FOTOGRAFIAS DE
José Israel Abrantes
TESOUROS de MINAS •
TREASURES of MINAS
O U RO P R E T O MARIANA SABARÁ
Realização
Patrocínio
FOTOGRAFIAS DE
José Israel Abrantes
TESOUROS de MINAS T R E A SU R E S o f M I NA S
O U RO P R E T O MARIANA SABARÁ
Copyright © 2014 José Israel Abrantes Copyright © 2014 Autêntica Editora Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
COORDENAÇÃO EDITORIAL / EDITORIAL COORDINATION
José Eduardo Gonçalves Sílvia Rubião FOTOGRAFIA E EDIÇÃO FOTOGRÁFICA / PHOTOGRAPHY AND PHOTO EDITING
José Israel Abrantes CONSULTORIA / CONSULTANCY
Mauro Werkema PROJETO GRÁFICO / GRAPHIC DESIGN AND LAYOUT
Diogo Droschi TRADUÇÃO / TRANSLATION
Sérvulo Monteiro Resende ASSISTENTE EDITORIAL / EDITORIAL ASSISTANT
Helen Murta REVISÃO / PROOFREADING
Lúcia Assumpção Ricardo Antunes SUPORTE ADMINISTRATIVO / ADMINISTRATIVE SUPPORT
Kênia Perdigão O autor agradece a todas as instituições, museus e paróquias que abriram suas portas e deram permissão para tirar fotografias e reproduzir imagens de suas coleções. O autor também agradece à Pousada Pedra do Macaco na Chapada, distrito de Ouro Preto, e a Cláudia Couto. The author is grateful to all institutions, museums and parishes that opened their doors and gave permission to take photographs and to reproduce images from their collections. The author is also grateful to Pousada Pedra do Macaco in Chapada, a district of Ouro Preto, and to Cláudia Couto.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Abrantes, José Israel Ouro Preto, Mariana, Sabará / fotografias José Israel Abrantes ; textos Mauro Werkema ; [versão em inglês Sérvulo Monteiro Resende]. -- Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2014. -- (Tesouros de Minas) Edição bilíngue: português/inglês Bibliografia. ISBN: 978-85-8217-454-8 1. Cidades históricas - Minas Gerais - Descrição 2. Cidades históricas Minas Gerais - História 3. Minas Gerais - Fotografias I. Werkema, Mauro. II. Título. III. Série. 13-12647
CDD-779.998151
Índices para catálogo sistemático: 1. Fotografias : Minas Gerais 779.998151 2. Minas Gerais : Fotografias 779.998151
Belo Horizonte Rua Aimorés, 981, 8º andar . Funcionários 30140-071 . Belo Horizonte . MG Tel.: (55 31) 3214 5700 São Paulo Av. Paulista, 2073, Conjunto Nacional, Horsa I, 23º andar, Conj. 2301 Cerqueira César . São Paulo . SP . 01311-940 Tel.: (55 11) 3034 4468 Televendas: 0800 283 13 22 www.grupoautentica.com.br
367 São Gonçalo do Rio das Pedras
010 Santo Antônio do Itambé
Milho Verde 259 259
Serro
Presidente Kubitschek
Sab
7
010
APRESENTAÇÃO
p.
I N T RO D U C T IO N
OU RO PRETO
p.
15
M A RIA NA
p.
89
SA BA RÁ
p.
