DC está abarrotada desse tipo de mistério. Em todo caso, o efeito que ele produziu em mim foi o mesmo, quem quer que estivesse tocando. Escutar “Gimme A Bullet” me fez sacudir a poeira e me deu firmeza e determinação para deixar de sentir pena de mim mesmo. Eu a tocava no carro, quando estava correndo pelas ruas ou puxando ferro na academia 2
Arrisque-se enquanto ainda tem escolha. (N.T.) 13
do bairro. Minha filha, na época com 7 anos de idade, geralmente ligada em Selena Gomez, Taylor Swift e Ke$ha, adorou a música, tanto que dançava pela sala ao som dela. Eu tive um surto de orgulho paterno quando ela me presenteou com o desenho de um grande coração com as bordas decoradas de flores e abaixo dele escreveu com seus garranchos: “O meu pai adora AC/DC e The Rolling Stones”. Poder conectar-se com seu filho por meio da música que você adora é algo bonito. Aos 37, depois de metade da vida gasta escutando música boa, melódica, mas comparativamente anódina, eu tinha finalmente capturado o significado do AC/DC. Só posso comparar o impacto de “Gimme A Bullet” em mim, naquela noite, com a cena de Alta fidelidade em que o personagem de John Cusack confessa que organiza seus discos não de maneira cronológica ou alfabética, mas autobiograficamente. Toda vez que escuto essa música, ela me leva de volta ao momento em que eu achava que tinha perdido tudo, que podia facilmente sair e entrar na frente de um caminhão de lixo, mas não fiz isso. Eu recuperei o ânimo. Ela fez com que eu me sentisse bem. Ela me fez sentir que eu não estava sozinho no mundo; que havia outros caras por aí, o Scott era um deles, que já tinham passado por aquilo antes de mim, que tinham passado por noites de solidão similares, rangendo os dentes, mas que se recuperaram. E é isso que a melhor música faz. Ela imortaliza esses belos momentos particulares de claridade existencial. Ela nos faz abraçar a vida e sua instabilidade. Anos depois, de volta a Nova York, eu atravessava a ponte do Brooklyn durante uma tempestade de neve com “Gimme A Bullet” no meu iPod, a música propelindo minhas pernas à frente como tinha feito tantas vezes antes. Tive que parar por um momento no frígido ar de janeiro – Manhattan à minha esquerda, o Brooklyn à direita, Sydney e minha antiga vida muito distantes no passado – e sorrir para reconquistar minha saúde e felicidade. A música do AC/DC, tanto quanto qualquer outra coisa, me ajudou a chegar lá. Angus e Malcolm Young podem dar de ombros e dizer que estão apenas tocando rock ‘n’ roll, estar completamente alheios às histórias pessoais de fãs para quem a música deles tem sido profundamente comovente, evitar escritores e jornalistas que querem mais do que as frases de efeito que são lançadas como iscas para fora de um barco quando têm um disco para promover. Mas, juntamente com George, seu recluso irmão mais velho, mentor e produtor, eles são muito mais do que isso. A música dos irmãos 14
Youngs é muito mais do que bebedeira, sacanagem e rock ‘n’ roll. Eles podem não acreditar nisso. Eles podem continuar com essas declarações, que eu não estou nem aí. Ninguém cai nessa conversa. Porque quando eles já tiverem saído de cena, haverá um cara perdido em algum lugar que vai escutar “Gimme A Bullet” pela primeira vez e decidir acordar de manhã. Todos possuímos uma música dos irmãos Youngs que tem esse tipo de impacto em nós. E é esse dom especial deles – não a fama, não as vendas de discos, não a incalculável riqueza – que faz com que valha a pena apreciá-los. Jesse Fink, Agosto de 2014
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