Itacolomi
Conceição do Mato Dentro
10 9
Itambé do Mato Dentro
Sete Lagoas 010 424 Confins 424
Lagoa Santa
Bom Jesus do Amparo
010 Santa Luzia
040 Esmeralda
262
Sabará Belo Horizonte
Contagem Betim
381
Barão de Cocais Santa Bárbara
Nova Lima 040
Rio Acima
Brumadinho
Catas Altas Caraça
381 Itabirito Bonfim
356
Ouro Preto
040
Moedas
Mariana Ouro Branco
Congonhas Carmópolis de Minas 381
Passa Tempo
Piedade
Piracema
dos GeraisDE BELO HORIZONTE DISTÂNCIA AO CENTRO DISTANCE FROM DOWNTOWN BELO HORIZONTE
494
RODOVIA FEDERAL FEDERAL ROAD RO DOV I A E STA D UA L STAT E ROA D
Ouro Preto.. ................... 97,0 km Entre Rios Mariana......................110,0 km de Minas Sabará . . ........................ 20,5 km
DUPL I CA DA DUA L L A N E
Conselheiro Lafaiete
PAV I M EN TA DA PAV ED
Cristiano Otoni
383
São Tiago
040
494
Resende Costa
Lagoa Dourada
Carandaí
Prados
São João Del Rei
Ibituruna
Ressaquinha
Tiradentes 265 Barroso
265
040
259
Sen do
APRESENTAÇÃO INTRODUCTION Mauro Werkema Jornalista, gestor cultural e autor de livros sobre história e cultura mineiras.
Journalist, cultural manager and author of books on the history and culture of Minas Gerais.
A
s três primeiras vilas da “Capitania das Minas do Ouro”, Ouro Preto, Mariana e Sabará – títulos concedidos por Dom João V, rei de Portugal, em 1711 – abrigam não só um raro e rico acervo de relíquias artísticas do esplendor do Ciclo do Ouro, mas um conjunto arquitetônico expressivo da arquitetura luso-brasileira setecentista. E guardam ainda a memória dos muitos episódios, conquistas e conflitos da sociedade minerária que nascia entre as montanhas de Minas e que terá influência e presença na História de Minas Gerais e do Brasil. Seu território teve ocupação veloz pela épica corrida pelo ouro e pedras preciosas, com urbanização acelerada nas três primeiras décadas do século XVIII, conformando sociedades já barrocas no seu estilo de vida e de arte, com um fausto cultural que chegou a requintes na arquitetura e na ornamentação, com estilo próprio. Em 1709, a “região das minas” integra a “Capitania de São Paulo e Minas do Ouro”, em uma tentativa da Coroa Portuguesa de controlar conflitos e instalar a administração colonial. Em 1720, alcança autonomia política e administrativa com a criação da “Capitania das Minas do Ouro”. Com a Independência, em 1822, torna-se a Província de Minas Gerais. As três cidades são testemunhas vivas dos primeiros tempos da pioneira colonização do território interior do Brasil-Colônia, a partir dos anos finais do século XVII, por bandeirantes paulistas, vindos das vilas de São Vicente e São Paulo. Núcleos primitivos da ocupação deste novo território, a eles Guimarães Rosa se refere como “A Minas geratriz”, mineradora, fundadora dos traços básicos da sociedade mineira e da mineiridade. E, como em todas as cidades históricas de Minas, possuem um rico calendário de festas cívicas, religiosas e populares, por meio das quais guardam suas tradições tricentenárias.
T
he three first villages of the “Capitania das Minas de Ouro” (Province of Gold Mines), elevated to the status of villages by the Portuguese King John V in 1711, are home not only to a rare and rich collection of artistic relics of the Golden Age in Brazil, but also to an architectural ensemble which is expressive of the Luso-Brazilian colonial architectural style of the 18th century. They still hold the memories of many events, achievements and conflicts of a mining-oriented society that was born in the midst of the mountains of Minas and which would influence and impact the history of Minas Gerais and Brazil. Their territory was swiftly occupied and urbanized during the epic rush for gold and precious stones in the first three decades of the 18th century, shaping societies that were already baroque in their approach to art and lifestyle and marked by a cultural pomposity that led to refinements in architecture and ornamentation with their own style. In 1709, the so called “Region of the Mines” became part of the “Captaincy of São Paulo and Minas do Ouro” as an attempt of the Portuguese Crown to control conflicts and establish the colonial administration in the region. In 1720, it achieved political and administrative autonomy with the creation of the “Captaincy of Minas do Ouro”. After the independence of Brazil in 1822, it became the Province of Minas Gerais. The three cities are living witnesses of the early pioneer colonization of the interior of colonial Brazil, which began in the late 17th century and was carried out by Paulista trailblazers coming from the towns of São Vicente and São Paulo. Guimarães Rosa refers to these primitive centers of territorial occupation as “The Generator Minas”, meaning by that the mining region that founded and generated the basic traits of the society of Minas Gerais and the typical lifestyle of the state´s native people. And just like all other historic towns of Minas, they have a rich calendar of civic, religious and popular festivals with a 300 years-old tradition. [6/7]
Festa barroca
A Baroque Feast
Uma vez descoberto o ouro nos anos de passagem entre os séculos XVII e XVIII, povoam-se rapidamente todas as encostas a Serra do Ouro Preto. Extensão sul da Serra do Espinhaço, ela delimita o Vale do Ribeirão Tripui, tendo em contraposição o Itacolomi, com sua formação original, marco de orientação do bandeirante paulista Antônio Dias de Oliveira, que o avistou na manhã do dia 24 de junho de 1698, dando início ao arraial Vila Rica, nome primitivo de Ouro Preto – denominação adotada somente em 1823, por ato de Dom Pedro I. No Espinhaço, todo aurífero, nasce o Rio das Velhas e vários ribeirões que recolhem o ouro de aluvião das encostas, atraindo e fixando o minerador, a princípio nos mundeos e depois nas betas e túneis. Forma-se, neste território íngreme e inóspito, uma sociedade complexa, com características próprias, conformadas por uma singular confluência de fatores geográficos, econômicos, étnicos, políticos e religiosos, sempre irrequieta, conflituosa e libertária; mas que vai gerar contexto cultural propiciador, ao longo do século XVIII, de um fenomenal surto de criatividade artística. Ouro Preto encanta o visitante já ao primeiro olhar.
Once gold was found during the transition years between the 17th and 18th centuries, the Serra do Ouro Preto range was quickly populated. This range is a southern extension of the Serra do Espinhaço range and delimits the Valley of Ribeirão Tripuí facing the Itacolumi Peak in its original formation, a geographical reference point for Antonio Dias de Oliveira, who was the first trailblazer to see it on the morning of June 24, 1698. This is the area where the small village of Vila Rica was born. By an Act of King Dom Pedro I the village was renamed in 1823 to Ouro Preto. The auriferous mountains of the Espinhaço range are the source of the Rio das Velhas River and several streams that wash down gold from the alluvial slopes, attracting miners who established themselves first at the reservoirs and then near gold veins and tunnels. In this steep and inhospitable terrain, there arose a complex society with its own characteristics, shaped by a unique confluence of geographical, economic, ethnic, political and religious factors, a restless, libertarian and conflict-ridden society that would create a cultural context that fostered a tremendous surge of artistic creativity throughout the 18th century.
Sob a moldura, ao fundo, das montanhas que circundam seus horizontes, o conjunto colonial estimula a contemplação interessada, logo alcançada devido a sua singularidade e exemplaridade. Sente-se, de imediato, a força do conjunto. Nos muitos planos, integram-se urbanismo, arquitetura e arte. Nas torres das igrejas, que se sobressaem nos seus altiplanos em meio ao casario, em surpreendente movimento; nas fachadas dos edifícios e em seus vãos, portas e janelas; nos dorsos dos telhados sinuosos, nas ladeiras e becos, nos chafarizes; nos frontões que ostentam ornatos barrocos e nas edificações com suas alfaias e cimalhas, percebe-se logo uma “festa barroca”, a empolgar e prender o espírito. Em meio à experiência espiritual da contemplação do conjunto arquitetônico, Ouro Preto enseja uma dimensão dramática que permite ver e sentir o barroco como “espetáculo e teatro da vida e do mundo”. Por isso sempre desperta a sensibilidade dos poetas, dos artistas plásticos e dos fotógrafos – que se motivam também pela “moldura histórica” que igrejas, museus, edificações, praças e esquinas testemunham e fazem lembrar, na sua trajetória de três séculos, povoada de episódios marcantes da construção da nacionalidade brasileira.
Ouro Preto charms the visitor at first sight. With the frame of mountains surrounding its horizon in the background, its colonial ensemble stimulates interested contemplation, which is quickly reached by virtue of its uniqueness and exemplary nature. One feels at once the strength of the whole ensemble. Urban design, architecture and art are integrated here in all levels. In the tall church towers rising in a surprising movement above the houses, in the facades, bays, doors and windows of the buildings, in the backs of meandering roofs, in the slopes and alleys, in fountains and gables with baroque ornamentation, in buildings with their decoration and cornices, everywhere one senses a “a baroque feast” that strikes and arrests the spirit. In the midst of the spiritual experience of contemplating the architectural ensemble, Ouro Preto takes on a dramatic dimension that allows us to see and feel the Baroque as a “spectacle and drama of life and the world.” For this reason, it always appeals to the sensitivity of poets, artists and photographers. And they also feel inspired by the “historical frame” manifest in churches, museums, buildings, squares and corners, whose two-century-old history full of remarkable events recalls to mind the construction of the Brazilian nationality.
[8/9]
Nos frontispícios das igrejas, nos seus altares, púlpitos e forros; na evolução dos estilos a partir do barroco da primeira fase – joanino, severo e grave – para a influência mineira e o rococó, nas talhas e esculturas do Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa; nas pinturas de Athayde, Manoel da Costa Athayde; e nos retábulos de um conjunto de artistas e artesãos, escultores, entalhadores, carpinteiros, pintores, é possível contemplar a arte brasileira numa de suas raízes fundadoras. No traçado urbano, nas construções conurbadas, amparando-se nas ruas íngremes, nem sempre no prumo; nas surpresas de cada esquina e cada visada, nos trajetos curvos, acompanhando as encostas, o observador vai captando flagrantes, movimentos e volumes, uma surpresa em cada olhar. E é possível evocar personagens que por ali passaram, como o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ou os poetas Tomás Antônio Gonzaga ou Cláudio Manoel da Costa, entre muitos outros que sonharam com autonomia e liberdade com a Inconfidência Mineira de 1789. Relicário da arte brasileira, Ouro preto recebe em 1933, o título de “Monumento Nacional”. Seu conjunto urbano e paisagístico é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938. Em
In the façades of churches, altars, pulpits and ceilings, in the evolution of the Baroque from the earlier stern and severe Johannine style to the style developed in Minas Gerais and to Rococo, in the carvings and sculptures of Aleijadinho and Antônio Francisco Lisboa, in the paintings of Manoel da Costa Athayde, in the altarpieces created by of a group of artists and craftsmen that included sculptors, carvers, carpenters and painters one can admire the Brazilian art in one of its founding roots. The urban design of the city, the conurbation of constructions on steep streets, sometimes thrown out of plumb, the surprises around each and every corner and turn and the curved paths following the slopes will provide the beholder with glimpses into movements and volumes and a surprise at every glance. And it is possible to evoke characters that once lived here, such as Lieutenant Joaquim José da Silva Xavier, known as Tiradentes, or the poets Tomás Antônio Gonzaga and Claudio Manoel da Costa who, among many others, dreamed of freedom and independence and were leaders in the so-called Inconfidência Mineira, in 1789, a conspiracy against colonial authorities.
In 1933, Ouro Preto was declared a “National Monument”, a Reliquary of Brazilian Art. In 1938, its architectural and landscape ensemble was listed by the National Historic and Artistic Heritage Institute (IPHAN) as a national heritage site. In 1980, it received from UNESCO the title of World Heritage Site. The city has a strong historical and civic trajectory and its art and architectural heritage is internationally renowned. For these reasons, it is becoming more and more a destination for visitors from around the world. 1980, recebe da Unesco o título de “Patrimônio Cultural da Humanidade”. Por seu acervo artístico e seu patrimônio arquitetônico, internacionalmente conhecidos, por sua trajetória histórica e cívica, é cada vez mais destino procurado por visitantes de todo o mundo.
Mergulho na história e na arte A histórica e cívica Mariana nasce em 1696, quando chega às margens do Ribeirão do Carmo o bandeirante Salvador Fernandes Furtado. Um dos núcleos civilizatórios mais férteis de Minas, Mariana ostenta os títulos de “Cidade Primaz de Minas”, de “Cidade dos Bispos” e de “Roma Brasileira”. Seus pioneirismos na formação histórica e cívica de Minas Gerais são muitos: primeira capital (1709 a 1720), primeira Vila (1711), primeira Câmara Municipal, primeira a receber o título de “cidade” (1745), primeiro Bispado (1745) da “Capitania das Minas Geraes”, primeiro Arcebispado (1908), entre muitos outros. Mariana propicia um mergulho na História do Brasil e de Minas, na contemplação e convivência com monumentos, entre edificações civis e religiosas, exemplares da arquitetura colonial luso-brasileira e que abrigam obras de ornamentação,
Diving into History and Art The historical city of Mariana was born in 1696 when the trailblazer Salvador Fernandes Furtado reached the banks of the Carmo River. Considered one of the major civilizational centers of Minas, Mariana bears the titles of “Primate City of Minas”, the “City of Bishops” and “Brazilian Rome.” It was in many ways a pioneering city in the historical and civic formation of Minas Gerais. Among other things, it was the first capital (1709-1720), the first Village (1711), the first City Council, the first town to receive the title of City (1745) and the first Diocese (1745) of the “Captaincy of Minas Geraes”. In Mariana one takes a dive into the history of Brazil and Minas through the contemplation of and interaction with monuments and exemplary religious and civic buildings of the Luso-Brazilian colonial architecture. These buildings are home to ornamental works, sculptures, paintings and furniture dating back to the period of artistic splendor of the Golden Age during the 18th and 19tyh centuries. They were all produced under the inspiration of the Portuguese baroque. Their unique expressive forms were created by artists of Mariana. [ 10 / 11 ]
esculturas, pinturas e mobiliário, originárias dos séculos XVIII e XIX, resultantes do esplendor artístico do Ciclo do Ouro e produzidas sob a inspiração do barroco português e suas expressões singulares criadas pelos artistas marianenses. Nasceu como Arraial do Ribeirão de N. S. do Carmo, mas recebeu o nome da esposa de Dom João V, Maria Ana d’Áustria, em 1745, quando obteve o título de “cidade”. Já em 1709, a primitiva capela erguida para a fundação do arraial minerador é transferida para a recém-construída Igreja de N. S. da Conceição (hoje Igreja Catedral da Sé). O governo português encomenda, em 1745, ao engenheiro militar José Fernandes Alpoim, um traçado geométrico para o seu núcleo urbano – outro pioneirismo de Mariana e que a distingue das outras cidades históricas mineiras. Mariana conserva um dos conjuntos arquitetônicos luso-brasileiros mais expressivos de toda a tecnologia construtiva portuguesa transplantada para o Brasil. Guarda acervo valioso e raro da arte sacra e especialmente trabalhos de talha. Seu casario, formado nos primeiros anos do século XVIII, expande-se para um segundo pavimento, especialmente na Rua Direita e na Praça Gomes Freire, que abrigam conjuntos excepcionais do patrimônio histórico e urbanístico brasileiro setecentista.
The small village was born as Arraial do Ribeirão N. S. Carmo, but after becoming a city in 1745 it was renamed to Mariana in honor of the wife of King João V, Maria Ana d’Áustria. In 1709, the original chapel that had been built at the foundation of the village was transferred to the newly built Church of Our Lady of Conception (Sé Cathedral Church today). In 1745, the Portuguese government commissioned the military engineer José Fernandes Alpoim to lay out the city´s urban core with a geometric pattern, a characteristic that distinguishes Mariana from other historic cities in Minas. Mariana is one of the Luso-Brazilian architectural ensembles that best expresses the construction technologies brought to Brazil by the Portuguese. The city is home to a valuable and rare collection of sacred art, and especially of woodcarving works. Its row houses were built in the early years of the 18th century and expanded later to two-story houses, especially in the Direita Street and at the Gomes Freire Square. They represent an outstanding collection of the historical and urban heritage of eighteenth-century Brazil. In 1945, the city received the title of “National Monument” for its “significant historical, religious and cultural heritage” and its active participation in the civic and political
Recebe, em 1945, o título de” Monumento Nacional” por seu “significativo patrimônio histórico, religioso e cultural” e ativa participação na vida cívica e política do país, contribuindo, em vários episódios da Independência, do Império e da República, para a formação brasileira. Todo ano, em 16 de julho, “Dia de Minas”, o Governo do Estado se transfere para Mariana e realiza cerimônia alusiva na Praça Minas Gerais que, por sua beleza plástica e seus monumentos, é significativo exemplar da Minas Colonial.
Joia colonial Considerada a cidade mais antiga de Minas da região central do território que então se desbravava, e a que se deu o nome primitivo de Sabarabuçu, chamou-se Vila Real de N. S. da Conceição de Sabará a partir de 1711. Por sua ligação com os fluxos humanos que vinham do Norte, pelo Caminho Velho do Sertão, seguindo as margens dos rios das Velhas e São Francisco e, ao Sul, da região do Tripuí, Vila Rica e Mariana, expandiu-se rapidamente devido à abundância do ouro em todo o seu território e por ser entroncamento para o comércio de víveres e gado vindos da Bahia e da Região Norte. Foi, durante quase todo o século XVIII, o núcleo urbano mais populoso da capitania, gerador de vários arraiais, hoje grandes cidades. Sua origem está na Bandeira de Fernão Dias Paes, que sai de São Paulo, em 1674, considerada fundadora de Minas pelos territórios que percorreu, dando início a inúmeros povoados. Seu genro, Manoel de Borba Gato, após a morte de Fernão, segue o Rio das Velhas e encontra ouro na confluência com o rio Sabará, iniciando novo arraial, por volta de 1682. Sabará participa dos principais movimentos políticos e cívicos de Minas Gerais, como sedições locais contra o fisco português, a Guerra dos Emboabas em 1707, a Revolução Liberal de 1842, com influência na História do Brasil por todo o período colonial. Do seu grande território, foi tirado o espaço para a nova capital, Belo Horizonte, inaugurada em 1897. É tombada pelo IPHAN desde 1938. Ainda do seu traçado colonial preserva casario antigo, originário do século XVIII, especialmente nas ruas Direita e Pedro II, onde estão excepcionais exemplares de edificações coloniais. Possui um notável conjunto da arquitetura religiosa setecentista, de grande valor histórico e artístico. Sabará permite ao visitante, com o olhar interessado na arte e na história, contemplar preciosos e raros atrativos culturais e turísticos que testemunham a criatividade dos primitivos tempos da colonização do interior do Brasil. Suas relíquias, artísticas e históricas, entre edificações e obras ornamentais, especialmente peças da arte sacra, exemplificam o fenômeno cultural ocorrido no século XVIII, o Barroco Colonial Mineiro, com soluções e estilos próprios. Distante 11 km de Belo Horizonte, Sabará é destino turístico e cultural importante para os que desejam conhecer os primórdios da História de Minas Gerais.
life of the country, and also for having contributed to the formation of the country in several events related to the Independence, the Empire and the Republic. Every July 16, on the “Day of Minas”, the State Government moves to Mariana and holds a ceremony at the Minas Gerais Square which, due to its plastic beauty and its monuments, is a significant exemplar of colonial Minas.
A Colonial Pearl Considered to be the oldest city in Minas in the central region of the territory that was then being explored, Sabarabuçu, as it was initially called, was renamed in 1711 to Vila Real de N. S. da Conceição de Sabará. Flows of people coming from the North along the Old Path following the banks of the São Francisco and Velhas Rivers, and from the South from the Tripuí region, Vila Rica and Mariana made the city expand rapidly for two reasons: first because of the abundance of gold in its territory, and second because it was a junction point for trade in food and livestock coming from Bahia and the Northern Region. For most of the 18th century, it was the most populous urban center of the Captaincy, around which many townships emerged and developed into cities. Its origin lies in the expedition of trailblazers led by Fernão Dias Paes, who left Sao Paulo in 1674 and are considered the founders of the territories they conquered and the several towns they founded in Minas. After Paes death, his son-in-law Manuel de Borba Gato followed the Velhas River and discovered gold at the confluence with the Sabará River, where a small village was settled around 1682. Sabará took part in major political and civic movements of Minas Gerais, such as in local insurrections against the Portuguese tax authorities, in the the Emboabas War in 1707 and in the Liberal Revolution of 1842, having influenced the history of Brazil throughout the colonial period. Part of its large territory was used to create the new capital of the state, Belo Horizonte, which was inaugurated in 1897. Sabará was listed by IPHAN in 1938. From its colonial layout the city retains rows of old houses from the 18th century, especially in the Direito and Pedro II Streets, where exceptional exemplars of colonial buildings can be seen. It also has a remarkable religious architectural ensemble of great historical and artistic value dating back to the 18th century Visitors interested in art and history will be able to appreciate in Sabará rare and valuable cultural and touristic attractions that bear witness to the creativity in the early days of Brazil´s interior colonization. Its artistic and historical relics, including buildings, ornamental works and mainly pieces of sacred art, exemplify the cultural phenomenon that took place in Brazil in the 18th century, namely the Colonial Baroque of Minas with its own solutions and styles. Distant 11 km from Belo Horizonte, Sabará is an important cultural and tourist destination for those who wish to learn about the early history of Minas Gerais. [ 12 / 13 ]
OURO PRETO O barroco é o espetáculo Baroque at its best
[ 14 / 15 ]
Localizado entre os municípios de Mariana e Ouro Preto, o Pico do Itacolomi é referência da paisagem da região. Em seu entorno, existem nascentes, grutas e diversas belezas naturais, incluídas na área de proteção ambiental denominada Parque Estadual do Itacolomi. Located between the towns of Ouro Preto and Mariana, the Itacolumi Peak is a landmark in the landscape of the region. Springs, caves and several natural beauties in its surroundings compose the environmentally protected Itacolomi State Park.
O U RO P R E T O
[ 16 / 17 ]
Principal centro do Ciclo do Ouro no Brasil e antiga capital mineira, a cidade é repleta de ricas construções, como as igrejas com características barrocas e rococó que dominam o cenário. Na foto acima, destaca-se a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Abaixo, os fundos da Igreja de Antônio Dias.
Having once been the main center of the Gold Cycle in Brazil and former state capital, the city has an array of rich buildings such as churches in Baroque and Rococo style that dominate its landscape. Top photo: a view of the Church of Our Lady of Mount Carmel. Bottom photo: the backyard of the Antonio Dias Church.
Na página ao lado, em primeiro plano, está a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, também conhecida como Mercês de Baixo. As torres ao fundo são da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que tem a parte de trás alinhada à lateral do Museu da Inconfidência. Entre este último edifício e a Igreja Mercês de Baixo, está a Igreja de São Francisco de Assis.
Opposite page: in the foreground, the Church of Our Lady of Mercy and Pardons, also known as Mercês de Baixo. The towers in the background belong to the Church of Our Lady of Mount Carmel, whose back side is aligned with the Inconfidência Museum. Between the latter and the Mercês de Baixo Church lies the Church of St. Francis of Assisi.
O U RO P R E T O
[ 18 / 19 ]
www.autenticaeditora.com.br www.twitter.com/autentica_ed www.facebook.com/editora.autentica